2021 - 04 Licoes-Da-Pandemia - Perspectivas-E-Tendencias

LIÇÕES DA
PANDEMIA:
PERSPECTIVAS
E TENDÊNCIAS
ABRIL 2021
anahp
anos
anahp anos
EXPEDIENTE
AUTORIA
anahp
COAUTORIA E COORDENAÇÃO TÉCNICA
CORREALIZAÇÃO CONAHP 2020
AVISO LEGAL
Este material foi produzido pela Associação Nacional de Hospitais Privados – Anahp, em parceria com a
Bain & Company, a partir das discussões do Conahp 2020 – Congresso Nacional de Hospitais Privados,
sobre as “Lições da pandemia: Desafios e perspectivas para o sistema de saúde brasileiro”. O documento
pode conter informações confidenciais e/ou privilegiadas. Se você não for o destinatário ou a pessoa
autorizada a receber este documento, não deve usar, copiar ou divulgar as informações nele contidas ou
tomar qualquer ação baseada nessas informações, sob o conhecimento de que qualquer disseminação,
distribuição ou cópia deste conteúdo é proibida.
ABRIL 2021
SOBRE A ANAHP
A Associação Nacional de Hospitais Privados – Anahp é a entidade representativa dos
principais hospitais privados de excelência do país. Criada em 11 de maio de 2001,
durante o 1º Fórum Top Hospital, em Brasília, e fundada em 11 de setembro do mesmo
ano, a Anahp surgiu para defender os interesses e necessidades do setor e expandir as
melhorias alcançadas pelas instituições privadas para além das fronteiras da saúde
suplementar, favorecendo a todos os brasileiros.
Atualmente, a entidade ocupa uma função estratégica no desdobramento de temas
fundamentais à sustentabilidade do sistema. Representante de hospitais reconheci-
dos pela certificação de qualidade e segurança no atendimento hospitalar, a Anahp
está preparada para fortalecer o relacionamento setorial e contribuir para a reflexão
sobre o papel da saúde privada no país.
Saiba mais em www.anahp.com.br.
SOBRE A BAIN & COMPANY

A Bain & Company é uma consultoria estratégica global que auxilia empresas e orga-
nizações a promover mudanças que definam o futuro dos negócios. Com 59 escritórios
em 37 países, a Bain apoia instituições líderes no setor de saúde no Brasil e no Mun-
do no propósito compartilhado de obter resultados extraordinários e redefinir suas
indústrias através de engajamentos em estratégia, operações, organizações e fusões
e aquisições. Complementamos nosso conhecimento especializado, integrado e per-
sonalizado com um ecossistema de inovação digital a fim de entregar melhores resul-
tados, com maior rapidez e durabilidade. Desde nossa fundação em 1973, medimos
nosso sucesso pelo de nossos clientes e temos o orgulho de manter o mais alto nível
de satisfação em nossa indústria.
Saiba mais em www.bain.com.br e em nosso LinkedIn Bain & Company Brasil.
SUMÁRIO
CARTA AO LEITOR 5
1. INTRODUÇÃO 7
2. PERSPECTIVA ASSISTENCIAL 10
2.1. Avanço de novos modelos de atenção 14
2.2. Aceleração na adoção de ferramentas digitais no modelo assistencial 19
2.3. Uso de dados na tomada de decisão 24
3. PERSPECTIVA PESSOAS 28
3.1. Aumento da eficiência através de novas tecnologias 30
3.2. Novas competências dos profissionais de saúde 35
3.3. Foco no cuidado integral do profissional de saúde 37
4. PERSPECTIVA SUSTENTABILIDADE 40
4.1. Combate à desigualdade no acesso à saúde de qualidade 42
4.2. Respostas mais ágeis, baseadas em dados coordenados

no nível micro e macro 45
4.3. Papel claro dos principais atores e parcerias no combate à pandemia 48
5. CONCLUSÃO 52
CARTA
AO LEITOR
Em 2020, a pandemia do sofrimento e das dificuldades Hospitais Privados – Co-
novo coronavírus desafiou os causados pela Covid-19 – os nahp 2020 deveria ser o
sistemas de saúde do mundo hospitais –, não poderíamos evento da retomada, da es-
todo. Diante daquele novo nos anular e simplesmente perança, da possibilidade
cenário mundial, e enten- esperar a situação voltar a de construirmos juntos –
dendo o papel da Associação um normal que nunca mais Anahp e todos os entes da
Nacional de Hospitais Priva- será o mesmo. cadeia do setor, governo e
dos (Anahp) de entidade re- Pensamos, refletimos e sociedade – um ambiente
presentativa de instituições decidimos, então, que o propício para discutirmos
que estão no epicentro do Congresso Nacional de o nosso sistema de saúde
a partir deste novo cenário
desafiador. Repensamos o
formato do congresso – to-
talmente digital –, amplia-
mos o alcance das pessoas
que poderiam se beneficiar
com a discussão e promo-
vemos um evento 100%
gratuito, com o propósito
de aumentarmos o engaja-
mento e compartilharmos
melhores práticas nacio-
5 LIÇÕES DA PANDEMIA: PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS

nais e internacionais rela- vai além do enfrentamen- mos eixos de discussão
cionadas ao enfrentamen- to desta e de novas pan- que nortearam o Conahp
to da pandemia. demias, a Bain & Company 2020: Assistencial, Pes-
Além do compromisso acompanhou todas as ses- soas e Sustentabilidade.
de promover debates re- sões realizadas durante o Esperamos que o estudo
levantes e compartilhar evento, extraiu e estruturou “Lições da pandemia: Pers-
conteúdo sob diferentes os principais aprendiza- pectivas e tendências”,
óticas do impacto da Co- dos debatidos e entrevis- possa contribuir com o
vid-19 nos sistemas de tou membros da comissão sistema de saúde, lançan-
saúde, nos desafiamos a científica e líderes das ins- do luz às questões cruciais
deixar como legado para tituições correalizadoras. que vêm sendo debatidas
a sociedade e para o setor Além disso, foram incor- na pandemia. Esta é a nos-
de saúde um estudo que poradas referências nacio- sa contribuição para setor!
refletisse, cerca de um ano nais e internacionais, bem
após os primeiros casos como a da expertise da pró-
no Brasil (abril de 2021), pria consultoria, que atua
aprendizados para um ce- transversalmente apoian-
nário pós-pandemia. do líderes em todo o setor.
Para apoiar na autoria e co- Para o consumo de lide-
ordenação técnica, estabe- ranças do setor de saúde
lecemos uma parceria com nos diferentes segmentos
a consultoria estratégica de atuação e nas esferas
Bain & Company, que conta público e privada, o es-
com ampla experiência na tudo não possui caráter
indústria da saúde no Brasil acadêmico e não tem a
e internacionalmente, e já foi pretensão de realizar uma
parceira da Anahp em dife- revisão exaustiva de todos
rentes estudos no passado. os aprendizados, mas da-
Com o objetivo de capturar queles debatidos como os
ao máximo o conhecimen- mais relevantes. Para fa-
to compartilhado ao longo cilitar a leitura e reflexão
do congresso e, ao mesmo do leitor, este material foi
tempo, complementá-lo organizado metodologica-
com uma perspectiva que mente ao redor dos mes-
LIÇÕES DA PANDEMIA: PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS 6

1. INTRODUÇÃO
Em 2020, o mundo se sobre quais lições podem mas que também possam
deparou com uma pan- ser extraídas para o setor ser aplicados na constru-
demia sem precedentes de saúde no Brasil e no ção de modelos assisten-
na história recente, que mundo. ciais mais efetivos e efi-
impactou todos os se- Este estudo busca organi- cientes, profissionais mais
tores da economia, em zar aprendizados obtidos preparados para desafios
especial a saúde. Dian- até o momento, que vão futuros e um setor de saúde
te deste cenário, faz-se além de como lidar com mais robusto e sustentável.
necessária uma reflexão esta e outras pandemias, Para responder adequa-
damente às pressões so-
fridas e se preparar para o
futuro, líderes do setor de
saúde devem desmembrar
os diferentes impactos da
Covid-19 e adaptar suas
estratégias. Há fatores que
muito provavelmente per-
manecerão estáveis, aque-
les que já eram tendências
antes da pandemia e que
foram acelerados, os novos
paradigmas e disrupções, e
finalmente fatores que ain-
da são incertos (Figura 1).

Figura 1 | Como a Covid-19 afetará temas mais relevantes no setor de saúde brasileiro?
1 PERMANECEM ESTÁVEIS 2 ACELERAÇÃO DE TENDÊNCIAS ATUAIS
População mais idosa, com mais doenças Consumerismo – aumento da responsabilida-

crônicas e maior de do paciente no atendimento
Foco nos determinantes sociais da saúde Cuidados cada vez mais integrados e foco em
para melhorar acesso e resultados saúde comportamental
Médicos se mantém como principais toma- Mudanças em “onde” e “como” o tratamen-

dores de decisão no tratamento to é fornecido
Maior participação de locais de cuidado al-
Retorno de procedimentos para volumes pré- ternativos
-pandemia - variações no “onde” e no “como” Adoção de telessaúde e ferramentas digitais
Visão da jornada integral do paciente entre
Queda nas vidas cobertas por planos cor- diversos canais
porativos devido à recessão; demanda cres-
cente por procedimentos “avulsos” Foco em interoperabilidade de dados
Sem mudanças estruturais no processo Prestadores enfrentam desafios que exigem

de desenvolvimento de remédios e equi- redução de custos, novos modelos clínicos,
pamentos decisões de portfólio/estratégia
Aceleração do compartilhamento de risco en-

tre prestadores e planos de saúde
3 NOVAS TENDÊNCIAS E 4 INCERTEZA NO LONGO PRAZO

MUDANÇAS DE PARADIGMA
Grau de intervenção dos governos na área
Mudança das preferências do consumidor: de saúde
local/conveniente seguro/confiável
Impacto de modelos baseados em valor
Redução da importância da presença lo-
cal, com suporte de especialistas sendo coor- Dificuldade de precisar datas e cronogra-
denados nacionalmente via tecnologia mas específicos para:
Volta ao trabalho presencial
Foco na resiliência e redundância da ca- Vacina/imunidade generalizada
deia de suprimentos
Retomada de procedimentos eletivos e ou-
tros tratamentos presenciais
Foco renovado no setor de saúde como in-
fraestrutura, passando a ser visto como
vantagem competitiva nacional

Ao longo desse estudo, A perspectiva Susten-
abordaremos – de forma tabilidade, por sua vez,
sucinta e objetiva – te- trata da necessidade de
mas que ganharam mui- planejamento e coor-
ta relevância durante o denação para que o se-
primeiro ano da crise da tor e instituições sejam
Covid-19, permitindo a mais resilientes e com
avaliação de uma nova acesso mais amplo.
perspectiva e aprendiza-
dos para o setor. Percebe-se, entretanto,
Este estudo foi organi- que as perspectivas não
zado em torno de três são estanques e que há
grandes óticas: Assis- temáticas que perpassam
tencial, Pessoas e Sus- os diferentes eixos de
tentabilidade. abordagem deste docu-
mento. A adoção de novas
A perspectiva Assis- tecnologias, por exemplo,
tencial é focada nos é um viabilizador funda-
aprendizados relacio- mental para manutenção
nados aos diferentes de um modelo assisten-
modelos de cuidado cial mais distribuído e
durante a jornada do integrado; mas, para tal,
paciente; exige pessoas capacita-
das para adotá-las e ex-
A perspectiva Pessoas trair benefícios de produ-
aborda o planejamen- tividade em suas funções;
to, a capacitação e o e políticas sustentáveis
cuidado dos profissio- para incorporação de tec-
nais do setor; nologias no setor.

