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SOCIEDADE DE EDUCAÇÃO DO VALE DO IPOJUCA

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO VALE DO IPOJUCA-UNIFAVIP/DEVRY


COORDENAÇÃO DE ARQUITETURA E URBANISMO
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

THAYSE NAYARA LIMA DE OLIVEIRA

"O SOM DE UMA TERRA"


ANTEPROJETO PARA UM CENTRO CULTURAL DE MÚSICA EM
BELO JARDIM

CARUARU
2014
THAYSE NAYARA LIMA DE OLIVEIRA

"O SOM DE UMA TERRA"


ANTEPROJETO PARA UM CENTRO CULTURAL DE MÚSICA EM
BELO JARDIM

Trabalho de Graduação I apresentado ao


Centro Universitário do Vale do Ipojuca como
requisito para obtenção do título de Bacharel
em Arquitetura e Urbanismo, sob orientação
da professora Mariana Silva Pontes e co-
orientação do professor Yuri Moraes.

CARUARU
2014
A graça de um projeto não está em inventar formas misteriosas
e mirabolantes, mas em propor aquilo que já sabemos que
deve ser feito, de modo a desencadear os recursos na direção
mais oportuna.
(Paulo Mendes da Rocha)
RESUMO

O Presente trabalho exporá uma análise para um Centro Cultural de Música


na cidade de Belo Jardim, Pernambuco. A implantação de tal equipamento é de
suma importância devido ao fortalecimento da cultura local que proporcionará. O
tema foi escolhido a partir da problemática da falta de um equipamento com devido
uso, tendo em vista que a música é um marco na cultura e na história da cidade.
Desta forma o trabalho apresentará estudos relativos aos centros culturais,
conceitos; história e aplicações, assim como cultura popular e a participação da
música, o turismo cultural e o centro cultural como catalisador da vida urbana. Os
estudos são referenciados à ótica de teóricos, e servirão como embasamento para a
formulação do planejamento do objeto proposto.

Palavras-chave: Centro Cultural, Cultura Popular, Música.


ABSTRACT

The present work will expose an analysis for Cultural Music Center in Belo
Jardim, Pernambuco. The deployment of such equipament is of paramount
importance due to the strengthening of local culture will provide. The theme was
chose from the problem of lack of equipament due to use, given that the music is
steeped in culture and history of the city. Thus the paper presents studies relating to
cultural concepts centers; history and applications, as well as popular culture and
participation in music, cultural tourism and cultural center as a catalyst of urban life.
The studies are referenced to the theoretical perspective, and serve as basis for the
formulation of the planning of the proposed object.

Keywords: Cultural Center, Popular Culture, Music.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................7
2. OBJETO DE ESTUDO.............................................................................................9
2.1 JUSTIFICATIVA................................................................................................9
2.2 OBJETIVOS....................................................................................................14
2.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.......................................................15
3. REFERÊNCIAL TEÓRICO.....................................................................................17
3.1. CULTURA COMO FATOR SOCIAL...............................................................17
3.1.1. MÚSICA COMO EXPRESSÃO CULTURAL.........................................21
3.2. CENTRO CULTURAL....................................................................................23
3.2.1. CENTROS CULTURAIS DO BRASIL....................................................28
3.3. O CENTRO COMO CATALISADOR DA VIDA URBANA..............................31
4. ESTUDOS DECASO.............................................................................................38
4.1. ESTUDO 01: Centro Cultural Roberto Gritti, Ranica, Itália...........................39
4.2. ESTUDO 02: Museu da Imagem e do Som, Rio de Janeiro.........................52
4.3. ESTUDO 03: Cais do Sertão Luiz Gonzaga, Recife.....................................68
4.4. Análise comparativa dos estudos de caso....................................................81
5. ETAPAS PRÉ-PROJETUAIS - EPP......................................................................84
5.1. ANÁLISE 01: ESTUDO DO CONTEXTO URBANO......................................84
5.2. ANÁLISE 02: ESTUDO DO TERRENO.........................................................88
5.3. ANÁLISE 03: CONDICIONANTES FÍSICOS E AMBIENTAIS.......................93
5.4. ANÁLISE 04: CONDICIONANTES LEGAIS..................................................95
5.5. PROGRAMA E PRÉ-DIMENSIONAMENTO...............................................104
5.5. ORGANOFLUXOGRAMA............................................................................106
5.6. ZONEAMENTO............................................................................................108
6. PLANO DE EXPOSIÇÃO TG2.............................................................................109
6.1. SUMÁRIO.....................................................................................................109
6.2. CRONOGRAMA...........................................................................................110
CONSIDERAÇÕES PARCIAIS................................................................................111
REFERÊNCIAS........................................................................................................112
TERRA DE MÚSICOS

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1. INTRODUÇÃO

A cultura está diretamente relacionada com o modo de viver das pessoas, o


que é resultado da interação dos que compartilham de uma mesma crença ou estilo,
desta maneira abrange inúmeras áreas de conhecimento: crenças, artes, costumes,
tradições, entre outros. Os grupos gerados a partir dos mesmos estilos ou crenças,
atualmente, podem reunir-se em equipamentos específicos à esta temática: os
Centros Culturais, que geralmente são construídos pelo poder público, com o
objetivo de incentivar a sociedade à cultura.

Na temática de Centro Cultural, os equipamentos oferecidos são comumente


tratados de uma forma que abranja diversas área, já que cultura se refere à todas,
entretanto estas poderiam ser tratadas de forma que evidenciasse a cultura local de
cada cidade, o que impulsionaria sua importância e destaque para a sociedade.

Este trabalho foi elaborado com a finalidade de planejar um equipamento


arquitetônico na temática de Centro Cultural, com proposta de ressaltar o som de
uma terra que possui uma cultura local alusiva à música. Os fatores que
impulsionaram a escolha do tema foram a ausência de incentivo à uma cultura que é
de suma importância para a história da cidade de Belo Jardim, e a existência de um
grande grupo que compartilha desta mesma cultura. A partir destas informações fez-
se necessário a busca de referenciais físicos e literários para construção da análise.

O desenvolvimento do trabalho é composto por três etapas, sendo dispostas


em cinco capítulos consequentemente. Deste modo, a primeira etapa constitui da
problemática que incentivou a escolha do tema e sua justificativa, assim como os
objetivos que serão alcançados ao final do trabalho e a descrição da metodologia
utilizada para o desenvolvimento do mesmo, com a finalidade de introduzir ao leitor
um conhecimento prévio sobre a proposta e o local, evidenciando sua potencialidade
para a implantação do empreendimento.

A segunda etapa consiste no referencial teórico, onde o tema será abordado


através de teóricos, com o intuito de entender o surgimento e a desenvoltura do
tema proposto assim como os fatores resultantes do mesmo. Foram analisados
também estudos de casos alusivos à proposta do trabalho, que possibilitaram uma
análise crítica sob edificações referentes ao tema.
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O SOM DE UMA TERRA |8

A terceira etapa constitui-se das etapas pré-projetuais, etapas essas que


resultaram no entendimento geral do objeto proposto de acordo com a realidade do
mesmo. Desta maneira foram elaboradas as análises do terreno e seu entorno, dos
condicionantes físico-ambientais e legais, o que possibilitaram a elaboração do
programa de necessidades e pré-dimensionamento do anteprojeto, assim como o
zoneamento e o organofluxograma.

Todas estas etapas, através das referências utilizadas para desenvolve-las,


serão de suma importância para a concepção do projeto arquitetônico a ser
elaborado no Trabalho de Graduação II.
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2. OBJETO DE ESTUDO

Este capítulo exporá a problemática que motivou a escolha da tema abordado


no trabalho, onde será apresentado um conhecimento prévio do local da
implantação assim como os aspectos positivos que o objeto proposto ocasionará
neste local. Após, serão apresentados os objetivos geral e específicos que auxiliarão
no desenvolvimento e no planejamento final do equipamento arquitetônico. Por fim,
os procedimentos metodológicos mostrarão as etapas das pesquisas elaboradas,
desde as literárias e bibliográficas à análise do terreno, que serviram para
construção do trabalho.

2.1. JUSTIFICATIVA

Belo Jardim, cidade do agreste pernambucano, segundo o IBGE/2011 possui


74.902 habitantes e é conhecida como terra dos músicos por ter ampla
representatividade musical no Estado. A música é uma tradição antiga da cidade,
vem desde o início do século XIX, quando se formaram as primeiras bandas da
então Vila de Nossa Senhora da Conceição de Belo Jardim. Além da música, o
artesanato também compõe a diversidade da cultura que há no município com a
Associação Tareco & Mariola que produz artesanato com produtos recicláveis e
comercializam no Centro de Artesanato (Figura 1).

Figura 1 - Centro de Artesanato Tareco e Mariola

Fonte: http://historiasecenariosnordestinos.blogspot.com.br/2013/01/belo-jardim-pe.html
Acesso em 12 fev. 2014
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A cultura é o grande atrativo do Município, sendo representada através do


Festival de Arte e Cultura, conhecido também como Jardim Cultural, onde há
apresentações musicais de bandas locais e nacionais, oficinas culturais e feiras de
artesanato. Dentro desta diversidade a música é destaque, estando ela presente na
maior parte das atividades culturais, por este motivo a cidade exibe em seu principal
acesso esculturas alusivas à terra dos músicos (Figura 2), tendo nela um número
significativo deles.

Figura 2 - Esculturas que marcam a entrada da cidade

Fonte: http://historiasecenariosnordestinos.blogspot.com.br/2013/01/belo-jardim-pe.html
Acesso em 12 fev. 2014

Através deste número significativo de músicos a cidade é reconhecida


nacionalmente, tendo em diversas bandas e orquestras pernambucanas e nacionais
um representante belojardinense. Dentre os exemplares estão a banda do IV
Exército com quatro músicos da cidade, assim como a Super Oara, a Orquestra
Pinga Fogo, o primeiro arranjador de Roberto Carlos que era belojardinense, o
Maestro Mozart Vieira; criador da Orquestra Meninos de São Caetano, e o cantor
Otto.1

Ao observar a cultura musical de Belo Jardim notou-se que, embora a cidade


seja reconhecida como terra dos músicos e tenha um número significativo deles, não
há a atenção necessária voltada para o tema. Atualmente Belo Jardim possui duas

1
História de Belo Jardim. Disponível em: <http://www.mybelojardim.com/brasil/belo-jardim-total/historia/>
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principais escolas de música para formação de banda marcial, são elas a Sociedade
de Cultura Musical, fundada pelo Professor Ulisses de Souza Lima (in memoriam) e
atualmente liderada por sua filha Conceição de Souza Lima, e a Filarmônica São
Sebastião, regida pelo maestro João Vieira de Souza (Figura 3), que se mantém por
serem tradicionais na cidade se apresentando nas festas de rua. Além da pequena
estrutura das mesmas, esse tipo de escola de música, voltada para banda marcial,
se limita ao ensino de alguns instrumentos musicais, desta forma os músicos que
almejam aprender outros tipos de instrumentos procuram outros locais ou pessoas
que ensinem. Por haver essa carência do ensino, é fácil encontrar na cidade,
músicos que dão aulas particulares ou abrem suas casas para ensinar.

Figura 3 - Principais escolas de música de Belo Jardim

Fonte: http://sociedadedeculturamusical.wordpress.com / filarmonicabj.wordpress.com


Acesso em 12 fev. 2014

Em 2012 Belo Jardim recebeu o curso de licenciatura em música pelo IFPE


(Instituto Federal de Pernambuco), onde há turmas para alguns instrumentos e
também canto popular. O vestibular foi aberto para poucas vagas, e o conhecimento
de música, canto ou de algum instrumento é pré requisito para cursar, sendo
exclusos os alunos que iriam para aprender do início. A instituição oferece para
alunos e para o público, eventos e workshops musicais que são apresentados em
salas de aula da instituição, o que estreita a relação música e público por serem
salas adaptadas e por acontecerem em locais privados, sendo um Instituto.

Além do IFPE outras instituições, como a Secretaria de Cultura Municipal e o


SESC de Belo Jardim, oferecem também eventos e workshops com músicos
profissionais e assim como no IFPE não dispõem de espaços com o devido uso,
fazendo com que as apresentações ocorram ao ar livre ou em salas adaptadas.
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Os músicos da cidade atualmente apresentam-se em praças públicas, bares e


eventos. Entretanto a busca por espaço adequado para as apresentações
ocasionou, na Praça da Árvore conhecida como Praça de Eventos, a depredação
dos equipamentos públicos e da vegetação.(Figuras 4 e 5)

Figura 4 - Praça da Árvore antes da depredação

Fonte: http://ascombj.blogspot.com.br/2010/03/praca-revitalizada.html
Acesso em 12 fev. 2014

Figura 5 - Praça da Árvore durante as apresentações

Fonte: https://www.facebook.com/rocknapracabj
Acesso em 12 fev. 2014

Após a depredação a praça da árvore passou a não ter uso apropriado, o que,
a partir da reivindicação dos moradores da área, gerou a proibição de tais eventos,
deixando os músicos que ali se apresentavam sem opção de outro local. Desta
forma é possível notar a falta de equipamentos destinados à tais usos, visto que o
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número de bandas que se apresentam nas ruas e nas praças é bastante


significativo.

A cidade não possui estúdios profissionais de gravação, as bandas já


formadas que iniciam o projeto de gravação de CD procuram estúdios em outras
cidades, o máximo que pode-se encontrar são estúdios improvisados na maioria das
vezes de radialistas que fazem este trabalho, o que também é uma problemática
para uma cidade que comporta um número significativo de bandas e cantores que
fazem carreira solo.

Diante da existência deste reconhecimento musical, do grande grupo que


compartilha desta mesma cultura, e da falta de equipamentos apropriados, pretende-
se neste trabalho propor uma análise para um Centro Cultural de Música que
comporte espaços com usos adequados para as atividades musicais da cidade.

O centro resolverá principalmente a problemática das apresentações das


bandas locais, onde será proposto um local de apresentações ao ar livre e aberto ao
público, com uma dinâmica apropriada para banda e plateia. Devido ao fator das
apresentações, na maioria das vezes, acontecerem nos finais de semana, o Centro
Cultural de Música oferecerá, durante a semana, oficinas musicais onde músicos
profissionais poderão interagir com os demais músicos da cidade e oficinas como a
de Percussão Lata Orgânica oferecida pela Associação Tareco e Mariola com apoio
da Prefeitura de Belo Jardim. Receberá ainda, um estúdio de gravação, um
auditório, salas de ensaio e uma sala de experimento musical, onde disporá de
instrumentos musicais que poderão ser experimentados pelo público adepto à
musica que não necessariamente sabe tocar.

Para a interação e atração do público em geral, o Centro oferecerá espaços


de convivência onde de forma atrativa disporão de ambientes como o café, lojas de
CD's e instrumentos musicais, karaokês e um espaço para exposições temporárias.
Estes espaços alcançarão o público em geral obtendo assim um dos objetivos da
proposta.
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2.2. OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

Elaborar um anteprojeto arquitetônico para um Centro Cultural de Música na


cidade de Belo Jardim que fortaleça o potencial cultural do Município através da
arquitetura.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

- Criar ambientes destinados ao aprendizado, interação e lazer dos músicos;

- Criar ambientes, de forma atrativa, destinados ao público em geral;

- Implantar um equipamento que contraste com o entorno de forma que desperte


interesse pela cultura na população;

- Propor através do espaço livre para apresentações, uma relação entre o músico e
o público que transita no entorno.
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2.3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os procedimentos metodológicos mostram o que será realizado para se obter


o produto final desejado, quais as documentações utilizadas e todo o processo
realizado durante o desenvolvimento do trabalho. Para a construção do mesmo
foram realizadas pesquisas bibliográficas, estudos de caso, visitas in loco e análise
do terreno.

PESQUISAS BIBLIOGRÁFICAS

Foram realizadas pesquisas sobre o conceito de cultura popular, assim como


as diversas tipologias culturais encontradas no Brasil, dando ênfase à música
enquanto cultura fazendo assim uma relação com a proposta do trabalho.

Após, foram realizados estudos através de pesquisas sobre a origem dos


centros culturais, a sua evolução e sua atuação no Brasil, a fim de estabelecer uma
concepção sobre o tema e seu surgimento.

Finalizando as pesquisas bibliográficas, foi feito um estudo sobre como a


cultura e um equipamento tipo um centro cultural influenciam nos centros urbano das
cidades. Essa pesquisa contribuirá para o desenvolvimento do projeto arquitetônico
visto que ao pensar em propor um equipamento de tamanho valor é de extrema
importância a preocupação com o entorno envolve a área de intervenção.

ESTUDOS DE CASO

Foram realizados estudos de casos compatíveis com a proposta de um centro


cultural e com equipamentos alusivos à música, desta forma foram analisadas as
soluções projetuais aplicadas em cada estudo, fazendo comparações entre os
mesmos.

Os três estudos dividem-se em Internacional, Nacional e Regional, sendo


eles, respectivamente, o Centro Cultural Roberto Gritti localizado em Ranica na
Itália, o Museu da Imagem e do Som localizado no Rio de Janeiro e o Cais do Sertão
Luiz Gonzaga localizado em Recife (visita in loco).

Os estudos foram elaborados a partir de um raciocínio de análise:


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 Informações gerais: Arquiteto, localização, ano, área construída e etc.


 Relação do edifício com o entorno: Implantação, acessos e etc.
 Olhando para fora: Análise do volume e das fachadas
 Efeito estético: Materiais construtivos, cheios e vazios e etc.
 Olhando para dentro: Plantas Baixas e cortes.

Assim, o objetivo principal dos estudos de caso é a análise das melhores


soluções arquitetônicas que servirão de referência para o desenvolvimento das
etapas pré-projetuais.

ETAPAS PRÉ PROJETUAIS

Foram elaboradas análises do terreno visando a contextualização urbana da


cidade onde está inserido, assim como a análise do entorno, através de visitas in
loco, onde pôde ser perceptível os fluxos, as fachadas de maior contemplação, as
tipologias das edificações do entorno, os condicionantes físicos e ambientais e os
condicionantes legais que deram subsídio para a elaboração do programa, pré-
dimensionamento, organofluxograma e zoneamento.

O conjuntos dessas informações obtidas a partir de todo procedimento


metodológico resulta como suporte para o início do desenvolvimento de um centro
cultural, a ser realizado em TG2.
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3. REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo apresentará inicialmente, através de teóricos, os conceitos de


cultura, explanando as áreas de atuação e destacando a música inserida neste
contexto assim como sua atuação no Brasil. Em seguida apresentará o surgimento
dos Centros Culturais e sua evolução até chegar ao Brasil. Por fim, apresentará a
função do Centro Cultural como catalisador da vida urbana, visando os resultantes
que tal equipamento poderá oferecer para o local onde está inserido.

3.1. CULTURA: FATOR SOCIAL

Desde a existência humana, os diferentes modos de comportamento,


costumes e práticas sociais fazem com que os povos se dividam em organizações
ou grupos sociais, tornando-os diferentes entre si. Então podemos chamar essa
pluralidade de comportamentos e práticas sociais de culturas diferentes (MINISTÉRIO
DA EDUCAÇÃO E SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA, 2005 apud MINISTÉRIO DA
CULTURA E SECRETARIA DA CIDADANIA E DA DIVERSIDADE CULTURAL, 2010).

