Você está na página 1de 106
= = As primetras civilizacées Re ¥? Pe: ae » | Jaime Pinsky 15* Edigao Sumario Bate-papo com o autor Historia natural, histéria social Cazadores e coletores Agricultores e criadores Eo homem criou as cidades esopotamia A civilizaso do Nilo Os hebreus Cronologia Bibliografia Discutindo o texto 80 93 97 Bate papo com o Autor a ‘Jaden eulas na Unesp, USP e Unicamp, e tem dado ccusos e conferéncias nas principais universidedes brasileiras, além de diversas no extevior _ (EUA, ‘México, Porto Rico, ete.) ‘Nascido em Sorocebe, vive ha tempos em So Paulo, terra do seu time do coragéo (0 glorioso So Paulo FC.) e uma das ties cidades co que ais gosta (as outs séo Parise Salvador). Fez pisgraduasio, doutorado ¢ lvre-docéncia na USP. E professor titular da Unicamp, “por concwso", diz ele HE tempos desenvolve atividede editorial, tec criado e dirigido, junto com um grupo de infelectuais, as revistes Debate 4; Critica ¢ Contexto. Foi também o criador da Eclitore da Unicamp, que dirigiu durante quatio anos. Ha pouco tempo abriu sua propa ecitore (Contextos), especializada em obras paradidéticase didaticas Nao ¢, contudo, o estere6tizo do intelectual pilido e doentio. Gosta de sol ejé foi fanético pescedar, desses de varar a noite esperando ‘uma geroupa morder a isca. Abancionawa pesca pela caga submarina, e 80 € raro vé-lo chegar a uma cidade litorénes, convidado para ctso ou conferéncia, anastendo una mala cheia de material para esse esporte Em Séo Paulo prefere andar de moto, pelo honor que tem eo transite ¢ pelo prazer de ser motoqueiro, Sua grande paixéo, porém, ¢ a comida de pedestes, responsével pelo seu maior orgulho: ter completado, por duas vezes, a comida de Sto Silveste, tendo chegado entre os cinco mail rimeiros colocedos. E autor ouco-autor de grande mimero de artigos e livros, entre os unis 100 textos de Historia antiga, Escravtdéo no Braal, O ensino da Histéna e a criasdo do fato, Brasiletro(a) ¢ assim mesmo (Cidadanta ¢ preconceitos), entre muitos outros. Estéescrevendio um romance hé anos mas no sabe se vai publicé-lo algum dia. Por out lado, gosta de receber cartas de leitoes e costume nfo deixé-las sem resposta ‘A seguir, Jaime Pinsky responde a és questées que formulamos: P Com 0 mundo conturbado de hoje, mil coisas acontecendo, qual 0 sentido de se estudarem cwilizazdes que ja no existem mais ¢ masmo ceulturas pre-historicas? IR. Attal e presente nfo é 0 fato isoledo, mas a manera pela qual n6s abordamos. Que eu sabe, quase todo o munco deslga ori das 7és 8 da noite quando hum noticiaio referent aos falos do dia, no entanto, ha wm enomne interesse pelo esparto humano, onde e quando quer que ele tenha proctuzdo algo universal. A uibanizagéo das cidades mesopotémicas, as obms faraénices, 0 monoteismo hebraico e mesmo a hebilidede demonstreda peles tribos "yre-civlizadas" em resolver os conflitos intemos séo manifestagSes do homem como tas dizem respeito a todos os homens, Procurei tezer as questées da Antiguidede até o presente, espindo-as do cheiro de mofo que uma erudicfo oca cra neles. Tenho @ convicgdo de que, desse forma, estudar Historia passa a serum exercicio de utoconhecimento, que permite, eo ser human uma percepréo mais, profunda de sua vivéncia através do conhecimento de sua heranca P Pelo entusiasmo com que vocd descreve as primeiras sociedades pré-histéricas, parece que as considera melhores do que as nassas. Voce gostaria de viver naquela época? R.Gosto de viver minha aventura da vida nos dias de hoje o que néo quer dizer que néo porderia ser feliz se tivesse nascido ha trés, seis ou dez mail ‘anos. Mas a questéo que coloco nao é da preferir aqui ou la, hoje ouontem. Sugio apenas que se pare um pouco para olhar experiéncies sociais diferentes das nossas, sem preconceitos. Nés temos uma tendéncia de considerar nossos valores, comportamento, religiéo e préticas os comectos, © ponto dé rerencia de’ tudo, Viremos o umbigo do mundo néo ppereebemos outros centros de gravitego. Veja bem, falamos da divindade dos outros com artigo e em mimiscula (por exemplo, "o deus dos egipsios), esqualificendo-a desde logo ao restringirmos sua ago como um dos deuses de um pove num momento histérico determinado. Ao nosso, porém, referimo-nos como Deus, com maiiscula, sem artigo e sem qualificagées, absoluto que pretendemos que ele seja. Da mesma forma, consideramos exéticos habitos alheios sem nos darmos conta de que muitos dos nossos Ihébitos seriam nidiculos e risiveis se visto de fora. Acredito mesmo que conhecer e respeitar préticas