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Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

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chuvosos a concentração de poluentes atmosféricos reduz e, em períodos de estiagem,


aumenta. Diante disso, considerando os resultados obtidos nas análises que estão
sendo realizadas durante o período de execução das atividades de manejo de rejeito, a
sensibilidade ambiental para o componente “ar” foi considerada como sendo média.

Por meio da correlação entre a magnitude (média) e a sensibilidade (média) do impacto


em pauta, o grau de importância é identificado como moderado.

Quadro 7-12: Grau de importância do impacto de qualidade do ar.

Avaliação do Grau de Importância do Impacto

Magnitude Média

Sensibilidade ou valor do componente Média

Grau de Importância do Impacto Moderado

Elaboração: Arcadis, 2020.

Como medida de acompanhamento da ocorrência deste impacto está sendo realizado


o Programa de Monitoramento da Qualidade do Ar (PMQAr), contemplado no Plano de
Controle Ambiental, elaborado pela Amplo (2019). Este plano consiste em um
monitoramento sistemático da qualidade do ar com o intuito de comparar os resultados
obtidos aos padrões de qualidade do ar para PTS, MP10 e MP2,5 de acordo com a
Resolução CONAMA n° 491/2018. O referido programa possui como ações principais
as seguintes atividades:

▪ Avaliar a qualidade do ar com base na Resolução Conama n° 491/2018;


▪ Levantar as principais fontes de emissões atmosféricas;
▪ Criar modelagem para avaliar a qualidade do ar na área impactada pelo rompimento
e determinar pontos de monitoramento, conforme resultados da modelagem
atmosférica;
▪ Controlar e mitigar os impactos.

Para a prospecção de cenários futuros de alteração da qualidade do ar a Vale realiza a


contratação de consultoria especializada para a elaboração de Estudo de Dispersão
Atmosférica (EDA). Por meio deste estudo é possível obter um planejamento de ações
futuras, considerando a incorporação de possíveis ações adicionais necessárias e que
ainda não estejam sendo consideradas.

Em relação a emissão de “fumaça preta”, originada pela queima de combustível fóssil


(óleo diesel) nos equipamentos (estacionários e não estacionários) utilizados para as
atividades de manejo do rejeito são realizadas as seguintes medidas de controle:
preenchimento mensal do formulário “PGAO 20 – Inventário de Veículos, Máquinas e
Equipamentos”. As informações inseridas neste formulário são consolidadas, permitindo
a obtenção de uma listagem dos veículos movidos a diesel, fato este que irá gerar uma
lista para acompanhamento e controle das manutenções preventivas. Para acompanhar
e mitigar o impacto originado das emissões atmosféricas oriundas da emissão da
queima de combustíveis advindos das obras do manejo de rejeito há também o

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procedimento, identificado como “PRO 008345 – Monitorar Emissões Provenientes do


Escapamento de Veículos e Equipamentos Movidos à Diesel”. Por meio da aplicação
deste procedimento, é possível evitar o uso de equipamentos / veículos não conformes.
Ainda sobre esta ótica, a Vale possui a prerrogativa junto às empresas prestadoras de
serviço de que os equipamentos não conformes e/ou com laudos expirados (os laudos
precisam ser atualizados a cada 6 meses) sejam imediatamente paralisados até que a
intercorrência tenha sido solucionada.

Em relação à suspenção de material particulado nas vias de tráfego devido ao atrito dos
equipamentos móveis, são realizadas aspersões programadas, conforme preconizado
no Plano de Mitigação das Fontes Atmosféricas das Obras Emergenciais/Manejo de
Rejeito. Além disso, caso seja detectado um foco de suspensão de poeira, é realizado
o acionamento imediato da equipe de Gestão Ambiental de Obras, a qual dá andamento
com a umectação do local no qual foi identificada a ocorrência. De acordo com os
relatórios de desempenho disponibilizados pela Vale, o número de ocorrências
registradas nos meses de setembro, outubro e novembro de 2020 foram,
respectivamente, 28, 14 e 4. O acionamento pode ocorrer por meio de notificações
originadas nas estações de monitoramento, por relato dos colaboradores que atuam na
área ou pela comunidade via chamada telefônica. Cabe ressaltar que as notificações
são realizadas, principalmente, pelos motoristas dos caminhões utilizados para o
transporte de rejeitos, os quais recebem treinamentos e orientações específicas para
relatar a existência de suspensão de material particulado. Todas as entradas de
acionamento estão descritas no Plano de Acionamento elaborado pela Vale.

Segundo Guimarães & Milanez (2017), a atividade de umidificação das estradas de


acesso às áreas de mineração é importante para a mitigação da suspensão de
particulados. As aspersões (umectação) das vias utilizadas para as atividades do
manejo de rejeito são uma constante nas atividades de controle de emissão. As
empresas prestadoras de serviço elaboram um rotograma, por meio do qual são
definidas as áreas de atuação das respectivas frentes de trabalho. Neste mesmo viés,
está em fase de contratação a operação de um sistema de aspersão fixa, que será
composto por uma rede hidráulica a ser instalada nas estradas de serviço no interior da
Mina Córrego do Feijão e nas estradas de acesso às comunidades vizinhas. A área de
abrangência deste sistema terá aproximadamente 14 km de extensão e irá operar com
sistema automatizado e manual, realizando as operações de aspersão em ciclos pré-
determinados. A previsão é de que o referido sistema tenha a operação iniciada no
próximo período seco do ano de 2021. A fim de minimizar a suspenção de material
particulado originado pela ação eólica em áreas desprovidas de cobertura vegetal, além
disso está sendo realizada atividade de revegetação, cujas diretrizes estão elencadas
no Plano de Recuperação de Áreas Degradadas.

Considerando os dados apresentados na Figura 7-26, elaborada pela Econservation


(2020), já apresentada, tem-se que cerca de 95% das emissões são oriundas de
suspensão de material particulado (ressuspensão de vias; transferência de material;
peneiramento de rejeito e área exposta). Nesta ótica, entende-se que as medidas de
controle para o impacto de alteração da qualidade do ar, dentre elas a umectação das
vias, controle da integridade dos equipamentos movidos à óleo diesel e revegetação de
áreas podem ser consideradas como forte. Considerando as medidas de mitigação

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adotadas tem-se a etapa de prevenção (ex. aspersão fixa), mitigação (ex. aspersão por
meio de acionamento de colaboradores que atuam no local) e monitoramento (ex.
“fumaça preta”, MP2,5, MP10 e PTS). Cabe ressaltar que a previsão de cenários
originados pelas ações climáticas (calmaria de ventos e estiagem) devem, na medida
do possível, ser previstos para que se possa planejar com antecedência as ações
pertinentes a serem realizadas.

No Quadro 7-13, a seguir encontram-se elencadas as principais medidas de controle


associadas ao impacto da alteração da qualidade do ar.

Quadro 7-13: Medidas de mitigação associadas ao impacto de qualidade do ar.

Medidas de Mitigação

Ações Planos ou Programas

Controle de emissões de particulados de


veículos e equipamentos movidos a diesel,
incluindo a “fumaça preta”

Instalação do sistema de aspersão fixa Plano de Mitigação das Fontes Atmosféricas


das Obras Emergenciais / Manejo de Rejeitos
Gestão da qualidade do ar – medidas de
mitigação

Inspeções ambientais

Avaliação da qualidade do ar de com base na


Resolução CONAMA nº 941/2018
Elaboração de Estudo de Dispersão
Plano de Controle Ambiental (PCA)
Atmosférica
Realização de Análises Químicas e
Morfológica
Redução do solo exposta à ação eólica para
minimização dos particulados com o aumento Plano de Recuperação de Áreas Degradadas
da cobertura vegetal

Grau de Importância do Impacto (após implementação de medidas)

Grau de Resolução das Medidas Forte


Grau de Importância do Impacto (pós
Reduzido
medidas)

Elaboração: Arcadis, 2020.

* As ações e planos/programas aqui apresentadas serão detalhados no “Capítulo 3 - Plano de


Ação para Remediação, Reparação e Restauração dos Impactos” do Plano de Reparação da
Bacia do Rio Paraopeba, em elaboração pela Arcadis.

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7.1.6.5. Redução da qualidade do solo


Relação de causa e efeito

- Manipulação e armazenamento de produtos químicos e


combustíveis
- Remoção de equipamentos, máquinas, veículos e
demais materiais contendo produtos químicos e/ou
Ação causal combustíveis soterrados pelo rejeito
- Armazenamento de resíduos perigosos (Classe I)
- Lavagem de veículos, equipamentos e materiais
contaminados com produtos químicos e/ou combustíveis
- Vazamento de óleos, graxas, combustíveis e demais
Aspecto(s) indutor(es) produtos químicos
- Geração de efluentes líquidos contaminados

Componente afetado - Solo

Ocorrência do impacto - Efetivo

Elaboração: Arcadis, 2020.

Algumas ações / atividades executadas para o manejo dos rejeitos provenientes do


rompimento das Barragens B-I, B-IV e B-IVA possuem o potencial de reduzir a qualidade
do solo. As relações destas ações / atividades e seus aspectos indutores são descritas
a seguir.

▪ Manipulação e armazenamento de produtos químicos e combustíveis: A


atividade de armazenamento e manipulação de produtos químicos ocorre nas
Estações de Tratamento de Efluente Fluvial – ETAFs (coagulantes e floculantes);
áreas de manutenção de equipamentos e veículos (óleos, graxas e afins); canteiro
de obras (produtos diversos); e abastecimento de combustível (óleo diesel) nas
frentes de serviço. Em relação à esta última atividade, ocorre o abastecimento dos
maquinários, geradores e torres de iluminação por meio de caminhão comboio ou
outro veículo adequado. As manutenções de grande porte são realizadas em duas
oficinas localizadas na região da área de manejo do rejeito, sendo elas: Consórcio
Terraço Flapa (localizada a aproximadamente 500 metros sul do DTR-06) e Oficina
de Manutenção Zocar (localizada no canteiro T1). Atividades de engraxamento de
roletes e demais partes móveis também ocorrem in loco sempre que necessário.
Nestas áreas mencionadas pode ocorrer o vazamento e/ou derramamento destes
produtos, os quais podem atingir o solo local.
▪ Remoção de equipamentos, máquinas, veículos e demais materiais contendo
produtos químicos e/ou combustíveis, soterrados pelo rejeito: É sabido que o
rompimento das barragens soterrou equipamentos, máquinas, caminhões e
estruturas utilizadas na atividade de mineração. Com as atividades de remoção do
rejeito extracalha todos estes materiais estão sendo removidos e, por vezes, pode
ocorrer o vazamento de produtos químicos e combustíveis para o solo durante a
atividade de remoção. As ações específicas adotadas nesta atividade de remoção
estão elencadas em um item específico na descrição deste impacto. Sempre que é
identificada alguma situação na qual suspeita-se da alteração da qualidade do solo

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no ato da remoção, dois procedimentos são executados in loco, sendo eles: Shake
Test (para detectar fase residual de hidrocarbonetos de petróleo ou solventes
clorados) e medições com o equipamento Photoionization Detectors (PID) para
identificar a presença de vapores orgânicos voláteis (Figura 7-32). Nas situações
em que as medições realizadas em campo indiquem a presença de alterações do
padrão esperado é realizada a coleta do solo, o qual é destinado como resíduo
perigoso (Classe I). Este processo é realizado repetidamente até que os resultados
do Shake Test e PID estejam normalizadas. Ao final, é coletada uma amostra de
solo do local onde as medições in loco não apresentam alterações, sendo esta
enviada para análises laboratoriais.

Figura 7-32 - Ensaios realizados em campo – medições com PID e análise de Shake Test

▪ Armazenamento de resíduos perigosos (Classe I): De acordo com informações


disponibilizadas no Plano Integrado de Gerenciamento de Rejeitos e Resíduos -
PIGRR (ARCADIS, 2020), os resíduos com potencial de contaminação encontrados
nas frentes de escavação e o rejeito que os envolvem são removidos com margem
de segurança. Os materiais oleosos drenados no processo de remoção extracalha
são direcionados para o Depósito Intermediário de Resíduos (DIR) 7, localizado na
Mina de Jangada. Este DIR é composto por uma baia em “L”, provida de contenção
e piso pavimentado em concreto com espessura de 30 centímetros. Em outubro de
2020 o volume de rejeito potencialmente contaminado armazenado no local era
composto por 18 tambores, correspondentes à um volume total de 3,6 m³. Na Figura
7-33, a seguir, é apresentada a área de armazenamento de resíduos perigosos no
DIR Mina da Jangada.

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Figura 7-33 - Baia de armazenamento de resíduos Classe I – DIR Jangada

▪ Lavagem de resíduos contaminados: Os resíduos segregados no manejo do


rejeito extracalha que estejam contaminados com óleo ou combustível, tais como
peças de motor, tanque de combustível, equipamentos contaminados em geral, são
encaminhados para o lavador existente na área do DIR 7 da Mina de Jangada, onde
são submetidos ao processo de lavagem para a remoção da parte oleosa. Após a
remoção das partes oleosas, esses resíduos são direcionados para seus
respectivos DTRs, onde é realizada uma análise e triagem dos resíduos. O efluente
gerado neste processo, incluindo também aqueles bombeados pelo caminhão
hidrovácuo das frentes de escavação, compostos por água e óleo ou combustível,
são encaminhados para a estação de tratamento de efluentes oleosos (ETEO)
existente na Mina de Jangada (Figura 7-34).

Figura 7-34 - ETEO localizada na Mina de Jangada

Em linhas gerais, a gestão de efluentes líquidos e resíduos sólidos é realizada pelas


empresas contratadas, em conjunto com a Vale, tendo como premissa o atendimento
integral à legislação específica e aos padrões internos da Vale.

Os resíduos com potencial de contaminação, denominados internamente por “RP”,


são aqueles classificados como resíduos perigosos (Classe I – ABNT NBR

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10.004:2004), e/ou aqueles que contêm substâncias químicas com potencial de alterar
a qualidade do solo e/ou da água subterrânea.

As áreas com RP passam por caracterização seguindo a NBR 10.0004:2004 e/ou


análise química e, a depender do resultado, a área poderá ser liberada, caso os
resultados analíticos estejam dentro dos requisitos legais, conforme já mencionado. Em
determinadas situações, a área poderá ser alvo de uma Investigação Ambiental
Confirmatória e seguir as demais etapas do processo de gerenciamento de áreas
contaminadas, conforme estabelecido no “Plano de Gerenciamento de áreas com
potencial de contaminação identificadas na zona quente e áreas afetadas (PGAC)”,
elaborado em resposta à solicitação da AECOM.

Até 31/05/2020 foram registrados um total de 128 RPs. Destes, 99 foram classificados
como sem potencial de contaminação, 20 com potencial de contaminação restrito ao
rejeito e 9 com potencial contaminação do solo (identificação visual de contaminação
e/ou resultados dos testes in situ positivos).

Em relação à água captada no reservatório da Cortina Metálica 1 (ribeirão Ferro-Carvão)


e o material dragado do rio Paraopeba, estes são tratados respectivamente nas ETAF1
e ETAF2 e, posteriormente, os resíduos e sedimentos remanescentes do tratamento
são armazenados em geobags, os quais passam por amostragem para ensaio
laboratorial. Para ambas as ETAFs, são analisados os parâmetros recomendados pela
NBR 10.004/2004 (solubilizado e lixiviado). Adicionalmente, para a ETAF1 é realizada
análise em massa bruta dos parâmetros: acrilamida, berílio, níquel, selênio e tálio.
Enquanto para a ETAF2 é feita análise dos parâmetros: acrilamida, antimônio,
benzo(a)antraceno, benzo(k)fluoranteno, cresóis totais, criseno, dibenzo(a,h)antraceno,
fluoranteno, indeno(1,2,3-cd)pireno, naftaleno e níquel. Até o momento, os resultados
indicaram que estes resíduos são classificados como “não perigoso e inerte (Classe II
B)”.

De posse das informações apresentadas, infere-se que o impacto de redução da


qualidade do solo, neste momento, é considerado como sendo efetivo. Cabe ressaltar
que nos locais onde as amostras de solo / rejeito são submetidos aos ensaios in loco
(Shake Test e PID) e que são identificados resultados anômalos, é realizada a remoção
do material, sendo este destinado como resíduo classe I.

A) Descrição do impacto
A redução da qualidade do solo é um impacto negativo pois, os efeitos da percolação
de produtos químicos e combustíveis modificam as propriedades do solo, podendo gerar
uma série de limitação ao uso do solo e outras consequências adversas, tais como a
lixiviação e contaminação das águas superficiais e subterrânea, a perda da fertilidade
natural, o risco à saúde humana, da flora e da fauna, as quais decorrem indiretamente
deste impacto, não sendo objeto da presente avaliação, embora auxiliem na atribuição
da magnitude e sensibilidade do componente impactado.

O impacto é direto por se tratar de um efeito de primeira ordem relacionado com


vazamentos e derramamentos de substâncias nocivas ao meio ambiente e à saúde
humana para o solo local. O impacto ocorre no curto prazo, no momento que os
materiais nocivos entram em contato com o solo.

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Entende-se que o impacto é permanente, pois cessada a ação dos vazamentos e


derramamentos, o material permanecerá no solo. É reversível devido ao fato de que
ações de remediação, tais como a remoção completa da porção de solo contaminado
ou o tratamento in situ por meio da biorremediação, extração de vapores, dentre outras,
podem reduzir ou até mesmo eliminar o contaminante do local.

O impacto apresenta escala local, com potencial área de contaminação se restringindo


aos limites das áreas nas quais ocorrem (ou ocorreram) as atividades com potencial de
alterar a qualidade do solo.

Quadro 7-14 - Atributos do impacto Redução da qualidade do solo

Atributos de Descrição do Impacto

Natureza Negativo Prazo Curto


Ordem Direto Reversibilidade Reversível

Escala espacial Local Duração Permanente

Elaboração: Arcadis, 2020.

B) Avaliação do Impacto
A magnitude foi avaliada como média, tendo em vista que, embora seja efetivo, o
impacto se restringe à ocorrência de vazamentos e/ou derramamentos (que tenham
atingido o solo) em áreas nas quais ocorrem ou ocorreram as atividades com potencial
de redução da qualidade do solo. Além disso, a Vale realiza ensaios em campo nos
locais com suspeita de ter ocorrido a redução da qualidade do solo em função do
soterramento de materiais contendo produtos químicos e combustíveis. O material (solo
ou rejeito) identificado visualmente ou por meio dos testes in loco como impactados são
removidos e destinados como resíduos perigoso (Classe I).

Considerando que as atividades do manejo de rejeito que possuem potencial de reduzir


a qualidade do solo ocorrem em áreas onde essa matriz ambiental encontra-se
compactada, ou seja, com menor capacidade de infiltração ao longo do perfil
(especialmente devido à edificação das obras), a sensibilidade ambiental para este
componente foi considerada como sendo média. Em linhas gerais, solos mais arenosos
possuem maior capacidade de promover a infiltração do contaminante, já em solos mais
argilosos esta mobilidade é dificultada. No caso dos LATOSSOLOS (unidade de
mapeamento predominante na área de estudo), que possuem grande permeabilidade,
quando intensamente mecanizados, ocorre a redução da porosidade e consequente
formação de uma camada compactada (20 a 30 cm), dificultando a infiltração
(EMBRAPA, 2020).

Por meio da correlação entre a magnitude (média) e a sensibilidade (média) do impacto


em pauta, o grau de importância é identificado como moderado.

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Quadro 7-15: Grau de importância do impacto redução da qualidade do solo

Avaliação do Grau de Importância do Impacto

Magnitude Média

Sensibilidade ou valor do componente Média

Grau de Importância do Impacto Moderado

Elaboração: Arcadis, 2020.

O monitoramento das áreas nas quais pode haver a redução da qualidade do solo está
sendo realizada no âmbito do Programa de Caracterização e Monitoramento dos Solos
na Sub-bacia do ribeirão Ferro-Carvão, nos quais são previstas a caracterização
química, física, biológica, mineralógica e a realização de testes físicos e de fertilidade
do solo para identificar os impactos instalados nas áreas de deposição de rejeito e das
obras emergenciais na sub-bacia do ribeirão Ferro-Carvão. A metodologia proposta
prevê o uso de malha amostral, com o intuito de avaliar as alterações físicas e químicas
do solo impactado e, a partir dos resultados obtidos, serão direcionadas as medidas
corretivas necessárias para a recuperação. Além disso, o Plano Integrado de
Gerenciamento dos Rejeitos e Resíduos Carreados pelo Rompimento da Barragem B-I
(PIGRR) é um documento direcionado à “Zona Quente” e apresenta os procedimentos
e critérios técnicos do Plano de Gestão de Resíduos Sólidos, incluindo a gestão dos
Depósitos Intermediários de Resíduos e do Centro de Materiais Descartáveis.

Segundo o PGIRR, a gestão das atividades dos DIR compreende: (i) entrada e saída de
resíduos; (ii) inspeções diárias; (iii) organização e limpeza; (iv) quantitativo de entrada e
saída de resíduos; (v) avistamento de criadores potenciais de Aedes aegypti e de
animais sinantrópicos; (vi) registros de incidentes ambientais, não conformidades e de
atendimentos emergenciais.

Os resíduos provenientes da atividade de escavação do rejeito são segregados e


destinado aos DIRs específicos conforme a tipologia do material encontrado. Quando
identificado equipamento com características que possam contaminar o solo, são
tomadas ações de controle, por exemplo, a drenagem e acondicionamento de óleos,
para posterior encaminhamento à destinação final.

Em complementação aos programas existentes, foi elaborado o Plano de


Gerenciamento de áreas com potencial de contaminação identificadas na zona quente
e áreas afetadas (PGAC), com objetivo de estabelecer os procedimentos e critérios
técnicos a serem adotados nas etapas de gerenciamento de áreas contaminadas.

O PGAC já realizou as etapas de identificação e priorização das Áreas com Potencial


de Contaminação (AP), bem como o estudo de Avaliação Ambiental Preliminar na AP
identificada de maior prioridade. Para os efeitos do PGAC, foram consideradas como
AP as áreas afetadas pelo rompimento das barragens B-I, B-IV e B-IV4 que
apresentaram, pelo menos, um dos critérios estabelecidos a seguir:

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▪ Locais onde foram registrados indícios ou evidências da presença de substâncias


químicas de interesse (SQIs) derivadas de óleos e/ou de fluidos de bateria no solo;
▪ Locais utilizados para a disposição de resíduos (DIRs) que possuem (ou possuíram)
manipulação ou armazenamento de resíduo com presença de substâncias
derivadas de óleo e/ou fluidos de bateria;
▪ Locais onde foram registrados vazamentos de substâncias químicas no solo
durante operação de equipamentos pós rompimento, sem atendimento
emergencial;
▪ Locais onde são armazenados produtos químicos com potencial de alterar a
qualidade do solo e da água subterrânea; e
▪ Locais onde, em razão do rompimento, há operação de geradores, oficinas, caixas
separadoras água e óleo, abastecimento por caminhão comboio.

Ressalta-se que, para os efeitos do PGAC, excluiu-se do conceituo de Áreas com


Potencial de Contaminação aquelas que possuem o rejeito como a fonte potencial de
contaminação.

Em relação ao abastecimento dos equipamentos in loco, a Vale possui um Plano de


Abastecimento de Máquinas e Equipamentos, por meio do qual são apresentadas as
ações a serem realizadas pelos colaboradores envolvidos nesta atividade. A fim de
evitar que possíveis respingos, vazamentos ou derramamentos atinjam o solo (podendo
a longo prazo atingir a água subterrânea), antes da execução da atividade é alocada na
área um sistema de contenção móvel.

Considerando os programas em execução, cujas metodologias incluem teste rápido em


campo ou teste laboratorial, quando há suspeita de contaminação, o grau de resolução
seria considerado como forte. Além disso, o PGAC abrange, além da “área quente”,
uma avaliação de todas as demais áreas afetadas pelo manejo do rejeito, incluindo os
DIRs, DTRs, oficinas de manutenção, dentre outras. Também como medida de
prevenção adotada pela Vale, ocorre a triagem e pesagem nos canteiros existentes na
área, de forma a possibilitar a destinação adequada deste material. Todas as
informações apresentadas corroboram o grau forte da resolução das medidas
considerado e, diante disso, a importância do impacto pós medidas passa a ser
reduzido.

No Quadro 7-16, a seguir, encontram-se elencadas as principais medidas de controle


executadas pela Vale para a mitigação ou compensação da redução da qualidade do
solo.

Quadro 7-16: Medidas de mitigação associadas ao impacto redução da qualidade do solo

Medidas de Mitigação

Ações Planos ou Programas

Identificação, caracterização, segregação,


armazenamento e disposição final dos Plano Integrado de Gerenciamento dos
resíduos Rejeitos e Resíduos Carreados pelo

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Medidas de Mitigação

Armazenamento temporário de resíduos Rompimento da Barragem B-I (PIGRR) –


perigosos segundo a ABNT NBR 12.235:2009 Plano de Gestão dos resíduos sólidos
Identificar Áreas com Potencial de
Contaminação Plano de Gerenciamento de áreas com
Estabelecer os procedimentos e critérios potencial de contaminação identificadas na
técnicos a serem adotados nas etapas de zona quente e áreas afetadas (PGAC)
gerenciamento de áreas contaminadas

Caracterização e monitoramento dos solos


Programa de Caracterização e
Execução das análises de acordo com as Monitoramento dos Solos na Sub-bacia do
normas da ABNT NBR 7181:2016, ABNT ribeirão Ferro-Carvão
NBR 6457, ABNT NBR-7182/2016 e
DNERM162/94, ABNT NBR14545:2000
Proteção da área de abastecimento de óleo
Plano de abastecimento de máquinas e
diesel in loco com sistema móvel de
equipamentos
contenção

Grau de Importância do Impacto (após implementação de medidas)

Grau de Resolução das Medidas Forte


Grau de Importância do Impacto (pós
Reduzido
medidas)

Elaboração: Arcadis, 2020.

* As ações e planos/programas aqui apresentadas serão detalhados no “Capítulo 3 - Plano de


Ação para Remediação, Reparação e Restauração dos Impactos” do Plano de Reparação da
Bacia do Rio Paraopeba, em elaboração pela Arcadis.

7.1.6.6. Incômodo à vizinhança e fauna do entorno - Emissão de ruído e vibração


Relação de causa e efeito

- Operação de máquinas e equipamentos para remoção,


dragagem e transporte de rejeito (escavadeiras, pá-
carregadeiras, caminhões, dragas, dragline, Trommel,
esteiras transportadoras);
- Funcionamento do sistema de peneiramento de rejeito;
- Atividades gerais realizadas nos canteiros de obra;
Ação causal - Operação dos equipamentos das estações de
tratamento fluvial (ETAF 1 e ETAF 2);
- Operação de geradores elétricos;
- Operação de sistemas de bombeamento;
- Aumento no número de circulação de pessoas;
- Operação de áreas de manutenção de equipamentos e
maquinários.

Aspecto(s) indutor(es) - Geração de ruído e vibração

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Relação de causa e efeito

- Qualidade de vida
Componente afetado
- Fauna silvestre

Ocorrência do impacto Efetivo

Elaboração: Arcadis, 2020.

As intervenções relacionadas às atividades de manejo de rejeito implicam na geração


de ruídos e vibrações decorrentes da utilização de máquinas, equipamentos, veículos,
caminhões, aumento da circulação do número de pessoas, implantação e manutenção
de canteiros de obras, oficinas mecânicas, entre outros. A execução destas atividades
pode elevar os níveis de ruído e vibração e desencadear uma série de outras
consequências, tais como o incômodo na população e o deslocamento involuntário da
fauna, mesmo que momentâneo.

Conforme apresentado no Programa de Controle Ambiental das Obras Emergenciais –


Monitoramento dos Níveis de Pressão Sonora e Vibração Ambiental, datado de
setembro/2020 (BRANDT, 2020), o monitoramento de ruído e vibração ambiental é
realizado por meio de rede manual, composta por 13 pontos de monitoramento, com
medições semanais em períodos diurnos e noturnos. Além dos pontos supracitados,
encontram-se instaladas 3 estações automáticas responsáveis pelo monitoramento
contínuo, ou seja, realizam medições por períodos de 24 horas.

O relatório mensal de setembro/2020 da Brandt (2020), contempla os níveis sonoros e


de vibração presentes nas áreas de influência das obras emergenciais, composta pelas
seguintes localidades: Córrego do Feijão (1 ponto); Cantagalo (1 ponto); Pires (3
pontos); Parque da Cachoeira (3 pontos); Tejuco (3 pontos) e Alberto Flores (2 pontos).

Em relação aos resultados da vibração obtidos nas estações automáticas e no


monitoramento manual para o mês de setembro/2020, foram identificados os seguintes
resultados:

Vibração incomodativa: 5,0 mm/s


5

4
PPV (mm/s)

3
Vibração perceptível: 2,0 mm/s
2

X Y Z Limiar da percepção (0,3 mm/s) Vibração perceptível Vibrações incomodativas

Figura 7-35 - Dados de vibração (PPV) obtidos da estação automática Parque da Cachoeira_1

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Vibração incomodativa: 5,0 mm/s


5

4
PPV (mm/s)

3
Vibração perceptível: 2,0 mm/s
2

X Y Z Limiar da percepção (0,3 mm/s) Vibração perceptível Vibrações incomodativas

Figura 7-36 - Dados de vibração (PPV) obtidos da estação automática Parque da Cachoeira_2

Vibração incomodativa: 5,0 mm/s


5

4
PPV (mm/s)

Vibração perceptível: 2,0 mm/s


2

X Y Z Limiar da percepção (0,3 mm/s) Vibração perceptível Vibrações incomodativas

Figura 7-37- Dados de vibração (PPV) obtidos da estação automática Pires

Figura 7-38 - Resultados de Vibração do monitoramento manual x Padrões Legais

Conforme apresentado nas figuras anteriores, das três estações automáticas, pode-se
observar que em quase todos os dias do mês de setembro/2020 foram registrados
valores de vibração acima do limiar da percepção (0,3 mm/s). No entanto, estes valores
estão abaixo de 1 mm/s e, consequentemente, são inferiores à vibração perceptível,

191
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

que possui o limitar de 2 mm/s. Situação similar também foi observada no


monitoramento da vibração realizado de forma manual, na qual todos os dados obtidos
estão abaixo do limite de vibração perceptível. Diante disso, entende-se que neste
momento a vibração não se configura como um incômodo para a população do entorno
(receptor). Está assertiva é corroborada pelo texto da Lei nº 2.412 de 18 de junho de
2018 do município de Brumadinho / MG, que “Dispõe sobre o controle de ruídos, sons
e vibrações no âmbito do Município de Brumadinho, e dá outras providências”. Consta
no Art. 6º da referida legislação que “As vibrações não serão admitidas quando
perceptíveis no local do suposto incômodo, de forma contínua ou alternada, por
períodos superiores a 5 min. (cinco minutos)”.

Em relação ao ruído ambiental, no relatório da Brandt (2020) já referenciado são


apresentados os pontos de monitoramento que registraram ruídos acima dos limites
legais estabelecidos pela NBR 10.151, sendo estes apresentados nos Quadro 7-17 e
Quadro 7-18.

Quadro 7-17 - Pontos de monitoramento com valores acima dos limites estabelecidos e
respectivas interferências (monitoramento diurno).

Ponto Observação

Localizado no bairro do Tejuco e, conforme Brandt (2020), o nível de pressão


RV12B sonora neste ponto é influenciado pelas atividades de um empreendimento
próximo, o qual não possui relação com as atividades de manejo de rejeito.
Localizado às margens da rodovia Alberto Flores e, conforme Brandt (2020), o
nível de pressão sonora neste ponto é influenciado pelo intenso tráfego
RV9
veicular, tanto de veículos pesados destinados às atividades de manejo como
de veículos de outros empreendimentos e da população em geral.

Fonte: Brandt Meio Ambiente, 2020.

Quadro 7-18: Pontos de monitoramento com superações aos limites legais e devidas
interferências (monitoramento noturno).

Ponto Observação

RV3 Localizados próximos à ferrovia e, conforme Brandt (2020), o nível de pressão


sonora nestes pontos é influenciado pela passagem constante de composições
RV4 ferroviárias.

Localizado às margens da rodovia Alberto Flores e, conforme Brandt (2020), o


nível de pressão sonora neste ponto é influenciado pelo intenso tráfego
RV9
veicular, tanto de veículos pesados destinados às atividades de manejo como
de veículos de outros empreendimentos e da população em geral.
RV10 Localizados no bairro do Tejuco e, conforme Brandt (2020), o nível de pressão
sonora nestes pontos é influenciado pelas atividades de um empreendimento
RV11 próximo, o qual não possui relação com as atividades de manejo de rejeito.

Fonte: Brandt Meio Ambiente, 2020.

Conforme apresentado nos Quadro 7-17 e Quadro 7-18., há resultados de ruído acima
dos limites permitidos pela NBR 10.151 em ambos os períodos monitorados (diurno e

192
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

noturno), com destaque para os pontos RV12B e RV10, alocados na localidade Tejuco.
Os referidos pontos se encontram cerca de 2km de distância do local de execução das
obras emergenciais, relacionadas com o manejo do rejeito, fato que corrobora a
assertiva existente no relatório da Brandt (2020), que correlaciona os valores
identificados com atividade de um empreendimento não vinculado às obras de manejo
de rejeito, localizado na proximidade do ponto de medição.

Embora estejam abaixo do limite máximo estabelecido pela NBR 10.151, os valores
obtidos na medição do ponto RV05, alocado na localidade Parque Cachoeira, indicaram
valores próximos aos limites máximos permitidos pela NBR 10.151 (55dB para o período
diurno e 50dB para o período noturno). As medidas obtidas no monitoramento diurno ao
longo do mês de setembro de 2020 foram: 52,8dB (01/set); 51,1dB (10/set); 53,6dB
(18/set); 48,9dB (26/set). No período noturno foram identificados os seguintes valores:
45,5dB (02/set); 40,3dB (11/set); 44,9dB (18/set); 45,1dB (26/set). Este ponto está
alocado a aproximadamente 200 metros da Estaca Prancha 01 e pode ser influenciado
pelo sistema de bombeamento existente no local, por meio do qual a água é transmitida
para a ETAF 2. Além disso, atividades de limpeza / sucção do sedimento no reservatório
da Estaca Prancha 1 também podem estar contribuindo para as pressões sonoras
identificadas. Para este mesmo local está planejada a instalação do Trommel,
equipamento que irá auxiliar nas atividades de dragagem executadas no rio Paraopeba.
Com a operação deste novo equipamento, poderá haver um incremento nas pressões
sonoras.

Na legislação específica do município de Brumadinho / MG direcionada para o tema de


ruído e viração (Lei nº 2.412, de 18 de junho de 2018) consta no parágrafo único do
Artigo 8º que “Nas hipóteses previstas nos incisos I, II, III e IV deste artigo, os ruídos e
sons não poderão ultrapassar 80 dB(A) (oitenta decibéis em curva de ponderação A)”.
No referido inciso III tem-se a citação de “obras e serviços urgentes e inadiáveis
decorrentes de casos fortuitos ou de força maior (...)”. Considerando a redação do inciso
III supramencionado, entende-se que as atividades realizadas ao manejo do rejeito
oriundos do rompimento das Barragens B-I, B-IV e B-IVA trata-se de obras e serviços
urgentes e inadiáveis. Nesta vertente, nenhum resultado de pressão sonora identificado
ao longo dos monitoramentos realizados encontra-se acima do limite de 80 dB(A)
definido na legislação municipal.

Por fim, consta no documento consultado (BRANDT, 2020) que, após a instalação do
sistema de bombeamento no ribeirão Ferro-Carvão, um som contínuo advindo dos
geradores de energia e do sistema de bombas passou a se destacar no ambiente, sendo
mais notório nos intervalos das passagens dos veículos.

Embora tenham sido identificadas medições acima dos limites estabelecidos pela NBR
10.151, concluiu-se nos relatórios consultados que os valores obtidos são compatíveis
com o tipo de atividade que está sendo desenvolvida. Além disso, todos os valores de
pressão sonora mensurados estão abaixo do limite de 80 dB(A) estabelecido na Lei
municipal nº 2.214 / 2018 para obras e serviços urgentes e inadiáveis decorrentes de
casos fortuitos ou de força maior.

Conforme comentado na contextualização deste impacto, as medições do ruído


ambiental ocorrem nas localidades de Córrego do Feijão, Cantagalo, Pires, Parque da

193
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Cachoeira, Tejuco e Alberto Flores. Algumas destas localidades ficam em áreas


adjacentes aos locais onde estão sendo executadas as atividades do manejo de rejeitos,
a saber: Córrego do Feijão e Parque da Cachoeira. Devido à proximidade destas áreas
em específico, estas estão mais susceptíveis às reclamações por parte da população
em função da potencialização da geração do ruído ambiental gerado pelo manejo de
rejeito, mesmo este estando abaixo dos limites de 80 dB(A) estabelecidos na legislação
municipal de Brumadinho / MG.

Do exposto, tem-se que a geração de vibrações, neste momento, não possui impacto
na população do entorno. Entretanto, para o aspecto de geração de ruído, o impacto em
pauta é considerado como efetivo. A efetividade do impacto relacionado ao tema do
ruído ambiental se dá devido ao fato de existir moradores no entorno da área onde
ocorre o manejo dos rejeitos e, embora todos os resultados de pressão sonora
identificados estejam abaixo do limite estabelecido na legislação municipal, estes
possuem resultados acima, ou próximos, dos valores máximos estabelecidos na NBR
10.151.

Em relação ao receptor fauna silvestre, sabe-se que a emissão de vibrações e ruídos


ambientais pode ocasionar sua perturbação e dispersão, conforme detalhado nos
impactos de “Perda de habitat e redução de qualidade” e “Perda, injúria e alteração das
comunidades faunísticas”, apresentados neste estudo. Atualmente não existem dados
e/ou estudos para a avaliação dos efeitos provocados sobre a fauna considerando a
emissão de vibrações e ruídos ambientais originados pelas atividades do manejo de
rejeito. Entende-se que vibrações e pressões sonoras elevadas podem ocasionar a
dissipação e o estresse da fauna local. Diante disso, se faz importante a realização de
estudos considerando esta temática.

A) Descrição do impacto

Este impacto é de natureza negativa pois está vinculado com a emissão de ruído
ambiental proveniente de ações das obras de manejo de rejeitos e podem afetar a
qualidade de vida dos moradores do entorno e ocasionar a dispersão da fauna silvestre.

O impacto é direto, de primeira ordem, pois ao executar as ações de manejo de rejeito


registra-se o aumento dos níveis de ruído no entorno. A manifestação do impacto é de
curto prazo, ocorrendo simultaneamente ao aspecto que o induz.

Este impacto irá cessar imediatamente após a paralização das atividades e, desta
forma, é considerado como reversível, e quando cessado, o ambiente não apresentará
mais a alteração, sendo, portanto, temporário.

O impacto apresenta escala local, restrito às localidades no entorno da área de


execução do manejo do rejeito.

194
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Quadro 7-19: Atributos do impacto de geração de ruídos.

Atributos de Descrição do Impacto

Natureza Negativo Prazo Curto


Ordem Direto Reversibilidade Reversível

Escala espacial Local Duração Temporário

Elaboração: Arcadis, 2020.

B) Avaliação do Impacto

Com base nos dados dos pontos de monitoramento de ruídos apresentados, este
impacto está sendo classificado com magnitude pequena, uma vez que não foram
identificadas medições acima dos limites máximos estabelecidos pela Lei municipal nº
2.412 / 2018. Além disso, considerando o comparativo realizado com os limites da NBR
10.151, os valores obtidos com as medições realizadas no ponto RV9 são associados
ao tráfego da rodovia Alberto Flores, o qual tem contribuições não só dos veículos
destinados ao manejo do rejeito.

O bem estar da população é primordial e deve ser prezado a todo o tempo. Além disso,
assim como informado durante a contextualização do impacto, a Vale não dispõe de
estudos direcionados para os efeitos do aumento dos níveis de ruído e os respectivos
impactos na fauna. Diante disso, a sensibilidade ambiental de ambos os componentes
que podem ser afetados por este impacto (qualidade de vida e fauna silvestre) foi
considerada como sendo alta. Cabe ressaltar que estes componentes já foram
impactados pelo evento do rompimento das barragens, o que os torna mais vulneráveis.

Por meio da correlação entre a magnitude (pequena) e a sensibilidade (alta) do impacto


em pauta, o grau de importância é identificado como moderado.

Quadro 7-20: Grau de importância do impacto de ruído.