Cultura popular então, refere-se à interação que há em uma sociedade entre


as pessoas, podendo ter origens variadas, já que cada comunidade compartilha a
sua cultura formando uma nova. Essa cultura é abrangente a todas as classes
sociais.2

Por existirem diferentes culturas, de acordo com o Ministério da Cultura


(2010), dois conceitos ajudam a entender como conviver com essas diferenças:
etnocentrismo e diversidade cultural. Etnocentrismo é um conceito da Antropologia
que fixa a visão apenas para uma cultura. Essa fixação por muitas vezes é
responsável por muitos conflitos entre etnias, religiões e vários outros grupos
sociais. A diversidade cultural por sua vez, se constitui de culturas diversas com
lógicas diversas e grupos diversos.

Diferentes culturas se encontram, convivem umas com as outras,


relacionam-se, entram em conflito, diferenciam-se transformam-se
em ritmos diferentes umas em relação a outras, conforme o contato

2
Cultura Popular. Disponível em : <http://www.brasilescola.com/cultura/cultura-popular.htm> Acesso em 25 abr.
2014
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mais ou menos frequente entre elas, as formas de transmissão e as


inovações que são produzidas (MINISTÉRIO DA CULTURA e SECRETARIA
DA CIDADANIA E DA DIVERSIDADE CULTURAL, 2010).

Esses conceitos marcaram a história da colonização da América Latina,


inclusive do Brasil com os colonizadores europeus, os índios e os escravos
africanos, que foram os pioneiros na disseminação cultural do país e logo após com
os imigrantes italianos, alemães, japoneses, entre outros, que também contribuíram
para a diversidade cultural do Brasil3.

Segundo o Ministério da Cultura e Secretaria da Cidadania e da Diversidade


Cultural (2010) as manifestações das culturas populares passam por um processo
contínuo de transformação, uma vez que são retraduzidas e reapropriadas pelos
seus próprios autores de acordo com a tradição em junção com a modernização.

As diferenciações entre os grupos da sociedade brasileira geram uma mesma


resposta de afirmação de suas expressões culturais, assim, as manifestações das
culturas populares estão vivas em toda a parte. Porém, para um outro grupo da
sociedade, essas manifestações se tornam invisíveis, impossibilitadas de sofrer
qualquer mudança ou transformação.

Se cultura é um processo de respostas simbólicas a determinadas


circunstâncias, suas formas inevitavelmente mudarão ao se
defrontarem com as exigências de novas situações. (...) Há, no
entanto, uma resistência, quando se trata de selecionar e exibir
essas criações ao público, que muitas vezes congela as artes
populares como pertencentes ao passado, enquanto qualifica a arte
alta das elites como contemporânea e/ou projetada para o futuro
(ESCOBAR, 1986 in BORGES; BARRETO, 2010 apud MINISTÉRIO DA
CULTURAL E SECRETARIA DA CIDADANIA E DA DIVERSIDADE
CULTURAL, 2010).

Essas expressões por vezes são respeitadas como "identidade nacional" e


por vezes são depreciadas como se fossem um conjunto de coisas ultrapassadas.
Essa contradição vem desde a evolução histórica dos conceitos de folclore e de
cultura popular, onde o folclore (de folk-lore, o saber do povo) se referia a literatura

3
A diversidade cultural do Brasil. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/brasil/a-diversidade-cultural-no-
brasil.htm> Acesso em 25 abr. 2014
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dos antigos contos, fábulas e lendas, sagas, poemas e cantigas. A inclusão da


cultura do povo, conjunto de costumes, crenças, tradições, ritos, celebrações
festivas, etc., junto à noção anterior de folclore passaria então a ser chamada de
cultura popular (Plano Setorial para as Culturas Populares, 2010).

Ainda segundo o Plano Setorial para as Culturas Populares (2010), no século


XX os intelectuais brasileiros obtiveram um interesse numa brasilidade legítima e
própria. A partir daí surgiram as pesquisas sobre cultura popular através de vários
pesquisadores, entre eles Silvio Romero (1851-1914)4 e Mário de Andrade (1893-
1945)5 que com uma ampla visão sobre o país, atuou na administração pública na
área de cultura e juntamente com Paulo Duarte e outros intelectuais da época, em
1935 sugeriu, a criação do Departamento Municipal de Cultura da cidade de São
Paulo. O departamento tinha como objetivo:

Estudar e preservar todas manifestações culturais populares


brasileiras, envolvendo a música, a poesia, os cantores, as danças, a
religião sincretizada pelo povo, sobretudo a versão africana e tudo
mais que representasse a espontânea participação do homem de
todas as regiões do país, além, naturalmente, de cuidar do 'saber
fazer' tradicional e, daí, o interesse pelos artefatos em geral
(SAMPAIO; LEMOS, 2006 apud MINISTÉRIO DA CULTURA E
SECRETARIA DA CIDADANIA E DA DIVERSIDADE CULTURAL, 2010).

Entre 1947 e 1964 os intelectuais da época se mobilizaram com o propósito


de "promover ações culturais e políticas voltadas para a proteção do folclore
nacional", esse movimento ficou conhecido como Movimento Folclórico Brasileiro.
Como podemos analisar abaixo, através da representação gráfica do processo
(Figura 6), nas décadas seguintes diversas movimentações aconteceram até a
cultura popular obter um programa voltado especialmente para a mesma.

4
Foi filósofo e ensaísta sergipano. Pioneiro na pesquisa dessas manifestações culturais. Fonte: Plano Setorial
para as Culturas Populares, 2010. Acesso 25 abr. 2014
5
Poeta, romancista, crítico da arte e ensaísta. Um dos maiores intelectuais brasileiros do século XX. Fonte:
Plano Setorial para as Culturas Populares, 2010. Acesso 25 abr. 2014
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Figura 6 - Representação gráfica do processo das movimentações

1947 1958 1975 1985

• A Comissão • O movimento • É fundado o • O ministério da


Nacional foi resultou na Centro Cultura foi
fundada por instalação da Nacional de separado do
Renato de Campanha de Referência Ministério da
Almeida, Defesa do Cultural por Educação
vinculada ao Folclore Aloísio como forma de
Instituto Brasileiro, Magalhães dar melhores
Brasileiro de vinculada ao qua atuava na condições
Educação, então área de para o
Ciência e Ministério da cultura do desenvolvimen
Cultura e a Educação e governo to de políticas
Unesco. Cultura (MEC). (ainda dentro públicas de
do Ministério cultura.
da Educação)

Fonte: Plano Setorial para as Culturas Populares, 2014 Adaptado pela autora, 2014

O MinC, então separado do Ministério da Educação, atualmente é


responsável pelas letras, artes, folclore e outras formas de expressão da cultura
nacional. Dentre essas responsabilidades, há a disposição de programas, ações,
projetos e atividades implementados pelo Ministério da Cultura. Da mesma forma há
instituições vinculadas ao Ministério, dentre elas está a Funarte (Fundação Nacional
e Artes) criada em 1975, com a finalidade de promover, estimular, desenvolver
atividades culturais em todo o Brasil, é o órgão responsável pelo desenvolvimento
das políticas públicas de fomento às artes visuais, à música, ao teatro, à dança e ao
circo. Na época de sua criação.6

(...) as atividades englobavam música (popular e erudita) e artes


plásticas e visuais. Convivia com o Instituto Nacional de Folclore –
INF, Fundação Nacional de Artes Cênicas – Fundacen e a Fundação
do Cinema Brasileiro – FCB, todas ligadas ao Ministério da Educação
e Cultura, posteriormente transformado em Ministério da Cultura.7

Os objetivos principais da Funarte são "o incentivo à produção e à


capacitação de artistas, o desenvolvimento da pesquisa, a preservação da memória
e a formação de público para as artes no Brasil." A Fundação ainda defende que a
música brasileira é muito respeitada e apreciada em outros países. Desta forma,

6
Sobre a Funarte. Disponível em: <http://www.funarte.gov.br/a-funarte/> Acesso em 26 abr. 2014
7
Sobre a Funarte. Disponível em: <http://www.funarte.gov.br/a-funarte/> Acesso em 26 abr. 2014
TERRA DE MÚSICOS

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(...) a Funarte atua no fomento à criação e à produção de obras,


produtos e projetos; no estímulo à circulação e à divulgação de
trabalhos musicais diversificados; e também na qualificação e na
difusão de conhecimentos. Para alcançar seus objetivos, a instituição
põe em prática um conjunto de ações: Apoio a iniciativas de
capacitação e aperfeiçoamento de artistas e técnicos; Apoio à
produção e à difusão de CDs prensados ou virtuais, através de
editais públicos; Estímulo à circulação de artistas e técnicos no
território nacional, por meio de editais públicos; Apoio a festivais e
mostras de música; Manutenção de equipamentos para
apresentações musicais; Articulação do setor em rede e promoção
de debates acerca das políticas públicas para o campo da música;
Disponibilização ao público de um vasto acervo de gravações,
partituras, depoimentos, textos e entrevistas; Edição de livros sob o
selo “Edições Funarte”.8

Podemos concluir então que cultura é a manifestação das diversas práticas


sociais de uma sociedade que dividem-se em organizações de acordo com seus
costumes e comportamentos, formando assim as diversificações culturais que são
encontradas atualmente. Neste âmbito a música, incentivada pela Funarte, tem
papel importante por ser um grande instrumento de divulgação cultural, tanto nas
letras com os assuntos variados, quanto nos diversos ritmos que podem ser
encontrados9.

3.1.2. MÚSICA COMO EXPRESSÃO CULTURAL

Podemos entender como expressão cultural a maneira em que grupos de


pessoas expõem suas práticas culturais dentro dos seus grupos ou para grupos de
diferentes práticas. A música, por sua vez, se fez presente nas manifestações
sociais do ser humano desde os tempos mais remotos.

8
Funarte: Música Popular. Disponível em: < http://www.funarte.gov.br/musica-popular/> Acesso 28 abr. 2014
9
Música como expressão artística. Disponível em: < http://professorfabioartes.blogspot.com.br/2011/10/musica-
como-expressao-artistica.html> Acesso 28 abr. 2014
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De acordo com Schaeffner,1958 (apud Scherer, 2010) o homem primitivo se


comunicava através de gestos e sons rítmicos antes mesmo da descoberta do fogo,
daí deu-se o desenvolvimento da música, resultado de longas vivências sociais.

A música, assim como o artesanato, a pintura, a capoeira, entre outros, é uma


forma de manifestação cultural e segundo Loureiro (2009) a cultura é parte essencial
no processo de transformação social.

No Brasil, a música tem grande importância na expressão das origens


históricas do seu povo. Ao lado da literatura, essa manifestação cultural coloca-se
como requisito fundamental para o entendimento das transformações do país.

De fato a história do Brasil é melhor compreendida quando analisada em


junção com a música, por meio da capoeira e das danças indígenas por exemplo,
que relatam a influencia do negro e do índio na formação do país e pelas canções
tradicionais trazidas pela participação dos estrangeiros na cultura local com a
influência germânica no sul e italiana no sudeste do país.

Além de narrar a evolução histórica do Brasil, a música também serviu (e


serve) como críticas ao sistema político e acompanhou as reivindicações políticas do
povo. Na época da ditadura militar, por exemplo, a música foi importante arma de
protesto popular contra a opressão.

O golpe militar de 1964 instaurou no Brasil uma forte censura,


praticada através dos Atos Institucionais (AI’s) criados para aumentar
a repressão do Estado sobre a população ou qualquer manifestação
que fosse contrária ao governo imposto no país. Não demorou para a
música – enquanto manifestação artístico-cultural de forte teor
político – estar entre os principais alvos da censura. Mas nem isso
calava a voz dos artistas.10

A música ainda é destaca no Brasil como um espelho que reflete os valores,


preferências e pensamentos do povo. Através dos mais variados ritmos e categorias
a música faz a separação de grupos e organizações, cada um com suas primazias.

10
Músicas de protesto à Ditadura Militar. Disponível em: <http://www.historiadigital.org/musicas/10-musicas-de-
protesto-a-ditadura-militar/> Acesso 30 abr. 2014
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 23

Entre nós, brasileiros, a canção ocupa um lugar muito especial na


produção cultural. Em seus diversos matizes, ela tem sido
termômetro, caleidoscópio e espelho não só das mudanças sociais,
mas sobretudo das nossas sociabilidades e sensibilidades coletivas
mais profundas (NAPOLITANO, 2002).

Ainda deve-se destacar a importância da música na cultura popular brasileira,


pois sendo ela uma manifestação cultural traz consigo as práticas e costumes do
povo e através dessa manifestação a cultura brasileira pode ser espalhada pelo
Brasil e pelo mundo.

Através dos ritmos, a música brasileira leva a cultura de cada região para as
mais diversas regiões, como exemplo o nordeste que é reconhecido pelo forró, e o
samba que marca o Rio de Janeiro. Além do Brasil, os ritmos podem fazer referencia
a outros países e cidades como o reggae que nos faz lembrar da Jamaica. Desta
forma através da música as culturas podem ser divulgadas e expressadas.

Como forma de manifestação de cultura e sendo uma expressão artística a


música se faz cultura enquanto pode reunir pessoas com práticas ou interesses
musicais, essas reuniões geram a importância de um equipamento cultural que
comporte tais atividades, para isso podemos nos remeter ao Centro Cultural, que
surgiu a partir que encontros e discussões.

3.2. CENTRO CULTURAL

Os centros culturais, segundo Milanesi11 (apud RAMOS, 2007), tiveram


origem na Antiguidade Clássica a partir da Biblioteca de Alexandria, que segundo
Silva (1995), constituía um complexo cultural formado por palácios reais que
agregavam diversos tipos de documentos com o objetivo de preservar o saber
existente na Grécia Antiga nos campos de religião, mitologia, astronomia, filosofia,
medicina, zoologia, geografia, e etc., onde eram discutidas as questões sobre
cultura.

11
Bibliotecário, escritor e professor universitário brasileiro. Disponível em: <http://buscatextual.cnpq.br> Acesso
19 mar. 2014
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 24

Sendo a biblioteca mais importante da Grécia Antiga, a Biblioteca de


Alexandria ou "museion" foi fundada aproximadamente no século III AC em cerca de
252 AC (COELHO, 2011). Foi construída e financiada pelos Ptolomeus que eram
reis gregos herdeiros da parte egípcia do império de Alexandre o Grande. A
biblioteca foi repositório de grandes cópias de escritos importantes para a época, os
textos eram uma espécie de patrimônio cultural, e os Ptolomeus davam mais valor
aos manuscritos do que ao ouro ou à prata (SARGAN, 1980).

Após sua construção, a biblioteca recebeu documentos de todo o mundo e


assim passou a ser conhecida, chegando a ter necessidade da construção de um
segundo prédio. Ao analisarem que a biblioteca poderia ser mais do que um local
para armazenamento, os reis começaram a fornecer alimentação, moradia e até
dinheiro para os intelectuais lá estudarem12.

Alexandria era a maior cidade que o mundo ocidental já conhecera.


Pessoas de todas as nações iam até lá para viver, fazer comércio,
estudar; todos os dias chegavam aos seus portos mercadores,
professores e alunos, turistas. Era uma cidade em que os gregos,
egípcios, árabes, sírios, hebreus, persas, núbios, fenícios, italianos,
gauleses e iberos trocavam mercadorias e ideias (SARGAN, 1980).

É bem provável que houvessem discussões sobre cultura na Biblioteca de


Alexandria, por ser um espaço feito para armazenar as ideias registradas na época.
Do mesmo modo atualmente o homem ainda reserva áreas para a troca de ideias.
Esse conjunto de formas: área de armazenamento e discussão caracteriza a
Biblioteca como o mais nítido e antigo centro de Cultura (MILANESE, 1997 apud
RAMOS, 2007).

A junção das várias etnias traziam consigo as mais variadas culturas de cada
país, desde movimentos religiosos à pensamentos filosóficos. O ponto de encontro
que era ali gerado provocava um grande debate e discussões sobre os temas mais
variados da época, desta forma a biblioteca tornava-se um espaço onde as tradições
culturais eram preservadas e defendidas por cada estudioso, e essa troca de

12
A história da Biblioteca de Alexandria. Disponível em:
http://www.uece.br/eventos/semanafeclesc2/anais/resumos/3081.html Acesso 19 mar. 2014
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 25

informações tanto verbal como de forma escrita, através dos documentos,


caracterizava a Biblioteca de Alexandria como um centro cultural.

Por séculos, a biblioteca foi referência intelectual mundial, porém resistiu à


vários ataques no período do Império Romano em 48 d.C. por Julio Cezar, por
fanáticos do movimento do cristianismo no século V d.C. e outros grandes ataques,
bem como a queimação dos livros, que marcaram o fim da entidade.

Após a tragédia ocasionada na Biblioteca de Alexandria, as bibliotecas


entraram cada vez mais em declínio, e a medida que os anos se passavam eram
esquecidas ao ponto de em Alexandria não apresentar mais grandes bibliotecas13.

As bibliotecas ficaram em decadência por um longo tempo. Desde o início


eram frequentadas apenas por filósofos, religiosos e estudiosos da época, mas o
fato de ser um local que armazenara documentos de variados tipos e cultura,
gerando discussões e troca de informações, fez com que ao longo dos anos a
biblioteca passasse por uma evolução de um acervo para um local também de
encontros. "Essa evolução das bibliotecas para centros culturais teve início na
década de 50, na França, por meio das industrias e empresas que criaram os
centros como uma opção de lazer para os operários franceses" (RAMOS, 2007,
p.79).

Segundo Ramos (2007) no início da revolução industrial14, a atividade


produtiva já não era manual e artesanal, e a matéria prima já não era produzida nas
casas dos próprios artesãos. Com a revolução industrial os trabalhadores que se
tornaram operadores, passaram a controlar o maquinário que pertencia aos patrões,
dessa forma não tinham mais acesso à matéria prima e o lucro seria para os donos.

A produção em grande escala fez com que os operários vivessem em


péssimas condições comparando às condições dos trabalhadores do século
seguinte. Morando em cortiços (Figura 7) os operários ficavam submetidos ao
trabalho em todo o tempo, chegando a trabalharem até a 80 horas semanais.

13
Biblioteca de Alexandria. Disponível em: <http://caosnosistema.com/biblioteca-de-alexandria/>
Acesso 19 mar. 2014
14
Iniciada na Inglaterra por volta do século XVIII e espalhada pelo mundo a partir do século XIX.
Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/revolucao-industrial/27484/>
Acesso 19 mar. 2014
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 26

Figura 7 - Exemplar dos Cortiços (moradia dos operários)

Fonte: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/ Fonte: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/


Acesso em 27 mar. 2014 Acesso em 27 mar. 2014

Segundo Dumazedier (apud RAMOS, 2007) o lazer é uma reivindicação


característica da sociedade industrial; pois, é através dele que os cidadãos
consomem bens e serviços culturais.

A valorização do lazer por parte das indústrias e empresas francesas


gerou novas relações de trabalho e a preocupação de se criar áreas
de convivência, quadras esportivas, centros sociais. Assim, e os
assistentes sociais das empresas começaram a serem formados
para atuar como 'animadores culturais' em centros ou casas de
cultura e todo um movimento de crescimento cultural começou a
acontecer, gerando a necessidade de estabelecimento de políticas
públicas por parte dos municípios (RAMOS, 2007, p.79).