diferentes seja ‘um exercicio de toleréncia muito ttl para todos nos. E eu tentei mostrar que nés, civilizados, automatizados e informatizados, nem seme encontramos as melhores solupdes para os problemas da vida social ‘Afinal, no creio que howvesse mais gente com fome nas sociedades neoliticas do que na nossa P Voc’ Fala de espirito de aventura como wm das elementos que deflagram a ago do homem Esse espirito seria wma categoria histérica equivalents @ luta de classes ou algo parecido? R. Descontando a ironia da pergunta, devo dizer que pensei muito se deveria ou no deixar no texto a passagem que tata do assunto. Optei por deixar. Acho que néo se pode reduzir o processo histérico a mecanismos detemminados. Claro que © homem nfo tem liberdade total de ago, uma ‘vez que tempo, esparo, condigéo social, vinculacéo politica, formagao ideologica e outros fatores constituem elementos limitedores de sua ago. ‘Mas nfo aceitar que ele tenba uma autonomia - ainda que relativa - seria ‘transformer seres humanos em automates, a vida humana em vegetal. Continuo achando que hi categories historicas e categorias supra-histricas. A estas iltimas pertencem, entre outras, coragem, medo e amior, categories alias que encontram formas de se manifestar em todas as sociedades humans. Introdugao ‘omo toda crianga, o autor deste livro brigava com seus irmos, toda vez que hrvia uma oportunidede. Como nem sempre o pai considerasse propicia a ocasiéo para nossa atividade belicista, chamava-nos - achando que nos ofendia muito de nlo- civilizados. a Pam ele, a conotacfo era clara civilizados eram os adultos que néo se cuticevam durante as refeigées, nfo pisavam no sapato novo do outo, nfo puxavam 0 rabo-de-cavalo da inmé. Aprendi logo, porém, que nfo eram as criangas que deflagravam genres, torfuravam prisioneitos, poluiam o meio ambiente, competiam sem tréguas por dinheiro e prestigio: eram os adultos. Os civilizados, segundo meu pai (O fazo ¢ que sempre tivemos uma tencléncia de dar aos termos conotacoes valorativas, o que ¢ muito perigoso. Civilizaco, como vamos explicar em um dos capitulos, ¢ um estégio que inclui uma série de requisitos. O que nfo quer dizer, necessariamente, que seja melhor ou pior do que owto momento da historia do homem na Tena. Evolugéo néo quer dizer progresso, mas transformagio. Do nosso ponto de vista, e s6 por isso, cwvilizagéo pode ser melhor do que baibénie e o homem pode ser considerado superior 20 macaco. Mas que tal olhar tudo isso do ponto de vista do chamada baibaro ou do macaco? Por essa razio, dividimos o livro de forma a valorizar muito 0 periodo pré-histérico. Acreditamos que nos nossos colégios e¢ nas ‘universidades deveria haver wm empenho mais sério em trabalhar Com 0 rocesso evolutivo do ponto de vista do historiador e no apenas do cientista da natureza. Acreditamos também que uma forte carga de racismo outros preconceitos, subjecentes na mente de nossa populagéo, deveriam ser trazidos @ tona e discutidos claramente para poderem ser superados Isso 50 se da através de leituras bem-feitas e debates sérios. Ea escola é um Inger para se fazer io Pretendemos mostrar, neste trabalho, que civilizagéo néo € sindnimo de cultura, e esperamos mostrar isso, historicamente. Discutimos a relagéo entie culture material e culture espintual, e ousamos falar de como diferentes grupos humanos respondem ao desafio bésico do jroprio sentido de se constituirem: buscar a felicidade de seus membros. Optamos por tés importantes civilizagées antiges: os mesopotimicos, os egipcios os hebreus. Evitamos repetir processos ocomidos em mais de uma dessas civilizardes, buscamos trabalhar com auticularidades ao lado de generalidades. E,¢ claro, saimos daquela etema listagem de reis e farads, elementos como condigSes geoclimétices, artes, economia e a etema sucesso de itens e subitens destinados a transformar a Historia numa chatice impar. ‘Muito do que esté aqui é mérito dos autores que aparecem na Dibliografia. A condugao geral do livro e uma série de interpretagSes so nossas. A responsabilidad total é do autor, que agradece as sugestées aos seus leitores voluntirios e involuntarios, E muito dificil escrever um livro de divulgecio sem banalizé-lo, sem transformé-lo numa colagem, mais ou menos atticulada, de trechos de outros livros e sem tratar © leitor néo especialista de mentecapto. Os que confundem seriedade com sisudez, identificam simplicidade com condescendéncia. Tentamos eviter isso. Algumas ppassagens so mais faceis, outras mais exigentes, em vista do tema, da