Avaliação do Grau de Importância do Impacto

Magnitude Pequena

Sensibilidade ou valor do componente Alta

Grau de Importância do Impacto Moderado

Elaboração: Arcadis, 2020.

Para o monitoramento deste impacto está previsto o Programa de Monitoramento de


Ruído e Vibração, contemplado no Programa de Controle Ambiental (PCA) (AMPLO,
2019). Este plano consiste em monitoramento sistemático de ruídos e vibrações, com o
intuito de verificar a geração destes parâmetros associados com a influência das
atividades das obras de manejo de rejeito. A Vale vem implementando medidas para
minimizar o desconforto à população ocasionado pelos níveis de ruído. Dentre essas
medidas, quando aplicáveis, são: pré-definição de horários para movimentações /

195
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

operações de equipamentos e maquinários, controles de velocidade com redutores nas


vias e enclausuramento de geradores. Como medida de compensação, nos pontos nos
quais os impactos não forem satisfatoriamente reduzidos, a Vale tem como ação realizar
tratativas com a população local, de forma a assumir o pagamento de aluguel temporário
para moradores ou, caso necessário, a relocação destes. Como trata-se de uma medida
compensatória, não possui influência na redução do valor da magnitude do impacto,
uma vez que não altera a linha de qualidade ambiental deixada pelo aumento da
pressão sonora (a vibração, como discutido, não se configura neste momento como um
impacto na fonte receptora).

Do exposto, se considera o grau de resolução atualmente adotado como sendo


intermediário. Embora haja um planejamento considerando a restrição do horário das
frentes de trabalho para minimizar o incômodo à população, medidas acima dos limites
estabelecidos pela NBR 10.151 são identificadas em pontos que podem sofrer influência
das atividades do manejo do rejeito. Além disso, não existe um programa de
monitoramento de ruído específico para identificar os impactos ocasionados na fauna
silvestre. Cabe ressaltar que, embora os limites de ruído ambiental estejam abaixo da
legislação municipal utilizada como base (Lei municipal nº 2.412/2018) os efeitos nos
receptores devem ser considerados. Neste sentido, a Vale possui um controle dos níveis
de criticidade para os níveis de ruído gerado nas atividades de manejo do rejeito e, caso
sejam recebidas reclamações por parte da população considerando um possível
desconforto em razão do ruído emitido nas ações da Vale as devidas investigações e
tratativas são realizadas. A depender da situação identificada, pode haver a paralisação
das atividades e, como um último recurso, a realocação do reclamante para um outro
local, conforme já mencionado. Diante disso, a continuidade dos monitoramentos de
vibração e ruído são fundamentais para a identificação de possíveis alterações nos
cenários para que se possa traçar ações de mitigação adicionais sempre que
necessário.

No Quadro 7-21, a seguir, encontram-se elencadas as principais medidas de controle


executadas pela Vale para a mitigação ou compensação da geração de ruído ambiental.
Cabe ressaltar que as ações pertencentes ao Programa de Monitoramento de Ruído e
Vibração são direcionadas para identificar o incomodo da população do entorno. Diante
disso, se faz necessária a criação de um programa adicional, no qual estejam
contempladas ações de monitoramento de ruído considerando a fauna silvestre como
receptor.

Quadro 7-21: Medidas de mitigação associadas ao impacto do aumento dos níveis de


ruído no ar.

Medidas de Mitigação

Ações Planos ou Programas

Programa de Monitoramento de Ruído e


Vibração para embasar a adoção de medidas
Plano de Controle Ambiental (PCA)
adicionais de reparação sempre que
necessário

196
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Medidas de Mitigação

Planejamento de horários para a realização


das obras
Realocação de moradores do entorno

Grau de Importância do Impacto (após implementação de medidas)

Grau de Resolução das Medidas Intermediário


Grau de Importância do Impacto (pós
Moderado
medidas)

Elaboração: Arcadis, 2020.

* As ações e planos/programas aqui apresentadas serão detalhados no “Capítulo 3 - Plano de


Ação para Remediação, Reparação e Restauração dos Impactos” do Plano de Reparação da
Bacia do Rio Paraopeba, em elaboração pela Arcadis.

7.1.6.7. Intensificação de processos erosivos


Relação de causa e efeito

- Processo de escavação para remoção de rejeitos


extracalha;
- Aberturas / adequação de vias de acesso;
Ação causal
- Operação realizada nas obras (barragens, diques,
ETAFs, canteiros de obras, DIRs e DTRs) para
gerenciamento do rejeito.
- Carreamento de material desagregado;
Aspecto(s) indutor(es) - Desestabilização de taludes;
- Compactação / impermeabilização da superfície do solo.
- Relevo
Componente afetado
- Solo

Ocorrência do impacto Efetivo

Elaboração: Arcadis, 2020.

A dinâmica do sistema geomorfológico está relacionada à tendência de evolução do


relevo que objetiva o constante rebaixamento e nivelamento das amplitudes e desníveis
altimétricos, visando sua compatibilização com o nível de base. Para tal, os processos
erosivos e de sedimentação são fundamentais.

As intensificações de processos erosivos estão associadas às intervenções de


terraplenagem de corte e aterro, bem como a remoção de coberturas vegetais dentro
do perímetro de influência das obras de manejo dos rejeitos “extracalha” provenientes
do rompimento das barragens B-I, B-IV e B-IVA. As alterações no nivelamento do relevo,
remoção da cobertura vegetal, raspagem da superfície e alterações nas propriedades
físicas do solo, intensificam os processos erosivos das áreas impactadas e, com isso, é
considerado um impacto efetivo.

197
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

As obras destinadas à atividade do manejo de rejeito, sejam elas provisórias ou


definitivas, causaram (e causarão) impactos na morfologia do terreno. Entende-se que
estas intervenções são representadas por meio da operação de canteiros de obras,
estações de tratamentos de efluentes, pátios de estacionamento de veículos,
construção / adequação de vias de acesso para veículos e equipamentos, destacando
a importância das ações de manejo em si, seja na operação e manutenção das
estruturas de contenção, bem como nas ações associadas com o manejo do rejeito pós
rompimento das barragens B-I, B-IV e B-IVA.

A ação erosiva pode ser agravada pelas características pedológicas da área. Conforme
citado no Capítulo 2 (Volume I) do Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do
Paraopeba (ARCADIS, 2020), a região da sub-bacia do Ferro-Carvão abrange três
classes de solo distintas, sendo elas: CAMBISSOLO, associado ao NEOSSOLO e
LATOSSOLO (CXBD21), LATOSSOLO (LVAd1) e NEOSSOLO (RLd5) (AMPLO, 2019;
UFV/CETEC/UFLA/FEAM/UFV, 2010). As unidades de mapeamento supracitadas
correspondem à 41,51%, 17,73% e 14,09%, respectivamente, da área de estudo, sendo
as demais porcentagens relativas à área antropizada e depósitos tecnogênicos
(AMPLO, 2019). Sob a ótica da pedogênese, tem-se que relevos com declives mais
acentuados tendem a serem caracterizados por solos mais rasos (como é o caso dos
CAMBISSOLOS e NEOSSOLOS) e, em classes de relevo mais atenuados, a tendência
é existir solos com processo de intemperismo mais avançado, sendo estes solos mais
sensíveis à degradação (como é o caso dos LATOSSOLOS).

A remoção dos rejeitos atinge o solo sotoposto (solo natural), fazendo com que este
fique exposto. Como mencionado, a área de deposição de rejeito conhecida como
“extracalha” é composta, basicamente, por CAMBISSOLO, NEOSSOLO e
LATOSSOLO. Tais formações pedológicas possuem susceptibilidade aos processos
erosivos, seja pela pouca profundidade (CXBD21; RLd5) ou pela maior sensibilidade à
degradação em função das propriedades físicas (LVAd1). Além disso, é importante
ressaltar que a capacidade de infiltração de água no solo está diretamente relacionada
aos processos erosivos, uma vez que, solos com baixos valores de condutividade
hidráulica favorecem o processo de escoamento superficial e, consequentemente, dos
processos erosivos. Nesta ótica, tem-se que a construção das estruturas utilizadas nas
atividades de manejo do rejeito acarretaram, ainda que pontualmente, na compactação
e/ou impermeabilização do solo, fato que resulta em um aumento de percolação da água
na superfície do terreno.

O índice pluviométrico da área possui forte correlação com a formação dos processos
erosivos, haja vista a maior ocorrência de arraste de material desagregado pela
superfície do terreno. De acordo com o estudo elaborado por Synergia (2020), o índice
pluviométrico referente ao primeiro semestre de 2020 na região foi elevado. Dados das
estações fluviométricas instaladas pela Vale ao longo da bacia do rio Paraopeba,
corroboram tal informação, evidenciando que as vazões escoadas no início de 2019
foram inferiores àquelas escoadas nos primeiros meses de 2020, conforme evidenciado
na Figura 7-39, a seguir:

198
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

___________________________________________________________________________________________________

400,00
350,00
Vazão Média Mensal (m³/s)

300,00
250,00
200,00
150,00
100,00
50,00
0,00
fev/19 mar/19 abr/19 mai/19 jun/19 jul/19 ago/19 set/19 out/19 nov/19 dez/19 jan/20 fev/20 mar/20
Mês
BCF-RL-01 - Melo Franco BCF-RL-29 BCF-RL-07 - BR 381 BCF-RL-08 - Juatuba
BCF-RL-09 - Cap. COPASA BCF-RL-14 - Juatuba BCF-RL-13 - Esmeraldas BCF-RL-25

Figura 7-39 – Análise de continuidade das estações fluviométricas monitoradas pela Vale na bacia do rio Paraopeba.

As instalações fluviométricas apresentadas, monitoradas pela Vale, localizam-se a montante (RL-01 - Melo) e a jusante (todas as demais) do ponto de
confluência entre o ribeirão Ferro-Carvão e o rio Paraopeba

199
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Do exposto, tem-se que a recorrência de altos índices pluviométricos na região podem


intensificar os processos erosivos das áreas nas quais estão ocorrendo o manejo dos
rejeitos.

A) Descrição do impacto

A intensificação dos processos erosivos é um impacto negativo pois consiste no


desgaste do solo, fazendo com que camadas superficiais sejam removidas. A ocorrência
da erosão também resulta na desestabilização de superfícies e taludes.

O impacto é direto, de primeira ordem, por se tratar de um efeito relacionado com as


atividades de manejo do rejeito. A manifestação do impacto é de médio prazo pois, em
linhas gerais, processos erosivos se iniciam com o surgimento de ravinamento até
atingirem estágios de degradação mais intensos, os quais são acentuados nos períodos
de chuva.

Entende-se que o referido impacto é reversível, uma vez que a superfície do terreno
poderá ser recuperada com o uso de técnicas para corrigir os danos provocados pelos
processos erosivos. O impacto é permanente, considerando que, mesmo com o
cessamento das atividades de manejo do rejeito, a degradação no solo permanecerá
até que ocorra alguma ação de intervenção antrópica.

O impacto apresenta escala local, restrito aos limites das áreas operacionais do manejo
de rejeito, onde houve alterações do relevo em virtude das obras de escavação,
implantação de viários, canteiros de obras, entre outros.

Quadro 7-22 - Atributos do impacto Intensificação de processos erosivos

Atributos de Descrição do Impacto

Natureza Negativo Prazo Médio


Ordem Direto Reversibilidade Reversível

Escala espacial Local Duração Permanente

Elaboração: Arcadis, 2020.

B) Avaliação do Impacto
A magnitude foi avaliada como pequena por afetar áreas pontuais utilizadas para o
manejo do rejeito, tais como DIRs, DTRs, canteiros de obra, dentre outros. Além disso,
nestas áreas são observados em campo somente processos erosivos incipientes, visto
que as ações referentes ao manejo de rejeitos estão sendo realizadas de forma
planejada. Este cenário corrobora o grau de magnitude atribuído ao impacto.

O solo é um componente cuja importância é pouco notada, não sendo considerado pelo
essencial papel que desempenha na manutenção da sociedade e da biodiversidade
(CARLI, 2020). As diversas características e usos do solo o tornam mais sensíveis às
intervenções antrópicas, podendo comprometer sua função no equilíbrio dinâmico do
meio ao qual está inserido. A região na qual estão sendo realizadas as obras do manejo

200
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

de rejeito possuía, no cenário pré-rompimento, uso predominantemente destinado para


as atividades de mineração. A existência de usos “mais nobres” desta matriz ambiental,
tais como áreas de cultivo agrícola, habitações, vias de acesso, dentre outros, foram
impactados em função da deposição da onda de rejeito proveniente do evento de
ruptura da barragem. Diante disso, a sensibilidade ambiental para este componente foi
considerada como sendo média.

Por meio da correlação entre a magnitude (baixa) e a sensibilidade (média) do impacto


em pauta, o grau de importância é identificado como reduzido.

Quadro 7-23: Grau de importância do impacto Intensificação de processos erosivos

Avaliação do Grau de Importância do Impacto

Magnitude Pequena

Sensibilidade ou valor do componente Média

Grau de Importância do Impacto Reduzido

Elaboração: Arcadis, 2020.

Em suma, as medidas de reparação para o controle dos processos erosivos estão


previstas em duas vertentes, uma de viés corretivo e outra de viés de controle e
monitoramento.

As ações de caráter corretivo visam o controle e a recuperação de áreas já impactadas


com processos erosivos. Sob esta ótica estão as ações do Programa de Avaliação da
Restauração dos Terrenos e demais ações inclusas no Programa de Recuperação de
Áreas Degradadas (PRAD). Tais ações se concentram no manejo dos rejeitos
extravasados, na execução de ações de controle dos processos erosivos originados nas
obras emergenciais e na prevenção de novos processos por meio de ações de
reflorestamento.

Em relação às ações de controle, tem-se o monitoramento das ações de restauração


dos terrenos e recuperação das áreas impactadas pelos processos erosivos, as quais
também estão sendo consideradas nos dois programas já mencionados, cuja finalidade
é monitorar a eficiência das ações de restauração dos terrenos, incluindo a ocorrência /
reparação de processos erosivos.

As atividades do PRAD encontram-se em execução e serão ajustadas ao longo do


tempo de forma a possibilitarem a melhoria contínua do processo.

Dentre as ações contempladas no PRAD tem-se procedimentos de hidrossemeadura,


transposição de topsoil e plantio manual. Tais ações estão sendo associadas com a
conformação de taludes, possibilitado a estabilização destes e, consequentemente, a
redução dos processos erosivos. Com a finalidade de ter uma visão geral dos pontos
susceptíveis ou nos quais a erosão já está presente, estão sendo realizados
levantamentos panorâmicos e aerofotogramétricos com uso de drone. Por meio desta

201
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

ação, será estabelecido o planejamento de projetos de recuperação direcionados aos


pontos mapeados.

Considerando a existência dos programas corretivos e de monitoramento propostos


pela Vale para o controle de processos erosivos, entende-se que o poder de atenuação
do impacto pode ser considerado como intermediário. Diante disso, as ações propostas
precisam continuar sendo executadas, a fim de nortear a elaboração e implantação de
novos projetos de recuperação após a obtenção dos resultados obtidos com os
levantamentos panorâmicos e aerofotogramétricos. A implantação de medidas de
controle dos processos erosivos, somadas ao constante monitoramento, permitirá uma
gestão assertiva para o gerenciamento dos impactos identificados.

No Quadro 7-24 , a seguir, encontram-se elencadas as principais medidas de controle


executadas pela Vale para o gerenciamento dos processos erosivos.

Quadro 7-24: Medidas de mitigação associadas ao impacto de processos erosivos

Medidas de Mitigação

Ações Planos ou Programas

Execução de ações de reconfiguração dos


terrenos
Elaboração dos procedimentos de avaliação
da restauração das formas do relevo, dos
processos geomorfológicos instaurados e dos
materiais presentes nos terrenos
PRAD, incluindo o Programa de Avaliação da
Proposição de melhorias/complementações Restauração dos Terrenos e demais ações
nas ações de reconfiguração dos terrenos
realizadas
Execução de ações de revegetação
levantamentos panorâmicos e
aerofotogramétricos

Grau de Importância do Impacto (após implementação de medidas)

Grau de Resolução das Medidas Intermediário


Grau de Importância do Impacto (pós
Reduzido
medidas)

Elaboração: Arcadis, 2020.

* As ações e planos/programas aqui apresentadas serão detalhados no “Capítulo 3 - Plano de


Ação para Remediação, Reparação e Restauração dos Impactos” do Plano de Reparação da
Bacia do Rio Paraopeba, em elaboração pela Arcadis.

202
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

7.1.6.8. Perda de camadas superficiais do solo


Relação de causa e efeito

- Processo de escavação para remoção de rejeitos


extracalha
Ação causal - Aberturas de vias de acesso
- Operação das obras para gerenciamento do rejeito
(barreiras hidráulicas, DIR, DTR, CMD e ETAFs)

Aspecto(s) indutor(es) - Remoção da camada superficial do solo

Componente afetado - Solo

Ocorrência do impacto - Efetivo

Elaboração: Arcadis, 2020.

Conforme mencionado no item 2.9.1.4 do Capítulo 2 (Volume 4) do Plano de Reparação


Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba (ARCADIS, 2020), foi observada, por meio
da execução de sondagens, a descontinuidade de camadas superficiais de solo nas
áreas onde a onda de rejeito se deslocou com maior velocidade. Nas outras regiões, o
rejeito se depositou sobre o solo, não provocando erosão (ARCADIS, 2020). Entretanto,
as atividades relacionadas com o manejo de rejeito ocasionam a remoção superficial do
solo.

As atividades de terraplenagem para abertura de novas vias de acesso e manutenção /


operação das estruturas para gerenciamento do rejeito ocasionaram a remoção da
camada superficial do solo, onde se encontra a matéria orgânica e a maior quantidade
de nutrientes disponíveis. Este impacto também decorre da atividade de escavação para
remoção do rejeito extracalha, uma vez que, a remoção realizada atinge a camada
superficial do solo.

De acordo com o documento Caracterização Geral das Obras Emergenciais (VALE,


2020), o total de rejeitos remanescente a ser retirado é da ordem de 7,8 Mm³,
distribuídos ao longo da sub bacia do ribeirão Ferro-Carvão (Figura 7-40). Informações
levantadas por meio do mapeamento da área atingida indicam que a lama de rejeito
ocupou uma região de 294 hectares.

O manejo deste rejeito e o plano sequencial de recuperação ambiental da área se


iniciaram em 2019, com previsão de término em 2025 e descomissionamento das
estruturas em 2026. É importante frisar que o plano de remoção do rejeito é definido de
acordo com a estratégia de buscas por vítimas, estabelecida pelo Corpo de Bombeiros
Militares de Minas Gerais (CBMMG).

203
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Figura 7-40 - Distribuição por área da quantidade de rejeitos remanescentes do Ribeirão


Ferro-Carvão (Mm³)

Além da remoção da camada superficial do solo devido às escavações do rejeito


extracalha, nas seis áreas indicadas na Figura 7-40, tem-se a ocorrência deste impacto
nas regiões onde foram edificadas as obras destinadas ao manejo de rejeito, por
exemplo as ETAFs, DIRs, DTRs, pontos de lançamento de draga, dentre outros. Em
relação às vias de acesso / circulação de caminhões e máquinas, entende-se que a
existência de uma grande parcela delas já se fazia presente na área da Mina Córrego
do Feijão. Diante disso, a perda da camada superficial do solo, quando referente à
atividade de manejo de rejeito, se restringe às novas vias de acesso que foram abertas
no cenário pós - rompimento.

Em relação à situação dos solos afetados pelo rejeito, logo após o rompimento das
barragens B-I, B-IV e B-IVA, conforme já mencionado, foram realizadas sondagens na
área da mancha de rejeito para o reconhecimento geológico-geotécnico das camadas
depositadas e dos solos remanescentes, até o saprólito ou rocha sã, a fim de amparar
a execução das obras emergenciais. Foram realizadas sondagens na área da antiga
barragem B-I, nas obras da ponte metálica, barreira hidráulica 0, barreira hidráulica 1,
dique 2 e do duto da Transpetro. Estudo realizado pela Chammas Engenharia (2019
citado em ARCADIS, 2020) indica que a camada depositada de rejeito possui espessura
variável, com maior espessura nos locais próximos à antiga Barragem B-I (cerca de 13
metros de profundidade), enquanto em áreas mais distantes, como os dutos da
Transpetro, a profundidade máxima é de 4 metros.

Outra observação do estudo geológico-geotécnico (CHAMMAS ENGENHARIA, 2019) é


quanto à continuidade das camadas do solo remanescente. As sondagens indicam que
em alguns locais mais próximos ao rompimento das barragens, os solos podem ter se
misturado ao rejeito ou mesmo terem sido erodidos em grandes quantidades e
profundidades, devido à força do deslocamento da massa de rejeito sobre a área. Nas
áreas mais distantes, as sondagens encontraram o perfil íntegro dos solos.

204
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

A remoção da camada fértil afeta diretamente a qualidade do solo, removendo a porção


rica em matéria orgânica e onde se concentram os nutrientes necessários para o
desenvolvimento de vegetação ou atividade agropecuária. Do exposto, tem-se que se
trata de um impacto efetivo, tendo ocorrido durante a execução das obras destinadas
ao manejo dos rejeitos e que ainda ocorre devido à remoção do rejeito extracalha. A
ocorrência deste impacto resulta em perdas e alterações da ciclagem de nutrientes,
perda de serapilheira e alterações nas propriedades físicas do solo.

A) Descrição do impacto
A remoção da camada superficial do solo é um impacto negativo, por modificar a
geomorfologia do terreno e remover o horizonte pedológico no qual há maior
concentração de matéria orgânica.

É um impacto direto, resultado da remoção do rejeito extracalha e execução das obras


vinculadas ao manejo do rejeito. Ocorre no curto prazo, ou seja, simultaneamente ao
aspecto indutor. Trata-se de impacto local por estar restrito às áreas afetadas por
rejeito, na sub-bacia do ribeirão Ferro-Carvão, e pontos destinados à abertura de vias e
construção de estruturas.

O impacto tem caráter permanente, pois não há possibilidade de as áreas afetadas


retornarem naturalmente às condições iniciais, sendo reversível sob a ótica da
recuperação ambiental, pois aplicadas as medidas de recuperação previstas no
Programa de Recuperação de Áreas Degradadas é possível compor uma nova camada
superficial de solo que, embora não tenha as características da camada original,
proporcionará condições para uma nova condição de equilíbrio.

Quadro 7-25 -Atributos do impacto Intensificação de processos erosivos

Atributos de Descrição do Impacto

Natureza Negativo Prazo Curto


Ordem Direto Reversibilidade Reversível

Escala espacial Local Duração Permanente

Elaboração: Arcadis, 2020.

B) Avaliação do Impacto
A perda da camada fértil ocorre em locais destinados à abertura de novas vias de
acesso, construção das estruturas para gerenciamento do rejeito extracalha e intracalha
(por exemplo, ETAF 2) e atividade de escavação para remoção do rejeito extracalha. É
importante destacar que o solo já havia sido impactado de forma significativa em
decorrência do rompimento das Barragens B-I, B-IV e B-IVA. Conforme identificado no
diagnóstico pós-rompimento, há locais onde a passagem da massa de rejeito ocasionou
o arraste do solo e, em outros locais, o rejeito se misturou com a camada superficial,
alterando suas características físicas e químicas, portanto, o impacto de remoção da
camada fértil ocasionado pelo Plano de Manejo do Rejeito parte de uma linha de base

205
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

de baixa qualidade ambiental, contribuindo muito pouco para sua degradação, podendo
ser compreendido como de pequena magnitude.

Grande parte das atividades de manejo do rejeito estão ocorrendo em áreas já


antropizadas, ou seja, com solo alterado especialmente em decorrência da passagem
e/ou deposição da onda de rejeito. Porém, algumas áreas nas quais houve a abertura
de acessos, construção das ETAFs e de alguns canteiros de obras possuíam solo com
camadas superficiais, sejam elas finas ou espessas. Devido a isto, a sensibilidade para
o componente solo foi considerada como sendo média.

O grau de importância deste impacto é reduzido, resultado da combinação da


magnitude pequena e sensibilidade média.

Quadro 7-26: Grau de importância do impacto remoção da camada fértil do solo

Avaliação do Grau de Importância do Impacto

Magnitude Pequena

Sensibilidade ou valor do componente Média

Grau de Importância do Impacto Reduzido

Elaboração: Arcadis, 2020.

Para este impacto está previsto o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD),
que dentre seus objetivos busca a restauração da vegetação nativa nas áreas afetadas
pelo rejeito, bem como nas áreas descomissionadas das obras emergenciais. Com esta
premissa, o programa buscará acelerar a RECUPERAÇÃO e estabelecer um
ecossistema funcional, com espécies de vegetação nativa recorrentes na região,
chegando o mais próximo possível da condição original. Em casos mais graves, onde a
área se apresentar extremamente degradada, por exemplo, região com solos sem as
camadas superficiais, será conduzida a REABILITAÇÃO da área, sendo priorizada a
recuperação parcial de funções do ecossistema, sem preocupação com as espécies de
vegetação utilizada, pois a prioridade será que elas sejam capazes de suportar as
condições extremas deste ambiente fortemente degradado, para que no futuro sirva
como catalizadora da sucessão ecológica.

A primeira etapa do PRAD possui como objetivo a caracterização da área a ser


recuperada, com foco em determinar o grau de degradação existente. A próxima etapa
consiste na sistematização das ações de recuperação que serão adotadas, onde se
determina as técnicas e as espécies vegetais que possam apresentar melhor resposta.
Após iniciada a recuperação, serão monitorados diversos indicadores para acompanhar
a evolução desta e, quando necessário, determinar as medidas de intervenção
necessárias.

Segundo a descrição das atividades previstas no PRAD, verifica-se a grau de incerteza


sobre o processo de restauração nas áreas afetadas pelo rejeito, indicando como
estratégia metodológica a manutenção de 10 trechos de 0,5ha, ao longo da bacia, para

206
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

a experimentação florestal, onde podem ser testadas técnicas e espécies vegetais a


serem utilizadas. Portanto, a premissa é usar as boas práticas técnico-científicas da
restauração para aumentar a eficiência na resposta. Assim, considera-se o grau de
resolução como intermediário.

Cabe ressaltar que o solo a ser utilizado nos locais onde seja necessária a reconstituição
da geomorfologia, será devidamente analisado a fim de se evitar possíveis
contaminações cruzadas. Além disso, sempre que possível, a área de empréstimo
deverá ser selecionada em formações pedológicas semelhantes às observadas na área
a ser recomposta.

No Quadro 7-27, a seguir, encontram-se elencadas as principais medidas de controle


executadas pela Vale para a mitigação ou compensação do impacto de remoção da
camada fértil do solo.

Quadro 7-27: Medidas de mitigação associadas ao impacto remoção da camada fértil do


solo

Medidas de Mitigação

Ações Planos ou Programas

Caracterização das áreas degradadas, com


objetivo de determinar o grau de degradação

Sistematização das ações de recuperação,


para se determinar as técnicas e as espécies Plano de Recuperação de Áreas Degradadas
vegetais que possam apresentar melhor (PRAD)
resposta
Monitoramento da área recuperada, para
acompanhar a evolução desta e, quando
necessário, determinar as medidas de
intervenção necessárias

Grau de Importância do Impacto (após implementação de medidas)

Grau de Resolução das Medidas Intermediário


Grau de Importância do Impacto (pós
Reduzido
medidas)

Elaboração: Arcadis, 2020.

* As ações e planos/programas aqui apresentadas serão detalhados no “Capítulo 3 - Plano de


Ação para Remediação, Reparação e Restauração dos Impactos” do Plano de Reparação da
Bacia do Rio Paraopeba, em elaboração pela Arcadis.

207
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

7.1.6.9. Compactação do solo


Relação de causa e efeito

- Aberturas / adequação de vias de acesso


- Operação das obras para manejo do rejeito (barreiras
hidráulicas, DIR, DTR, CMD, canteiro de obras, oficinas e
Ação causal ETAFs)
- Operação da rampa para lançamento de draga
- Tráfego de caminhões e máquinas
- Tráfego de máquinas e veículos pesados
Aspecto(s) indutor(es) - Alteração das características do terreno para operação
dos canteiros de obras, oficinas, DIR, DTR, CMD e ETAFs

Componente afetado - Solo

Ocorrência do impacto - Efetivo

Elaboração: Arcadis, 2020.

Para as atividades do Plano de Manejo do Rejeito estão sendo mobilizados caminhões,


tratores, veículos leves, ônibus/micro ônibus, rompedores, escavadeiras, rolo
compactador, retroescavadeira, carregadeira, motoniveladoras e draga. A circulação
destas máquinas e veículos nas frentes de manejo, nos depósitos temporários, nos
canteiros de obras e oficina podem ocasionar a compactação do solo, com intensidade
variando em função da carga exercida, frequência de passagem, formação pedológica,
tipo de equipamento instalado e obra executada. As atividades relacionadas ao manejo
de rejeito nas quais se entende haver compactação do solo são indicadas a seguir:

▪ Tráfego de caminhões / veículos e movimentação de equipamentos: esta


atividade exerce uma pressão no solo ao longo das vias de acesso utilizadas e nas
frentes de trabalho de remoção de rejeitos. A compactação do solo, já
comprometida pela abertura / adequação das vias de acesso, é intensificada, pelo
tráfego intenso devido às atividades de escavação, carregamento e transporte de
rejeitos.
▪ Canteiros de obras e apoio logístico: Para dar suporte às atividades de remoção
e manejo de rejeito encontram-se em operação canteiros de obras e áreas de apoio
logístico, em locais previamente antropizados. A circulação de veículos e
equipamentos nestes locais geraram compactação do solo.
▪ Operação nas oficinas, DIR, DTR, CMD e ETAFs: Para o manejo do rejeito é
necessária a realização de operações em diversas áreas, tais como as que ocorrem
nas oficinas de manutenção, DIR, DTR, CMD e ETAFs. A gestão de rejeitos conta
com 2 áreas de oficina, 8 DIRs e 14 DTRs distribuídos ao longo da área da Vale.
Entende-se que o impacto de compactação do solo ocorre devido à presença das
estruturas no local e é intensificado pela circulação dos veículos nestas áreas. Em
relação à CMD, assim como para as demais estruturas, também ocorre a
movimentação de caminhões e máquinas, podendo intensificar o processo de
compactação.

208
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Parte do trajeto realizado pelos caminhões, máquinas e equipamentos é realizado na


região impactada pela onda de rejeito originada em função do evento de ruptura das
barragens B-I, B-IV e B-IVA. Nesta área, a compactação do solo ocorrida em função da
deposição dos rejeitos pode ser intensificada devido ao tráfego vinculado ao manejo.
Cabe ressaltar que o impacto referente à compactação do solo ocasionada pela
deposição da onda de rejeito está descrito no Capítulo 2 do Plano de Reparação
Socioambiental da Bacia do rio Paraopeba (ARCADIS, 2020).

A compactação do solo se refere à redução do volume natural de solos não saturados,


quando uma determinada pressão externa é aplicada, que pode ser causada pelo
tráfego de máquinas, veículos ou animais (RICHART et al., 2005). Em outras palavras,
a compactação exerce um efeito direto na porosidade do solo, comprometendo diversos
processos realizados nesta matriz ambiental.

O volume total de um solo é constituído pelo somatório do volume das partículas


minerais e orgânicas, e o volume de espaços porosos entre elas. Por sua vez, o volume
de um poro é ocupado com água e/ou ar. Diz-se que um solo está compactado quando
a relação entre volume do solo e de poros é inadequada para o manejo eficiente do
campo (MANTOVANI, 1987).

O teor de umidade tem grande influência no processo de compactação do solo. A água


retida na porosidade do solo atua como lubrificante entre as partículas, pois permite o
seu deslocamento quando submetidas a cargas externas, contribui para a degradação
das camadas do solo em profundidade e implica no rearranjo das partículas do solo,
com consequente alteração na estrutura. O aumento da umidade favorece o
deslocamento das partículas, até o teor próximo à capacidade de campo (saturação),
uma vez que a água não pode ser comprimida. Outro fator importante observado é que,
à medida em que a energia de compactação aumenta, menor é a quantidade de água
para se alcançar a compactação máxima (RICHART et al., 2005; MANTOVANI, 1987).

A textura do solo é outra variável de grande influência na susceptibilidade à


compactação. Solos constituídos de partículas do mesmo tamanho são menos
susceptíveis à compactação quando comparados aqueles onde há mistura de areia,
silte e argila, visto que partículas de diferentes tamanhos se arranjam para preencher
os poros (MANTOVANI, 1987). O teor e o tipo de argila, quando presente no solo,
determina a profundidade e persistência da compactação. Quanto maior a quantidade
de argila, maior a profundidade que a pressão é transmitida e maior a espessura da
camada compactada (HORN, 1988 citado por RICHART et al., 2005).

De acordo com o mapa pedológico produzido pela Amplo (2019), o vale do ribeirão
Ferro-Carvão, onde é executado o Plano de Manejo de Rejeito - PMR possui duas
formações pedológicas predominantes, CAMBISSOLO (CXBD21) e LATOSSOLO
(LVAd1). O CAMBISSOLO se encontra na porção mais alta da sub-bacia, desde a mina
do Feijão até a região do córrego Laranjeiras. Esta classe de solo se caracteriza pelo
estágio intermediário de intemperismo, em geral não muito profundos. Já o
LATOSSOLO, onde se concentram as estruturas de operação do manejo de rejeito, se
distribui ao longo do relevo de baixa declividade, iniciando na altura do agrupamento

209
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

córrego do Feijão, seguindo até o rio Paraopeba. Este solo normalmente é profundo,
bem drenado e tem alta concentração de argila (COELHO et al, 2017), propenso à
compactação quando próximo do limite de saturação (MANTOVANI, 1987).

Considerando as atividades vinculadas ao manejo de rejeito, em especial o tráfego de


máquinas, equipamentos e caminhões nas áreas de remoção, DIRs, DTRs e cava, tem-
se que a compactação do solo é um impacto efetivo. A ocorrência deste impacto reduz
a permeabilidade, a disponibilidade hídrica e de nutrientes, a aeração, dificulta a
penetração das raízes, tornando o solo mais sensível aos processos erosivos.

A) Descrição do impacto
É um impacto negativo, pois a compactação altera as propriedades físicas do solo,
dificulta o manejo para recuperação de vegetação e aumenta a susceptibilidade aos
processos erosivos por aumentar o escoamento superficial, sua velocidade, energia e
criar caminhos preferencias de drenagem.

O impacto é direto, de primeira ordem, por decorrer da movimentação de maquinário e


veículos pesados, além da presença / operação das estruturas de apoio ao manejo do
rejeito (canteiro de obras, oficina mecânica DIRs, DTRs, CMD, ETAFs). Seus efeitos se
manifestam no curto prazo, logo no início da abertura de acessos, movimentação dos
maquinários e equipamentos ou na presença das estruturas e podem se intensificar
gradativamente, aumentando a espessura da compactação, conforme a frequência de
circulação sobre o mesmo local.

A compactação do solo permanecerá mesmo após cessadas as atividades que a


originaram. No entanto, é possível a recuperação de sua qualidade com boas práticas
de manejo do solo. Assim, respectivamente, o impacto é permanente e reversível.

A ocorrência do impacto é local, restrita às áreas operacionais do manejo de rejeito.

Quadro 7-28 - Atributos do impacto Intensificação de processos erosivos

Atributos de Descrição do Impacto

Natureza Negativo Prazo Curto


Ordem Direto Reversibilidade Reversível

Escala espacial Local Duração Permanente

Elaboração: Arcadis, 2020.

B) Avaliação do Impacto
Considerando a espacialização da ocorrência do impacto, limitado às áreas
operacionais utilizadas para o manejo do rejeito, este impacto possui magnitude
pequena.

O impacto ocorre em área já impactada pela mancha de rejeito e, também em área


antropizada – caracterizada pelo desenvolvimento de atividades rurais, com predomínio

210
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

de LATOSSOLO. As características do uso do solo da região apresentam maior


sensibilidade em relação ao componente solo e, além disso, sua tipologia e classe
textural, com quantidade moderada a alta de argila, permite compactação em camadas
mais profundas (COELHO et al., 2017; MANTOVANI, 1987). Considerando ainda a ampla
disponibilidade desta matriz ambiental, a sensibilidade para o componente solo foi
classificada como sendo média.

Por meio da correlação entre a magnitude (baixa) e a sensibilidade (média) do impacto


em pauta, o grau de importância é identificado como reduzido.

Quadro 7-29: Grau de importância do impacto Intensificação de processos erosivos

Avaliação do Grau de Importância do Impacto

Magnitude Pequena

Sensibilidade ou valor do componente Média

Grau de Importância do Impacto Reduzido

Elaboração: Arcadis, 2020.

Para um melhor entendimento da área impactada está previsto no âmbito do Plano de


Reparação Socioambiental da Bacia do rio Paraopeba (Capítulo 3 – atualmente em
revisão pela Arcadis) o Plano de Caracterização, Reabilitação e Monitoramento da
Qualidade do Solo e da Água Subterrânea, no qual consta o Programa de
Caracterização e Monitoramento dos Solos (atualmente em revisão), que objetiva a
caracterização química, física, biológica, mineralógica e a realização de testes físicos e
de fertilidade do solo para identificar os impactos instalados nas áreas de deposição de
rejeito e das obras emergenciais na sub-bacia do ribeirão Ferro-Carvão. Por meio desta
caracterização será possível prever ações de mitigação assertivas para realizar a
tratativa do impacto em pauta.

O Programa de Caracterização e Monitoramento dos Solos, já referenciado, prevê a


caracterização do solo por meio de malha amostral, com o intuito de avaliar as
alterações físicas e químicas do solo impactado e da área ao entorno para comparar as
características necessárias para a revegetação, onde serão realizados testes físicos,
análises químicas e avaliação da fertilidade dos solos. A partir dos resultados obtidos,
serão direcionadas as medidas corretivas necessárias para a recuperação, conforme
previsto no Programa de Recuperação de Áreas Degradadas. Estas medidas
compreendem técnicas variadas, que são aplicadas conforme a avaliação do local, por
exemplo: controle do processo erosivo (reafeiçoamento do terreno, proteção de taludes,
cobertura de solo exposto); isolamento da área para a regeneração natural;
enriquecimento de vegetação natural remanescente; plantio de espécies nativas; plantio
de espécies exóticas para recuperação das propriedades edafológicas, entre outras. Há
ainda a possibilidade de uso misto de técnicas e o desenvolvimento de técnicas
específicas para as situações que serão encontradas no contexto de recuperação da
área pós-remoção do rejeito.

211
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Considerando que as ações previstas no Plano de Caracterização, Reabilitação e


Monitoramento da Qualidade do Solo e voltadas apenas ao monitoramento, entende-se
que o grau de resolução é considerado baixo. Cabe ressaltar que por meio dos
monitoramentos propostos será possível definir as medidas de mitigação e/ou
recuperação de forma mais efetiva e, após suas devidas execuções, o impacto referente
à compactação do solo, classificado como reduzido, será ainda mais atenuado.
Considerando as informações apresentadas, o grau de importância do impacto se
mantém como reduzido no cenário pós medidas.

No Quadro 7-30, a seguir, encontram-se elencadas as principais medidas de controle


executadas pela Vale para a mitigação da compactação do solo.

Quadro 7-30: Medidas de mitigação associadas ao impacto compactação do solo

Medidas de Mitigação

Ações Planos ou Programas

Caracterização e monitoramento dos solos


Plano de Caracterização, Reabilitação e
Monitoramento da Qualidade do Solo e da
Execução das análises de acordo com as Água Subterrânea - Programa de
normas da ABNT NBR 7181:2016, ABNT Caracterização e Monitoramento dos Solos
NBR 6457, ABNT NBR-7182/2016 e
DNERM162/94, ABNT NBR14545:2000
Caracterização das áreas degradadas e
sistematização das ações de recuperação
Controle dos processos erosivos
ABNT NBR 11682/1991 (Estabilidade de Programa de Recuperação de Áreas
Taludes) e NBR 10318-1/2018 Degradadas (PRAD)
(Geossintéticos)
Revegetação de área degradada
Monitoramento da área recuperada

Grau de Importância do Impacto (após implementação de medidas)

Grau de Resolução das Medidas Baixo


Grau de Importância do Impacto (pós
Reduzido
medidas)

Elaboração: Arcadis, 2020.

