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All content following this page was uploaded by Rose Kelly Irene Santos Da Melicío on 28 December 2020.
1. Introdução
2. Referencial teórico
Em uma retrospectiva das Revoluções Industriais foram períodos conhecidos por importantes
descobertas e mudanças impactantes à sociedade. Começando pelo século XVIII, a invenção
da máquina a vapor e consequentemente, a locomotiva e os navios movidos a motor. A segunda
se inicia no final do século XIX, marcada pelo surgimento da eletricidade e a introdução da
linha de montagem, que gerou a produção em massa. O terceiro período iniciou com a
introdução dos computadores, ou seja, a computação de mesa (década de 1960), a computação
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XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
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pessoal (década de 1970 e 1980) e a Internet (1990), propiciando a automação (S. GARCIA et
al. 2020). Na virada do século XX para XXI, chega a Quarta Revolução Industrial, descrita
como revolução digital, com internet mais onipresente e móvel. Entretanto, com acessibilidade
à internet por meio dos smartphones, tablets, notebooks e toda sorte de dispositivos móveis,
possibilita-se aos usuários, onde quer que estejam, acessar todo tipo de informação ou mesmo
efetuar transações. Essas transformações nas áreas de informática e telecomunicações
impactaram vários setores (JARDIM 2003).
Segundo Morgenstern e Santos (2016), o mercado de trabalho está constituído em grande parte
com a informação conectada, propiciando ao trabalhador a descentralização do seu trabalho,
independentemente de fatores como espaço e tempo.
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De acordo com o IBGE (2020), aproximadamente 8,7 milhões de pessoas estão trabalhando
remotamente, o que representa cerca de 13% da população trabalhadora/ocupada (sem contar
os que trabalham na informalidade) nesse período de distanciamento social (GANDRA 2020).
A nova experiência para os trabalhadores também trouxe adaptações ou mudanças em seus
horários, aquisição de aparelhos tecnológicos ou pacotes de internet (pela CLT art.75 seria
atribuição do empregador) para poder manter-se empregado em um momento tão incerto e
grande número de demissões/afastamentos.
Entretanto, o home office sempre foi apresentado como sinônimo de qualidade de vida para o
colaborador (KUGELMASS 1996; BRIK E BRIK 2013). Para melhor compreensão e
explanação sobre esse contexto, Luna (2014 adaptado de Mello, 1999); Lima, Fusco e Riça
(2003) separam em dois quadros as vantagens e desvantagens do home office antes da pandemia
o primeiro na percepção da empresa, conforme o Quadro 1:
Participação mais ativa da população deficiente, Possível perda de benefícios (transporte, refeição,
mais idosa e mulheres automóvel da empresa)
O trabalho rende mais, já que não sofre as Isolamento do teletrabalhador dos demais
interrupções típicas do escritório funcionários
Fonte: Luna (2014, adaptado de Mello, 1999); Lima, Fusco e Riça (2003).
2.2 Do direito
No Brasil, desde março de 2020, foram editados várias normas, leis, medidas provisórias,
decretos federais, estaduais e municipais, visando a mitigação da crise e manutenção dos postos
de emprego. É prevista para o período em que perdurar o estado de calamidade pública, para
fins trabalhistas, hipótese de força maior, prevista no artigo 501, da CLT (BRASIL 1943). Em
seu artigo 3º, foram apresentadas medidas que, dentre outras, poderão ser adotadas pelos
empregadores, visando a manutenção dos postos de emprego:
(i) teletrabalho;
(ii) antecipação de férias individuais;
(iii) concessão de férias coletivas;
(iv) aproveitamento e a antecipação de feriados;
(v) banco de horas;
(vi) suspensão de exigência administrativas em segurança e saúde no trabalho;
(vii) direcionamento do trabalhador para qualificação; e
(viii) diferimento do recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS.
Por sua vez, a medida provisória MPV 927/2020, em seu artigo 29, dispõe que: “os casos de
contaminação pelo coronavírus (Covid-19) não serão considerados ocupacionais, exceto
mediante comprovação do nexo causal” (BRASIL 2020).
Da leitura do dispositivo, os direitos dos trabalhadores foram ameaçados com essa redação,
pois retirou-se o caráter acidentário do afastamento previdenciário, em caso de contaminação
pelo Covid-19. O reconhecimento da doença ocupacional para o trabalhador gera: (i)
estabilidade provisória no emprego (artigo 118, da Lei n° 8.213/91); (ii) depósitos fundiários
no período de afastamento; (iii) inexigibilidade de cumprimento da carência (mínimo de doze
contribuições mensais). Assim, a Medida Provisória, em seus artigos 15, 16 e 17, dispôs sobre
a suspensão de exigências administrativas em segurança e saúde no trabalho (MUSSI 2020 ;
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ALVES 2020). Isto vem na contramão de todas as conquistas históricas do trabalhador, sobre
sua segurança no período e/ou local de trabalho. Posto dessa forma, não é refutável que ao
homem seja imputado algo que vai contra o que lhe já foi garantido anteriormente.