abordagem, da necessidade do livro. Esperamos, por exemplo, que todos saibam que todas as datas do livro so a.C.,e que lavé era o nome do deus dos hebreus, esperamos ainda que as pessoas busquem, em atlas historicos, regibes e cidades cujos mapas néo pudemos reproduzir aqui, O leitor no devera, pois, entender suas dificuldades como uma bameira, mas como wna Ihomenagem que Ihe foi prestada pelo autor. u Historia natural historia social O animal homem 1m ponto de vista puramente naturel, 0 homem é o mais inadequado dos seres vivos existentes ema nosso planeta. Por outro lado, é 0 mais poderoso de todos os animais Olhama nasce com uma grossa protego que lhe perate adequar-se ao frio dos Andes, seu ambiente natwal, o homem, dotado de pele fina edelicada, teve de aprender a tar o pélo de outros animmais para yroteger-se do fio, o que lhe permite habiter todas as regiées da Tema Depois aprenden a se vest com tecidos de fibres naturaise até atificias, climinando a aparente vantagem dos animais mais bem-dotedos. Ratos e toupeiras so intintivamente industriadas a cavar a tera fem busca de calor e protecéo, graces a suas patas e focinhos criados especialmente para isso. © homer, em vez de escavar a fea com suas rics, utliza-se de instrumentos como a encada, a pa ou, mais recentemente, as méquinas modemas, com as quais constiéi abrigos mais quentes e mais bem protegidos do que os outros anima. Garoupas devoram outros peixes enquanto nadam, os felinos tem genres com as quais dilaceram suas vitimes, as aves de repina capturam suas presas com ganas e bicos especialmente projetados para o ataque. Ié © homem, fgile sem habilidede natural, criou as amas ¢ as amadilhas com as quais denote o adversétio ¢ providencia o futuo alimento a distincie, em pergosos confiontos pessoais onde poderia dar-se mal Os animais herdam,individualmente, suas capncidades; cad rto nasce sabendo roer, cada Ihama nasce com seu casaco natura, cada peixe nasce sabendo procure seu alimento ‘Nenhum homem nasce sabendo constrai cass, febricer amas ou utilizar o pélo de outro animal. S6 atrevés do exemplo dos mais velhos, ou seja, por meio da aprendizagem, é que ele chega a receber sua heranga Por isso, especialistas como Gordon Childe costumam dizer que, na historia humana, roupas, ferment, armas e tadigées tomam o lugar de polos, games, esas ¢instintos, na busca de alimentos eabrigos. Essa diferenga néo ¢ apenas quantitative, ¢ também qualitative, jé aque estbelece uma distingo, um momento de rupture ene @ histoia natural ea social, ente@ historia construida pela naturezae aquela em que os seres humanos além de pacientes séo também agentes. O nascer da humadade Agueles que acompanham 0 noticiério dos jomais devem espantar-se com especulacées feites a partir de escavares coordenadas por arquedlogos ou mesmo leigos. Parece haver uma competigéo entre os ‘varios continentes, no sentido de terem a hone de ser o bergo da Jumanidade (O assunto é ainda fruto de muitas controvérsies, no s6 entre os estudiosos, mas também ene curiosos que ficam fascinados com yretensas “provas" da existéncia de civilizagdes altamente desenvolvidas em regides insuspeitadas. Hé até os que garantem a presenga de seres extraterrenos na origem da nossa civilizagéo. ( fato é que @ intensificacéo das pesquisas e a aplicagéo de métodos mais precisos de adaptacéo, como o catbono-14, vém trazendo sucessivas noticies da presenca humana organizada em loceis e condigées até poucos anos atrés insuspeitados. No ano passado mesmo, um grupo de arquedlogos pesquisandlo na regio de Séo Raimundo Nonato, no interior do Piawi, a 520 quilémetios de Teresina, encontiou alguns pedagdes de carvéo que pareciam ser resquicio de uma fogueira acesa ha muito tempo Pela locelizacéo daqueles 50 gramas de lenha caxbonizada, os arquedlogos imaginaram fer encontrado algo bem antigo e enviram o material a0 Centto Nacional de Pesquisas Cientificas, na Franga, que solicitou ao Inboratorio de Fraces Radioatividades sua enslise. O resultado, remetido ‘os pesgqisadores no inicio de 1986, estabeleceua data de 31 500 anos para agueles pedagos de carvéo. O grupo que fazia escavacées na Toca do Bogueitio (este é 0 nome da gruta) exultou com o que Ihe prrecia a descoberta do mais antigo vestigio da jresenga humana, nfo s6 no Brasil, ‘mas nas Américas. Avvolugdo de nossas mos e as habilidades manipulativas que elas desenvolveram tim sido fatores importantes no desenvolMmento de nosso cérebro, e vice-versa. Os desenlios comparam as miéios de um gibéio, de um elimpanzé e de um