* As ações e planos/programas aqui apresentadas serão detalhados no “Capítulo 3 - Plano de


Ação para Remediação, Reparação e Restauração dos Impactos” do Plano de Reparação da
Bacia do Rio Paraopeba, em elaboração pela Arcadis.

212
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

7.1.6.10. Alteração da qualidade da água subterrânea


Dentre as ações realizadas para o manejo de rejeito existem atividades com potencial
de alterar a qualidade da água subterrânea. Em função das características das
atividades, pode haver impactos no aquífero raso ou profundo. Considerando tais
situações, este impacto foi segregado em duas vertentes distintas (aquífero raso e
aquífero profundo), de forma a possibilitar uma melhor arguição e apresentação dos
dados.

Alteração da qualidade da água subterrânea no aquífero raso

Relação de causa e efeito

- Manipulação e armazenamento de produtos químicos e


combustíveis;
- Remoção de equipamentos, máquinas, veículos e
demais materiais contendo produtos químicos e/ou
Ação causal combustíveis soterrados pelo rejeito;
- Armazenamento de resíduos perigosos (Classe I);
- Lavagem de veículos, equipamentos e materiais
contaminados com produtos químicos e/ou combustíveis
- Vazamento de óleos, graxas, combustíveis e demais
Aspecto(s) indutor(es) produtos químicos;
- Geração de efluentes líquidos contaminados

Componente afetado - Água subterrânea

Ocorrência do impacto Potencial

Elaboração: Arcadis, 2020.

As atividades de manejo apresentam impactos potenciais nos recursos hídricos


subterrâneos, os quais podem ser afetados, principalmente, durante as etapas de
remoção, acondicionamento, tratamento (ETAF 1 e ETAF 2) e lavagem (resíduos
contaminados com material oleoso ou produtos químicos).

Com o objetivo de monitorar uma possível alteração da qualidade da água subterrânea,


foram instalados poços de monitoramento na região das ETAFs, sendo 12 poços na
ETAF1 e 12 poços na ETAF 2. As Figura 7-41, Figura 7-42, Figura 7-43 e

Figura 7-44 a seguir apresentam a distribuição dos referidos poços de acordo com as
respectivas estruturas, bem como o perfil construtivo de cada um deles.

213
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Células de
desidratação

Sistema de filtração

Tanque de Bacia de
mistura sedimentação

Figura 7-41: Mapa de localização dos pontos / poços de monitoramento do da ETAF 1.

De acordo com o perfil litológico construtivo dos Poços de Monitoramento (PMs)


existentes na região da ETAF 1, as profundidades de instalação destas estruturas no
aquífero raso variam entre as profundidades de 8,4 m (poço mais raso PM-06) até 17,80
(poço mais profundo PM-09).

214
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_______________________________________________________________________________________________

Figura 7-42 - Perfil construtivo dos poços de monitoramento da ETAF 1.

215
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Célula de desidratação

Sistema de filtração
Célula de desidratação

Bacia de sedimentação

Célula de desidratação

Figura 7-43: Mapa de localização dos pontos / poços de monitoramento do da ETAF 2.

De acordo com o perfil litológico construtivo dos Poços de Monitoramento (PMs)


existentes na região da ETAF 2, as profundidades de instalação destas estruturas no
aquífero raso variam entre as profundidades de 4,7 m (poço mais raso PM-01 e PM-11)
até 15,20 (poço mais profundo PM-04).

216
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Figura 7-44 - Perfil construtivo dos poços de monitoramento da ETAF 2.

217
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Na ETAF 1 ocorre o tratamento do efluente fluvial bombeado do ribeirão Ferro-Carvão


no reservatório formado pela Estaca Prancha 1. Este tratamento possui como objetivo
a remoção dos sólidos suspensos por meio de um tratamento físico-químico, sendo que
o efluente tratado é lançado no ribeirão Casa Branca, tributário do rio Paraopeba.

Em relação à ETAF 2, esta recebe o material dragado no leito do rio Paraopeba. O


material bombeado é submetido à um tratamento físico-químico e o efluente tratado é
lançado no rio Paraopeba.

Tanto no tratamento da ETAF 1 quanto no tratamento da ETAF 2 são utilizados


floculantes e coagulantes como parte integrante do processo operacional realizado
nestas estruturas. Diante disso, os monitoramentos da qualidade da água subterrânea
realizados na região destas estruturas possuem como objetivo verificar possíveis falhas
operacionais, as quais podem resultar em uma percolação de produtos químicos
(ETAFs 1 e 2), efluente fluvial com rejeito (ETAF 1) ou sedimento com rejeito (ETAF 2)
para o aquífero raso.

Considerando os resultados obtidos nos monitoramentos realizados entre os anos de


2019 e 2020, conforme mencionado na apresentação da Arcadis nomeada como
“1.03.02.60506-DG-AP-0036” (ARCADIS, 2020), já foram quantificados acima do Valor
Máximo Permitido (VMP) da DN COPAM nº 166/2011 os seguintes metais:

▪ ETAF1 (abr/19 a out/20): Sb dissolvido, Pb dissolvido, Cr dissolvido, Fe dissolvido,


Mn dissolvido e Ni dissolvido.
▪ ETAF2 (out/19 a out/20): Al dissolvido, Sb dissolvido, Pb dissolvido, Co dissolvido
e Ni dissolvido.
Contudo, conforme informado no documento consultado, todos os metais já
quantificados e que em algum momento ultrapassaram o valor orientador (VMP) podem
ser correlacionados com a litologia da bacia do rio Paraopeba, assim como reportado
no estudo da CPRM de 2009 e publicado em 2018 no Atlas da Bacia do rio São
Francisco. Além disso, a Substância Química de Interesse (SQI) utilizada como
“traçadora” para situações decorrentes da operação das ETAFs é a Acrilamida (utilizada
na composição dos floculantes utilizados no tratamento) a qual, até o momento,
apresenta resultados inferiores ao Limite de Quantificação (LQ) nas amostras de água
subterrânea analisadas.

Além da operação das ETAFs, outras atividades vinculadas ao manejo do rejeito podem
ter o potencial de impactar a qualidade da água subterrânea no aquífero raso, conforme
descrito a seguir:

▪ Manipulação e armazenamento de produtos químicos e combustíveis: A


atividade de armazenamento e manipulação de produtos químicos ocorre nas áreas
de manutenção de equipamentos e veículos (óleos, graxas e afins) e canteiro de
obras (produtos diversos). Além disso, ocorre o abastecimento dos maquinários,
geradores e torres de iluminação que utilizam óleo diesel. Esta atividade é realizada
por meio de caminhão comboio, ou veículo adequado, nas frentes de trabalho.
Nestas áreas pode ocorrer o vazamento e/ou derramamento destes produtos, os
quais podem atingir o solo e posteriormente chegar até a água subterrânea.

218
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

▪ Remoção de equipamentos, máquinas, veículos e demais materiais contendo


produtos químicos e/ou combustíveis, soterrados pelo rejeito: É sabido que o
rompimento das barragens soterrou equipamentos, máquinas, caminhões e
estruturas utilizadas na atividade de mineração. Com as atividades de remoção do
rejeito extracalha todos estes materiais estão sendo removidos e, por vezes, pode
ocorrer o vazamento de produtos químicos e combustíveis para o solo durante a
atividade de remoção. As ações específicas adotadas pela Vale nesta atividade de
remoção estão elencadas em um item específico na descrição deste impacto. Uma
vez no solo, as substâncias podem chegar até a água subterrânea presente no
aquífero raso.
▪ Armazenamento de resíduos perigosos (Classe I): De acordo com informações
disponibilizadas no Plano Integrado de Gerenciamento de Rejeitos e Resíduos -
PIGRR (ARCADIS, 2020), os resíduos com potencial de contaminação encontrados
nas frentes de escavação e o rejeito que os envolvem são removidos com margem
de segurança. Os materiais oleosos drenados no processo de remoção extracalha
são direcionados para o Depósito Intermediário de Resíduos (DIR) 7, localizado na
Mina de Jangada. Este DIR é composto por uma baia em “L”, provida de contenção
e piso pavimentado em concreto com espessura de 30 centímetros. Em outubro de
2020 o volume de rejeito potencialmente contaminado armazenado no local era
composto por 18 tambores, correspondentes à um volume total de 3,6 m³. Na Figura
7-45, a seguir, é apresentada a área de armazenamento de resíduos perigosos no
DIR Mina da Jangada.

Figura 7-45 - Baia de armazenamento de resíduos Classe I – DIR Jangada

▪ Lavagem de resíduos contaminados: Os resíduos segregados no manejo do


rejeito extracalha que estejam contaminados com óleo ou combustível, tais como
peças de motor, tanque de combustível, equipamentos contaminados em geral, são
encaminhados para o lavador existente na área do DIR 7 da Mina de Jangada, onde
são submetidos ao processo de lavagem para a remoção da parte oleosa. Após a
remoção das partes oleosas, esses resíduos são direcionados para seus
respectivos DTRs, onde é realizada uma análise e triagem dos resíduos. O efluente
gerado neste processo, incluindo também aqueles bombeados pelo caminhão
hidrovácuo das frentes de escavação, compostos por água e óleo ou combustível,

219
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

são encaminhados para a estação de tratamento de efluentes oleosos (ETEO)


existente na Mina de Jangada (Figura 7-46).

Figura 7-46 - ETEO localizada na Mina de Jangada

Nas áreas supracitadas não é realizado o monitoramento da qualidade da água


subterrânea e, consequentemente, se desconhece se há, ou não, interferência destas
atividades antrópicas na qualidade do aquífero raso. Em relação às áreas das ETAFs 1
e 2, conforme já mencionado, todos os metais já quantificados que ultrapassaram o
valor orientador (VMP) podem ser correlacionados com a litologia da bacia do rio
Paraopeba e as análises da SQI utilizada como “traçadora” das operações apresenta
resultados inferiores ao LQ. Diante disso, neste momento, o impacto de alteração da
qualidade da água subterrânea devido às atividades de manejo de rejeito é considerado
como sendo potencial.

A) Descrição do impacto
Este impacto é de natureza negativa devido ao fato de que a percolação de substâncias
químicas utilizadas no manejo do rejeito, ou efluente / sedimento contendo rejeito que
atingem a água subterrânea podem comprometer a qualidade desta matriz ambiental, a
qual é considerada como sendo um bem a proteger.

O impacto é indireto por se tratar de um efeito de segunda ordem, ou seja, o vazamento


e/ou derramamentos de substâncias nocivas ao meio ambiente inicialmente atingem o
solo e então percolam até atingir a água subterrânea (aquífero raso). Considerando que
o vazamento / derramamento irá inicialmente impactar o solo para posteriormente atingir
a água subterrânea, tem-se que o impacto ocorre no longo prazo.

Entende-se que o impacto é permanente, pois assim que cessada a ação dos
potenciais vazamentos ou derramamentos, o material permanecerá na água
subterrânea. Em relação à reversibilidade, trata-se de um impacto reversível pois, caso
sejam identificadas plumas de contaminação na área avaliada, técnicas de remediação
poderão ser adotadas para a descontaminação. A depender do tipo de contaminante,
extensão da pluma e características do subsolo, diferentes alternativas tecnológicas
podem ser adotadas.

Sabe-se que a movimentação da contaminação na água subterrânea é orientada pelo


fluxo do aquífero impactado. Mesmo havendo este dinamismo, entende-se que este

220
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

impacto possui uma espacialidade local, uma vez que as plumas de contaminação,
caso existentes, ficariam restritas à área de execução das atividades do manejo de
rejeito e região de entorno destas.

Quadro 7-31: Atributos da contaminação e consequente restrição de uso de água


subterrânea.

Atributos de Descrição do Impacto

Natureza Negativo Prazo Longo


Ordem Indireto Reversibilidade Reversível

Escala espacial Local Duração Permanente

Elaboração: Arcadis, 2020.

B) Avaliação do Impacto
Embora tenham sido identificadas concentrações acima do VMP para alguns metais nas
amostras de água subterrânea captadas na região das ETAFs 1 e 2, entende-se que,
neste momento, não há uma evidência de que estes resultados estejam sendo
influenciados pelas atividades do tratamento do efluente fluvial do ribeirão Ferro-Carvão
(na ETAF 1) ou do material dragado do rio Paraopeba (na ETAF 2). Essa assertiva se
embasa no fato que de as Substâncias Químicas de Interesse (SQIs) identificadas
acima do VMP podem ser correlacionadas com a litologia da bacia do rio Paraopeba e,
além disso, as concentrações para a Acrilamida (SQI “traçadora” para as operações das
ETAFs) até o momento estão abaixo do LQ considerado pelo laboratório. Cabe ressaltar
que para as demais áreas nas quais também ocorrem atividades com potencial de
alterar a qualidade da água subterrânea, não existem pontos de monitoramento. Diante
disso, a magnitude foi avaliada como média.

Considerando que a proteção dos recursos hídricos (incluindo a água subterrânea) é


mencionada em diversas legislações ambientais, dentre elas pode ser citada a Lei
Federal nº 9.433 de 8 de janeiro de 1997 e que a água é um recurso finito e essencial,
a sensibilidade ambiental do componente “água subterrânea” foi considerada como
sendo alta.

Por meio da correlação entre a magnitude (média) e a sensibilidade (alta) do impacto


em pauta, o grau de importância é identificado como elevado.

Quadro 7-32: Grau de importância do impacto de contaminação e consequente restrição


de uso de água subterrânea.

Avaliação do Grau de Importância do Impacto

Magnitude Média

Sensibilidade ou valor do componente Alta

Grau de Importância do Impacto Elevado

Elaboração: Arcadis, 2020.

221
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

A fim de realizar o monitoramento da qualidade da água subterrânea na região das


ETAFs 1 e 2 são realizadas campanhas de monitoramento mensais nos poços
instalados ao redor destras estruturas. O elenco analítico considerado nas análises
contempla, dentre outras, a substância Acrilamida em todas as amostras coletadas. Esta
SQI é utilizada como um “traçador” das operações realizadas nas ETAFs, uma vez que
faz parte da composição dos floculantes utilizados no processo de tratamento. Além
disso, outras SQIs específicas também são utilizadas para a avaliação de possíveis
vazamentos na região das ETAFs, por exemplo a análise de BTEX, PAH e TPHfp na
área de operação dos geradores elétricos na ETAF 2 e dos geradores do sistema de
filtração na ETAF 1.

Como medidas de controle da alteração da qualidade da água subterrânea são


realizadas diversas ações elencadas no Plano Integrado de Gerenciamento de Rejeitos
e Resíduos (PIGRR) carreados pelo rompimento da Barragem B-I. Dentre as atividades
existentes neste plano tem-se: triagem de resíduos de acordo com as características,
armazenamento seguindo as diretrizes das normas NBR aplicáveis, preparação de uma
área específica para o armazenamento de resíduos perigosos (Classe I), na qual existe
piso impermeável edificado em concreto, com espessura de 30cm. Ao serem
identificados nas frentes de escavação, os resíduos com potencial de contaminação e
o rejeito que os envolvem são removidos com margem de segurança, conforme
procedimento pré-estabelecido. Há uma equipe especializada em campo, a qual está
apta para realizar a identificação, manipulação, preparação e disposição em tambores
destes resíduos para o correto transporte até a área de armazenamento no DIR de
Jangada. Além disso, a Vale realiza as análises do rejeito encaminhado para os DTRs.
São resíduos com potencial de contaminação, aqueles que por suas
características/composição são classificados segundo ABNT NBR 10.004:2004 como
resíduos perigosos (Classe I), e/ou aqueles resíduos que contêm substâncias químicas
com potencial de alterar a qualidade do solo e/ou da água subterrânea são denominados
de “RP”.

No PIGRR também existem os procedimentos para o manejo dos resíduos dos Geobags
existentes nas ETAFs 1 e 2. A fim de caracterizar estes resíduos para a correta
destinação final, são realizadas amostragem com procedimentos pré-estabelecidos no
Plano de Amostragem dos Geobags.

Além do PIGRR existem também o Programa de Avaliação e Monitoramento da


Capacidade Hídrica e da Qualidade da Água dos Aquíferos (ARCADIS, 2019) e o Plano
de Gerenciamento de Áreas com Potencial de Contaminação identificadas na zona
quente e áreas afetadas (ARCADIS, 2020).

O Programa de Avaliação e Monitoramento da Capacidade Hídrica e da Qualidade da


Água dos Aquíferos, contemplado no documento 1.03.01.52268-PR-PL-CAP3V1
(ARCADIS, 2019), tem como objetivo caracterizar a qualidade da água subterrânea
conforme as diretrizes apresentadas pela FEAM na Nota Técnica nº 2
(FEAM/DOCUMENTACAOB1/2019), referente ao Processo nº 2090.01.0003211/2019-
04.

Em relação ao Plano de Gerenciamento de Áreas com Potencial de Contaminação


identificadas na zona quente e áreas afetadas, este tem por objetivo estabelecer os

222
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

procedimentos e critérios técnicos a serem adotados para a identificação de Áreas com


Potencial de Contaminação (AP) na “Zona Quente” e demais áreas afetadas pelo
manejo do rejeito (PGAC). Por meio desta identificação as áreas serão direcionadas
para as duas primeiras etapas do gerenciamento de áreas contaminadas: a Avaliação
Ambiental Preliminar e a Investigação Ambiental Confirmatória das Áreas Potenciais
identificadas.

Em relação ao abastecimento dos equipamentos in loco, a Vale possui um Plano de


Abastecimento de Máquinas e Equipamentos, por meio do qual são apresentadas as
ações a serem realizadas pelos colaboradores envolvidos nesta atividade. A fim de
evitar que possíveis respingos, vazamentos ou derramamentos atinjam o solo (podendo
a longo prazo atingir a água subterrânea), antes da execução da atividade é alocada na
área um sistema de contenção móvel.

Considerando as informações apresentadas, entende-se que o grau de atenuação do


impacto relacionado com a redução da qualidade da água subterrânea é forte, uma vez
que as ações propostas pelo PGAC abrangem toda a “Zona Quente” e demais áreas
afetadas pelo manejo de rejeitos. Além disso, as ações já em execução referenciadas
no PIGRR e ao monitoramento mensal da qualidade da água subterrânea visam,
respectivamente, minimizar a possibilidade de ocorrência de uma alteração da
qualidade da água subterrânea e monitorar esta matriz ambiental na região de operação
da ETAF 1 e ETAF 2.

No Quadro 7-33, encontram-se elencadas as principais medidas de controle executadas


pela Vale para a mitigação da redução da qualidade da água subterrânea.

Quadro 7-33: Medidas de mitigação associadas ao impacto de alteração da qualidade da


água subterrânea no aquífero raso.

Medidas de Mitigação

Ações Planos ou Programas

Segregação, transporte e armazenamento de


resíduos e rejeitos contendo potencial de Plano Integrado de Rejeitos e Resíduos
alterar a qualidade da água subterrânea
Caracterizar a quantidade e qualidade da
água subterrânea e sua interação com as
águas superficiais;
Identificar os receptores de águas
subterrâneas e avaliar se estão sob situação
de risco inaceitável; Programa de Avaliação e Monitoramento da
Capacidade Hídrica e da Qualidade da Água
Avaliar a evolução do quadro ambiental em dos Aquíferos
resposta às medidas de gerenciamento
realizadas;
Documentar e comunicar adequadamente os
dados, decisões e processo decisório relativo
à gestão de águas subterrâneas.

223
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Medidas de Mitigação

Critérios técnicos elencados em legislações


pertinentes (CONAMA 420, ABNT 15.515) e
procedimentos internos Vale para Plano de Gerenciamento de Áreas com
identificação de áreas com potencial de Potencial de Contaminação identificadas na
contaminação na Zona Quente e demais zona quente e áreas afetadas
áreas afetadas pelas atividades de manejo do
rejeito
Proteção da área de abastecimento de óleo
Plano de abastecimento de máquinas e
diesel in loco com sistema móvel de
equipamentos
contenção

Grau de Importância do Impacto (após implementação de medidas)

Grau de Resolução das Medidas Forte


Grau de Importância do Impacto (pós
Moderado
medidas)

Elaboração: Arcadis, 2020.

* As ações e planos/programas aqui apresentadas serão detalhados no “Capítulo 3 - Plano de


Ação para Remediação, Reparação e Restauração dos Impactos” do Plano de Reparação da
Bacia do Rio Paraopeba, em elaboração pela Arcadis.

Alteração da qualidade da água subterrânea no aquífero profundo que aflora no


interior da cava

Relação de causa e efeito

Ação causal - Disposição de rejeito na Cava de Feijão

Aspecto(s) indutor(es) - Reações físico-químicas do rejeito submerso

Componente afetado - Água subterrânea

Ocorrência do impacto Potencial

Elaboração: Arcadis, 2020.

Ao longo das atividades de manejo do rejeito diversas atividades são realizadas, cujo
objetivo fim é proporcionar a disposição final na melhor alternativa possível. Desde a
atividade de pesquisa, buscas e segregação (etapa inicial do manejo do rejeito) se
realiza a primeira triagem, havendo a separação do resíduo e do rejeito. O rejeito
segregado é direcionado para a etapa de buscas e passa por uma nova segregação nos
Depósitos Temporários de Rejeito (DTR). Na sequência, o rejeito é transferido para
caminhões basculantes, sendo transportado até o Terminal de Carga Ferroviário (TFC),
onde ocorre a terceira segregação. O rejeito não segregado no TCF é submetido ao
processo de peneiramento, havendo a separação em “over” e “under”. Ao final do

224
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

processo o rejeito segregado no TCF e o rejeito classificado como “under” na etapa do


peneiramento são destinados para disposição final na Cava do Feijão. Na Figura 7-47,
a seguir, é apresentado o fluxograma do processo de gestão e manejo de rejeitos.

Figura 7-47: Fluxograma de gestão e manejo de rejeitos.

Por meio dos processos mencionados, tem-se como objetivo reduzir ao menor risco
possível que o rejeito destinado para disposição final em cava esteja isento de
contaminação orgânica ou de mistura com algum outro tipo de material e possua as
características próximas às originais do rejeito que se encontrava armazenado na
barragem B-I. Em linhas gerais, de acordo com os estudos que estão sendo realizados
pela empresa Geoenviron, o material destinado para a disposição final em cava é
classificado, segundo a ABNT 1.004, como Resíduo Classe II (Não perigoso) em grande
parte inerte, podendo também apresentar a classificação “não inerte” em função da
solubilização dos elementos Al, Cd, Fe e Mn (ARCADIS, 2020).

Após estudos de viabilidade realizados pela Vale e apresentados para a SEMAD, este
órgão ambiental emitiu a Licença Ambiental Simplificada (LAS/RAS nº 462/2019) a qual
autoriza a disposição final do rejeito segregado na Cava de Feijão.

Antes do início da disposição dos rejeitos segregados na cava, foram realizadas


análises na água subterrânea existente no local, cujo objetivo foi de estabelecer valores
de baseline das características desta matriz ambiental. Na avaliação realizada, as
Substâncias Químicas de Interesse (SQIs) foram comparadas com os limites legais
preconizados pela legislação federal (Resolução CONAMA nº 420/2009) e estadual (DN
COPAM nº 166/2011). As concentrações de baseline foram determinadas a partir da
metodologia EPA denominada UTL (limite superior de tolerância). Os resultados de
baseline obtidos nas análises realizadas para as formações aquíferas Cauê e Batatal
(presentes na região da cava) estão sumarizadas na Tabela 7-12 a seguir.

225
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Tabela 7-12 - Valores de baseline das unidades hidrogeológicas na região de estudo

Valores UTL (μg/L)


Máximos
Valores Valores
Permitidos Uso
orientadores Orientadores
Parâmetro preponderante:
(μg/L) Investigação Investigação Formação Formação
consumo
humano (COPAM (CONAMA Cauê Batatal
166/10) 420/09)
(CONAMA
396/08)

Alcalinidade
- - - 14.746 -
bicarbonatos
Alumínio Total 200 3.500 3.500 132 -

Cálcio Total - - - 2.654 -

Cobre Total 6,74 9,9


2.000 2.000 2.000
Cobre
1,96
Dissolvido
Condutividade
elétrica - - - 99,76 628,2
μS/cm
Ferro Total 2.078,10 636,50
Ferro 300 2.450 2.450
467,7
Dissolvido
Magnésio
- - - 2.500
Total
Manganês
64,79 667,9
Dissolvido
100 400 400
Manganês
115,8 718,2
Total
pH un - - - 7,8 7,65

Zinco Total 46,6 172,3


5.000 1.050 1.050
Zinco
- 37,13
Dissolvido
Bário
- 154,1
Dissolvido
700 700 700
Bário Total - 177,6
Boro
- 8,6
Dissolvido
500 500 500
Boro Total - 5,4
Chumbo
10 10 10 - 7,2
Dissolvido

226
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Valores UTL (μg/L)


Máximos
Valores Valores
Permitidos Uso
orientadores Orientadores
Parâmetro preponderante:
(μg/L) Investigação Investigação Formação Formação
consumo
humano (COPAM (CONAMA Cauê Batatal
166/10) 420/09)
(CONAMA
396/08)

Chumbo Total - 45,4


Níquel
- 2,72
Dissolvido
20 20 20
Níquel Total - 4,47
Fonte: Monitoramento de água subterrânea e superficial, Disposição de rejeito em cava. Arcadis, 2020.

Para fins de monitoramento da água subterrânea existente na região da Cava de Feijão


existe, atualmente, uma rede de 10 poços profundos de monitoramento, cujas
informações estão apresentadas na Tabela 7-13 a seguir.

Tabela 7-13 – Informações referentes aos poços profundos existentes na região da Cava
de Feijão

Ponto/Poço Início do monitoramento Profundidade (m)

PMP-01 01/02/2020 150,00


PMP-02 03/07/2020 180,00

PMP-03 15/11/2019 102,00

PMP-04 03/07/2020 110,00

PMP-05 29/05/2020 100,50

PMP-07 29/05/2020 81,00

PMP-08 08/08/2020 140,00

PMP-10 18/07/2020 110,00

Nota: O PMP-06 está em negociação com o proprietário do local a ser perfurado e o PMP-09 está
em processo de perfuração.

Fonte: Adaptado de Monitoramento de água subterrânea e superficial, Disposição de rejeito em


cava. Arcadis, 2020.

Conforme apresentado, as profundidades de instalação dos poços variam no intervalo


de 81,00 a 180,00 metros, caracterizando a condição profunda do aquífero avaliado. A

227
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

espacialização geográfica dos poços de monitoramento referenciados encontra-se


disponibilizada na Figura 7-48.

Figura 7-48 - Mapa de localização dos pontos / poços de monitoramento do entorno da Cava de
Feijão instalados até o momento.

Fonte: Monitoramento de água subterrânea e superficial, Disposição de rejeito em cava.


Arcadis, 2020.

Considerando a compilação de dados dos monitoramentos da água subterrânea


apresentados pela Arcadis no documento “Gerência Executiva de Reparação da Bacia
do Rio Paraopeba | Meio Físico”, com data de 30 de novembro de 2020 (ARCADIS
2020b), até o momento foram identificadas as seguintes violações nas amostras
analisadas:

▪ Poços com maior influência da Formação Batatal (PMP-01, PMP-03, PMP-07): Fe


total, Pb total, Pb dissolvido, Mn total, Mn dissolvido;
▪ Poços com maior influência da Formação Cauê (PMP-02, PMP-05, PMP-08, PMP-
10): Pb total, Fe Total, Mn total, Ni total, Ni dissolvido, Nitrato (como N);
▪ Poços com influência de ambas as formações (PMP-04): Al total, Pb total, Fe total

Dos parâmetros mencionados, as seguintes SQIs são recorrentes da litologia local e já


verificados em baseline (2020) ou estudos pretéritos¹:

▪ Formação Batatal: Ba, B, Pb, Cu, Fe, Mn, Ni, Zn

228
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

▪ Formação Cauê: Al, Ca, Cu, Fe, Pb, Mg, Mn, Ni, Zn
(1) Mourão (2007); CPRM feito por BEATO (sem data)

Ainda, segundo informações apresentadas por Arcadis (2020b), até o presente


momento, não é possível correlacionar de maneira direta a influência da disposição do
rejeito na qualidade da água subterrânea na região da Cava de Feijão.

De acordo com o estudo elaborado pela MDGEO (2020), intitulado “Nota Técnica Plano
de Mitigação para Controle do Efluente a ser Gerado na Mina Córrego do Feijão”, nas
modelagens realizadas por esta empresa, foi identificado o potencial de contaminação
da água na Cava de Feijão pelo elemento Manganês (Mn). De acordo com a simulação
realizada, esta alteração da qualidade da água na cava ocorreria em função do
afloramento do aquífero pelo shaft e pela infiltração natural nas paredes da galeria de
desague na cava. Considerando o cenário delineado pela modelagem, sugeriu-se a
construção de um sistema de tratamento passivo de água residuária, do tipo wetlands,
a jusante da galeria de drenagem para o tratamento de Mn. Cabe ressaltar que, como
a disposição de rejeitos na área da cava teve início recente, ainda não há uma base de
dados suficiente para traçar de forma concreta o transporte do Mn ou de quaisquer
outros tipos de contaminantes que porventura sejam identificados. Ainda segundo o
relatório “Simulações numéricas de fluxo e transporte – cenário intermediário” (MDGEO,
2020), pelas simulações realizadas é possível notar uma tendência de estabilização nas
concentrações finais de manganês na água que irá aflorar na cava (e terá contato com
o rejeito depositado) após um período de 10 anos. Por fim, é enfatizada a importância
da continuidade dos monitoramentos realizados, a fim de ir acompanhando o cenário
real originado pela deposição do rejeito na Cava de Feijão, incluindo a possível
interferência no aquífero profundo.

Considerando as informações apresentadas, o impacto de alteração da qualidade da


água subterrânea do aquífero profundo existente na região da Cava de Feijão é
considerado como sendo potencial.

C) Descrição do impacto

Este impacto é de natureza negativa, pois se refere à uma possível alteração da


qualidade da água subterrânea devido ao aumento da concentração de Mn carregado
do rejeito depositado em cava.

O impacto é direto por se tratar de um efeito de primeira ordem relacionado com o


contato do rejeito com a água subterrânea que aflora no interior da cava. Considerando
que a alteração da qualidade da água irá ocorrer imediatamente após o contato com o
rejeito, tem-se que o impacto ocorre no curto prazo.

Entende-se que o impacto é permanente, pois mesmo que cessado o contato da água
subterrânea com o rejeito, o Mn permanecerá existindo nesta matriz ambiental. Este é
reversível pois, caso sejam identificadas concentrações de Mn acima das estabelecidas
pelo valor de baseline na área avaliada, técnicas de remediação poderão ser adotadas
para a descontaminação.

229
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Conforme relatado por MDGEO (2020), durante o período simulado projetado para 30
anos, a dispersão do Mn se limitou às proximidades da cava e da galeria, seguindo o
padrão do fluxo de água subterrânea na região modelada, não sendo notada dispersão
de concentrações anômalas para áreas externas à cava. Diante desta assertiva, tem-se
que este impacto possui uma espacialidade local.

Quadro 7-34: Atributos da contaminação e consequente restrição de uso de água


subterrânea.

Atributos de Descrição do Impacto

Natureza Negativo Prazo Curto


Ordem Direto Reversibilidade Reversível

Escala espacial Local Duração Permanente

Elaboração: Arcadis, 2020.

D) Avaliação do Impacto
Considerando os dados de baseline e as informações de Arcadis (2020b) e MDGEO
(2020 a e b) no momento, este impacto pode ser considerado como sendo de magnitude
pequena. Esta inferência se dá pelo fato de que até a presente data não é possível
correlacionar de maneira direta a influência da disposição do rejeito na qualidade da
água subterrânea na região da cava e, além disso, nas simulações realizadas
considerando uma projeção temporal de 30 anos, notou-se uma tendência de
estabilização nas concentrações finais de manganês após um período de 10 anos.

Considerando que a proteção dos recursos hídricos (incluindo a água subterrânea) é


mencionada em diversas legislações ambientais, dentre elas pode ser citada a Lei
Federal nº 9.433 de 8 de janeiro de 1997 e que a água é um recurso finito e essencial
para qualquer tipo de vida, a sensibilidade ambiental do componente “água subterrânea”
foi considerada como sendo alta.

Por meio da correlação entre a magnitude (pequena) e a sensibilidade (alta) do impacto


em pauta, o grau de importância é identificado como moderado.

Quadro 7-35: Grau de importância do impacto de contaminação e consequente restrição


de uso de água subterrânea.

Avaliação do Grau de Importância do Impacto

Magnitude Pequena

Sensibilidade ou valor do componente Alta

Grau de Importância do Impacto Moderado

Elaboração: Arcadis, 2020.

Conforme mencionado ao longo da contextualização do impacto, são realizados


monitoramentos para acompanhar possíveis alterações na qualidade da água

230
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

subterrânea na região da Cava de Feijão. Por meio destes monitoramentos será


possível traçar o comportamento das concentrações das SQIs na água subterrânea ao
longo do tempo e, sempre que necessário, traçar ações adicionais que eventualmente
ainda não tenham sido previstas. Os procedimentos a serem realizados neste
monitoramento estão preconizados no Plano de Gerenciamento de Áreas com Potencial de
Contaminação identificadas na zona quente e áreas afetadas (PGAC).

Para realizar o controle do rejeito que está sendo encaminhado para a cava, diversas
triagens e segregações são realizadas, desde a etapa inicial de remoção do rejeito até
a etapa de peneiramento. Os procedimentos a serem realizados estão padronizados e
detalhados no Plano Integrado de Rejeitos e Resíduos (PIGRR). Além disso, a Vale
também realiza a análise do rejeito encaminhado para os DTRs.

Como medidas de reparação deste impacto potencial, além do PIGRR, existe também
o estudo de modelagem realizado pela MDGEO (2020a). Conforme já mencionado ao
longo do texto, nas modelagens realizadas foi identificado o potencial de contaminação
da água subterrânea de surgência na Cava de Feijão pelo elemento Manganês (Mn).
Considerando a ocorrência deste cenário (ainda hipotético) será instalado um sistema
de tratamento passivo de água residuária, do tipo wetlands, a jusante da galeria de
drenagem, para o tratamento do Mn em excesso neste efluente originado na cava. Este
sistema se trata de um tipo de tratamento passivo, o qual se utiliza de reações químicas
tipicamente auxiliadas por processos geoquímicos ou biológicos sem requerer a adição
de reagentes químicos ou mecanização como processos prioritários (MDGEO 2020a).

De acordo com dados apresentados por MDGEO (2020a), o sistema de wetlands para
remoção de Mn é utilizado ao redor do mundo, se fazendo presente em países como:
Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte (Reino Unido) e Estados Unidos
da América.

O tratamento proposto para o estudo de caso da Vale em Brumadinho consiste de uma


escada de aeração, bacia de sedimentação e wetlands construídos, conforme
esquematizado na Figura 7-49 a seguir.

Figura 7-49 - Fluxograma do sistema de tratamento proposto.

Caso a necessidade de utilização desde sistema de confirme, a instalação ocorrerá a


jusante da cava, em um local a ser previamente definido considerando todas as

231
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

alternativas técnicas de viabilidade. A título ilustrativo, na Figura 7-50 a seguir é


apresentada uma esquematização da instalação do sistema de wetlands na região da
Cava de Feijão.

Figura 7-50 – Ilustração esquemática da Planta geral de localização do sistema de wetlands.

Considerando as informações apresentadas entende-se que, no momento, o grau de


atenuação do impacto relacionado com a redução da qualidade da água subterrânea na
região da Cava de Feijão é forte, uma vez que as ações propostas contemplam o
monitoramento, a minimização do impacto por meio de triagens e segregação do rejeito
a ser destinado para a cava e planejamento de manobras futuras (instalação de
wetlands) caso se confirme a modelagem realizada pela MDGEO (2020). Cabe ressaltar
que, como a disposição do rejeito em cava está em estágio inicial, o acompanhamento
da atividade considerando os devidos monitoramentos é essencial para traçar o cenário
real de resposta ambiental. Com a atualização dos resultados, será possível calibrar as
ações já propostas e/ou propor formas adicionais de mitigação deste impacto.

No Quadro 7-36, encontram-se elencadas as principais medidas de controle executadas


pela Vale para a mitigação da alteração da qualidade da água subterrânea na região da
cava.

Quadro 7-36: Medidas de mitigação associadas ao impacto de alteração da qualidade da


água subterrânea no aquífero raso.

Medidas de Mitigação

Ações Planos ou Programas

Triagem e segregação dos rejeitos destinados Plano Integrado de Rejeitos e Resíduos


para a cava (PIGRR)

232
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Medidas de Mitigação

Nota Técnica Plano de Mitigação para


Controle do Efluente a ser gerado na Mina
Modelagem e planejamento de instalação de Córrego do Feijão. MDGEO, 2020a. Plano ou
sistema de wetlands para tratamento do Mn. Programa a ser elaborado a depender do
cenário a ser delineado no decorrer da
disposição do rejeito na cava.
Critérios técnicos elencados em legislações
Plano de Gerenciamento de Áreas com
pertinentes (CONAMA 420, ABNT 15.515)
Potencial de Contaminação identificadas na
para as campanhas de monitoramento dos
zona quente e áreas afetadas
poços instalados na região da Cava de Feijão

Grau de Importância do Impacto (após implementação de medidas)

Grau de Resolução das Medidas Forte


Grau de Importância do Impacto (pós
Reduzido
medidas)

Elaboração: Arcadis, 2020.

* As ações e planos/programas aqui apresentadas serão detalhados no “Capítulo 3 - Plano de


Ação para Remediação, Reparação e Restauração dos Impactos” do Plano de Reparação da
Bacia do Rio Paraopeba, em elaboração pela Arcadis.

MEIO BIÓTICO

1 Vegetação Nativa

7.1.6.11. Perda e Alteração de Habitat Terrestre


Relação de causa e efeito
− Abertura de acessos;
− Construção de rampa de lançamento de draga;
Ação causal
− Edificação de estruturas para o manejo do rejeito;
− Supressão da vegetação

Aspecto (s) indutor (es) Interferência na vegetação

Componente afetado Vegetação nativa

Ocorrência do impacto Efetivo

Elaboração: Arcadis, 2020.

A perda e alteração de habitat terrestre é um impacto efetivo, decorrente da supressão


vegetal realizada para implantação de estruturas e áreas para apoio às atividades do
manejo dos rejeitos oriundos do rompimento das barragens B-I, B-IV e B-IVA.

233
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Este impacto tem consequências diretas nos componentes bióticos e abióticos do


ecossistema, visto que estes são interdependentes e interagem constantemente em
busca de um equilíbrio dinâmico (GLEISSMAN, 1990, GRANTHAM et al. 2020, CHASE
et al. 2020). Portanto, poderão ser esperadas repercussões em cadeia no restante do
sistema, resultando na perda ou redução de funções ambientais localmente e com
possíveis interferências em toda a área analisada (CHASE et al. 2020).

O impacto aqui avaliado pode ser considerado precursor de diversos outros impactos
sobre a vegetação e sobre a fauna, assim como para o meio físico, amplamente
documentado na literatura. A perda de cobertura vegetal, por exemplo, gera alterações
na paisagem como a fragmentação da cobertura vegetal, a perda ou redução da
conectividade e o aumento do efeito de borda nos fragmentos de vegetação nativa
(BRITO, 2006; MURCIA, 1995). Também causa alterações nas dinâmicas ecológicas,
na estrutura da comunidade vegetal ou em suas populações, como a perda de
indivíduos da flora (LAURANCE, 2004; PUTZ et al., 2011), a perda de banco de
sementes (GARWOOD, 1989).

Ainda, a alteração da cobertura vegetal do solo pode alterar dinâmicas de escoamento


de águas pluviais no terreno e intensificar processos de carreamento de partículas,
promovendo agravamento dos processos erosivos e do assoreamento de corpos d’água
(BERTONI e LOMBARDI NETO, 1999; SANTOS et al., 2000; FERREIRA et al., 2011;
CARDOSO et al., 2012), alterando as características dos ambientes aquáticos e das
comunidades a eles associadas.

Conforme indicado na avaliação de impactos do Plano de reparação socioambiental da


bacia do Paraopeba (ARCADIS, 2020), a ação do arraste e deposição de rejeitos
provenientes do rompimento das barragens acarretou um impacto em 294,5 ha nas
adjacências do ribeirão Ferro-carvão, onde foram suprimidos imediatamente 151,66 ha
(51,58%) de formações naturais (florestas, áreas úmidas e corpos d’água). Outros
48,42% (142,39 ha) correspondiam às ocupações antrópicas.