2. PERSPECTIVA
ASSISTENCIAL
Antes da pandemia, já e, finalmente, o uso de nicos, racionalização de
era possível elencar cin- dados e ferramentas di- custos e melhor expe-
co grandes temáticas gitais. Estes elementos riência e conveniência
que definiriam o mode- convergem na busca de aos usuários e profissio-
lo assistencial do futuro melhores resultados clí- nais do setor.
(Figura 2): o maior foco
no desenho de soluções
de cuidado centradas
no usuário; o avanço
de modelos de cuidado
alternativos, principal-
mente alavancando o
digital e fora do hospi-
tal (“out-of-hospital”); o
estabelecimento de ti-
mes de cuidado integra-
dos e multifuncionais;
a interação através de
diversos canais de ma-
neira fluída e em tem-
po real com o usuário;

Figura 2 | Principais elementos do modelo assistencial do futuro
CUIDADO FOCADO MODELOS DE CUIDADO

NO USUÁRIO ALTERNATIVOS
Modelos de cuidado evoluem Confiança e segurança são foco do

para endereçar necessidades paciente ao buscar cuidado
do usuário de custo, customi-
zação e experiência fluida Maior proximidade física e digital
entre médicos e pacientes
Empresas não-tradicionais e
do ramo de tecnologia ajudam Lar se torna o ambiente de cui-
a desenvolver soluções com dado preferido, alavancado pela
foco no cliente telessaúde e monitoramento remoto
Principais
elementos do
modelo assistencial
do futuro
TIME DE CUIDADO EXPERIÊNCIA OMNICANAL

INTEGRADO E HOLÍSTICO
Jornada fluida entre digital e físi-
Pacientes se beneficiam de um co, com engajamento frequen-
time de cuidado coordenado, te com o time de cuidado
com atendimento primário,
especialistas, farmacêuticos, Pacientes têm acesso em
gestores de saúde etc tempo real ao time de cuidado
SOLUÇÕES DIGITAIS e histórico de saúde
Cuidado vai além da doença E ORIENTADAS A DADOS
para focar em bem-estar e de- Modelos de cuidado dependem de
terminantes sociais da saúde ferramentas digitais, dados, conecti-
vidade e automação
Doenças crônicas são gerenciadas
através de assistentes digitais e da
“internet das coisas”
Inteligência artificial “sugere” e dire-
ciona atendimentos
Ferramentas digitais gerenciam
aderência
Fonte: Bain & Company.

Todas estas temáticas
foram aceleradas com a
Covid-19, que exigiu expe-
rimentação de novos mo-
delos, seja para endereçar
as demandas diretas de
pacientes infectados com
a doença, como para sus-
tentar os cuidados a pa-
cientes em tratamento,
crônicos ou que apresen-
taram situações agudas
não relacionadas ao co-
ronavírus, por meio de ou-
tros canais ou pontos de
cuidado com menor risco.
O impacto destas tendên- saúde, estes ajustes de- distribuídos e integrados.
cias deve ser observado mandarão aquisição ou O segundo tema é como
sempre sob a ótica do pa- reforço de competências, aproveitar a maior aber-
ciente e do profissional de como engajamento di- tura de pacientes e pro-
saúde. Do ponto de vista gital, análise de dados e fissionais para acelerar
do paciente, é importan- habilidade de articulação a adoção de ferramentas
te notar o contexto do de equipe de cuidado mul- digitais ao longo da jor-
consumerismo em saúde, tifuncional, incluindo par- nada, capturando mais
onde cresce a voz e a res- ceiros – temas abordados dados, trazendo mais con-
ponsabilidade de escolha nesta publicação na pers- veniência e produtividade.
do usuário sobre como, pectiva Pessoas. O terceiro é o maior uso
quando e onde receber o Aprofundaremos três grande dados na tomada de
cuidado. Algo que para ou- des temas que comple- decisão e seu comparti-
tros tipos de serviço, como mentam, acentuam e per- lhamento dentro e entre
por exemplo, os financei- passam essas tendências. instituições para acelerar
ros, já é uma realidade há O primeiro é a experimen- aprendizados no melhor
mais de uma década. Da tação de novos modelos de cuidado e otimização de
ótica do profissional de cuidado mais preventivos, recursos.

IMPLICAÇÕES PARA PRESTADORES DE SERVIÇO
1. Sistemas de saúde necessitam de uma estratégia para alcançar o espectro com-
pleto dos modelos de atenção. Com pacientes e planos de saúde demandando cada
vez mais coordenação no cuidado, é fundamental que prestadores tenham, pelo
menos, parcerias que permitam que eles incorporem essas necessidades.
2. Prestadores precisam atender as necessidades dos clientes em termos de con-

veniência e simplicidade. Amazon, Airbnb e diversas outras empresas estão fazen-
do isso em outras áreas, mas novas empresas estão começando a revolucionar o
mercado de saúde trazendo essas habilidades e competências, como por exemplo
Babylon Healthcare, Oscar Health ou Alice.
3. Prestadores precisam se valer de tecnologias digitais, dados e capacidade ana-

lítica para gerenciar os pacientes com comorbidades, melhor conectando esses
pacientes a seus médicos. Nesse sentido, os sistemas de saúde devem utilizar os
dados adequados, combinando-os com técnicas analíticas avançadas e incluindo
o foco na experiência digital.
4. Prestadores e planos de saúde devem aprofundar a discussão sobre cuidado

baseado na entrega de valor para o paciente, vislumbrando a sustentabilidade do
sistema de saúde.
5. Prestadores precisam engajar profissionais de saúde em todas as etapas de seus

processos, desde o redesenho dos modelos de cuidado até a inclusão da telessaú-
de nos fluxos de trabalho. Médicos são uma parte essencial para que prestadores
gerem modelos que são vencedores.

2.1. AVANÇO DE NOVOS
MODELOS DE ATENÇÃO
A crise da Covid-19 criou são com a Covid-19. O ne- nidades desfavorecidas,
uma ruptura significati- ologismo entre sinergia e de baixa renda e de mi-
va nos modelos de cuida- pandemia, cunhado pelo norias étnicas”. Estudos
do tradicionais no Brasil antropólogo e médico com amostras de diver-
e no mundo, e aqueceu Merrill Singer na década sos países reforçam esta
a discussão sobre quais de 90 1,2, retrata o efeito visão, mostrando taxas
modelos assistenciais se de duas ou mais doenças de mortalidade devido à
demonstram mais resi- que interagem entre elas Covid-19 muito superio-
lientes frente à crise. Nes- e com fatores biológicos e res entre pacientes com
ta discussão, no entanto, sociais de forma a causar comorbidades – em uma
é importante reconhecer danos maiores que sua amostra na China, por
a complexidade e as par- soma. Em entrevista so- exemplo, a taxa de mor-
ticularidades do sistema bre a nova pandemia, Sin- talidade entre pacientes
de saúde brasileiro e não ger afirma: “vemos como com doenças cardiovas-
buscar soluções únicas, ela interage com uma culares era de 10,5%,
mas sim sistemas mais variedade de condições entre pacientes com dia-
integrados, flexíveis e res- pré-existentes (diabetes, betes, de 7,3% e entre pa-
ponsivos às necessidades câncer, problemas cardí- cientes com hipertensão,
da população. acos e muitos outros fa- de 6,0%, comparados a
Além disso, o conceito de tores) e vemos uma taxa uma taxa de 2,3% entre
sindemia (syndemics) vol- desproporcional de resul- pacientes sem comorbi-
tou às mesas de discus- tados adversos em comu- dades3. Sob outra pers-
1
Merrill, S. (2009) Introducing Syndemics: A Critical Systems Approach to Public and Community Health Wiley p. 304.
2
The Lancet. Syndemics and the biosocial conception of health. Disponível em: https://www.thelancet.com/jour-
nals/lancet/article/PIIS0140-6736(17)30003-X/fulltext

pectiva, em uma amostra e crônicos foram suspen- a qualidade, satisfação do
na Itália, apenas 3,6% sos ou postergados. Essas paciente, eficiência e acesso
dos pacientes que vie- condições, quando não ao sistema de saúde.
ram a óbito não tinham tratadas, podem se tornar Instituições passam a en-
nenhuma comorbida- mais graves, causar mais tregar um novo modelo
de, enquanto pacientes mortes e sobrecarregar de atenção aos pacientes,
com uma comorbidade ainda mais o sistema de reforçando a importância
(14,4% da amostra), duas saúde. Em junho de 2020, do engajamento e proa-
comorbidades (21,1%) e o atraso dos atendimen- tividade do indivíduo nos
três ou mais comorbida- tos mais comuns já gerava cuidados com a própria
des (60.9%) representa- efeitos deletérios, como o saúde. Os familiares tam-
vam a grande maioria das aumento de 31% em mor- bém ganham um papel
mortes4. tes por doenças cardio- mais preponderante no
O modelo de atendimen- vasculares no Brasil5. monitoramento e apoio à
to foi colocado à prova: Uma das maneiras de se saúde do paciente e cabe a
adiamentos de cirurgias otimizar os fluxos das ins- instituições e profissionais
não emergenciais, atrasos tituições é a aceleração da de saúde o engajamento e
pelo alto pico de deman- adoção de cuidados preven- orientação adequados des-
da, a necessidade de evitar tivos, distribuídos e mais in- tes novos interlocutores.
aglomerações etc. Os pa- tegrados. O cuidado integra- Inclusive, empregadores
cientes sentiram medo da do engloba monitoramento ganham uma responsabili-
exposição ao risco de con- e coordenação contínuos do dade adicional: a de incen-
taminação e adiaram pro- paciente, reduzindo as frag- tivar e promover o cuidado
cedimentos e consultas. mentações existentes no primário entre seu quadro
Atendimentos preventivos tratamento e otimizando de colaboradores.
3
Wu Z , McGoogan JM (2020) Characteristics of and important lessons from the Coronavirus disease 2019 (CO-
VID-19) outbreak in China: summary of a report of 72314 cases from the Chinese Center for Disease Control and
Prevention. Disponível em: https://jamanetwork.com/journals/jama/article-abstract/2762130
4
Palmieri, L; Andrianou, X; Barbariol, P; Bella, A; Bellino, S; Benelli, E; et al. (2020) Characteristics of SARS-CoV-2
patients dying in Italy. Report based on available data on April 23th ; 2020 . Disponível em: https://www.epicentro.
iss.it/en/coronavirus/bollettino/Report-COVID-2019_23_april_2020.pdf
5
Veja Saúde, 29 de junho de 2020. Disponível em: https://saude.abril.com.br/medicina/cartorios-apontam-au-
mento-de-31-nas-mortes-por-doencas-cardiovasculares/#:~:text=Durante %20a%20pandemia%20do%20
novo,Brasileira%20de%20Cardiologia%20(SBC)