Homo, mostrando na méio de wn homem atual a culmindneta da preensio de preciso, que permtte a manipulagdo delicada de artefatos. Ase confimar a suposigo do grupo, teremos avangado em mais de 10 mil anos em termos da antiguidade co homem emericano, a partir das comviegées tidas como cientificas ha vinte anos. Com efeito, Paul Rivet, tum dos maiores estudiosos do assunto, afimava em suas obras néo ter 0 hhomem americano mais de 20 mal anos. Descobertas arqueolégicas podem desatualizar qualquer afirmacio definitiva que se faga nessa aiea. Por isso mesmo é necessério vangar com cautela ¢ apresentar nossas “verdades" como historices, isto é, como fruto do desenvolvimento do conhecimento ¢ da forma de analisar os falos neste momento. O autor deste texto nao pode saber as implicacdes de algumas investigacSes recentes sobre a forma de se contar a Historia. Até agora, mesmo neste livro, temos uma preocupagéo muito grande em ‘mostrar os egipcios como um povo de alto desenvolvimento material, com dominio de varias técnicas, inclusive a de mumificacéo de cadaveres, no aque teriam sido pioneiros e artesdos incompariveis. Ora, ha poucos meses, em plena cidade de Arica, no extiemo norte do Chile, amquedlogos da Universidade de Tarapace encontraram quase cem mvimnies, elgumas delas, segundo o carbono-14, com cerca de & mil anos e ainda se mantendo em extiemo estado de conservacio. As mimias egipcias maias entigas; ppossuem, no maximo, 5 mil ou 6 mil anos. Os estuciosos estéo pasmes, ois consideravam até agora os chinchomos, provaveis mumificadores, como uma tubo de indigenas primitives. le Crdnios e silhuetas hipotéticas das diferentes espécies humanas. 10 No seu intuito de estabelecer uma sequéncia logica de povos que habitaram tuna determinada regifo, os historiadores, nfo poucas vezes sob © impacto do evolucionismo e cientificisme do século XIX, recriam séculos e milénios de mane arbitra Por outro lado, um simples anolamento de escavacies © descobertas isoladas no nos interessa muito, ja que ndo nos ajuda @ responder as verdadeiras questées que nos apeixonam, do tigo como nos fomamos humanos, como evoluimos (ow involuimos) até chegar as sosiedades complexes que temos hoje Neste livo, em vez de apresentar verdades prontas © acebadas, quetemos propor problemas a sezem debatidos e pesquisedas com mais rofundidade sob e orientagdo de professores ou através ca biliografia que sugerimos no final do volume Nossos avés O século XIX legou-nos uma concepeéo cientifice de mundo — na ‘va suposigo de que @ ciéncia tudo explica e tudo resolve ~- em contaste com uma concepréo de verdade “revelada” que dominara a Idade Média e mesmo alguns séculos do Periodo Modemo. Essa atitude, percebemos agora, é bastante equivoceda, mais equivocado, entretanto, é distorcer @ falsear o pensamento dos cientists,tentendo ridicularizé-los. ‘Um que dentro do timulo deve se contorcer de édio é Darwin Crindor de uma sofisticada teoria evolucionsta, a ele séo atbuidas ilies que nfo apenas no Ihe pertencem, como até foram combatidas por ele “Darwin” disse que as girafas tiveram seus pescoros alongados pela natureza para podlerem alimentr-se das folhas de arvores alas", afirmava comico um antigo professor de colégio. Menta! “Mitos peixestiveram fransformadas suas baibetanas em pates no processo de mutagéo para nimais enfibios”, ensina-se por ai. Também néo ¢ assim. E bem verade que Darwin rompeu com a crenga biblica da imutebilidade das espécies. Em suas viagens, edguiniu a convicco de que elas eram passiveis de fransformagdes. Mas ele nfo acrediteva que ceda individu pudesse ter alieregées biologicas no decomer de sua vida, consequentemente nfo aceitando @ iia de mutngées. Pare ele, o que howe foi uma selecéo natu, que implicou a reprodugéo dos mais aptos e por conseguinte @ 1ifo-reprodugo dos menos apts. ul Claro que a selegéo, que é fruto de uma adaptagéo passive © gradual, jrovoce, ao longo de geragdes, diferengas que podem ser significatives. Algumas experiéncias realizadas nos dias de hoje reforgam ¢ explicam a concepréo da selegéo das espécies e a concep fo evolucionista da natweza "Na pequens ilha ce Koshima, no Japo, habita um pequeno grupo de primates da familia macace, que tim sido observados por cientistas David Attenborough nara que, para etmair os macacos, que vinham demonstando desconfiange em Tela¢do aos humanos, os estudiosos comegaram a elimenté-los com betate-doce. Uma vez, a0 receber a sua ‘batata-doce coberta de term e area, uma jove macace foi até wna poga de fgua e lavou a batata com as