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Instituto

de Permacultura da Pampa - 21 anos


Escola Rama - 11 anos
aula 1
workshop

INSTITUTO DE PERMACULTURA DA PAMPA - ESCOLA RAMA

TATI E JOÃO ROCKETT


ensinam
VIVER NO CAMPO @rama.permacultura

@rama.permacultura
www.ipep.org.br
Instituto de Permacultura da Pampa | Escola Rama Vida Integral

idealização, conceituação, textos e imagens


TATIANA CAVAÇANA e JOÃO ROCKETT

Todos os direitos reservados.


Material exclusivo do Workshop Tati e João Rockett ensinam Viver no Campo
Citação e referência permitidas citando-se a fonte.
Editora Rama Permacultura
www.ipep.org.br | www.vivernocampo.com.br
instagram: @rama.permacultura

Este é um material original e exclusivo do workshop Viver no Campo, elaborado e


ministrado por João Rockett e Tatiana Cavaçana a partir da experiência real de 3
décadas de trabalho. Ele vem sendo amplamente copiado sem a atribuição das fontes,
sugerimos, caso aprecie este curso, este material e queira difundir as informações,
citar as fontes conforme as leis de direitos de propriedade intelectual ordenam, e
conforme a ética básica e o respeito elementar. Desenvolver o discernimento é
importante para aprender e para beber das fontes originais ao invés de enveredar por
imitações, adaptações e adulterações de conhecimentos que, quando devidamente
transmitidos, têm o poder de transformação e de criação de futuros mais desejáveis.
JOÃO ROCKETT é pioneiro na introdução da
Permacultura no Brasil. Fundador-diretor do Instituto de
Permacultura da Pampa - IPEP (2000), criou e coordenou
dezenas de projetos de difusão e implantação da Permacultura
em diferentes biomas no Brasil e no exterior. É agricultor-
pesquisador, escritor e produtor de sementes orgânicas e
alimentos orgânicos desde 1983. Criou a BioNatur para resgate e
produção de sementes agroecológicas (1996), atua como
permacultor diplomado por Bill Mollison desde 1998. Liderou
diversos projetos de recuperação de áreas degradadas e
reflorestamentos, capacitou centenas de agricultores e
permacultores no Brasil, na África e na Índia. É consultor e
instrutor em agroecologia, Permacultura, manejo de resíduos,
água e bioconstrução. Dedica-se especialmente à produção
agroecológica de sementes, de grãos e de hortaliças, à ciência do
campo, ao trabalho com cavalos.

TATIANA CAVAÇANA dirige o Instituto de Permacultura


da Pampa - IPEP, desde 2010. É consultora em Permacultura,
planejamento, sensibilização e educação ambiental, coordenou
diversos projetos de sustentabilidade rural, manejo integrado no
campo e difusão de ferramentas e conceitos para Viver no
Campo. É engenheira agrônoma com especialização em
agricultura biodinâmica (2017), permacultora (2010), designer e
projetista industrial (1999). É fundadora da Editora Rama
(2019), da Cia. Stromboli (1996-2011), da Escola Rama Vida
Integral de educação ambiental e desenvolvimento humano
(2011) e do projeto Materama Design de fotografia e
fenomenologia (2012 - www.materama.com.br).

@rama.permacultura
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www.vivernocampo.com.br @raminho.verde 3
dar o primeiro passo
Decisão é fundamental para qualquer coisa na vida. Muitos dos que pensam em mudar de cidade, em ir para o campo, em
mudar de emprego ou sobre qualquer coisa em suas vidas, sentem insegurança e não dão passos rumo à mudança. A dúvida é um
grande problema quando permanecemos nela. Questionar, avaliar e tomar algum rumo é positivo, mas demorar na dúvida é
extremamente danoso. Quanto mais parado na dúvida, tanto mais o problema aumenta, pois, quando estamos diante de uma
escolha, temos muita energia. A energia que precisamos e que temos naturalmente para fazer algo ou para escolher um caminho,
quando não é direcionada para nossos propósitos, pode sair por qualquer lado e de qualquer jeito, se esse processo se repete
maus hábitos se consolidam e passamos a permanecer indecisos e cheios de dúvidas.
Energia é potencial de trabalho. Quando o potencial não é conduzido para uma escolha consciente ele sai por escapes para
aliviar a tensão e desopilar. Porém, nem sempre trazem resultados e transformações reais, aliás raramente. Dar soluções
provisórias e desviar a atenção do problema alivia a pressão por um tempo, mas, não resolve e não realiza o que você realmente
quer e precisa fazer. Para piorar, isso cria dívida para o futuro, pois permanecer na dúvida e não decidir é procrastinar, é deixar
para depois o que deveria ser feito agora e jogar a vida de hoje para ser vivida no futuro.
Para sair da dúvida, da insegurança e da procrastinação, basta um pequeno passo. Um pequeno movimento desencadeia
muitos processos, e cada vez fica mais fácil chegar num outro ponto. Se o ponto que você deseja chegar é Viver no Campo comece
buscando informação e fazendo algo prático. Quando você está caminhando, e, lembra de olhar para trás, percebe que, de passo
em passo, você percorreu longa distância e que o tempo passou. Seu caminho te levou onde queria chegar ou te levou na direção
oposta?