Ao longo dos anos, mui- Board6 revelou que a crise
tas foram as hipóteses da Covid-19 aumentou o
levantadas sobre os desa- interesse de 61% dos pa-
fios de se implementar o cientes australianos em
cuidado integral em alta serem mais proativos no
escala, entre elas a falta cuidado com a própria saú-
de incentivos para colabo- de e bem-estar, incluindo nava, removendo um dos
ração, baixo nível de con- a saúde mental – pacien- obstáculos previamente
fiança entre diferentes tes com doenças crônicas, levantados e reforçando
elos da cadeia de saúde, a demonstraram interesse a necessidade de incluir o
baixa adoção de tecnolo- ainda maior. Desta forma, paciente no desenho dos
gias digitais por pacientes é uma oportunidade única novos modelos de saúde
e profissionais de saúde de encorajar tais pacien- integrada, por meio de me-
para gestão da jornada, tes para atividades mais todologias como o design
entre outros. Entretanto, preventivas e de autocui- centrado no ser humano
na corrida para enfrentar dado. Prestadores de saú- (human centered design).
a Covid-19 ou para dar de podem apoiar seus pa- Novos modelos de cuidado
continuidade a outros cientes impulsionando a exigem uma maior integra-
acompanhamentos du- utilização de ferramentas ção na operação entre dife-
rante a pandemia, foi pos- como planos de cuidado rentes profissionais de saúde
sível observar iniciativas personalizados, ligações e outros setores. As equipes
que demonstraram que de suporte e checagem, e de saúde devem atuar de
estes problemas são mais ferramentas digitais como uma forma coordenada com
facilmente superáveis se aplicativos ou monitora- outras áreas, como a assis-
pensados inicialmente em mento remoto. O Advisory tência social, trabalho e eco-
menor escala, com inte- Board também mostra que nomia, com as autarquias e
gração de instituições em as exigências dos pacien- com os municípios.
âmbito local, e com ala- tes quanto a tecnologias Um modelo em expansão é
vancagem de tecnologia. são muito menores do que aquele de times autogeridos
Uma pesquisa do Advisory tradicionalmente se imagi- para cuidado domiciliar e
6
Advisory Board, 03 de setembro de 2020. Disponível em: https://www.advisory.com/blog/2020/09/patient-activation

vidades administrativas
e por uma estrutura de
backoffice que, durante a
pandemia, tem sido fun-
damental em mantê-los
mais atualizados sobre os
protocolos de atenção.
Como resultados, Buurtzorg
tem índices muito altos de
satisfação dos pacientes e
custos cerca de 20% me-
nores que outros pres-
tadores de saúde domi-
ciliar 7. No enfretamento
da Covid-19, especifica-
mente, a empresa ho-
em pequenas comunida- as ineficiências no cui- landesa trabalhou em
des. A metodologia da dado de idosos e outras diversas iniciativas para
organização Buurtzorg pessoas em cuidado do- apoiar pacientes e en-
– que se traduz cuida- miciliar, aumentando, fermeiras, com foco em
do no bairro – alavanca portanto, o acesso. Fun- um cuidado integral que
times de enfermeiros e dada em 2007, hoje são incluía o apoio mental.
profissionais de cuidado mais de 10 mil enfermei- Eles, por exemplo, distri-
domiciliar que atendem ros e técnicos na Holan- buíram tablets para pa-
no máximo 50 pacien- da suportados por uma cientes idosos permitin-
tes e foi desenvolvida plataforma tecnológica do interações uns com
com o objetivo de reduzir que reduz o peso de ati- os outros 8.
7
KPMG Study, commissioned by Dutch Ministry of Health, Welfare, and Sport (in Dutch only). Interpretation by the Urban
institute, sponsored by the Commonwealth Fund, an independent research institution on health care issues. Disponível em:
https://www.commonwealthfund.org/sites/default/files/documents/___media_files_publications_case_study_2015_
may_1818_gray_home_care_nursing_teams_buurtzorg_model_case_study.pdf
8
Making More Health Blog. Disponível em: https://www.makingmorehealth.org/content/transforming-health-and-so-
cial-care-times-covid19-crisis

IMAGINANDO O FUTURO DO CUIDADO EM 5-10 ANOS
CUIDADO AGUDO ATENÇÃO PRIMÁRIA CUIDADOS ESPECIAIS
Mais especializado para Modelos segmentados Papel dos médicos de

atendimento de emer- de acordo com preferên- atenção primária se
gência, terapia intensi- cias do paciente expande para lidar com
va, cirurgia e tratamen- No local/local próximo questões de saúde mais
tos especializados Populações em risco especializadas (ex.:
Habilitado digital- nutrição) por meio de
Programas mais coor- mente para jovens/ treinamento e consultas
COMO SERÁ denados de “hospital saudáveis virtuais com especialistas
O FUTURO? em casa”
Expansão das equipes e “Cuidado padrão” para
locais de cuidado provê algumas especialidades
experiência omnichannel (ex.: saúde comporta-
integrada e interação mental, dermatologia)
mais frequente alavanca ferramentas e
dados digitais
“Cuidado padrão”
alavanca ferramentas
digitais e dados
Desafios financeiros Ampliação de modelos Integração limitada en-

declínio do volume e de atenção primária de tre os cuidados primá-
mudanças no mix de alta frequência de contato rios e especializados
pacientes
Falta de um centro Redesenhar jornadas
Falta de integração integrado que possa com o usuário no centro
com parceiros que conectar todas as partes para fomentar adoção
QUE DESAFIOS
PRECISAREMOS fornecem cuidados da experiência de cuida- maior tecnológica
ENFRENTAR? não-emergenciais do holístico
Baixa cobertura do “hos- Redesenhar jornadas

pital em casa” por planos com o usuário no centro
para fomentar maior
Investimento em tecno- adoção tecnológica
logia de monitoramen-
to e engajamento

2.2. ACELERAÇÃO NA ADOÇÃO
DE FERRAMENTAS DIGITAIS NO
MODELO ASSISTENCIAL
A Covid-19 ressaltou o cientes, melhor previsão para mil por dia) e de
quanto o uso de ferra- e regulação do fluxo pre- 2.400% nos teleatendi-
mentas digitais pelo se- sencial nas instituições, mentos (de 200 para 5
tor foi importante, seja e a comodidade. mil diariamente) 10.
no enfrentamento da Os benefícios foram Ressalta-se, portanto, a
pandemia ou na susten- marcantes – em junho importância da tecno-
tação de outras atividade 2020, o TeleSUS já logia em um contexto
des de saúde durante a havia atendido cerca de como a pandemia. Os
crise. Ferramentas como 73 milhões de brasileiros benefícios dessas fer-
teletriagens, teleconsul- desde o seu lançamento ramentas, no entanto,
tas e teleinterconsultas em abril do mesmo ano. tendem a se estender
(entre médicos), monito- Esse serviço incluía um para o futuro. Há agora
ramento remoto de UTI, Disque Saúde, um chatbot uma janela de oportuni-
aplicativos de gestão de na página do Ministério dade para solidificar o
saúde, entre outros, trou- da Saúde, e um aplicati- uso de ferramentas digi-
xeram benefícios como a vo 9. O Hospital Israelita tais ao longo da jornada,
continuidade de atendi- Albert Einstein teve au- uma vez que pacientes
mentos, maior segurança mento de 1.330% nas e profissionais demons-
dos profissionais e pa- teleconsultas (de 70 traram maior abertura
9
Governo Brasileiro, 23 de junho de 2020. Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/noticias/saude-e-vigilancia-sanita-
ria/2020/06/telesus-ja-atendeu-mais-de-73-milhoes-de-brasileiros
10
Veja Saúde, 21 de junho de 2020. Disponível em: https://saude.abril.com.br/medicina/a-era-da-consulta-virtual/

em experimentar estas de saúde corporativos como mais uma forma
novas tecnologias, da- empresariais já tinham de complementar seus
das as restrições impos- acesso à telemedicina, cuidados (Figura 3).
tas pela Covid-19. mas a adoção costumava Em pesquisas da Bain &
Antes da pandemia, a ser inferior a 5%, como Company com pacientes e
adoção da telemedici- indica a pesquisa da Bain profissionais de saúde em
na como ferramenta de & Company 11. diferentes locais do mun-
suporte ao modelo as- A Covid-19 forçou regu- do, foi possível constatar
sistencial era pequena e ladores e planos de saú- alguns pontos relevantes:
díspar ao redor do mun- de a remover barreiras à
do. Em muitos países, telemedicina, incluindo A experimentação foi
como no Brasil, havia a revisão da regulamen- rápida: no Brasil, em
regulamentações restri- tação – mesmo que tem- apenas dois meses após
tivas ao uso. Em outros, porariamente, como no o início dos casos da Co-
mesmo quando já cober- caso do Brasil – e revi- vid-19, 21% dos pesqui-
tos por planos de saúde, são dos valores pagos na sados haviam experi-
políticas de reembolso direção da paridade com mentado pela primeira
menos vantajosas desin- visitas pessoais. Como vez alguma ferramenta
centivavam a entrada de resultado, a maioria dos de telemedicina12.
prestadores neste cam- prestadores adotou so-
po. Muitos consumido- luções de telemedicina e Pacientes estão muito
res também eram céticos aumentou drasticamen- satisfeitos e provavel-
quanto à qualidade do te os tipos de visitas ofe- mente vão incorporar o
atendimento e relutan- recidas. Por outro lado, hábito em determinadas
tes em experimentá-lo. pacientes passaram a ocasiões: nos Estados
Nos Estados Unidos, por experimentar tal tecno- Unidos, 84% avaliam a
exemplo, antes da pande- logia por necessidade, e experiência como posi-
mia, em 2019, 80% dos a expectativa é que ado- tiva, ressaltando como
beneficiários de planos tem esta modalidade principal aspecto a con-
11
Bain & Company. US Healthcare Trends 2020: Insights from the Front Line. Disponível em: https://www.bain.com/
insights/topics/us-healthcare-trends-2020-insights-from-the-front-line/
12
Bain Brazil Consumer Pulse 29/05/2020 (N=1.532), 13/04/2020 (N=2.131)

veniência e, mais impor- Prestadores e profis- suplementará visitas
tante, acreditam que sionais acreditam na presenciais, especial-
a qualidade do atendi- manutenção após a mente para atendi-
mento que recebem é pandemia: cerca de mentos de follow-up,
muito boa em uma varie- 80% dos médicos pes- rotina e interconsul-
dade de casos de uso e quisados acreditam tas (consultas médi-
confiam em seu médico. que a telemedicina co-médico).
Figura 3 | Uso da telemedicina variará por tipo de atendimento
Probabilidade do médico continuar usando com

uma frequência maior ou igual à atual
Cuidado de rotina/acompanhamento 92%

Médico
Consultas médico-para-médico 89% atual
Cuidado urgente 81%

Qualquer
Consultas com novos pacientes 75% médico
Então, o que acontecerá abaixo do pico atual, com de uso e populações espe-
após o controle da pande- uma jornada mais inte- cíficos, por exemplo, em
mia e a vacinação em am- grada entre visitas pre- saúde comportamental,
pla escala da população? senciais e virtuais. Tam- fisioterapia, com popula-
A adoção de telemedicina bém se espera maior uso ções idosas ou que têm
tenderá a convergir acima além de pronto atendi- restrições de mobilida-
dos níveis pré-Covid, mas mento remoto, em casos de e acesso a cuidados.

Estimativas da Bain & de 15% dos atendimen- redução na expectativa
Company apontam para tos de maneira remota, de médicos dos Estados
manutenção em torno se considerada a mesma Unidos (Figura 4).
Figura 4 | Estimativa do patamar de adoção de atendimentos via telemedicina pós-Covid
Em linha com o mercado americano, mercado brasileiro deve apresentar

queda pós-Covid, mas se manterá relevante com potencial de crescer
Penetração de telemedicina
(% de atendimentos médicos)
-39%
41%
Valor estimado
de acordo com gap
24% 25% de penetração
16%
15%
Pós-Covid
Pré-Covid
Covid
Estados Brasil
Unidos
Fonte: Pesquisa: Frontline of Healthcare (EUA, N=467) - Bain & Company; Regional Fine Research – Desa-
fios para os médicos da América Latina em tempos de pandemia – onda 4; Análise Bain & Company.

Quanto mais a crise durar, se tornaram lucrativos, Certamente, essa disrup-
mais plataformas de tec- em grande parte devido ção deve ser vista como
nologia também terão a ao fato de que tiveram que meio para a entrega de
oportunidade de melhorar investir na aquisição de um atendimento integral
a qualidade da solução e a clientes e também na ino- de pacientes, com efici-
conveniência. Interessan- vação de produtos (am- ência e conveniência, e
te notar que prestadores bos investem em torno não como fim. Prestado-
notáveis de serviço de te- de 20% a 30% da receita res irão se deparar com
lemedicina, como Teladoc tanto em marketing quan- decisões estratégicas so-
e Amwell, hoje ainda não to em tecnologia). bre o papel da telessaú-
de em um futuro híbrido,
quanto investir em recur-
sos e como adaptar sua
operação para ser mais
eficiente e eficaz no aten-
dimento. Planos de saúde
precisarão compreender
como incorporar ofertas de
cuidados virtuais em seu
portfólio, como reembolsar
essas ofertas e como im-
pulsionar o uso entre seus
membros. Enquanto isso,
outros pontos de atenção
também precisam ser dis-
cutidos, como a equidade
de utilização desses recur-
sos nos setores público e
privado e a regulamenta-
ção definitiva para uso de
tecnologias no Brasil.

