Você está na página 1de 4

Apontamentos de Finanças Públicas

Escola Superior de Negócios e Empreendedorismo de Chibuto (ESNEC)

CURSO DE LINCENCIATURA EM FINANCAS

FINANCAS PUBLICAS

TEMA 3 - O ORCAMENTO
 Definição
 Dimensões e Funções do Orçamento
 Regras Orçamentais
 Processo Orçamental em Moçambique
 Fases de Elaboração e aprovação do Orçamento
 Execução orçamental
 Conta Geral do Estado
 Fiscalização e Responsabilidades Orçamentais

Aula 08 – A Conta Geral do Estado


Fiscalização e Responsabilidades Orçamentais

3.1.1. A Conta Geral do Estado

A Conta Geral do Estado (CGE) é o principal documento de prestação de Contas do Estado.


Encerra o ciclo orçamental anual e é apresentada à Assembleia da República até 31 de Dezembro
do ano seguinte àquele a que respeita.

No dia 31 de Dezembro termina o ano económico. É, então, necessário proceder-se ao


encerramento de contas. Após o encerramento das contas, procede-se à síntese
de toda a execução orçamental. Nesse sentido, a DNCP elaborará - com “clareza, exactidão e
simplicidade” - a Conta Geral do Estado, que abrange todos os organismos do Estado, com
excepção das instituições autónomas, empresas públicas e autarquias, que se regem por legislação
própria.

Enquanto que o orçamento constitui uma previsão das receitas e despesas para um determinado
ano, a conta regista as receitas e despesas que foram efectivamente cobradas e efectuadas durante
esse ano. Constitui, por isso, um meio de controlar a posteriori a execução orçamental e de
responsabilizar os agentes dessa mesma execução.

1
Apontamentos de Finanças Públicas

A Lei de Enquadramento Orçamental (LEO), , entre outras disposições, as regras relativas à


organização, elaboração, apresentação, discussão e votação das contas do Estado, estabelecendo,
entre outros aspectos, o conteúdo, o prazo para apresentação e a forma de publicação da CGE.

Os prazos referentes à apresentação e aprovação da Conta Geral do Estado são os seguintes:

A conta deverá ser apresentada à Assembleia da República e ao Tribunal Administrativo até


Dezembro do ano seguinte àquele a que diz respeito. A conta de 2017, por exemplo, terá
que ser entregue até Dezembro de 2018.

O relatório e parecer do Tribunal Administrativo sobre a Conta Geral do Estado, por sua vez,
deverá ser enviado à Assembleia da República até Agosto do ano seguinte àquele em que a
mesma for apresentada. No nosso exemplo, até Agosto do ano 2019.

 Por último, a apreciação e aprovação da Conta Geral do Estado pela Assembleia da República
deverá ser feita após recepção do parecer do Tribunal Administrativo e estar concluída antes de
finais de Dezembro do ano seguinte àquele em que a Conta Geral do Estado foi elaborada. Ou
seja, Dezembro do ano 2019.

Conta Geral do Estado para 2017

Governo

Até Dezembro de 2018


Apresentação

Tribunal Administrativo

Até Agosto do ano 2019


Assembleia da República
Relatório e Parecer

Até Dezembro do ano 2019


Apreciação e aprovação

2
Apontamentos de Finanças Públicas

3.1.2. Fiscalização e Responsabilidades Orçamentais

Uma vez executado o orçamento e aprovada a Conta Geral do Estado, chega o momento de se
prestar contas: de se detectarem os erros e as irregularidades cometidas durante a execução
orçamental e de se apurarem responsabilidades.

Para tal, procede-se à fiscalização da actividade dos órgãos e funcionários autorizados a cobrar
receitas e a realizar gastos, os quais respondem civil, criminal e disciplinarmente pelos actos ou
omissões que pratiquem no âmbito do exercício das suas funções de execução orçamental.

A fiscalização visa assegurar que a execução orçamental não sofre desvios, cumprindo-se assim os
objectivos e a estratégia definidos no orçamento. Procura-se garantir que o Executivo se mantém
dentro dos limites impostos pela lei - os quais foram determinados pela Assembleia da República
aquando da aprovação da Lei do Orçamento – e evitar o desperdício e a má utilização dos dinheiros
públicos.

A fiscalização tem normalmente em vista as despesas, uma vez que o montante das receitas é uma
estimativa e está sujeito a variações, dependendo da conjuntura económica, entre outros factores. A
sua fiscalização é, por isso, menos rigorosa: limita-se a averiguar se as receitas foram
correctamente liquidadas e contabilizadas.

No caso das despesas, confere-se a sua legalidade, regularidade e cabimento orçamental


(fiscalização material), bem como o respeito pelos princípios de economia, eficiência e eficácia
(fiscalização económica).

A fiscalização do orçamento em Moçambique é feita pelo Tribunal Administrativo (fiscalização


jurisdicional), pela Assembleia da República (fiscalização política) e pela própria Administração
Pública (fiscalização administrativa):

 Compete ao Tribunal Administrativo fiscalizar as despesas públicas e apreciar as contas do


Estado.

 Cabe, por sua vez, à Assembleia da República pronunciar-se e decidir sobre o relatório de
execução do orçamento do Estado elaborado pelo Tribunal Administrativo.

 Por último, a entidade responsável pela gestão e execução do orçamento, as entidades


hierarquicamente superiores e de tutela, os serviços de contabilidade pública e os órgãos gerais
de inspecção têm o dever e a obrigação de acompanhar, inspeccionar e controlar a execução
orçamental.

3
Apontamentos de Finanças Públicas

A fiscalização jurisdicional assume uma especial importância, não só pela sua “força”, mas
também pelo facto de depender de um órgão externo e independente do Governo. Garante-se,
assim, a separação do poder executivo e jurídico, essencial para o funcionamento de qualquer
democracia.

É de salientar que a fiscalização não incide apenas sobre a Conta-Geral do Estado: não é feita
somente depois de executado o orçamento. Ela é também realizada ao longo da própria execução
orçamental. Trata-se, neste caso, de uma fiscalização prévia, por oposição à fiscalização sucessiva.

Por exemplo, quando a DNCP liquida uma despesa, procede automaticamente à verificação da sua
legalidade e cabimento. Do mesmo modo, se o Tribunal Administrativo verificar que uma
determinada despesa não cumpre com os requisitos legais, ele tem poderes para impedir que ela se
realize e para punir os infractores. Um último exemplo: quando a Assembleia da República aprecia
os relatórios trimestrais do Governo sobre a execução das despesas e das receitas, ela está a exercer
um certo controlo sobre essa mesma execução.

Fiscalização

Prévia Sucessiva

Administrativa Política Jurisdicional


Administração Assembleia Tribunal
Pública da Administrativo
República

Apuramento de Cumprimento das Funções


Responsabilidades Económicas, Políticas e Jurídicas
Orçamentais do Orçamento

Você também pode gostar