"A BilosoBia da Permacultura é de trabalhar com, e não contra, a natureza; de


observação prolongada e pensativa ao invés da contínua ação irreBletida; de
olhar para os sistemas em todas as suas funções em vez de exigir somente o
desempenho; e de permitir que os sistemas demonstrem sua própria evolução."
Bill Mollison (1928-2016) criador da Permacultura
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Horta de superexistência do Instituto de Permacultura da Pampa - Escola Rama - Bagé - Brasil
Por isso que a busca por viver no campo, começa com uma verdadeira investigação pessoal. É necessário:
1. saber quais as suas habilidades, vontades, vocações e as daquelas pessoas que vivem com você.
2. buscar informações sobre o ambiente e sobre as formas que se pode viver bem no campo.
3. combinar suas habilidades com as informações, conceitos e técnicas que compartilhamos e definir planos.
Tudo começa com seu projeto pessoal e com as informações sobre as ferramentas disponíveis e com um plano com o qual
você esteja comprometido.
Oferecemos essas ferramentas compartilhando o que nossa experiência e o que a Permacultura oferecem: uma plataforma
de conceitos e técnicas para criar sua vida no campo trabalhando a favor da natureza, e não contra.
Existem muitas visões restritas sobre viver no campo. Alguns só veem possibilidades no agronegócio de commodities da
monocultura com veneno, outros veem a vida no campo como lugar para ficar trabalhando sem parar e nunca ter rendimentos
suficientes. Isso são extremos, entre uma coisa e outra existem inúmeras oportunidades de estilos de vida e de negócios rentáveis.
Nossa experiência, e a de muitos outros, provam que existem muitas alternativas aos esteriótipos difundidos e praticados que se
cristalizaram nas mentes impedindo uma visão mais real das possibilidades e das oportunidades. Essas visões impedem o
desenvolvimento de uma vida no campo em harmonia com a natureza, e resultam em contaminação, degradação e abandono de
terras e pobreza.
Muitos dos que já vivem no campo organizam e desenvolvem suas atividades dentro de conceitos e práticas limitantes,
comumente é por causa de desinformação, por isso atendemos e ajudamos, durante os últimos de 20 anos, diferentes unidades
rurais a alavancarem melhor desempenho com menor custo: unidades rurais familiares, patronais, reservas extrativistas, reservas
particulares, sítios, fazendas e ecovilas, otimizando e transformando as condições já existentes no campo, implementando
negócios rurais e concatenando produção e comércio, mudando tudo para melhor através da aplicação de conceitos e técnicas
desenvolvidos nesse tempo de trabalho e com ferramentas fundamentais da Rama Permacultura, a fim de que a produtividade e o
estilo de vida desejados sejam alcançados conforme cada terreno e cada condição. Vamos compartilhar algumas dessas
ferramentas e desses conceitos no Workshop Viver no Campo, com exemplos que mostram como aplicamos essas informações em
diferentes situações e biomas.

“Nossa criatividade é o limite do sistema."