2.3. USO DE DADOS NA
TOMADA DE DECISÃO
Com a falta de recursos tos, mesmo que no curto transparência de dados
por conta da Covid-19 prazo, dado o desconhe- na promoção de trata-
– profissionais, equipa- cimento sobre diversas mentos mais precisos e
mentos de ventilação, variáveis relacionadas ao específicos à realidade
oxigênio, leitos etc. – re- comportamento do vírus. daqueles pacientes, evi-
forçou-se a importância O uso de dados se apre- tando os tratamentos
do uso e compartilha- senta como uma ferra- insuficientes ou desne-
mento de dados e evi- menta de extrema im- cessários. Um estudo da
dências científicas na portância tanto para o Mending Healthcare in
tomada de decisões en- acompanhamento dos America13 revelou que
tre instituições, equipes custos realizados, quanto 86% das organizações do
e de maneira educativa para o valor gerado para sistema de saúde dizem
com os pacientes. Insti- o paciente. Dados e evi- que dados incorretos e de
tuições públicas e priva- dências científicas são, má qualidade são fonte
das no Brasil avançaram portanto, fundamentais de riscos para o paciente
seus modelos de coleta, para uma medicina mais e de maiores custos para
tratamento e integração precisa, com melhor alo- as instituições.
de dados a fim de cons- cação de recursos. Além disso, a captura e
truir modelos preditivos Marty Makary, médico análise de dados é peça
do avanço da pandemia, e autor do livro “O pre- fundamental para o avan-
necessidade de recursos e ço que pagamos”, reforça ço de novos modelos de
resultados de tratamen- a importância do uso e remuneração no setor de
13
Survey: Mending Healthcare in America 2020. Disponível em: https://go.wolterskluwer.com/rs/591-WJW-115/ima-
ges/Mending-Healthcare-2020-Consumers-Cost-Brief.pdf

saúde, principalmente mode valor. Os hospitais- demia, observamos mais
delos baseados em valor -membros da Anahp, ações de colaboração en-
(value-based healthcare), por exemplo, acumula- tre prestadores e planos
que visam maximizar os ram em 2020 a mar- de saúde na construção de
desfechos relevantes para gem EBITDA de 8,1% modelos que garantissem
o paciente, a pertinência – queda significativa de maior sustentabilidade e
do cuidado e a experiên- 4,3 pontos percentuais resiliência entre as partes.
cia do paciente, enquanto na comparação com o Por um lado, modelos que
racionaliza o custo desse ano anterior (12,4%)14. conferissem maior previsibi-
cuidado. Esse conceito tem lidade nas fontes de receita
sido tópico de discussão Agravamento da crise para prestadores – como o
há muitos anos, e a crise econômica mantém a capitation – mas, por outro
da Covid-19 potencializou pressão sobre empre- lado, que também alinhas-
a sua importância devido a sas, planos de saúde e sem incentivos de efetivida-
dois fatores principais: indivíduos que contra- de e desempenho ao longo
tam planos diretamen- de toda a cadeia com men-
Altos impactos finan- te. Estes não têm a ca- suração de indicadores.
ceiros enfrentados por pacidade de aumentar Por fim, no último ano, os
prestadores durante suas despesas e buscam protocolos de contenção e
a pandemia, devido a maneiras de racionali- tratamento para a Covid-19
uma combinação da zar custos no curto e no evoluíram de maneira mui-
postergação de proce- longo prazo. to acelerada e a dissemina-
dimentos eletivos (em ção rápida deles ao redor
geral de maior mar- Apesar da temática de no- do mundo e dentro das
gem) e da elevação nos vos modelos de remune- organizações foi funda-
custos de materiais e ração já ser discutida no mental para melhorar o
recursos por conta da Brasil há alguns anos, im- cuidado. Tal fato realçou a
escassez, e desesta- plementações ainda eram importância da criação de
bilização das cadeias restritas e, com a pan- mecanismos de dissemina-
14
Nota Técnica Observatório Anahp – Fevereiro 2021. Disponível em: https://www.anahp.com.br/pdf/nt-observatorio-
-5a-edicao-fevereiro2021.pdf

ção de dados e evidências instituições, mesmo fora de acelerar capturas de ganho
científicas entre equipes e situações de crise, a fim de em toda cadeia.
DIFERENTES NÍVEIS DE MATURIDADE NA APLICAÇÃO DE TÉCNICAS

ANALÍTICAS AVANÇADAS EM SAÚDE, NO BRASIL E NO MUNDO
EXEMPLO EXEMPLO MATURIDADE

CASO DE USO “BEST IN CLASS” NO BRASIL NO BRASIL
Visualizar, anali-
sar e identificar +
padrões de desem-
penho operacional
utilizando dados
Plataforma baseada +
na nuvem que ajuda
À medida que os
DESCRITIVO
históricos planos de saúde a

Ex.: readmissões planejar, analisar planos de saúde
hospitalares, uso de e tomar decisões
+ começam a coletar
equipamentos, etc. através de relatórios mais dados, a aná-
de lucratividade e + lise descritiva ganha
valor e pode ser mais
produtividade
amplamente usada
Avaliação da
rede através de
benchmarks
Realizar diagnósti- +
cos e prever riscos
via modelos estatís- Algoritmo de estra-
ticos e técnicas de tificação de risco Diagnóstico em
machine learning que prevê pacientes tomografias
com maior probabi-
lidade de complica- Coleta de dados em
toda a cadeia de va-
ções renais + lor é pequena e não
PREDITIVO
estruturada, limitan-
+ do o uso de modelos
preditivos
Monitoramento em
tempo real para Diagnóstico de
prevenir interna- endometriose
e pneumonia e
ções hospitalares, determinação
reduzir gastos de idade óssea
evitáveis, identificar através de visão
e gerenciar melhor computacional e
as doenças crônicas deep learning

EXEMPLO EXEMPLO MATURIDADE
CASO DE USO “BEST IN CLASS” NO BRASIL NO BRASIL
Recomendar ações
com base em dados
gerais e individuais an- +
teriores em algoritmos Tratamentos perso-
inteligentes nalizados com base
na composição gené- Coleta de dados em
Recomendar proto- Autorização de
toda a cadeia de va-
PRESCRITIVO
colo de tratamento tica única do câncer procedimentos

de um paciente, a com base no lor é pequena e não
personalizado para
partir de dados de fon- histórico do estruturada, limitan-
melhorar os resulta- paciente e risco
tes clínicas e laborato- do o uso de modelos
dos de saúde
riais em populações de prescritivos
Gerenciar e otimizar pacientes
proativamente os
recursos do hospital
(camas, equipe, equi-
pamentos etc.)
Gestão de leitos
Fonte: Pesquisa em literatura, entrevistas com participantes do mercado, análise Bain & Company.

3. PERSPECTIVA
PESSOAS
Os desafios de planeja- milhões de profissionais, ríodo, em Belo Horizonte
mento, distribuição, capa- concentrados principal- (MG) não era possível pre-
citação e cuidado de pro- mente em países de renda encher vagas de terapia
fissionais de saúde na luta baixa e médio-baixa. intensiva, o que obrigava a
contra a Covid-19 foram Em diversos momentos da cidade a fechar leitos.
enfrentados por diversos pandemia, houve falta de Além disso, condições de
países e trouxeram nova- profissionais de saúde em trabalho desafiadoras e in-
mente à tona a discussão regiões do Brasil. A situa- seguras também afetaram
sobre a escassez destes ção se tornou ainda mais a efetividade da atuação
profissionais. Em novem- aguda quando esses pro- de muitos profissionais.
bro de 2017, a Declaração fissionais precisaram se Uma pesquisa da Associa-
de Dublin sobre Recursos afastar do trabalho, seja ção Paulista de Medicina
Humanos para a Saúde por contaminação ou es- (APM)15 com médicos de
mencionou que, apesar gotamento físico e mental. todo o país mostrou, em
das projeções de adição Em janeiro de 2021, Porto abril de 2020, que 50%
de mais de 40 milhões Velho (RO) já contabilizava dos médicos que atuavam
de profissionais de saúde cerca de 5 mil profissionais na linha de frente enfren-
até 2030, enfrentaremos de saúde contaminados e taram falta de equipamen-
uma falta de mais de 18 25 mortos. No mesmo pe- tos de proteção individual
15
Associação Paulista de Medicina. Disponível em: http://associacaopaulistamedicina.org.br/files/2020/pesquisa-
-apm-medicos-covid-19-abr2020.pdf

(EPIs) e 66% desses médi- vro “Human: Solving the do absenteísmo através
cos indicaram ausência de global workforce crisis in da melhora da saúde e do
testes em pacientes com healthcare”17, ao refletir bem-estar da força de tra-
suspeita da doença. Em se- sobre os números alar- balho; e, finalmente, o au-
tembro do mesmo ano, em mantes de falta de 18 mi- mento da eficácia, através
uma pesquisa da Fundação lhões de profissionais em de novos modelos de aten-
Oswaldo Cruz (Fiocruz)16 2030, ressalta a impor- dimento e negócio. Neste
com agentes comunitários tância de aumentar a pro- capítulo de Pessoas, abor-
de saúde, 62% afirma- dutividade da força de tra- daremos as três primei-
ram se sentirem inseguros balho em saúde, uma vez ras alavancas citadas por
quanto aos EPIs disponibi- que este ciclo de formação Britnell sob a perspectiva
lizados para o trabalho. não é rápido o suficiente: de aprendizados trazidos
A falta de equipamentos “as equipes terão que fazer pela Covid-19: aumento
foi agravada pelas reali- mais com o mesmo número da eficiência através de
dades tão diversas de tra- de recursos”. Britnell ain- novas tecnologias; de-
balho, as quais estavam da elenca quatro grandes senvolvimento de novas
principalmente relaciona- alavancas para aumentar competências de profis-
das a desigualdades so- produtividade (aplicáveis sionais para lidar com
ciais e a diferenças entre não apenas no setor de o futuro da medicina e
as redes pública e privada, saúde): aumento da efi- o cuidado integral dos
colocando muitos pro- ciência com introdução profissionais de saúde. A
fissionais frente a frente de novas tecnologias; in- alavanca de eficácia foi
com decisões éticas para vestimento na constru- debatida na perspectiva
as quais muitos não esta- ção de competências com Assistencial, dentro do
vam preparados. treinamentos, educação e avanço de novos modelos
Mark Britnell, autor do li- desenvolvimento; redução de atenção.
16
Fundação Oswaldo Cruz, 07 de dezembro de 2020. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/pesquisa-chama-
-atencao-para-condicoes-de-trabalho-e-saude-dos-agentes-comunitarios
17
Britnell, M. (2019) Human: Solving the global workforce crisis in healthcare

3.1. AUMENTO DA
EFICIÊNCIA ATRAVÉS
DE NOVAS TECNOLOGIAS
A pandemia revelou a tec- Embora a telessaúde damento de consultas
nologia como uma grande tenha se tornado uma online. O segundo grupo
aliada frente à crescente prioridade estratégica sustenta a prestação de
demanda por profissio- para a maioria dos pres- cuidados, incluindo mo-
nais. A telessaúde, em tadores, os líderes tam- nitoramento remoto de
várias de suas aplicações bém estão investindo em pacientes, aplicativos de
como a telemedicina, te- outros recursos digitais. adesão à prescrição, su-
lefisioterapia, monitora- Um primeiro grupo de fer- porte a decisões clínicas
mento remoto etc., além ramentas está vinculado e análises avançadas de
de promover acesso e ao acesso e à experiência pacientes. Terceiro, as
conveniência, amplia a do consumidor e inclui tecnologias digitais ofe-
capacidade dos profissio- ferramentas digitais para recem suporte a serviços
nais e aumenta a sua pro- melhorar a experiência do administrativos eficien-
dutividade. paciente, como o agentes seja para profissio-
nais de saúde, seja para as
equipes de suporte. Isso
inclui ferramentas ana-
líticas e de automação,
que auxiliam, por exem-
plo, na efetividade de sis-
temas de faturamento e
suporte de comparação
de custos, preços e co-
bertura (Figura 5).