miéos. Os cientistas nfo asseguram que sua ago resultase de tm reciocinio abstraio, mas observam que @ maceca passoue repet-la; um més depois, uma companeire, quatro meses depois, sua mie; aos poucos o habito se espalhou ente quase todos os membros do grupo, exceto os mais doses. ‘rata-se de instinto? Néo. Apenas aprendlizagem social. Ceda racaco individual necessitext do grupo para 1epetir o comportamento adquizido. Onde entra, entfo, Darwin? Na sequéncia da histéria. ‘Acostumads & batate-doce, os macacos passaram a disputé-la, até de forma agressive. Quando os cientstas atiram uma pilha de boatatas-doces na praia, os macacos se lancam sobre o alimento,enfiam um pedago na boca, agertam outro com uma das maos ¢ seem manguiolando com os és membros restantes. Alguns, porém, so mais eficentes: conseguem empilhar vérios pedagos junto ao peito, prendendo.os com ambos os bragos,e comem com eles, eetos sobre as patas taseires, até 0 zefigio seguro, Se por geragSes seguidas 0 episodio se repstisse, @ ponto de ser decisivo na alimentacéo do grupo, é licito supor que os mais bem alimentados seriam equeles com requisites genéticos apropriedas a situagio: pemas proporcionais e equilibrio. Mais bem nutrdo, esse grupo tonarse-ia dominante, dominant, teria mais chances de reproduzinse geneticamente, de mania a, em milhares de anos, os individuos fransformarem-se em bipedes. De alguma forma, repetigéo do que aconteceu com as nossos Ramapithecus, 0 patriarca HE, hoje, uma crenga de que, cerca de 12 milhées de anos ats, ‘viviam em diferentes regides da Ewopa, Asia e Aftice pequenas macacos ido mais de um meto de altura -- cujo desenvolvimento feve importante significado com relagéo eo homem. Vivendo inicialmente nas florestes,deles foram se afastan para rmorarnas sevanas. Dotado de algumas habilidedes, como aire objetos nos inimigos, camegar bebes ¢ alonger-se para vigier a redondeza conta perigos potenciais, o Ramapithecus, gracas a selegéo natural, foi se fomando cada vez isis bipede.E, @ medida que isso ocomia, seus pés iam se adaptendo para caminhar com mnais segurenca Essa evolupfo, se howe aspectos positives, trouxe também dificuldades: a0 desenvolver a capacidade de pisar, os pés do beba Kamapithecus iam perdendo a capacidade de agamrer, dessa forma, 0 sistema de "gruder’ na mée através de quatro mlos-pates ia sendo clesativado, criando dificuldade no transporte. A saida foi um aperfeigoamento da posture eta, com a finalidade de iberar as mios da ane para caregar 0 bebé; por meio de selec natural Com as mos lives que 0 andar ereto propiciava—, que faziam os primates? Carzegarbebés, por mais atraente que fosse, no era tarefa de tempo integral, especialmente para os machos... Tudo leva a crer flue camegavam ferramentes, com 0 objetivo de defesa e talvez de ataque ffigeis e sem a repidez de tantos quadipedes predadores, os bipedes peludos confavam com pedras e pedacos de pau pare conseguizem impor-se ao meio ambiente agressive ‘As descobertes de fsseis nfo seguem a ordem de um roteio yreestabelecido, nem a vontade dos pesquisadores. Ocomem, apenas. Como nas minas que passem a ser supezexplordas quando un velo sromissoré encontrado, inimeros acampamentos sfo monfados em regides yrOcimas ou equivalentes aquelas onde importantes descoberts so feitas essa forma, no é de estanhar a encuurada de descoberts a respzito de determinados temas que ocomem de forme quase simultenea Seré essa a rezo da enorme quantdade de descobertas sobre wn determinado periods e da quase inexisténcia delas sobre outos? E provével. 1B Evolugdo do homem, do Ramapithecus aos nossos das, segundo o atual estigio das pesquisas arqueolégicas. Mas, mesmo assim, hd pontos de dificil explicagéo. Pare falar mais honestamente, hi periodos a respeito dos quais sabemos fazer excelentes perguntas, as quais entetanto somos incapazes de fomecer alguma resposta mais eluciativa ‘Um desses periodos dura milhies de anos e vai desde as descobertas do Ramapithecus até cerca de 3 000 000. Nessa data foram descobertos fésseis daqueles que se comvencionou chamar de Austrelopithecus efticanos e Austalopithecus bolsei. Logo se pensou serem esses ancestrais dretos doHomosapiens. Confudo, em 1972, no Quénia, foi encontredo fossil que, reconstruide, demonstiow ter caracteistices fisices bem mais "modemas” que os Austalopithecus, e, para felicidede e excitagdo dos pesquisedores, foi datado da mesma época aque eles. Contemporaneo eno descendente, o Homo hebilis (como passou a serchamado) ¢ um individuo de grande cepacidade craniana e 14 }000 /250.000, ra posture quase humana. A partir dessa descoberta, pesquisadores como Leakey tendem a achar que os dois, o Australopithecus e 0 Homo babilis, descendem igualmente do Ramapithecus, cujo tronco principal teria se diversificado ha cerca de 5 ou 6milhées de anos, devido a alteragées climéticas ou outras mudangas ambientais. esse caso, cabe aqui a seguinte pexguntn: Por que a linha Homo obteve tamanho sucesso, enquanto a linha Australopithecus desaparecew? Nao ha resposta para isso, ao menos por enquanto. E talvez Jamais vena a existirresposta alguma. Mas seria muito bom que os jovens leitores encontrassem nisso nfo uma rezéo de imitagfo, mas um estimulo no sentido de colaborer para a construréo do saber. Tazefa, por sina, dificil Queremos desc jé esclerecer que os esqueletos de milhares de ‘anos no fica inteirinhos e reluzentes aguardando a chegada do cientista foudo curios. Deresto, todo bom cientista sabe que o local do 15 encontro do fossil indica o local onde as criaturas se fossilizaram e no necessariamente onde elas viveram. Algumas comvicgdes, pelo menos, existem. E uma delas cristalizada, ¢ de que a Afiica foi o bergo da humanidade Da Africa para o mundo Hé 1 milfo de anos, 0 Homo erectus, descendente dizeto & aperfeigoedo do Homo habtis, comegou sua marcha da Afica pare 0 mundo. A bem da verdade, ele sain da Aftica cenro-orientl para a Asia © a Ewopa O que o levous sair foi, sem dvi, ume oxgenizaro social que garantia ume estebilidede econdmica, foi, sem duvida, um dominio feonolégico que o deixava seguro de suas possibilidedes, mas no teiam sido a cuwiosidede e 0 espinito de aventue que desempenharam significative papel nesse éxodo, nessa diéspore? E possivel, como discutimos logo adiante. Nossa preocupagéo ¢ a de no impor a nossos ancestais, @ pessoas que viveram em época muito distinta da nossa, valores, padiées de comportamento e vontades que sfo nossos,criaturas de nossa civilizagéo. Conbecemos ainda lnje tnbos de seres bem mais evoluidos que esses ancestrais e que nem por isso se inferessam em rasgar os limites de seu teriterio, O fato ¢ que, por uma reco ou por outa ou por nenhuma delas 0 Homo erectus sai da Africa para o mundo, numa expanso que, tanto do ponto de vista de area como de populago, 56 faz crescer. Do ponto de vista puramente biol6gico, o homem representa hoje uma prage tio ou até aais desafiadora do que os ratos ou mesmo do que vénias especies de insetos.E, provavelmente, com um potencial de destruigf einda maior Na verdatle, o Homo erectus nfo exe exatamente um homem idéntico a nés, Seu compo até que nfo era diferente de, por exemplo, un hhomem robusto, com bastante atividade fica, mas seu rosto emolduredo por uma cabeca achatada, de maxilares salientes © proeminentes arcos superilires, nos essusteria, se visto numa elegante zecep; fo ou mesmo smuma sala de aula informal. ‘Acredita-se que o aredondamento da cebeca e @ redugéo dos raxilares arcos supercilares ocorreram ao longo do vlimo milhéo de 16 anos, com 0 swgimento do Homo sapiens bésico ha 500 mil anos ¢ do Homo saptens sapiens ha 50 mil anos. © Homo erectus propiciou outros descendentes — gue néo vingaram , dos quais o mais conhecido ¢ 0 Homo sapiens neanderthalens's, o famoso homem de Neandertal. Todos esses 580 descendentes daquele Homo habtbs que um belo dia saiu da Aftica centro-oriental Se néo sabemos e provavelmente jamais seberemos o que motivo o éxodo do Homo erectus, podemos ao menos conhecer as condigées que pennitizm sua mobilidade e que, segundo Leeckey, se resumem na capacidede de transporter Primeiramente, o transporte de alimento, o que pematia um distanciamento cada vez maior com releco 20 acampamento-base. Em segundo lugar o transporte de égua, seja em estado natural, seja através de fruas como a melancia. Em texceizo lugar, o fogo, tanto pelo que representava cbjetivamente de maneiza especial conta os climas temperados e frios , como pelo que funcionava como simbolo de poder, de dominio da natuteza. Finalmente, era importante transportar @ propria experiéncia. Afinal, como vimos, o que carecteiza o homem é a aprencdlzagem social. A maneira pela qual a experiéncia ¢ transmitida chama-se linguagem, processo lena e paulatinamente adquirido, que tia penmitiro transporte das experiéncias do grupo. ‘A capacidede de tansportar @ agua, os alimentos, o fogo e @ experiéncia dota nossos ancestrais da independéncia indispensdvel para cousarem e longa viagem da Afica para @ Asia e a Ewopa Isso mo significe que os que ficaram néo tivessem evoluido, Contrariamente