Por sua vez, para o manejo do rejeito que ficou depositado ao longo da sub-bacia do
ribeirão Ferro-Carvão e na calha do rio Paraopeba, diversas obras foram realizadas em
áreas com vegetação natural e áreas antropizadas, incluindo a mancha de rejeitos,
totalizando intervenção em 252,06 ha, conforme apresentado na Tabela 7-14. As
intervenções das obras referentes ao manejo de rejeitos foram realizadas em 219,33 ha
(87,02%) de áreas antrópicas e 32,72 ha (12,98%) de formações naturais. Das áreas
com formação natural afetadas pelas obras, 15,49 ha (6,15%) são de FES em estágio
médio-avançado de regeneração, 3,30 ha (1,31%) de FES em estágio inicial, 6,21 ha
(2,46%) de áreas de cerrado sensu stricto, 0,01 ha (0,01%) de áreas úmidas e 7,70 ha
(3,05%) de corpos d’água, totalizando 32,72 ha.

A supressão em FES ocorreu, principalmente, para abertura de acessos (Figura 7-51),


estruturas de contenção do rejeito (Figura 7-52), canteiros de obras (Figura 7-53),
depósitos temporários de rejeitos, depósitos intermediários de resíduos e tratamento de
sedimentos. Algumas áreas ainda não foram suprimidas, mas estão planejadas no plano
diretor de obras versão 12.1 (VALE, 2020a) e, por isso, foram incluídas nesta avaliação.

234
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Figura 7-51 - Antes e depois da supressão em floresta estacional semidecidual para


implantação de acesso para manejo de rejeitos.

Figura 7-52 - Antes e depois da supressão em floresta estacional semidecidual para


implantação de estruturas de contenção - Dique 2.

Figura 7-53 - Antes e depois da supressão em floresta estacional semidecidual para a


abertura de acesso e implantação de canal de desvio

235
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Importante ressaltar que o cálculo efetivo das áreas de supressão deve ser apresentado
nas revisões periódicas do Plano de Supressão Vegetal realizadas pela Vale, onde
constam todas as poligonais nas quais ocorreram as intervenções (VALE, 2020b). Os
valores aqui apresentados servem para mostrar a magnitude desse impacto e dirigir as
ações de mitigação, compensação e monitoramentos propostos.

As tipologias de uso e cobertura do solo da área onde ocorreram as intervenções


realizadas pelas obras do manejo de rejeitos estão apresentadas na Tabela 7-14.

Tabela 7-14 – Tipologia de uso e cobertura do solo na área de intervenção das obras do
manejo de rejeito.

Sub-bacia
Área
Sub-bacia do do
Adjacente
ribeirão ribeirão
Tipologia de Uso e Ocupação ao rio Total (ha)
Ferro-Carvão Casa
Paraopeba
(ha) Branca
(ha)
(ha)
Formações naturais
Área Úmida 0,01 0,01
Cerrado sensu stricto 0,24 5,97 6,21
Corpo d'água 0,75 1,89 5,06 7,70
Floresta Estacional Semidecídua em
1,50 0,52 1,29 3,30
estágio inicial
Floresta Estacional Semidecídua em
10,58 3,70 1,21 15,49
estágio médio avançado
Sub-total 13,07 12,09 7,56 32,72
Formações antrópicas
Acessos 6,48 1,15 1,03 8,66
Área urbana 0,53 0,53
Bambuzal 0,40 1,02 1,42
Campo antrópico/ pastagem 66,30 14,41 41,02 121,73
Cultivo agrícola 18,84 0,09 0,60 19,53
Floresta plantada 0,03 0,03
Habitação rural 3,57 0,01 0,78 4,35
Mineração 41,38 9,58 50,96
Solo exposto 4,24 3,29 4,60 12,12
Sub-total 141,77 28,52 49,05 219,34
Total 154,84 40,61 56,60 252,06
Fonte: Arcadis, 2021 Elaboração: Arcadis, 2021

Embora a área de estudo de detalhe continue com a predominância de áreas naturais,


as atividades relacionadas ao manejo dos rejeitos intensificaram a fragmentação da
paisagem, fazendo com que o grau de isolamento de alguns fragmentos florestais fosse
potencializado devido à perda de conectividade estrutural e funcional e do
estabelecimento de uma matriz de menor permeabilidade para a biota.

236
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

A fragmentação da paisagem é o processo de redução de cobertura vegetal, isolamento


e aumento do efeito de borda na vegetação (SHAFER, 1990; HADDAD et al., 2015),
com efeitos degradantes progressivos e de longo prazo (SOUNDERS et al., 1991;
HADDAD et al., 2015) em um conjunto heterogêneo de funções essenciais do
ecossistema, atuando sinergicamente no componente biótico e abiótico (LOVEJOY et
al., 1983; LAURANCE et al., 2002; LAURANCE et al., 2011; HADDAD et al., 2015).
Portanto, a intensidade desses efeitos tem relação com o tamanho e a forma do
fragmento, com o histórico de conservação/degradação, o grau de isolamento, o efeito
de borda e a permeabilidade da matriz circundante (METZGER, 1999; MURCIA, 1995),
que podem ter repostas diversas para cada espécie, população, comunidade ou
ecossistema.

A redução de conectividade funcional se dá pela conjunção de dois fatores principais: a


perda de habitat e a distribuição de habitat em um arranjo menos favorável aos fluxos
biológicos. Este indicador, representado pelo índice de conectividade PC (probability of
connectivity), que está melhor detalhado no item dedicado ao estudo de Ecologia da
Paisagem do Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do rio Paraopeba, analisou
a fragmentação da paisagem ao longo da série histórica pré-rompimento (t0), pós-
rompimento (t1) e obras (t2), na qual foi observada redução de conectividade funcional
resultando dos processos de perda de habitat, ruptura na continuidade de manchas de
habitat, e distanciamento entre manchas de habitat.

O índice de conectividade PC foi reduzido de 15,4% na condição pré-rompimento, para


10,4% na condição pós-rompimento anterior às obras reparatórias, e para 9,9% no “pós
obras”. Portanto, observamos uma redução substancial ao longo dessa série histórica,
ainda que a contribuição das obras tenha sido menos significativa para a fragmentação.
Assim, em menor escala, a fragmentação também tem sido promovida pelas
intervenções relativas ao manejo do rejeito.

Avaliando-se o layout do plano de manejo de rejeitos destaca-se uma área de cerrado


localizada em local denominado “capim branco”, na qual irão ocorrer intervenções para
a implantação do Depósito Intermediário de Resíduos (DIR 8). Trata-se de intervenção
em, aproximadamente, 8 ha, em área caracterizada por remanescentes de cerrado
sensu stricto, composta em parte por vegetação composta predominantemente por
gramíneas e exemplares arbóreos isolados.

A implantação da DIR 8 acarretará na redução da conectividade funcional,


principalmente pelos processos de perda de habitat e distanciamento entre manchas de
habitat, representado na Figura 7-54, a seguir.

237
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Figura 7-54 - Região de “capim branco”. Fragmento de Cerrado sensu stricto que deverá
ser parcialmente suprimido para implantação da DIR 8

Dentre as fragilidades ecológicas atribuídas à antropização e fragmentação de habitat


naturais na área de estudo, a exposição aos efeitos de borda merece destaque, pelos
seus impactos na biodiversidade, estrutura e funcionamento desses fragmentos naturais
remanescentes, além da redução no provimento de serviços ecossistêmicos (TURNER
et al. 2016, LIMA et al. 2020). Apesar da paisagem estudada ainda contar com a
predominância de cobertura vegetal natural, e com a presença de fragmentos
relativamente grandes, o contato entre áreas antrópicas e a vegetação nativa é extenso.

O efeito de borda engloba todas as mudanças nas condições físicas e biológicas que
ocorrem na margem dos fragmentos, que naturalmente apresenta condições
microclimáticas e ecológicas diferentes das encontradas no interior (BIERREGAARD et
al., 1992; CAMARGO e KAPOS, 1995; RODRIGUES, 1998; KREMSATER e BRUNNEL,
1999; DIDHAM & EWERS, 2014; BAKER et al., 2014; KAPOS, 1989; MATLACK, 1993;
MALCOLM, 1998; LAURANCE et al., 2001). Segundo os autores citados, dentre as
principais alterações no microclima e nos processos físicos relacionados à proximidade
da borda pode-se citar: o aumento dos distúrbios por vento, baixa da umidade relativa,
redução da umidade do solo, aumento da temperatura do ar e do déficit da pressão de
vapor (DPV), e aumento da radiação fotossinteticamente ativa (PAR).

A penetração dos efeitos de borda é variável em seus diferentes aspectos biofísicos


(LAURENCE et al., 2018) e tendem a ser bastante expressivos para a composição
biológica na faixa dos primeiros 50 metros, onde as espécies cosmopolitas típicas de
áreas degradadas encontram condições vantajosas para competir com espécies
endêmicas sensíveis à degradação (WIRTH et al. 2007; PINTO et al. 2010; LAURANCE
et al. 2018).

A) Descrição do impacto

238
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

A perda e alteração de habitat terrestre é um impacto negativo, uma vez que interfere
em componentes importantes da biodiversidade local, como os habitat, as comunidades
e os indivíduos da flora.

O impacto é direto por se tratar de efeito de primeira ordem, causado pela supressão
de vegetação para implantação das obras e estruturas relacionadas ao manejo de
rejeitos. A manifestação de início do impacto é de curto prazo, pois, mesmo
considerando que a implantação dessas obras ocorra no decorrer do tempo após o
rompimento, a perda de cobertura vegetal ocorre no momento da supressão.

Trata-se de um impacto local, restrito às áreas com cobertura vegetal nativa dentro da
área de estudo de detalhe, como a floresta estacional semidecidual e o cerrado. A maior
parte dessas áreas está situada na sub-bacia do ribeirão Ferro-Carvão, mas também
ocorreram obras na sub-bacia do ribeirão Casa Branca e no trecho do rio Paraopeba
onde ocorrem ações de dragagem. Todas dentro dos limites do município de
Brumadinho.

É considerado um impacto permanente pois ocorre perda do componente avaliado


(vegetação nativa) que tem duração indefinida, mesmo após cessar a supressão.
Também pode ser considerado um impacto reversível, ao se considerar a capacidade
da cobertura vegetal ser reconstituída a partir das ações dos projetos de recuperação
de área degradadas, ainda que num primeiro momento a estrutura dos ambientes
restaurados não sejam equivalentes ou não apresente as mesmas características do
ambiente original.

Quadro 7-37: Atributos do impacto redução da cobertura vegetal

Atributos de Descrição do Impacto

Natureza Negativo Prazo Curto


Ordem Direto Reversibilidade Reversível

Escala espacial Local Duração Permanente

Elaboração: Arcadis, 2021.

B) Avaliação do Impacto
A redução de 18,79 ha de floresta estacional semidecidual (FES) representa 0,51%
quando comparada com a área total de FES presente na área de estudo (3.678,86 ha),
já a redução de 6,21 ha em área composta predominantemente por gramíneas e alguns
exemplares isolados de cerrado, que representa 1,52% do total desta vegetação (406,67
ha). Dentre os quantitativos apresentados uma parcela da área já foi suprimida e em
algumas regiões, mesmo havendo planejamento futuro, não necessariamente serão
alvo de supressão. Avaliada desta forma, a magnitude dessa perda de vegetação nativa
pode ser considerada pequena. Registra-se também que, diferente do impacto causado
pelo rompimento da barragem, as supressões adicionais realizadas para viabilizar as
obras do plano de manejo de rejeitos foram ou deverão ser realizadas com o devido
acompanhamento e planejamento previstos no Programa de supressão de vegetação,
minimizando as perdas nessas áreas.

239
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

A vegetação nativa, embora ainda esteja bem representada na sub-bacia do Ferro-


Carvão e adjacências, está inserida no domínio da Mata Atlântica, bioma cuja vegetação
se encontra reduzida e fragmentada, contém espécies da flora ameaçadas de extinção,
constitui habitat para a fauna, além de prover serviços ecossistêmicos diversos. Estes
fatos, aliados à inserção da área em zona de amortecimento do PE da Serra do Rola
Moça, APA Sul RMBH, em área prioritária para conservação da biodiversidade (APCB)
de Minas Gerais e zonas de transição e amortecimento de Reservas da Biosfera do
Espinhaço e da Mata Atlântica, além disso essa vegetação já sofreu o impacto causado
pelo rompimento das barragens B-I, B-IV e B-IVA. Esses fatores permitem valorar este
componente afetado pelo impacto como de sensibilidade alta.

O grau de importância deste impacto foi calculado como moderado, resultando da


combinação da magnitude pequena e sensibilidade alta.

Quadro 7-38: Grau de importância do impacto redução da cobertura vegetal

Avaliação do Grau de Importância do Impacto

Magnitude Pequena

Sensibilidade ou valor do componente Alta

Grau de Importância do Impacto Moderado

Elaboração: Arcadis, 2021.

Para o controle deste impacto estão previstos o Programa de Recuperação de Áreas


Degradadas – PRAD e o Plano de Restauração da Biodiversidade e Ecossistemas
Aquáticos impactados, capazes de reestabelecer os ambientes afetados, com ações
amplamente conhecidas. Porém, o Plano e Programa mencionados foram focados na
recuperação da área impactada pela onda de rejeito. Nesta ótica, se fazem necessárias
complementações nestes estudos, para que todas as áreas que foram (ou ainda serão)
impactadas pelas atividades do manejo do rejeito sejam contempladas. Diante disso, o
grau de resolução é considerado intermediário e o grau de importância do impacto
permanece como moderado no cenário pós-médias.

Ações de mitigação referentes ao programa de supressão de vegetação estão em


execução. Estas incluem o resgate da flora, o resgate e afugentamento da fauna, além
da implantação do programa de recuperação de áreas degradadas que estão em
planejamento e em execução, incluindo o monitoramento das áreas em restauração. A
fim de acompanhar as alterações nas comunidades biológicas decorrentes dos
impactos identificados, foi iniciado o Programa de Monitoramento da Biota Terrestre. A
seguir são listadas as principais ações relacionadas ao impacto em tela.

Quadro 7-39: Medidas de mitigação associadas ao impacto redução da cobertura vegetal

Medidas de Mitigação

Ações Planos ou Programas

240
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Medidas de Mitigação

Reconfiguração do relevo do terreno próximo


à sua configuração original.
Recomposição da cobertura vegetal, incluindo
seleção de espécies do grupo de diversidade, Plano de Restauração da Biodiversidade e
condução da regeneração natural, Ecossistemas Terrestres Impactados
adensamento e enriquecimento, transposição (Programa de Recuperação de Áreas
de serapilheira e implantação de técnicas de Degradadas - PRAD)
nucleação como inserção de poleiros
artificiais de bambu e deposição de troncos e
galharias, visando a recolonização da fauna
local.

Plano de Restauração da Biodiversidade e


Reconfiguração dos cursos d'agua.
Ecossistemas Aquáticos impactados

Adotar metodologias que minimizem a


extensão da supressão de vegetação, e que a
vegetação remanescente próxima à área de
intervenção ambiental não sofra algum tipo de
Programa de Supressão de Vegetação
interferência pela implantação das obras.
Ações de resgate de germoplasma e
afugentamento da fauna nas áreas de
supressão.
Avaliação da composição e estrutura da
Plano de Monitoramento da Biodiversidade
vegetação, por meio de amostragens nas
(Programa de Monitoramento da Biota
áreas diretamente afetada e em áreas de
Terrestre)
referência.

Grau de Importância do Impacto (após implementação de medidas)

Grau de Resolução das Medidas Intermediário


Grau de Importância do Impacto (pós
Moderado
medidas)

Elaboração: Arcadis, 2021.

* As ações e planos/programas aqui apresentadas serão detalhados no “Capítulo 3 - Plano de


Ação para Remediação, Reparação e Restauração dos Impactos” do Plano de Reparação da
Bacia do Rio Paraopeba, em elaboração pela Arcadis.

7.1.6.12. Interferência em áreas protegidas e de interesse para a conservação


Relação de causa e efeito

- Abertura de acessos;
Ação causal - Construção de rampa de lançamento de draga;
- Existência de estruturas para o manejo do rejeito.

Aspecto(s) indutor(es) - Interferência na vegetação e alteração de uso do solo

Componente afetado Áreas protegidas e de interesse para conservação

241
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Relação de causa e efeito

Ocorrência do impacto Efetivo

Elaboração: Arcadis, 2020.

O impacto de interferência em áreas protegidas e de interesse para a conservação que


ocorreu em função do rompimento das barragens B-I, B-IV e B-IVA foi também
identificado devido à execução das atividades do manejo do rejeito em função de
abertura de acessos e instalação de equipamentos. O manejo deste rejeito, supressões
e alterações no uso do solo vêm sendo realizadas em áreas abrangidas por Áreas de
Preservação Permanente- APP, Reservas Legais- RL, Unidades de Conservação – UC,
Área Prioritária para a conservação da Biodiversidade - Área 85 (Quadrilátero Ferrífero),
Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço,
evidenciando o impacto como efetivo.

Pelas características intrínsecas das obras de manejo de rejeito, que ocorrem próximo
às calhas do ribeirão Ferro-Carvão e rio Paraopeba, a interferência em Áreas de
Preservação Permanente (APP) ocorreu uma área total de 14,63 ha, o que representa
cerca de1,47% das APPs existentes na área de estudo de detalhe, que somam um total
de 993,46 ha, incluindo as APP de nascentes, corpos d’água e declividade. O uso do
solo nas APPs atingidas indica que 29,8% das intervenções ocorreram em floresta
estacional semidecidual, sendo que deste montante 2,79 ha eram de florestas em
estágio médio/avançado de regeneração e 1,57 ha em estágio inicial (Tabela 7-15).

242
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_______________________________________________________________________________________________________

Tabela 7-15 – Uso do solo e cobertura vegetal das APP atingidas pelas obras relacionadas ao manejo de rejeitos.

Uso do Solo e Cobertura vegetal das obras ligadas ao manejo de rejeito

Bacia Hidrográfica Ribeirão Ferro- Bacia Hidrográfica Ribeirão


Área adjacente do rio Paraopeba
Carvão Casa Branca

Área
Uso do Solo APP APP APP total
APP APP
APP de hídrica APP de hídrica APP de hídrica APP Hídrica (ha)
Hídrica Hídrica
Declividade (curso Declividade (curso Declividade (curso (Nascente)
(Nascente) (Nascente)
d´água) d´água) d´água)

Formações naturais

Área Úmida - 0,01 - - - - - - - 0,01


Corpo d'água - - - - 0,01 - - 0,14 - 0,15
Floresta estacional
semidecidual em estágio 0,01 0,05 - - 0,34 - - 1,17 - 1,57
inicial
Floresta estacional
semidecidual em estágio - 1,95 0,09 - 0,04 - - 0,69 0,02 2,79
médio avançado
Sub-total 0,01 2,01 0,09 - 0,39 - - 2,00 0,02 4,52
Formações antrópicas
Acessos - 0,23 - - 0,42 - - 0,4 - 1,05
Área urbana - 0,07 - - - - - - 0,07
Bambuzal 0,29 - - - - -- 0,97 - 1,26
Campo antrópico/
0,19 0,12 - 1,00 - - 4,02 0.32 5,65
pastagem

243
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_______________________________________________________________________________________________________

Uso do Solo e Cobertura vegetal das obras ligadas ao manejo de rejeito

Bacia Hidrográfica Ribeirão Ferro- Bacia Hidrográfica Ribeirão


Área adjacente do rio Paraopeba
Carvão Casa Branca

Área
Uso do Solo APP APP APP total
APP APP
APP de hídrica APP de hídrica APP de hídrica APP Hídrica (ha)
Hídrica Hídrica
Declividade (curso Declividade (curso Declividade (curso (Nascente)
(Nascente) (Nascente)
d´água) d´água) d´água)

Cultivo agrícola 0,01 0,09 - - - - 0,16 - 0,26


Floresta plantada - - - - - - - - -
Habitação rural 0,60 0,01 - - - - 0,26 - 0,87
Mineração 0,02 0,01 - - - - - - 0,,03
Solo exposto 0,02 0,06 - 0,07 - - 0,79 0,01 0,95
Sub-total 0,01 1,43 0,29 - 1,49 - - 6,6 0,33 10,11
Total geral 3,44 0,38 - 1,88 - 8,6 0,35 14,63
0,01 -
Fonte: Arcadis, 2020 Elaboração: Arcadis, 2020

244
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Para as Reservas Legais (RL), as obras necessárias para o manejo de rejeitos afetaram
8,04 ha de RL2, sendo que aproximadamente 35,74% dessas intervenções ocorreram
em áreas com vegetação nativa das quais 0,62 ha correspondem à floresta estacional
semidecidual (FES) em estágio inicial, 2,25 ha em FES estágio médio-avançado e 0,03
ha em cerrado. O restante das áreas onde ocorrem intervenções são caracterizadas por
pastagens/campo antrópico (53,98%), solo exposto (2,49%), acessos (2,11%),
mineração (5,10 %) e corpo d’água (0,12 %).

Considerando somente as RLs de propriedade Vale que foram afetadas pelas obras,
existem 12 registros com área total de 169,74 ha. Nestas áreas ocorreram interferências
pelas obras relacionadas ao manejo dos rejeitos em 7,01 ha, dos quais 61,91 %
correspondem a campos antrópicos e pastagens e aproximadamente 36,23%
correspondem às áreas com vegetação nativa. Para fins de avaliação desse impacto,
considerou-se a área impactada exclusivamente pela ação das obras relacionadas ao
manejo do rejeito (7,01 ha), o que representou 3,34% da área total de RL de propriedade
da Vale (209,95 ha) inserida na área de detalhe que sofreram interferência (Tabela
7-16).

Tabela 7-16 – Áreas de Reserva Legal de propriedades da Vale afetadas pelas atividades
de manejo do rejeito.

Área

Nome Registro
Afetado pelas
Total (ha)
obras* (ha)

Antiga Parada das Almorreimas 17440 0,17 0,05

Córrego de Pedras e Fazenda


17088 1,17 0,15
Almorreimas
9379 0,08 0,03
Estação de Alberto Flores
9380 0,14 0,08
Faz Córrego do Feijão 3643 138,88 0,11
11631 1,60 0,02
Fazenda Almorreimas
17473 1,12 0,04
Fazenda Cambé 17089 6,28 3,66
Fazenda da Almorreimas 6586 2,93 0,27
13149 0,64 0,01
Fazenda das Almorreimas
17192 1,89 0,37

2
Como existem diversas sobreposições de polígonos entre as Reservas Legais (RL) declaradas no CAR e, também,
com as RLs de propriedades da Vale, os cálculos não consideraram essa sobreposição para não ocorrer superestimativa
do impacto nessas áreas.

245
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Área

Nome Registro
Afetado pelas
Total (ha)
obras* (ha)

10021 5,81 1,04


17085 1,52 0,43
Fazenda do Engenho
17137 0,29 0,00
17218 0,27 0,02
Iracema ou Irarema 9381 5,55 0,40
Ponte das Almorreimas 9510 0,32 0,04
Sítio da Estiva 12731 1,07 0,28

Total Geral 169,74 7,01

* Sem considerar as áreas já atingidas pelo rompimento onde foram realizadas obras referentes
ao manejo de rejeitos. Fonte: Vale, 2020. Elaboração: Arcadis, 2020.

Fora as Reservas Legais de propriedade da Vale, os dados obtidos no Cadastro


Ambiental Rural - CAR (SICAR, 2021) indicam a existência de 316,86 ha de Reservas
Legais de terceiros, referentes a 11 números de classificação da base do Sicar (campo
IDF na tabela de atributos do arquivo vetorial disponibilizado pelo banco de dados) que
sofreram interferência das obras do manejo de rejeitos. Nestas RLs identificou-se
interferência em 7,02 ha, sendo que 57,54% são de pastagens/campos antrópicos e
31,2% de vegetação nativa. Considerando somente as interferências realizadas pelas
atividades de manejo de rejeito executadas fora da mancha de rejeitos, 7,02 ha de um
total de onze reservas sofreram interferência, o que corresponde a 0,68% para uma
área total de 1.029,66 ha.

Tabela 7-17 – Áreas de reserva legal declaradas no CAR afetadas pelas atividades de
manejo do rejeito.

Área

Nome Afetado pelas


Total (ha)
obras* (ha)

Reserva Legal Aprovada e não Averbada

3305405 39,71 6,04

Reserva Legal Averbada

2567109 2,26 0,10


3224368 51,32 0,08
3273764 6,82 0,02
3305405 136,52 0,10

246
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Área

Nome Afetado pelas


Total (ha)
obras* (ha)

4008302 65,03 0,02


4573966 1,54 0,07

Reserva Legal Proposta

1562197 2,03 0,036


2584179 1,36 0,01
3458268 0,79 0,15
6516981 0,47 0,02
8973 5,49 0,37

Total Geral 316,86 7,02

* Sem considerar as áreas já atingidas pelo rompimento onde foram realizadas obras referentes
ao manejo de rejeitos. Fonte: Sicar, 2020. Elaboração: Arcadis, 2020

Em função deste manejo, supressões pré-definidas e alterações no uso do solo também


vêm sendo realizadas em áreas abrangidas pela zona de amortecimento da Serra do
Rola Moça e a APA Sul RMBH. A zona de amortecimento (ZA) do Parque Estadual da
Serra do Rola Moça possui um total de 48 mil hectares, dos quais 21,4 mil ha estão na
bacia do rio Paraopeba (2.438 ha na sub-bacia do ribeirão Ferro-Carvão e 3103,28 ha
na sub-bacia Casa Branca). As interferências das obras referentes ao manejo de rejeito
foram realizadas em 85,36 ha, onde 62,55 ha referem-se à sub-bacia do ribeirão Ferro-
Carvão e 22,82 ha à sub-bacia do ribeirão Casa Branca.

As áreas com usos antrópicos em que ocorreram interferência na ZA do Parque


Estadual da Serra do Rola Moça, em função das obras de manejo do rejeito, somam
71,64 ha e, para as áreas com ocorrência de formações naturais, este valor chega a
13,72 ha. Dentre as tipologias de vegetação nativa com interferência das obras de
manejo se destacam a Floresta Estacional Semidecidual (FES) em estágio
médio/avançado, com interferência em 7,31 ha, e remanescente de cerrado sensu
stricto em região predominantemente recoberta por gramíneas com área de 5,97 ha. As
demais tipologias afetadas foram menos expressivas conforme apresentado na Tabela
7-18.

Tabela 7-18 – Tipologia de uso e cobertura do solo na área de intervenção das obras do
manejo de rejeito na zona de amortecimento do Parque da Serra do Rola Moça.

247
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Sub- Área
Sub-bacia bacia do Adjacente
Total
Tipologia de Uso e Ocupação do Ferro- Casa ao Rio
(ha)
Carvão (ha) Branca Paraopeba
(ha) (ha)
Formações naturais
Área Úmida 0,01 - - 0,01
Cerrado sensu stricto - 5,97 - 5,97
Corpo d'água 0,01 - - 0,01
Floresta Estacional Semidecidual em
0,41 0,01 - 0,42
estágio inicial
Floresta Estacional Semidecidual em
3,71 3,60 - 7,31
estágio médio avançado
Sub-total 4,14 9,58 - 13,72
Situações antrópicas
Acessos 3,20 0,32 - 3,52
Área urbana 0,05 - - 0,05
Campo antrópico/ pastagem 14,61 1,58 - 16,19
Cultivo agrícola 3,08 - - 3,08
Habitação rural 2,29 - - 2,29
Mineração 34,23 9,48 - 43,70
Solo exposto 0,95 1,86 - 2,81
Sub-total 58,41 13,24 - 71,64
Total 62,55 22,82 - 85,36
Fonte: Arcadis, 2020 Elaboração: Arcadis, 2020

As intervenções em função do manejo do rejeito também incidiram na Área de Proteção


Ambiental Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte (APA Sul RMBH). Esta APA
possui uma extensão total de 164.365,07 ha, onde 23.133,34 estão na bacia do rio
Paraopeba, mais especificamente, 1.235,60 ha na sub-bacia do ribeirão Ferro-Carvão
e 1.150,68 ha na sub-bacia do ribeirão Casa Branca. As interferências das obras
referentes ao manejo de rejeito foram realizadas em 50,54 ha, dos quais 29,16 ha estão
na sub-bacia do ribeirão Ferro-Carvão e 21,39 ha na sub-bacia do ribeirão Casa Branca,
o que representa 0,03 % do total, 0,22% da área da APA inserida na bacia do rio
Paraopeba, respectivamente.

Considerando a sub-bacia ribeirão Ferro-Carvão (1235,60 ha) e a sub-bacia do ribeirão


Casa Branca (1.150,68 ha), 4,09% e 4,39% da APA Sul RMBH apresentaram
intervenções. As tipologias antrópicas que sofreram interferência em função das obras
de manejo de rejeito somam 40,31 ha e as formações naturais 10,23 ha. Dentre as
tipologias de vegetação nativa, a que teve maior interferência foi o Cerrado sensu (5,97
ha) e Floresta Estacional Semidecidual em estágio médio avançado (3,96 ha).

248
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Tabela 7-19 – Tipologia de uso e cobertura do solo na área de intervenção das obras do
manejo de rejeito na Área de Proteção Ambiental Sul da Região Metropolitana de Belo
Horizonte (APA Sul RMBH).

Sub- Área
Sub-bacia bacia do Adjacente
Total
Tipologia de Uso e Ocupação do Ferro- Casa ao Rio
(ha)
Carvão (ha) Branca Paraopeba
(ha) (ha)

Formações naturais

Cerrado sensu stricto - 5,97 - 5,97


Floresta Estacional Semidecidual em
0,29 0,01 - 0,30
estágio inicial
Floresta Estacional Semidecidual em
0,45 3,51 - 3,96
estágio médio avançado

Sub-total 0,74 9,49 - 10,23

Situações antrópicas
Acessos 0,52 0,25 - 0,77
Campo antrópico/ pastagem 0,19 0,39 - 0,58
Mineração 27,57 9,48 - 37,05
Solo exposto 0,13 1,78 - 1,91

Sub-total 28,41 11,9 - 40,31

Total 29,15 21,39 - 50,54


Fonte: Arcadis, 2020 Elaboração: Arcadis, 2020

Nas áreas abrangidas pela Área Prioritária para a conservação da Biodiversidade–Área


85 (Quadrilátero Ferrífero), Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e Reserva da Biosfera
da Serra do Espinhaço, supressões e alterações no uso do solo vêm sendo realizadas
durante as atividades de manejo de rejeito. A Tabela 7-20 traz uma síntese das áreas
de interesse para a conservação interferidas pelas ações do manejo do rejeito.

Tabela 7-20 - Extensão das áreas de interesse para a conservação interferidas em função
das obras para o manejo do rejeito.

Áreas interferidas
Área de interesse para Área (ha) na área
pelas obras de % interferida
conservação de detalhe
manejo de rejeito (ha)

Área Prioritária para 3.719,65 110,86 2,98


Conservação da

249
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Áreas interferidas
Área de interesse para Área (ha) na área
pelas obras de % interferida
conservação de detalhe
manejo de rejeito (ha)
Biodiversidade 85
(Biodiversitas)

Reserva da Biosfera da
7.169,36 210,17 3,04
Mata Atlântica
Reserva da Biosfera -
7.169,36 252,06 3,54
Serra do Espinhaço
Fonte: Arcadis, 2020 Elaboração: Arcadis, 2020

A Área 85- Quadrilátero Ferrífero possui uma extensão de 500.143 ha e sua área
inserida na bacia é de 119.967 ha. A área afetada pelas obras relacionadas ao manejo
de rejeito é de 110,86 ha, o que representa 0,02 % de sua área total e 1,54% da área
de detalhe (7.169,36ha). As formações antrópicas que tiveram intervenção na Área 85
somam 96,07ha; já as formações naturais interferidas totalizam 14,78 ha. Dentre as
tipologias de vegetação nativa com interferência das obras de manejo se destacam a
Floresta Estacional Semidecidual - FES em 8,79 ha. As demais tipologias afetadas
foram menos expressivas conforme apresentado na Tabela 7-21.

A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA), que possui uma extensão total de
78.465.476 ha, corresponde à uma área de 146.504 ha da bacia do rio Paraopeba. Esta
reserva foi afetada pelas obras relacionadas ao manejo de rejeito em 175,23 ha da sua
zona de transição e 34,92 ha da sua zona de amortecimento, o que representa um
percentual mínimo considerando sua área total já apresentada. Além disso, a área
impactada corresponde a 3,04% da área da RBMA inserida na área de detalhe (7.169,36
ha). As formações antrópicas com intervenção nas zonas de transição e amortecimento
da RBMA totalizam 210,15 ha e as tipologias naturais interferidas somam 31,73 ha com
supressões em FES em 18,55 ha e potencialmente para o cerrado 6,21 ha.

A Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço (RBSE), que compreende uma extensão


total de 10.218.920,05 ha, possui uma área de 490.277 ha inseridos na bacia do rio
Paraopeba. A área que incide na RBSE teve intervenção em função das obras do
manejo de rejeito somente em sua zona de amortecimento, em 252,06 ha, o que
representa 0,05% da área inserida na bacia e 3,51% da sua extensão inserida na área
de detalhe (7.169,36ha). As formações antrópicas que tiveram intervenção na RMSE
totalizam 219,33 ha e as formações naturais e 32,71 ha com intervenção em 18,79 ha
de FES.

250
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________________________________________________

Tabela 7-21 - Tipologia de uso e cobertura do solo na área de intervenção das obras do manejo de rejeito na Área 85- Quadrilátero Ferrífero,
Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (zona de transição e amortecimento) e Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço.

Tipologia de Uso e Ocupação Área afetada pelas obras relacionadas ao manejo de rejeito (ha)

Formações naturais

Reserva da Biosfera da Reserva da Biosfera da Reserva da Biosfera da


APCB - Área 85 Mata Atlântica Mata Atlântica Serra do Espinhaço
(Zona de transição) (Zona de amortecimento) (zona de amortecimento)

Área Úmida 0,01 0,01 - 0,01


Cerrado sensu stricto 5,97 0,24 5,97 6,21
Corpo d'água 0,01 6,96 - 7,70
Floresta Estacional Semidecidual em 3,30
0,46 2,82 0,30
estágio inicial
Floresta Estacional Semidecidual em 15,49
8,33 11,48 3,95
estágio médio avançado

Sub-total 14,78 21,51 10,22 32,71

Formações antrópicas

Acessos 3,23 7,10 0,77 8,66


Área urbana - 0,53 - 0,53
Bambuzal - 1,42 - 1,42
Campo antrópico/ pastagem 30,87 85,36 0,54 121,73
Cultivo agrícola 14,19 19,53 - 19,53
Floresta plantada 0,03 0,03 - 0,03

251
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________________________________________________

Tipologia de Uso e Ocupação Área afetada pelas obras relacionadas ao manejo de rejeito (ha)

Habitação rural 3,08 4,35 - 4,35


Mineração 41,88 29,48 21,48 50,96
Solo exposto 2,79 5,92 1,91 12,12

Sub-total 96,07 153,72 24,07 219,33

Total 110,85 175,23 34,92 252,04


Fonte: Arcadis, 2020 Elaboração: Arcadis, 2020

252
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Como supramencionado, as supressões em floresta estacional semidecidual (FES) em


diversos estágios sucessionais nas áreas protegidas e de interesse para a conservação
foram realizadas, principalmente, para abertura de algumas vias de acessos,
implantação do Dique 2, estruturas de contenção, entre outras. Para esta análise estão
sendo consideradas todas as supressões já realizadas relacionadas ao manejo de
rejeito (Vale, 2020 a). O valor exato das áreas suprimidas será apresentado nas futuras
revisões do Plano de Supressão Vegetal (Vale, 2020), indicando todas as poligonais em
que ocorreram intervenções. Num primeiro momento, os dados apresentados das
intervenções em função do manejo do rejeito irão nortear a magnitude e as ações para
mitigação, compensação e monitoramento deste impacto

A) Descrição do impacto
A interferência em áreas protegidas e de interesse para a conservação é um impacto
negativo, uma vez que as alterações realizadas nestes ecossistemas aumentam a
pressão sobre estes, alterando-os em função de obras e estruturas ligadas ao manejo
do rejeito. Além disso, interfere diretamente na manutenção da biodiversidade local e
uso sustentável dos recursos naturais, alterando áreas que visam preservar os recursos
hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora,
proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações.

O impacto é direto por se tratar de efeito de primeira ordem, causado pelas intervenções
devido as atividades relacionadas com o manejo de rejeitos em áreas naturais
protegidas e de interesse para a conservação com distintos usos do solo. A
manifestação de início do impacto é de curto prazo, pois a interferência nas áreas
protegidas e de interesse para a conservação ocorre simultaneamente com a atividade
de supressão dos indivíduos arbóreos.

Trata-se de um impacto local, restrito às áreas protegidas e de interesse para a


conservação onde houve intervenção devido as obras nas sub-bacias dos ribeirões
Ferro-Carvão e Casa Branca e adjacências do rio Paraopeba.

A interferência em áreas protegidas e de interesse para a conservação pelas obras


relacionadas ao manejo de rejeitos pode ser considerada um impacto permanente uma
vez que a área não retorna a sua condição original sem a implantação de medidas de
recuperação, mas é reversível, partindo-se do pressuposto de que serão implantadas
ações de reconstituição da cobertura vegetal.

Quadro 7-40 - Atributos do impacto Interferência em áreas protegidas e de interesse para


a conservação.
Atributos de Descrição do Impacto

Natureza Negativo Prazo Curto


Ordem Direto Reversibilidade Reversível
Escala
Local Duração Permanente
espacial

Elaboração: Arcadis, 2020.

253
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

B) Avaliação do Impacto
Em relação às APPs e considerando somente a interferência das obras do manejo de
rejeito realizada fora da mancha de rejeitos (14,66 ha), esse percentual foi menor que
2% da área total de APPs da área de estudo de detalhe (993,46 ha).

Para as Reservas Legais, os quantitativos também são relativamente baixos e a


interferência calculada em 8,04 ha representou menos de 1% da área total de 1063,86
ha de Reserva Legal que estão situadas na área de estudo de detalhe. Avaliando
somente as RLs de propriedade da Vale que sofreram interferência, o percentual é de
3,34% para uma área total de 209,95 ha e, considerando somente as RLs declaradas
no CAR que sofreram interferência, o percentual é de 0,68% para uma área total de
1029,66 ha.

A zona de amortecimento do Parque Estadual da Serra do Rola Moça foi impactada


diretamente pelas obras em 85,36 ha, com a redução de FES em 7,73ha devido às
intervenções. Esta redução representa 0,21% quando se relativiza ao total de FES que
existia na área (3.678,86 ha). Já para o cerrado, estas intervenções ainda poderão
ocorrer em 5,94 ha e representa 1,47% da área total de cerrado (406,67 ha) na área de
detalhe avaliada. Entende-se que as obras de manejo de rejeito causaram pouca (ou
nenhuma) interferência direta sobre a unidade de conservação em si, uma vez que se
encontra a 7 km da mesma. Além disso, a interferência na ZA do Parque Estadual da
Serra do Rola Moça ocorreu em menos de 1% da área inserida na bacia do rio
Paraopeba e em menos de 5% quando se considera a sub-bacia ribeirão Ferro-Carvão.

A APA Sul RMBH, que já incluía a própria barragem B-I, teve interferências das obras
de manejo de rejeito em 50,54 ha com a redução de FES em 4,26 ha em função das
intervenções realizadas. Esta redução representa 0,11 % quando se compara ao total
de FES que existia na área (3.678,86 ha). As supressões no cerrado poderão ocorrer
em 5,97 ha e representam 1,47% da área total do cerrado (406,58 ha) na área de detalhe
avaliada.

A Área Prioritária para a Conservação da Biodiversidade – Área 85 teve uma redução


de 0,24% (8,79 ha) em relação ao total de FES que existia na área (3.678,86 ha). Já as
supressões que podem vir a ser realizadas no cerrado somam 5,97 ha e representam
1,47% da área total de cerrado (406,67 ha). Além disso, a interferência nesta área
prioritária ocorreu em 1,54% em relação à sua extensão inserida na área de detalhe
(7.169,36 ha).

A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica teve interferência das obras de manejo de


rejeito em 210,15 ha considerando sua zona de amortecimento e transição com redução
de FES em 18,55 ha em virtude das intervenções realizadas. Esta redução representa
0,50% quando se considera ao total de FES que existia na área (3.678,86 ha). Para o
cerrado, estas intervenções podem vir a ocorrer em 6,21 ha e representam 1,53 % da
área total do cerrado (406,67 ha). A área que incide nesta reserva afetada pelas obras
relacionadas ao manejo de rejeito representa um percentual de 2,93% considerando
sua inserção na área de detalhe (7.169,36 ha).