Figura 5 | Diferentes aplicações de tecnologia e dados para aumento da
eficiência do profissional de saúde
TEMAS-CHAVE DESCRIÇÃO
Novos dados Grande volume, em tempo real, prontos para utilização/análise

do paciente e/ou para agregar/monetizar ativos baseados em dados
Navegação e Maior acessibilidade e transparência das informações, permitin-

direcionamento do que os pacientes façam escolhas mais informadas e assumam
no sistema de saúde mais responsabilidade sobre sua jornada de saúde
ORIENTADO AO USUÁRIO
Assistência médica fornecida remotamente e em casa, em uma

Cuidado virtual e gama crescente de categorias (por exemplo, consultas virtuais,
telessaúde segundas opiniões, monitoramento remoto)
Alto envolvimento do consumidor, gerenciamento de ponta a

Gestão de doenças
ponta de doenças complexas como diabetes ou obesidade
Coordenação do Coordenação do atendimento ao paciente individual entre as

cuidado & gestão partes interessadas, frequentemente focada em casos complexos
da utilização de alto custo ou áreas específicas de utilização de saúde
Fluxo administrativo e Eficiência operacional e automação do fluxo de trabalho

automação operacional administrativo por meio da limpeza, agregação e processa-
mento de dados
Ferramentas ou serviços que aumentam ou substituem etapas

Fluxos de trabalho no fluxo de trabalho clínico através de automação e sistemas de
LADO DA OFERTA/PRESTADOR
clínicos suporte a tomada de decisão
Análise da população para identificar indivíduos de alto risco

Avaliação de risco
para prever, prevenir e mitigar eventos de saúde adversos e
populacional
dispendiosos, solicitando intervenções
Colaboração e conectividade entre planos de saúde e prestadores

Conectividade
para entregar melhores resultados com custos mais baixos por
do prestador
meio do compartilhamento de informações, risco e pagamentos
Medicamentos, diagnósticos e dispositivos altamente

Terapias
direcionados e personalizados que se baseiam em análises
personalizadas
e medicina de precisão

Além da telessaúde, a in-
teligência artificial (IA),
blockchain, automação ro-
bótica e outras ferramen-
tas podem otimizar diver-
sas etapas da jornada do
profissional e do paciente,
desde a triagem até o cui-
dado pós-alta. Durante a
crise da Covid-19, várias
aplicações começaram
a ser testadas, e podem
ser muito benéficas para vez mais alavancados por instituições, e a crise re-
o modelo de saúde do fu- inteligência artificial. A velou ainda mais a ne-
turo, como a aplicação de combinação de tecnolo- cessidade de que esses
inteligência artificial na gia e dados pode também protocolos sejam claros,
identificação do corona- ser usada para apoio à diretivos e, sempre que
vírus em tomografias ou tomada de decisão, prio- possível, automatizados,
blockchain aplicado ao rizando um processo pre- com propósito de garan-
rastreamento da cadeia ciso, rápido e que repre- tir eficiência na tomada
de suprimentos médicos. sente a melhor evidência de decisão, alinhamento
Os principais prestadores científica incorporada ao guia de cuidado dos
também estão adotando ao fluxo de trabalho do pacientes de cada insti-
ferramentas digitais para médico, personalizado e tuição e redução de des-
aprimorar a experiência contextualizado para o perdícios.
do médico enquanto au- profissional e o paciente, Finalmente, prestado-
mentam a assertividade e entregue de modo a mi- res de sucesso estão
do cuidado. Eles estão in- nimizar fadiga e burnout usando o gerenciamen-
vestindo em ferramentas dos profissionais de saúde. to ágil como uma fer-
que economizam tempo Os protocolos institu- ramenta poderosa para
e aumentam a qualidade cionais foram uma fer- implementar tecnolo-
no preenchimento e ges- ramenta bastante utili- gias para redesenhar a
tão de prontuários mé- zada para a otimização jornada dos pacientes e
dicos eletrônicos, cada da produtividade nas profissionais.

AUTOMAÇÃO EM SAÚDE
À medida que a pandemia continua a remodelar a forma como o trabalho é feito, empresas de diferentes
setores buscam explorar oportunidades de automação promissoras. Em saúde, a automação pode trazer
benefícios não apenas de eficiência operacional, mas também de experiência do profissional e do paciente,
como estes listados a seguir:
Aumento da conveniência, velocidade e personalização: agendamentos, comunicações custo-

mizadas etc.
Produtividade: sistemas de autosserviço para pacientes e cuidadores com triagens automáticas
e alertas.
Redução de atrasos: gestão de documentos, gestão do ciclo de contas a receber.
Gestão de riscos: auditorias e alertas automatizados para condutas e padrões de regulamentação.
Geração de insights: integração facilitada de dados de clientes e operações dispersos, constru-
ção de painéis em tempo real ou uso de técnicas analíticas avançadas para suportar sistemas
de decisão clínica.
Importante ressaltar que além dos benefícios que já eram associados à automação antes da pandemia,
como a redução de custos, o aumento de receita e a melhoria na performance e qualidade, atualmente
líderes identificam que a automação passou a ser mais relevante dadas as demandas de resiliência e con-
tinuidade das operações de saúde.
ANTES DA COVID-19, QUAL % DO SEU TRABALHO VOCÊ PLANEJAVA

AUTOMATIZAR NOS PRÓXIMOS DOIS ANOS?
51%
35% 32%
26% 25%
22% 23%
20%
10% 10% 10% 10%
Todos os setores Saúde Serviços Tecnologia

financeiros
Retardatários na automação Líderes na automação Média da indústria
Nota: Líderes na automação são definidos como companhias que investiram mais de 20% de seu orçamento de
tecnologia em automação nos últimos 12 meses; Retardatários são companhias no último quartil de respostas
sobre a % de automação esperada nos próximos dois anos.

QUAL ERA O OBJETIVO MAIS IMPORTANTE COM A AUTOMAÇÃO PARA A SUA
ORGANIZAÇÃO ANTES DA COVID-19? COMO ISSO MUDOU COM A PANDEMIA?
34% 36%
22% 21%
18% 17%
13%
9% 10%
6%
4% 3% 4%
Melhorar Reduzir Aumentar Melhorar Gerar mais Garantir a Diminuir

performance custos receitas experiência dados de continuidade riscos
do cliente negócios e resiliência
Importância antes da Covid-19 Mudança na importância após a Covid-19
Nota: Mudança na importância = (# de respondentes que consideram o mais importante - # de respondentes que
consideram o menos importante) / (# total de respondentes).
Fonte: Bain & Company - Automation Survey 2020 (N=500).

3.2. NOVAS
COMPETÊNCIAS DOS
PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Os profissionais de saúde exemplo: saúde popula- dade de disseminação de
estão sendo colocados à cional, análise de dados, aprendizados demanda-
prova desde o início da profissionalismo e ética rá modos de ensino adi-
pandemia. Eles tiveram médica, novas maneiras cionais, como o treina-
que se reinventar para lide trabalhar (incluin- mento mais prático, um
dar com a alta demanda do trabalho em equipes foco maior em ativida-
pelos serviços de saúde, multifuncionais) e novas des em grupo, tanto para
enquanto ainda apren- tecnologias. conteúdos básicos quan-
dem sobre a doença. Esta O modo de ensino e capa- to específicos, emulando
perspectiva reforça como citação também deverá a realidade multifuncio-
a saúde demandará pro- ser revisado. O ensino à nal das novas equipes e
fissionais altamente es- distância se tornou uma a necessidade de capaci-
pecializados e ao mesmo necessidade, requerendo tação contínua dos pro-
tempo muito flexíveis, transformações de currí- fissionais. Por fim, é re-
capazes de lidar com as culos. Entretanto, há um comendada a promoção
ambiguidades de um sis- desafio em incorporar de treinamento e capaci-
tema de saúde cada vez a tecnologia mantendo tação em conjunto com
mais complexo, tecnoló- princípios que fazem a instituições públicas e
gico e integrado. Temas atividade de educação privadas, permitindo a
discutidos há muito tem- ser bem-sucedida, como troca de experiências e
po, porém pouco valori- aprendizagem ativa, co- conhecimento.
zados na formação médi- laborativa e em pequenos Durante a pandemia, os
ca, passaram a ter maior grupos. Além do ensino à times tiveram que se or-
prioridade, como por distância, a alta veloci- ganizar de maneira mul-

estruturas organizacio- acredita que os CEOs pre-
nais menos hierárqui- cisarão responder a três
cas, agilizando a tomada perguntas no contexto de
de decisão e a comuni- gestão de talentos18. Em
cação entre as partes, e primeiro lugar, como pre-
provendo mais autono- servar o melhor da crise
mia para profissionais – equipes menores, for-
de saúde que atuam na mas mais rápidas e ágeis
linha de frente. Além dis- de trabalhar, e conexões
so, profissionais de saúde estreitas entre a linha de
não-médicos como fisio- frente e a alta liderança –
terapeutas, enfermeiros enquanto garantem que as
e técnicos tiveram pro- pessoas certas estejam en-
tagonismo e foram par- volvidas? Em segundo lu-
tifuncional e com poder te integral dos times de gar, como evitar os piores
mais distribuído para combate, o que reafirma aspectos do “planejamen-
lidar de maneira mais a importância de trei- to” – burocracias, ciclos
rápida e eficiente com namentos em grupo que fechados, processos está-
questões novas e com- envolvam diferentes ti- ticos – e, ao mesmo tempo,
plexas. Tal organização pos de especialidades e fortalecer a coordenação
foi fundamental para permitam o desenvolvi- e a responsabilidade? E,
evoluir os protocolos clí- mento de habilidades de terceiro, como iniciar uma
nicos, testar e descobrir colaboração e dissemi- conversa sobre expectati-
novos métodos de trata- nação de conhecimento. vas de relação de trabalho
mento. Como caminho Como capturar o melhor com seu pessoal, enquan-
para fomentar e otimizar das novas formas de traba- to o futuro de muitos em-
esse tipo de colaboração lho e não retroceder após pregos, especialmente da-
multifuncional, institui- a pandemia? Jimmy Allen, queles da linha de frente,
ções experimentaram sócio da Bain & Company permanece incerto?
Bain & Company. A New Social Contract: Talent in a Post-Covid-19 World. Disponível em: https://www.bain.com/insi-
18
ghts/a-new-social-contract-talent-post-covid-19-world-fm-blog