A partir daí iniciou-se um movimento cultural, as ideias da valorização do lazer


e do consumo dos bens culturais chegaram às bibliotecas e aos centros dramáticos,
fazendo com que se transformassem em casas de cultura. Esse movimento atingiu
diretamente na criação do Centre National d'Art et de Culture Georges-Pompidou.

Na segunda metade do século XX os centros culturais começaram a ser


reconhecidos pela população. Dentre os países pioneiros está a França, com a
construção do Centre National d'Art et Culture Georges Pompidou que inaugurado
em 1977, serviu de modelo para o resto do mundo e incentivou a criação de espaços
culturais. Assim os países de primeiro mundo lançaram a proposta e outros países
copiaram a ideia e adotaram os centros culturais, dentre eles está o Brasil (RAMOS,
2007, p.75).
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 27

O Beaubourg (Figura 8), como também é conhecido, gerou um impacto


relacionado à inúmeras novidades agregadas ao espaço, segundo autores. De
acordo com Silva (1995), a arquitetura foi a primeira inovação que diferencio-se
totalmente do seu entorno (Figura 9), fazendo com o que a edificação seja destaque
entre as demais. Outra novidade referiu-se à diferenciação das atividades que eram
realizadas no interior. Segundo MILANESI (1997), no interior da edificação "tudo é
informação e toda informação é mutante: livros, discos, vídeo, telas, esculturas,
objetos, a paisagem externa, formam um todo complexo e inter-relacionado"
(MILANESI, 1997, p. 17).
Figura 9 - Relação do Centro Georges
Figura 8 - Centro Georges Pompidou Pompidou com o entorno

Fonte:http://turismo.culturamix.com/cultural/ Fonte: http://www.yannarthusbertrand2.org/


centro-georges-pompidou. Acesso: 27/03/2014 Acesso: 27/03/2014

Para Baudrillard15 a edificação é uma monumentalidade transformada em um


espaço articulado sob a ideologia da visibilidade "uma máquina destinada a produzir
cultura, mas que produz massa, de maneira que a massa, em vez de absorver a
cultura, absorve a máquina".16
Apesar do impacto causado, críticas sofridas, espantos e comemorações, o
Beaubourg de fato foi referência e estímulo para a criação dos centros culturais em
outros países, inclusive para Brasil que aderiu ao modelo recentemente, porém
obteve uma grande expansão nas cidades do país através das diversidades culturais
que há nele.

15
Considerado um dos principais teóricos da pós-modernidade. Disponível em: http://educacao.uol.com.br/
biografias/jean-baudrillard.jhtm Acesso 19 mar. 2014
16
Tradução de RAMOS, 2007
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 28

3.2.2. CENTROS CULTURAIS NO BRASIL

No Brasil, os centros culturais surgiram na década de 80 na cidade de São


Paulo. Os primeiros centros, financiados pelo estado, foram o Centro Cultural do
Jabaquara (Figura 10) e o Centro Cultural São Paulo (Figura 11), a partir desses
pioneiros os centros culturais se proliferaram no país.

Figura 10 - Centro Cultural Jabaquara após restauração

Fonte: http://shieh.com.br/CENTRO-CULTURAL-JABAQUARA
Acesso: 27/03/2014

Figura 11 - Centro Cultural São Paulo

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:CCSP_1.JPG
Acesso 27/03/2014

Apesar de surgirem na década de 80 foi na década de 90 que os centros


culturais obtiveram um crescimento significante. Regidos pelo programa político, o
crescimento de tais equipamentos é totalmente dependente de incentivos fiscais.
Desde então, os centros culturais se espalham pelo Brasil, mas nem sempre com
arquitetura inovadora ou contemporânea.

Segundo NEVES (2012) os centros culturais do Brasil, diante da diversidade


da produção, possibilitam identificar quatro formas: a grande construção; a
restauração; o remendo; e a mistura grossa.
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 29

A grande construção é aplicada no investimento político por exigir grandes


investimentos, sendo uma arquitetura quem merece destaque, em grande escala e
com serviços modernos.

A restauração está relacionada com a intervenção nas construções antigas,


históricas. Tendo o edifício um valor histórico, sendo tombado ou preservado, os
arquitetos não interferem na edificação, a não ser em pequenas mudanças em
alguns casos, mas utilizam da criatividade para dar novos usos preservando as
origens.

O remendo refere-se a implantação de um centro cultural em qualquer


espaço, fazendo necessário só a disponibilização do imóvel que será reformado em
um espaço com o uso proposto.

A mistura grossa, por fim, refere-se à ausência de recursos para a falta de


espaços para as atividades culturais. Desta forma são implantados em edifícios
quaisquer que foram destinados para outros tipos de atividades. No entanto, os
projetos são realizados, os edifícios são construídos, reformados ou restaurados,
para abrigar os Centros Culturais (NEVES, 2012).

Estas quatro formas possibilitam a realização das atividades culturais, a partir


disto autores brasileiros discutiram o tema centros culturais de acordo com estas
atividades culturais que podem ser exercidas nos mesmo. Os principais autores que
discutiram o tema no Brasil, segundo Ramos (2007) foram: Teixeira Coelho, Luis
Milanesi e a pesquisadora Maria Celina Soares de Mello e Silva.

Milanesi (1991) diz que o centro cultural é um local que deve beneficiar a
criação das obras de arte, a evolução do patrimônio cultural, promover a informação
para o público, gerando assim uma formação cultural tanto do usuário do espaço
como do artista.

Para Silva (1997) um centro cultural sempre refletirá a cultura de sua


sociedade ou grupo social e realizará suas atividades em harmonia com esta
sociedade ou grupo. O centro cultural pode surgir como um serviço ou espetáculo
fruto de uma ação das possíveis relações da cultura com a arte, educação e lazer.
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 30

De acordo com Coelho (1997), os centros culturais devem ser espaços


públicos com acervo e equipamentos como cinemas e bibliotecas, sendo esses
permanentes, oferecendo aos usuários alternativas variadas de atividade. Ele define
que quando um espaço com essa formatação física está nas mãos da iniciativa
privada, este deve ser diferenciado dos centros culturais sendo denominado de
espaço cultural.

Teixeira Coelho (1997) (apud Ramos, 2007), relata o momento histórico que
deu origem aos centros culturais, utilizando o termo "ação cultural" que segundo o
autor os primeiros centros de cultura ingleses foram criados no século XIX e estes
espaços, chamados de centros de arte assumiram a prática da ação sócio-cultural.

Conjunto de procedimentos envolvendo recursos humanos e


materiais, que visa pôr em prática os objetivos de uma determinada
política cultural. Para efetivar-se, a ação cultural conta com agentes
culturais previamente preparados e leva em conta públicos
determinados, procurando fazer uma ponte entre esse público e uma
obra de cultura ou arte. (...) Sob um ângulo específico, define-se a
ação cultural como o processo de criação ou organização das
condições necessárias para que as pessoas e grupos inventem seus
próprios fins no universo da cultura”. (COELHO, 1997, p. 32-33 apud
RAMOS, 2007, p. 78)

O autor no século XX, identifica três momentos da ação cultural. O primeiro foi
nomeado patrimonialista, neste momento fez menção ao patrimônio cultural, onde o
objetivo era a preservação da obra de arte. Este tipo de ação cultural está remetido
diretamente a instituição museológica, onde a ênfase é dada a obra de arte.

Foi o tempo do museu, por exemplo. O tempo em que se


armazenavam obras, com o propósito dominante de preservá-Ias e,
assim, preservar os "bens culturais da humanidade" (...) Para este, o
que existe e tem valor é um bem, e a função do bem é integrar-se a
um patrimônio, formar um patrimônio. E o patrimônio é para ser
preservado, retirado de circulação. (COELHO, 1989, p. 35 e 36)

O segundo momento, ainda no século XIX, a partir da Segunda Guerra


Mundial a ação cultural é compreendida com mais domínio, onde o foco passa a não
está só na obra de arte mas também no usuário.
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 31

A atenção se desvia da obra para o homem, entendido como fazendo


parte de um grupo ou de uma comunidade. A visão patrimonialista da
cultura se enfraquece um pouco e abre espaço para o que se
convencionou chamar de abordagem social da questão cultural.
(COELHO, 1989, p. 38)

Identificado por Coelho, o terceiro momento inicia-se no fim da década de 60,


quando a partir daí as ações culturais preocupam-se com o indivíduo e sua
subjetividade, ou seja, o indivíduo como instrumento de criação individual.

Procuram abrir zonas de desenvolvimento para o indivíduo e sua


subjetividade. Esses espaços querem apresentar-se como local de
cultivo e desenvolvimento de um indivíduo que se reconhece e se
afirma enquanto tal, capaz de dispensar as muletas da massa
informe mas também do partido político aglutinante. (COELHO, 1989,
p. 38 e 39)

Ao analisar os três momentos é possível destacar duas fases da ação


cultural: a primeira focando a obra de arte e valorizando os produtos culturais de
modo geral, e a segunda valorizando o indivíduo e o seu instrumento de criação.

Podemos perceber então que o centro cultural passara a ser um objeto de


imensa importância para a valorização da cultura e do indivíduo que nela atua e ao
longo dos anos vem se expandindo e sendo um equipamento que abriga as mais
diversas culturas existentes. Essa expansão e diversificação trazem benefícios para
o local onde estão inseridas, podendo resultar, segundo DINIZ; FARIA (2012) em
fatores de geração de empregos, infraestrutura de serviços, estimulando a arte e
cultura e consequentemente ajudando na identidade do local.

3.3. O CENTRO COMO CATALISADOR DA VIDA URBANA

Ao pensarmos nas atividades culturais exercidas nos equipamentos como os


centros de cultura, remetemos-nos às questões dos impactos que poderão ser
causados nos locais onde estão inseridos. Entre esses impactos podemos destacar
às questões econômicas, sociais e de infraestrutura.
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 32

Nas ultimas décadas, mais precisamente a partir dos anos de 1980, diversas
cidades investiram no setor cultural visando o setor econômico, a necessidade de
ressignificação dos espaços e dinâmicas, e à mobilidade turística.
"Consequentemente os espaços de entorno destes sempre representaram
importante papel coadjuvante no uso e na consolidação da imagem das cidades"
(YUNES, 2010 p. 02).

Dentro das questões econômicas destaca-se à renda e o emprego gerado


pelas atividades culturais como um todo, desde a produção até a distribuição e
divulgação quando se trata de produtos. Da mesma forma a cultura imaterial, como
por exemplo a música, está diretamente relacionada à esta renda, tendo em vista
que estas atividades poderão gerar renda para a cidade através dos transportes, do
setor de hotelaria, de alimentação e várias outras atividades relacionadas com o
turismo cultural. (DINIZ; FARIA, 2012)

Cabe ponderar também os efeitos relativos à diversificação das


economias locais: as atividades artísticas, ao contribuírem para a
base econômica da região, podem aumentar suas exportações,
permitindo aos produtores reverter seus ganhos localmente. Podem,
ainda, substituir importações, fazendo com que parte da renda, antes
gasta fora da região passe a ser despendida dentro dela, gerando
efeitos multiplicadores internos à região (MARKUSEN; SCHROCK,
2006 apud DINIZ; FARIA, 2012).

Os equipamentos culturais, geralmente, são concentradas nos grandes


centros urbanos devido as potencialidades do mercado desta localidade e a
concentração de pessoas de diferentes grupos e atividades culturais e artísticas.

Segundo Yunes (2010), edifícios como os centros culturais estão


concentrados nos centros urbanos por estes serem também centros históricos, desta
forma os equipamentos culturais "potencializam identidades e viabilizam espaços de
integração social e divulgação do conhecimento" (YUNES, 2010 p. 04).

De acordo com Diniz, Faria (2012) através das atividades culturais a região
obtém a capacidade de atrair mão de obra, firmas e investimentos, tendo em vista
que os trabalhadores são atraídos para tal região devido às "amenidades culturais",
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 33

e as firmas são atraídas pela facilidade de encontrar trabalhadores criativos. Além


disso, essa região pode atrair outros investimentos como transportes, por exemplo.

Em termos gerais, a revitalização de regiões por meio de incentivo à


atividade artístico-cultural pode render-lhes um maior dinamismo,
uma vez que essa atividade pode melhorar a imagem da localidade,
tornando-a um destino da migração de capital e do estabelecimento
de novos negócios (PERLOFF, 1979; THROSBY, 2001 apud DINIZ;
FARIA, 2012).

A presença de um edifício de caráter cultural pode gerar para a região uma


movimentação turística, que dentro dos impactos causados resultará também na
movimentação econômica da região onde estão concentrados os equipamentos
culturais. O Turismo Cultural vem crescendo ao longo dos anos, principalmente no
Brasil que dispõe de uma vasta cultura.

Segundo o Ministério do Turismo (2006) entende-se por Turismo cultural as


atividades turísticas que estão relacionadas à vivência do conjunto de subsídios
significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, onde os bens
materiais e imateriais da cultura são valorizados.17

O Turismo Cultural nos remete a experiência entre o visitante com o


patrimônio cultural e histórico, esta experiência favorece e contribui para a
preservação do patrimônio, a partir do reconhecimento da cultura na movimentação
turística.

Essa movimentação turística resulta não só no reconhecimento mundial, mas


também em vantagens sociais, financeiras e ambientais. Segundo o Ministério de
Turismo, 2010ᵃ os estudos realizados em âmbito internacional concluíram que as
viagens em que a cultura é a motivação principal estão em total crescimento. No
Brasil, os Estudos de Demanda Turística Internacional apontaram que em 2008,
cerca de 16,9% dos entrevistados tiveram como principal motivação das viagens a
lazer realizadas no país, a cultura brasileira (Ministério do Turismo, 2010ᵇ).

O destino turístico cada vez mais está relacionado ao resgate do valor cultural
e histórico do destino. Em outra pesquisa realizada pelo Ministério de Turismo, 2009
17
Turismo Cultural. Disponível em:<http://www.turismo.gov.br/turismo/programas_acoes/
regionalizacao_turismo/estruturacao_ segmentos/turismo_cultural.html> Acesso 15 abr. 2014
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 34

(Figura 12) pode-se perceber que, embora esteja associado em primeiro lugar ao
descanso e tranquilidade, o turismo cultural aparece em terceiro lugar, desta forma
podemos observar que há uma valorização e reconhecimento do patrimônio cultural.

Figura 12 - Associações quando se escuta falar sobreTurismo

Fonte: BRASIL, Ministério do Turismo. Turismo Cultural: Orientações Básicas. Brasília: Ministério do Turismo,
2010. / Acesso 15 abr. 2014

Da mesma forma analisadas as atividades realizadas pelos turistas durante


as viagens (Figura 13), assim, foi observado que essas atividades relacionam-se
diretamente com turismo cultural, onde as atividades culturais estão na quarta
posição, entretanto as atividades que aparecem nas primeiras posições estão
também relacionadas ao âmbito cultural.
TERRA DE MÚSICOS

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Figura 13 - Atividades realizadas durante a viagem

Fonte: BRASIL, Ministério do Turismo. Turismo Cultural: Orientações Básicas. Brasília: Ministério do Turismo,
2010. Acesso 15 abr. 2014

Dentro de uma análise geral, a pesquisas apontaram que a cultura local é um


dos principais aspectos que contribuem para o turismo fazendo com que, de um
modo geral, como mostra a Figura 14, o turista aponte a cultura local como um dos
aspectos positivos da viagem, tornando o turismo cultural indispensável nas viagens.

Figura 14 - Principais aspectos positivos da viagem realizada

Fonte: BRASIL, Ministério do Turismo. Turismo Cultural: Orientações Básicas. Brasília: Ministério do Turismo,
2010. / Acesso 15 abr. 2014
TERRA DE MÚSICOS

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Os resultados dessa pesquisa apontaram que a maioria dos entrevistados


tem a intenção de voltar e indicariam os destinos para outras pessoas. Desta forma
torna-se indispensável a qualidade das prestações de serviços turísticos no país.

A arquitetura, neste âmbito, traça um elo com a cadeia produtiva do turismo,


uma vez que as soluções arquitetônicas, das mais simples às mais ousadas,
conseguem transformar um equipamento em um atrativo turístico.

Os espaços culturais, os museus e os produtos de cultura podem ser


excelentes atrativos do Turismo Cultural, com imensa capacidade
para a motivação de públicos em diferentes mercados geográficos.
Existem inúmeras referências de sucesso no Brasil e no mundo,
como as experiências de Bilbao, São Paulo, Petrópolis, entre outras.
A combinação de linguagens acessíveis, com propostas lúdicas e de
entretenimento, bem como atividades complementares para garantir
o conforto do visitante, excelência na estrutura e nos serviços,
mostram que a integração de cultura e turismo pode render ótimos
frutos para os dois setores (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010ᵇ)

A implantação dos equipamentos culturais com potenciais turísticos então


relacionam-se com o desenvolvimento das cidades onde são implantados no sentido
econômico, social e ambiental. Como podemos observar, a cultura popular trás
consigo uma movimentação no território onde está estabelecida, da mesma forma
gera o Turismo Cultural, trazendo reconhecimento para a cidade e incentivo a
preservação do patrimônio cultural.

Concluindo este raciocínio podemos citar o exemplo do Centro Dragão do Mar


de Arte e Cultura (CDMAC) instalado em Fortaleza, Ceará no bairro da Praia de
Iracema, uma antiga zona portuária caracterizada pelo uso de predominância
comercial nos conjuntos arquitetônicos formados por sobrados, que encontrava-se
abandonada antes da construção do centro cultural (CARNEIRO; FALCÃO, 2007).

O bairro da Praia de Iracema passou por fortes intervenções que tinham como
objetivo a busca de melhorias na infra-estrutura e nos equipamentos afim de receber
os turistas da melhor forma. A partir daí decidiu-se a construção do Centro Dragão
do Mar de Arte e Cultura, resultando na consolidação de uma nova Praia de
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 37

Iracema, onde a implantação de tal equipamento promoveu a recuperação do bairro


(FONTENELE, 2003).

O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura é uma infra-estrutura


completa para o exercício do lazer e da arte, objetivando
democratizar o acesso à cultura, gerar novos empregos e
movimentar o mercado turístico cearense.
São 30 mil metros quadrados de área para vivenciar a arte e a
cultura, com atrações como o Memorial da Cultura Cearense, o
Museu de Arte Contemporânea, o Teatro Dragão do Mar, as salas de
cinema do Espaço Unibanco Dragão do Mar, o anfiteatro Sérgio
Mota, um Auditório e o Planetário.18

Desde então o Centro Dragão do Mar é um equipamento que interfere na


organização do seu entorno, visto que o bairro da Praia de Iracema passou por
várias intervenções. Antes da instalação do centro o bairro era um local mal
frequentado e abandonado até mesmo pelo poder público, após a instalação tornou-
se um local bem frequentado atraindo turistas, tanto moradores da área quanto os
que visitam a cidade de Fortaleza (CARNEIRO; FALCÃO, 2007).