254
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

A Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço foi interferida pelas obras de manejo de


rejeito em 252,06 ha com uma redução de FES em 18,79 ha e 6,21 ha de cerrado, o
que representa 0,51% e 1,53%, respectivamente destas fisionomias que existiam na
área (3678,86 ha e 406,6, respectivamente).

Ressalta-se que as intervenções realizadas fazem parte de um planejamento previsto e


monitorado dentro do Plano de Supressão Vegetal, fato que minimiza as perdas nessas
áreas (VALE, 2020b). Além disso, as áreas nas quais ocorreram (ou irão ocorrer) as
intervenções são caracterizadas por diferentes tipos de uso do solo e, mesmo que se
trate de áreas protegidas e de interesse para conservação, podem ser observados uso
antrópico e cobertura vegetal já alterada por atividades tais como a agropecuária. Dessa
forma, os quantitativos apresentados representam as classes identificadas em
mapeamento gerado por meio de dados secundários, o qual não foi balizado com
informações de campanhas de campo.

Tendo como base os valores, considerações e comparações apresentados, pode-se


considerar que a interferência sobre as áreas protegidas e de interesse para a
conservação é de pequena magnitude. Neste contexto, entende-se que as obras de
manejo de rejeito causam pouca interferência direta sobre as áreas mencionados, um
percentual que, para todas as áreas avaliadas, fica abaixo de 5% considerando a área
de detalhe.

A sensibilidade é alta, pois o impacto incide diretamente sobre o componente áreas


protegidas e de interesse para conservação, as quais possuem importância reconhecida
para a conservação da biodiversidade, seja como área legalmente protegida, declarada
no Sistema Nacional de Unidades de Conservação ou Código Florestal, seja como área
indicada como prioritária para conservação e para o manejo sustentável dos recursos
naturais.

O grau de importância deste impacto é moderado, resultando da combinação de


magnitude pequena e sensibilidade alta.

Quadro 7-41: Grau de importância do impacto Interferência em Áreas Protegidas e de


Interesse para a Conservação.

Avaliação do Grau de Importância do Impacto

Magnitude Pequena

Sensibilidade ou valor do componente Alta

Grau de Importância do Impacto Moderado

Elaboração: Arcadis, 2020.

Para a mitigação deste impacto estão previstos o Plano de Monitoramento das Obras
Emergenciais que possui ações ligadas à remoção do rejeito; o Programa de
Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD, com ações amplamente conhecidas para
o reestabelecimento dos ambientes que tiveram interferência das obras no manejo do
rejeito. Ações de mitigação referentes ao programa de supressão de vegetação também

255
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

vem sendo realizadas na área, assim como outras ações do Plano de Monitoramento
da Biodiversidade e o Programa de Conservação da Flora, incluindo avaliação da
composição florística, resgate de flora e coleta de sementes. Apesar das ações citadas
serem voltadas para a recuperação de áreas nativas, estas não necessariamente terão
o mesmo valor ecológico que foi atribuído às áreas protegidas e de interesse para a
conservação impactadas. Neste sentido, o grau de resolução é considerado
intermediário e a classificação do grau de importância do impacto permanece como
sendo moderado.

Quadro 7-42: Medidas de mitigação associadas ao impacto Interferência em Áreas


protegidas e de interesse para a conservação.

Medidas de Mitigação

Ações Planos ou Programas

Plano de Monitoramento das Obras


Manejo do rejeito
Emergenciais
Recomposição da cobertura vegetal, incluindo
seleção de espécies do grupo de diversidade,
condução da regeneração natural,
adensamento e enriquecimento, transposição Plano de Recuperação de Áreas Degradadas
de serapilheira, topsoil e implantação de
técnicas de nucleação, como inserção de (PRAD)
poleiros artificiais de bambu e deposição de
troncos e galharias, visando à recolonização
da fauna local
Adota metodologias que minimizem a
extensão da supressão de vegetação, e que a
vegetação remanescente próxima à área de Programa de Supressão de Vegetação
intervenção ambiental não sofra algum tipo de
interferência pela implantação das obras.
Avaliação da composição e estrutura da
Plano de Monitoramento da Biodiversidade
comunidade florística por meio de
(Programa de Monitoramento da Biota
amostragens nas áreas alvo de recuperação
Terrestre)
e em áreas de referência

Resgate de flora e coleta de sementes dentro


Programa de Conservação da Flora
e fora das áreas de supressão

Grau de Importância do Impacto (após implementação de medidas)

Grau de Resolução das Medidas Intermediário


Grau de Importância do Impacto (pós
Moderado
medidas)

Elaboração: Arcadis, 2020.

* As ações e planos/programas aqui apresentadas serão detalhados no “Capítulo 3 - Plano de


Ação para Remediação, Reparação e Restauração dos Impactos” do Plano de Reparação da
Bacia do Rio Paraopeba, em elaboração pela Arcadis.

256
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

7.1.6.13. Perda de indivíduos da flora


Relação de causa e efeito

- Abertura de acessos;
- Construção de rampa de lançamento de draga;
Ação causal
- Edificação de estruturas para o manejo do rejeito;
- Movimentação de máquinas e equipamentos

Aspecto(s) indutor(es) Interferência na vegetação

Componente afetado Vegetação nativa

Ocorrência do impacto Efetivo

Elaboração: Arcadis, 2020.

Com o rompimento das barragens B-I, B-IV e B-IVA, foi estimado um volume de rejeitos
que ficou depositado ao longo da sub-bacia do ribeirão Ferro-Carvão na ordem de 7,8
Mm³, sendo que para a retirada desse rejeito são necessárias intervenções para
abertura de acessos e implantação de obras em áreas de vegetação nativa e áreas
antrópicas que acarretam na perda de indivíduos da flora e seu banco de sementes,
sendo um impacto efetivo. Para avaliação deste impacto foram consideradas as perdas
de indivíduos pertencentes a todos os estratos da vegetação (árvores, arbustos, lianas,
ervas e epífitas), além do banco de sementes. As áreas de floresta com rejeito sob o
dossel não foram incluídas nesta avaliação, pois apesar de fazer parte do manejo dos
rejeitos ela já foi considerada nas avaliações dos impactos decorrentes do rompimento
das barragens como redução de cobertura vegetal, perda de indivíduos da flora e do
banco de sementes (ARCADIS, 2020a).

De acordo com o diagnóstico da vegetação apresentado no Plano de Reparação


Socioambiental da Bacia do rio Paraopeba, ocorrem mais de 900 espécies da flora de
todas as formas de vida na área compreendida pela sub-bacia do ribeirão Ferro-Carvão
e parte da sub-bacia do ribeirão Casa Branca, incluindo as fisionomias de floresta
estacional semidecidual (FES), cerrado e campo rupestre ferruginoso, sendo 36
espécies classificadas como ameaçadas de extinção, protegidas por lei e raras, além
das espécies exóticas, cultivadas ou subespontâneas ocorrentes em áreas antrópicas
(ARCADIS, 2020b).

A perda de indivíduos da flora decorrentes das atividades de supressão vegetal para as


obras realizadas para o manejo do rejeito, como a implantação de canteiro de obras,
depósito temporário de rejeitos, depósito intermediário de resíduos, acessos, estruturas
de contenção e tratamento de sedimentos, vai incidir principalmente na floresta
estacional semidecidual (FES), cerrado e áreas antrópicas com árvores ocorrendo de
forma isolada ou em pequenos agrupamentos. As intervenções realizadas e planejadas
para as obras relacionadas ao manejo dos correspondem a 18,8 ha na FES, 6,21 ha
como área potencial para supressão no cerrado e 121,73 ha em campos antrópicos e
pastagens.

257
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

A perda de indivíduos arbóreos foi quantificada utilizando a base de dados dos censos
arbóreos realizados nas poligonais de supressão delimitadas e apresentadas pelo Plano
de Supressão Vegetal versão 12.2 (VALE, 2020a e VALE, 2020b) que estão
relacionadas com o manejo dos rejeitos. Para os outros estratos da vegetação foram
utilizados os mesmos estudos apresentados na avaliação do impacto da perda de
indivíduos da flora decorrente do rompimento (ARCADIS, 2020).

Nestes levantamentos foram mensurados 19.358 indivíduos arbóreos com diâmetro à


altura do peito (DAP) igual ou maior que 5 cm, pertencentes a 403 espécies de 72
famílias. Entre as espécies encontradas, 363 são nativas, 17 nativas cultivadas como
frutíferas ou ornamentais, 22 são exóticas cultivadas como ornamentais e/ou frutíferas
e uma nativa subespontânea. Do total de indivíduos arbóreos mensurados nos censos
avaliados, aproximadamente 3.150 (16%) são de árvores mortas. Em relação às
espécies ameaçadas e protegidas por lei, foram encontrados 844 indivíduos de 15
espécies citadas nas listas MMA 443/2014, CNCFlora e Biodiversitas, 2007, além das
legislações de proteção (Tabela 7-22). Constam nessa listagem duas espécies nativas
do Brasil, mas exóticas para as fitofisionomias da região e que são cultivadas como
ornamentais: pau-brasil (Paubrasilia echinata) e a araucária (Araucaria angustifolia).

Para os outros estratos da vegetação (arbustivo, herbáceo, lianescente e epifítico) foram


utilizados os parâmetros apresentados em estudos realizados em áreas de floresta
estacional, que encontraram densidade de plantas presentes no sub-bosque de 110.900
ind./ha na Fazenda São Vicente em Campinas-SP (BERNACCI, 1992), 119.300 ind./ ha
na Mata da Silvicultura em Viçosa-MG (MEIRA NETO & MARTINS, 2003) e 304.000
ind./ha na Mata do Jambreiro em Nova Lima-MG (ANDRADE, 1992). Deve-se ressaltar
que diferentes abordagens metodológicas podem refletir na variação desse parâmetro.

Considerando a intervenção executada e planejada em 18,8 ha de FES foi estimada,


com base nas referências citadas, uma perda de indivíduos para o estrato não arbóreo
(arbustivo, herbáceo, lianescente epifítico) de 2.085.690 a 6.560.904 de indivíduos.
Como pode ser visto, os valores são muito variáveis e devem divergir ainda mais se
forem consideradas as diferentes fitofisionomias que foram afetadas e o nível de
antropização em cada área, mas servem para ilustrar a dimensão da abundância
perdida no que diz respeito à flora terrestre.

A composição de um banco de sementes no solo é reflexo da matriz de entorno, assim


como do seu histórico de uso e estado de conservação. Ou seja, os bancos de sementes
são influenciados pelo histórico de perturbação da área e podem diferir muito em riqueza
de espécies, densidade relativa e contribuição das diferentes formas de vida (SAULEI
& SWAINE, 1988; SOUZA et al., 2020). Com o tempo, ao passo que vão se acumulando,
o “pool” de sementes funciona como a memória seletiva da vegetação presente nos
estádios sucessionais precedentes (SILVERTOWN, 1987). Esse “pool” é reduzido
quando todo dinamismo de entrada e saída de sementes no sistema é interrompido,
principalmente quando se consideram as supressões ocorridas em ambientes florestais
em função das atividades de manejo do rejeito, além de algumas áreas de pastagem e
cerrado.

Para estimar a quantidade de sementes perdidas nas áreas de FES foi utilizado como
parâmetro mínimo o valor de 500 sem./m² (valor máximo encontrado para as florestas

258
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

conservadas – SAULEI & SWAINE, 1988; GARWOOD, 1989), e como parâmetro


máximo, o valor registrado em uma floresta estacional semidecidual secundária em
Viçosa, que possui características de conservação/ degradação semelhantes às da área
afetada – 1.039 sem./m² (FRANCO et al., 2012). Para as áreas de cerrado foi utilizado
como parâmetro mínimo o valor de 134 sem/m² (cerrado queimado) e como parâmetro
máximo o valor de 553 sem/m² (cerrado não queimado) obtidos em estudo realizado na
área experimental da Embrapa Cerrados, em Planaltina - DF (IKEDA et al., 2008).

De acordo com o Plano de supressão vegetal versão 12.2. (VALE, 2020b),


aproximadamente 18,8 ha de floresta estacional semidecidual foram suprimidas em
decorrência das obras e implantação de estruturas ligadas à remoção do rejeito. Assim,
utilizando os parâmetros supracitados, estima-se uma perda de 93,9 milhões a 195,2
milhões de sementes nos ambientes florestais suprimidos e planejados. Já para as
áreas de cerrado estima-se uma perda potencial de 8,3 milhões a 34,2 milhões de
sementes, já que se trata de área ainda não suprimida.

Os dados do status de supressão, área, fisionomia e a quantidade de indivíduos


arbóreos suprimidos em cada área são constantemente atualizados pela Vale. Ressalta-
se que nem todos os indivíduos mensurados pelo censo arbóreo nas áreas previstas
para supressão são necessariamente suprimidos e, assim, após a finalização das obras,
é realizada em campo a verificação do que foi efetivamente suprimido, sendo a
atualização contínua destes dados necessária para avaliar o número de indivíduos
perdidos efetivamente, sendo os dados aqui apresentados utilizados como auxílio para
mensurar a magnitude deste impacto.

259
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Tabela 7-22 - Espécies ameaçadas de extinção e protegidas por lei e raras encontradas nos levantamentos.

MMA Biodiversitas
Família Espécie Nome Popular CNC FLORA Proteção legal Censo
(2014) (2007)

Araucariaceae Araucaria angustifolia* araucaria EN EN EN 4


Dec. Fed. s/n,
Anacardiaceae Astronium fraxinifolium gonçalo-alves 31/05/1991
60

Dec. Fed. s/n,


Anacardiaceae Astronium urundeuva urundeuva VU 31/05/1991
99

Lei Est. nº
10.883/1992, Lei
Caryocaraceae Caryocar brasiliense pequizeiro Est. nº 17.682/2008 3
e Lei Est. nº
20.308/2012

Meliaceae Cedrela fissilis cedro VU VU 32


Fabaceae Dalbergia nigra caviúna VU VU VU 333
Lei Est. nº
Handroanthus
Bignoniaceae ipê-amarelo 9.743/1988 e Lei 11
chrysotrichus Est. nº 20.308/2013
Lei Est. nº
Bignoniaceae Handroanthus ochraceus ipê-amarelo 9.743/1988 e Lei 130
Est. nº 20.308/2014
Lei Est. nº
Handroanthus
Bignoniaceae ipê-amarelo 9.743/1988 e Lei 55
serratifolius Est. nº 20.308/2015
VU

jacarandá-bico-
Fabaceae Machaerium brasiliense 15
de-pato

260
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

MMA Biodiversitas
Família Espécie Nome Popular CNC FLORA Proteção legal Censo
(2014) (2007)

Dec. Fed. s/n,


31/05/1991 e
Fabaceae Melanoxylon brauna braúna VU VU VU Portaria Normativa
80
IBAMA nº 83/1991
canela-
Lauraceae Ocotea odorifera EN EN VU 10
sassafrás
Fabaceae Paubrasilia echinata* pau-brasil EN EN 1
Lauraceae Persea rufotomentosa - VU 1
Dichapetalaceae Stephanopodium engleri - EN EN VU 10

* Espécies cultivadas como ornamentais e não ocorrentes nas fitofisionomias da região. Legenda: EN: Em perigo; VU: Vulnerável; Fonte: Portaria MMA nº
443/2014; CNCFlora; Biodiversitas, 2017; Vale, 2020; Elaboração: Arcadis, 2020

261
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

A) Descrição do impacto

A perda de indivíduos da flora é um impacto negativo, pois, as atividades de manejo de rejeito


envolvem a supressão de indivíduos de todos os estratos da vegetação situados em áreas
abertas e florestais.

O impacto é direto por se tratar de efeito de primeira ordem, causado pela supressão de
vegetação necessária para as atividades relacionadas com o manejo de rejeitos. A
manifestação de início do impacto é de curto prazo, pois a perda de indivíduos e do banco de
sementes ocorre no momento da supressão.

Trata-se de um impacto com escala espacial local, restrito às áreas de floresta estacional
semidecidual, de cerrado e de pastagens/campos antrópicos situadas na sub-bacia do ribeirão
Ferro-Carvão, parte da sub-bacia do ribeirão Casa Branca e no trecho do rio Paraopeba onde
estão a foz dos dois ribeirões e são executadas as ações de dragagem.

É considerado um impacto permanente, pois, mesmo depois de cessada a atividade de


supressão que está causando o impacto, os indivíduos da flora pré-existentes deixarão de
existir. Este impacto pode ser considerado irreversível, pois mesmo com ações de restauração
ecológica como compensação dessa supressão, cada indivíduo é considerado um ser único
de sua espécie, com composição genética exclusiva, que contribui de forma particular à
estrutura da vegetação e cumpre função única, além do fato de que qualquer área em
restauração ecológica vai apresentar indicadores melhores que áreas degradadas, mas ainda
muito piores que qualquer área de vegetação remanescente, mesmo depois de décadas desse
processo (LONDE et al. 2020).

Quadro 7-43: Atributos do impacto - Perda de indivíduos da Flora

Atributos de Descrição do Impacto


Natureza Negativo Prazo Curto
Ordem Direto Reversibilidade Irreversível
Escala
Local Duração Permanente
espacial

Elaboração: Arcadis, 2020.

B) Avaliação do Impacto
A perda de indivíduos da flora teve sua estimativa máxima em mais de 19 mil indivíduos
arbóreos e 6 milhões de indivíduos dos outros estratos da vegetação e para o banco de
sementes essa perda teve sua estimativa máxima em 195 milhões de sementes para a FES e
34 milhões de sementes para o cerrado. Comparando com a área de estudo de detalhe essa
perda representa 0,5% da área total de vegetação florestal (3.678 ha), 1,5% da área total do
cerrado (406 ha) e 9% da área total de pastagem e campos antrópicos (1.365 ha).

Diferente do impacto causado pelo rompimento das barragens, para grande parte das
supressões realizadas para as obras do manejo de rejeitos são realizados censos florestais,
planejamento e acompanhamento das atividades de supressão com resgate de flora e fauna,
aproveitamento do material lenhoso e do topsoil. Diante do exposto a magnitude do impacto
da perda de indivíduos da flora foi avaliada como pequena.

262
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Conforme descrito, o impacto incide sobre o componente vegetação nativa, principalmente


sobre as espécies da floresta estacional semidecidual e do cerrado. Além disso, ambientes já
antropizados e áreas de pastagens onde existem indivíduos arbóreos isolados também são
afetados por este impacto. Levando em consideração a riqueza da área, a presença de
espécies ameaçadas, endêmicas e protegidas por lei e que a área está situada no bioma Mata
Atlântica, que é protegido pela Lei nº11.428, de 22 de dezembro de 2006, além de estar inserida
em áreas de Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e da Serra do Espinhaço, Áreas Prioritárias
para Conservação e a APA SUL RMBH, fatores que refletem a importância de sua
conservação. Somando-se a esses fatores a perda que a vegetação sofreu decorrente do
rompimento das barragens, ressalta a importância desse componente e sua avaliação com alta
sensibilidade.

O grau de importância deste impacto é moderado resultando da combinação da magnitude


pequena e sensibilidade alta.

Quadro 7-44: Grau de importância do impacto Perda de indivíduos da Flora

Avaliação do Grau de Importância do Impacto

Magnitude Pequena

Sensibilidade ou valor do componente Alta

Grau de Importância do Impacto Moderado

Elaboração: Arcadis, 2020.

Para este impacto está previsto o Programa de Supressão de Vegetação com ações de
orientações das equipes de supressão, delimitação das áreas, separação da madeira com
potencial para aproveitamento comercial, decapeamento do solo orgânico para utilização na
recuperação, entre outras ações. No Programa de Supressão de Vegetação também são
consideradas avaliações prévias para definir as alternativas de menor impacto, além da
proposição de alterações dos projetos, de forma a evitar a supressão de espécies ameaçadas
e protegidas por lei. O Programa de Conservação da Flora realiza ações de resgate de flora
em todas as áreas alvos de supressão e utiliza no PRAD as mudas produzidas a partir de
sementes coletadas na área.

Também está previsto o Programa de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD, capaz de


reestabelecer os ambientes afetados, com ações amplamente conhecidas, mas como citado
anteriormente, qualquer área em restauração ecológica vai apresentar indicadores melhores
que áreas degradadas, mas ainda muito piores que qualquer área de vegetação remanescente,
mesmo depois de décadas desse processo (LONDE et al., 2020).

As ações para a minimização da perda de indivíduos da flora também estão presentes no Plano
de Gerenciamento Ambiental de Obras (PGAO) e no Plano de Educação Ambiental de Obras
(PEAO). Por meio destes planos são realizados, dentre outras ações, treinamentos
direcionados para colaboradores que atuam na área da Vale. Nesta capacitação são
apresentados diversos temas, incluindo meio ambiente que engloba sustentabilidade,
procedimentos / requisitos ambientais, gestão ambiental, flora, Áreas de Preservação
Permanente, impactos ambientais, dentre outros. Por meio destes treinamentos são

263
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

transmitidas orientações de como minimizar a perda dos indivíduos de flora durante as ações
do manejo do rejeito.

Considerando as ações de mitigação supracitadas, entende-se que o grau de resolução é


considerado forte.

Quadro 7-45: Medidas de mitigação associadas ao impacto Perda de indivíduos da Flora

Medidas de Mitigação

Ações Planos ou Programas

Plano de Restauração da Biodiversidade e


Recomposição da cobertura vegetal. Ecossistemas Terrestres Impactados (Programa
de Recuperação de Áreas Degradadas - PRAD)

Avaliação da composição e estrutura da Plano de Monitoramento da Biodiversidade


vegetação. (Programa de Monitoramento da Biota Terrestre)

Plano de Gerenciamento Ambiental de Obras


Capacitação dos colaboradores que atuam nas
(PGAO) e no Plano de Educação Ambiental de
atividades do manejo de rejeito
Obras (PEAO)
Grau de Importância do Impacto (após implementação de medidas)
Grau de Resolução das Medidas Forte
Grau de Importância do Impacto (pós
Reduzido
medidas)

Elaboração: Arcadis, 2020.

* As ações e planos/programas aqui apresentadas tem caráter essencialmente qualitativo para


demonstrar medidas e boas práticas que comumente são adotadas e conhecidas nos processos de
mitigação dos impactos avaliados, uma vez que a definição destas dependem de discussão do “Capítulo
3 - Plano de Ação para Remediação, Reparação e Restauração dos Impactos” junto aos órgãos
competentes.

7.1.6.14. Desregulação fisiológica em indivíduos da flora


Relação de causa e efeito

- Remoção do rejeito sob dossel;


Ação causal - Transporte dos rejeitos;
- Peneiramento.
Injúrias mecânicas
Aspecto(s) indutor(es)
Suspensão de material particulado na atmosfera.

Componente afetado Vegetação nativa

264
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Relação de causa e efeito

Ocorrência do impacto Efetivo

Elaboração: Arcadis, 2020.

Com o rompimento e extravasamento das barragens B-I, B-IV e B-IVA do Complexo Paraopeba
II da Mina de Córrego do Feijão, cerca de 7,8 Mm³ de rejeito foi depositado ao longo da sub-
bacia Ferro-Carvão e parte desse rejeito ficou depositado em trechos de Floresta Estacional
Semidecidual onde as árvores mantiveram-se em pé com o rejeito depositado no chão da
floresta, em diferentes espessuras, dependendo do trecho de floresta remanescente. Estima-
se que 16,92 ha de vegetação de sub-bosque foi afetado, comprometendo os indivíduos
arbóreos e os regenerantes sob esta condição dos quais muito já morreram dois anos após o
rompimento e outros muitos ainda estão fenecentes. Ressalta-se que a área supracitada está
em fase de revisão a partir de avaliações em campo e, também, porque parte das áreas
florestais afetadas já foram suprimidas em função da abertura de acessos, implantação de
estruturas diversas e nas buscas realizadas pelo corpo de bombeiros. Em função das obras
para a remoção do rejeito (de forma mecânica) no que se remete à geração de material
particulado e injúrias no caule e raiz,) este impacto é evidenciado como efetivo.

As técnicas atualmente utilizadas pela Vale para a remoção do rejeito na área de sob dossel
visam o menor impacto possível. Nesta ótica, para a remoção de forma mecanizada está sendo
utilizada retroescavadeira com braço extenso e concha de pequena dimensão, fazendo com
que a remoção alcance uma área mais abrangente. A supressão de indivíduos arbóreos vivos
não está prevista, sendo que está atividade somente ocorre caso haja a solicitação do Corpo
de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais.

Durante a atividade de remoção deste rejeito, o movimento das máquinas nestas áreas pode
vir a causar injúrias no caule e nas raízes das árvores ainda vivas e agravar a desregulação
fisiológica que já ocorre nestas plantas. Os respectivos danos podem resultar em diferentes
graus de severidade por estresses mecânicos e limitações ao desenvolvimento do vegetal
pleno (RODRIGUEZ-ZACCARO; GROOVER, 2019; VITALI et al., 2019).

Tanto o caule quanto as raízes apresentam funções de sustentação e condução de soluções


(água, sais minerais, fotoassimilados e demais compostos orgânicos). A remoção parcial ou
total de tecidos constituintes desses órgãos, em função dos danos mecânicos causados pela
retirada do rejeito, pode comprometer a relação fonte-dreno entre os diferentes tecidos
vegetais, além disso pode alterar significativamente a biomecânica e hidráulica do transporte
de soluções entre os órgãos e tecidos da planta (CHACO et al., 2015; VITALI et al., 2019).

As desregulações fisiológicas causadas por injúrias no caule podem ocasionar a perda direta
de fotoassimilados, armazenamento de substâncias e modificação da condução de água e
solutos pelos tecidos vasculares. Também podem acarretar outros danos, como dessecação
das partes internas expostas, ou tornar-se porta de entrada para infecções por fungos e outros
patógenos (CHACO et al., 2015). Para superar com sucesso essas lesões, as plantas devem
reorganizar seus meristemas ou até mesmo diferenciar-se em novos tecidos para cobrir a ferida
e restaurar a conexão vascular (CHACO et al., 2015).

265
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

A severidade do dano causado pela injúria está relacionada com a profundidade do corte no
caule ou raiz. Cortes mais rasos onde haja a remoção somente da periderme não
comprometerá o transporte de fotoassimilados pelo floema, tampouco o de água e minerais
pelo xilema (FIALHO et al., 2001). Cortes intermediários cuja remoção do floema secundário
seja evidente comprometerá o desenvolvimento das raízes em decorrência do decréscimo de
açúcares necessários para respiração celular e crescimento dos tecidos radiculares
(PIASENTIN; SAITO, 2014; SILVA et al., 2007). Já cortes mais profundos que comprometam
o transporte de água e minerais pelo xilema secundário (especialmente na região do alburno)
irá comprometer diretamente toda a parte aérea da planta e indiretamente o sistema radicular,
devido a redução da taxa fotossintética (CHACO et al., 2015).

Em termos da profundidade da injuria nas raízes, no momento de remoção mecanizada do


rejeito com uso de retroescavadeira, as injúrias nas raízes superficiais podem vir a ocorrer
durante o processo de raspagem do rejeito, pois é nesta camada que elas se acumulam, e
esse dano e apresenta muitas similaridades com o caule no que tange os processos de
condução de soluções dentro da planta, contudo a função de absorção de água e minerais é
exclusiva desse órgão. A absorção ocorre majoritariamente por meio dos pelos radiculares
presentes nas proximidades dos ápices radiculares, a medida em que há um distanciamento
dos ápices, espessamento e lignificação das raízes a taxa de absorção vai reduzindo,
restringindo a funcionalidade de raízes de maior calibre a processos de transporte de solutos
(VITALI et al., 2019). Logo, lesões nas raízes lignificadas assemelham-se aos danos ocorrentes
nos caules, contudo a remoção de solos por meio de máquinas (retirada de rejeito) pode reduzir
o volume do sistema radicular como um todo, desde pelos radiculares até raízes com maior
diâmetro de espessura, limitando a sobrevivência do vegetal em decorrência do estresse da
injúria mecânica, estresse hídrico, redução da taxa fotossintética e redução da absorção de
elementos minerais (ALBERLLAY et al., 2012; VITALI et al., 2019).

Após a remoção do rejeito sob dossel, este é transportado até os DTRs (Depósitos Temporários
de Rejeitos) ou para a área de peneiramento do rejeito antes de sua destinação final na Cava
do Feijão. Essa dinâmica nas rotas de trânsito do rejeito pode agravar/causar a desregulação
fisiológica em função do acúmulo de material particulado nas folhas da vegetação nas áreas
de remoção e, também, nas vias de maior tráfego de veículos e máquinas nos acessos e
estradas. A granulometria das partículas do rejeito destas áreas é constituída
predominantemente por argila e silte, conforme consta no Capítulo 2 (item caracterização do
rejeito) do Plano de Reparação Socioeconômico da Bacia do Paraopeba (ARCADIS, 2020). As
partículas finas carregadas pelos ventos e o tráfego de veículos contribuem para o aumento da
suspensão de material particulado no ar e, consequentemente, sua deposição nas estruturas
vegetais, especialmente nas folhas.

O material particulado depositado nos tecidos foliares afeta o crescimento e desenvolvimento


das plantas, bloqueando a radiação solar incidente, aquecimento das folhas, obstrução dos
poros estomáticos e diminuição da taxa fotossintética (MALETSIKA et al., 2015; SIQUEIRA-
SILVA et al., 2016). Os efeitos diretos do material particulado absorvido nos estômatos ou
fissuras da cutícula também incluem o acúmulo de elementos minerais essenciais e não
essenciais nos tecidos da folha podendo vir a resultar em toxicidade (ROCHA et al., 2014).
Ademais, o potencial hidrogeniônico (pH) do material particulado também pode afetar a
atividade de enzimas antioxidantes como superóxido dismutase, catalase e peroxidase, entre

266
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

outras, em extensões variadas, de acordo com a espécie vegetal (DZIRI; HOSNI,


2012; SIQUEIRA-SILVA et al., 2016).

Ressalta-se que este aumento de material particulado suspenso é cíclico e a sazonalidade


deve ser ponderada. Tal fato fica evidente na correlação entre os parâmetros meteorológicos
e o material particulado, onde verifica-se, como esperado, que a concentração de materiais
particulados possui tendência de maiores concentrações sob ventos calmos e sob ausência de
precipitação, ou seja, concentrações dos materiais particulados podem ser agravadas
conforme o período avaliado em função das condições meteorológicas, principalmente nas vias
de maior tráfego para o manejo de rejeito (ECOSERVATION, 2019).

A) Descrição do impacto
A desregulação fisiológica em indivíduos da flora é um impacto negativo, pois ocorreu
inicialmente em função do rompimento das barragens B-I, B-IV e B-IVA com a deposição de
rejeito e continua a ocorrer devido ao processo de remoção deste. Durante as atividades de
manejo do rejeito, o movimento das máquinas pode vir a causar injúrias no caule e nas raízes
das árvores ainda vivas e levar essas plantas à desregulação fisiológica, assim como a
deposição de material particulado suspenso em suas folhas.

O impacto é direto por se tratar de efeito de primeira ordem causado pelas atividades de
remoção do rejeito (de forma mecânica). A manifestação de início do impacto é de médio
prazo, pois é necessário certo tempo para que os processos fisiológicos da planta respondam
ao fator ambiental estressante, seja ele relacionado às injúrias no caule e raiz ou ainda a
deposição de material particulado nas folhas.

Trata-se de um impacto de ocorrência local, visto que se manifesta nas áreas em que ocorreu
a deposição de rejeito sob dossel e nas áreas de maior tráfego para o manejo do rejeito, onde
espera-se que os efeitos mais danosos ficariam mais restritos à vegetação situada às margens
de acessos mais utilizados e próximas às fontes geradoras mais contínuas de material
particulado

É considerado temporário, uma vez que, cessando a ação que causou o impacto, a
desregulação fisiológica das plantas será revertida após determinado tempo, ou seja, trata-se
de uma alteração com duração definida após finalizadas as atividades de remoção do rejeito.

É considerado irreversível visto que à medida que se implementam ações de remoção do


rejeito da área poderá ocorrer danos ao sistema radicular e caule. Ainda que os indivíduos se
recuperem, permaneceram cicatrizes perpétuas que poderão prejudicar as trocas de água, gás
e/ou nutrientes com o meio. Além disso, deve-se também considerar que em algumas
situações, a depender da quantidade e do tempo de exposição ao fator de degradação, a planta
pode vir a morrer em função da desregulação fisiológica, desencadeando um impacto de
segunda ordem denominado perda de indivíduos da flora.

Quadro 7-46 - Atributos do impacto Desregulação fisiológica de indivíduos da flora.

Atributos de Descrição do Impacto

Natureza Negativo Prazo Médio


Ordem Direto Reversibilidade Irreversível

267
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

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Atributos de Descrição do Impacto

Escala
Local Duração Temporário
espacial

Elaboração: Arcadis, 2020.

B) Avaliação do Impacto

Não existem parâmetros legais ou dados de referência que permitam ponderar


quantitativamente sobre a magnitude do impacto de desregulação fisiológica em relação às
injúrias causadas no caule e raízes assim como a resposta fisiológica das plantas à suspensão
de material particulado. Como indicativo, serão trazidas informações sobre as áreas afetadas
de rejeito sob dossel e os estudos da qualidade do ar realizados nas áreas de maior tráfego de
máquinas, estabelecendo-se uma referência com a ocorrência das espécies vegetais e
fitofisionomias na região.

Na área de detalhe, a vegetação nativa com rejeito sob dossel, que teve seus limites revisados
e apresentados no Plano de Supressão revisão 12.2, ocupou 16,92 ha, que pode ser reduzido
frente às avaliações que estão sendo realizadas em campo. Ressalta-se que das áreas
florestais afetadas já foram suprimidas em função da abertura de acessos, implantação de
estruturas diversas e buscas realizadas pelos bombeiros. Para esta vegetação, espera-se que
uma parte das árvores que permaneceram em pé venham a sofrer injúrias no caule ou raiz com
respostas fisiológicas durante a remoção do rejeito. Considerando a área supracitada de rejeito
sob dossel (16,92 ha) que será alvo das atividades de remoção do rejeito, os números não são
muito significativos frente à área de estudo de detalhe (0,8%) ou à bacia do Ferro-Carvão
(1,7%).

Para a deposição de material particulado nas folhas da vegetação tanto na área de rejeito sob
dossel quanto nas áreas de maior tráfego de veículos / máquinas para o transporte e manejo
do rejeito não se têm dados quantitativos de referência, mas existe um monitoramento da
qualidade do ar pós-rompimento da barragem em estações operadas pela Vale. O Índice de
qualidade de ar (IQAr) em boa parte do tempo foi atendido quanto aos padrões vigentes e
dessa forma, tendo como base o valor do IQAr, a partir dos dados monitorados, a qualidade do
ar na região do ribeirão Ferro-Carvão foi predominantemente “boa”. Vale ressaltar que essa
deposição de material particulado ocorre na vegetação vizinha às fontes de geração do mesmo
e esse efeito tende a ser maior quanto mais perto da fonte geradora.

No que diz respeito aos poluentes avaliados pelo inventário de emissões, segundo o Inventário
de Emissões Atmosféricas (ECONSERVATION, 2020) – que tomou como base as seguintes
tipologias de fontes emissoras: (i) transferência de materiais, especificamente rejeito, (ii) áreas
expostas (planas ou pilhas), (iii) máquinas e equipamentos e (iv) vias de tráfego –, as obras
emergenciais contribuíram para o aumento de poluentes na atmosfera em função da
proximidade e movimentação de maquinários e equipamentos e do aumento do tráfego de
veículos na região do rompimento. (ARCADIS, 2020).

Concluiu-se, no inventário, que MPT (Material particulado total), MP10 e (Material particulado
menor ou igual a 10μm) MP2,5 (Material particulado menor ou igual a 2,5μm) são provenientes
em 71,22%, 59,17% e 47,76%, respectivamente, da ressuspensão das vias de tráfego, já que

268
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

a movimentação de veículos na via e a ressuspensão de solo exposto são as maiores fontes


emissoras desses poluentes. As áreas expostas também contribuem para a emissão dos
particulados na atmosfera (ECONSERVATION, 2020).

Ainda no relatório “Avaliação da rede de monitoramento da qualidade do ar da Vale para o


cenário 2019 – Brumadinho / MG”, elaborado pela Econservation para a Vale no ano de 2020,
também foi realizado o Estudo de Dispersão Atmosférica (EDA), utilizando o software Aermod,
a fim de identificar os efeitos sobre a qualidade do ar na região após o rompimento das
barragens. Ficou evidente que as maiores concentrações de PTS (Partículas Totais em
Suspensão) estão próximas das fontes emissoras e se estendem a sudoeste, decorrente da
direção predominante dos ventos e que o impacto não se estende por mais de 3 km do centro
da área da mancha de rejeitos no ribeirão Ferro-Carvão.

Levando em consideração que a desregulação fisiológica ocorrerá em locais específicos no


qual há influência do manejo dos rejeitos e que o processo de desregulação fisiológica não
necessariamente acarretará a morte dos indivíduos a magnitude deste impacto foi considerada
como sendo pequena.

Conforme descrito para os impactos relacionados à flora da área, a vegetação nativa está
inserida no domínio da Mata Atlântica, cuja proteção é dada pela Lei 11.428, de 22 de
dezembro de 2006, contendo espécies da flora ameaçadas de extinção. Esses fatos, aliados à
inserção da área em zona de amortecimento do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, em
Área Prioritária para conservação da Biodiversidade (APCB) de Minas Gerais e zonas de
transição e amortecimento de Reservas da Biosfera do Espinhaço e da Mata Atlântica permitem
valorar esse impacto como de sensibilidade alta para o componente afetado. O grau de
importância deste impacto é moderado, resultando da combinação de magnitude pequena e
sensibilidade alta.

Quadro 7-47: Grau de importância do impacto Desregulação fisiológica em indivíduos da flora.

Avaliação do Grau de Importância do Impacto

Magnitude Pequena

Sensibilidade ou valor do componente Alta

Grau de Importância do Impacto Moderado

Elaboração: Arcadis, 2020.

Para a mitigação deste impacto estão previstos o Plano de Monitoramento das Obras
Emergenciais / Plano de Monitoramento da Qualidade do Ar; o Programa de Recuperação de
Áreas Degradadas, o Programa de Supressão da Vegetação, o Plano de Gerenciamento
Ambiental de Obras (PGAO) e o Plano de Educação Ambiental de Obras (PEAO). Estes
programas possuem ações voltadas à contenção da suspensão de material particulado nas
áreas com maior tráfego de máquinas durante o manejo e transporte do rejeito, assim como
tratativas para que as supressões de vegetação sejam realizadas de forma a não causar e/ou
minimizar danos em indivíduos arbóreos adjacentes. Além disso, no PGAO/PEAO são
realizados treinamentos direcionados para colaboradores que atuam na área da Vale. Nesta
capacitação são apresentados diversos temas, incluindo meio ambiente que engloba

269
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

sustentabilidade, procedimentos / requisitos ambientais, gestão ambiental, flora, Áreas de


Preservação Permanente, impactos ambientais, dentre outros. No entanto, as ações de
remoção de rejeito sob dossel, terão poucas ações de mitigação, exceto a gestão das
atividades de remoção quando estiver em área sob vegetação, neste sentido, o grau de
resolução é considerado intermediário. Porém, considerando as ações de mitigação já em
execução, as medidas compensatórias e a magnitude do impacto pequena, entende-se que o
grau de importância deste impacto, após a realização das ações propostas, pode ser
considerado como sendo pequena.

Quadro 7-48: Medidas de mitigação associadas ao impacto Desregulação fisiológica em


indivíduos da flora

Medidas de Mitigação

Ações Planos ou Programas

Umectação do solo nas áreas operacionais e de


obras emergenciais (uso de caminhão-pipa ou outro
dispositivo similar até que a emissão de materiais
particulados seja minimizada)
Instalação de um lava-rodas, ou algum outro sistema
de lavagem de equipamentos e veículos, que contará
com caixas sifonadas para separação, para quando o
caminho de acesso atingir áreas residenciais ou vias Plano de Monitoramento das Obras
pavimentadas Emergenciais / Plano de Monitoramento da
Qualidade do Ar
Exigir que todas as caçambas dos caminhões de
transporte de terra seca ou outros materiais secos em
percursos externos sejam protegidos com lonas
Delimitação das áreas de influência dos poluentes
atmosféricos por meio de estudos de dispersão
Monitoramento da qualidade do ar na área de
influência das ações do manejo do rejeito
Realização de aspersões de vias programadas,
visando a minimização de suspenção de material
particulado e a segurança dos motoristas que
trafegam nas vias. O acionamento a equipe de
Gestão Ambiental de Obras é realizado quando se
detecta algum ponto com suspensão de poeira. Estas Plano de Gerenciamento Ambiental de Obras
ações fazem parte do Plano de Mitigação das Fontes
(PGAO)
Atmosféricas das Obras Emergenciais / Manejo de
Rejeitos.