3.3. FOCO NO
CUIDADO INTEGRAL DO
PROFISSIONAL DE SAÚDE
Na batalha contra a cassez de recursos e alta
Covid-19, muitos foram demanda por cuidados.
os casos, no Brasil e no Médicos, enfermeiros e
mundo, de profissio- técnicos da linha de fren-
nais de saúde em situa- te apresentaram taxas al-
ções limite, tanto física tas de burnout, também
quanto emocionalmen- conhecida por síndrome
te. Aqueles na linha de de esgotamento profis-
frente são muitas vezes sional. Muitos foram os
forçados a tomar deci- impactos diretos sobre
sões rápidas para ga- os profissionais de saúde:
rantir o melhor cuidado ansiedade, depressão, in-
aos pacientes, enquan- sônia etc. Pesquisas dos
to não há informação Estados Unidos mostra-
detalhada sobre o com- ram que a incidência de
portamento da doença. ansiedade e depressão
Muitas vezes estas esco- aumentou em até três ve-
lhas permeiam questões zes durante 202019. Den-
éticas de como encarar a tre as principais causas,
pandemia quando há es- podemos citar: (1) falta
19
Twenge, J. (2020) Mental distress among U.S. adults during the COVID-19 pandemic

o reconhecimento das
sequelas emocionais que
perdurarão e para a im-
portância de desenvol-
verem mecanismos que
evitem que outros profis-
sionais cheguem a situa-
ções igualmente graves.
Em primeiro lugar, é fun-
damental que institui-
ções acompanhem de
forma integral a saúde
de seus colaboradores.
Diversas organizações
de estrutura das institui- excessivas sem descanso. desenvolveram proces-
ções e ausência de ma- Além de todos esses fa- sos para acompanhar
terial básico para aten- tores, situações que afe- métricas, como o índi-
dimento/proteção; (2) tam a vida pessoal, fora ce Maslach de Burnout
exposição a riscos físicos, do trabalho, podem ter na força de trabalho. O
biológicos e químicos; (3) exacerbado os quadros acompanhamento sis-
convívio com dor e sofri- de doenças psíquicas: temático de métricas
mento dos pacientes; (4) risco de contaminar um como essas permitirão
necessidade de tomar de- familiar, necessidade de a criação de estratégias
cisões importantes, como cuidar de crianças em para orientar a atuação
quem deveria ter acesso a casa, medo do desem- frente às suas causas.
um respirador, especial- prego, incerteza sobre Além dos impactos da
mente em contextos mui- o futuro da economia, Covid-19, os quais pode-
to díspares de alocações dentre outros. mos considerar como si-
de recursos (público vs. Para o futuro, surge a ne- tuacionais, índices altos
privado); (5) situações de cessidade das institui- de estresse em médicos
conflito com famílias de ções se atentarem para antes da pandemia obri-
pacientes; (6) sobrecar- o tratamento daqueles gam as organizações a
ga no trabalho e jornadas que foram afetados, para fazerem uma análise sis-

têmica. Do ponto de vista contexto, avaliando me- se abram sobre os impac-
situacional, é importan- canismos que podem tos do trabalho na saúde
te ter ações para garan- interferir na adoção do física e mental, seguido
tir que eventos pontuais cuidado integral, como do desenho de um pla-
não afetem a autoestima o modelo de remunera- no para tratar todas as
e o nível de energia e mo- ção ou movimentação de questões levantadas.
tivação dos profissionais. carreira. Subsequente- Incentivos podem ser de-
A organização deve reco- mente, deve-se focar na senvolvidos para que a
nhecer os esforços e abrir educação e engajamento organização se movimen-
caminhos institucionais da liderança na mudan- te no sentido de priorizar
para profissionais ex- ça cultural, no desenho o tema da saúde inte-
pressarem insatisfação e na operacionalização gral, por exemplo, melho-
com práticas e situa- de um plano para me- rando as condições de
ções, além de ajudar os lhorar a saúde integral trabalho, possibilitando
indivíduos a cuidarem/ dos colaboradores. Do que o profissional esteja
tratarem de problemas ponto de vista cultural, é exposto a menos riscos
e a desenvolverem habi- importante criar canais ou desenhando um plano
lidades para lidar com de comunicação de duas concreto para um melhor
estresse, ansiedade etc. vias com os colaborado- equilíbrio entre trabalho
(ex.: incentivo à prática res, permitindo que eles e vida pessoal.
de meditação, prática de
esportes).
Embora importantes, es-
ses cuidados paliativos
não responderão de for-
ma sistêmica à necessi-
dade do cuidado integral.
Após o reconhecimento
do problema como uma
questão organizacional,
deve-se fazer um diag-
nóstico da instituição
para o entendimento do

4. PERSPECTIVA
SUSTENTABILIDADE
A pandemia da Covid-19 social, financeiro, ambien- aprendizados que devem
trouxe o setor de saúde tal, dentre outros. ser levados adiante.
para o centro da vida eco- Neste contexto, um dos A gravidade da situação de-
nômica, política e social de pontos mais claros e drás- monstrou a importância de
todo o mundo, mostrando ticos que a pandemia as instituições de saúde te-
de maneira contundente apresentou foram as de- rem flexibilidade e agilidade
que não há como tratar sigualdades de acesso ao nas suas ações, mas tam-
este setor como um uni- serviço de saúde de quali- bém se prepararem com
verso à parte, dado o ta- dade e as disparidades na resiliência para cenários
manho do seu impacto capacidade de resposta à futuros, identificando os
potencial sobre a socieda- pandemia, tanto no Brasil momentos e temáticas ade-
de. Com o início súbito e o quanto em diversos ou- quadas para investimento.
longo aprendizado com os tros países. Desde a taxa As mesmas ponderações
primeiros meses da pande mortalidade nas UTIs são válidas na perspectiva
demia, pôde-se entender dos hospitais públicos – macro, com um planeja-
melhor como posicionar a bem mais elevada que nos mento coordenado e inte-
saúde em uma questão de prestadores privados – até grado na gestão de saúde
sustentabilidade dentro a saída de mulheres do entre esferas pública e pri-
do dia a dia, não se limi- mercado de trabalho, são vada, e com investimentos
tando à esfera assisten- vários os exemplos obser- não apenas no setor de saú-
cial, mas dentro de todo vados – mas certamente de, mas também ciência,
um contexto econômico, já são muitos também os tecnologia e informação.

AUMENTO NAS CONSOLIDAÇÕES
A sustentabilidade de diversas instituições e empresas do setor de saúde foi drasticamente impactada
pelas consequências financeiras da Covid-19. Uma tendência mundial da última década, movimentos de
consolidação entre prestadores e planos de saúde têm ocorrido no Brasil nos últimos anos. Historicamente,
consolidações e aquisições tendem a seguir momentos de crise e espera-se que a Covid-19 acelere este movi-
mento no setor de saúde no Brasil e no mundo. Há três grandes caminhos que podem ser percorridos:
Consolidações ao longo da cadeia de valor que permitem capturar uma parcela maior da ex-
periência do paciente ao longo da jornada do cuidado, desde a prevenção, cuidados primários,
assistência terciária e cuidados paliativos.
Consolidações dentro dos mesmos elos da cadeia em busca de aumento da escala local e re-
gionalmente. Dado o estrangulamento financeiro imposto pela pandemia, empresas de menor
porte estão mais propensas a aquisições.
Construção de competências, principalmente digitais através de aquisições de startups que ace-
leram inovações fundamentais para o futuro da saúde.
O valor de fusões e aquisições de saúde caiu 37% em 2020, uma das maiores quedas entre setores, mas o vo-
lume de negócios aumentou rapidamente na segunda metade de 2020 e parece prestes a acelerar em 2021.
APESAR DOS DESAFIOS, VALORES AUMENTARAM EM 2020

Leve aumento na segunda metade do ano ajudou a impulsionar um salto de 28% no valor
em relação ao ano anterior
2019 $400B
Farma e biotecnologia
2020 $226B
$98B
Equipamentos médicos
$39B
$22B
Planos de sáude
$40B
$18B Up
Prestadores
$23B 28%
Fonte: Bain & Company - M&A report 2021, Disponível em: https://www.bain.com/insights/getting-ready-for-the-recovery-in-healthcare-m-and-a-report-2021/
A atividade variará por subsetor, com a indústria farmacêutica/biotecnológica posicionada para forte
atividade e empresas de tecnologia médica se beneficiando de uma retomada de cirurgias eletivas e
aportes em empresas de diagnóstico e teste.
O volume de negócios entre planos de saúde também deve acelerar, especialmente para a aquisição
de tecnologias como saúde digital e processamento de pagamentos. Enquanto isso, transações entre
prestadores irão variar desde a busca de escala entre hospitais até a consolidação de prestadores de
atendimentos primários e locais de cuidados alternativos.
Em meio às rápidas mudanças regulatórias e à incerteza da Covid-19, existem oportunidades para ad-
quirentes com balanços sólidos: as recuperações anteriores mostraram que investimentos inteligentes
durante uma recessão podem capturar um valor significativo na recuperação.

4.1 COMBATE À
DESIGUALDADE NO
ACESSO À SAÚDE
DE QUALIDADE
Uma das grandes lições ma Único de Saúde (SUS) grande pressão sobre os
que a pandemia trouxe foi e outros serviços públi- profissionais de saúde – o
tornar ainda mais visível a cos de saúde ao redor do que acaba resultando em
desigualdade que permeia mundo foram fundamen- um atendimento de me-
a sociedade brasileira e de tais para dar suporte à nor qualidade para aque-
outros países, não apenas população durante esta les que não têm acesso ao
referente a ricos e pobres, catástrofe, mas é inegá- sistema de saúde suple-
mas também frente à de- vel que o serviço foi mais mentar. Como exemplo
sigualdade de gênero e a afetado pela falta de in- imediato desta disparida-
outras minorias. O Siste- sumos, planejamento e de, segundo estudo con-
duzido pela Associação de
Medicina Intensiva Brasi-
leira (Amib) no início da
pandemia, entre março e
maio de 2020, a taxa mé-
dia de mortalidade intra-
-hospitalar em UTI de pa-
cientes com Covid-19 nos
hospitais públicos brasi-
leiros foi de 38,5%, prati-
camente o dobro da taxa

observada em unidades tando sua exposição ao
privadas, cerca de 19,5% contágio pela Covid-19.
– diferença causada prin- Além disso, a menor es-
cipalmente pela demora colaridade também im-
no acesso aos serviços de põe mais obstáculos ao
saúde, o que explicaria a entendimento sobre os
maior gravidade observa- mecanismos de contágio
da no estado dos pacien- e meios de proteção. No
tes ao chegar na UTI nos fim, são exatamente es- exigência pode ter gera-
hospitais públicos. ses os grupos que mais do uma maior sobrecarga
Desigualdades estrutu- acionam o sistema públi- nas mulheres nos últimos
rais da sociedade acaba- co de saúde, lotando os meses, explicando parte
ram se refletindo também hospitais e contribuindo da saída de muitas delas
em impactos mais fortes ainda mais para a satura- do mercado de trabalho
da pandemia nas vidas ção e queda de qualidade voluntariamente neste
de certos grupos minori- do atendimento. cenário extremo. Segundo
tários. Na camada mais Sob a perspectiva da desi- também a Pesquisa Na-
pobre da população, por gualdade de gênero, pôde- cional por Amostra de Do-
exemplo, a natureza do -se observar neste período micílios (Pnad) Contínua,
seu trabalho, usualmen- de pandemia um impacto do IBGE, 11,2 milhões de
te com menor flexibilida- ainda mais oneroso no pessoas deixaram a força
de para atuação remota, dia a dia especialmente de trabalho brasileira des-
acabou fazendo com que das mulheres, além do de o primeiro trimestre
a maioria tivesse um de emprego formal e do tra- de 2020, um ano atrás
dois destinos: o desem- balho doméstico, com a – desses, 7 milhões foram
prego ou a continuidade pandemia ainda surge um mulheres20.
do trabalho presencial – trabalho adicional para Governos e entidades de
o que acabou mantendo cuidado e proteção pesso- maior escala devem de-
sua mobilidade e aumen- al e da família. Mais esta senvolver seus planos
Folha de S. Paulo, 01 de fevereiro de 2021. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/02/pande-

20
mia-deixa-mais-da-metade-das-mulheres-fora-do-mercado-de-trabalho.shtml?origin=folha

de ação, seja em perío- isto em mente, governos, mantidas ou expandidas em
dos de catástrofe ou não, por exemplo, poderiam um cenário pós-pandemia.
considerando que estes planejar políticas públi- Um exemplo destas inicia-
eventos impactam dife- cas mais direcionadas e tivas, já existente antes
rentes grupos de formas efetivas, minimizando o da crise, mas potenciali-
mais ou menos intensas, impacto destas desigual- zada com a pandemia, foi
e calibrando sua atuação dades sobre a carga da a da Babylon Health, em-
para esta desigualdade. pandemia nestes grupos presa britânica com foco
Especificamente no caso mais afligidos. no uso de tecnologia na
da pandemia, fatores Nos últimos meses pôde- prestação de serviços de
como as condições de -se observar globalmente saúde, com o propósito de
habitação e as pressões o surgimento de diversas maior democratização do
econômicas para traba- iniciativas a níveis nacional acesso à saúde de quali-
lharem mesmo doentes e internacional, buscando dade via telessaúde e foco
seriam chave para iden- trazer impacto social positi- nos cuidados primários. A
tificar grupos mais sus- vo mesmo neste momento iniciativa busca o amplo
cetíveis ao contágio. Com drástico, e que poderiam ser acesso ao cuidado mais
básico de saúde de for-
ma remota, minimizando
a necessidade de exames
e consultas presenciais, o
que acaba também bara-
teando o custo global da
saúde e a tornando mais
acessível. Iniciativas de
digitalização como esta
devem ser estimuladas
não apenas agora, mas
também após a pande-
mia, podendo ser cruciais
no acesso mais amplo a
serviços de saúde de qua-
lidade e combatendo a de-
sigualdade neste âmbito.