Bill Mollison (1928-2016) criador da Permacultura
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Quanto àqueles que ainda não vivem no campo, que nunca viveram, mas que querem viver, podem dar novo sentido e
propósito para a vida no campo, trazendo tanto força produtiva quanto, ideias novas. Sabemos que oferecendo dicas, apontando
caminhos e encorajando passos, mudar da cidade para o campo é possível para todos os que se informam, esforçam e persistem,
mesmo que não tenham, ainda, terra ou recursos.
A qualidade de vida básica e elementar, ou seja, aquela que é feita das coisas essenciais e simples como ar, água e alimento
limpos, equilíbrio entre trabalho e descanso, espaço e lugar para sair ao Sol, vida que promove saúde, são fundamentais para
todos. Aproximar-se da natureza ou viver no campo parcial, ou integralmente é fundamental.
Não é necessário ser agrônomo, técnico agrícola ou engenheiro florestal, nem ser Permacultor ou ter qualquer formação
específica, para viver no campo. Se você estiver disposto a aprender, a entender processos naturais e a conhecer técnicas que
constroem paisagens em harmonia com a natureza é possível estabelecer uma unidade rural que funciona como um organismo
saudável. As ferramentas e princípios se aplicam aos diferentes projetos porque estão fundamentadas nas leis naturais e, tendo
sido aplicadas com sucesso, repetidas vezes em diferentes lugares do mundo, desde o início do século XX mostram que é mais que
possível produzir, rentabilizar, regenerar e melhorar condições naturais e cultivadas.
Além das técnicas e ferramentas práticas viver no campo é participar da unidade da vida, podendo produzir e desfrutar da
natureza. Toda técnica possui uma essência que é o pensamento por trás da técnica, portanto, precisamos tanto dos conceitos
quanto das técnicas para construir pontes que nos permitam chegar onde queremos. Assim como precisamos do nosso pensar, do
sentir e do nosso fazer, cultivando a vida integral. Essa é a essência do curso Viver no Campo e da Permacultura da Escola Rama e
do Instituto de Permacultura da Pampa: unir aspectos fundamentais para criar e sustentar as paisagens das quais dependemos, de
forma que possamos viver com mais qualidade, com mais tempo disponível e criando conexões positivas para uma saúde integral,
tanto do corpo quanto dos nossos aspectos imateriais e sutis.

"O primeiro passo para chegar a algum lugar é decidir que você não vai Bicar onde está."
J.P. Morgan
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Domo geodésico que funciona como sala de aula no Instituto de Permacultura da Pampa - Escola Rama - Bagé - Brasil
Alho Poró recém colhido - IPEP - Escola Rama - Bagé - Brasil
três problemas comuns
É importante lembrar que mesmo nas áreas que mais dominamos a informação, estar atento é importante. Quando
estamos adentrando áreas de novos conhecimentos ainda mais atenção e planejamento são necessários, e quando o assunto é
Viver no Campo, ainda mais, pois, não apenas o investimento financeiro, mas o tempo, expectativas e tudo que envolve mudança
de lugar, cidade e condição (mesmo que para melhor) demovem muita energia.
Um investimento numa terra com problemas pode significar investimento imobilizado, impossibilidade de mudar, altos
custos com estruturas. Nesses mais de 30 anos atendendo pessoas no campo em situações muito diversas, identificamos
problemas com consequências complicadas, de resolução demorada e custosa, e que muitas vezes impedem a realização do sonho,
projeto ou meta de vida.
Um elemento importante não resolvido pode impedir todo projeto e bloquear a transição para o campo. Queixas sobre a
aquisição de um “terreno perfeito” mas que tem acesso muito difícil, sobre problemas com vizinho e instalações próximas, sobre
falta de água, inclinados demais, problemas legais, terrenos que eram a pior área de um lote maior, terrenos onde não se pode
construir por zoneamentos de proteção, entre muiots outros figuram entre os que impediram a mudança para o campo de
centenas de famílias.
Informação organizada é recurso, por isso apontamos para erros comuns e frequentes que têm dificultado o processo de
mudança e de transição para uma vida melhor. Esses problemas, muito comumente, tornam as coisas piores que antes da
mudança e da compra. Fazem parecer que os problemas não têm solução e inseguros em avançar rumo ao campo.
Conheça três erros comuns e como podemos solucionar, aprender e progredir, eles estão relacionados tanto ao
conhecimento do que realmente queremos e podemos fazer e com o conhecimento de aspectos externos com os quais vamos nos
deparar.
1. não saber o que quer e como gostaria de viver no campo.
2. comprar a terra sem saber o que olhar para escolher esse terreno.
3. não saber identificar se terreno tem ou não bons recursos, como água e acesso, por exemplo.

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1. o que você quer?
Mais de 80% da população mundial não realiza seus sonhos e
metas porque não consegue saber o que realmente quer, é isso que
mostram tantos estudos de comportamento e coaching mundo a
fora, simples assim.