O Centro Dragão do Mar resultou na transformação da dinâmica sócio-


espacial do seu entorno (Praia de Iracema) tornando-se um dos principais atrativos
culturais e turísticos da cidade, o que levou-o a ser um catalisador daquela área,
visto que atraiu o comercio para os arredores, pela demanda de turistas, e revitalizou
uma área que necessitava de tal ação.

18
Sobre o Dragão do Mar. Disponível em: <http://www.dragaodomar.org.br/planetario/institucional.php
TERRA DE MÚSICOS

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4. ESTUDOS DE CASO

Os estudos de caso tem como objetivo principal a análise das melhores


soluções arquitetônicas, dentro delas estão as soluções plásticas, as soluções
espaciais, os fluxos, entre outros. Para esta análise faz-se necessário o estudo
criterioso de edificações existentes, esse conjunto de informações auxiliará no
desenvolvimento da proposta projetual.

Para isso foram escolhidos três estudos de caso dentro da temática Centro
Cultural de Música, onde cada um segue uma temática alusiva ao tema. Os estudos
foram escolhidos pela influencia que desempenham em cada região onde estão
inseridos e pela proposta que cada um apresenta.

O primeiro estudo segue a temática de centro cultural como catalisador da


vida urbana, reforçando as questões analisadas no ultimo capítulo do referencial
teórico, sendo localizado em Ranica, Itália. O segundo estudo, localizado no Rio de
Janeiro está direcionado para a temática da música, que é sua característica
principal destacada pelo vasto programa e atividades relacionadas ao tema. O
terceiro estudo faz uma junção dos dois estudos analisados, resultando num centro
cultural com a temática voltada para a música, o mesmo está localizado em Recife,
Pernambuco.

Para o desenvolvimento da análise foi elaborada uma sequencia de raciocínio


iniciada pelas informações gerais do projeto, onde serão informados o escritório ou
arquiteto responsável, a localização, o ano que iniciou e o ano de conclusão. Logo
após será abordada a relação do edifício com o entorno onde será analisado o
entorno, a implantação e os acessos. Na sequência o estudo da configuração formal
onde serão analisados o volume e as fachadas visando a composição, se
equilibrada, harmoniosa, simétrica ou assimétrica, simples ou complexa, com cheios
e vazios e etc. Posteriormente serão descritos e analisados os materiais construtivos
quanto ao efeito estético e textura. Por fim a análise das plantas, inicialmente
observando sua forma, se em blocos separados ou bloco único, em forma linear ou
central e etc. Após, a descrição dos ambientes observando o programa, a
distribuição dos mesmos, os acessos, e os fluxos. Ao final de cada estudo foi
elaborada uma análise conclusiva e na conclusão do capítulo uma análise
comparativa e os pontos positivos e negativos dos mesmos.
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 39

4.1. Estudo 01 - Centro Cultural Roberto Gritti, Ranica, Itália

O Centro Cultural Roberto Gritti foi resultado de um concurso público


realizado na Itália em 2005, onde o vencedor foi o escritório DAP Studio - Elena
Sacco, Paolo Danelli e Paola Giaconia. Foi inaugurado em 21 de fevereiro de 2010
na cidade medieval de Ranica (Figura 15).19

Figura 15 - Fachada Sul do Centro Cultural Roberto Gritti

Fonte: <http://concursosdeprojeto.org/2011/08/05/centro-cultural-em-ranica/>
Acesso 18 abr. 2014

 RELAÇÃO COM O ENTORNO

A edificação está localizada na pequena cidade de Ranica perto de Bergamo,


no norte da Itália num lote com aproximadamente 2.000m². Foi pensado para ser um
catalisador da vida urbana, pois segundo os arquitetos responsáveis o centro não é
só um laboratório para educação e informação, mas também se torna uma "praça"
onde as pessoas podem se encontrar.

O Centro é pensado para ser um catalisador da vida urbana: primeiro


laboratório de formação e informação, o outro novo lugar para
conhecer, comunicar, consolidar os cidadãos um sentimento de
pertença ao seu território.20

19
Centro Cultural Roberto Gritti. Disponível em: <http://europaconcorsi.com/projects/136018-dapstudio-elena-
sacco-paolo-danelli-Paola-Giaconia-CENTRO-CULTURALE-ROBERTO-GRITTI-RANICA-BG-> Acesso 18 abr.
2014
20
Centro Cultural Roberto Gritti. Disponível em: <http://europaconcorsi.com/projects/136018-dapstudio-elena-
sacco-paolo-danelli-Paola-Giaconia-CENTRO-CULTURALE-ROBERTO-GRITTI-RANICA-BG-> Acesso 18 abr.
2014
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 40

O edifício está localizado entre o centro da cidade e a área de crescimento


urbano, onde no futuro tornar-se-á um importante centro, desta se comporta como
um limiar entre o nível da cidade e da escala que circunda o território.

O objetivo deste projeto é iniciar um diálogo entre o novo edifício , o


centro da cidade e o sistema de infraestrutura. Se os lugares são
historicamente definidos por fronteiras visuais e físicas dos edifícios
que o cercam, neste projeto, tentamos abrir o prédio para a vida da
cidade acolhendo os pedestres em seu núcleo, sob o grande volume
de saliência. O grande bloco é perfurado por uma série de aberturas
ao longo de seu perímetro, ao lado da principal entrada e no meio,
onde dois grandes pátios carregam a luz natural e ar fresco.
GIACONA, Paola apud CIDONCHA, Sergio (2013)21

A proposta de integração entre a edificação com o entorno da cidade nos


mostra claramente a ideia de ser um catalisador da vida urbana, onde as edificações
envolveram o centro remetendo-o a ideia inicial de "praça" ou de ponto de encontro,
desta forma além de ser acolhido pelas edificações, cumpre a função de acolher a
sociedade (Figura 16).

Figura 16 - Implantação do Centro Cultural de Ranica

Fonte: <http://www.plataformaarquitectura.cl/2011/06/15/centro-cultural-en-ranica-dap-studio-paola-giaconia/>
Acesso 18 abr. 2014

21
Nuevo Centro Cultural en Ranica. Disponível em: <http://www.metalocus.es/content/es/blog/nuevo-centro-
cultural-en-ranica-bergamo/> Acesso em 18 abr. 2014
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 41

O conjunto arquitetônico do Centro Cultural Roberto Gritti, através de sua


proposta, se tornou destaque no entorno onde está inserido. A edificação trouxe
uma proposta contemporânea para o centro de uma cidade medieval, onde
encontram-se as edificações tradicionais da cidade. (Figura 17)

Figura 17 - Casas do entorno do Centro Cultural Roberto Gritti

Fonte: Google Earth. Adaptado pela autora, 2014

Essa interferência no centro urbano obteve êxito devido a idealização que a


edificação proporcionou, pois o "aberto ao público" cumpriu o seu papel de juntar-se
ao entorno como uma praça. Esse êxito foi proporcionado pela arquitetura, onde
através de materiais, zoneamentos, organofluxograma o resultado final atendeu às
expectativas.

 OLHANDO PARA FORA - CONFIGURAÇÃO FORMAL

O volume, apesar de ser composto por dois pavimentos com formas lineares
e circulação interna central, não possui uma composição simétrica nem harmoniosa
devido ao uso de materiais, formulação dos ambientes e da própria proposta de um
pavimento "flutuante".

O térreo compõe-se, em planta linear, com o jogo de cheios e vazios


formados pelos acessos e circulações livres, que são diferenciados pelo uso dos
materiais que variam nas transparências (vidro) e no tom branco e amadeirado das
paredes. Por ter planta assimétrica as esquadrias também são dispostas sem uma
composição harmoniosa. O pavimento superior, igualmente em planta linear, é
diferenciado volumetricamente, pelas extensas placas que envolvem-no, sendo
totalmente distinto do térreo, tanto pelo próprio material e forma, quanto pelas cores
que variam em tons em transparência lilás, o que proporciona a sensação de leveza
(Figura 18).
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Figura 18 - Volumetria do Centro Cultural Roberto Gritti

Fonte: Google Earth. Adaptado pela autora, 2014

A junção dos dois blocos volumetricamente distintos resultou numa


composição complexa, onde há distinção marcante entre forma e materiais.
Entretanto proporcionou a sensação que os arquitetos queriam alcançar, onde o
pavimento superior torna-se leve em cima do térreo, que nos trás a sensação de um
bloco pesado.

As quatro fachadas do Centro Cultural são destacadas pelas tipologias dos


materiais que foram utilizados, sendo eles distintos entre os dois pavimentos. No
térreo é possível observar que há uma mistura de materiais onde o vidro é o
destaque em algumas fachadas, sendo acompanhado do estuque e paredes de
alvenaria com revestimento branco e amadeirado. O uso destes materiais,
principalmente do vidro, foram intencionais para o conjunto, visto que a proposta dos
arquitetos foi fazer com que o pavimento superior "flutuasse". No pavimento superior
foi adotado o uso do policarbonato revestido com tons violeta que permitem a
visibilidade das silhuetas das pessoas que circulam no interior. (Figura 19)

Figura 19 - Fachadas do Centro Cultural

Fonte: <http://europaconcorsi.com/> Adaptado pela autora. Acesso em 18 abr. 2014


TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 43

A composição final das fachadas, mesmo com a diferenciação dos materiais


resultou numa composição harmoniosa a partir do uso do vidro, o que proporcionou
leveza a fachada como um todo, entretanto, as fachadas que possuem fechamento
de alvenaria no térreo, com o jogo de cheios e vazios, como por exemplo a fachada
leste, não transmitem uma composição harmoniosa, onde prevalece a diferença
entre os materiais utilizados.

 OLHANDO PARA DENTRO

O projeto arquitetônico é disposto em dois pavimentos compostos pela


biblioteca pública, um auditório de pequeno porte, uma creche, uma sala de dança,
uma sala de teatro e diversos espaços para cultura e lazer. Esses ambientes podem
ser divididos em cinco setores: área verde, serviço, social/leitura, ambientes de usos
específicos e de circulação, onde o setor social/leitura abrange toda a área da
biblioteca e dos espaços de estudo e o setor de ambientes específicos tratam das
salas de dança e teatro, do auditório e das salas da creche (Figura 20 e 21).

Figura 20 - Zoneamento Térreo

Fonte: <http://concursosdeprojeto.org/2011/08/05/centro-cultural-em-ranica/> Adaptada pela autora


Acesso 18 abr. 2014

É possível notar que o zoneamento do pavimento térreo foi feito de forma que
os ambientes fossem de fácil acesso e ao mesmo tempo distintos. Essa separação
dos acessos foi feita de forma eficaz, tendo em vista que neste pavimento se
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O S O M D E U M A T E R R A | 44

encontram ambientes com usos específicos. No pavimento superior os setores


também foram separados conforme os usos, sendo separados por pequeno hall
central (Figura 21).

Figura 21 - Zoneamento Pavimento Superior

Fonte: <http://concursosdeprojeto.org/2011/08/05/centro-cultural-em-ranica/> Adaptada pela autora


Acesso 18 abr. 2014

O partido dos arquitetos, seguindo a ideia do centro como catalisador urbano,


foi fazer com que houvesse uma ligação entre o externo e o interno, o entorno e a
edificação, onde as pessoas teriam fácil acesso em quaisquer fachadas.

Os acessos livres são marcados em toda a edificação, ora pelas aberturas,


ora por circulações verticais. A ideia de ser um espaço convidativo e aberto ao
público é enfatizada no térreo da edificação pelas amplas paredes de vidro e por
uma grande abertura central que corta a edificação.

O térreo da edificação é dividido em dois setores que são separados pela


ampla circulação aberta. O setor do sentido sul é composto pela biblioteca, as salas
de estudo, as áreas livres de leitura e lazer e a bateria de banheiros. Este setor
possui acesso tanto pelo corredor quanto pela fachada leste. O setor do sentido
norte se compõe com as salas da creche, uma área de biblioteca e leitura, cozinhas
e banheiros. O acesso à creche é feito pela fachada leste diretamente, entretanto a
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O S O M D E U M A T E R R A | 45

área de biblioteca deste setor possui acesso pela circulação aberta onde há também
uma circulação interna que leva a área das creches.

Dentro da edificação, compondo o volume, há duas quadras cercadas por


vidro e abertas para o céu que proporcionam luz e ventilação natural para o térreo.
Estes volumes possuem solo natural e se integram ao ambiente interno e externo
compondo a ideia de uma edificação aberta e convidativa (Figura 22).

Figura 22 - Planta Baixa Térreo

Fonte: <http://concursosdeprojeto.org/2011/08/05/centro-cultural-em-ranica/> Adaptada pela autora


Acesso 18 abr. 2014

O programa arquitetônico imposto no térreo remete-nos à análise fluxos


(Figura 23). Pela tipologia dos ambientes encontrados é possível notar que o setor
do sentido sul possui em sua maioria um fluxo intenso por ser composto por áreas
sociais, tendo um fluxo médio para as direções das salas reservadas de leitura e
para as direções dos banheiros. O setor do sentido norte, por obter áreas para usos
específicos como as creches e cozinhas, possui um fluxo médio para os ambientes
sociais e fluxo pequeno para os ambientes de serviço.
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Figura 23 - Organofluxograma Térreo

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

O pavimento superior, assim como no térreo é composto por dois setores,


onde no sentido sul são encontradas a biblioteca, os espaços livres de leitura e as
salas reservadas (Figura 24). A circulação interna complementa os ambientes de
leitura sendo utilizada como espaço social. No sentido norte estão os ambientes de
usos específicos como o auditório com 100 assentos e camarins, e as salas de
teatro e dança com seus respectivos vestuários e banheiros.

Figura 24 - Planta Baixa Pavimento Superior

Fonte: <http://concursosdeprojeto.org/2011/08/05/centro-cultural-em-ranica/> Adaptada pela autora


Acesso 18 abr. 2014
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A distribuição dos ambientes sociais foi adequada, assim como os


equipamentos de serviço, porém no pavimento superior só consta a instalação de
um banheiro social e um banheiro acessível para atender a toda a área social do
pavimento, como a área da biblioteca e o auditório, o que não comporta devido ao
fluxo de pessoas que estes ambientes recebem.

Os fluxos deste pavimento são variados, tendo setores de usos distintos entre
si. O setor do sentido possui sul ambientes bem separados por causa dos pés direito
duplo, sendo assim pode-se observar que o maior fluxo se concentra nas áreas
sociais, que são maioria neste setor, sendo composto pelas bibliotecas e os espaços
livres de leitura. O que se diferencia do setor sentido norte, que se compõe com os
ambientes de usos específicos como o auditório e as salas e dança e teatro. Neste
setor o fluxo intenso pode ser encontrado em direção ao auditório, o médio em
direção as salas de dança e teatro e o pequeno em direção aos banheiros (Figura
25).

Figura 25 - Fluxograma Pavimento Superior

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Podemos observar então que houve uma preocupação com acessos, onde
foram separados e voltados para as quatro ruas que envolvem a edificação,
deixando-a mais convidativa. A circulação que corta o edifício deixando-o livre e
acessível a todos reforçou a ideia da praça, pois intencionalmente ou não o pedestre
poderá transitar de uma rua para a outra por dentro do edifício. Essa ideia da
relação entre a edificação e as pessoas é bastante adequada para um Centro
Cultural.
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As circulações verticais destacam-se em toda a edificação, tanto nas


fachadas quanto no interior. A edificação atende em sua maioria às normas de
acessibilidade com os acessos verticais que são distribuídos em rampas, escadas e
elevador, tornando o centro acessível à deficientes físicos, salvo alguns desníveis
encontrados no pavimento superior.

O acesso de veículos e estacionamento foi posto na fachada norte, onde há


uma via local de circulação de veículos. O acesso é feito por um pavimento
semiterrado que se nivela a essa via local. Pode-se observar através do Google
Earth que esse tipo de estacionamento é comum na cidade devido a sua topografia,
o que acaba sendo adequado para áreas que não possuem estacionamentos no
entorno ou no próprio terreno. (Figura 26)

Figura 26 - Fachada norte/Acesso de veículos

Fonte: Google Earth. Adaptada pela autora. Acesso 18 abr. 2014

A proposta de ser um equipamento atrativo e convidativo é exposta também


nos espaços internos, onde os mobiliários foram distribuídos de maneira que
houvesse uma relação entre a pessoa, o interior e o exterior. Os espaços foram
totalmente aproveitados, desde as circulações aos espaços livres embaixo das
escadarias. (Figuras 27 e 28)
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Figura 27 - Espaço interno descoberto Figura 28 - Ambiente interno de pesquisa

Fonte: <http://concursosdeprojeto.org/2011/08/05/centro-cultural-em-ranica/> Acesso 18 abr. 2014

No setor da biblioteca as prateleiras dispõem-se em todo o ambiente havendo


algumas separações por temas. As áreas de circulação acomodam áreas de estudos
proporcionadas por mesas e cadeiras que se espalham nesses espaços, entretanto,
se observarmos a imagem abaixo (Figura 29) o mobiliário oferecido não dispõe de
um conforto para o leitor, já que se trata de um local onde o leitor passa um tempo
significativo sentado.

Figura 29 - Ambiente interno/Biblioteca

Fonte: <http://concursosdeprojeto.org/2011/08/05/centro-cultural-em-ranica/>
Acesso 18 abr. 2014

As fachadas com as imensas janelas de vidro proporcionam iluminação


natural para os ambientes internos assim como a relação direta do exterior com o
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interior. A iluminação foi disposta de forma que o lado onde há iluminação natural, o
uso da artificial é menor, entretanto, o lado que não há iluminação natural há um
maior uso da artificial. Essa maneira de se trabalhar a iluminação é adequada
quando se trata de consumo de energia. (Figura 30)

Figura 30 - Ambiente interno/Biblioteca

Fonte: <http://concursosdeprojeto.org/2011/08/05/centro-cultural-em-ranica/> Acesso 18 abr. 2014

Além de utilizar em sua maior parte a iluminação natural, a edificação também


dispõe da ventilação natural que foi tratada através das quadras centrais fechadas
nos arredores por janelas de vidro e abertas para o céu (Figura 31). Essa forma de
trabalhar a ventilação também é bastante adequada, principalmente em casos como
o Centro Cultural de Ranica, em que as edificações que envolvem a edificação
servem como barreiras físicas de ventilação para a mesma.

Figura 31 - Ambiente interno de circulação

Fonte: <http://concursosdeprojeto.org/2011/08/05/centro-cultural-em-ranica/> Acesso 18 abr. 2014


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O branco das paredes e tom neutro do piso amadeirado fazem com que os
próprios livros, os mobiliários e a vista do externo sejam os destaques de cores do
interior do edifício. Essa escolha se adaptou a ideia de tornar a edificação um
ambiente aberto, acessível e acolhedor. Da mesma forma os pés direitos duplos e as
quadras de vidro eliminam a sensação de uma edificação fechada.

 CONCLUSÃO

O Centro Cultural Roberto Gritti cumpriu sua proposta de ser um catalisador


da vida urbana, assim como o objeto proposto neste trabalho cumprirá. Deste modo,
este estudo de caso serviu como reforço para o terceiro sub capítulo do referencial
teórico, onde foi abordado o Centro Cultural como catalisador da vida urbana.