a preconceites ainda hoje comentes, pode-se afirmar que todos os homens atuais pertencem a subespécie Homo Sapiens sapiens ¢ que es variagées fiscas que se podem venficer sfo vanagées dent da subespécie. Por uma questio de selegéo natural, constate-se uma pigmentagéo mais intense entre os habitentes de regides muito quentes, ‘uma vez que a melanina fem por Fungo protegera pele das fortes rediagBes solares. O ofosto ocomen ente habitantes de regies frias. Da mesma forma no € acidental o fato de a populagio esquimé ser relativamente gorda j que necessita de reservas de gorcura pare melhor combatero fo. © que no se pode ¢ identificar ceracteristice fisices do homem afual com parentesco maior ou menor dos primatas Essa ¢ uma afitude ignorente, fundamentada em preconceitos recistes pulvenzados pelo estado atval do conhecimento cientifco 17 A aventura humara O cientisa social trebalha com evidéncias e suposigdes. Néo pode romper o ténue eqilibrio entre esses dois elementos. Se nfo se arisca a langar hipoteses a partir de suposigées, come o nisco de repetir 0 jé conhecido, reafimar o dbvio, trnsformar a aventura humana muna nanrtiva sstematicee orgenizada como cedeias de elementos quimicos ou rigidas formulas matemticas. Se, por outo lado, abancona as evidéncias @ se pennite “deliver” & vontade, pode crar wna interessante obra de ficgo desvinculada do conhecimento acumulado por geragées, comprometida apenas com a imaginagéo criadora do autor Caverna de Shanidai. Iraque, onde foram descobertos importantes achados do homem de Neandertal Conendo, conscientemente, esse iltimo risco — mas respaldado pela sisudez do texto até @ presente pigina —, gostariamos de voltar a discutira motivaco que teria levado o Homo erecius a sair de seu habitat Ja-vimos que eles tinham condigdes para seir. Mas o que os levou mesmo a sair, é outa historia, jé que poder fazer algo no ¢ sindnimo de faze-lo De fato, a grande aventura humana de ocupacéo do planeta se iniciou ha 1 milhio de anos, quando algum membro do grupo clos Homo erectus, firmando-se sobre seus pés, esticou a cabeca por sobre a ala vegetacio da savana africana e se perguntou sobre o que haveria para além das montanhas que ele percebia acima da linha do 18 hhonzonte, Naquele instante, talvez néo fosse relevante o problema alimentar ona necessidade de mais espago. Nadia nos leva a crerque aquele nosso ancestral tena ebanclonado seu habitat para resolver aluma questio material. Tanto isso é verdade que a esmagadora maioria de membros do grupo permaneceu no continente afticeno. E ate provavel que sua saida fenka sido um risco néo devidamente calculado, uma vez que estaria tocando 0 seguro pelo duvidoso, o poco de agua conhecido oo riacho a0 lado do acampamento pelo perigo de uma area deséitica; poderia estar ameacado em sua seguranga, jé que saia de uma érea onde os perigos eram combecidos, rumo 20 descoahecido, abandonava uma regio em que @ tecnologia da sobrevivéncia era dominada para se embrenhar em situagées Entéo, por qué? Por espinito de aventura, ‘Nii negamos condigées objetivas como fundamentais para a ago Jrumama. Mas que no se negue a ago do homem na Historia, seu poder decisorio, sua iiciativa Alias, a propria humanizagéo do homem se di nesse processo Sabemos que, quanto mais primitive o ser vivo, mais indiferenciado ele € Dois protozoénios so mais semelhantes entre sido que dois peixes, que por sua vez séo mais semelhantes entre si do que dois cées. Entre os homens, as difetencas so maiotes, nio se véem dois individuos iguais. Nessa linha de raciocinio, que néo vale apenas lei a aparéncia fisica mas também para fo comportamento pricossocial, a atitude de aventurar-se, de ousar, é num certo nivel um passo importante no processo de humanizacéo. Pode-se pensar na necessidade de explicar historicamente todas es atitudes humanas. Diriamos que o melhor seria verificar as condigées historicas pam elas. E essas condigées existiam, como vimos. Mas hi atitudes pessoais que rio podemos explicar historicamente, do tipo “por aque este nfo aquele?”