Em resposta muitos dizem “sei que quero ser feliz, que quero
um relacionamento, ou que quero viver no campo”, no entanto, isso
diz muito pouco. É preciso se esforçar um pouco mais para
descrever o que você quer: como é sua felicidade relacionamento
ou vida no campo? Que tipo de rotina e atividades você faz na sua
“vida ideal”? Em quanto tempo pretende alcançar esses objetivos?
Onde e quando vai buscar informações mesmo que não enxergue
possibilidades neste momento? Quais planos traça mesmo sem
saber se vão de fato funcionar? Procura mentores e pessoas que
tenham realmente experiência, ou que tenham alcançado coisas
que você deseja para saber como cada um deles chegou nos
resultados que pretende conseguir?

Não basta dizer "quero estar bem, feliz e com minhas


necessidades supridas”, pois estar bem, feliz e necessidade varia
muito de uma pessoa para outra, precisamos definir melhor, e dizer
como tudo isso se configura para nós. Pra alcançarmos o que
queremos para nós e para nossas famílias precisamos descrever
com mais precisão, com datas e planos, as coisas que almejamos.

“Ação nem sempre traz felicidade, mas não há


felicidade sem ação.”
William James
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Para Viver no Campo isso é mais que fundamental. Essa é a
base sobre a qual pode existir um planejamento de Permacultura. Sem
saber quais elementos você vai ter nessa vida no campo, quais as
aptidões que acredita ter, quais as possibilidades de uso do terreno,
como pode ocupar um espaço agrícola; quais e quantas construções
pretende ter, quais plantas quer ter, quais animais, que tipo de rotina
pretende viver no campo, e tudo que sua criatividade puder imaginar
com liberdade total. Num segundo momento, confrontando as coisas
que quer fazer com as possibilidades reais e com o terreno que tem, ou
que pretende ter é que você vai conseguir desenhar um plano
executável.

O plano possível é aquele que combina o seu querer com as


características do terreno, mas para saber se eles combinam e quais
ajustes precisam ser feitos tanto no seu querer quanto no terreno você
precisa das ferramentas para Viver no Campo, pois são elas que
mostram o que é ou não possível realizar.

A SOLUÇÃO É ESBOÇAR O SEU PROJETO DE VIDA NO


CAMPO. Investigue-se, comece a criação do futuro que quer
viver, imaginando, escrevendo, listando e se informando
sobre a vida no campo. Liste tudo que quer cultivar, fazer, e
como pretende passar seu tempo no campo. Com as
vontades claras, vislumbrando a vida no campo é que ela
pode acontecer, porque daí parte o planejamento real, e a
aplicação dos princípios, conceitos e técnicas que
compartilhamos para viver no campo.

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2. o que olhar?
Você acha que vê, mas só vemos o que conhecemos e o que
buscamos, se você sair para olhar um terreno e não souber o que
procurar nele, vai simplesmente gostar ou desgostar segundo
critérios subjetivos que nem sempre incluem tudo que precisamos
saber antes de investir. A intuição conta, temos que nos sentir bem
na terra e gostar da paisagem, mas tem muito mais que isso para
olhar num terreno, seja para comprar, como para manejar, construir,
produzir e para criar todo seu pequeno paraíso. Também é
importante caso você não tenha terreno, nem dinheiro para investir
que se informe antes de buscar parcerias, arrendamentos ou até
para fazer uma experiência eventual no campo.

1. DOCUMENTAÇÃO observe as áreas abertas e as áreas vegetadas


do terreno, e depois peça os documentos para saber o percentual de
área de preservação, das áreas de proteção permanente e quanto
tem de área livre para uso.

2. O QUE TEM AO REDOR? Observe o entorno, caminhe ao redor da


área, circule com um veículo um raio de 5 a 10 quilômetros ao redor
da área no mínimo. Quem são os vizinhos, que informações pode
obter com pessoas que vivem próximo do terreno?

3. INVESTIGUE, visite durante dias da semana e no final de semana


também, assim como durante o dia e vá também à noite no terreno,
você pode descobrir atividades que só ocorrem à noite, como, uma
casa de eventos, ou locais que promovem atividades só aos finais de
semana, por exemplo, dessa forma conhece melhor antes de decidir.
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4. CONDOMÍNIOS. Se o terreno fica em um condomínio se informe
bem sobre as regras de uso, muitos deles não permitem nem
plantio de frutíferas, outros não permitem que se faça hortas ou
que você tenha outros animais além de cachorros.