Realização de treinamentos para capacitação

Redução do solo/rejeito exposto à ação de ventos Plano de Recuperação de Áreas Degradadas


para minimização dos particulados com o aumento da
cobertura vegetal (PRAD)

Adotar metodologias que minimizem a extensão da


supressão de vegetação, e que a vegetação Programa de Supressão de Vegetação
remanescente próxima à área de intervenção

270
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Medidas de Mitigação
ambiental não sofra algum tipo de interferência pela
implantação das obras e manejo de rejeito.

Aplicar plantio de compensação para perda de


indivíduos da flora, onde as medidas de mitigação Programa de compensação de vegetação
não forem efetivas

Grau de Importância do Impacto (após implementação de medidas)

Grau de Resolução das Medidas Intermediário


Grau de Importância do Impacto (pós medidas) Reduzido

Elaboração: Arcadis, 2020.

* As ações e planos/programas aqui apresentadas serão detalhados no “Capítulo 3 - Plano de Ação para
Remediação, Reparação e Restauração dos Impactos” do Plano de Reparação da Bacia do Rio
Paraopeba, em elaboração pela Arcadis.

2 Fauna Silvestre

7.1.6.15. Alteração das comunidades faunísticas


Relação de causa e efeito

- Operação dos DIR, DTR, canteiros de obras, estacionamentos,


pátios de manutenção de veículos e máquinas, ETAFs 1 e 2
- Abertura e adequações de acessos;
- Transporte de rejeitos;
Ação causal - Remoção, peneiramento e deposição do rejeito;
- Lançamento de draga;
- Instalação do Trommel;
- Soterramento;
- Mobilização de mão de obra
- Geração de Ruído e Vibração;
- Incidência de iluminação artificial no período noturno;
- Atropelamento de fauna;
- Alteração na vegetação;
Aspecto(s) indutor(es)
- Aumento de circulação de pessoas;
- Aumento de circulação de veículos
- Aumento da caça e captura;
- Carreamento de material particulado e sedimento

Componente afetado Fauna Silvestre

Ocorrência do impacto Efetivo

Elaboração: Arcadis, 2020.

271
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Devido às diversas atividades provenientes da execução do manejo de rejeitos, tais como


supressão de vegetação, as quais correspondem à um total aproximado de 25 ha, o transporte
de rejeitos e da mobilização de mão de obra, poderão ocorrer perdas de indivíduos da fauna
silvestre, ocasionadas por atropelamentos, tentativas de caça e captura, manejo inadequado
da fauna ou cuidados insuficientes para prevenção de acidentes com a fauna de forma geral.
Em determinadas situações, mesmo que não ocorra a perda, os indivíduos faunísticos podem
sofrer com injúrias de diferentes proporções.

Por vezes, as atividades vinculadas ao manejo do rejeito são desenvolvidas no período


noturno, principalmente a etapa de peneiramento do rejeito removido dos locais de deposição,
que ocasiona o aumento da luminosidade artificial. Muitas espécies de fauna terrestre são
sensíveis a alterações no ambiente e, quando expostas a condições de intensificação de
ruídos, vibrações e luminosidade noturna no terreno, tendem a se afastar para áreas onde se
sintam mais seguras – ocasionando então o afugentamento e dispersão da fauna (FRANCIS
& BARBER, 2013).

Considerando as atividades do manejo de rejeito, tem-se que a perda, injúria e dispersão da


fauna trata-se de um impacto efetivo, por meio do qual irá ocorrer a alteração das comunidades
faunísticas existentes na área de influência das atividades.

A fauna mais propensa a ser afetada é composta pelos mamíferos, anfíbios e répteis que
apresentam como habitat preferencial o criptozoico e/ou fossorial, como é o caso das espécies
de tatu com ocorrência na sub-bacia do ribeirão Ferro-Carvão (Dasypus septemcinctus, D.
novemcinctus, Euphractus sexcinctus e Cabassous unicinctus), de anfíbios (Odontophrynus
cultripes, Elachistocleis cesarii e Siphonops paulensis) e de répteis, como os anfisbenídeos, os
lagartos do gênero Ophiodes e espécies da família Gymnophthalmidae, além de algumas
serpentes de menor porte (e.g. Atractus spp, Apostolepis spp.). Neste contexto, destacam-se
também diversas comunidades de insetos associadas ao solo (especialmente a fauna edáfica)
pelo seu baixo potencial de mobilidade e tamanho diminuto). Os impactos ocorridos na fauna
em decorrência da deposição da onda de rejeito estão considerados no Capítulo 2 do Plano de
Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba (ARCADIS, 2020). Entretanto as obras
necessárias ao manejo do rejeito também irão gerar ações adversas na fauna devido à
atividade de soterramento em áreas específicas. Cabe ressaltar que a intensidade entre os
impactos considerados no Plano de Reparação e no Plano de Manejo de Rejeito são distintas,
visto que possuem contexto e proporções diferentes.

O soterramento de áreas marginais a corpos d´água, como pequenos alagados temporários ou


poças permanentes, configura-se como principal causa da morte direta de exemplares de
anfíbios colonizadores destes ambientes, tal como áreas adjacentes à calha principal do
ribeirão Ferro-Carvão, alvo de supressão em função das atividades relacionadas ao manejo do
rejeito. Por apresentarem atividades predominantemente noturna, espécies de anfíbios em
repouso abrigam-se no solo para se protegerem da dessecação durante o dia, sendo alvos de
potencial soterramento durante as atividades de remoção e deposição do rejeito.

A perda da fauna pode ainda afetar não somente adultos, mas também girinos e desovas, tanto
terrestres quanto as exclusivas de micro-habitat em ambientes lênticos, durante a estação
chuvosa, quando ocorre o período reprodutivo da maioria das espécies registradas para a
região (ARCADIS, 2020; HADDAD et al., 2013; PIMENTA et al., 2014; UETANABARO et al.,
2008). Associado a isso, as atividades de manejo de rejeito são responsáveis por diversas

272
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

frentes de supressão vegetal, a qual corresponde a um total aproximado de 25 ha, e/ou


intervenção em demais habitat que guardam recursos à sobrevivência de espécies da fauna, a
qual corresponde a um total aproximado de 170 ha, podendo, durante as atividades de
supressão, exercer efeitos diretos sobre os indivíduos.

Também com o aumento da circulação de veículos e maquinários nas vias, para realização do
transporte de rejeitos, existe o risco do atropelamento da fauna silvestre, desorientada pela
criação de novos acessos, supressão de habitat, aumento de ruídos e circulação de veículos
em meio à sua área de vida, conforme registrado no Programa de Afugentamento da Fauna,
cujos dados foram sintetizados no cap. 2 Volume I do Plano de Reparação (ARCADIS, 2020).

O tamanho do impacto de perda dos indivíduos, em termos quantitativos, é de difícil


mensuração, variando conforme as espécies envolvidas, a especificidade de habitat, a
capacidade dispersiva das espécies e sua localização na área afetada (AMPLO, 2019c), além
da conspicuidade das espécies, sendo que as de menor porte são de mais difícil observação e
avaliação. Contudo a análise de bancos de dados referentes a programas de monitoramento
e/ou resgate de fauna podem contribuir para um melhor conhecimento dos grupos e espécies
comumente afetados.

Para isso, foi avaliado banco de dados disponibilizado pela Vale (2020), considerando-se os
dados provenientes do Monitoramento de atropelamentos da fauna e das ações de resgate e
atendimento da fauna no âmbito da execução das obras emergenciais. Essas ações são
realizadas considerando o entorno das obras que abrange uma extensão média de 75,73 km,
incluindo 1,09 km no Parque da Cachoeira. Os dados de fauna silvestre referentes à área de
estudo de detalhe, são referentes ao período de janeiro de 2019 a abril de 2020.

De acordo com o documento, registrou-se pelo menos cinco espécies de anfíbios Anuros (além
de três táxons identificados até gênero e um Hylidae não identificado), por meio de carcaças
e/ou animais que vieram a óbito posteriormente ao resgate – nenhuma delas ameaçada de
extinção.

Os répteis Squamata foram o grupo com a maior perda de indivíduos registrada, com 65
indivíduos observados por meio de carcaças e/ou animais que vieram a óbito posteriormente
ao resgate nas ações realizadas (programas específicos durante as obras emergenciais). Os
indivíduos pertencem a pelo menos 24 espécies (além de sete táxons identificados até gênero
de espécies já identificadas, e um Colubridae não identificado).

Nenhum dos répteis encontra-se ameaçado de extinção, porém a jiboia-arco-íris (Epicrates


crassus) e a jararaca-da-barriga-pintada (Bothrops neuwiedi) são endêmicas do Cerrado, e o
lagartinho-da-mata (Enyalius bilineatus) é endêmica da Mata Atlântica. Destacam-se entre os
registros a coral-falsa (Oxyrhopus guibei e Oxyrhopus sp.), somando 10 indivíduos (dos quais
nove foram atropelados), e a cascavel (Crotalus durissus), com 09 indivíduos (todos vítimas de
atropelamento).

No que tange à avifauna, entende-se que há potencial de perda de ninhos e ninhegos


relacionados à supressão de vegetação relacionadas ao manejo de rejeito, porém nos registros
obtidos para aves no banco de dados da Vale (2020), referem-se a 25 indivíduos, que vieram
a óbito por atropelamentos (15 indivíduos) e obras emergenciais (10 indivíduos).

273
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

As nove espécies registradas para a avifauna representam sete famílias e referem-se a


espécies predominantemente generalistas, que ocupam áreas abertas e antropizadas, como o
tico-tico (Zonotrichia capensis), rolinha-roxa (Columbina talpacoti) e o canário-da-terra (Sicalis
flaveola), sendo que nenhuma delas encontra-se ameaçada de extinção. A maioria dos
indivíduos (n=14), porém, não foi identificada de forma específica, sendo a maioria identificada
apenas como Passeriforme. Destaca-se o registro de um indivíduo de choca-da-mata
(Thamnophilus caerulescens), que habita o sub-bosque de ambientes florestais.

Os mamíferos foram o segundo grupo com maior registro de indivíduos perdidos em função de
obras emergenciais e atropelamentos, somando 58 espécimes de 11 famílias, e 18 espécies,
das ordens Didelphimorphia, Artiodactyla, Carnivora, Cingulata, Lagomorpha, Primates e
Rodentia, sendo esta última a ordem mais afetada, com 39 indivíduos perdidos (67,2% do total).

Mamíferos de pequeno porte, como roedores e marsupiais, são alvos frequentes da perda
direta de indivíduos associada à supressão vegetal e atropelamentos, em função das obras
emergenciais, dentre elas, aquelas associadas ao manejo de rejeito, dada a baixa capacidade
dispersiva. Dentre os registros analisados, roedores e marsupiais correspondem a 74,1% dos
indivíduos perdidos, sendo 100% das perdas ocasionadas por obras emergenciais. O
atropelamento afetou principalmente os mamíferos de médio e grande porte, com destaque
para o tapiti (Sylvilagus brasiliensis) – 6 indivíduos – e os carnívoros quati (Nasua nasua), mão-
pelada (Procyon cancrivorus) e cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) que somaram 4
indivíduos, apesar de também afetar marsupiais e roedores não Cricetídeos.

Quanto a melipofauna, destaca-se o registro de óbitos de colmeias de duas espécies: a


mandaçaia-do-chão (Melipona quinquefasciata) e a abelha-jataí (Tetragonisca angustula) que
foram registradas no contexto das obras emergenciais e podem seguir sendo afetadas pela
supressão de áreas de vegetação nativa.

Estima-se ainda que as comunidades de entomofauna, especialmente espécies sem


capacidade de voo, com baixa mobilidade ou associadas ao solo, podem ser mais afetadas no
âmbito das atividades de manejo de rejeitos, pela retirada e deposição do rejeito, com
potenciais soterramentos, além de atropelamentos. Essas perdas, no entanto, são
inquantificáveis em ações emergenciais devido ao tamanho diminuto das espécies.

Por fim, cabe destacar que, devido à menor cobertura vegetal para abrigo da fauna e
considerando a necessidade de obras emergenciais na região, que acabam trazendo maior
número de pessoas para circulação no local, espécies que ainda utilizem regiões próximas a
áreas de deposição do rejeito, ou que busquem atravessá-la, estão mais sujeitas à predação
e, também, à caça e captura.

Este aspecto de caça e captura é especialmente importante para aquelas espécies que são de
interesse econômico ou comercial, sejam espécies de xerimbabo (para utilização própria e/ou
venda como animais de estimação), ou espécies que tem comercialização de suas partes (pele,
penas etc.). Pode ainda ocorrer a caça das espécies conhecidas como cinegéticas, para fins
de alimentação, ou caça por represália, com o abate de espécies consideradas perigosas e
que podem ainda servir como “troféus” (FERNANDES-FERREIRA, 2014; SAMPAIO, 2014).
Nesse sentido, não há como desassociar a mão de obra especificamente empregada no
manejo de rejeito, considerando-se assim que a presença dessa mão de obra atualmente

274
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

empregada nessas atividades exponha a fauna silvestre local a potencial pressão de caça e
captura.

Independentemente da finalidade, a captura e caça retiram indivíduos de sua população na


natureza e configuram perda de indivíduos da fauna silvestre, o que, além de reduzir, podem
ameaçar a sobrevivência local desta população, ocasionando efeitos cascatas sobre a
comunidade faunística e da flora da região, conforme o papel que desempenham no
ecossistema. Assim, podem ser desencadeados desequilíbrios quanto ao controle populacional
de presas; controle populacional de plantas, pela predação de sementes; recrutamento
diferencial de plantas; dispersão de sementes e controle de insetos e larvas (SAMPAIO, 2014).

No que se refere à ocorrência de injúrias, de modo a caracterizar a fauna com maior propensão
deste tipo de incidente durante a execução das atividades de manejo de rejeito, são
apresentados os achados oriundos dos programas de afugentamento e resgate de fauna e
monitoramento da fauna atropelada, implementados no âmbito da execução das obras
emergenciais (VALE, 2020). Avaliou-se os dados de fauna silvestre referentes à área de estudo
de detalhe, com dados obtidos no período de janeiro de 2019 a abril de 2020. Os dados
avaliados indicam o registro de 35 indivíduos que demandaram ações de resgate e atendimento
médico-veterinário, sendo que 24 encontravam-se feridos e/ou debilitados (68,6%).

Dentre os 35 animais resgatados, predominaram espécimes da mastofauna com 15


exemplares resgatados, sendo 12 exemplares provenientes de resgates em obras
emergenciais e 3 indivíduos de atropelamentos. Dentre as 15 ocorrências de resgate foi
possível identificar 11 espécimes “feridos e/ou debilitados”, compondo riqueza de sete
espécies. Sete indivíduos são roedores Cricetídeos (Necromys lasiurus, Cerradomys sp.,
Akodon cursor e Euryoryzomys sp.), dois carnívoros (Nasua nasua e Cerdocyon thous) e um
primata (Callithrix penicillata) – sendo os carnívoras e primata vítimas de atropelamento. Não
foram registrados mamíferos ameaçados de extinção, entre os exemplares feridos.

O segundo grupo mais impactado, em número de ocorrência é o dos répteis, com 09 indivíduos
resgatados, dos quais seis estavam feridos e/ou debilitados. Estes são referentes a cinco
espécies, sendo três serpentes (Oxyrhopus sp., Leptodeira annulata e Erythrolamprus
aesculapii), uma anfisbena (Amphisbaena alba) e a lagartixa exótica (Hemidactylus sp.)

Para a avifauna, das oito aves resgatadas, 04 encontravam-se feridas e/ou debilitadas. Estas
representaram duas espécies: a saíra-amarela (Tangara cayana) e o urubu-de-cabeça-preta
(Coragyps atratus), além de dois exemplares de Passeriforme não identificados. Quanto aos
anfíbios, três indivíduos foram resgatados, todos na condição de feridos e/ou debilitados,
representando duas espécies (Boana faber e Rhinella diptycha).

Por fim, destaca-se que diversas colmeias, relativas a quatro espécies de abelhas sem ferrão,
foram realocadas a meliponários cadastrados ou para áreas adjacentes.

Dada a extensão da área afetada, bem como as dificuldades relacionadas à visibilidade dos
espécimes, principalmente em função de seu tamanho/porte é possível inferir que o impacto
pode ser significativamente maior. Vale destacar que é possível inferir também que, na
natureza, os indivíduos com ferimentos e debilidades estão mais sujeitos à predação e,
reduzem o sucesso em forrageamento e reprodução – o que corresponderia, então, ao não

275
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

desempenho ecológico na população e comunidade faunística, afetando a cadeia trófica à qual


pertence (KREBS et al., 1996; MORIN, 1985).

Vale destacar que dentre o total de 35 indivíduos resgatados, 45,7% vieram a óbito (n=16), ao
passo que 34,3% dos indivíduos (n=12) puderam ser reabilitados e realocados em áreas de
soltura pré-determinadas.

Em relação às ações do manejo de rejeito que podem causar a dispersão e afugentamento da


fauna, tem-se os ruídos e vibrações. Estes aspectos ambientais são capazes de dispersar, bem
como perturbar os elementos da fauna, uma vez que, a depender de sua intensidade, promove
alterações comportamentais afetando, principalmente, estratégias reprodutivas e alimentares.
Alterações no padrão de comportamento provocados pela dispersão podem originar interações
agressivas entre animais de uma mesma população que, sob condições normais, são
controladas por mecanismos que definem os padrões de organização social, especialmente
entre espécies territorialistas. O afugentamento e dispersão de espécimes pode ainda
ocasionar alterações em sua distribuição e padrão de movimento em uma determinada área,
além de aumento na competição e predação em fragmentos adjacentes às áreas afetadas
(BAYNE et al, 2008; FRANCIS & BARBER, 2013).

Tem-se ainda a questão da incidência de iluminação artificial no período noturno, que é


associada à desorientação de espécies que se orientam pela luminosidade, tais como aves
migratórias e a entomofauna. A iluminação noturna deve ocorrer especialmente na área onde
ocorrem as atividades de peneiramento do rejeito, que podem também ocasionar acidentes,
como o choque com as estruturas de peneiramento, resultando em injurias e/ou óbitos.

A luz artificial no período noturno configura-se como uma pressão antrópica significativa sobre
os sistemas biológicos naturais, uma vez que tais sistemas são organizados particularmente
por ciclos diários e sazonais de luz e escuridão (PAIETA, 1982). Algumas espécies são
fortemente atraídas pela luz, como os insetos da família Culicidae (muitos deles potenciais
vetores de doenças), coleópteros (besouros) e lepidópteros como mariposas noturnas,
enquanto outras são fortemente repelidas, como algumas espécies de morcegos. Para além
dos efeitos mais estudados relacionados a fototaxia, tem-se que para os pássaros, a exposição
a luz artificial noturna pode levar ao prolongamento da duração de suas atividades (início mais
cedo e cessar mais tarde), sendo as alterações no cantar e forragear as mais marcantes
(SANDERS et al., 2010).

Já para os roedores, a duração da atividade de espécies diurnas e noturnas tende a ser


reduzido pela exposição à luz artificial noturna (SANDERS et al., 2010). Além disso, linhas
contínuas de iluminação artificial ao longo de um trecho podem representar barreira ao
deslocamento de pequenos, médios e grandes mamíferos, além de morcegos (BARGHINI &
MEDEIRO, 2006; BEIER, 1995; SANDERSON et al., 1998)

Existe também a tendência da exposição à luz artificial noturna intensificar a atividade de


predação em espécies de hábitos diurnos e diminuir naquelas de hábitos noturnos.
Observações demonstram que é provável que as gerações expostas à luz artificial noturna
sofram com alteração dos níveis hormonais, especialmente a melatonina, resultando numa
tendência de comprometimento em seu crescimento, produzindo indivíduos menores que as
referências de sua espécie. De todo modo, ainda existem poucos estudos, especialmente em
áreas tropicais, que demonstrem os efeitos da exposição a luz noturna artificial sobre a fauna

276
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

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silvestre, região em que podem se manifestar de maneira particularmente forte, por causa da
limitação na variação sazonal natural na duração da luz do dia e da noite em latitudes baixas
(SANDERS et al., 2010).

A) Descrição do impacto
A perda, injúria, afugentamento e dispersão da fauna silvestre causam a alteração das
comunidades faunísticas. A perda de indivíduos associada às atividades antrópicas é um claro
impacto que reflete de modo mais amplo na espécie, população ou comunidade faunística. A
injúria sofrida pela fauna silvestre tem potencial de afetar a saúde dos espécimes, tornando-os
vulneráveis, por exemplo, a predação, gerando consequências sobre a integridade física de
indivíduos da fauna silvestre local, muitos dos quais não poderão ser reintroduzidos no
ambiente. No que se refere à dispersão da fauna silvestre, esta pode ocasionar alterações na
distribuição e padrão de movimento de espécimes, alterações comportamentais, alterações
nas interações inter e intraespecíficas. Com base nas informações apresentadas, considera-
se este impacto como negativo.

Este impacto é direto decorrente das diversas atividades realizadas no manejo de rejeitos. A
alteração da comunidade da fauna silvestre ocorre diretamente pelas atividades de remoção
dos rejeitos, soterrando os indivíduos, além de atividades como mortalidade durante a
supressão de vegetação, atropelamento pelo aumento do fluxo de veículos e potencial caça
devido ao aumento de circulação de pessoas.

Configura-se como um impacto regional, uma vez que, apesar dos emissores das
perturbações se restrinjam a sub-bacia do ribeirão Ferro-Carvão e alguns trechos do rio
Paraopeba, se espera que a movimentação da fauna afugentada vá além dos limites da área
utilizada para o manejo do rejeito. Além disso, a movimentação dos caminhões e demais
equipamentos para o manejo do rejeito não está restrita ao local do manejo em si, visto que
existem áreas de oficina, manutenções e lavagens de equipamentos estão outras localidades.
Dessa forma, entende-se que estes deslocamentos, para além da região na qual ocorre o
manejo dos rejeitos, também podem ocasionar perda e injúria da fauna silvestre. Entretanto,
espera-se que os efeitos desse impacto fiquem restritos à região da bacia do rio Paraopeba.

Entende-se que o impacto ocorre no curto prazo, uma vez que ocorre simultaneamente a
ocorrência do aspecto causador.

Considerando a perda da fauna silvestre, trata-se de um impacto de caráter irreversível, posto


que a morte de espécimes possui medidas reparadoras apenas com caráter compensatório.
Mesmo que injúrias e dispersão/afugentamento de fauna possam ser de caráter reversível, a
classificação da reversibilidade deste impacto está sendo considerara como a mais
conservadora.

Uma vez encerrados os estímulos oriundos das ações associadas ao manejo de rejeito, a
tendência é que a comunidade faunística retorne ao equilíbrio anterior, sendo assim, considera-
se o impacto como de caráter temporário.

Quadro 7-49 - Atributos do impacto de perda, injúria e alteração da comunidade faunística.

Atributos de Descrição do Impacto

Natureza Negativo Prazo Curto


Ordem Direto Reversibilidade Irreversível

277
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Atributos de Descrição do Impacto

Escala espacial Regional Duração Temporário

Elaboração: Arcadis, 2020.

B) Avaliação do Impacto
A magnitude deste impacto foi considerada como sendo média já que, embora deva atingir
principalmente espécies generalistas, foram registrados os óbitos de indivíduos da fauna
silvestre endêmica e deve se considerar que o impacto pode vir a abranger a fauna ameaçada,
entre vertebrados e invertebrados. Além disso, embora um número relativamente pequeno de
indivíduos tenha sido resgatado na condição de injúria (ferimento/ debilidade), é possível inferir
que muitos outros indivíduos feridos desde o início das atividades de manejo de rejeito não
chegaram a ser resgatados, tendo sua sobrevida e reprodução comprometidos, e que,
portanto, o impacto é significativamente maior do que o que se pode mensurar no momento.
Além das intervenções ocasionadas diretamente na área de manejo do rejeito, tais como as
emissões de ruídos, vibração e luminosidade artificial, podem também contribuir para a
magnitude deste impacto a ocorrência de ações no entorno da área afetada, não somente de
ambientes antropizados, mas também de ambientes naturais para a fauna, como Florestas
Estacional Semidecídua (FES) e Cerrado stricto sensu.

O impacto incide sobre o componente Fauna Silvestre e sua sensibilidade foi considerada alta,
dado que o valor da vida de um animal representa um bem insubstituível, tendo maior
relevância ecológica decorrente da potencial presença de espécies endêmicas e ameaçadas
de extinção em âmbito estadual, nacional e/ou global.

O grau de importância deste impacto é elevado, resultando da combinação da magnitude


média e sensibilidade alta.

Quadro 7-50: Grau de importância do impacto Dispersão Desordenada e Afugentamento da


Fauna Silvestre.

Avaliação do Grau de Importância do Impacto

Magnitude Média

Sensibilidade ou valor do componente Alta

Grau de Importância do Impacto Elevado

Elaboração: Arcadis, 2020.

Para o controle e mitigação deste impacto, foram implementados o Programa de


Afugentamento e Resgate de Fauna e o Programa de Monitoramento de Fauna Atropelada.

Ademais o Plano de Monitoramento da Biodiversidade, proposto no âmbito do PCA, objetiva


monitorar as comunidades faunísticas, com vistas a verificar a composição e estrutura ao longo
de áreas afetadas, em comparação às áreas em recuperação e áreas de referência.

278
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Também foi criado o Programa de Sinalização e Controle do Tráfego que atua na proposição
e execução de diversas ações que tem como objetivo evitar o risco de incidentes provocados
pela utilização e tráfego de veículos nas áreas em que ocorre o manejo de rejeito.

Por fim, o Programa de Conscientização Ambiental do Trabalhador, deve conscientizar sobre


a proteção legal à fauna (caracterizando a caça como crime ambiental) e apresentar
orientações aos condutores de veículos a respeito do cuidado com a presença da fauna
silvestre na região e das medidas a serem adotadas no caso de incidentes.

Em relação às medidas para atenuar a interferência nas atividades das obras de manejo no
que tange à dispersão e afugentamento da fauna, deve-se executar monitoramentos do nível
de emissões de ruídos e vibrações específicas para a fauna e estabelecer e/ou continuar com
a adoção medidas de controle, tais como, promover manutenção constante de veículos e
equipamentos, além de implantar sistemas de abafamento de ruídos, a serem estabelecidas
no âmbito do Programa de Gestão Ambiental das Obras, em desenvolvimento pela Vale.

Com relação a exposição à iluminação artificial noturna, devem ser adotadas medidas no
sentido de controlar o direcionamento dos feixes de luz e proteger os equipamentos geradores
de luz a fim de minimizar a potencialidade de incidentes de colisão ou queimaduras em
indivíduos da fauna. Além disso, tais medidas visam estabelecer procedimentos que
determinem a utilização da iluminação noturna artificial somente em períodos de atividade
efetiva de manejo dos rejeitos, minimizando o tempo de utilização dos dispositivos luminosos.
Se faz importante que estas ações sejam adotadas em todos os locais nos quais há (ou haverá)
a necessidade de iluminação noturna artificial. Nesta ótica, é importante a criação, por parte da
Vale, de um programa específico no qual estejam correlacionadas estas ações, bem como os
devidos procedimentos a serem seguidos por parte da equipe executora. Paralelamente, a
continuidade do monitoramento da fauna permitirá aferir a efetividade das ações adotadas e,
caso necessário, ajustes serão realizados para garantir a gestão adaptativa no processo.

No âmbito do Plano de Monitoramento da Biodiversidade (Programa de Monitoramento da


Biota Terrestre), devem ser monitoradas as ocorrências de injurias ou óbitos nas comunidades
faunísticas, nas proximidades dos focos de iluminação associados ao manejo de rejeito, de
modo a avaliar a necessidade de ação de outras medidas para sua mitigação.

Outra medida de aspecto preventivo é acompanhar a evolução da composição específica e


abundância de indivíduos das comunidades faunísticas para a área de estudo de detalhe, no
âmbito do Plano de Monitoramento da Biodiversidade (Programa de Monitoramento da Biota
Terrestre), que tem caráter de acompanhamento do sucesso das medidas sobre a fauna
silvestre, com vistas a avaliar sua composição e estrutura ao longo de áreas afetadas, áreas
em recuperação e áreas de referência.

Uma vez que as medidas mitigadoras ainda carecem de inclusão de medidas adicionais, por
exemplo no que se refere à dispersão e afugentamento da fauna devido ao ruído ambiental
gerado pelas obras de manejo de rejeito, entende-se que, no momento, o grau de resolução
do impacto é intermediário.

279
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Quadro 7-51: Medidas de mitigação associadas ao impacto Dispersão Desordenada e


Afugentamento da Fauna Silvestre.

Medidas de Mitigação

Ações Planos ou Programas

Afugentamento de animais da área de risco em função da


supressão vegetal e/ou obras emergenciais;

Resgate de indivíduos feridos e/ou debilitados para


encaminhamento ao tratamento na instalação de
atendimento à fauna, de acordo com sua condição clínica
Programa de Afugentamento e Resgate
Retirada do animal em risco durante as atividades de de Fauna e Programa de Reabilitação de
supressão e/ou obras emergenciais e realocação para Fauna Silvestre
local seguro, sem que haja encaminhamento para as
instalações de atendimento à fauna.

Atendimento in loco do animal, não sendo necessário o


seu encaminhamento para tratamento em alguma das
instalações

Vistoria de vias, em rotas pré-estabelecidas para detecção Programa de Monitoramento de Fauna


de animais feridos, debilitados ou em óbito. Atropelada

Controle de velocidade nas vias internas

Controle de velocidade dos veículos


Programa Sinalização e Controle de
Instalação de equipamentos de trânsito (lombadas) que
Tráfego
visam reduzir a velocidade dos veículos

Implantação de passagens de fauna e placas de


sinalização indicando a presença ou travessia de animais

Orientações aos motoristas e operadores de maquinário a


respeito da presença da fauna silvestre e das medidas a
serem adotadas no caso de incidentes Programa de Conscientização Ambiental
do Trabalhador
Conscientizar sobre a proteção legal à fauna e
caracterizar a caça como crime ambiental

Rastreamento e resgate de animais silvestres

Construção de bebedouros (bacias de dessedentação)

Prospecção de fauna (terrestre e sobrevoo)


Plano de Ação para Proteção à Fauna
Atendimento veterinário (estabilização em campo)

Atendimento veterinário (admissão de animais nas


instalações)

280
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Medidas de Mitigação

Atendimento veterinário (diagnóstico e tratamento de


animais)

Manutenção em cativeiro

Destinação final (reabilitação e soltura ou transferência


para criadouros conservacionistas)

Controle no direcionamento dos feixes de luz

Adoção de medidas de proteção dos equipamentos


geradores de luz
Elaboração de novo programa e/ou
Estabelecer procedimentos para utilização da iluminação complementação de programa já
somente em períodos de efetiva atividade de manejo dos existente
rejeitos
Direcionamento correto da iluminação afim de não incidir
sobre fragmentos de mata adjacentes ao manejo de
rejeitos

Programa de Monitoramento de Ruído e


Monitorar as emissões de ruídos e vibrações, incluindo a
Vibração - Tema Fauna Silvestre
fauna silvestre como receptor.
(sugerido)

Avaliação da composição e estrutura da comunidade


faunística, através de amostragens de médio e longo
prazo nas áreas diretamente afetada, em áreas de
referência e em áreas protegidas.
Plano de Monitoramento da
Efetuar avaliação do comportamento da fauna em relação Biodiversidade (Programa de
à Iluminação Artificial Noturna, para propor medidas Monitoramento da Biota Terrestre)
mitigadoras adicionais, ou elaborar Plano de Ação
específico.

Monitoramento dos Incidentes com a Fauna Silvestre

Grau de Importância do Impacto (após implementação de medidas)

Grau de resolução de ações e medidas propostas Intermediário


Grau de importância do impacto pós-medidas Elevado

Elaboração: Arcadis, 2020.

Cabe ressaltar que, embora a Vale esteja realizando ações concretas para a mitigação deste
impacto, a importância pós medidas permanece como elevada. A continuidade da execução
das medidas já aplicadas, somadas às novas medidas a serem implementadas, tendem a
proporcionar a reclassificação como forte e, consequentemente, o impacto passará a ser
classificado como sendo de importância moderada na revisão anual a ser realizada neste
documento. A ação de melhoria contínua faz parte da gestão adaptativa que está sendo
realizada pela Vale, por meio da qual espera-se atingir uma maior efetividade das ações ao
longo do tempo.

281
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

7.1.6.16. Perda e redução de qualidade do Habitat de espécies terrestres e semiaquáticas


Relação de causa e efeito

- Supressão de Vegetação para as atividades do manejo de


rejeito, tais como DIR, DTR, canteiros de obras,
estacionamentos, pátios de manutenção de maquinário, locais de
lançamento de draga, abertura e adequações de acessos
- Execução das atividades de manejo de rejeito extracalha:
Ação causal Operação dos DIR, DTR, canteiros de obras, estacionamentos,
pátios de manutenção de maquinário, ETAF 1, transporte e
peneiramento do rejeito, disposição de rejeito em cava.
- Execução das atividades de manejo de rejeito intracalha: locais
de lançamento de draga, dragagem, instalação e operação do
Trommel.
- Alteração no uso do solo;
- Carreamento de sedimentos, rejeito, resíduos e/ou efluentes
líquidos;
- Geração de ruído e vibração;
Aspecto(s) indutor(es)
- Suspensão de material particulado na atmosfera;
- Aumento da incidência de iluminação artificial no período
noturno
- Ressuspensão de sedimentos em ambientes aquáticos
Componente afetado Fauna Silvestre

Ocorrência do impacto Efetivo

Elaboração: Arcadis, 2020.

A vegetação desempenha função estruturadora de habitat para a fauna, disponibilizando


recursos necessários, tais como abrigo, alimentos e áreas propícias à reprodução. Próximas
de nascentes e margens dos rios, a vegetação nativa também promove a proteção na interface
de ambientes terrestres e aquáticos, promovendo proteção dos solos, águas e estabilidade
geológica, especialmente importante quando localizada em encostas íngremes.

Dessa forma, a supressão de vegetação necessária para a implantação de estruturas de apoio


e a abertura e adequações de acessos, em função da execução do manejo de rejeitos, associa-
se à redução de habitat aos quais espécies animais estão intimamente associadas. Cabe
ressaltar que atividades não relacionadas ao manejo do rejeito, tais como a implantação /
operação de obras de contrapartida, também estão associadas com a perda de habitat na
região e a ocorrência de tais impactos já ocorreu e, foi citado em outros documentos elaborados
desde o evento da ruptura das barragens na área de Brumadinho. Do exposto, neste impacto
foram consideradas somente as atividades estritamente correlacionadas com o manejo do
rejeito. Nesta ótica, a descrição dos atributos, definição de magnitude e importância do impacto
não considera a perda ou redução da qualidade de habitat decorrentes de outras ações não
especificadas neste Plano de Manejo de Rejeito (PMR).

Vale mencionar que para este estudo, foram adotadas as mesmas premissas metodológicas
estabelecidas pelo Plano de Reparação referente ao impacto Perda de Habitat Terrestre.
Desse modo, consideram-se os levantamentos de dados secundários executados para a
abrangência denominada Área de Estudo de Detalhe (AED) delineada pelo Plano, que retrata
o cenário pré-rompimento.

282
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

No Plano de Manejo de Rejeitos a Área de Estudo de Detalhe, originalmente constituída pela


sub-bacia do ribeirão Ferro-Carvão, e áreas adjacentes, foi levemente remodelada de modo a
abarcar completamente as áreas em que se desenvolvem as atividades de manejo de rejeito,
a fim de indicar com maior assertividade os locais em que há perdas de habitat adicionais
àqueles diretamente relacionados ao rompimento das barragens B-I, B-IV e B-IVA. O
comparativo entre os limites da Área de Estudo de Detalhe para a Fauna Silvestre no âmbito
do Plano de Manejo de Rejeitos e do Plano de Reparação, bem como a localização das
intervenções associadas ao Plano de Manejo de Rejeito, podem ser observados na Figura
7-55.

Legenda

Obras vinculadas ao Plano de Manejo de Rejeito

Área de Estudo de Detalhe – Plano de Reparação

Complementação da Área de Estudo de Detalhe para o Plano de Manejo de Rejeito

Figura 7-55 - Área de Estudo de Detalhe – Fauna Silvestre.

Entende-se que as perdas de habitat associadas ao PMR são provocadas pelas atividades
vinculadas aos Depósitos Temporários de Rejeito (DTR), Depósitos Intermediários de
Resíduos (DIR), canteiros de obras, estacionamentos, pátios de manutenção de maquinário,
Estações de Tratamento de Água Fluvial (ETAFs 1 e 2), locais de lançamento de draga, bem
como a abertura e adequações de acessos.

O evento de ruptura das barragens ocorreu em 25 de janeiro de 2019 e, ao longo destes quase
dois anos após o rompimento, a área impactada pela deposição do rejeito extracalha vem
passando por alterações em função das ações ambientais naturais. Neste viés, tem-se o
surgimento de novos habitat sobre a mancha de rejeito, os quais estão sendo recolonizados,
como, em lagos e áreas de brejo formados pela reconformação da área provocada pela

283
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

deposição e manejo do rejeito. Nestes ambientes existem diferentes níveis de recolonização,


podendo estes serem colonizados por espécies semiaquáticas e aquáticas. Além disso, a
disponibilidade de água e alimento (como peixes, por exemplo) são um atrativo para diversas
espécies da fauna silvestre incluindo mamíferos e aves. Com a remoção do rejeito extracalha
estes ambientes e, consequentemente a fauna associada, serão impactados.

Por meio da análise da ortofoto obtida com o sobrevoo de drone ocorrido no dia 18 de novembro
de 2020, é possível notar que em diversos pontos da mancha de rejeito existem áreas com
retenção de água, nos quais pode haver processos de recolonização em diferentes níveis. Na
Figura 7-56, a seguir, são retratados alguns exemplos:

A B

C D

Figura 7-56 - Áreas de acúmulo de água identificadas sobre a mancha de rejeito. A) Região ao
sul da área de peneiramento de rejeito; B) DTR – 08 (Fazenda Recanto); C) Região ao oeste
Canteiro B1/1 e D) Região ao oeste do Canteiro B1/2. Nota: Escala variável entre as imagens A,
B, C e D.

Cabe ressaltar que, assim como detalhado no Plano de Reparação, não somente as
intervenções em áreas recobertas por vegetação nativa são entendidas como perda de habitat,
mas também algumas tipologias de uso e ocupação do solo em que é sabido, a partir da
informação da literatura e do conhecimento empírico dos especialistas, que a fauna silvestre
faz uso.

284
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Desse modo, pode ser verificado no Quadro 7-52 a seguir a compatibilização das classes de
usos e ocupação do solo com as classes de habitat consideradas e a perda de habitat
ocasionada pelas intervenções associadas estritamente ao manejo do rejeito.

Quadro 7-52 – Compatibilização das classes de uso e ocupação do solo com classes de habitat
comuns.

Perda de Habitat
Classes de Uso e Ocupação Compatibilização das
Siglas AED (ha)
do Solo Classes de Habitat Área % (perda/
(ha) AED)

Floresta Estacional
Semidecídua - estágio inicial
FES
Floresta Estacional Florestal (MA)1 3.678,86 18,8 0,51
(MA)¹
Semidecídua - estágio médio
ou avançado
Área úmida
Ambientes Aquáticos AA 57,45 7,71 13,42
Corpo d'água
Cerrado (CE) com
Cerrado stricto sensu indivíduos arbóreos SAV 406,67 6,21 1,53
esparsos
Campo antrópico/ pastagem
Cultivo agrícola
Habitação rural Áreas antropizadas ATR 1.660,14 147,07 8,86
Floresta plantada
Bambuzal
Solo exposto Solo Exposto SE 48,11 12,12 25,19
Não considerados
Outros² como Habitat, ou N/A 1.318,13 60,15 4,56
habitat não afetados

Total 7.169,36 252,06 3,52

Elaboração: Arcadis, 2020. Legenda: 1 - Espécies típicas de fitofisionomias florestais que não ocorrem
na área de estudo, mas que podem ocupar florestas estacionais, tiveram o uso de habitat classificadas
nesta categoria. 2 – Outros usos (que incluem mineração, área de rejeito, área urbana, etc) não são
classificados como habitat, sendo desconsiderados da contabilização do total para o impacto de perda
de habitat, já os Campos Rupestres e Afloramento Rochoso são considerados habitat, porém, não são
afetados pelo PMR. Fonte: Plano de Reparação (ARCADIS, 2020), adaptado para o PMR.