4.2. RESPOSTAS MAIS ÁGEIS,
BASEADAS EM DADOS
COORDENADOS NO NÍVEL
MICRO E MACRO
Com a declaração da Orga- crítico de demanda – seja ela minimizando as incertezas

nização Mundial de Saúde por atendimento médico ou e atrasos observados. Além
(OMS) do estado de pan- mesmo por equipamentos disso, para garantir o acio-
demia com a Covid-19 e o de proteção individual (EPIs) namento de ações como
avanço global da doença nos e materiais médicos, oxigê- estas no momento correto,
primeiros meses de 2020, nio e outros insumos. é fundamental que haja um
medidas emergenciais preci- Neste contexto, em res- sistema de vigilância atu-
saram ser tomadas pelos go- posta ao pico de demanda ante, com maior integração
vernos, ainda em um cenário sobre o sistema de saúde, e interoperabilidade entre
de bastante incerteza sobre o que pôde ser observado os sistemas de informação
a doença e seu potencial logo no início da pandemia dos hospitais, laboratórios
impacto na sociedade. A ne- foi uma corrida para recupe- e, de forma centralizada, no
cessidade de atuação rápida, rar e estabelecer estrutura, Ministério da Saúde.
dada a gravidade da situa- tecnologia e planejamen- O uso e compartilhamento
ção, expôs em diversos paí- to para estar mais pronto de dados é crucial e a expe-
ses e instituições a falta de para o combate à Covid-19. riência da pandemia, mes-
um plano emergencial para Um pilar fundamental deve mo sob a pressão extrema
este tipo de crise sanitária ser a possibilidade de am- da situação, trouxe apren-
e a incapacidade das estru- pliação ou readequação dizados importantes para o
turas de saúde existentes rápida e eficiente das es- dia a dia da gestão em saú-
comportarem um cenário truturas de atendimento, de. Se no início de 2020

dade necessária das estru- tratégico, de modo que tal
turas de saúde tanto para plano nacional compre-
dar suporte ao momento de enda também um parque
crise, quanto para garantir fabril resiliente voltado
o atendimento necessário para a saúde, garantindo
para pacientes crônicos e que a indústria nacional
urgências do dia a dia. esteja pronta estrategica-
prevalecia a incerteza sobre O plano também deve in- mente para responder a
o crescimento da Covid-19, corporar o aprendizado potenciais disrupções de
com os meses seguintes doloroso com a falta de demanda como exempli-
surgiram grandes avanços equipamentos de prote- ficado durante a pande-
na modelagem da evolução ção e cuidado e materiais mia. Aprendizados impor-
da doença, com a inclusão médicos que ainda vemos tantes foram a revisão do
de novas variáveis-chave, ocorrer durante a pande- portfólio de fornecedores,
como mobilidade da popu- mia. O planejamento e mo- minimizando o risco de
lação ou o comportamento nitoramento de estoques desabastecimento, e o re-
humano e dos governos. Tal em níveis minimamente desenho das cadeias de
evolução se mostrou um adequados e o desenho de fornecimento, buscando
grande aprendizado para planos de contingência que uma maior diversidade de
a modelagem da evolução possam acionar a indústria parceiros, com cadeias de
de doenças infecciosas, nacional para ressignificar valor mais seguras e ras-
com altíssimo potencial de suas linhas de produção treáveis.
contribuir para melhor en- para atender a demanda de O Aceso Global21 listou al-
tendimento da saúde po- maneira emergencial são guns dos principais pontos
pulacional no futuro. Além essenciais. a serem avaliados no dese-
disso, a partir destas infor- Assim, é fundamental que nho de um programa “inte-
mações, pode-se também a saúde seja considerada grado”. No aspecto macro,
planejar melhor a capaci- um setor econômico es- destacam-se:
21
Coutollenc, B.; La Forgia, G. (2018) Hospital Performance in Brazil: The Search for Excellence. Citado por Ge-
rald La Forgia, diretor técnico da Aceso Global. Disponível em: http://documents1.worldbank.org/curated/
fr/815061468015870054/pdf/448330PUB0Box3101official0use0only1.pdf

Necessidade de se traba- ações para correção de
lhar com governos e le- rumo e disponibilidade de
gisladores para criar um tecnologia.
ambiente regulatório e Compreendendo todos es-
jurídico favorável. ses pontos, fica evidente
que um plano nacional,
Governança e liderança coordenado e integrado na
com controle sobre os gestão da saúde é um exer-
diferentes elos da cadeia cício complexo que, para
para coordenar esforços. ser efetivo, tanto na res-
posta a potenciais crises de
Fonte de financiamento. saúde quanto na garantia
do atendimento médico de
Gestão para alocar dife- qualidade no dia a dia, não
rentes recursos (incluin- pode contar apenas com
do capital humano) de o governo e o sistema de
forma alinhada. saúde. Como foi aprendido
na pandemia da Covid-19,
No aspecto micro, é im- um plano mais efetivo deve
portante levar em consi- considerar diversos entes,
deração estruturas orga- englobando governos de
nizacionais, prestadores todas as esferas, todos os
de serviços, papel do aten- tipos de prestadores de
dimento primário, supor- saúde, públicos e privados,
te logístico, interações empresas farmacêuticas,
prestadores-prestadores de tecnologia e de outros
e prestadores-pacientes, setores que possam ter
entre outros. A intera- impacto sobre a gestão da
ção de todas essas ini- saúde, associações seto-
ciativas deve, por fim, ser riais, a mídia como um todo,
coordenada através de instituições internacionais
habilitadores como mo- e multilaterais, a academia
nitoramento de desem- e periódicos científicos,
penho, coordenação de além de diversos outros.

4.3. PAPEL CLARO DOS
PRINCIPAIS ATORES
E PARCERIAS NO
COMBATE À PANDEMIA
A união de esforços no graus de atuação ao redor camentos, equipamentos
combate à pandemia foi do mundo. Além da manu- e, por fim, das vacinas.
fundamental para alcançar tenção dos sistemas pú- Além disso, governos, enti-
algum grau de controle e, blicos de saúde, a atuação dades multilaterais interna-
mesmo que a coordenação dos governos se destacou cionais e outras instituições
possa não ter sido efetiva mais em dois aspectos: representativas tiveram pa-
em todos os momentos, (1) no suporte financeiro pel fundamental em garan-
aos poucos foi possível en- à população, seja através tir um arcabouço jurídico e
tender de forma mais cla- de programas de trans- regulatório que respondesse
ra o papel de cada um dos ferência direta de renda às novas necessidades que
principais atores da socie- para as pessoas mais afe- surgiram neste momento
dade e como eles poderiam tadas pela crise, como, por crítico. O aprendizado de ter-
contribuir, não apenas nes- exemplo, o auxílio emer- mos legislações flexíveis o su-
te momento, mas também gencial no Brasil, ou atra- ficiente para lidar com crises
para a melhoria a longo vés de apoio às empresas, de saúde pública como esta
prazo da gestão de saúde especialmente aquelas de foi muito claro e deve ser in-
nacional. pequeno e médio porte, corporado gradualmente,
Os governos de todas as que empregam boa parte com o refinamento esperado,
esferas tiveram, em geral, da população e são mais nos marcos regulatórios.
um papel crítico nesse vulneráveis à crise; e (2) As parcerias público-priva-
enfrentamento em diver- no esforço de centralizar a das e diversas outras entre
sos temas, com diferentes compra de insumos, medi- prestadores, empresas e

pesquisadores geraram ini-
ciativas como o Todos pela
Saúde e a Coalizão Covid-19
Brasil – esta última marca-
da pela união de forças de
instituições de excelência
brasileiras e da comunidade
científica, com o suporte do
governo e empresas priva-
das para apoiar os estudos
realizados. A pesquisa feita
de forma rigorosa, com di-
visão de papéis e foco nos
resultados, trouxe rapida- e momentos do combate à informação contínua da po-
mente aprendizados que pandemia. Desde a missão pulação no âmbito de saúde
puderam ser traduzidos em de governos, mídia e agên- populacional.
mudanças imediatas nos cias independentes na divul- Por fim, é preciso reco-
protocolos de atendimento, gação de dados relevantes nhecer que, mesmo ha-
como, por exemplo, a refuta- de infecções e mortes devi- vendo falhas e incertezas
ção do uso da hidroxicloro- do à Covid-19, permitindo a ao longo de todo o perío-
quina e a recomendação de melhor adequação de políti- do de combate à pande-
uso da dexametasona. Com cas públicas, até o papel de mia, o esforço conjunto de
isso, um grande aprendiza- conscientização da popu- diversos entes foi funda-
do para a gestão de saúde lação sobre as devidas me- mental para minimizar as
pública e populacional é a didas de proteção e distan- perdas de vidas e apoiar
aliança entre a comunida- ciamento social, repetidas a retomada gradual das
de científica e instituições e comunicadas à exaustão atividades econômicas.
prestadoras de excelência nos últimos meses. O apren- Apesar do enorme preço
na liderança da pesquisa e dizado de que uma comuni- pago pela sociedade, os
definição de protocolos de cação transparente, efetiva e aprendizados foram muito
atendimento. baseada em comprovações significativos e devem ser
Já a comunicação teve papel científicas é o melhor cami- assim registrados e utili-
relevante de forma trans- nho para enfrentar crises de zados como orientação na
versal em todos os estágios saúde como esta, e para a gestão da saúde pública.

FOMENTO À INOVAÇÃO INTERNA E VIA PARCERIAS
A Covid-19 exigiu respostas rápidas para lidar com problemas desconhecidos. Criar solu-
ções disruptivas dentro de organizações incumbentes e através de processos tradicionais
pode ser demorado e, por conta disso, muitas instituições de diferentes elos da cadeia
de valor de saúde buscaram, em parcerias com startups e/ou empresas que estão mais
avançadas em tópicos inovadores, caminhos para desafios específicos.
A relação com incubadoras ou centros de inovação é um dos caminhos adotados por

algumas instituições como o InovaHC do Hospital das Clínicas, de São Paulo, a participa-
ção da DASA no Cubo, o InovaBra do Grupo Bradesco ou a EretzBio do Hospital Israelita
Albert Einstein. Seja através da participação de uma plataforma mais ampla de fomento
ou de parcerias específicas, líderes do setor devem pensar estrategicamente em como se
beneficiar de um terreno fértil de healthtechs no Brasil e no mundo.
O terreno de healthtechs no Brasil é fértil e segue a tendência mundial.
Apesar de ser uma temática recente no Brasil, a construção de ecossistemas de saúde

tem ganhado relevância e pode ser um aliado importante para a sustentabilidade das or-
ganizações e para o setor de saúde como um todo. Esse modelo de negócio também pode
ser pensado e estruturado de acordo com necessidade de cada organização – construção
orgânica, aquisição ou parceria.