5. ESTRUTURAS. Avalie as estruturas existentes, muitos compram


terrenos porque já tem aí um resto de habitação, ou uma obra
inacabada, reformar pode sair mais caro que construir,
dependendo do estado das estruturas, liste tudo que tem no lugar,
e avalie com um profissional que possa ajudar ou através do
critério que escolher. Por outro lado, áreas que já tenham energia
elétrica, cercas, entre outros elementos que vamos apresentar
durante o Workshop Viver no Campo, podem facilitar muito a
transição, agilizar a mudança e poupar recursos.

A SOLUÇÃO INICIAL É INFORMAÇÃO. Descobrir


problemas depois de comprar é um acontecimento mais comum
do que podem imaginar, a solução é simples: buscar informação
não só sobre os terrenos que você está olhando e visitando, mas
sobre o entorno desse terreno. Para buscar um terreno, seja
para comprar, arrendar, para alugar um sítio pronto, para buscar
parcerias, entre tantas outras opções de mudança para o campo,
e encontrar aquele que tem a ver com suas aspirações e
necessidades depende, antes de mais nada de saber o que olhar.

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3. buscar o básico
Existe muita coisa para se conhecer sobre um terreno e sobre a vida no campo com seus múltiplos aspectos, e ainda
muito mais sobre a natureza que se manifesta em cada lugar. E são com esses elementos que nossa vontade, que nosso objetivo
definido vai se deparar. O que fazer? Como encaixar nosso sonho na “realidade”? Como podemos interferir numa paisagem para
alcançar nossos objetivos? Tudo isso se aprende, aplica e ajusta com o tempo e com a informação aplicada.

Porém, dentre as primeira e mais elementares coisas é necessário verificar água e acesso, antes de comprar e antes de
interferir na área.

1. procure, liste e pergunte sobre as fontes de água da área: poço, lago, rio, qual a condição dessas fontes de água, se puder saber
qual a vazão, e desníveis você já vai poder coletar informações importantes para estimar possibilidades de irrigação e geração de
energia além de saber se vai conseguir prover as necessidades básicas com a água disponível, ou se vai precisar, de forma incisiva,
de estratégias de plantio e coleta de água.

2. observe o acesso, as pessoas não avaliam o acesso porque vão poucas vezes antes de comprar, ou de se mudar, mas depois
verificam que a intensidade de uso do acesso, ou seja, quantas vezes você entra e sai do terreno todo dia, (e isso também serve
para os acessos internos mesmo que sejam curtos e o terreno seja pequeno) fazem um acesso que parecia amistoso tornar-se um
pesadelo. Cruzar uma estrada enlameada, cheia de buracos e longa, uma vez, pode não ser tão complicado, mas fazer isso todo dia
pode ser limitante não só para você, mas também para receber caminhões e pessoas em geral. Avalie o acesso olhando sua
estrutura física, se é cruzado por outras estradas ou por um riacho, se é muito declivoso, se é muito extenso, tudo em função do
seu uso pessoal, familiar ou comercial.

A SOLUÇÃO É VISITAR OS TERRENOS OBSERVANDO ACESSO E ÁGUA, Veja se tem água, nem no deserto se
vive sem água. Verifique quais as fontes e procure informações sobre como se comportam durante o ano.
Lembrando que quanto mais fontes de água houver, maior a segurança hídrica e as possibilidades de uso
da área, e de sustentação de sistemas produtivos. Observe o acesso, levando em conta quantas vezes por
dia você entra e sai do seu terreno, ou se você só sai uma vez por semana, uma vez por mês, se tem
necessidade de hospitais com frequência, se pretende comercializar alimentos in natura ou não, se faz
entregas ou atendimentos fora da área e precisa sair, e também se pretende receber pessoas para
hospedagem, eventos, ou comércio.

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Resumo da aula
1. O Primeiro passo para mudar para o campo é pensar, esboçar e depois definir o que você gostaria fazer no campo: se você
quer um sítio de lazer, se quer produzir alimentos para vender, se quer se aposentar no campo, se quer ter um lugar tranquilo
para passar parte do tempo, se quer criar um centro de eventos, um centro holístico, uma pousada rural; que quer criar uma
comunidade, uma ecovila, ou uma reserva de proteção ambiental. Se quer mudar totalmente seu estilo de vida, empreender no
campo e definir valores em rendimento para que seja possível criar um plano de negócios. Se quer criar uma comunidade ou uma
ecovila no campo, se quer criar um centro de experiências no campo. Mas antes dessas definições é importante descrever a rotina
diária que pretende ter no campo, pois isso é o que vai determinar quais das opções acima combinam com seu projeto de vida no
campo. Coloque as ideias no papel.