Embora seja um centro cultural alusivo à leitura, o mesmo apresenta espaços


que servirão de referência para o Centro Cultural de música, como o auditório, as
salas de teatro e de dança, que poderão ter dimensionamentos aproximados aos
das salas de ensaio, e às baterias de banheiros. Estas referencias se deram devido
ao fato do Centro Cultural Roberto Gritti obter área total aproximada do Centro
Cultural de Música.
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4.2. ESTUDO 02 - Museu da Imagem e do Som, Rio de Janeiro

O Governo do Rio de Janeiro em parceria com a Fundação Roberto Marinho


lançou um concurso que tinha como objetivo a elaboração de um centro de cultura
que remetesse à identidade carioca, onde este local cumpriria a função de centro,
sendo um ponto de encontro para os moradores locais e para os turistas em geral.22

O projeto vencedor foi elaborado pelo escritório nova-iorquino Diller Scofidio +


Renfro, administrado pelos arquitetos Elizabeth Diller e Ricardo Scofidio. O edifício
substituiria as antigas sedes construídas em 1965 no centro da cidade e na Lapa. A
obra se iniciou em 2009 com entrega prevista para o segundo semestre de 2014.23

Se levarmos em consideração que o equipamento ainda não está em


funcionamento, questionaríamos o fato de desconhecermos o resultado final, se
realmente atenderá às expectativas, entretanto podemos tomar como base os
Museus de Imagem e Som (MIS) implantados pelo Governo em outros estados,
como por exemplo o MIS de São Paulo e o MIS de Alagoas (Figuras 32 e 33).

Figura 32 - MIS, São Paulo Figura 33 - MIS, Alagoas

Fonte: <http://www.avidaquer.com.br/museus-da-imagem- Fonte:<http://www.usina.pazza.com.br/usina/arqui


e-do-som/> Acesso 13 mai. 2014 vo/reportagem_13.html> Acesso 13 mai. 2014

O MIS de São Paulo também foi concebido a partir de um concurso realizado


pela diretoria da instituição, onde o projeto vencedor foi realizado pelos arquitetos
Álvaro Razuk e Camila Fabrini. Os mesmos pensaram na readaptação do prédio de
acordo com as novas necessidades. O programa de necessidades do MIS de São
Paulo se assemelha ao do MIS do Rio de Janeiro, onde o acervo contem uma

22
Museu da Imagem e do Som. Disponível em: <http://www.mis.rj.gov.br/arquitetura/> Acesso 13 mai. 2014
23
Museu da Imagem e do Som. Disponível em: <http://www.mis.rj.gov.br/arquitetura/> Acesso 13 mai. 2014
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mistura das obras do cinema, vídeos, fotos e músicas com toda a documentação
histórica do Brasil24.

O MIS de Alagoas atualmente funciona num pequeno palacete, restaurado e


reinaugurado em 2000, em frente à Praça Dois Leões. O museu possui eventos
culturais, lançamentos de livros, exposições de fotografias, e um acervo contendo
fitas VHS, fitas K7, DVD, disco de vinil, equipamentos de áudio e vídeo, acervo do
radialista Edécio Lopes, acervo de fitas de áudio e vídeo cassete de Freitas Neto,
filmes 16mm, negativos e slides e etc. O que também se assemelha com os outros
Museus de Imagem e Som espalhados pelo Brasil25.

Portando, observando que o Museu já possui um histórico em outros estados


(Figuras 34 e 35), com programas que embora sejam parecidos se adéquam ao local
onde estão inseridos, onde cada um expressa da mesma forma culturas diversas,
concluímos que há uma grande probabilidade do MIS instalado no Rio de Janeiro
obter sucesso em seu funcionamento, tanto pelo fato de já haver outros
equipamentos semelhantes instalados no Brasil, quanto pela proposta arquitetônica
lançada pelos arquitetos, como poderemos observar na descrição e análise abaixo.

Figura 34 - MIS, Ceará Figura 35 - MIS, Mato Grosso do Sul

Fonte: <http://tribunadoceara.uol.com.br/> Fonte: <http://www.maisturismo.net/campo-grande-ms-


Acesso em 13 mai. 2014 brasil/museu-da-imagem-e-do-som/>
Acesso em 13 mai. 2014

24
Museu da Imagem e do Som de São Paulo. Disponível em: <http://www.mis-sp.org.br/>
25
Museu da Imagem e do Som de Alagoas. Disponível em: <http://www.cultura.al.gov.br/institucional/espaco-da-
secult/misa>
TERRA DE MÚSICOS

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 RELAÇÃO COM O ENTORNO

O partido dos arquitetos para o MIS do Rio de Janeiro foi a localização do


equipamento, que se instalara na Avenida Atlântica, principal avenida de
Copacabana, que é uma área de alto potencial pela facilidade de acesso (uma das
principais vias do Rio de Janeiro) e pela demanda turística devido a própria Praia de
Copacabana. Além deste fator, há também a contemplação da vista em frente ao
mar, pelo fato do lote está situado neste local (Figura 36).

Figura 36 - Lote de implantação do MIS/Vista para Copacabana

Fonte: Google Earth/Adaptado pela autora, 2014

Da mesma forma as ondas da calçada de Burle Max também servem de


inspiração para o Museu. A calçada de Copacabana, foi o ponto de partida da
concepção arquitetônica, onde a proposta do arquiteto era prolongar esta calçada
verticalmente, o que gerou um volume (Figuras 37 e 38).

Figura 37 - Partido Arquitetônico do MIS, Rio de Janeiro

Fonte: Youtube/Adaptado pela autora, 2014


TERRA DE MÚSICOS

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Figura 38 - Volume do MIS, Rio de Janeiro

Fonte: Youtube/Adaptado pela autora, 2014

A intenção arquitetônica de interação com o entorno fez com que o


equipamento se conectasse com o calçadão, tornando os acessos uma continuação
da calçada. É importante ressaltar o cuidado dos arquitetos com o visual do local,
seja ele da calçada ou da própria paisagem, onde o edifício veio para complementar
e não ofuscar os componentes já existentes (Figura 39).

Figura 39 - Interação do edifício com o entorno

Fonte: Youtube/Adaptado pela autora, 2014

Como podemos observar através da figura 39, o edifício compõe a paisagem


existente no local, e além da complementação da calçada as cores utilizadas em
toda a edificação variam em tons de cinza, o que faz com que haja interação do
equipamento com o entorno. O destaque da edificação, então, fica por conta do
próprio volume, que se destaca pelas escadarias que o compõe.

Os acessos verticais principais são as escadarias que marcam a fachada do


Museu, compondo-o volumetricamente em junção com os materiais de vedação. A
justificativa para tais acessos é a vista que o visitante poderá contemplar ao
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O S O M D E U M A T E R R A | 56

percorrer, porém, se observarmos a fachada poderemos ver que o fato de serem


degraus exclui o deficiente físico desta experiência de contemplação. Os acessos
para estes estão locados no interior do edifício.

 OLHANDO PARA FORA - CONFIGURAÇÃO FORMAL

O volume é composto por um só bloco que não possui uma composição


simétrica devido aos diversos ambientes de diferentes dimensões e níveis,
resultando numa composição complexa, onde não há utilização de curvas, pelo
contrário, o movimento de dobra é o que conceitua a arquitetura do edifício. Da
mesma forma a fachada não possui composição simétrica entretanto, apesar das
diferenciações de níveis e composições é possível a percepção de harmonia, como
podemos observar na figura abaixo. As linhas diagonais em destaque embora não
tenham a mesma distância entre si, compõem a fachada com harmonia (Figura 40).

Figura 40 - Linhas de composição harmoniosa

Fonte: <http://www.edificatto.com/tendencias.asp?cod=115&tit=maquete-do-museu-da-arte-e-do-som-no-rio-de-
janeiro> Adaptado pela autora, 2014

O que faz da fachada uma composição complexa é a utilização dos materiais


em junção com o efeito estético que proporcionaram. Podemos observar que o
desenho geométrico torna-se destaque, onde um cobogó personalizado,

[...] composto por tubos vazados transversos - com oito centímetros


de diâmetro interno e cinco combinações de ângulos em planta e
corte foi idealizado pelos arquitetos a fim de graduar a luz natural
incidente nos interiores e, de quebra, orientar as visuais da paisagem
envolvente. Com efeito moiré, em que a imagem não é nítida e
coesa, mas antes o somatório de pontos repetidos, por vezes os
painéis de cobogós requadram a vista do calçadão, da praia, do mar,
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da linha do horizonte ou do céu, entremeados à fachada envidraçada


(GRUNOW, Evelise Diller Scofidio + Renfro: MIS, Rio de Janeiro:
Lumens e hertz de cimento e madeira. In Projeto Design Ed. 396.
São Paulo, 2013.)26

A intenção de não eliminar a visualização da paisagem é explicita


principalmente na utilização do vidro. Essa escolha intencional faz com que o edifício
interaja diretamente com o entorno, de forma que quem está dentro tem total
visualização do externo e que está fora também pode visualizar esses espaços
internos. O efeito estético final da aparência externa do edifício foi resultado da
utilização dos materiais e da composição complexa do volume.

 OLHANDO PARA DENTRO

Num terreno de 1.300m² e 9.800m² de área construída, o Museu foi


desenvolvido de forma linear em 5 blocos distribuídos em 8 pavimentos que se
interligam pelas diversas escadarias e rampas que se encontram desde a fachada
do edifício ao interior do mesmo. Os blocos são diferenciados pela temática que
cada um representa (Figura 41).

Figura 41 - Zoneamento a partir do corte do edifício

Fonte: <http://concursosdeprojeto.org/2009/08/11/diller-scofidio-mis-rj/>
Acesso 13 mai. 2014

26
Museu da Imagem e do Som. Disponível em http://arcoweb.com.br/projetodesign/tecnologia/museu-imagem-
som-rio-de-janeiro-10-05-2013 / Acesso 19 mai. 2014
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O primeiro bloco, em dois níveis, comporta o Hall de entrada, o Baixo


Atlântica que é um espaço de encontro e conversas, e o café. Estes espaços com os
grandes vãos livres e iluminação natural fazem o edifício atrativo e convidativo logo
na entrada (Figuras 42 e 43).

Figura 42 - Programa do Bloco 1

Fonte: Youtube/Adaptado pela autora, 2014

Figura 43 - Interior do Bloco 1

Fonte: Youtube/Adaptado pela autora, 2014

Os fluxos deste bloco poderão ser intenso, devido ao fato de ser a entrada e
conter o café, que é acessível aos visitantes do Museu e às pessoas que transitam
TERRA DE MÚSICOS

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no local e médio que está direcionado ao ambiente de exposições temporárias, onde


a própria proposta mostra que funcionará em temporadas (Figura 44).

Figura 44 - Organofluxograma do Bloco 1

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

O segundo bloco, no lado oeste, possui uma temática que relata o perfil do
povo do Rio de Janeiro, desta forma os espaços expõem o humor, através do
ambiente chamado Espírito Carioca, a criatividade e as tendências que a cidade
gera para o país através do ambiente Rio 40 graus e a festa como expressão da
experiência estética e comportamental através do ambiente Salve o Carnaval. No
lado leste possui um espaço educativo poderão haver palestras, oficinas, entre
outros (Figuras 45 e 46).

Figura 45 - Programa do Bloco 2

Fonte: Youtube/Adaptado pela autora, 2014


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Figura 46 - Interior do Bloco 2

Fonte: Youtube/Adaptado pela autora, 2014

Devido ao fato deste bloco ser em sua maioria salas de exposições, o fluxo
também poderá ser intenso para estes ambientes, exceto ao ambiente Espaço
Educativo, que será utilizado para pequenas palestras, oficinas e workshops, e
receberá estas programações em temporadas (Figura 47).

Figura 47 - Organofluxograma do Bloco 2

Fonte: Elaborado pela autora, 2014


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O terceiro bloco se refere à música originada do Rio de Janeiro, de onde


surgiu o choro e a bossa nova e a propagação da rádio no Brasil. Esses ambientes
são apresentados através do espaço A Banda, onde há uma exposição de vários
instrumentos musicais, o espaço Samba - Choro/Rádio, e o espaço Carinhoso onde
são expostos os poetas, seresteiros e namorados (Figuras 48 e 49).

Figura 48 - Programa do Bloco 3

Fonte: Youtube/Adaptado pela autora, 2014

Figura 49 - Interior do Bloco 3

Fonte: Youtube/Adaptado pela autora, 2014


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Neste bloco são dispostos ambientes de exposição que oferecem uma


experiência mais próxima com a música originada no Rio de Janeiro. O modo que o
acervo é exposto, através de novas tecnologias, tornam estes ambientes mais
atrativos, o que consequentemente torna-os bastante frequentados. Desta forma,
este bloco possivelmente possuirá um fluxo intenso (Figura 50).

Figura 50 - Organofluxograma do Bloco 3

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

O quarto bloco, no lado oeste, expressa através dos ambientes Televisão e


Carmem Miranda o potencial setor televisivo do Brasil. No ambiente Televisão são
expostos os maiores sucessos exibidos na televisão brasileira e no ambiente
Carmem Miranda, a vida da cantora é contada e a mesma é destacada através de
sua arte como a brasileira mais conhecida (deste meio) do mundo. No lado leste
está situado o Centro de Documentação e Pesquisa, onde as pessoas podem ter
acesso ao acervo digital do museu (Figuras 51 e 52).

Figura 51 - Programa do Bloco 4

Fonte: Youtube/Adaptado pela autora, 2014


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Figura 52 - Interior do Bloco 4

Fonte: Youtube/Adaptado pela autora, 2014

Do mesmo modo do terceiro, o quarto bloco é disposto por ambientes de


exposição com uma temática alusiva à música e a TV, e um ambiente de pesquisa e
documentação que torna-se um museu digital acessível à todos. Sendo assim, este
bloco também poderá receber um alto fluxo devido ao que estará sendo exposto
(Figura 53).

Figura 53 - Organofluxograma do Bloco 4

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

O quinto bloco é composto pelos ambientes Rio no Cinema onde são


resgatadas as participações das belas paisagens do Rio de Janeiro no cinema,
através de um espaço de vídeo onde a arquibancada é composta pela escada de
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 64

acesso à este pavimento e Paisagem e Natureza, que expõe essas paisagens


através de fotos (Figuras 54 e 55).

Figura 54 - Programa do Bloco 5

Fonte: Youtube/Adaptado pela autora, 2014

Figura 55 - Interior do Bloco 5

Fonte: Youtube/Adaptado pela autora, 2014

Este bloco, além de receber ambientes expositores da beleza do Rio de


Janeiro, proporciona ao visitante a experiência de poder observar a paisagem das
fotografias pelo próprio edifício, através das janelas de vidro que compõem a
fachada. Portanto, é bem provável que o mesmo receba um fluxo intenso (Figura
56).
TERRA DE MÚSICOS

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Figura 56 - Organofluxograma do Bloco 5

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

O sexto bloco é composto pelos ambientes Administração, onde se


desenvolvem todas as questões administrativas do empreendimento, o Restaurante
Panorâmico com capacidade para 100 pessoas, que proporciona ao visitante a
brilhante vista da praia de Copacabana e o Terraço Cinema ao ar livre com
capacidade para 280 pessoas, que fecha o edifício de uma forma um tanto
inovadora com um ambiente alusivo à um terraço através do grande "tapete" verde
que se estende no espaço (Figuras 57 e 58).

Figura 57 - Programa do Bloco 6

Fonte: Youtube/Adaptado pela autora, 2014


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Figura 58 - Interior do Bloco 6

Fonte: Youtube/Adaptado pela autora, 2014

Devido aos atrativos encontrados nos ambientes deste bloco, os fluxos


poderão variar entre intenso e pequeno, onde o intenso será observado nos
ambientes sociais que são atrativos, principalmente no Teatro e Cinema, e o fluxo
pequeno que o ambiente Administração poderá obter, devido ao fato de ser restrito à
funcionários do Museu (Figura 59)

Figura 59 - Organofluxograma do Bloco 6

Fonte: Elaborado pela autora, 2014


TERRA DE MÚSICOS

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Os ambientes sociais foram dispostos aproveitando a iluminação natural,


através de todas as aberturas e do material utilizado (vidro), e a ventilação,
principalmente na fachada principal que recebe os melhores ventos do sudeste.

Embora haja esta separação por blocos, a forma em que os ambientes se


interligam, através dos acessos verticais e da variação de níveis, faz com que o
edifício se comporte como um todo. Assim como a separação dos temas, que
embora sejam distintos se complementam, como se fosse sendo contada uma
história a cada ambiente temático. Isso se dá principalmente pelos acessos que
tornam um ambiente mais próximo do outro.

 CONCLUSÃO

O MIS do Rio de Janeiro, embora não esteja em funcionamento é um


equipamento alusivo a uma cultura musical e apresenta um programa diversificado o
que se assemelha à proposta do Centro Cultural de Música. Os ambientes
instalados no MIS atingem um público também diversificado devido a forma atrativa
que se dispõe.

Então, este estudo de caso foi escolhido devido ao fato de ter uma temática
musical e dispor de ambientes relacionados ao tema, o que servirá de embasamento
e referência para a escolha do programa que será adotado para o Centro Cultural de
Música.
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 68

4.3. ESTUDO 03 - Cais do Sertão Museu Luiz Gonzaga, Recife - PE

Lançado pelo Governo do Estado de Pernambuco, o centro cultural e museu


Cais do Sertão abriga o acervo do músico pernambucano Luiz Gonzaga. O projeto
de arquitetura foi desenvolvido pelo escritório Brasil Arquitetura, do estado de São
Paulo, onde seguiu-se a ideia de um museu interativo27.

O equipamento está localizado na Avenida Alfredo Lisboa no Porto do Recife


- PE. Foi implantado através da operação urbana denominada Porto Novo, onde
haverá diversas intervenções nos armazéns existentes. Dentre eles o Armazém 10,
onde atualmente está o Cais do Porto, que autorizado pelo IPHAN foi destruído e
reconstruído (Bloco 1) com as mesmas características, mas com a substituição das
telha de fibrocimento pelos forros acústicos (Figura 60)28.

Figura 60 - Porto do Recife

Fonte: <http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1288349&page=7> Acesso em 13 mai. 2014


Adaptado pela autora, 2014

27
Centro Cultural Cais do Sertão Memorial Luiz Gonzaga. Disponível em:
<http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1302901> Acesso em 13 mai. 2014
28
Centro Cultural Cais do Sertão Memorial LuizGonzaga. Disponível em:
<http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1302901> Acesso em 13 mai. 2014
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 69

 RELAÇÃO COM O ENTORNO

A instalação do Cais do Sertão em junção com os demais equipamentos que


serão instalados nos outros armazéns (teatro, cinema, boliche, restaurantes, centro
de convenções), revitalizará a região portuária do Recife Antigo que é tombada pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

A edificação de 7.000m² é composta por dois pavilhões distribuídos num


terreno de 11.200m² que são diferenciados pelo programa de atividades realizadas
nos mesmos. A obra iniciou-se em 2010 estando prevista a entrega para 2012,
entretanto o primeiro pavilhão foi inaugurado em 2013 e o segundo pavilhão, ainda
em construção, tem previsão de entrega para o final de 2014.

