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AULA 05

A ineficácia da Lei Romanos


para a salvação

Prof. Vinicius Couto


Introdução
 Relembrando conceitos...

 Judeus e gentios estão em conflito na igreja de Roma;

 Todos são pecadores, inclusive os judeus;

 Se todos são pecadores, como ser salvo? A salvação é um ato


gracioso de Deus que nos justifica de nossos pecados;

 Se é simples assim, então não precisamos obedecer à Lei? Não


precisamos ser santos? É certo que sim!!!
Introdução
 Se é “certo que sim”, então de onde vem o padrão de certo e
errado?

 A resposta paulina é que esse padrão vem da Lei, contudo, ainda


que dela advenha o padrão moral, ela é ineficaz para a salvação
de qualquer pessoa.

 A suficiência da salvação está em Cristo!

 Se pudermos resumir o assunto do capítulo 7, seria dessa


maneira. Contudo, como ele trata essa questão?
A morte da Lei em Cristo
 Paulo disse no capítulo anterior que, antes da conversão a
Cristo, as pessoas eram escravas (doulos) do pecado e que foram
libertas (alforria) dele e se tornaram, agora, escravas (doulos) de
Cristo.

 “Mas graças a Deus que, embora tendo sido servos do pecado,


obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes
entregues e libertos do pecado, fostes feitos servos da justiça”
(Rm 6.17,18).
A morte da Lei em Cristo
 Paulo já explicara isso anteriormente ao dizer que não estamos
debaixo da Lei e sim da graça:

 “...o pecado não terá domínio sobre vós, porquanto não estais
debaixo da lei, mas debaixo da graça” (Rm 6.14)

 Não estar debaixo da Lei não significa que ela não tenha
importância, ela tem. Porém, é insensato quem confia nela para
sua salvação.
A morte da Lei em Cristo
 O problema é que os judeus cometeram erros hermenêuticos ao
longo do tempo e entenderam que a salvação vinha pela
obediência à Lei (justificação pelas obras)

 “E eis que se aproximou dele um jovem, e lhe disse: Mestre, que


bem farei para conseguir a vida eterna? (...) se é que queres
entrar na vida, guarda os mandamentos. Perguntou-lhe ele:
Quais? Respondeu Jesus: Não matarás; não adulterarás; não
furtarás; não dirás falso testemunho; honra a teu pai e a tua
mãe; e amarás o teu próximo como a ti mesmo. Disse-lhe o
jovem: Tudo isso tenho guardado; que me falta ainda? (Mt
19.16-20 – destaques meus)
A morte da Lei em Cristo
 “Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que
um rico dificilmente entrará no reino dos céus. E outra vez vos
digo que é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha,
do que entrar um rico no reino de Deus. Quando os seus
discípulos ouviram isso, ficaram grandemente maravilhados, e
perguntaram: Quem pode, então, ser salvo? Jesus, fixando
neles o olhar, respondeu: Aos homens é isso impossível, mas a
Deus tudo é possível” (Mt 19.23-26 – destaques meus)

 “E eis que se levantou certo doutor da lei e, para o


experimentar, disse: Mestre, que farei para herdar a vida
eterna?” (Lc 10.25 – destaques meus)
A morte da Lei em Cristo
 “Então alguns que tinham descido da Judeia ensinavam aos
irmãos: Se não vos circuncidardes, segundo o rito de Moisés,
não podeis ser salvos” (At 15.1 – destaques meus)
 Era muito importante, para a saúde da igreja de Roma, que os
judeus se divorciassem dessa crença. Ela era altamente herética.
 “Estou admirado de que tão depressa estejais desertando
daquele que vos chamou na graça de Cristo, para outro
evangelho, o qual não é outro; senão que há alguns que vos
perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo” (Gl 1.6,7
– destaques meus)
A morte da Lei em Cristo
 “...o homem não é
justificado por obras da lei,
mas sim, pela fé em Cristo
Jesus, temos também crido
em Cristo Jesus para Orar

sermos justificados pela fé Caridade Pregar


Pensa-
mentos

em Cristo, e não por obras Palavras Omissão

da lei; pois por obras da lei Desobe-


diência
Senti-
mentos

ninguém será justificado”


(Gl 2.16 – destaques meus)
A morte da Lei em Cristo
 “Ou ignorais, irmãos (pois falo aos que conhecem a lei), que a lei
tem domínio sobre o homem por todo o tempo que ele vive?
Porque a mulher casada está ligada pela lei a seu marido
enquanto ele viver; mas, se ele morrer, ela está livre da lei do
marido. De sorte que, enquanto viver o marido, será chamado
adúltera, se for de outro homem; mas, se ele morrer, ela está
livre da lei, e assim não será adúltera se for de outro marido.
Assim também vós, meus irmãos, fostes mortos quanto à lei
mediante o corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, àquele
que ressurgiu dentre os mortos a fim de que demos fruto para
Deus” (Rm 7.1-4)
A morte da Lei em Cristo
 Keener (2009, p. 85) explica que “Algumas tradições judaicas
retratam a Torá como a filha de Deus, a noiva de Israel. Paulo
pode mudar essa imagem ligeiramente aqui para acomodar a
união dos crentes com Cristo.”