As intervenções em habitat relacionadas à execução do Plano de Manejo de Rejeitos afetam


um total de 252,06 ha, o que representa 3,52% dos habitat disponíveis na área de estudo de
detalhe, abrangendo predominantemente áreas antropizadas (147,07 ha) e áreas de solo
exposto (12,12 ha), mas também afetando ambientes florestais (18,8 ha), aquáticos (7,71 ha,
incluindo áreas úmidas e corpos d’água) e Cerrado (6,21 ha).

Associadas às áreas antropizadas suprimidas, que abrangem principalmente áreas de campo


antrópico e cultivo agrícola, estão as espécies da fauna consideradas generalistas, isto é,

285
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

capazes de ocupar mais de um tipo de habitat e que não possuem requerimentos ecológicos
específicos (como hábitos alimentares ou comportamentais) (BEGON et al, 2007). Estas
espécies compõem a maioria da fauna presente na Área de Estudo de Detalhe (Plano de
Reparação - ARCADIS, 2020), e entre estas pode-se citar a perereca-cabrinha (Boana
albopunctata), o sapo-cachorro (Physalaemus cuvieri), o teiú (Salvator merianae) e a cascavel
(Crotalus durissus) – para a herpetofauna; o quero-quero (Vanellus chilensis), o gavião-carijó
(Rupornis magnirostris), o tico-tico (Zonotrichia capensis) e o tiziu (Volatinia jacarina) – para a
avifauna; o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) e o veado catingueiro (Mazama gouazoubira)
– para a mastofauna, entre outras. Os espécimes mencionados possuem alta capacidade de
adaptação em ambientes modificados, podendo ocorrer tanto em área de florestas como em
áreas antropizadas (HADDAD et al, 2013; ICMBio, 2018; IUCN, 2020; PAGLIA et al., 2012;
REIS et al, 2010; SICK, 1997).

Como segundo habitat mais afetado, as áreas de solo exposto constituem áreas de menor
qualidade ambiental para a fauna em geral, por proporcionarem menos recursos. Não obstante,
estas são consideradas como habitat afetado por serem potencialmente habitados por
espécies como a cobra-de-duas-cabeças (Amphisbaena alba), o lagarto (Ameiva ameiva),
pontualmente por aves em busca de presas (p.ex., invertebrados que habitam o solo), como o
carcará (Caracara plancus) e o carrapateiro (Milvago chimachima), além de tatus (Dasypus
novemcinctus, Euphractus sexcinctus) e o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), em travessia
para outras áreas.

Por sua vez, os ambientes florestais representam 7,45% do habitat perdido pelas atividades do
PMR, correspondendo a 0,51% das florestas pré-existentes na área de estudo de detalhe
(18,58 ha perdidos, em relação a 3.678,86 ha no cenário anterior). Entre a fauna registrada
para a área de estudo de detalhe (Plano de Reparação - Arcadis, 2020), os mamíferos
terrestres, quirópteros e entomofauna estão entre os grupos, onde a maior parte das espécies
ocupam as florestas, sendo que 10% das espécies de mamíferos, 28% das espécies de
quirópteros e 14% da entomofauna ocupam este habitat de forma exclusiva. Quanto as aves,
os levantamentos bibliográficos realizados para a caracterização da avifauna da área de estudo
de detalhe (baseline) do Plano de Reparação (ARCADIS, 2020), apontaram a ocorrência de
291 espécies, distribuídas em 25 ordens e 59 famílias, 64% das espécies utilizam ambientes
florestais, sendo que 12% ocupam exclusivamente o ambiente florestal. Cerca de 26% das
espécies de anfíbios e 20% dos répteis ocupam de forma exclusiva as florestas estacionais, de
acordo com a mesma fonte3.

Embora afetada em pequena quantidade, para as florestas mais bem conservadas, que se
encontravam em estágios médio e avançado de regeneração, estão associadas espécies de
grande importância para conservação, encontrando-se ameaçadas de extinção – como o
cuitelão (Jacamaralcyon tridactyla) cujo status consta como “Vulnerável” (VU) em nível global
(IUCN, 2019), a jaguatirica (Leopardus pardalis) e o cateto (Pecari tajacu) classificados como
“Vulnerável” (VU) em âmbito estadual (COPAM, 2010).

Em relação a entomofauna, destaca-se a presença de abelhas do gênero Melipona (abelhas


sem ferrão), fortemente associada à presença de ambientes florestais típicos da Mata Atlântica
presentes na bacia do Ferro-Carvão. Assim sendo, a presença destas abelhas no ambiente é

3
Foram consultados sites especializados, tais como: SPECIESLINK, 2019; 2020; VERTNET, 2019; 2020; GBIF, 2019; 2020,
relatórios ambientais de empreendimentos de destaque na Bacia junto ao IBAMA (IBAMA, 2019) e Secretaria Estadual de Meio
Ambiente e Desenvolvimento – SEMAD (SIAM, 2019; 2020) e mais 247 fontes bibliográficas, conforme quadro apresentado no
Capítulo 2 do Plano de Reparação (Arcadis, 2020).

286
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

determinada pela presença de árvores de grande diâmetro, elevada diversidade de flores,


umidade e sombreamento (MICHENER, 2007).

Afetados em menor proporção (2,46% dos habitat perdidos ou 1,53% desta classe no cenário
anterior da AED), os ambientes de Cerrado estão associados a espécies de aves, como o
batuqueiro (Saltatricula atricollis) e o inhambu-chororó (Crypturellus parvirostris); aos répteis,
como a cobra preta (Pseudoboa nigra) e os calangos lisos (Aspronema dorsivitatta e
Notomabuya frenata); e aos mamíferos ameaçados como o lobo-guará (Chrysocyon
brachyurus), o gato-mourisco (Herpailurus yagouaroundi) e a raposinha (Lycalopex vetulus).
Merece destaque também, espécies de insetos de hábito específico, como a borboleta (Parides
burchellanus), classificada como “Criticamente em Perigo” (CR) (ICMBio/MMA, 2018) e
endêmica de Cerrado. Essa espécie é tida como rara e dependente de plantas hospedeiras
(Aristolochia chamissonis) (BEIRÃO et al. 2012), além de estar associada à cursos d’água, em
áreas de borda de florestas (FREITAS & MARINHO-FILHO, 2011).

Os ambientes aquáticos tiveram 7,71 ha afetados pelas atividades do PMR, o que corresponde
a 13,42% do total deste habitat na AED.

Entende-se que a interferência potencial e efetiva do PMR nos ambientes aquáticos representa
a perda de recursos alimentares e áreas de forrageamento para espécies da fauna silvestre de
hábito semiaquático por exemplo o mão-pelada (Procyon cancrivorus), que consome peixes e
crustáceos (podendo também incluir outros grupos de vertebrados e invertebrados) (REIS et
al., 2010). Também é o caso das aves que consomem peixes e outros animais aquáticos como
alguns representantes das famílias Alcedinidae, Ciconiidae, Phalacrocoracidae, Anhingidae,
Ardeidae, Threskiornithidae, Rallidae, Scolopacidae, Pandionidae além de aves das famílias
Anatidae e Podicipedidae, que se alimentam de plantas aquáticas (SIGRIST, 2014). Destacam-
se entre as espécies aquáticas, o jaburu (Jabiru mycteria) e a cabeça-seca (Mycteria
americana), ambos da família Ciconiidae, o colhereiro (Platalea ajaja) – da família
Threskiornithidae e migratórias setentrionais como o maçarico-solitário (Tringa solitaria) – da
família Scolopacidae e a águia-pescadora (Pandion haliaetus) – da família Pandionidae.

Além das aves e mamíferos, muitas espécies de anfíbios anuros (sapos, rãs, jias e pererecas)
são comumente associadas aos ambientes aquáticos, por apresentarem adaptações para um
modo de vida bimodal, ou seja, com uma fase da vida aquática (girinos) e outra terrestre
(adultos) (VITT & CALDWEEL, 2014), (DUELMANN & TRUEB, 1994; BERNARDE, 2012;
HADDAD et al., 2013). O impacto sobre espécies habitat especialistas de anfíbios anuros pode
desencadear impacto em outros processos ecológicos nas cadeias tróficas, uma vez que os
anfíbios podem servir de base alimentar para várias espécies de invertebrados aquáticos e
terrestres, serpentes, mamíferos e aves (MARQUES; ETEROVIC; SAZIMA, 2001; RIBEIRO et
al., 2019; TOLEDO; RIBEIRO; HADDAD, 2007).

No que se refere à redução da qualidade do habitat de espécies terrestres e semiaquáticas,


tem-se que as atividades de manejo de rejeito, especialmente a remoção do local de origem
intracalha e extracalha, a deposição nos locais temporários, a etapa de peneiramento e
deposição final, são potencialmente indutoras de arraste e deposição de rejeitos ao longo da
sub-bacia do ribeirão Ferro-Carvão e no rio Paraopeba, sendo potencializado durante o período
chuvoso. Dessa forma, caso as atividades de manejo de rejeito provoquem ou intensifiquem o
carreamento e deposição de material, entende-se que a redução da qualidade das águas
superficiais possa ocasionar a redução da qualidade do habitat das espécies que utilizam estes
locais para dessedentação e/ou como parte do seu ciclo de vida. Além disso, tais alterações

287
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

podem também afetar sítios reprodutivos de espécies de hábito semiaquático, como os


quelônios.

Para as famílias de quelônios registrados (Geomydidae e Chelidae), o soterramento de sítios


reprodutivos que potencialmente possam existir na área pode implicar em alteração das
condições abióticas do substrato, que podem influenciar o tempo de incubação e sucesso da
emersão de filhotes (BALESTRA et al., 2016; FERREIRA JÚNIOR, 2009; FERREIRA JÚNIOR
et al., 2011; SOUZA; ABE, 2001; SOUZA, 2004). Em área em que se verifique a alteração das
características químicas das camadas mais superficiais do solo, em função, por exemplo, do
extravasamento de traços de rejeitos misturado a água sobre as áreas marginais do rio
Paraopeba, por conta de inundações, nos DTRs dada a permanência do rejeito sobre o solo,
bem como em função de atividades como manutenção e lavagem de equipamentos e
armazenamento e manipulação de produtos químicos (caso os efluentes não sejam
devidamente armazenados e destinados), podendo, essas alterações afetar organismos de
hábito fossorial.

As atividades de manejo de rejeito podem ainda reduzir a qualidade do habitat em ambientes


aquáticos (temporariamente ou não) pelo lançamento do efluente tratado na ETAF 1 e ETAF
2, conforme descrito no impacto de “Alteração nos efeitos de toxicidade e bioacumulação na
biota aquática”.

Nesse sentido, as condições verificadas no substrato de áreas afetadas, podem também alterar
a vegetação presente (senescência foliar, alterações fenológicas, alteração dos processos de
germinação, estabelecimento e sucessão florestal) – conforme descrito no de impacto de
“Desregulação Fisiológica de Indivíduos da Flora” deste estudo. Levando em consideração os
hábitos de vida e alimentares da fauna, é possível inferir que estas alterações do solo e
vegetação pode afetar o forrageamento de diversas espécies da fauna, incluindo herbívoras,
como a capivara (Hydrochoerus hydrochaeris), e as de hábito fossorial, como tatus, alguns
anfíbios (como Odontophrynus cultripes e Elachistocleis cesarii), répteis, como anfisbenídeos,
lagartos Ophiodes ou Gymnophthalmidae, serpentes dos gêneros Atractus ou Apostolepis, ou
ainda insetos associadas ao solo.

O manejo de rejeito, além de potencializar traz novos aspectos a essa equação, como a
geração de ruídos e vibração, luminosidade artificial e a dispersão de material particulado, que
apresentam importante capacidade de reduzir a qualidade dos habitat, com efeitos negativos
sobre a fauna silvestre mesmo que pontualmente e temporariamente.

Os ruídos, vibrações e a iluminação artificial noturna, que podem ocasionar desorientação e


dispersão de espécimes, pode ainda ocasionar aumento na competição e predação em
fragmentos adjacentes (BARBER et al., 2011; BLICKLEY; PATRICELLI, 2010; KENNEDY,
MARRA, 2010; LONGCORE; RICH, 2004; WARE et al., 2015). Além disso, o ruído contínuo
em decorrência do longo período de construção de estruturas de obras civis e o aumento do
fluxo de veículos em circulação, afetam espécies que dependem da comunicação sonora para
interação inter/intraespecífica, incluindo algumas espécies de invertebrados, anfíbios, aves,
primatas e morcegos que utilizam a vocalização para fins de demarcação de território,
comunicação, defesa e reprodução, além de outros fins (DUARTE et al., 2018; DUARTE et al.,
2019; FRANCIS; BARBER, 2013; HERRERA-MONTES et al., 2011; MORLEY et al., 2014;
SAHA & PADHY, 2011; SCHAUAB & SIEMERS, 2008).

Considerando as informações apresentadas, tem-se que este impacto é efetivo,


especialmente no que se refere à perda de habitat em função das atividades de manejo do
rejeito extracalha. A redução da qualidade do habitat terrestre, caso ocorra, também poderá
comprometer a comunidade faunística dependente destes locais.

288
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

A) Descrição do impacto
Este impacto é negativo pois suprimiu/suprimirá ambientes cujos fatores físicos e ecológicos
fornecem suporte à sobrevivência de populações da fauna silvestre. Além disso, as atividades
vinculadas ao Plano de Manejo de Rejeito provocam aumento nos níveis de ruído ambiental e
luminosidade noturna, além da geração e material particulado, com consequentes efeitos
negativos sobre a fauna que utiliza os ambientes cuja qualidade parrará a ser reduzida.

Caracteriza-se como impacto de segunda ordem, portanto indireto, pois decorre das
atividades de manejo do rejeito que demandaram supressão de habitat e dos efeitos
associados dos seguintes impactos: Perda de camadas superficiais de solos, Perda e alteração
de Habitat terrestre e Desregulação fisiológica de indivíduos da flora. Este impacto também
pode ser decorrente do carreamento de sedimentos, rejeito e efluentes líquidos adicionais
potencialmente advindos das atividades de manejo de rejeito. Por fim, atividades vinculadas
ao manejo, tais como: geração de ruído e vibração, aumento da incidência da iluminação
noturna também podem resultar na redução da qualidade do habitat.

Trata-se de um impacto de curto prazo tendo em vista que sua ocorrência se dá juntamente
com execução da supressão de habitat destinados ao manejo de rejeito e/ou após a
deflagração dos demais aspectos indutores que causam o impacto, os quais provocam a perda
e redução da qualidade dos habitat da fauna terrestre e semiaquática.

É permanente pois, mesmo após cessar o aspecto indutor do impacto, especialmente a


supressão da vegetação, este impacto representa uma alteração crônica na paisagem que tem
duração indefinida até que sejam implementadas medidas de reparação da degradação que
favoreçam a recolonização de espécies da fauna silvestre. Além disso, entende-se que uma
vez cessadas as atividades de manejo (deposição e transporte), ainda são desconhecidos os
efeitos adversos da deposição de traços de rejeito sobre o solo nessa região, envolvendo o
processo de percolação de metais pesados, bem como absorção e perda de indivíduos da
flora.

Apesar disso, é considerado reversível, uma vez que, as medidas de reparação, como
recuperação de áreas degradadas, poderão promover a recomposição de habitat, favorecendo
a recolonização da fauna silvestre. Além disso, tais medidas podem também gerar o
reestabelecimento dos bancos de sedimentos, das características do solo das áreas marginais
do rio Paraopeba, possibilitando a recomposição da qualidade do habitat e consequentemente
favorecendo seu uso pela fauna silvestre. Ademais o processo de recomposição de habitat da
região do ribeirão Ferro-Carvão, por meio do processo de recuperação de áreas degradadas
tende a melhorar a qualidade de fragmentos remanescentes às obras que sofrem com ruídos,
material particulado, entre outros.

É considerado um impacto de abrangência local uma vez que é possível mapear os habitat
perdidos em decorrência da execução do manejo de rejeito e a implementação de estruturas
de apoio relacionadas a essa macroatividade, em comparação com cenário pré-rompimento
(Plano de Reparação, ARCADIS, 2020).

Quadro 7-53 - Atributos do impacto Perda de Habitat

Atributos de Descrição do Impacto

Natureza Negativo Prazo Curto

289
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Atributos de Descrição do Impacto

Ordem Indireto Reversibilidade Reversível

Escala espacial Local Duração Permanente

Elaboração: Arcadis, 2020.

B) Avaliação do Impacto
A magnitude foi avaliada como média, considerando os 252,06 ha de habitat com intervenção
pelas atividades do PMR. Contribuem para a avaliação da magnitude a incidência sobre habitat
naturais relevantes para conservação da biodiversidade (MITTERMEIER et al, 2004), como
18,8 ha relativos a Floresta Estacional Semidecídua (FES), predominantemente em estágio
médio e avançado, além de 6,21 ha de Cerrado com presença de indivíduos arbóreos esparsos
(Cerrado stricto sensu), além da presença de espécies da fauna típicas para estas formações
vegetais e de espécies ameaçadas ou vulneráveis na região, cujos habitat perdidos, podem
contribuir para aumentar a suscetibilidade dessas espécies. No que se refere à redução da
qualidade do habitat, entende-se que o potencial de incremento do aporte do rejeito
extravasado para o rio Paraopeba, oriundo das atividades de manejo de rejeitos seja reduzido
em função das obras de contenção existentes. Além disso, a incidência dos efeitos oriundos
de altos níveis de ruídos, luminosidade e suspensão de particulados, podem ser monitoradas
e controladas por meio de medidas de mitigação.

Ainda que a bacia do rio Paraopeba guarde um histórico de antropização e fragmentação de


vegetação nativa, deve-se levar em consideração a taxa de cobertura vegetal da sub-bacia do
ribeirão Ferro-Carvão, estimada em cerca de 50%, quando comparado com a área total de
habitat. Cabe ponderar, que o quantitativo e perda total de habitat representa 3,52% dos
ambientes naturais e antrópicos na área de estudo de detalhe, destacando-se ainda que em
termos de vegetação nativa (Florestas e Cerrados) foram perdidos 2,04% em relação a
condição pretérita da sub-bacia.

Conforme descrito, o impacto incide sobre o componente Fauna Silvestre caracterizado pelo
hábito terrestre e semiaquático, e sua sensibilidade foi considerada Alta, pois, observou-se que
a disponibilidade de habitat na AED, está reduzida em 50% e, tendo maior relevância ecológica
pela presença de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção em âmbito estadual, nacional
e/ou global.

O grau de importância deste impacto é elevado, resultando da combinação da magnitude


média e sensibilidade alta.

Quadro 7-54 - Grau de importância do impacto Perda de Habitat

Avaliação do Grau de Importância do Impacto

Magnitude Média

Sensibilidade ou valor do componente Alta

Grau de Importância do Impacto Elevado

Elaboração: Arcadis, 2020.

290
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

A fim de minimizar/corrigir a ocorrência deste impacto estão previstas ações no âmbito do


Programa de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD (a ser executado no âmbito do PCA),
capazes de reestabelecer os ambientes afetados, com ações amplamente conhecidas.

Relaciona-se também ao controle / acompanhamento deste impacto a execução do Plano de


Monitoramento da Biodiversidade, que deverá apoiar a avaliação do sucesso das medidas
propostas para a fauna silvestre, avaliando sua composição e estrutura ao longo das áreas
afetadas, áreas em recuperação e áreas de referência.

De modo a reduzir o aporte de rejeitos e sedimentos oriundos da bacia do Ferro-Carvão para


o leito do rio Paraopeba, tem-se as barreiras de contenção de rejeito (diques, barragens
hidráulicas e estaca prancha), bem como o tratamento dos efluentes executado na ETAF 1.
Apesar das atividades de dragagem, promoverem a ressuspenção dos sedimentos, os
resultados do Programa de Monitoramento de Dragagem (PMD), não tem encontrado indícios
que relacionem esse aspecto a alterações com as comunidades aquáticas, além de prever uma
série de medidas de modo a minimizar os efeitos adversos de suas atividades nos habitat.

Considerando as ações atualmente propostas, considera-se o grau de resolução das medidas


como forte.

Quadro 7-55 - Medidas de mitigação associadas ao impacto Perda e redução de qualidade do


habitat de espécies terrestres e semiaquáticas

Medidas de Mitigação e Programas Ambientais

Ações Plano ou Programa

Reconfiguração do relevo do terreno próximo à sua configuração


original.
Reconfiguração dos cursos d'agua.
Recomposição da cobertura vegetal, através das ações de
restauração, incluindo seleção de espécies do grupo de Plano de Restauração da
recobrimento e espécies do grupo de diversidade, plantio e Biodiversidade e Ecossistemas
replantio, condução da regeneração natural, adensamento e Terrestres Impactados (Programa
enriquecimento, transposição de serapilheira e implantação de de Recuperação de Áreas
técnicas de nucleação como inserção de poleiros artificiais de Degradadas - PRAD)
bambu e deposição de troncos e galharias, visando a
recolonização da fauna local.
Reconectividade de fragmentos florestais permitindo a
permeabilidade ambiental e diminuição do efeito de borda.
Avaliação da composição e estrutura da comunidade faunística,
Plano de Monitoramento da
através de amostragens de médio e longo prazo nas áreas
Biodiversidade (Programa de
diretamente afetada, em áreas de referência e em áreas
Monitoramento da Biota Terrestre)
protegidas.

Monitoramento da Ictiofauna em 5 pontos:


Plano de Monitoramento de
Checagem de carcaças e cardumes, com reporte diário dos
Dragagem (PMD) – Biota
achados.
Aquática
Identificação e coleta de dados biométricos das carcaças
coletadas.

291
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Medidas de Mitigação e Programas Ambientais


Realização de necrópsia preferencialmente em campo, logo após
a coleta das carcaças
Coleta de material para análises laboratorial
Realização de exames histopatológicos e toxicológicos.
Animais agonizantes, que foram eutanasiados devem ter sua
carcaça encaminhada para a necropsia, seguindo os
procedimentos descritos acima.
Nota: espécimes da ictiofauna podem estar diretamente
correlacionadas com a alimentação da fauna terrestre.

Monitoramento de Ruídos e Vibrações

Umectação de Vias
Programa de Monitoramento de
Ruído e Vibração
Regulagem do Maquinário

Instalação de abafadores de som

Estabilização de encostas e taludes


Programa de Renaturalização de
Recomposição das margens do ribeirão Ferro-Carvão e seus Leitos e Margens
tributários
Acompanhamento semanal dos dados do monitoramento
Programa de Monitoramento da
convencional (água e sedimento) com resultados de todos os
Dragagem
parâmetros avaliados para controle de dragagem.
Avaliação da composição e estrutura da comunidade faunística, Plano de Monitoramento da
através de amostragens de médio e longo prazo nas áreas Biodiversidade (Programa de
diretamente afetada, em áreas de referência e em áreas Monitoramento da Biota Terrestre
protegidas. e Aquática)
Orientações aos trabalhadores a respeito das responsabilidades Programa de Conscientização
ambientais individuais. Ambiental do Trabalhador

Grau de Importância do Impacto (após implementação de medidas)

Grau de resolução de ações e medidas propostas Forte


Grau de importância do impacto pós-medidas Moderado

Elaboração: Arcadis, 2020

3 Biota Aquática

7.1.6.17. Alteração da composição e estrutura das comunidades hidrobiológicas


Relação de causa e efeito

Ação causal - Dragagem e remoção de rejeito intracalha

- Aumento da turbidez da água;


Aspecto(s) indutor(es)
- Ressuspensão de sedimentos;

292
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Relação de causa e efeito


- Carreamento e deposição de rejeitos

Componente afetado Biota Aquática

Ocorrência do impacto Efetivo

Elaboração: Arcadis, 2020

Dentre o conjunto de medidas adotadas nas obras emergenciais em função do rompimento


das barragens, a remoção dos rejeitos da calha dos rios é de fundamental importância, pois
visa devolver heterogeneidade ambiental nos ambientes aquáticos, retorno da dinâmica fluvial
destes ecossistemas e, essencialmente, recuperação da integridade ecológica dos rios que
foram afetados pela deposição do rejeito, por meio da recolonização das comunidades
hidrobiológicas. Adicionalmente, a retirada do rejeito amplia a capacidade de carga hídrica do
leito dos rios, reduzindo risco de que suas águas extrapolem a calha fluvial, invadindo terrenos
marginais, principalmente durante a estação chuvosa.

Os procedimentos de dragagem, segundo o “Projeto Executivo, Dragagem do Rio Paraopeba,


Área 3 – Fazenda Laginha, Plano de Dragagem” (ALLONDA, 2019), protocolado no Anexo I do
Plano de Monitoramento de Dragagem versão 4, fazem o uso de escavadeiras (embarcada
e/ou anfíbia) e dragas de sucção e recalque. Dessa forma, a mistura de água, rejeito e
sedimento coletada pelas dragas é encaminhada, por meio de uma tubulação, até a área de
disposição e confinamento, na Estação de Tratamento de Águas Fluviais, denominada como
ETAF2 ou ETAF Lajinha. O uso de escavadeiras (embarcada e/ou anfíbia) se faz necessário
devido os trechos a serem dragados possuírem diversos detritos, tanto vegetais (galhadas,
arbustos etc.) quanto de origem antrópica (maquinários em geral, objetos metálicos etc.), que
devem ser removidos antes da dragagem hidráulica, de modo a evitar danos aos equipamentos
e consequente interrupção das atividades de dragagem.

Essas atividades, portanto, apesar de serem importantes para a restauração dos ambientes
aquáticos afetados e ainda para a mitigação de impactos, especialmente nos trechos de jusante
dos rios, promovem impactos ambientais, especialmente durante a sua remoção intracalha por
meio de dragagem. O uso das escavadeiras e das dragas de sucção provoca revolvimento e
ressuspensão de sedimentos de fundo e consequente aumento da turbidez das águas,
afetando as comunidades aquáticas.

Por essa razão, os monitoramentos realizados no âmbito do PCA, acompanham os efeitos da


remoção dos rejeitos sobre as comunidades hidrobiológicas (fitoplâncton, zooplâncton,
perifíton, macroinvertebrados bentônicos e macrófitas). Os resultados consolidados de um
ano de monitoramento evidenciam que ocorreram modificações na composição das
comunidades hidrobiológicas com as atividades da dragagem, principalmente para o
fitoplâncton, perifíton e zoobentos. Estas comunidades mostraram profundas alterações na sua
composição e na abundância de seus componentes quando se comparou os cenários, antes
da dragagem, durante a dragagem e ao final da operação de dragagem. Dessa forma,
considera-se esse impacto como efetivo.

293
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

O relatório consolidado de um ano de monitoramento da dragagem realizou análise de


estabilidade das comunidades, para avaliar a persistência ecológica ao longo da atividade de
dragagem dos rejeitos. A análise de estabilidade tem como objetivo verificar mudanças na
estrutura da comunidade ao longo do tempo, levando em consideração a abundância relativa
das espécies (CONNELL & SOUZA, 1983). Para medir a estabilidade das comunidades
aquáticas entre os cenários pré-estabelecidos, foi utilizado o coeficiente de correlação de
Spearman. A comunidade é considerada estável caso mantenha os postos da abundância das
espécies (rank) ao longo do tempo (CONNELL & SOUZA , 1983). A análise objetivou verificar
se os postos das espécies de um cenário correlacionavam positivamente com os postos das
mesmas espécies no cenário seguinte. Correlação positiva e significativa (p<0,05) indica que
as espécies dominantes (ou raras) de um cenário são as mesmas no período sequente,
permitindo desta forma, inferir que existe estabilidade no padrão de distribuição da abundância
entre as espécies.

Para este contexto cada comunidade aquática foi avaliada a partir da comparação entre os
seguintes cenários determinados com o histórico das atividades de dragagem obtido durante o
plano de monitoramento:

▪ Cenário 1: Comunidades em ambiente não atingido pelo carreamento e deposição de


rejeitos nem pelas atividades de dragagem.
▪ Cenário 2: comunidades em ambientes atingidos pela deposição de rejeitos, antes do
início das atividades de dragagem.
▪ Cenário 3: Comunidades em trechos atingidos pela deposição de rejeitos, sob o efeito das
as atividades de dragagem.
▪ Cenário 4: Comunidades em ambientes atingidos pela deposição de rejeitos, após o
término das atividades de dragagem. Para este cenário foram considerados os dados
somente da estação amostral P02 (PT-01 localizado na ADH 19), no período após a
interrupção das atividades de dragagem na ADH 19, ocorrida no dia 24 de julho de 2020.
Enquanto o cenário 1 permaneceu como background, foram comparados os cenários 2 e 3,
para se averiguar o quanto as populações de cada comunidade se alteraram entre as situações
pré dragagem (cenário 2) e durante a dragagem (cenário 3). Também foram comparados os
cenários 2 e 4 para se verificar se, com o término da dragagem (cenário 4), as populações de
cada comunidade já retornaram a uma situação semelhante ao que era previamente (cenário
2).

Os resultados evidenciam que ocorreram substituições de espécies (turnover) das


comunidades aquáticas durante as atividades da dragagem. Tal fato indica a evidência da
ocorrência de sucessão ecológica, em estágio inicial, das comunidades, quando comparados
os cenários 2 (antes da dragagem) e 4 (após a dragagem), indicando que o processo de
recolonização está ocorrendo no ambiente afetado. O zooplâncton foi a única comunidade em
que se verificou estabilidade entre os cenários pré e pós dragagem. A manutenção durante as
atividades de dragagem das espécies dominantes, como os protozoários ciliados coloniais do
gênero Epistylis sp. e Vorticella sp., e a classe de rotíferos Bdelloidea, organismos ruderais
conhecidamente associados às altas concentrações de material orgânico, pode ter
possibilitado a estabilidade desta comunidade.

294
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Os resultados deste monitoramento têm evidenciado ainda que, as comunidades


potamoplanctônicas (fitoplâncton e zooplâncton) apresentaram elevada riqueza em espécies e
escassas densidades populacionais. O potamoplâncton se difere das demais comunidades em
rios por ser mais facilmente carreado (intenso efeito drift), se comparado aos
macroinvertebrados bentônicos e algas perifíticas (RZÓSKA, 1978). Quanto às comunidades
aquáticas com comportamento mais séssil, se comparado ao fito e zooplâncton, como os
macroinvertebrados bentônicos e algas perifíticas, foram registrados baixos e moderados
valores de riqueza em espécie. O assoreamento causado pelo extravasamento do rejeito
afetou disponibilidade e característica dos substratos onde tais comunidades se aderem. Tal
impacto afeta diretamente as condições necessárias para as espécies bentônicas se
estabeleçam no ambiente, reduzindo consequentemente a riqueza em espécies local. Fato que
destaca a importância das atividades de remoção do rejeito. As abundâncias das comunidades
aquáticas tanto planctônicas (fito e zooplâncton) quanto bentônicas (macroinvertebrados
bentônicos e algas perifíticas) apresentaram valores relativamente baixos.

Avaliando a variação temporal durante o período estudado, de modo geral, as estruturas


(riqueza em espécies e abundância) das comunidades aquáticas foram influenciadas pela
sazonalidade do ambiente, havendo uma redução tanto da riqueza, quanto das densidades
durante estação chuvosa, exceto para as densidades do microzooplâncton, que aumentaram
neste período em decorrência ao maior aporte de matéria orgânica, processo que favorece
esta fração de tamanho do zooplâncton.

De maneira geral, portanto, os resultados parciais têm demonstrado impacto negativo da


atividade de dragagem sobre as comunidades aquáticas apenas durante o revolvimento e
ressuspensão dos sedimentos de fundo. Por outro lado, evidencia que a comunidade se mostra
resiliente quando há a parada ou finalização da dragagem no ponto específico e recolonização
e turnover dos organismos, importantes por ser tratar de um ambiente altamente afetado pelo
rompimento das barragens de rejeito.

A) Descrição do impacto
O impacto é considerado negativo em relação à sua natureza, quando promove redução de
densidade e riqueza das comunidades hidrobiológicas durante operação da draga e
escavadeiras, interferindo, portanto, na diversidade do local. Em relação à ordem, o impacto é
indireto, pois, decorre da ressuspensão de sedimentos e elevação da turbidez desencadeados
pela atividade de dragagem. Esses eventos provocam a alteração dos habitat, que, em
consequência, leva a alterações das comunidades.

A escala espacial do impacto foi considerada local, uma vez que a ressuspensão do
sedimento/rejeito ocorre em função da atividade de dragagem. Conforme mencionado no item
8.1.1.3 (Etapa 2) do presente LAIA, o trecho do rio Paraopeba no qual pode ser observado o
efeito da ressuspensão de sedimentos/rejeito foi definido como sendo os 6 km iniciais a partir
do início da área de dragagem, o qual se finda no ponto PT-09 localizado próximo a ponte da
rua Cel. Alberto Cambraia, no município de Brumadinho / MG.

As alterações nas comunidades hidrobiológicas podem ser sentidas logo que o ambiente é
alterado com relação à turbidez e ressuspensão do rejeito, como demonstraram os dados do
PMD, que coletou amostras antes das atividades da dragagem, ao longo da dragagem e no

295
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

ponto onde a atividade foi paralisada. Os resultados mostram diferenças espaciais e temporais,
na estrutura das comunidades, permitindo assim descrever o impacto como de curto prazo.

Esse impacto pode ser descrito também como reversível, justificando-se pelo fato de que o
componente biológico afetado – as comunidades hidrobiológicas – tende a voltar às condições
originais quando os aspectos indutores (carreamento e deposição de sedimentos, aumento de
turbidez e ressuspensão de sedimentos) cessarem. Os resultados do PMD evidenciaram que,
até o momento, os dados de qualidade de água e sedimento nos permite inferir que as
condições físico-químicas no trecho da ADH 19, no período após a interrupção da dragagem,
são equivalentes ao trecho a montante (PASU-DR0 – trecho de referência, fora da área de
dragagem) e desta forma, possibilitam a recolonização da área através da sobrevivência e
estabelecimento de propágulos oriundos da área não afetada a montante. Os dados do PMD
têm evidenciado, portanto, recolonização das comunidades hidrobiológicas após cessada a
atividade de dragagem. A abundância dos organismos destas comunidades nos afluentes e na
região montante e seu rápido ciclo de vida e reprodução contribuem para que sejam
consideradas altamente resilientes, conforme demonstrado pelo Diagnóstico do Plano de
Reparação (ARCADIS, 2020).

Em relação à temporalidade, o impacto é permanente, pois, as alterações na estrutura e


composição das comunidades têm duração indefinida. Os efeitos sobre as comunidades
hidrobiológicas permanecerão por tempo indeterminado nos ambientes afetados, onde é
esperado turnover e sucessão ecológica dos ambientes pós dragagem. Espera-se que a
retirada dos rejeitos sedimentados no trecho, promovam melhoria na qualidade das águas e
dos sedimentos, heterogeneidade ambiental, ambas características ambientais necessárias
para recolonização e sucessão ecológica das comunidades hidrobiológicas, que deve ocorrer
em tempo indeterminado.

Quadro 7-56 - Atributos do impacto Alteração da composição e estrutura das comunidades


hidrobiológicas

Atributos de Descrição do Impacto

Natureza Negativo Prazo Curto


Ordem Indireto Reversibilidade Reversível

Escala espacial Local Duração Permanente

Elaboração: Arcadis, 2020.

B) Avaliação do Impacto
A magnitude do impacto é considerada pequena, pois, apesar de potencialmente poder afetar
grande parte do componente biota aquática, considera-se que este já foi significativamente
alterado pelo advento do rompimento das barragens, no que se refere a riqueza e densidade e
a contribuição decorrente do manejo de rejeito é menor, além da capacidade de recolonização
desses organismos nos ambientes afetados.

296
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

A sensibilidade deste componente é considerada alta, uma vez que foram detectadas, nos
cenários pré e pós-rompimento, espécies de relevância ecológica ou em situação de
vulnerabilidade, conforme demonstrado pelo Diagnóstico do Plano de Reparação (ARCADIS,
2020).

Quadro 7-57 - Grau de importância do impacto Alteração da composição e estrutura das


comunidades hidrobiológicas

Avaliação do Grau de Importância do Impacto

Magnitude Pequena

Sensibilidade ou valor do componente Alta

Grau de Importância do Impacto Moderado

Elaboração: Arcadis, 2020.

Para a mitigação deste impacto estão previstas ações descritas em planos e programas
específicos, quais sejam:

▪ Plano de Restauração da Biodiversidade e Ecossistemas Aquáticos Impactados


− Programa de Renaturalização de Leitos e Margens
− Programa de Prevenção de Introdução de Espécies Exóticas
▪ Plano de Monitoramento da Qualidade da Água Superficial e Sedimento
− Programa de Apoio à Biodiversidade
− Programa de Monitoramento Emergencial da Qualidade da Água Superficial e
Sedimentos (PME)
− Programa de Diagnóstico de Danos Ambientais Sobre Meio Biótico
− Programa de Monitoramento da Biota Aquática
− Programa de Monitoramento de Ecotoxicidade e Bioacumulação
− Programa de Monitoramento de Macrófitas Aquáticas Flutuantes Livres
▪ Plano de Monitoramento das Obras Emergenciais (PMO)
▪ Plano de Monitoramento de Dragagem (PMD)
▪ Programa de Gestão de Estruturas Geotécnicas (que estabelece diretrizes necessárias
para a garantia da segurança geotécnica e ambiental destas estruturas) e Monitoramento
da Eficiência das Estruturas de Contenção de Rejeitos.

Vale mencionar, que, conforme informado pelo Relatório de Caracterização das Obras
Emergenciais (VALE, 2020), no item de Monitoramento da Eficiência das Estruturas de
Contenção de Rejeitos, “a verificação da eficiência das estruturas de contenção de rejeitos
poderia ser compreendida pela quantidade de material retido, o que seria feito por batimetrias,
levantamentos topográficos e pela própria remoção do material. Entretanto, o protocolo imposto
pela COVID-19 não permitiu que tais levantamentos fossem efetuados, impedindo a
apresentação de uma métrica dessa eficiência. Dessa forma, a Vale procedeu a análise visual
da situação das bacias de contenção de cada estrutura, o que, de acordo com o documentou

297
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

permitiu a conclusão de que elas são importantes para o sistema como um todo”. Desta forma,
ainda não existem dados sólidos que possam comprovar a eficiência destas estruturas.

Considerando o atual cenário existente no trecho do rio Paraopeba no qual ocorre a atividade
de dragagem e ainda que foram estabelecidas medidas preventivas para evitar este impacto,
tais como as barreiras de contenção do rejeito, gatilhos de interrupção ou calibração da
atividade de dragagem entende-se que o grau de resolução das medidas é forte. Além disso,
também estão sendo considerados programas de monitoramento do ambiente afetado, que,
associados às ações de reparação, promoverão melhoria dos ecossistemas para
recomposição das comunidades hidrobiológicas.

Abaixo são listadas as principais ações relacionadas a mitigação do impacto em questão.

