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AULA 03

A justificação Romanos
pela fé

Prof. Vinicius Couto


Introdução
▪ Nas últimas aulas comentamos sobre a maneira como os judeus
enxergavam os gentios e como isso gerou um conflito relacional.

▪ Para tratar esse problema, Paulo começou sua epístola


argumentando que a pecaminosidade é um problema universal,
isto é, não é exclusivo dos não judeus.

▪ Nesse ínterim, Paulo já começa a demonstrar que a salvação não


pode acontecer pelas obras, mas sim pela graça divina.

▪ Para explicar isso, usaremos a ilustração de uma balança.


Introdução

Orar

Caridade Pregar
Introdução

Orar

Caridade Pregar
Pensa-
mentos

Palavras Omissão

Desobe- Senti-
diência mentos
Introdução
▪ “Pois quê? Somos melhores do que eles? De maneira nenhuma,
pois já demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos
estão debaixo do pecado; como está escrito: Não há justo, nem
sequer um. Não há quem entenda; não há quem busque a Deus.
Todos se extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não há
quem faça o bem, não há nem um só” (Rm 3.9-12)

▪ “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;


sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a
redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3.23,24)
Explicando a justificação
▪ “Concluímos pois que o homem é justificado pela fé sem as
obras da lei” (Rm 3.28)

▪ A justificação é um ato judicial de Deus – A palavra justificado


no versículo anterior é dikaiousthai, que vem do verbo dikaioō.

▪ Dikaioō, por sua vez, indica uma ação forense, judicial. Tinha a
ver com a absolvição do culpado nos tribunais gregos.

▪ Era quando um juiz não sentenciava o réu. Ao invés disso, ele


declarava-o inocente e absolvia-o da condenação.
Explicando a justificação
▪ A justificação é obtida pela fé – Os judeus não compreendiam
isso. Para eles, era inconcebível a ideia de que alguém fosse
inocentado tão facilmente, isto é, por intermédio da fé.

▪ Os calvinistas nos acusam de colocar a fé como uma obra.


Contudo, quando um judeu ouvia esse discurso paulino, jamais
chegaria a tal conclusão.

▪ Wesley (2000, p. 33), comentando Rm 3.28, disse que somos


justificados “por uma fé, que não é obra, senão receber a Cristo;
e por conseguinte, é algo essencialmente distinto de todas
nossas obras”.
Explicando a justificação
▪ Paulo explica essa verdade aos judeus usando o exemplo do
patriarca Abraão:

▪ “Que diremos, pois, ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a


carne? Porque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que
se gloriar, mas não diante de Deus. Pois, que diz a Escritura?
Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça” (Rm
4.1-3)

▪ Imputado ali é elogisthē, cujo significado é de computar,


considerar, declarar. Abraão creu e isso foi “computado” como
justiça.
Explicando a justificação
▪ Todavia, o comentário de Greathouse (2006, p. 73), é muito
pertinente:

▪ “Precisamos evitar a noção de que a fé é um tipo refinado de justiça,


que Deus aceita em lugar da obediência legal. A fé e a justiça se
encontram em categorias diferentes. O poder da fé pela qual Abraão
foi justificado, se originou em Deus. A fé não se apoia na nossa
confiança, ela se apoia em Deus (cf. versículos 20-21). Não somos
justificados pela virtude da nossa fé, mas sim por Deus. Caso
contrário, teríamos de que nos gloriar, mas não diante de Deus. A
justificação pela graça através da fé é completamente separada de
quaisquer traços de méritos humanos.”
Explicando a justificação
▪ A justificação é um ato gracioso de Deus – Paulo explica isso
logo na sequencia: “Ora, ao que trabalha não se lhe conta a
recompensa como dádiva, mas sim como dívida” (Rm 4.4)

▪ Keener (2009, p. 28) comenta que “o fato de Deus ‘justificar’,


‘absolver’ ou ‘vindicar’ uma pessoa moralmente culpada,
conforme descrito em Romanos 4.5, poderia chocar os
ouvintes”.

▪ “...porém ao que não trabalha, mas crê naquele que justifica o


ímpio, a sua fé lhe é contada como justiça” (Rm 4.5)
Explicando a justificação
▪ Além do exemplo abraâmico, Paulo usa o exemplo davídico.