Figura 6 | Cenário de inovações ao longo da cadeia de valor de saúde -
Exemplos selecionados no Brasil e no mundo
Planos de saúde Foco na preven- Foco em pacientes Médicos se movendo em direção a um Uso de internet das coisas para Analisar dados de
inteligentes oferecem ção, aproveitando de alto custo, para centro de atenção primária com base em melhorar qualidade do cuidado saúde do usuário e
seguro com foco na analytics para empresas ou planos – prontuários eletrônicos e outras ferra- aconselhar planos de
gestão da saúde, indicar clientes/ baseado em custo por mentas digitais saúde sobre como
prevenindo doenças e situações de alto membro ou risco reduzir seus custos
custos futuros risco
Tratamento
Gestão Gestão Gestão de
Planos de saúde
de saúde de cuidado Reclamações
Atenção secundária
Atenção primária Pós-atenção
e terciária
Gestão de Gestão de Gestão de Laboratórios Consulta Clínicas de

Design de doenças Hospitais
rede de episódios e imagens presencial especialidades
produto Prevenção/ crônicas Auditoria
prestadores
educação
Cuidado
Vendas/ Telemedicina
“out-of-hospital”
distribuição Subscrição
Navegação do usuário e
Apoio ao gestão de utilização
bem-estar (incluindo agendamento/reserva) Pagamento
Farmácia
Gestão de políticas
Marketplace
Software que digitali- Políticas de vida/ Apoio à gestão de Plataforma digital para Plataforma B2C ou B2B2C Assinatura mensal com Marketplace com a maioria
za o processo de ven- saúde persona- benefícios de saúde engajamento do cliente para planos de saúde “white consultas e diagnósticos das transações relacionadas
das de seguro saúde, lizadas usando para empresas label” ou não e plataforma a farmácia e telemedicina
integrando corretores smartphones e vs. full stack
e seguradoras wearables

5. CONCLUSÃO
A pandemia de Covid-19 A resposta à Covid-19 ge- tanto, que ainda estamos
gerou uma crise sem pre- rou bastante experimen- vivenciando esta pande-
cedentes que afetou to- tação e trouxe a neces- mia e que, portanto, não
dos os setores, mas em sidade de ações rápidas temos distanciamento su-
especial o setor de saúde, para lidar com fatores ficiente para compreender
que foi posto à prova para de diferentes naturezas. a dimensão real de todos
lidar com o vírus. Lamen- Algumas tendências que os seus impactos.
tavelmente, muitas vidas já vinham sendo obser- Na perspectiva Assis-
foram perdidas e o núme- vadas ganharam força, tencial fomos forçados
ro crescente de casos no como a pressão por maior a buscar modelos mais
momento de finalização controle de custos; ou- distribuídos de cuidado e
deste estudo mostra que tros fatores se refletiram a partir de agora é funda-
ainda temos um longo ca- em grandes mudanças de mental trabalhar na inte-
minho a percorrer. paradigma, como a explo- gração e coordenação en-
Entretanto, é importan- são dos atendimentos re- tre os diferentes elos para
te reconhecer que neste motos; por fim, ainda há entregar cuidado para o
último ano muitas ba- fatores incertos como a paciente. Também esta-
talhas foram vencidas e retomada de atendimen- mos frente a frente a uma
aprendizados extraídos tos eletivos. grande janela de oportu-
para o futuro. Aprendiza- Com o objetivo de oferecer nidade para avançar na
dos sobre a importância uma perspectiva organi- adoção em ferramentas
da flexibilidade, resili- zada destes aprendizados digitais no curto prazo.
ência e, principalmente, para contribuir com líde- Por fim, a importância de
solidariedade e colabora- res e gestores no aprimo- dados cresceu, mas não
ção entre diferentes enti- ramento do sistema de com o foco no entendi-
dades, no âmbito público saúde brasileiro, é impor- mento do passado, mas
e privado. tante reconhecer, no en- principalmente na apli-

cação de modelos mais da população para não te. Neste sentido, é cru-
avançados de predição. propagar desigualdades cial adotar uma estratégia
Já na perspectiva de Pesso- sociais e econômicas; es- dual, como apresentado
as, profissionais do setor truturar painéis de con- na figura a seguir.
de saúde foram colocados trole com indicadores
à prova e exigidos ao má- estratégicos para moni- “Do presente para
ximo, tornando-se funda- torar a operação, gerir frente”: um olhar do
mental alavancar tecnolo- cadeias de suprimento e presente para frente,
gias para aumentar a sua planejar investimentos onde líderes realizado-
produtividade. Além disso, estratégicos; e, finalmen- res priorizam soluções
será indispensável a capa- te, estruturar fóruns de de dores atuais do setor
citação de profissionais de debate integrados com com melhorias frequen-
saúde em novos métodos diferentes entidades do tes e incrementais.
de educação e trabalho, setor para propor e tes-
mais flexíveis, ágeis e ala- tar soluções. “Do futuro para trás”:
vancados em ferramentas Neste momento crítico de um olhar do futuro para
digitais e dados. O com- disrupção, líderes do setor trás, buscando prever
bate à Covid-19 também de saúde devem questio- quais disrupções molda-
trouxe à tona a importân- nar o que de melhor pode rão o setor de saúde em
cia do cuidado com o bem- ser extraído desta fase 8-10 anos, e líderes visio-
-estar dos profissionais de complexa de pandemia e nários farão apostas de
saúde, fundamental para o que manter na gestão quais alavancas devem
a gestão da saúde daqui de saúde daqui para fren- ser ativadas desde já.
para frente.
Por fim, a perspectiva de
Sustentabilidade, seja
no nível micro – das ins-
tituições, ou no macro
– da saúde como setor
base da economia, traz
três grandes aprendiza-
dos: reconhecer e atu-
ar de maneira distinta
nos diferentes recortes

te
n
fre
ra
pa
te
en
es
Pr
PONTO DE
PARTIDA
Fu
t
ur
o
pa
ra
tr
ás
REALIZADORES VISIONÁRIOS
O que definia o setor de saúde antes da Como o impacto da Covid-19 irá moldar o setor
Covid-19? de saúde do futuro?
Que mudanças surgiram com a Covid-19 e Como o setor de saúde deve parecer em 2025,
quais deverão ser mantidas no futuro? caso essas tendências se confirmem?
Como essas mudanças serão incorporadas Que ações deveriam ser tomadas agora para estar
com a curva de recuperação pós-Covid-19? pronto para este cenário futuro?
Quais mudanças surgidas setor de saúde em 2030, algumas das perguntas

durante a pandemia de- caso estas tendências se que os líderes devem ter
vem se manter no futuro? confirmem? Quais ações em mente, para que, junto
Como essas mudanças deveriam ser tomadas com estes aprendizados,
serão incorporadas com a agora para estarem pron- possam aprimorar o sis-
curva de recuperação pós- tas para este cenário fu- tema de saúde brasileiro
-Covid-19? Como será o turo? Estas são apenas nos próximos anos.

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA ANAHP
Presidente: Eduardo Amaro | Hospital e Maternidade Santa Joana (SP)

Vice-presidente: Henrique Neves | Hospital Israelita Albert Einstein (SP)
Fernando Torelly | Hospital do Coração – HCor (SP)

Henrique Moraes Salvador | Hospital Mater Dei (MG)
Mohamed Parrini | Hospital Moinhos de Vento (RS)
Paulo Chapchap | Hospital Sírio-Libanês (SP)
Paulo Junqueira Moll | Hospital Memorial São José (PE)
Rafael Borsoi Leal | Hospital Santa Lúcia (DF)
Romeu Côrtes Domingues | Hospital São Lucas (RJ)
Anahp – São Paulo

Rua Cincinato Braga, 37,
3º e 4º andares.
Paraíso – São Paulo – SP
CEP 01333-011
+55 11 3178-7444
Anahp – Brasília
SH/Sul Quadra 06, Conjunto A, Bloco E – 8º andar – Sala 801 Park
Brasília – DF
CEP 70322-915
+55 61 3039-8420
anahp
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CORREALIZAÇÃO CONAHP 2020

SOBRE A BAIN & COMPANY

2.2. Aceleração na adoção de ferramentas digitais no modelo assistencial 19

2.3. Uso de dados na tomada de decisão 24

3.2. Novas competências dos profissionais de saúde 35

3.3. Foco no cuidado integral do profissional de saúde 37

4.2. Respostas mais ágeis, baseadas em dados coordenados

5 LIÇÕES DA PANDEMIA: PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS

LIÇÕES DA PANDEMIA: PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS 6

7 LIÇÕES DA PANDEMIA: PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS

1 PERMANECEM ESTÁVEIS 2 ACELERAÇÃO DE TENDÊNCIAS ATUAIS

População mais idosa, com mais doenças Consumerismo – aumento da responsabilida-

Médicos se mantém como principais toma- Mudanças em “onde” e “como” o tratamen-

Sem mudanças estruturais no processo Prestadores enfrentam desafios que exigem

Aceleração do compartilhamento de risco en-

3 NOVAS TENDÊNCIAS E 4 INCERTEZA NO LONGO PRAZO

LIÇÕES DA PANDEMIA: PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS 8

9 LIÇÕES DA PANDEMIA: PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS

LIÇÕES DA PANDEMIA: PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS 10

CUIDADO FOCADO MODELOS DE CUIDADO

Modelos de cuidado evoluem Confiança e segurança são foco do

TIME DE CUIDADO EXPERIÊNCIA OMNICANAL

Fonte: Bain & Company.

11 LIÇÕES DA PANDEMIA: PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS

LIÇÕES DA PANDEMIA: PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS 12

2. Prestadores precisam atender as necessidades dos clientes em termos de con-

3. Prestadores precisam se valer de tecnologias digitais, dados e capacidade ana-

4. Prestadores e planos de saúde devem aprofundar a discussão sobre cuidado

5. Prestadores precisam engajar profissionais de saúde em todas as etapas de seus

Fonte: Bain & Company.

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LIÇÕES DA PANDEMIA: PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS 14

15 LIÇÕES DA PANDEMIA: PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS

LIÇÕES DA PANDEMIA: PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS 16

17 LIÇÕES DA PANDEMIA: PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS

CUIDADO AGUDO ATENÇÃO PRIMÁRIA CUIDADOS ESPECIAIS

Mais especializado para Modelos segmentados Papel dos médicos de

Desafios financeiros Ampliação de modelos Integração limitada en-

Baixa cobertura do “hos- Redesenhar jornadas

Fonte: Bain & Company.

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19 LIÇÕES DA PANDEMIA: PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS

LIÇÕES DA PANDEMIA: PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS 20

Figura 3 | Uso da telemedicina variará por tipo de atendimento

Probabilidade do médico continuar usando com

Cuidado de rotina/acompanhamento 92%

Cuidado urgente 81%

Fonte: Bain & Company.

21 LIÇÕES DA PANDEMIA: PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS

Figura 4 | Estimativa do patamar de adoção de atendimentos via telemedicina pós-Covid

Em linha com o mercado americano, mercado brasileiro deve apresentar

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LIÇÕES DA PANDEMIA: PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS 24

25 LIÇÕES DA PANDEMIA: PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS

DIFERENTES NÍVEIS DE MATURIDADE NA APLICAÇÃO DE TÉCNICAS

EXEMPLO EXEMPLO MATURIDADE

históricos planos de saúde a

LIÇÕES DA PANDEMIA: PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS 26

colo de tratamento tica única do câncer procedimentos

27 LIÇÕES DA PANDEMIA: PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS