Renascença e Classicismo • Na Itália se inicia um movimento de renovação cultural conhecido como Renascimento. Poetas, filósofos, cientistas, construtores, pintores e escultores resgatam os valores e o jeito de fazer arte dos antigos gregos e romanos. • Era do ANTROPOCENTRISMO: o corpo humano não é mais visto como pecado. O homem é encarado como a maior criação de Deus. Portanto, o que ele tem de diferente dos animais é valorizado = a RAZÃO. • Revolução do pensamento – Científico: heliocentrismo. – Político: absolutismo. – Tecnológico: bússola, pólvora. – Artístico: valorização do corpo (pinturas e esculturas da nudez), valorização da verossimilhança (pintura mais realista), valorização da linguagem trabalhada (versos maiores que a redondilha). Características • RACIONALISMO: mesmo os sentimentos são submetidos ao pensar filosófico. Todos os fenômenos, o mundo, tudo pode e deve ser explicado pela razão. • ANTROPOCENTRISMO: o homem é o senhor da criação, para nela viver, conhecer, dominar e descobrir o Criador. • CLAREZA E EQUILÍBRIO: ideias expressas com exatidão, sem excesso de palavras, sem falar difícil. • INFLUÊNCIA GRECO- ROMANA: os autores se inspiram nos clássicos da Antiguidade. • MITOLOGIA: presença constante do imaginário grego e latino (deuses, ninfas, heróis). • FORMAS CLÁSSICAS: versos decassílabos (medida nova), rimas difíceis. Inventam o soneto (dolce stil nuevo). Classicismo em Portugal • Portugal vivia um período de expansão, conhecido como Grandes Navegações, com colônias espalhadas pela Ásia, África e América. Período de grande riqueza material. • Os autores portugueses tomaram contato com as grandes obras renascentistas italianas. • O introdutor do classicismo em Portugal foi Sá de Miranda, mas seu maior poeta foi Camões. Luís Vaz de Camões (1527?-1580) • Era de uma família nobre decadente, provavelmente frequentou a corte quando jovem. • Foi soldado, perdendo um olho em batalha. • Foi preso e, posteriormente, foi trabalhar nas colônias da China e da Índia. • De volta a Portugal, recebeu uma pensão real por Os Lusíadas, que nunca foi paga regularmente. Morreu na miséria. • Sua poesia pode ser dividida em dois segmentos: • Épica: representada pela epopeia “Os Lusíadas”. • Lírica: conjunto de poemas, em sua maioria sonetos. – A lírica amorosa apresenta o amor ideal, puro, desvinculado do prazer (=neoplatonismo). – A lírica filosófica reflete sobre a vida, a mudança cultural e a falta de lógica na sociedade (“desconcerto do mundo”). Num jardim adornado de verdura, a que esmaltam por cima várias flores, entrou um dia a deusa dos amores, com a deusa da caça e da espessura.
Diana tomou logo uma rosa pura,
Vênus um roxo lírio, dos melhores; mas excediam muito às outras flores as violas, na graça e formosura.
Perguntam a Cupido, que ali estava,
qual daquelas três flores tomaria, por mais suave, pura e mais formosa.
Sorrindo-se, o Menino lhe tornava:
“Todas formosas são; mas eu queria viol' antes que lírio nem que rosa”. Alma minha gentil, que te partiste Tão cedo desta vida, descontente, Repousa lá no Céu eternamente E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente, Não te esqueças daquele amor ardente Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te, Quão cedo de meus olhos te levou. Busque Amor novas artes, novo engenho, para matar me, e novas esquivanças; que não pode tirar me as esperanças, que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças! Que não temo contrastes nem mudanças, andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde Amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que n'alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde, vem não sei como, e dói não sei porquê. Transforma-se o amador na cousa amada, por virtude do muito imaginar; não tenho logo mais que desejar, pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minha alma transformada,
que mais deseja o corpo de alcançar? Em si somente pode descansar, pois consigo tal alma está liada.
Mas esta linda e pura semidéia,
que, como o acidente em seu sujeito, assim co’a alma minha se conforma,
está no pensamento como idéia;
[e] o vivo e puro amor de que sou feito, como matéria simples busca a forma. Para terminar... • Monte Castelo – música da Legião Urbana que mistura a carta de Paulo aos coríntios e o soneto mais famoso de Camões - https://www.youtube.co m/watch?v=m6HuPuws Xe8