Figura 61 - Perspectiva do Cais do Sertão

Fonte: <http://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/brasil-arquitetura-museu-recife-05-04-2011>
Adaptada pela autora, 2014

Os acessos de pedestres são feitos pelos dois pavilhões que compõem o


Cais do Sertão, e são marcados pelos vãos livres e pelas circulações verticais que
dão acesso ao pavimento superior do segundo módulo. A edificação dispõe de
algumas vagas para veículos que não são suficientes pela demanda de visitação
que a mesma recebe.
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 70

O acesso principal se dá pelo primeiro pavilhão e é marcado por uma grande


marquise de concreto aparente e a árvore Juazeiro que demarca uma abertura
central na coberta. A escolha da arvore da caatinga faz menção ao sertão e a uma
música de Luiz Gonzaga29 (Figuras 62 e 63).

Figura 62 - Acesso do Primeiro Pavilhão Figura 63 - Árvore Juazeiro

Fonte: >http://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/brasil- Fonte: Acervo Pessoal, 2014


arquitetura-museu-recife-05-04-2011> / Acesso 12 mai. 2014

A escolha do primeiro pavilhão para acesso principal não compõe a lógica de


acessos da área onde está inserido, pois sendo uma região turística, principalmente
na área do Marco Zero, este acesso é feito pelo sentido contrário de percurso.
Entretanto o segundo pavilhão é marcado pelo vão livre de 56 x 20m que serve
como área de descanso e promove a interação entre o porto com os visitantes,
tornando assim este percurso menos cansativo (Figura 64).

Figura 64 - Perspectiva do equipamento inserido no entorno

SENTIDO PARA QUEM VAI DO MARCO ZERO

SENTIDO DO ACESSO PRINCIPAL

Fonte: <http://casa.abril.com.br/materia/memorial-em-recife-homenageia-luiz-gonzaga-e-causa-polemica> /
Adaptado pela autora / Acesso 12 mai. 2014

29
Juazeiro, juazeiro me "arresponda", por favor, juazeiro, velho amigo, onde anda o meu amor... (Trecho da
Música Juazeiro). Disponível em <http://letras.mus.br/luiz-gonzaga/261213/> Acesso 26 mai. 2014
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 71

 OLHANDO PARA FORA - CONFIGURAÇÃO FORMAL

O volume final da edificação faz-nos perceber a interação entre o novo e o


antigo a partir das formas dos pavilhões, o que no final torna-se uma composição
equilibrada. O primeiro pavilhão manteve a mesma volumetria do antigo armazém
que ocupava esta área, deste modo permaneceu com a composição simples e
simétrica, onde em planta linear é coberto por um telhado de duas águas. O
segundo pavilhão também possui uma composição num volume retangular que é
diferenciado pelo tipo de coberta, em laje plana, e pelo jogo de cheios e vazios
marcado na maior parte pelo vão livre (Figura 65).

Figura 65 - Fotografia a partir da maquete do projeto

Fonte: Fotografia de Natália Vieira, 2011. Disponível em:


<http://vitruvius.es/revistas/read/arquitextos/13.150/4460> Acesso 12 mai. 2014

Esta composição equilibrada, além de ser proporcionada pela própria


volumetria simples dos pavilhões é proporcionada pelo efeito estético das fachadas
resultante do uso dos materiais e texturas. A simples e pura forma do primeiro
pavilhão compõe-se em todo o volume do concreto aparente pigmentado que faz
menção a uma pedra do Sertão do Piauí. O segundo pavilhão é marcado pela
máscara de 2.198 m² cobogós criados exclusivamente para o Cais do Sertão. O
partido para criação destes veio da junção da renda, com a terra trincada e a visão
do sertanejo da galhada na caatinga, o que resultou num desenho com linhas
livres30 (Figura 66).

30
Memorial em Recife homenageia Luiz Gonzaga. Disponível em: < http://casa.abril.com.br/materia/memorial-
em-recife-homenageia-luiz-gonzaga-e-causa-polemica> Acesso em 13 mai. 2014
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Figura 66 - Cobogó

Fonte: <http://casa.abril.com.br/materia/memorial-em-recife-homenageia-luiz-gonzaga-e-causa-polemica>
Acesso 12 mai. 2014

A criação do desenho do cobogó especialmente para o Cais do Sertão


tornou-se marca registrada do equipamento, desta forma além se ser destacada no
segundo pavilhão, a marca pode ser vista na entrada do primeiro pavilhão e ao
longo da visitação (Figura 67).

Figura 67 - Acesso ao Pavilhão 1

Fonte: < http://www.cbnrecife.com/noticia/museu-cais-do-sertao-e-inaugurado-no-recife> Acesso 12 mai. 2014


TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 73

 OLHANDO PARA DENTRO

Interiormente os pavilhões são separados pelo programa e pelas atividades


que são desenvolvidas nos mesmos. Em planta linear, os pavilhões se
complementam e estão ligados por circulações internas tornando-os um bloco único
na perspectiva interna do visitante.

O primeiro pavilhão é formado pelo pavimento térreo e por um mezanino que


recebem a exposição fixa alusiva à vida de Luiz Gonzaga. Na entrada o visitante é
recepcionado pela vitrine que expõe peças de roupas e instrumentos musicais do
cantor, logo direcionados para um ambiente de vídeo em forma circular numa
estrutura de aço que é chamada de Sertão Mundo, onde os visitantes poderão
"entrar" na vida do sertanejo.

O percurso para toda a área de exposição deste pavimento é marcado pelo


exemplar do Rio São Francisco, feito por um sulco tortuoso no piso, preenchidos por
seixos e iluminação especial. Esta área de exposição, por não haver separação e
por receber uma variação de estilos de materiais expostos torna-se um ambiente
confuso, o que consequentemente não prende a atenção do visitante para cada
peça separadamente (Figura 68).

Figura 68 - Planta Baixa Térreo, destaque para o Pavilhão 1

Fonte: <http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1302901> Adaptada pela autora, 2014.


Acesso 12 mai. 2014

A iluminação foi pensada para que as obras houvessem destaque, para isso
podemos encontrar paredes de fundo preto ou com tons amadeirados que fazem o
papel de equilibrar esse jogo de cores e iluminação (Figura 69).
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 74

Figura 69 - Ambientes Internos, Exposição Fixa do Pavilhão 1

Fonte: Acervo Pessoal, 2014

Os fluxos observados nestes ambientes são intenso em toda a área de


entrada e exposição, sendo médio para os banheiros e pequeno para as salas
administrativas (Figura 70).

Figura 70 - Organofluxograma do térreo, Pavilhão 1

Fonte: Elaborada pela autora, 2014

O mezanino é composto por ambientes de exposição, salas de gravação onde


o visitante poderá gravar cantando as músicas de Luiz Gonzaga, e por uma sala
onde o visitante pode ter contato direto com instrumentos musicais da região. Este
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 75

ambiente não possui tratamento acústico adequado, principalmente nas salas de


gravação, que são salas pequenas separadas por vidros (Figura 71).

Os ambientes do mezanino possuem em sua maioria exposição tecnológicas


onde telas de vídeos contam a história do sertão. As salas de gravação e de música
são fechadas por vidros e não possuem tratamento acústico, esse fato é perceptível
quando há duas pessoas cantando em duas cabine próximas (Figura 72).

Figura 71 - Planta Baixa Mezanino, destaque para Pavilhão 1

Fonte: <http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1302901> Adaptada pela autora, 2014.


Acesso 12 mai. 2014.

Figura 72 - Ambientes Internos, Mezanino do Pavilhão 1

Fonte: Acervo Pessoal, 2014


TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 76

O fluxo de pessoas do mezanino está relacionado diretamente com o do


térreo, visto que estes ambientes finalizam a exposição sobre a vida de Luiz
Gonzaga de forma interativa. As circulações neste pavimento são largas,
comportando assim este fluxo intenso que recebera (Figura 73).

Figura 73 - Organofluxograma do Mezanino, Pavilhão 1

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

O segundo pavilhão é distribuído em quatro pavimentos com programa e


atividades deferentes do primeiro. O térreo deste pavilhão é marcado pelo vão de
56m² e pelos acessos ao edifício (Figura 74).

Figura 74 - Planta Baixa Térreo, destaque para o Pavilhão 2

Fonte: <http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1302901> Adaptada pela autora, 2014.

Para este ambiente, pode-se concluir que haverá fluxo médio devido ao fator
de não ser o acesso principal da edificação. Este ambiente servirá de apoio para
descanso e contemplação da vista através da grande sombra gerada pela laje que
cobre toda a área sem a presença de pilares (Figura 75).
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 77

Figura 75 - Organofluxograma do Térreo, Pavilhão 2

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

O primeiro pavimento comportará uma área central livre para exposições


temporárias, circulação vertical de acesso a este ambiente, um auditório para 250
pessoas e as circulações verticais que dão acesso a este ambiente (Figura 76).

Figura 76 - Planta Baixa 1º Pavimento, destaque para o Pavilhão 2

Fonte: <http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1302901> Adaptada pela autora, 2014.

Figura 77 - Perspectiva do Auditório

Fonte: Youtube / Adaptado pela autora, 2014


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O S O M D E U M A T E R R A | 78

Os fluxos neste pavimento poderão ser médio em sua maioria pelo fato dos
ambientes não disporem de uma programação diária, podendo haver um fluxo
intenso na área de exposições temporárias durante a temporada das mesmas
(Figura 78).

Figura 78 - Organofluxograma do 1º Pavimento, Pavilhão 2

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

No segundo pavimento estão as salas de múltiplo uso, que receberão


oficinas, workshops, cursos e etc. E circulações verticais para estes ambientes.
Nesta planta podemos observar também o auditório que devido a inclinação
necessária para a arquibancada ocupa os dois pavimentos. Neste também a
circulações verticais com um pequeno hall de entrada (Figura 79).

Figura 79 - Planta Baixa 2º Pavimento, destaque para o Pavilhão 2

Fonte: <http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1302901> Adaptada pela autora, 2014.

Do mesmo modo que o primeiro pavimento, neste pavimento poderá ser


observado um fluxo médio e pequeno, visto que as salas de múltiplo uso receberão
programações para um público específico em temporadas (Figura 80).
TERRA DE MÚSICOS

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Figura 80 - Organofluxograma do 2º Pavimento, Pavilhão 2

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Na cobertura podemos observar um extenso teto jardim de 1.477,40m² que


ocupa quase toda a cobertura, onde os visitantes poderão percorrer e contemplar a
vista do entorno. Há também como complementação desta área social um
restaurante (Figuras 81 e 82).

Figura 81 - Planta Baixa 3º Pavimento, destaque para o Pavilhão 2

Fonte: <http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1302901> Adaptada pela autora, 2014.


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Figura 82 - Ambientes Internos, 3º Pavimento do Pavilhão 2

Fonte: Youtube/Adaptado pela autora, 2014

Este pavimento poderá obter um fluxo médio devido ao programa oferecido


no mesmo. O jardim como contemplação e o restaurante complementam o
equipamento como ambientes de convivência, onde os visitantes poderão descansar
e contemplar a vista do entorno (Figura 83).

Figura 83 - Organofluxograma do 3º Pavimento, Pavilhão 2

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Os ambientes dispostos no pavilhão 2 oferecerão programações mais


específicas, deste modo serão frequentados pelos grupos com maior interesse em
cultura musical. Portanto podemos concluir que o primeiro pavilhão já em
funcionamento abrangerá um público diversificado o que consequentemente gerará
um fluxo intenso no mesmo.

Os pavilhões foram separados adequadamente de acordo com as atividades,


entretanto os ambientes do primeiro pavilhão obtiveram uma solução confusa
mediante às exposições observadas no espaço, onde a mistura das mais variadas
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 81

obras sem uma separação de temas e sem uma ordem de posição dificultam o
percurso da visitação, o visitante "não sabe por onde começar".

Os espaços do primeiro pavilhão, já em funcionamento, foram bem


dimensionados se levarmos em consideração a dimensão dos pavilhões, entretanto
poderá superlotar em dias em que a demanda turística aumente.

 CONCLUSÃO

O Cais do Sertão Luiz Gonzaga além de Centro Cultura exercerá também a


função de catalisador da vida urbana devido ao entorno onde está inserido em
junção aos outros equipamentos que podem ser encontrados no local.

O programa e as atividades realizadas na edificação são alusivas à música, o


que influenciou para a escolha do mesmo para estudo de caso, assim como o
dimensionamento de muitos ambientes devido ao fato de obter uma escala
aproximada do objeto proposto neste trabalho.

4.4. ANÁLISE COMPARATIVA DOS ESTUDOS DE CASO

Mediante as análises apontadas, faz-se necessário, para melhor


compreensão, uma análise comparativa dos três estudos de caso, observando a
concepção arquitetônica final dos mesmos e suas potencialidades e problemáticas.

No quadro 1 foi feita uma análise acerca do projeto final, com a finalidade de
observar como as soluções arquitetônicas se comportaram, para isso foram
analisadas a interação com o entorno, o volume final, a planta baixa, os acessos e a
área construída dos mesmos (Figura 84).

O quadro 2 mostra as potencialidades e problemáticas do projeto, afim de


observar os pontos positivos e relevantes que poderão ser abordados no estudo
proposto, assim como prevenir-se dos pontos negativos que foram observados
(Figura 85)
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 82

Figura 84 - Tabela de Comparativos dos Estudos de Caso


ANÁLISE ESTUDO 1 ESTUDO 2 ESTUDO 3
Preocupou-se com a Preocupou-se com a Preocupou-se com a
interação através dos interação desde os interação do entorno
INTERAÇÃO COM vãos livres, entretanto acessos à utilização através dos vãos livres
O ENTORNO se diferencia dos materiais. O e da adaptação do
visualmente das projeto uniu-se ao primeiro bloco num
edificações do entorno entorno equipamento antigo

Composição simples, Composição complexa Composição simples


COMPOSIÇÃO em forma retangular. pelo jogo assimétrico linear e simétrica no
VOLUMÉTRICA Assimétrica pelo uso dos acessos verticais bloco 1 devido ao
dos materiais e jogo de que compõem a volume retangular com
cheios e vazios fachada coberta de duas águas

Soluções espaciais Soluções espaciais Soluções espaciais

adequadas, assim adequadas, assim confusas, assim como


PLANTA BAIXA como separação dos como separação dos a separação dos

ambientes. Forma ambientes. Forma ambientes do 1ª

linear e assimétrica linear e assimétrica pavilhão . Forma linear


e simétrica

Acessos adequados às Os acessos foram Acessos marcados por

necessidades do tratados como vãos livres e

equipamento, com composição estética, circulações verticais


ACESSOS acessibilidade para assim a acessibilidade internas. Possui

deficientes físicos, para deficientes físicos acessibilidade para

exceto em alguns foi solucionada a parte, deficientes físicos

ambientes com excluindo-os dos também com

desníveis acessos principais. circulações internas.

ÁREA
2000m² 9.800m² 7.000m²
CONSTRUÍDA
Fonte: Elaborada pela autora, 2014
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 83

Figura 85 - Tabela de Potencialidades e Problemáticas


ESTUDO 1 ESTUDO 2 ESTUDO 3
- Bom aproveitamento dos
- Bom aproveitamento - Dimensionamentos
espaços.
POTENCIALIDADES

dos espaços. adequados dos ambientes.


- Dimensionamentos
- Dimensionamentos - Boa solução de ventilação e
adequados dos ambientes.
adequados dos ambientes. iluminação artificial que faz-
- Solução de contemplação
- Boa solução de ventilação, se necessário devido ao
da paisagem do entorno.
iluminação e aberturas. produto exposto e ao clima
- Programa diversificado.
- Escolha e utilização dos da região.
- Utilização adequada dos
materiais construtivos. - Programa diversificado.
materiais construtivos.

- Programa não diversificado. - Acessos contemplativos - Ambientes de exposição


- Falta de interação sem adaptação para integrados, o que torna um
PROBLEMÁTICAS

volumétrica e estética com deficientes físicos. Os ambiente confuso devido às


as edificações do entorno. acessos para estes são variações de produtos que
- Espaços internos com feitos no interior do são expostos.
desníveis o que torna o equipamento. - Ausência de banheiro no
ambiente de difícil acesso - Solução do terraço jardim pavimento superior do
para deficientes físicos. sem proteção contra primeiro bloco.
- Quantidade inadequada de intempéries. - Estacionamento incapaz de
banheiros no pavimento comportar a demanda.
superior. - Soluções acústicas
Fonte: Elaborada pela autora, 2014

Diante dos quadros apresentados pode-se concluir que o número de pontos


positivos é tão significativo quanto o número de pontos negativos, desta forma ao
elaborar o anteprojeto arquitetônico deverá atentar-se para tais análises, tomando
como referência os pontos positivos e como prevenção os pontos negativos.
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 84

5. ETAPAS PRÉ-PROJETUAIS

As EPP's (Etapas Pré-Projetuais) são compostas por diversas análises feitas


antes de iniciar o projeto arquitetônico. Para obter essa concepção final, faz-se
necessário a análise do terreno onde o equipamento será implantado, os
condicionantes físicos e ambientais de onde está inserido, finalizando com os
parâmetros urbanos e normatização. Após inicia-se o estudo da implantação, que
estão inseridos o zoneamento dos setores e os dimensionamentos dos ambientes
que irão compor o centro.

5.1. ANÁLISE 01: ESTUDO DO CONTEXTO URBANO

Belo Jardim está localizado a cerca de 187km de Recife, na Masorregião


Agreste e na Microrregião Vale do Ipojuca do Estado de Pernambuco (Figura 86).
Limita-se ao norte com os municípios de Brejo da Madre de Deus e Jataúba, ao sul
com São Bento do Una, ao leste com Tacaimbó e ao oeste com Sanharó e
Pesqueira.

Figura 86 - Localização do Município de Belo Jardim

Fonte: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Mapa_Belo_Jardim.png> Adaptado pela autora, 2014

O município obtém uma área territorial de 647,698km², com uma população,


segundo o IBGE, de 74.902 habitantes. Apresenta na porção leste um relevo com
altitude que varia de 400 e 700 metros, aproximadamente, e altitudes que variam
entre 800 e 1.000 metros na porção oeste, em relação ao nível do mar.
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 85

A cidade é entrecortada por riachos e rios, o que juntamente com a


diversidade de vegetação compõem belas paisagens, sendo destaque a nascente
do Rio Bitury, que corta toda a cidade. Faz parte dos possessões das Bacias
Hidrográficas do Rio Capibaribe e do Rio Ipojuca.

O terreno proposto, inserido em Belo Jardim, foi escolhido pela premissa do


tema que foi explanado, onde a área no qual está inserido é caracterizada pela
diversidade de equipamentos, sendo eles comerciais, de entretenimento e
socialização. (Figura 87) Essa ligação com o setor diversificado fará com que a área,
no qual o equipamento estará inserido, seja potencializada, trazendo benefícios a
região em termos de economia e turismo.

Figura 87 - Mapa de usos do centro de Belo Jardim

Fonte: Google Earth / Adaptado pela autora, 2014

Ao observar o mapa acima, podemos perceber que há uma diversidade de


usos, onde o setor misto é destaque na região, entretanto a predominância neste
setor é o uso comercial. Sendo o centro da cidade "onde tudo começou", as poucas
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residências que podem ser encontradas atualmente neste setor pertencem à


moradores tradicionais que prezam pelas suas moradias.