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Ademais, para Clein, Tonello e Pessa (2014), quanto melhor definido o ambiente de trabalho,
melhores serão as condições proporcionadas ao colaborador. Logo, fazer um levantamento dos
aspectos ergonômicos, é de extrema relevância (SCHNEIDER E SOUZA 2017).
A análise ergonômica do trabalho apresenta três pontos chaves: análise da demanda, análise da
tarefa e análise da atividade. (BARCELOS 1997).
A referência tem natural inter-relação com os problemas de saúde ocupacional e prevenção dos
acidentes de trabalho. A prevenção e o tratamento dessas ocorrências no ambiente laboral é
objetivo das normas OHSAS – 18001:2007 (Occupational Health and Safety Assesment Series,
ou Série de Avaliação de Saúde e Segurança Ocupacional) e a ISO 45001: 2018 (“International
Organization for Standardization”, ou Organização Internacional de Normalização .
Na atual situação das relações entre empresa e colaborador, é evidente a compreensão adquirida
por ambos sobre a importância da saúde e bem-estar dos trabalhadores, tanto no ponto de vista
humano como econômico, que resultará uma maior qualidade e produtividade do serviço ou
produto oferecido ao consumidor (H. R. D. S. GARCIA ET AL. 2019).
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mais apontadas como queixas de dores. Os seus resultados corroboram para “demonstrar os
benefícios da intervenção ergonômica em postos de trabalhos informatizados (uma realidade
do home office), principalmente na minimização dos desconfortos músculo esqueléticos e num
ambiente mais confortável e adequado para o trabalho” (ROZA 2007).
Outro estudo buscou analisar a Síndrome Visual Relacionada a Computador (SVRC), que é
resultante do uso excessivo do computador (caracterizada por sintomas visuais, oculares,
astenópeicos e musculoesqueléticos, que incluem a fadiga visual, irritação ocular, prurido,
olhos secos, lacrimejamento, distúrbios visuais e instabilidade do filme lacrimal, fotofobia, dor
no pescoço e costas, entre outros). Nele se constatou que até 90% dos usuários de computador
por mais de três horas diárias apresentem algum tipo de sintoma relacionado à SVRC (BLEHM
C et al 2005; BLEHM et al, 2005 ; AGARWAL, GOEL, E SHARMA, 2013).
Os estudos de Shantakumari et al. (2014) e Neves e Filho (2019) com 500 estudantes ao serem
expostos a computador no horário escolar, constatou como problemas mais comuns relatados
entre usuários de computador foram dor de cabeça - 53,3% (251/471), sensação de queimação
nos olhos - 54,8% (258/471) e olhos cansados – 48,0% (226/471).
Tais estudos vêm de encontro com as características da exposição ao computador no home
office, podendo ocasionar ou ser intensificados como danos físicos ao colaborador nessa
realidade.
Segundo Losekann e Mourão (2020), a saúde mental do funcionário em regime de teletrabalho
se torna um desafio maior à distância.
As reações presentes com relação à saúde mental, de acordo com a OMS em seu “Guia com
cuidados para saúde mental durante pandemia”, têm a presença de diversos sentimentos e
reações, como:
• Medo do avanço do vírus, de adoecer ou de que alguém da família adoeça, de perder
pessoas queridas, de não saber quando teremos a existência de uma vacina ou
cura, dentre outros;
• Irritabilidade devido à ausência de respostas para suas questões e medos;
• Angústia frente ao que está por vir e as incertezas do momento;
• Tristeza que pode ser ocasionada pelo isolamento, pelo enfrentamento do adoecimento
e/ou perda de pessoas queridas;
• Algumas reações comportamentais: perda de apetite e sono, conflitos interpessoais
ocasionados pela alteração de humor, agitação ou letargia, aumento da ansiedade que
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pode levar a crise de pânico, dentre outros. Alguns transtornos psíquicos também podem
ser observados, como depressão, crises de ansiedade e crises de pânico (WHO, 2020;
LOSEKANN E MOURÃO 2020).
Ademais, além dos problemas graves, ocorrências simples, como cansaço ou fadiga podem ser
sintomas desses problemas.
4. Considerações finais
No presente trabalho foram levantados, reflexões e questionamentos baseados na literatura que
os autores julgam importantes, para um melhor conhecimento das novas condições de home
office provocada pelo surgimento e disseminação do Covid19.
Portanto, foram discutidos, aspectos gerais e conceituais, bem como aqueles ligados as leis
trabalhistas, aspectos ergonômicos e de saúde e segurança no trabalho.
Entretanto, os autores, participam do reconhecimento que, mesmo após o encerramento do
distanciamento social e seus efeitos, muitas das vantagens, adquiridas pela prática do home
office serão incorporadas às atividades normais de trabalho dos cidadãos. Contudo, que deva
haver uma adaptação das leis vigentes a respeito à essa nova realidade, o que também deve
valer para as recomendações ergonômicas e as próprias normas relacionadas às diversas
condições de trabalho.
7. Agradecimentos
Fica registrado o agradecimento ao PROSUP/CAPES pela confiança ao proporcionar bolsa.
Também as empresas, suas respectivas gestoras e colaboradores que foram a fonte de dados
para essa pesquisa.
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