 “Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho
preparado para vos apresentar como virgem pura a um só
esposo, que é Cristo” (2 Co 11.2 – destaques meus)
A morte da Lei em Cristo
 A maneira como os judeus hipervalorizavam a Lei tornava-os
escravos de algo inexequível, pois a natureza humana está
maculada pelo pecado de Adão.

 “Pois, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados,


suscitadas pela lei, operavam em nossos membros para darem
fruto para a morte. Mas agora fomos libertos da lei, havendo
morrido para aquilo em que estávamos retidos, para servirmos
em novidade de espírito, e não na velhice da letra” (Rm 7.5,6 –
destaques meus)
A morte da Lei em Cristo
 Se através do Queda houve solidariedade adâmica, por meio da
expiação houve solidariedade com Cristo.

 Porém, a fala de Paulo soava para os judeus como uma afronta à


Lei, até mesmo uma blasfêmia. Por isso, ele usa novamente do
recurso da diatribe:

 “Que diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum. Contudo,


eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não
conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não
cobiçarás.” (Rm 7.7)
A morte da Lei em Cristo
 Paulo disse agora há pouco que “quando estávamos na carne, as
paixões dos pecados, suscitadas pela lei, operavam em nossos
membros para darem fruto para a morte” (Rm 7.5) e confirmou
isso ao dizer que “eu não conheceria a concupiscência, se a lei
não dissesse: Não cobiçarás” (Rm 7.7).

 A natureza caída (chamada por Paulo de “pecado” e que


Agostinho nomeou de “pecado original”) era impulsionada pelo
desejo do proibido, mas pela graça foi liberta disso.

 “Mas o pecado, tomando ocasião, pelo mandamento operou em


mim toda espécie de concupiscência” (Rm 7.8)
A morte da Lei em Cristo
 Isso não quer dizer que a Lei, em si mesma seja má, pelo
contrário, “a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom”
(Rm 7.12).

 Mas isso não é uma contradição? Porque se a Lei acentua o


desejo pelo pecado, como ela pode ser boa?

 “Logo o bom tornou-se morte para mim? De modo nenhum;


mas o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a
morte por meio do bem; a fim de que pelo mandamento o
pecado se manifestasse excessivamente maligno” (Rm 7.13)
A morte da Lei em Cristo
 A razão para isso é a oposição substancial que temos: enquanto
a Lei se preocupa com nossa espiritualidade integral, há em nós
uma fraqueza que chamamos de “pecado original.”

 “Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal,


vendido sob o pecado. Pois o que faço, não o entendo; porque o
que quero, isso não pratico; mas o que aborreço, isso faço” (Rm
7.14,15)

 “Pecamos porque somos pecadores ou somos pecadores porque


pecamos?” (SPROUL, 1999, p. 98)
A morte da Lei em Cristo
 Confiar nas obras, portanto, seria loucura, pois não existe
nenhum ser humano, além de Cristo, capaz de obedecê-la
integralmente.

 “E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.
Agora, porém, não sou mais eu que faço isto, mas o pecado que
habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha
carne, não habita bem algum; com efeito o querer o bem está
em mim, mas o efetuá-lo não está. Pois não faço o bem que
quero, mas o mal que não quero, esse pratico. Ora, se eu faço o
que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em
mim” (Rm 7.16-20)
A morte da Lei em Cristo
 Existe um desejo de obedecer, mas muitas vezes falhamos em
obedecê-la. Mesmo depois de regenerados! Confiar na auto-
justificação é loucura e a Lei é insuficiente para nos salvar!

 “Acho então esta lei em mim, que, mesmo querendo eu fazer o


bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior,
tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra
lei guerreando contra a lei do meu entendimento, e me levando
cativo à lei do pecado, que está nos meus membros” (Rm 7.21-
23)
A morte da Lei em Cristo
 Paulo poderia ter citado Jeremias 17.5: “Maldito o homem que
confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu
coração do SENHOR!”

 Ao invés disso, ele mesmo reconhece sua pequenez e


insuficiência: “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará
do corpo desta morte?” (Rm 7.24)

 Se dependermos de nossa própria justiça estamos falidos e


nosso salário é a morte, mas se confiamos na justiça de Cristo o
dom gratuito é a vida eterna (Rm 6.23)
A morte da Lei em Cristo
 Por isso, Paulo termina esta seção (respondendo à pergunta
retórica anterior) com um reconhecimento de que somente
Cristo (solus Christus) pode salvá-lo por meio de sua graça (sola
gratia).

 “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta


morte? Dou graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm
7.24,25 – destaques meus)

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