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Metalúrgica e de
Materiais no PEMM - COPPE/UFRJ, e Diretora Técnica da TECMETAL, que
atua em análise de materiais e consultoria em engenharia mecânica e metalúrgica.
e-mail : tecmetal@openlink.com.br
http://www.infosolda.com.br/artigos/metsol10.pdf ©2003www.infosolda.com.br
Annelise Zeemann é Engenheira Mecânica, D.Sc. em Eng. Metalúrgica e de
Materiais no PEMM - COPPE/UFRJ, e Diretora Técnica da TECMETAL, que
atua em análise de materiais e consultoria em engenharia mecânica e metalúrgica.
e-mail : tecmetal@openlink.com.br
Grande acúmulo
de impureza
γ MS austenítico
γ
δ γ
7. Como pode ocorrer a perda da resis-
δ
tência à corrosão?
Como a resistência à corrosão do inox está relaciona- MS austeno-ferrítico
da à formação de uma película de óxido protetor, ga- γ
MB austenítico
rantida por um teor mínimo de cromo, caso haja qual-
quer transformação que reduza o teor de cromo em Figura 4 Esquema que ilustra como a estrutura austeno-
solução sólida para uma dada região do material, esta ferrítica diminui a susceptibilidade ao trincamento a quen-
região passa a não formar o óxido protetor e ser sus- te em um aço austenítico.
ceptível à corrosão. Isto pode acontecer sempre que
algum elemento combinar com o cromo, normalmen- 8. Como pode ocorrer a perda da resis-
te o carbono formando carbonetos, e por vezes o ni- tência ao desgaste?
trogênio formando nitretos.
Os aços austeníticos tipo Hadfield apresentam sua boa
A faixa de temperaturas de formação dos carbonetos resistência ao desgaste devido ao encruamento e forte
de cromo, conhecida como sensitização, é entre endurecimento da austenita, quando submetida ao
400°C e 800°C; e durante a soldagem a região que desgaste; o que significa que o material normalmente
passa maior tempo dentro desta faixa está situada um é colocado para trabalhar no estado "macio", e quan-
pouco afastada da solda, Quadro 1. Quando o do sofre o trabalho (em desgaste), sua superfície
resfriamento da junta soldada é lento, existe a possi- encrua e endurece, tornando-se cada vez mais resis-
bilidade de formação dos carbonetos, que precipitam tente. O principal problema neste tipo de material
em contornos de grão e roubam o cromo do aço, fa- também é a formação de precipitados, que podem
zendo com que as regiões adjacentes fiquem desestabilizar a austenita e favorecer a formação de
empobrecidas e, quando colocadas em meio aquosos, martensita, com consequente fragilização localizada
sofram um processo corrosivo conhecido como cor- e arrancamentos durante serviço em desgaste. Da
rosão intergranular. Para evitar este tipo de proble- mesma forma deve-se evitar resfriamentos lentos para
ma deve-se soldar os aços inoxidáveis austeníticos com este tipo de material.
processos de baixo aporte de calor, sem pré-aqueci-
mento e com técnicas de manutenção a frio (banho-
maria). 9. E quanto aos aços resistentes ao calor ?
Outro tipo de problema associado à perda de resis- Normalmente estes materiais trabalham em meios
tência à corrosão ocorre em equipamentos cujo meio menos corrosivos (gasosos e não aquosos) e o teor de
de operação é muito agressivo, e a soldagem é reali- carbono do aço costuma ser elevado para garantir a
zada com um consumível anódico em relação ao me- resistência à fluência. Sem dúvida, se o teor de car-
tal de base. Neste caso a solda passa a sofrer um pro- bono do aço é elevado, e ele ainda trabalha a quente,
cesso corrosivo preferencial. é praticamente impossível evitar a formação de
http://www.infosolda.com.br/artigos/metsol10.pdf ©2003www.infosolda.com.br !
Annelise Zeemann é Engenheira Mecânica, D.Sc. em Eng. Metalúrgica e de
Materiais no PEMM - COPPE/UFRJ, e Diretora Técnica da TECMETAL, que
atua em análise de materiais e consultoria em engenharia mecânica e metalúrgica.
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Quadro 1
Junta soldada de aço inox
austenítico tipo AISI 304,
evidenciando a região
sensitizada, afastada da
solda, onde o material per-
de a resistência à corrosão
e passa a sofrer corrosão.
INTERGRANULAR
50 x (original)
ácido Oxálico
1000x (original) 1000 x (original)
carbonetos, mas isso não significa que o material so- trincamento a quente; por exemplo na soldagem de
frerá corrosão intergranular, pois estes materiais tem um inoxidável austenítico utilizar um consumível
também alto cromo e mesmo sofrendo a precipitação austeno-ferrítico, que contenha o mínimo de ferrita
ainda sobra muito cromo em solução para garantir delta possível para não trincar e o máximo permitido
sua passividade. Mas, mesmo assim, as técnicas de para não corroer;
baixo aporte de calor também devem ser empregadas
• evitar a soldagem com forte restrição para
para garantir menores alterações.
minimizar o risco de trincamento a quente;
Um dos principais problemas da soldagem destas li-
• evitar a soldagem com processos/procedimentos
gas ocorre quando se pretende soldar em manutenção
de aporte de calor muito elevado, pois as juntas sol-
um material que já sofreu o trabalho a quente, pois
dadas podem sofrer alterações (principalmente preci-
como o material é muito "ligado" (principalmente com
pitações) que comprometem sua futura performance
alto carbono e alto cromo) existe a possibilidade da
em serviço;
microestrutura evoluir em serviço, endurecendo por
precipitação secundária de carbonetos ou formando • se o material for novo e sua estrutura for austenítica
fases intermetálicas, do tipo sigma. Neste caso a deve-se evitar resfriamento lento para não ocorrer
ductilidade do material abaixa assustadoramente e caso diferentes tipos de precipitação;
não haja um tratamento de solubilização efetivo ante- • evitar soldar um material que já sofreu serviço a
rior à soldagem (que é de difícil realização em campo) quente (em manutenção) sem antes avaliar os tipos
o trincamento na soldagem é quase inevitável. de fases presentes, pois caso o material se apresente
com fases intermetálicas ele pode estar com baixa
ductilidade e trincar durante a soldagem. Neste caso
10. Existe algum procedimento de
um tratamento térmico de solubilização anterior pode
soldagem padrão para aços austeníticos? ser necessário.
Não, pois cada material é diferente do outro. Mas
existem alguns cuidados que são comuns a todos os
aços austeníticos, que são: Referência básica para a consulta dos leitores:
• selecionar consumíveis compatíveis com a aplica- ASM Handbook Volume 6 "Welding, Brazing and
ção e que ao mesmo tempo tenham menor risco de Soldering"