2. Antes de comprar se informe sobre o terreno: características físicas, localização, documentação, tudo que você puder
investigar sobre as diferentes áreas vai ajudar a fazer uma boa escolha, a dissolver barreiras e a criar pontes para a vida no campo.
Observe o entorno e cultive também a confiança de que va vai encontra o lugar certo para seus propósitos, pois tudo que
encontramos está intimamente conectado com o que buscamos, definindo os padrões de qualidade e tudo que quer viver, você
encontra a relaidade correspondente.

3. Busque o essencial, antes de agir. A vida está intimamente ligada à água, todos os sistemas produtivos dependem de água. É
possível manejar, coletar e administrar a água até memso nos desertos mais áridos do mundo como no Atacama, no entanto se
houver possibilidade de escolher uma área com fontes de água, melhor. Verifique a existência de rios, lagos, informe-se sobre a
água subterrânea. O acesso é frequentemente negligênciado porque esquecemos que vamos percorrê-lo com muita frequencia. Na
hora da visita pode não parecer tão ruim ou longo, mas com a intensidade de uso das estradas você vai verificar que o acesso pode
ser totalmente limitante para o transporte de produtos, para oferecer serviços de maior frequencia no campo, ou para
necessidades da sua vida, neste momento.

"Informação organizada é recurso.” João Rockett

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Habitação leve e de rápida construída na Comunidade Figueira - Carmo da Cachoeira - Brasil

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João Rockett é coordenador fundador do Instituto de
Tatiana Cavaçana é coordenadora mantenedora do
Permacultura da Pampa | Escola Rama Vida Integral há
Instituto de Permacultura da Pampa | Escola Rama Vida
21 anos atua como permacultor diplomado por Bill
Integral, responsável pela reabertura e re-desenho
Mollison. Foi idealizador e fundador do projeto de
permacultural do Instituto. É designer e projetista
Sementes Agroecológicas BioNatur, trabalho pioneiro na
industrial (1999-SP), permacultora (2010-RS) e
produção de sementes orgânicas de hortaliças no Brasil e
engenheira agrônoma com especialização em Agricultura
na América Latina, e na proposição de leis de produção
Biodinâmica (2017-SP), possui especialização em
orgânica de alimentos. Desenvolveu estruturas
psicologia junguiana (2000-SP). Fundadora da Escola
organizacionais agroecológicas em comunidades de
Rama de educação integral (2011), que trata da educação
famílias e produtores orgânicos, acompanhando a
ambiental, do comportamento e da leitura da paisagem na
produção e as estruturas criando redes de produção e
aplicação prática da Permacultura. Através do Instituto de
comércio de produtos agrícolas. É agricultor e
Permacultura da Pampa desenvolveu projetos continuados
pesquisador produzindo sementes e alimentos orgânicos
na Amazônia e no Rio Grande do Sul, envolvendo
há mais de 30 anos. Desenvolveu projetos como Líder
regeneração de áreas degradadas, agricultura orgânica e
Avina, capacitou milhares de agricultores e certificou
desenvolvimento de mercados rurais. Através da Escola
centenas de permacultores no Brasil e no exterior.
Rama trabalha a difusão da Permacultura com cursos de
Implantou o programa Ecoversidade, a universidade
capacitação e programas de sensibilização e autoeducação
ecológica, para estudantes internacionais através do
em contextos rurais e urbanos, realizou trabalhos em
Instituto de Permacultura da Pampa, entre dezenas de
parceria com fundações, instituições, órgãos privados e
projetos em parceria com instituições no Brasil, África e
públicos, universidades e escolas técnicas. Foi fundadora/
Índia. Realizou trabalho pioneiro com sementes
diretora da Stromboli (1996-2011-SP), companhia para
orgânicas e com Permacultura, no Brasil e na América
estudo e desenvolvimento do teatro de animação em São
Latina. Realiza conferências e palestras compartilhando
Paulo-SP, com a qual desenvolveu dezenas de projetos
conhecimento e experiência em diversas áreas da
artísticos, mantêm o trabalho fotográfico Materama Design,
permacultura e da agricultura orgânica. Presta
Fotografia sem fronteira: coordenadas de amor, imagens da
consultoria em sustentabilidade para setores rurais,
terra. www.materama.com.br
urbanos e industriais.

saiba mais: https://www.ipep.org.br/projetos 19


2021 ipep 21 anos!

INSTITUTO DE PERMACULTURA DA PAMPA

TATI E JOÃO ROCKETT


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