▪ “...assim também Davi declara bem-aventurado o homem a


quem Deus atribui a justiça sem as obras, dizendo: Bem-
aventurados aqueles cujas iniqüidades são perdoadas, e cujos
pecados são cobertos. Bem-aventurado o homem a quem o
Senhor não imputará o pecado” (Rm 4.6-8)

▪ Paulo está citando o Salmo 32.1,2, que tradicionalmente retrata


a tortura de Davi enquanto não confessou seu pecado com Bate-
Seba, mas que depois de fazê-lo foi seu pecado não foi
“computado” por Deus.
Explicando a justificação
▪ No raciocínio paulino, a bem-aventurança de não ter o pecado
imputado é uma dádiva de Deus, é uma obra da graça. Mas tal
obra não se limita apenas aos judeus (circuncisos). Ela alcança
aos gentios também (incircuncisos):

▪ “Vem, pois, esta bem-aventurança sobre a circuncisão somente,


ou também sobre a incircuncisão? Porque dizemos: A Abraão foi
imputada a fé como justiça. Como, pois, lhe foi imputada?
Estando na circuncisão, ou na incircuncisão? Não na circuncisão,
mas sim na incircuncisão” (Rm 4.9,10)
Explicando a justificação
▪ A pergunta de Paulo é solucionadora: Abraão foi justificado
quando? Antes ou depois da circuncisão?

▪ O texto-prova que ele cita para a justificação de Abraão é o de


Gn 15.6, antes do patriarca dormir com Hagar. A circuncisão,
entretanto, ocorreu aproximadamente 14 anos depois, quando
os anjos visitaram sua casa em Gn 17.10ss.
Explicando a justificação
▪ A justificação é um benefício da expiação – Depois de
prosseguir com suas argumentações com base em Abraão, Paulo
termina o capítulo 4 com uma afirmação que aponta para esta
verdade:

▪ “Ora, não é só por causa dele que está escrito que lhe foi
imputado; mas também por causa de nós a quem há de ser
imputado, a nós os que cremos naquele que dos mortos
ressuscitou a Jesus nosso Senhor; o qual foi entregue por causa
das nossas transgressões, e ressuscitado para a nossa
justificação” (Rm 4.23-25 – destaques meus)
Explicando a justificação
▪ Para entender essa verdade, é preciso abordarmos o que vem a
ser expiação.
▪ Erickson (2011, p. 77) definiu-a como sendo um “aspecto da
obra de Cristo, e particularmente sua morte, que torna possível
a restauração da comunhão entre indivíduos que creem em
Deus”, além de se referir ao “cancelamento do pecado”.
▪ O teólogo metodista Thomas Summers (1888, pp. 258,259)
definiu-a como “aquela satisfação feita para com Deus pelos
pecados de toda humanidade, quer seja pelo pecado original ou
pelos pecados atuais, pela mediação de Cristo (...) de maneira
que o perdão é gratuito a todos”.
Explicando a justificação
▪ Outro teólogo metodista do século XIX, Richard Watson (1832,
p. 116), definiu expiação como sendo a “satisfação oferecida à
justiça divina por meio da morte de Cristo pela humanidade, em
virtude do qual todos os verdadeiros penitentes que creem em
Cristo são pessoalmente reconciliados com Deus, livrados de
toda pena dos seus pecados e feitos merecedores da vida
eterna”.

▪ Como se pode perceber, a ligação da justificação com a expiação


tem a ver com a justiça de Cristo e em Cristo. Podemos entender
melhor isso a seguir:
Explicando a justificação

1. Substituição
2. Redenção
3. Propiciação
4. Remissão
Explicando a justificação
▪ Geisler (2010, Vol. 2, p. 206) explica que “a justiça absoluta de
Deus exige um substituto perfeito em nosso lugar, já que não
pode simplesmente passar por cima de nossos pecados,” afinal,
“Deus é demasiadamente santo e não suporta nem olhar para o
pecado de forma benevolente (Hc 1.13).” Isso porque Ele é
“essencialmente justo e não pode ser indiferente, já que Ele é
imutável por natureza.”
Explicando a justificação
▪ A perspectiva Wesleyana sobre a expiação é semelhante à do
teólogo medieval Anselmo de Cantuária e pode ser assimilada
pelo silogismo proposto por Collins (2010, pp. 140,141):

1. A humanidade deve pagar a dívida pelo pecado, mas não pode


(obrigação, mas incapacidade);

2. Deus pode pagar a dívida pelo pecado, mas não deve (capacidade, mas
não obrigação);

3. Apenas o Deus / Homem pode e deve pagar a dívida pelo pecado


(capacidade e obrigação).
Explicando a justificação
▪ O pagamento de nossa dívida por Cristo nos traz o benefício da
reconciliação e da união com Deus.

▪ Por isso podemos gozar da paz com Deus: “Justificados, pois,


pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo”
(Rm 5.1)

▪ Antes da justificação era impossível ter paz com Deus, pois


éramos inimigos de Deus (Rm 5.10) e filhos da ira por natureza
(Ef 2.3; Cl 3.6), mas “sendo agora justificados pelo seu sangue,
seremos por ele salvos da ira” (Rm 5.9).
Explicando a justificação
▪ A justificação é posicional – Isso significa dizer que somos
declarados justos em função da união com Cristo.

▪ “E não somente isso, mas também nos gloriamos em Deus por


nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora temos recebido a
reconciliação” (Rm 5.11)

▪ Ao passo que Jesus proveu justificação no calvário, os benefícios


dessa provisão somente são aplicados àqueles que estão em
Cristo.

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