. Isso faz parte da liberdade de escolha do individiuo (On seja, o individuo atua subjetivamente dentro do condicionamento histonco, E nfo se deve esquecer que cerfas sensagées e sentimentos nfo so historices, embore possam encontrar fomas historicas de manifestagio. ‘Vamos tentar explicar isso melhor. Se colocermos uma mulherem ‘um filme sobre a Idade Media saindo para as compras como se estivesse em um shopping center modemo, estaremos cometendo um grave 19 anacronismo, jé que a cabeca da mulher medieval nfo estava volteda pare esse atividade ou diverséo ou passetempo em decomténcia de sun inser na sociedade industrial ¢ nos estimulos que softe para consumir. Entretanto, se colocamos uma mulher medieval softendo ou amantio, tendo medo ou sentindo coragem, estaremos atribuinco a ela sentimento ou comportamento compativel ao momento histrico em que ‘viveu, pois sfo sentimentos comportamentos atemporas, ahistoricos. Por isso nfo ecreditamos estar incomendo em anacronismo @0 pensar nesse nosso ascendente como um ser que é diferenciado (afinal no € um protozoérios, que ousa, que se aventura ‘Ao abandonar seu temitio, o Homo erectus nfo sentiria medo? Cremos que sim. Mas 0 medo nfo é, necessariamente, paralisante Fregiientemente nés 0 buscamos, desde criangas, no carrossel e na rode-gigante dos parques, nos tineis povoados por bruxos e caveires, nas rmontanhas-russas. E que dizer do louco amor é velocidad, da volipia por situagdes perigosas, das escaladas de montanhas lises © geladas, das excuses nas selvas? Amamos contos de fada porque terminam bem, mas amamo-los yrincipalmente porque neles comemos riscos, enguanto leitores engajedos. © homem nfo pode viver num estado de equilibrio permanente ‘ranquildede, serenidade e calma excessivos séo sinénimos no s6 de abonecimento, de tédio, mas até de auséncia de vide. O risco, aparentemente uma atitude necrofila (como ditia Ench Fromm), é, na verdade, uma maneira de nos sentimmos vivos. Precisamos de situagées de risco, de momentos de desequiliorio para podermos em seguida nos reequilibrar. Na paz e na tranquilidade da nossa poltrona, no calor de nossa cama, logo nos pomos a lembrar saudosos dos momentos de risco, de nossa event Condicionantes sociais ¢ talvez genéticos nos fazem diferentes ‘uns dos outtos, também nesse aspecto. Para uns, a vita no pode dar descanso, ha que estarem estado de tenséo permanente: vida e aventura so sindnimos. Outros precisam de longos, imensos intervalos entre uma aventura e out, seu medo os eva aviver as aventuresalheias: para isso ha 0s programas de prémios, imensas maratonas domingueiras na televiséo, fem que alguns de nds ficam horas dante do aparelho eletrénico, softencio sem nscos a emogio do risco alheio, Principais sitios arqueoldgicos do mundo LES = Aproliferasao de sitios arqueolégicos é um reflexo dos estudos e das pesqtasas reaizadas nesce campo de conhecimento em busea do passado do homem. © Homo erectus que sain de Aftice oriental néo sera, com certeza, sum telespectador-padtéo de Silvio Santos. Viver, pare ele, era ouser Ousadia propria Simone de Beauvoir, em seu marevilhoso livro Todos os homens so mortas, demonstra que a consciéncia da morte néo deve ser una Iumitago via, mas sua propria rio de se Nossos ancestais nfo leram Simone de Beawroir, mas nfo estavam dispostos a perder a vida pensando nos seus riscos. Antes, sairam para aventue humana, prépria reo de se da via Vide sabidamente perecivel. Por isso mesmo vivida com intensidade Cagadores e coletores A reconstrucao do passado ‘mquimico pode, a qualquer instante, combinar vérios elementos em determinadas condigées e proporgées pare comprover resultado jé obtido anteriormente, Podere também experimenter outras combinacées ou ainda se restringir aquela jé escolhida, em proporrées e condides diferentes, para tenfar provar eiguma hipstese. O proprio caréter da quimica ¢ ser experimental, Taco pela qual o cientist, Uutlizando-se de determinada metodologia, pode fazer efirmacdes ‘universais, fundadas exatamente nos experimentes © prsquisados que tem como matéria-prima 0 passado néo tem esse recurso, Pelo menos enquanto a maquina do tempo nfo for viabilizada (sonar é preciso..), no temos como saber exatamente o que acontecew no yassado, Etbem verdade que se utilizéssemos uma mequininha comqueire, daquelas que aparecem em filmes de ficco cientifice, comeriamos sérios riscos: poderiamos ver algumas coisas acontecendo, mas no saberiamos como explicé-les. Por vezes, ver a aparéncia das coisas é a maneira mais distante de conhecer sua esséncia. Em vista disso, temos algo que se chama feoria ou método, que ¢ a forma pela qual tentamos, « partir da aparéncia, chegar & esséncia das coisas. Admitimos, portanto, cheger eo passado, equipados por uma belissima méquina e por uma metodologia adequada Nosso conhecimento tomar-se-ia muito mais rico, sem divide ‘Mas o fato é que esse méquina no existe. E nés queremos saber © que acontecew ao nosso aventureiro Homo erectus, que hé 1 milho de

Você também pode gostar