Boa tarde, eu hoje vim falar do papel da imprensa na construção de opiniões, desde que surgiu, a
imprensa está em constante desenvolvimento tentando acompanhar a evolução da atualidade, de
modo a conseguir manter o interesse dos leitores. Num mundo em constante mudança, onde aquilo que é importante hoje já estará esquecido amanhã, é fundamental não parar e, tal como a imprensa fez, é necessário reinventar-se: do jornal em formato papel, já obsoleto foi necessário apostar em novos formatos, para cativar a nova geração de leitores, cada vez mais presa aos ecrãs de toda a espécie. Apesar de mudar o seu formato, o objetivo essencial da imprensa mantem-se: ajuda a formar opiniões, de preferência fundamentadas! Numa sociedade em que as aparências são tão importantes, ninguém quer ser rotulado como o indivíduo que não sabe nada sobre coisa nenhuma... e como vivemos todos a 100 km por hora, a imprensa acaba por ser a “salvadora da humanidade”: em meia dúzia de minutos, basta um telemóvel e uma ligação decente à internet para conseguir aceder às primeiras páginas dos jornais mais importantes, o que nos permite ser “especialistas” em quase todos os temas. Contudo, há sempre um lado menos positivo, associado a esta facilidade de acesso à informação. E esta questão não é recente: já no final do século 19, o grande Eça de Queirós focou esse aspeto n` Os Maias. Na sua obra, por ter noção da forte influência da imprensa na formação da opinião pública, Eça criticou a forma como a imprensa nacional se prostituía, oferecendo as suas páginas a quem pagasse mais, lavando roupa suja alheia, em vez de fazer jornalismo sério. Um claro exemplo é um episódio do jornal “A Corneta do Diabo”, onde Dâmaso Salcede publicou artigo anónimo, a denegrir a imagem de Carlos da Maia por puro despeito! Esta situação só por si já era grave mas ainda fica pior, uma vez que que por meia dúzia de tostões, o editor do jornal revelou a Ega a autoria do artigo. Mesmo sendo rica em “jornalismo” de baixa categoria, a imprensa tinha uma grande influência na opinião pública, tanto que o Ega faz um esforço para comprar toda a tiragem do jornal infame, para evitar que o seu bom amigo Carlos da Maia ficasse difamado em praça pública. Hoje em dia, a imprensa evoluiu de tal forma e apresenta-se em tantos formatos diferentes que o pobre Ega nunca iria ser capaz de parar a divulgação de uma calúnia… nem se gastasse toda a fortuna dos Maias! Apesar disso, podemos evitar formar opiniões erradas, sem ser necessário gastar uma fortuna, basta ter cuidado ao aceder à informação. Numa luta constante para atrair as preferências dos leitores, a imprensa tenta a todo o custo divulgar as notícias o mais rapidamente possível: ser o segundo a divulgar algo, automaticamente mostra ao público que não se estava no local certo, à hora certa! Aproveitando esta curiosidade, muitos são aqueles que tentam fazer o papel da imprensa, divulgando aquilo a que se chamam “fake news”. E estas “fake news” espalham-se com uma velocidade assustadora nesta era digital! Qualquer um de nós já se cruzou com um artigo escrito por “técnicos especialistas” que já publicaram “diversos estudos” e que apresentam as mais diversas opiniões sobre os temas da atualidade. Basta ver a situação atual de pandemia: eu perdi a conta quanto às notícias “credíveis” que garantiam que o Covid tinha sido criado pelo Bill Gates e que as vacinas servem para nos colocar chips, controlados pelas antenas 5G…e certamente não fui a única! Eu tive capacidade de perceber que estava perante uma “fake new”, mas e quem não tem? Acaba por fazer exatamente o que seria esperado, ou seja, divulga as “fake news”, ajudando a criar opiniões pouco fundamentadas e denegrindo a qualidade da imprensa. Afinal, todos nós sabemos que se algo é lido no Facebook é obviamente verdadeiro, certo?