O setor comercial em junção com o comercio do setor misto é o forte marco


do centro do município, onde são oferecidos os mais diversos serviços e materiais. É
composto por lojas de variados produtos, bancos, farmácias, clínicas, lanchonetes e
restaurantes, mercados, hotéis, postos de gasolina, e diversos outros equipamentos.
Obtendo esta variedade comercial, o centro torna-se uma região com fluxo intenso,
onde a população se desloca para realizar as atividades semanais.

Os equipamentos culturais encontrados no entorno do terreno foram um dos


principais pontos positivos para a escolha do mesmo. Entre esses equipamentos
está a Antiga Fábrica Mariola, que não é patrimônio da cidade entretanto é um
edifício histórico que já passou por diversas intervenções, atualmente a edificação foi
dividida em dois setores onde um comporta uma galeria comercial e o outro
receberá futuras instalações de um centro cultural. Complementando os
equipamentos culturais estão o Pátio de Eventos Nivaldo Jatobá (Figura 88), a Loja
de Artesanato, o Cine Teatro e o Espaço Musical Coral Moura (Figura 89).

O Pátio de Eventos recebe as grandes festas da cidade, porém funciona com


este uso apenas durante as temporadas de festa, quando não, o pátio comporta a
feria de livre do município, o que levou-o a ser conhecido também como Pátio da
Feira. Na loja de artesanato são oferecidos os produtos elaborados pela Sociedade
Tareco e Mariola.

O Cine Teatro está posto numa edificação adaptada para recebê-lo, onde há
apenas um palco com um telão nos fundos e os assentos da plateia. O Espaço
Musical Coral Moura é de uso exclusivo do coral pertencente ao Grupo Moura, onde
há os ensaios do coral para suas apresentações.
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O S O M D E U M A T E R R A | 87

Figura 88 - Cine Teatro e Coral Moura Figura 89 - Pátio de Eventos Nivaldo Jatobá

Fonte: <http://www2.cidade-brasil.com.br/foto- Fonte: <http://www2.cidade-brasil.com.br/foto-belo-


belo-jardim.html> Acesso em 19 abr. 2014 jardim.html> Acesso em 19 abr. 2014

Sendo esta área, em que o terreno está enquadrado, uma área onde há uma
diversidade de usos, há também um intenso fluxo de pedestres e veículos. As vias
possuem mão dupla, e recebem auxílio do giradouro que tem a função de organizar
este fluxo intenso (Figura 90).

Figura 90 - Mapa de Fluxos das vias

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Ao observar a imagem podemos perceber que o sul do terreno recebe o


intenso fluxo de veículos e o oeste um fluxo médio. O leste recebe um fluxo
pequeno, assim poderá ser o acesso de veículos devido ao fato de que não causará
congestionamentos no local.
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O S O M D E U M A T E R R A | 88

5.2. ANÁLISE 02: ESTUDO DO TERRENO

O terreno está localizado no centro de Belo Jardim, entre as ruas Pedro


Firmino (no sul), Vicente Barbosa da Silva (no leste) e possui 5.611m². O lote possui
um pequeno aclive, quase não perceptível devido a dimensão do mesmo, que ocupa
uma quadra inteira (Figura 91 e 92).

Figura 91 - TERRENO

Fonte: Prefeitura de Belo Jardim. Adaptada pela autora, 2014

Figura 92 - Fotos Panorâmicas do Entorno do Terreno

Fonte: Google Earth. Adaptado pela autora, 2014


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O S O M D E U M A T E R R A | 89

A visibilidade do terreno foi um dos fatores que levou a escolha do mesmo.


Como analisado, as vias que o cercam fazem com que a fachada sul tenha uma
grande visibilidade. Através da Visão Serial31, desenvolvida por Gordon Cullen,
poderemos observar o terreno a partir de ângulos diversos. Essa análise mostrará
essa potencialidade do lote (Figura 93).

Figura 93 - Terreno a partir da Visão Serial

Fonte: Google Earth, Adaptado pela autora, 2014

O ponto 1 nos mostra a visão do observador para o terreno e para a Rua


Tenente Francisco da Silva, onde podem ser observados o Rio Ipojuca e a esquina
da fachada leste do terreno. Este lado do terreno possui boa visualização devido ao
fato de não haver edificações nesta grande área ocupada pelo rio (Figura 94).

31
Visão Serial é uma técnica de leitura cinética do espaço urbano que visa identificar os campos
visuais que ocorrem ao longo de um percurso e os efeitos visuais mais expressivos e portadores de
informação sobre a sua configuração física. Disponível em: <http://urbscapeblog.wordpress.com/
2008/01/12/visao-serial/> Acesso em 20 abr. 2014
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O S O M D E U M A T E R R A | 90

Figura 94 - Ponto 1

Fonte: Acervo Pessoal, Adaptado pela autora, 2014

No ponto 2 o observador está situado no início da Avenida Coronel João


Leite, e assim como o ponto 1 permite-nos a visualização da fachada leste e também
da fachada sul. Este ponto permite uma boa visualização, portanto poderá ser
explorada esteticamente na concepção do projeto arquitetônico (Figura 95).

Figura 95 - Ponto 2

Fonte: Acervo Pessoal, Adaptado pela autora, 2014

A visão do ponto 3 nos mostra o giradouro que é responsável pela


organização do trânsito nesta área. Este grande centro, sem edificações que sejam
barreiras para a visualização do terreno, destaca a fachada sul e oeste, fazendo com
que as mesmas obtenham grande contemplação (Figura 96).
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O S O M D E U M A T E R R A | 91

Figura 96 - Ponto 3

Fonte: Acervo Pessoal, Adaptado pela autora, 2014

O ponto 4, bem próximo do ponto 3, destaca a grande parte da fachada sul


onde essa visualização, como já foi observado, é proporcionada pela grande área
central encontrada nesta área (Figura 97).

Figura 97 - Ponto 4

Fonte: Acervo Pessoal, Adaptado pela autora, 2014

No ponto 5 podemos observar a parte da fachada sul que não possui


visualização através da área central do giradouro. Esta parte possui barreira de
visualização contendo uma edificação em frente (Figura 98).

Figura 98 - Ponto 5

Fonte: Acervo Pessoal, Adaptado pela autora, 2014


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O ponto 6 nos mostra, através da Travessa São Lourenço, toda a fachada sul
do terreno. Sendo esta a via de maior fluxo e a fachada de maior contemplação, a
concepção arquitetônica poderá aproveitar esta visualização na composição estética
e volumétrica e nos acessos de pedestres (Figura 99).

Figura 99 - Ponto 6

Fonte: Acervo Pessoal, Adaptado pela autora, 2014

O ponto 7 nos mostra a esquina do terreno (face sudeste) e a Travessa São


Lourenço. O acesso por esta rua possui um fluxo pequeno, sendo assim, a fachada
leste onde está inserida poderá receber o acesso para veículos, o que não causará
conflito no fluxo devido à pouca movimentação da rua (Figura 100).

Figura 100 - Ponto 7

Fonte: Acervo Pessoal, Adaptado pela autora, 2014

Através desta análise foi possível perceber que por ocupar uma quadra o
terreno possui como ponto positivo a visualização em quaisquer acessos pelas vias
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O S O M D E U M A T E R R A | 93

locais, sendo então a fachada sul de maior contemplação pela extensa área livre
que possui nesta frente. Desta forma a edificação poderá ter fachada frontal para a
rua Pedro Firmino. A fachada leste poderá receber o acesso de veículos devido ao
pequeno fluxo deles, e acessos para pedestres através das fachadas sul.

5.3. ANÁLISE 03: CONDICIONANTES FÍSICOS E AMBIENTAIS

O terreno situa-se no centro da cidade de Belo jardim, como analisamos o seu


entorno é composto por equipamentos com usos diversificados, tais equipamentos
cercam o terreno interferindo assim na ventilação e insolação que recebera.

A análise abaixo mostra como a ventilação e a insolação se distribuiriam no


terreno caso não houvessem barreiras físicas (Figura 101). Então, a face nordeste
recebe 30% da ventilação enquanto a face sudeste recebe 70% da ventilação.

Figura 101 - Representação das zonas de ventilação e insolação

Fonte: Elaborada pela autora, 2014

Entretanto, as tipologias das edificações que cercam o terreno servem como


barreiras para o recebimento dos condicionantes ambientais. No lado leste as
edificações variam de um à quatro pavimentos (Figura 102), sendo esta a maior
barreira e o lado que receberá a maior incidência dos ventos (Figura 103). Portanto,
na concepção do projeto é válido atentar para esta problemática. O lado oeste
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O S O M D E U M A T E R R A | 94

possui tipologia das edificações entre um e dois pavimentos (Figura 102). Sendo o
lado mais quente do terreno deve-se haver a preocupação de criar barreiras físicas
de insolação. Este lado possui edificações até a metade do terreno, a outra metade
é composta por uma área aberta ao rio Bituri, onde há vegetação porém não faz
proteção necessária contra a insolação (Figura 103).

Figura 102 - Plano de massas do entorno do terreno

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Figura 103 - Ação da insolação e da ventilação no terreno

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Através desta análise é possível concluir que o posicionamento dos


ambientes deverão adequar-se à essas ações naturais, deste modo, os ambientes
deverão ser dispostos de forma que contemple a ação dos ventos com aberturas ou
vãos livres e proteja-se da ação da insolação com barreiras físicas.
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5.3. ANÁLISE 03: CONDICIONANTES LEGAIS

Para obter o projeto final em condições apropriadas, faz-se necessário a


adequação do mesmo às diretrizes impostas pelas legislações específicas. Para isso
será necessária a utilização das recomendações adotadas no Código de Obras
Municipal e no Plano Diretor de Belo Jardim, assim como na normatização NBR
9050 - Acessibilidade - e no Código de Segurança contra Incêndio e Pânico para o
Estado de Pernambuco - COSCIP.

 CÓDIGO DE OBRAS MUNICIPAL

O Código de Obras Municipal de Belo Jardim (2013) "estabelece normas para


elaboração de projetos, licenciamento, execução, reforma, reconstrução, demolição,
instalações e equipamentos, em seus aspectos técnicos, estruturais e funcionais".

A tabela abaixo expõe os artigos que serão consultados para o planejamento


do Centro Cultural de Música referentes às normas contidas no Código de Obras
Municipal de Belo Jardim (Figura 104).

Figura 104 - Tabela síntese do Código de Obras de Belo Jardim


CAPÍTULO
ARTIGO DESCRIÇÃO
SEÇÃO
As paredes de fachada em edificações que podem ser
construídas no alinhamento do logradouro, ficam sujeitas a
condições que poderão ter saliências em balanço em
relação ao alinhamento do logradouro, quando: I- formem
molduras ou motivos arquitetônicos, e que não constituam
CAPÍTULO VI
área de piso; II - não ultrapassem, em suas projeções, no
Das Normas
Técnicas plano horizontal, o limite máximo de 0,30cm (trinta
Art. 129
SEÇÃO III centímetros), em relação ao alinhamento do logradouro; III -
Dos Pisos e
estejam situadas à altura de 2,80cm (dois metros e oitenta
Paredes
centímetros) acima de qualquer ponto do passeio público;
IV - sirvam para instalações de aparelhos de ar
condicionado, desde que possuam drenagem, não devendo
esta, em hipótese alguma, atingir o logradouro público.

É livre a composição das fachadas desde que sejam


CAPÍTULO VI Art. 136. garantidas as condições térmicas, de iluminação e acústica
Das Normas
Técnicas internas dos imóveis, conforme exigências deste Código, do
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O S O M D E U M A T E R R A | 96

SEÇÃO V Código de Posturas, da ABNT e considerando sua


Das Fachadas, compatibilidade com a paisagem urbana.
beirais, corpos em
balanço e
marquises
SUBSEÇÃO I
Das Fachadas

No cálculo do número de vagas de garagem ou


estacionamento para o uso não residencial deverá ser
Art. 209. considerada a área total de construção e devem ser
Inciso VII observadas as seguintes determinações: VII - Outros Usos:
CAPÍTULO VI 01 vaga para cada 50,00m² (cinqüenta metros quadrados)
Da Classificação de área construída.
e das Normas
SUBSEÇÃO VI Em todos os estacionamentos públicos e coletivos nos usos
Das áreas para não habitacionais, deverão ser previstas vagas para
guarda ou portadores de deficiência, inclusive mobilidade, com
estacionamentos dimensões mínimas de 2,50m x 5,50m (dois metros e
Art. 212.
públicos cinqüenta centímetros por cinco metros e cinqüenta
centímetros), na proporção de 1% (um por cento) da
capacidade total, sendo de 01 (uma) vaga, o mínimo
exigido, com espaçamento mínimo de 1,20m (um metro e
vinte) entre os veículos e marcação própria no piso.

CAPÍTULO VI
Da Classificação São as edificações que se destinam aos usos de educação,
e das Normas pesquisa, saúde, cultura, religião, recreação, lazer e
Art. 216.
SEÇÃO VII esporte e se caracterizam por disporem de locais para
Dos usos reunião de grande número de pessoas.
especiais

CAPÍTULO VI As edificações destinadas a locais de reunião podem ser


Da Classificação Art. 217. classificadas em: III - culturais: cinemas, teatros, auditórios,
e das Normas Inciso III centros de convenções, museus, bibliotecas, salas públicas
SEÇÃO VII e congêneres;
Dos usos
especiais Os seguintes requisitos básicos deverão ser levados em
SUBSEÇÃO I Art. 218. conta para as edificações deste tipo: I- dimensionamento; II
Dos locais de - circulação de acesso; III - condições de visibilidade; IV -
reunião espaçamento entre filas de assentos; V- locais de espera;
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O S O M D E U M A T E R R A | 97

VI - instalações sanitárias; VII - lotação; VIII - capacidade


máxima de circulação de pedestres.

Além das disposições deste Código que lhes forem


aplicáveis, os locais de reunião deverão possuir: I-
instalação preventiva contra incêndio; II - instalações
Art. 219. sanitárias para o público separadas por sexo; III -
estacionamento para veículos numa proporção de uma
vaga para cada 05 (cinco) assento.

As instalações sanitárias dos locais de reunião deverão


obedecer ao mínimo de: 1 (um) lavatório, 1 (um) vaso
sanitário para cada 100 (cem) pessoas e 1 (um) mictório
Art. 225.
para cada 200 (duzentos) espectadores do sexo masculino
e 1 (um) lavatório e 1 (um) vaso sanitário para cada 100
(cem) espectadores do sexo feminino.

Os locais de reunião destinados a teatros, cinemas,


auditórios, centros de convenções, salões de exposições,
deverão possuir obrigatoriamente: I - equipamentos de ar
condicionado que deverão atender aos padrões de
qualidade de ar, quando sua capacidade for de mais de 300
(trezentas) pessoas; II - sistema de renovação de ar,
Art. 227.
quando sua capacidade for inferior a 300 (trezentas)
pessoas; III - instalação de prevenção contra incêndio,
independentemente da capacidade; IV - rampas e demais
formas de acessibilidade aos portadores de deficiência,
inclusive com dificuldades de mobilidade, através da
criação de locais adequados e reservados a eles.

CAPÍTULO IX
Os locais de espetáculos, conferências, aulas e outros de
Das circulações e
natureza similar, deverão dispor de espaços reservados
acessos
para pessoas que utilizam cadeiras de rodas e de lugares
SEÇÃO II DA Art. 273.
específicos para pessoas com deficiência auditiva e visual,
Acessibilidade de
inclusive para o acompanhante, de modo a facilitar- lhes as
pessoas
condições de acesso, circulação e comunicação.
portadoras de
deficiência
Fonte: Código de Obras de Belo Jardim. Adaptado pela autora, 2014
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 98

Esta tabela proporcionará subsídio para a elaboração do anteprojeto


arquitetônico que atenderá às normas e recomendações da legislação presente
neste Código de Obras Municipal.

 PLANO DIRETOR MUNICIPAL

O escolhido para o equipamento proposto está situado na Zona Centro I (ZC


I), segundo o Plano Diretor da cidade de Belo Jardim (2007), a área se caracteriza
pela concentração de comercio e serviço, devendo os seus parâmetros buscar a
preservação de suas características morfológicas e tipológicas.

Os parâmetros urbanísticos para o lote são:

- Diretrizes: Ocupação em acordo com as características


existentes na zona

- Afastamentos:
Frontal: Alinhamento Predominante
Lateral: Alinhamento Predominante
Fundos: 3,0m

- Taxa de Solo Natural: 25%

- Gabarito (m): 7,5m (máximo)

Estas informações obtidas através do Plano Diretor de Belo Jardim servirão


de embasamento para a elaboração do anteprojeto arquitetônico, tendo em vista que
a área livre para construção será resultado da inserção dos parâmetros urbanísticos
apresentados acima.
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 99

 NORMA ABNT - NBR 9050

Esta norma "estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados


quando do projeto, construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário,
espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade." Visando
"proporcionar à maior quantidade possível de pessoas, independentemente de
idade, estatura ou limitação de mobilidade ou percepção, a utilização de maneira
autônoma e segura do ambiente, edificações, mobiliário, equipamentos urbanos e
elementos." (NBR 9050, 2004)

A simbologia internacional de acesso "consiste em pictograma branco sobre


fundo azul (referência Munsell 10B5/10 ou Pantone 2925 C)" (Nbr 9050, 2004) Este
símbolo pode ser representado em branco e preto e a figura deve estar sempre
voltada para o lado direito (Figura 105).

Figura 105 - Símbolo Internacional de Acesso

Fonte: NORMA ABNT - NBR 9050 Acesso em 22 mai. 2014

Estes símbolos, de acordo com a NBR 9050, deverão ser fixados em locais
visíveis ao público, sendo utilizados, quando acessíveis, principalmente nos
seguintes locais:

a) entradas;

b) áreas e vagas de estacionamento de veículos;

c) áreas acessíveis de embarque/desembarque;

d) sanitários;

A tabela a seguir exporá as recomendações principais para a acessibilidade


adequada na instalação do equipamento cultural.
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Figura 106 - Tabela síntese da NORMA ABNT - NBR 9050

SÍNTESE DA NORMA ABNT - NBR 9050

ACESSOS Todas as entradas devem ser acessíveis

Os corredores devem ser dimensionados de acordo com o fluxo de


pessoas, assegurando uma faixa livre de barreiras ou obstáculos,
conforme 6.10.8. As larguras mínimas para corredores em edificações
e equipamentos urbanos são:
a) 0,90 m para corredores de uso comum com extensão até 4,00 m;
CIRCULAÇÃO b) 1,20 m para corredores de uso comum com extensão até 10,00 m; e
1,50 m para corredores com extensão superior a 10,00 m;
c) 1,50 m para corredores de uso público;
d) maior que 1,50 m para grandes fluxos de pessoas, conforme
aplicação da fórmula apresentada em 6.10.8.

As rampas devem ter inclinação de acordo com os limites


estabelecidos na tabela 5. Para inclinação entre 6,25% e 8,33%
devem ser previstas áreas de descanso nos patamares, a cada 50 m
de percurso.

CIRCULAÇÃO
As dimensões dos pisos e espelhos devem ser constantes em toda a
VERTICAL
escada, atendendo às seguintes condições:
a) pisos (p): 0,28 m < p < 0,32 m;
b) espelhos (e) 0,16 m < e < 0,18 m;
c) 0,63 m < p + 2e < 0,65 m.

As vagas para estacionamento de veículos que conduzam ou sejam


conduzidos por pessoas com deficiência devem:
a) ter sinalização horizontal;
b) contar com um espaço adicional de circulação com no mínimo 1,20
m de largura, quando afastada da faixa de travessia de pedestres.
VAGAS PARA
Esse espaço pode ser compartilhado por duas vagas, no caso de
VEÍCULOS
estacionamento paralelo, ou perpendicular ao meio fio, não sendo
recomendável o compartilhamento em estacionamentos oblíquos;
c) ter sinalização vertical para vagas em via pública e para vagas fora
da via pública;
d) quando afastadas da faixa de travessia de pedestres, conter espaço
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O S O M D E U M A T E R R A | 101

adicional para circulação de cadeira de rodas e estar associadas à


rampa de acesso à calçada;
e) estar vinculadas a rota acessível que as interligue aos pólos de
atração;
f) estar localizadas de forma a evitar a circulação entre veículos.

Os sanitários e vestiários acessíveis devem localizar-se em rotas


acessíveis, próximos à circulação principal, preferencialmente próximo
ou integrados às demais instalações sanitárias, e ser devidamente
sinalizados conforme 5.4.4.2.

Os boxes para bacia sanitária devem garantir as áreas para


transferência diagonal, lateral e perpendicular, bem como área de
SANITÁRIOS E manobra para rotação de 180º, conforme figura 125.

VESTIÁRIOS Quando houver mais de um boxe acessível, as bacias sanitárias, áreas


de transferência e barras de apoio devem estar posicionadas de lados
diferentes, contemplando todas as formas de transferência para a
bacia.
Os cinemas, teatros, auditórios e similares devem possuir, na área
destinada ao público, espaços reservados para P.C.R., assentos para
P.M.R. e assentos para P.O., atendendo às seguintes condições:
a) estar localizados em uma rota acessível vinculada a uma rota de
fuga;
b) estar distribuídos pelo recinto, recomendando-se que seja nos
diferentes setores e com as mesmas condições de serviços;
LOCAIS DE REUNIÃO c) estar localizados junto de assento para acompanhante, sendo no
Cinemas, teatros, mínimo um assento e recomendável dois assentos de acompanhante;
auditórios e similares d) garantir conforto, segurança, boa visibilidade e acústica;
e) estar instalados em local de piso plano horizontal;
f) ser identificados por sinalização no local e na bilheteria, conforme
5.4.1;
g) estar preferencialmente instalados ao lado de cadeiras removíveis e
articuladas para permitir ampliação da área de uso por acompanhantes
ou outros usuários (P.C.R. ou P.M.R.)

Quando houver desnível entre o palco e a platéia, este pode ser


PALCO E
vencido através de rampa com as seguintes características:
BASTIDORES
a) largura de no mínimo 0,90 m;
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O S O M D E U M A T E R R A | 102

b) inclinação máxima de 1:6 (16,66%) para vencer uma altura máxima


de 0,60 m;
c) inclinação máxima de 1:10 (10%) para vencer alturas superiores a
0,60 m;
d) ter guia de balizamento, não sendo necessária a instalação de
guarda-corpo e corrimão.

Os restaurantes, refeitórios e bares devem possuir pelo menos 5% do


total de mesas, com no mínimo uma, acessíveis a P.C.R., conforme
RESTAURANTES, 9.3.
REFEITÓRIOS, BARES As mesas devem ser distribuídas de forma a estar integradas às
E SIMILARES demais e em locais onde sejam oferecidos todas as comodidades e
serviços disponíveis no estabelecimento.

Os elementos da vegetação tais como ramos pendentes, plantas


VEGETAÇÃO entouceiradas, galhos de arbustos e de árvores não devem interferir
com a faixa livre de circulação.
Fonte: NORMA ABNT - NBR 9050

A tabela da síntese obtida proporcionará subsídios para o planejamento do


anteprojeto, tendo em vista que nela está contida as principais normas dos
ambientes que compõem a proposta do centro cultural, como os locais de
apresentações o palco e os ambientes de convivência, como o restaurante.

 COSCIP - Código de Segurança contra Incêndio e Pânico

O Código de Segurança contra Incêndio e Pânico "regulamenta o Decreto-lei


nº 247, de 21-7-75, fixa os requisitos exigíveis nas edificações e no exercício de
atividades, estabelecendo normas de Segurança Contra Incêndio e Pânico, no
Estado do Rio de Janeiro, levando em consideração a proteção das pessoas e dos
seus bens

Figura 107 - Tabela de Sítese do COSCIP

SÍNTESE DO CÓDIGO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO

Quanto à determinação de medidas de Segurança Contra


Incêndio e Pânico, as edificações serão assim
CAPÍTULO III Art. 9º classificadas: IX -De Reunião de Público (cinemas,
Da Classificação das teatros, igrejas, auditórios, salões de exposição, estádios,
Edificações Inciso IX boates, clubes, circos, centros de convenções,
restaurantes e congêneres)
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 103

Edificações mistas, públicas, comerciais, industriais e


escolares atenderão às exigências deste artigo:
I – A edificação com o máximo de 2 (dois) pavimentos e
área total construída até 900m2 (novecentos metros
quadrados) é isenta de Dispositivos Preventivos Fixos
Contra Incêndio;
II – Para a edificação com o máximo de 2 (dois)
pavimentos e área total construída
superior a 900m2 (novecentos metros quadrados), bem
como para todas as de 3 (três) pavimentos, será exigida a
Canalização Preventiva Contra Incêndio prevista no
capítulo VI;

Nas edificações destinadas a locais de reunião de público,


o dimensionamento da largura das escadas deverá
atender ao fluxo de circulação de cada nível, somado ao
do nível contíguo superior, de maneira que, no nível das
saídas para o logradouro, a escada tenha sempre a
largura correspondente à soma dos fluxos de todos os
níveis;
g) as escadas de acesso aos locais de reunião de público
deverão atender aos seguintes requisitos:
1) Ter largura mínima de 2m (dois metros) para a lotação
até 200 (duzentos) pessoas. Acima deste limite, será
exigido o acréscimo de 1m (um metro) para cada 100
(cem) pessoas.
3) Os degraus terão altura máxima de 18,5cm (dezoito
centímetros e meio), profundidade mínima de 25cm (vinte
e cinco centímetros), e serão dotados de espelho;
4) As escadas não poderão ter seus degraus
balanceados, ensejando a formação de “leques”;
i) entre as filas de cadeiras de uma série, deverá existir
um espaço mínimo de 90cm (noventa centímetros), de
encosto a encosto, entre as séries de cadeiras, deverá
existir espaço livre de, no mínimo, 1,20m (um metro e
vinte centímetros) de largura;
j) O número máximo de assentos por fila será de 15
(quinze) e por coluna de 20 (vinte), constituindo séries de
300 (trezentos) assentos no máximo;
l) Não serão permitidas séries de assentos que terminem
CAPÍTULO XII Art. 15º junto às paredes, devendo ser mantido um espaço de, no
mínimo, 1,20m (um metro e vinte centímetros) de largura;
Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico (COSCIP)
m) Para o público haverá sempre, no mínimo, uma porta
de entrada e de saída do recinto, situadas em pontos
distantes, de modo a não haver sobreposição de fluxo,
com largura mínima de 2m (dois metros). A soma das
larguras de todas as portas equivalerá a uma largura total
correspondente a 1m (um metro) para cada 100 (cem)
pessoas;
z) As lotações máximas dos salões diversos, desde que
as saídas convencionais comportem, serão determinadas
admitindo-se, nas áreas destinadas a pessoas sentadas,
1 (uma) pessoa para cada 70cm² (setenta centímetros
quadrados) e, nas áreas destinadas a pessoas em pé, 1
(uma) para cada 40cm² (quarenta centímetros
quadrados); não serão computadas as áreas de
circulação e “halls”
Fonte: COSCIP / Adaptado pela autora, 2014
TERRA DE MÚSICOS

O S O M D E U M A T E R R A | 104

A concepção do anteprojeto arquitetônico final deverá cumprir as normas


exigidas pelo COSCIP apresentadas na tabela acima, tendo em vista que poderá
seguir a tipologia horizontal cuja norma exige reserva de incêndio para edificações
acima de quatro pavimentos.

5.5. PROGRAMA E PRÉ-DIMENSIONAMENTO

O programa e pré-dimensionamento foram elaborados a partir das análises


dos estudos de caso apresentados neste trabalho, entretanto não foi possível ter
acesso às dimensões de alguns ambientes, como também os estudos não
depuseram de ambientes que foram necessário serem adotados para o Centro
Cultural de Música, portanto foram utilizadas como referência para alguns ambientes
às normas analisadas no sub capítulo dos condicionantes legais.

O programa foi subdividido em três setores, sendo eles o setor de usos


específicos, o setor social e o setor de Serviço. O setor de usos específicos
comporta os ambientes cujas atividades são específicas para os músicos, sendo
eles as sala de oficinas que funcionarão também como salas de aula, um estúdio de
gravação, a sala de experimento; que embora seja aberta ao público será destinada
a quem quer conhecer os instrumentos musicais, a sala de ensaio e o camarim de
apoio ao auditório.

O Setor de uso social consiste em ambientes abertos ao público em geral,


onde comportará um auditório para 200 pessoas, um espaço para exposições
temporárias, o espaço de apresentações que terá a dinâmica entre o público e a
plateia, a midiateca contendo um acervo alusivo à música, um restaurante, uma loja
de instrumentos musicais e 5 cabines de Karaokê.

O Setor de serviço comportará as instalações de uso social como os


banheiros e de usos restritos do equipamento, onde se encontrarão a guarita, a sala
do administrativo, a sala de segurança e os espaços destinados à depósito, lixo e
gás.
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A tabela abaixo apresenta o programa dos três setores, assim como o pré-
dimensionamento dos ambiente e as referencias utilizadas como embasamento para
a elaboração dos mesmos.

Figura 108 - Tabela de Programa e Pré-dimensionamento


PRÉ-
PROGRAMA REFERÊNCIA OBS.
DIMENSIONAMENTO
ESTUDO DE PARA 30
2 SALAS DE OFICINAS 120m² cada
SETOR DE USOS ESPECÍFICOS

CASO 03 PESSOAS CADA

50m² - -
ESTÚDIO
ESTUDO DE INSTRUMENTOS
SALA DE EXPERIMENTO 100m²
CASO 03 MUSICAIS
PARA BANDAS
SALA DE ENSAIO 100m² -
E CORAIS
ESTUDO DE
CAMARIM 25m² -
CASO 01
ESTUDO DE PARA 200
300m³
AUDITÓRIO CASO 01 PESSOAS
ESPAÇO PARA ESTUDO DE
120m² -
EXPOSIÇÃO CASO 03

ESTUDO DE CASO PARA 280


ESPAÇO DE 300m²
SETOR DE USO SOCIAL

02 PESSOAS
APRESENTAÇÕES

35m² - -
MIDIATECA

CAFÉ 40m² NEUFERT -

LOJA DE 35m² - -
INSTRUMENTOS
1 PESSOA
ESTUDO DE
6m² cada POR CABINE
5 KARAOKÊS CASO 03

Referente a 1
bateria com dois
SETOR SERVIÇO

ESTUDO DE box masc. dois


2 WC'S 35m² cada CASO 01 box fem. e dois
box para
deficientes

16m² -
ADMINISTRATIVO NEUFERT
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Código de Obras Estimula


6,25m²
GUARITA Municipal 3,50m² sem WC
Estimula
Código de Obras
9m² 7,50m²
DEPÓSITO Municipal
(mínimo)

6,25m² - -
LIXO

6,25m² - -
GÁS

9m² - -
SALA DE SEGURANÇA
1 vaga a cada
Código de Obras
13.75m² cada 50m² =
ESTACINAMENTO Municipal
29 vagas
ÁREA TOTAL DA EDIFICAÇÃO 1.557,75m²
ÁREA TOTAL DE ESTACIONAMENTO 398,75m²
Fonte: Elaborada pela autora, 2014

A área da edificação totalizou em 1.557,75m² (mil quatrocentos e cinquenta e


sete metros quadrados). E de acordo com o Código de Obras Municipal, que estipula
1 vaga de estacionamento a cada 50m² construídos e estipula também o espaço
mínimo de cada vaga: 13,75; a área de estacionamento referente à 29 vagas
totalizou em 398,75m². Entretanto este total não conta com a área de manobras e
circulação, então será utilizado o mínimo de 25m² para cada vaga, contando com a
área de manobra e circulação, desta forma a área total de estacionamento passa a
obter 725m².

De acordo com o Plano Diretor a Taxa de Solo Natural exigida nesta zona é
de 25% o que ocupará 1.403m² do terreno. Quanto a taxa de ocupação do solo,
como não é especificada nas Normas Municipais será considerada de acordo com
os afastamentos.

5.6. ORGANOFLUXOGRAMA

O organofluxograma se refere à junção do organograma e fluxograma, essa


junção resulta num diagrama disposto dos setores que visam a conexão e fluxos
entre eles. O diagrama é elaborado a partir do programa apresentado onde os
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ambientes são separados em seus devidos usos e dispostos de maneira que


evidencie, quando necessário, seus acessos.

Figura 109 - Organofluxograma Térreo

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

A partir deste organofluxograma podemos observar que os setores foram


separados por seus devidos usos, onde o setor social se concentra ao sul do terreno
sendo este o acesso principal. É neste setor também que se concentram os maiores
fluxos, sendo intenso no mesmo, médio no setor de usos específicos e pequeno
para os setores de serviço.
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5.6. ZONEAMENTO

O zoneamento refere-se a separação das área destinadas para os usos


específicos. Desta forma os setores de serviço, social e específicos assim como os
acessos à estes setores, foram separados de acordo com a análise dos
condicionantes e a visão serial.

Figura 110 - Zoneamento

Fonte: Prefeitura de Belo Jardim. Adaptado pela autora, 2014

O setor social está posicionado ao sul do terreno pois, como podemos


observar nas análises da Visão Serial e dos fluxos, é a área de melhor acesso, por
este motivo também será o acesso principal. Este setor receberá ação dos ventos e
da insolação, portanto deverá obter a melhor solução para estes fatores na
concepção do projeto.

O setor de usos específicos está posicionado no centro do terreno juntamente


com um pátio interno que terá a função de captar os melhores ventos para este setor
e também para o setor social, devendo ter soluções para a insolação no lado oeste.

O setor de serviço está posicionado no oeste do terreno, entretanto o


estacionamento (no leste), por não haver barreiras físicas sendo uma área livre,
poderá proporcionar ventilação pelo leste do terreno. O acesso de veículos será feito
pelo leste devido ao fato de ser a rua de menor fluxo, da mesma forma o de serviço
será feito pelo oeste devido ao fato de ser uma rua de fluxo médio.
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6. PLANO DE EXPOSIÇÃO TG2

6.1. SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................7
2. REFERÊNCIAL TEÓRICO.....................................................................................17
2.1. CULTURA COMO FATOR SOCIAL...............................................................17
2.1.1. MÚSICA ENQUANTO CULTURA.........................................................23
2.2. CENTRO CULTURAL....................................................................................28
2.2.1. CENTROS CULTURAIS DO BRASIL....................................................28
2.3. O CENTRO COMO CATALISADOR DA VIDA URBANA..............................35
2.4. OS ESPAÇOS PARA A MÚSICA.................................................................44
3. ESTUDOS DECASO.............................................................................................45
3.1. ESTUDO 01: Centro Cultural Roberto Gritti, Ranica, Itália...........................45
3.2. ESTUDO 02: Museu da Imagem e do Som, Rio de Janeiro.........................55
3.3. ESTUDO 03: Cais do Sertão Luiz Gonzaga, Recife.....................................65
3.4. Análise comparativa dos estudos de caso....................................................75
4. ETAPAS PROJETUAIS ........................................................................................77
4.1. ANÁLISE 01: ESTUDO DO CONTEXTO URBANO......................................77
4.2. ANÁLISE 02: ESTUDO DO TERRENO.........................................................83
4.3. ANÁLISE 03: CONDICIONANTES FÍSICOS E AMBIENTAIS.......................87
4.4. ANÁLISE 04: CONDICIONANTES LEGAIS..................................................91
4.5. PROGRAMA E DIMENSIONAMENTO..........................................................95
4.5. ORGANOFLUXOGRAMA..............................................................................98
4.6. ZONEAMENTO..............................................................................................99
5. ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO...................................................................100
5.1. MEMORIAL DESCRITIVO E JUSTIFICATIVO........................................ ..101
5.2. PLANTA DE SITUAÇÃO, LOCAÇÃO E COBERTA...................................102
5.3. PLANTAS BAIXAS......................................................................................103
5.4. CORTES.....................................................................................................104
5.5. FACHADAS.................................................................................................105
5.6. PERSPECTIVAS.........................................................................................106
CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................110
REFERÊNCIAS........................................................................................................116
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6.2. CRONOGRAMA

ATIVIDADES JUL. AGO. SET. OUT. NOV. DEZ.


CORREÇÃO
X
DO TG1
PARTIDO X
PLANTAS X
CORTES X
FACHADAS X
VOLUMETRIA X
MEMORIAL
X
DESCRITIVO
MEMORIAL
X
JUSTIFICATIVO
EDIÇÕES E
X
CORREÇÕES
IMPRESSÃO X
ENTREGA X
DEFESA X
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CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

Como descrito e analisado em todo o trabalho, a importância de um


equipamento cultural que ratifique a cultura local da cidade de Belo Jardim é de total
evidencia, sendo uma cidade reconhecida através de uma cultura que não recebe
qualquer incentivo.

Desta forma podemos analisar, segundo teóricos a significância da cultura na


sociedade e como a mesma pode ser ressaltada em equipamentos como os centros
culturais, que resultam num ponto de encontro dos que compartilham de um mesmo
estilo ou crença. Podemos observar também como os centros de cultura podem
interagir com a vida urbana gerando uma movimentação na economia local através,
especialmente, do turismo cultural.

Através dos estudos de caso, podemos ter como referências equipamentos


culturais que obtiveram êxito tanto em seus funcionamentos quanto na arquitetura.
Os mesmos além de atenderem às necessidades de cada cultura local cumpriram o
papel de serem também catalisadores da vida urbana.

Com as etapas pré-projetuais nos aprofundamos no conhecimento da cidade


de Belo Jardim, fazendo um análise sequencial da cidade, bairro e terreno, onde
podemos observar que o terreno possui um alto potencial gerado pelo entorno onde
está inserido, sendo este de predominância comercial, o que poderá alcançar a
idealização do centro cultural ser um catalisador da vida urbana.

Assim, o trabalho desenvolveu uma análise para um Centro Cultural de


Música na cidade de Belo Jardim, onde todas as etapas contribuíram para o
conhecimento e aprofundamento do tema e contribuirão para o desenvolvimento do
anteprojeto proposto para o trabalho de graduação II.
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O S O M D E U M A T E R R A | 112

REFERÊNCIAS

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