Quadro 7-58 - Medidas de mitigação associadas a Alteração da composição e estrutura das


comunidades hidrobiológicas

Medidas de Mitigação e Programas Ambientais

Ações Plano ou Programa

Estabilização de encostas e taludes Plano de Restauração da Biodiversidade


e Ecossistemas Aquáticos Impactados;
Recomposição das margens do ribeirão Ferro-Carvão e Programa de Renaturalização de Leitos
seus tributários e Margens
Acompanhamento semanal dos dados do monitoramento
convencional (água e sedimento) com resultados de todos
os parâmetros avaliados para controle de dragagem.
Monitoramento de possíveis ocorrências de espécies
invasoras e/ou oportunistas (i.e: Limnoperna fortinei;
Echornia crassipes; Pistia spp.; Salvinia spp.) para fins de
prevenção e manejo.
Plano de Monitoramento de Dragagem
Avaliação da dinâmica das comunidades aquáticas (PMD) – Monitoramento Limnológico
(fitoplâncton, zooplâncton, macroinvertebrados
bentônicos, macrófitas aquáticas e algas perifíticas)
quanto a estabilidade, persistência e substituição
(turnover) das espécies no trecho do rio Paraopeba antes,
durante e depois da atividade de dragagem, de modo a
avaliar os efeitos da dragagem sobre esses grupos de
organismos.
Plano de Monitoramento da Qualidade
da Água Superficial e Sedimento;
Programa de Apoio à Biodiversidade;
Plano de Gestão de Recursos Hídricos;
Plano de Monitoramento da
Implantar e disponibilizar o banco de dados gerados do
Biodiversidade Terrestre e Aquática;
monitoramento
Programa de Monitoramento da Biota
Aquática; Programa de Monitoramento
de Macrófitas Aquáticas Flutuantes
Livres; Plano de Monitoramento das
Obras Emergenciais (PMO)

Monitoramento de Processos Erosivos

298
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Medidas de Mitigação e Programas Ambientais

Verificação da estabilidade e do desempenho das


estruturas com base em inspeções visuais, realizadas
semanalmente, podendo ocorrer inspeções especiais,
quando necessárias.
Programa de Gestão de Estruturas
Monitoramento periódico das estruturas por meio de Geotécnicas - Monitoramento da
instrumentos, cuja interpretação dos resultados deve se Eficiência das Estruturas de Contenção
configurar como rotinas da gestão geotécnica, visando de Rejeitos
alertar para condições anômalas que mereçam a atenção
da equipe de gestão para a correção de problemas ou
para ações de prevenção de danos ambientais,
patrimoniais ou de danos humanos.

Grau de Importância do Impacto (após implementação de medidas)

Grau de resolução de ações e medidas propostas Forte


Grau de importância do impacto pós-medidas Reduzido

Elaboração: Arcadis, 2020.

7.1.6.18. Perda de Indivíduos da Ictiofauna


Relação de causa e efeito

- Remoção do Rejeito intracalha (dragagem e remoção de


resíduos por escavadeiras anfíbias e embarcadas).
Ação causal
- Drenagem de Lagoas formadas nas barreiras de contenção de
rejeitos no ribeirão Ferro-Carvão

Aspecto(s) indutor(es) - Ressuspensão de sedimentos;

Componente afetado Biota Aquática

Ocorrência do impacto Potencial

Elaboração: Arcadis, 2020.

Embora as ações relacionadas ao manejo do rejeito na sub-bacia do ribeirão Ferro-Carvão e


no rio Paraopeba intra e extracalha visem, por definição, promover a melhoria futura da
qualidade ambiental, contribuindo, por consequência, para a diminuição da ocorrência de
mortes de peixes e melhoria da qualidade da água superficial, sua execução provoca
alterações no ambiente aquático, devido às ações de manutenção nas estruturas implantadas,
como deplecionamento de reservatórios e a ressuspensão de sedimentos, provocadas,
principalmente pela atividade de dragagem.

A elevada concentração de sólidos suspensos e a consequente turbidez podem gerar efeitos


fisiológicos diversos nos peixes, eventualmente causando a morte de indivíduos. As partículas
em suspensão promovem danos teciduais às estruturas das brânquias que levam à hiperplasia
lamelar e à diminuição da difusão do oxigênio (WENGER et al. 2017). Embora os efeitos dos
sólidos suspensos e da turbidez sobre os peixes variem em função da concentração do
sedimento e da intensidade da exposição, resistir a esses estressores requer um aumento do

299
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

consumo de oxigênio para lidar com o evento (KJELLAND et al. 2015) sendo também
necessário o aumento da atividade nas brânquias para compensar a baixa capacidade de
difusão de oxigênio. Dessa forma, qualquer interferência nas brânquias reduz a eficiência na
obtenção de oxigênio, afetando a capacidade natatória e diminuindo, assim, a aptidão do
animal para se afastar do ambiente alterado, podendo levá-lo à morte (WENGER et al. 2017).

Conforme descrito, as ações de avanço das obras e/ou de manutenção das estruturas de
contenção do rejeito na sub-bacia do ribeirão Ferro-Carvão, são acompanhadas e, havendo
necessidade, é realizado resgate de peixes com o objetivo de mitigar os impactos decorrente
das atividades de manejo do rejeito. Até o momento, foram realizados três resgates onde foram
relocados 6.326 peixes de 17 espécies, sendo 4 exóticas, porém, todas de ampla distribuição
na bacia do rio Paraopeba. Considerando o monitoramento realizado no âmbito do Plano de
Monitoramento de Dragagem (PMD) – Biota Aquática, não há evidências de que as atividades
de dragagem do rio Paraopeba estejam contribuindo para a morte de peixes, importante
ressaltar, que o número de carcaças de peixes recolhidas diariamente no trecho desde a
montante da foz do ribeirão Ferro-Carvão até a montante da UTE Igarapé vem caindo desde o
advento do rompimento, sendo a média, 1.47± 1.57 carcaças (mínimo = 0, máximo = 12) não
tendo sido observadas, até o momento, alterações no número de carcaças desde o início das
atividades de dragagem, nesse contexto a perda de indivíduos da ictiofauna foi caracterizado
como um impacto potencial.

A) Descrição do impacto
O impacto é considerado negativo em relação à sua natureza, pois trata-se a perda de
indivíduos da ictiofauna.

No que se refere à ordem, o impacto é indireto, pois se refere a consequência do aumento de


sólidos em suspensão, turbidez e drenagem de reservatórios formados juntos as barreiras de
contenção.

A escala espacial do impacto foi considerada local, uma vez que a ressuspensão do sedimento
ocorre de forma localizada, abrangendo diretamente os cursos de água formados pelas
estruturas de contenção de rejeito na sub-bacia do ribeirão Ferro-Carvão e o trecho do rio
Paraopeba em que ocorre o efeito da atividade de dragagem no período de estiagem.
Conforme mencionado no item 8.1.1.3 (Etapa 2) do presente LAIA, o trecho do rio Paraopeba
no qual pode ser observado o efeito da ressuspensão de sedimentos foi definido como sendo
os 6 km iniciais a partir do início da área de dragagem, o qual se finda no ponto PT-09 localizado
próximo a ponte da rua Cel. Alberto Cambraia, no município de Brumadinho / MG.

O impacto é descrito como de médio prazo, pois, o processo que pode levar a morte de
indivíduos da ictiofauna é fisiológico e precisa de acumulação das partículas nas brânquias
para desencadear a desregulações fisiológicas que levam à morte, além disso, até o momento
não foram observadas morte de peixes durante manutenções das estruturas de contenção de
rejeito ou diretamente associadas a atividade de dragagem, dessa forma entende-se que, se
efetivo, ocorrerá com certa defasagem com relação ao aspecto que o gera. Esse impacto pode
ser descrito como irreversível, considerando, caso ocorra, que se trata da perda de indivíduos,
algo que não pode ser revertido, mesmo quando cessarem o impacto e seus aspectos
indutores.

300
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

No que se refere à temporalidade, o impacto é temporário, uma vez que, encerrado as


atividades de manejo do rejeito a ressuspensão de sedimentos também cessa e por
consequência o impacto e, dando prosseguimento a restauração da sub-bacia do ribeirão
Ferro-Carvão, não haverá necessidade de novas intervenções nos cursos de água. Em relação
ao Paraopeba, findado a atividade de dragagem, espera-se a diminuição do número de
carcaças de peixes recolhidas diariamente.

Quadro 7-59 - Atributos do impacto Perda de Indivíduos da Ictiofauna

Atributos de Descrição do Impacto

Natureza Negativo Prazo Médio


Ordem Indireto Reversibilidade Irreversível

Escala espacial Local Duração Temporário

Elaboração: Arcadis, 2020.

B) Avaliação do Impacto
A magnitude do impacto é dimensionada como pequena, considerando que o curso de água
do ribeirão Ferro-Carvão se encontra fragmentado e que as atividades de manutenção das
estruturas de contenção de rejeito são pontuais. Em relação ao rio Paraopeba, a influência da
dragagem atua em área restrita, se comparada ao porte da bacia, pois, foi verificado que o
aumento de turbidez e a ressuspensão de particulados é registrado a alguns quilômetros a
jusante da área de dragagem sendo possível verificar a ausência destes efeitos a partir do
ponto PT-09 na estação seca/estiagem. O período de estiagem foi utilizado como referência,
uma vez que, essa condição ocorre de maneira natural, ciclicamente na bacia do rio
Paraopeba, nos períodos de chuva.

A sensibilidade desse componente é considerada alta, uma vez que foram detectadas, nos
cenários pré e pós-rompimento, espécies de relevância ecológica ou em situação de
vulnerabilidade, que podem vir a ser afetadas, como as espécies de peixes bagre (Bagropsis
reinhardti) e pacamã (Lophiosilurus alexandri) classificadas como vulneráveis na lista nacional
de espécies ameaçadas de extinção (ICMBio, 2018). Além dessas, espécies de interesse
comercial, como as curimatás-pioa, pacu (Prochilodus costatus e P. argenteus) o dourado
(Salminus franciscanus) e a tabarana (Salminus hilarii), também são recolhidas durante as
atividades de monitoramento de carcaças no trecho de influência da dragagem. Embora sejam
encontradas ao longo do rio Paraopeba, essas espécies podem utilizar os habitat dos trechos
baixos dos tributários, entre eles o ribeirão Ferro-Carvão, principalmente nos estágios iniciais
de vida. O recrutamento nesses locais é comum em bacias ou trechos que não possuem lagoas
marginais. Além disso, espécies de riacho e dos trechos altos da bacia (como das famílias
Trichomycteridae, Loricariidae e Heptapteridae) são indicadores de boa qualidade ambiental e
contam com provável ocorrência no ribeirão Ferro-Carvão (AMPLO; VALE, 2019), porém, até
o momento, foram registradas predominantemente espécies generalistas sendo algumas
exóticas, durante os resgates decorrentes de atividades de manutenções em estruturas de
contenção de rejeito.

No entanto, destaca-se que a ictiofauna, há décadas, vem sendo impactado pelo uso e a
ocupação da bacia, com a remoção da vegetação ciliar, despejo de esgotos domésticos in

301
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

natura nas águas dos rios, lançamento de efluentes industriais, introdução de espécies,
fragmentação de habitat, a mineração, entre outros. O grande número de fontes de impactos a
que o componente já estava submetido implica sua maior vulnerabilidade, que se intensifica
pela continuidade dos impactos, uma vez que suas fontes não foram completamente
removidas, podendo potencialmente ser agravadas pelo manejo de rejeito.

A combinação entre a sensibilidade alta do componente e a magnitude pequena do impacto


resulta em um impacto de grau de importância moderado.

Quadro 7-60 - Grau de importância do impacto Perda de Indivíduos da Ictiofauna

Avaliação do Grau de Importância do Impacto

Magnitude Pequena

Sensibilidade ou valor do componente Alta

Grau de Importância do Impacto Moderado

Elaboração: Arcadis, 2020.

São realizadas diversas ações em diversos planos e programas que objetivam prevenir, mitigar
ou monitorar as alterações nos ambientes aquáticos e evitar a mortalidade de peixes.
Apresenta-se a seguir as diversas atividades desenvolvidas para tal.

No Plano de Monitoramento da Dragagem (ARCADIS, 2019), foram estabelecidas diversas


ações, no sub programa monitoramento e recolhimento de carcaças, visando monitorar o
impacto sobre a ictiofauna, tendo sido definidos “gatilhos” para a diminuição da intensidade ou
mesmo a interrupção das atividades de dragagem caso fossem percebidas alterações na
comunidade íctia. Um dos gatilhos está baseado no número de carcaças, assim, caso 25 ou
mais carcaças sejam encontradas no Trecho 1 do monitoramento de carcaças em 48 horas,
ações devem ser tomadas, incluindo sua interrupção até que seja detectada a origem da
mortandade. O Trecho 1 se inicia aproximadamente 1 km a montante da confluência do rio
Paraopeba com o ribeirão Ferro-Carvão e segue até a adutora da COPASA (~ 11 km de
extensão). Outro sub programa é o Monitoramento de peixes com uso de tarrafa próximo a
área de dragagem, cujo gatilho, que também determina que a dragagem deve ser interrompida,
refere-se à evidência de aproximação de cardumes durante a piracema, sendo mensurado
diariamente através de esforço padronizado de amostragem com uso de redes do tipo tarrafa.

As ações de recolhimento e monitoramento de peixes e carcaças, conforme descrito no Plano


de Ação para Proteção à Fauna (ARCADIS, 2020) e no Plano de Monitoramento da Dragagem
(ARCADIS, 2019), visam a posterior realização de necropsias e eventuais exames
toxicológicos que permitam a verificação da relação da causa mortis com as ações
relacionadas as obras emergências e ao manejo de rejeitos, além de caracterizar e dimensionar
o impacto de perda de indivíduos.

Os resultados mais atuais dos monitoramentos previstos pelo Plano de Monitoramento da


Dragagem (ARCADIS, 2019) estão dispostos no Relatório de Monitoramento da Dragagem
(CLAM, 2020) e indicam que, no período compreendido entre 30/01/2019 a 10/03/2020, não
houve aumento substancial de carcaças recolhidas, não havendo a necessidade de interrupção
ou adiamento da atividade de dragagem, ou seja, do acionamento de gatilhos. Além disso, a
incidência de carcaças ou de indivíduos agonizantes próximos às dragas foi baixa, conforme

302
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

demonstrado pela Figura 7-57, bem como, não foram encontradas evidências que possam
relacionar diretamente a mortandade de peixes à dragagem (CLAM, 2020).

Figura 7-57 – Número de Carcaças da Ictiofauna coletadas por dia no rio Paraopeba, de
30/01/2019 a 10/03/20204.

O Plano de Monitoramento da Dragagem (ARCADIS, 2019) prevê também o acompanhamento


das atividades dos cardumes, durante a piracema. Para tal, estabeleceu-se dois
procedimentos. O primeiro refere-se à média diária de indivíduos por tarrafada, que é verificada
por meio da unidade Captura por Unidade de Esforço (CPUE). Caso esse número seja igual
ou maior que 9 indivíduos, a dragagem deve ser interrompida, autorizando-se a retomada das
operações apenas após a execução de novo monitoramento que apresente resultado menor
que 9 indivíduos por tarrafada. Não foram registradas paradas da atividade de dragagem
relacionadas a cardumes até 20/03/2020, momento em que a atividade foi interrompida pelo
advento da epidemia do novo coronavírus. Fora do período de piracema, o número médio de
peixes por tarrafada é utilizado para interpretar as concentrações e a composição de peixes na
área próxima às dragas.

Outra forma de monitoramento dos cardumes realizado e finalizado, contabilizava os “saltos


por minuto na UTE Igarapé”, para verificar as concentrações de cardumes a jusante, que
poderiam transpor a crista do vertedouro ou o mecanismo de transposição da usina, que está
a 30 km a jusante da região da dragagem. Este monitoramento foi iniciado em 12/11/2019 e
realizado até o dia 05/03/2020. O monitoramento consistiu em filmagens de 5 minutos a cada
30 minutos totalizando 6 horas de documentação diária. Posteriormente a quantidade de saltos

4
Devido ao advento da epidemia do novo coronavírus, no dia 23 de março de 2020, as atividades foram suspensas.

303
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

foi calculada ao final do dia. Nenhum alerta para o monitoramento da dragagem foi acionado
(CLAM, 2020).

Adicionalmente, também é realizada atividade de repulsão de peixes antes do início da


dragagem, pela manhã. Após o monitoramento por tarrafadas, a equipe embarcada gera ruído
a partir do fundo do barco. Com isso, os espécimes que se encontram na região se afastam,
diminuindo assim a chance de serem sugados pelas dragas ou de serem afetados pelos
sedimentos em suspensão. Vale mencionar, conforme conclusões apresentadas no Relatório
de Monitoramento da Dragagem, (CLAM, 2020), que a atividade de dragagem pode estar
causando a repulsão de peixes de áreas próximas.

Outra atividade que faz parte do monitoramento da dragagem, relacionada à ictiofauna é o sub
programa de monitoramento de ictioplâncton, que avaliou o impacto das membranas de
contenção de sedimentos sobre a reprodução das espécies e interferências da dragagem sobre
a reprodução dos peixes. Os resultados do Monitoramento do Ictioplâncton, apresentados no
Relatório de Monitoramento da Dragagem (CLAM, 2020), demonstraram, a ocorrência de
reprodução na área amostrada e, que o sistema de membranas de retenção de sedimentos
parece não interferir na densidade de ovos e de larvas da ictiofauna nas proximidades das
áreas dragadas.

Ademais, os programas de monitoramentos voltados para a ictiofauna objetivam verificar a


composição e a estrutura, ao longo de áreas afetadas, em comparação às áreas em
recuperação e áreas de referência, além de diagnosticar possíveis histopatologias e distúrbios
parasitológicas causados pelas alterações no ambiente aquático relacionadas ao rompimento
e obras emergenciais e manejo de rejeito.

Uma vez que, até o momento, não foram observadas perdas significativas de indivíduos da
ictiofauna, associada à atividade de dragagem, pode-se considerar que as medidas preventivas
adotadas estão dando resultado, nesse sentido, o grau de resolução das medidas, é
considerado forte.

A seguir são listadas as principais ações relacionadas ao impacto em questão.

Quadro 7-61 - Medidas de mitigação associadas ao impacto Perda de Indivíduos da Ictiofauna

Medidas de Mitigação e Programas Ambientais

Ações Plano ou Programa

Salvamento e realocação de indivíduos vivos em


situação de risco, avaliação de efeitos de contaminação
Plano de Ação e Proteção à Fauna
por meio de ações de remoção e monitoramento de
carcaças de peixes.
Acompanhamento semanal dos dados do
monitoramento convencional (água e sedimento) com
resultados de todos os parâmetros avaliados para Plano de Monitoramento de Dragagem
controle de dragagem. (Biota Aquática) – Relatório de
Monitoramento de Dragagem
Monitoramento quinzenal verificando a relação entre os
parâmetros físicos e químicos da água, assim como as

304
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Medidas de Mitigação e Programas Ambientais


variáveis de operação da dragagem, com a mortalidade
diária de peixes no Rio Paraopeba.
Monitoramento do número de carcaças e peixes
agonizantes
Monitoramento da movimentação de cardumes na
época da piracema.

Repulsão de peixes antes do início da dragagem

Avaliar a composição de espécies no reservatório


formado a montante das estacas prancha e no trecho
fluvial de jusante, no ribeirão Ferro-Carvão, bem como
as interações tróficas e os processos de recrutamento
reprodutivo.
Caracterizar o estado primário da comunidade de
Programa de Acompanhamento da
peixes, acompanhando temporal e espacialmente a
Recolonização da Ictiofauna no Marco Zero
composição de espécies, as interações tróficas e os
processos de recrutamento reprodutivo
Instalação de rede amostral composta por um conjunto
de pontos amostrais localizados no reservatório de
montante das estacas prancha e no leito fluvial de
jusante.
Plano de Monitoramento da Qualidade da
Água Superficial e Sedimento
Programa de Apoio à Biodiversidade
Plano de Monitoramento da Biodiversidade
Implantar e disponibilizar o banco de dados gerado a Terrestre e Aquática.
partir do monitoramento Programa de Monitoramento da Biota
Aquática
Monitoramento da Biota Aquática em
Função das Obras Emergenciais – Tema
Dragagem

Grau de Importância do Impacto (após implementação de medidas)

Grau de resolução de ações e medidas propostas Forte


Grau de importância do impacto pós-medidas Reduzido

Elaboração: Arcadis, 2020.

7.1.6.19. Alteração da composição e estrutura da ictiofauna


Relação de causa e efeito

- Remoção do rejeito intracalha (dragagem e remoção de resíduos


Ação causal
por escavadeiras anfíbias e embarcadas).

Aspecto(s) indutor(es) - Ressuspensão de sedimentos;

Componente afetado Biota Aquática

305
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Relação de causa e efeito

Ocorrência do impacto Potencial

Elaboração: Arcadis, 2020.

A alteração da composição e estrutura da comunidade da ictiofauna considera as alterações


ao ambiente aquático desencadeadas pela atividade de manejo de rejeito na sub-bacia do
ribeirão Ferro-Carvão e no rio Paraopeba, são incluídas nesta avaliação informações do EIA
específico elaborado para a implantação de acessos e implantação das estruturas de manejo
do rejeito. Destaca-se, porém, que os poucos dados de ictiofauna da sub-bacia indicam que a
composição e estrutura desta no ribeirão Ferro-Carvão se encontrava alterada em decorrência
da fragmentação dos corpos de água e uso e ocupação do solo, sendo essa condição agravada
pelo rompimento.

Em relação a dragagem no rio Paraopeba, esse impacto está sendo classificado como um
impacto potencial, pois, tem-se que até o momento não existem evidências, de que a atividade
de dragagem esteja provocando aumento no número de carcaças de peixes recolhidas
diariamente ou comprometimento da viabilidade do ictioplâncton ao ponto de alterar a estrutura
e composição da ictiofauna, conforme discutido no Impacto de Perdas de Indivíduos da
Ictiofauna. É sabido, porém, que tais situações são passiveis de provocá-las, além disso, pela
região da na sub-bacia do ribeirão Ferro-Carvão e bacia do rio Paraopeba, se configurarem
como ambientes já alterados pela dinâmica do meio e ações antrópicas, não é possível, até o
momento, estabelecer relação direta das atividades de dragagem com possíveis alterações de
composição e estrutura da ictiofauna.

A ressuspensão dos sedimentos e a elevação da turbidez provocadas pela atividade de


dragagem pode provocar diversos efeitos sobre as comunidades aquáticas como a perda de
ambientes de abrigo, de alimentação, de refúgio contra predadores, distúrbios de reprodução
e de desenvolvimento inicial das comunidades aquáticas, levando à perda efetiva de indivíduos
da ictiofauna decorrente dos efeitos desses elementos sobre os peixes. Dessa forma, a
associação desses fatores pode influenciar na composição, na abundância e na riqueza da
ictiofauna no trecho de influência da dragagem.

No Relatório de Monitoramento da Dragagem (CLAM, 2020), são apresentados os resultados


dos monitoramentos de ictiofauna e do ictioplâncton para a área da dragagem5. Quanto ao
ictioplâncton, os resultados preliminares indicam que não foram encontradas evidencias que
possam relacionar a alteração da composição ou diminuição de ovos e larvas nas áreas de
influência da dragagem, com o aumento da turbidez da água e ressuspensão de sedimentos.
Foi, porém, observado o afastamento de cardumes e peixes nesta área, o que pode ser
resultado dos mecanismos de repulsão adotados (barreiras comportamentais), ou dos
distúrbios promovidos pela própria atividade de dragagem (movimentação e operação da
draga), bem como a combinação de ambos os fatores.

5
Relatório de Monitoramento da Biota Aquática em Função das Obras Emergenciais – Tema Dragagem (CLAM,
Junho/2020)

306
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

A) Descrição do impacto
O impacto é considerado negativo em relação à sua natureza, pois, as atividades de manejo
de rejeitos, podem provocar a alteração da composição e estrutura da comunidade da
ictiofauna reflete em alterações de abundância, riqueza e diversidade de peixes.

Em relação à ordem, o impacto é indireto, uma vez que, a atividade de dragagem provoca
distúrbios no meio como, a ressuspensão de sedimentos e o aumento da turbidez, alterando,
potencialmente, os habitat aquáticos e as comunidades hidrobiológicas associadas, que podem
levar a morte de peixes, inviabilidade do ictioplâncton e repulsão local. E são esses fatores,
que implicam em uma possível alteração da composição e estrutura da ictiofauna.

O impacto é descrito como local, uma vez que seus efeitos poderão ser sentidos no ribeirão
Ferro-Carvão e no trecho do rio Paraopeba ao longo do qual são identificados os efeitos da
ressuspensão de sedimentos advindos da atividade da dragagem durante o período de
estiagem. Conforme mencionado no item 8.1.1.3 (Etapa 2) do presente LAIA, o trecho do rio
Paraopeba no qual pode ser observado o efeito da ressuspensão de sedimentos foi definido
como sendo os 6 km iniciais a partir do início da área de dragagem, o qual se finda no ponto
PT-09 localizado próximo a ponte da rua Cel. Alberto Cambraia, no município de Brumadinho
/ MG.

A alteração da composição e da estrutura da comunidade da ictiofauna pode decorrer da


alteração do ambiente aquático, com consequências especialmente sobre o ictioplâncton.
Porém, o impacto sobre a composição e estrutura da comunidade da ictiofauna poderá ocorrer
com certa defasagem do aspecto que o gera, pois para se observar a alteração em populações
e comunidades é necessário acompanhar o ciclo de vida em algumas gerações. Desta forma,
o impacto é descrito como de médio prazo.

O impacto, pode ser descrito como reversível, considerando que o componente afetado tende
a voltar às condições próximas das originais, quando os aspectos indutores (ressuspensão de
sedimentos e operação da draga e das escavadeiras anfíbias e embarcadas) cessarem. Desse
modo, a composição e a estrutura da comunidade da ictiofauna podem ser reestabelecidas à
medida que ocorrer a recolonização dos aquáticos.

Em relação à temporalidade, o impacto é temporário, pois, se espera que, ao cessar o seu


aspecto indutor, a alteração da composição e estrutura da ictiofauna também cessará,
possibilitando a recolonização dos ambientes por meio de propágulos de áreas próximas.

Quadro 7-62- Atributos do impacto Alteração da composição e estrutura da ictiofauna

Atributos de Descrição do Impacto

Natureza Negativo Prazo Médio


Ordem Indireto Reversibilidade Reversível

Escala espacial Local Duração Temporário

Elaboração: Arcadis, 2020.

307
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

B) Avaliação do Impacto
Considerando as informações disponíveis até o momento e o impacto observado decorrente
dos rompimentos, pode se considerar o impacto das obras de manejo de rejeitos como de
pequena magnitude. Essa avaliação leva em consideração o fato de que a sub-bacia do
ribeirão Ferro-Carvão é uma dentre várias outras que possivelmente abrigavam espécies de
peixes de ampla distribuição da bacia do rio Paraopeba, tendo em vista seu estado de
conservação já alterado no cenário pré-rompimento.

A bacia do rio Paraopeba possui elevada diversidade de espécies de peixes, mesmo diante da
baixa preservação dos ambientes ripários, o leito assoreado e a fragmentação de habitat
anteriores ao rompimento. Além disso, não há evidências, até o momento, que a atividade de
dragagem esteja provocando a mortandade de peixes e ictioplâncton ao ponto de alterar a
estrutura e composição da ictiofauna, conforme demonstrado pelos resultados do Programa de
Monitoramento da Dragagem, o que não significa que alterações envolvendo, por exemplo, a
saúde dos indivíduos não possam se manifestar a médio prazo.

A resiliência das espécies de peixes aparenta ser grande diante das várias fontes de impacto.
Durante os monitoramentos pós-rompimento, foram capturadas várias espécies ao longo do
Paraopeba e afluentes, e somente um mês após o rompimento constatou-se, por meio de
monitoramento de ictioplâncton (CLAM, 2019), a reprodução de peixes próxima à área atingida
do rio Paraopeba, situação ainda constatada nos relatórios de monitoramento mais recentes
(CLAM, 2020).

O histórico de mortandade no rio Paraopeba também corrobora essa resiliência das espécies,
tendo em vista que estes são eventos pontuais recorrentes em alguns trechos do rio com
número de carcaças coletadas superiores àqueles coletados na área próxima ao rompimento.

A sensibilidade deste componente é considerada alta, uma vez que foram detectadas, em
estudos anteriores (Diagnóstico Pré e Pós Rompimento do Plano de Reparação - ARCADIS,
2020), e no monitoramento da área de dragagem carcaças de espécies de relevância ecológica
ou em situação de vulnerabilidade na região, como as espécies de peixes bagre (Bagropsis
reinhardti) e pacamã (Lophiosilurus alexandri), classificadas como vulneráveis na lista nacional
de espécies ameaçadas de extinção (ICMBio, 2018). Além destas, há espécies de interesse
comercial, como curimatá-pioa e pacu (Prochilodus costatus e P. argenteus), dourado
(Salminus franciscanus) e tabarana (Salminus hilarii). Embora sejam encontradas ao longo do
rio Paraopeba, essas espécies podem utilizar os habitat dos tributários nos seus trechos mais
baixos, entre eles o ribeirão Ferro-Carvão, principalmente nos estágios de vida iniciais. Além
disso, espécies de riacho e dos trechos altos da bacia (como das famílias Trichomycteridae,
Loricariidae e Heptapteridae) são indicadores de boa qualidade ambiental e contam como
provável ocorrência no ribeirão Ferro-Carvão (AMPLO & VALE, 2019a).

A combinação entre sensibilidade alta do componente e magnitude pequena do impacto resulta


em um impacto de grau de importância moderado.

308
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Quadro 7-63- Grau de importância do impacto de Alteração da Composição e Estrutura da


Ictiofauna

Avaliação do Grau de Importância do Impacto

Magnitude Pequena

Sensibilidade ou valor do componente Alta

Grau de Importância do Impacto Moderado

Elaboração: Arcadis, 2020.

Para a recuperação deste impacto, estão previstas ações apresentadas em planos e seus
programas específicos:

▪ Programa de Recuperação de Áreas Degradadas:


− Programa de Renaturalização de Leitos e Margens;
▪ Plano de Monitoramento da Qualidade da Água Superficial:
− Programa de Apoio à Biodiversidade;
− Programa de Monitoramento da Qualidade da Água Superficial
▪ Plano de Monitoramento da Biodiversidade Terrestre e Aquática:
− Programa de Monitoramento da Biota Aquática;
− Programa de Monitoramento de Ecotoxicidade e Bioacumulação;
▪ Plano de Monitoramento de Dragagem.
− Plano de Monitoramento de Dragagem – Biota Aquática.

Nesse sentido, já existem ações em andamento referentes ao monitoramento, a fim de


acompanhar a ocorrência do impacto ao longo do tempo e identificar possíveis medidas de
controle, sendo o grau de resolução das medidas considerado forte. Abaixo se enumeram as
principais ações relacionadas ao impacto em questão.

Quadro 7-64- Medidas de mitigação associadas a Alteração da Composição e Estrutura da


Ictiofauna

Medidas de Mitigação e Programas Ambientais

Ações Plano ou Programa

Estabilização de encostas e taludes


Programa de Recuperação de Áreas
Recomposição das margens do ribeirão Ferro-Carvão e Degradadas (PRAD)
seus tributários de Renaturalização de Leitos e Margens

Monitoramento da Ictiofauna em 5 pontos:

Checagem de carcaças e cardumes, com reporte diário Plano de Monitoramento de Dragagem


dos achados. (PMD) – Biota Aquática.
Identificação e coleta de dados biométricos das carcaças
coletadas.

309
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Medidas de Mitigação e Programas Ambientais


Realização de necrópsia preferencialmente em campo,
logo após a coleta das carcaças
Coleta de material para análises laboratorial
Realização de exames histopatológicos e toxicológicos.
Animais agonizantes, que foram eutanasiados devem ter
sua carcaça encaminhada para a necropsia, seguindo os
procedimentos descritos acima.
Monitoramento da dragagem, realizado diariamente ao
longo de 3 trechos estabelecidos no Plano de
Monitoramento da Dragagem:
- Trecho I, que se inicia aproximadamente 1 km a
montante da confluência do rio Paraopeba com o ribeirão
Ferro-Carvão e segue até a captação da COPASA (10,9
km).
- Trecho II, desde a jusante da adutora da COPASA até a
ponte da BR 381 (22,87 km). Plano de Monitoramento de Dragagem
(PMD)
- Trecho III, da ponte da BR 381 até a confluência do rio
Paraopeba com o rio Betim (12,7 km).
A busca ativa por peixes mortos ou agonizantes em cada
trecho é realizada de barco, com equipes técnicas
formadas por biólogos e auxiliares, navegando com
velocidade inferior a 10 km/h.

Monitoramento do Ictioplâncton

Grau de Importância do Impacto (após implementação de medidas)

Grau de resolução de ações e medidas propostas Forte


Grau de importância do impacto antes das medidas Moderado
Grau de importância do impacto pós-medidas Reduzido

Elaboração: Arcadis, 2020.

7.1.7. Matriz de impactos


A partir das informações apresentadas ao longo dos impactos foram elaboradas as Matrizes
de Impactos. Nas matrizes elaboradas tem-se a correlação entre as atividades executadas
para o manejo de rejeito e os respectivos impactos identificados durante a execução deste
LAIA. Tais matrizes possibilitam obter um panorama geram dos impactos identificados, bem
como o grau de importância destes com e sem a adoção de medidas de controle (para impactos
negativos) e de potencialização (para impactos positivos). No Anexo IV encontram-se
apresentadas as Matrizes de Impacto sem e com a adoção das medidas de controle para os
impactos identificados.

310
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

7.1.8. Descrição das Áreas de Influência


A fim de dimensionar e apresentar espacialmente a ocorrência dos impactos foram definidas
23 áreas de influência no estudo de LAIA. Para cada uma das áreas de influência foram
correlacionados um ou mais impactos. A apresentação das áreas de influência por impacto tem
por objetivo ter maior clareza na área de ocorrência, sempre que possível e, ressalvando o
grau de incerteza, permitindo uma análise mais assertiva na fase de acompanhamento das
mitigações dos impactos.

A descrição das Áreas de Influência (AI) e os respectivos impactos associados a cada uma
delas estão descritos na Tabela 7-23 a seguir.

Tabela 7-23 - Descrição das Áreas de Influência (AI)

Áreas de
Influência Impactos associados Descrição
(AI)

Dentre as atividades do manejo de rejeito, a que


possui maior impacto em relação às emissões
atmosféricas é o tráfego em vias de acesso. Dessa
forma, considerou-se como área de influência para a
redução da qualidade do ar a área delimitada pela
isolinha de concentração 120 µg/m³ referente ao MP10
no cenário do Percentil 98% das concentrações
médias de 24 horas. A emissão deste tipo de
i) Alteração da qualidade do particulado é fortemente influenciada pela
AI I
ar ressuspensão em vias, decorrente do atrito dos pneus
com o solo. A partir dos limites da isolinha
considerada, as concentrações de MP10 se mantém
abaixo do Padrão Intermediário Nº 1 considerado na
Resolução CONAMA Nº 491/2018. Os dados
considerados na delimitação foram obtidos por meio da
análise do Estudo de Dispersão Atmosférica – Cenário
2021, elaborado em outubro de 2020 pela
Econservation

i) Compactação do solo
Delimitada pelas poligonais das obras e vias
ii) Intensificação de
destinadas ao manejo de rejeito. Entende-se que
AI II processos erosivos
nessas áreas podem ocorreram interferências diretas
iii) Perda de camadas sobre o solo
superficiais do solo

Locais nos quais ocorrem atividades com potencial de


alterar a qualidade do solo, tais como: armazenamento
e manipulação de produtos químicos, ETAFs,
i) Alteração da qualidade do manutenção mecânica e área de armazenamento de
AI III
solo resíduos perigosos. Devido ao potencial de haver
equipamentos, veículos e demais materiais soterrados,
a área da mancha de rejeito também está sendo
considerada nesta área de influência

311
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Áreas de
Influência Impactos associados Descrição
(AI)

Área de influência delimitada pelos locais nos quais


ocorrem atividades com potencial de reduzir a
qualidade da água subterrânea tais como:
armazenamento e manipulação de produtos químicos,
ETAFs, manutenção mecânica e área de
armazenamento de resíduos perigosos. Devido ao
AI IV i) Alteração da qualidade da potencial de haver equipamentos, veículos e demais
água subterrânea materiais soterrados, a área da mancha de rejeito
também está sendo considerada nesta área de
influência. Está também está sendo incluída a Cava de
Feijão, a qual foi considerada para destinação final dos
rejeitos removidos

i) Alteração da qualidade da
água superficial

ii) Alteração da composição e


estrutura das comunidades
hidrobiológicas
Nesta delimitação está incluído o ribeirão Ferro-
Carvão, o trecho do ribeirão Casa Branca iniciado a
iii) Perda de Indivíduos da montante da ETAF 1 e finalizado no ponto de
AI V Ictiofauna confluência com o rio Paraopeba e o trecho do rio
Paraopeba iniciado a montante da ETAF 2 e finalizado
no ponto PT-09 existente na ponte da rua Cel. Alberto
v) Alteração da composição e
Cambraia, no município de Brumadinho (MG)
estrutura das comunidades
ictiofauna

vi) Alteração dos efeitos de


toxicidade e bioacumulação
na biota aquática

i) Alteração das
Leito do ribeirão Ferro-Carvão e trecho do rio
características
AI VI Paraopeba, onde está sendo executada a atividade de
morfodinâmicas dos cursos
dragagem
d'águas

i) Alteração do carreamento
Área correspondente ao leito do ribeirão Ferro-Carvão,
AI VII de sólidos suspensos no
na qual foram instaladas as estruturas de contenção
ribeirão Ferro-Carvão

Localidades existentes nas proximidades da área de


i) Incômodo à vizinhança e execução das obras do manejo do rejeito (Pires,
AI VIII fauna do entorno – Emissão Parque da Cachoeira e Córrego do Feijão). Está AI é
de ruído e vibração preliminar e será melhor aferida após a elaboração de
estudos adicionais

Área compreendida pela convergência entre a região


i) Desregulação fisiológica de na qual existe deposição de rejeito sob dossel, área
AI IX
indivíduos da flora com vegetação nativa e região definida como a Área
de Influência de redução da qualidade do ar

312
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Áreas de
Influência Impactos associados Descrição
(AI)

Região convergente entre o Plano Diretor de Obras


(PDO) e o Plano de Supressão somados ao uso do
solo na Área de Estudo de Detalhe correspondente às
i) Perda e alteração de seguintes coberturas: vegetação nativa, campo
AI X antrópico / pastagem e região de deposição do rejeito
habitat terrestre
sob dossel. Como vegetação nativa estão sendo
consideradas as seguintes classes de cobertura do
solo: florestas, cerrado e área úmida

Região correspondente à convergência entre o Plano


Diretor de Obras com o Plano de Supressão e com as
AI XI i) Perda de indivíduos da flora seguintes classes de cobertura do solo: florestas,
cerrado, área úmida vegetação nativa, campo
antrópico / pastagem

Região convergente entre o plano diretor de obras e as


seguintes delimitações mapeadas na área de estudo
de detalhe: áreas de interesse para a conservação;
i) Interferência em áreas
Áreas de Preservação Permanente (APPs); Reserva
AI XII protegidas e de interesse
Legal e Unidades de Conservação. O dado resultante
para a conservação
corresponde à região das áreas protegidas e de
interesse para a conservação nas quais houve (ou
haverá) a intervenção das atividades do manejo de
rejeito

Área que corresponde a área de obras destinadas ao


manejo do rejeito somadas com um buffer de 500m a
partir dos seus limites, pois entende-se que nesta
região possa haver alteração da qualidade do habitat
i) Perda e alteração do
devido à geração de ruídos originados nas atividades
AI XIII habitat de espécies terrestres
realizadas. Somado à está região tem-se o e trecho do
e semiaquáticas
rio Paraopeba iniciado a montante da ETAF 2 e
finalizado no ponto PT-09, localizado na ponte da rua
Cel. Alberto Cambraia, no município de Brumadinho
(MG)

Área de Estudo de Detalhe e trecho do rio Paraopeba


i) Alteração das comunidades iniciado a montante da ETAF 2 e finalizado no ponto
AI XIV
faunísticas PT-09, localizado na ponte da rua Cel. Alberto
Cambraia, no município de Brumadinho (MG).

Elaboração: Arcadis, 2020.

Os mapas que ilustram as Áreas de Influência descritas da Tabela 7-23 encontram-se no


Anexo V.

313
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

7.2. Gerenciamento de Resíduos e Rejeitos


Este item abarca as questões técnicas (em consonância com a Política Estadual de Resíduos
Sólidos, estabelecida pela Lei nº 18.031, de 12 de janeiro de 2009) relacionadas ao
gerenciamento de resíduos da área diretamente afetada pelo rejeito na bacia do ribeirão Ferro-
Carvão.

Durante as escavações do CBMMG são localizados materiais que são classificados como
materiais com potencial de contaminação, tais como: equipamentos, transformadores, baterias
automotivas, tanques de combustível, etc., e materiais sem potencial de contaminação como
madeira, borracha, sucata, etc. À medida que os respectivos materiais são encontrados, os
mesmos passam a ser considerados resíduos e o gerenciamento dos mesmos está
estabelecido no Plano de Gerenciamento Integrado de Rejeito e Resíduos - PGIRR.

O PGIRR tem por objetivo estabelecer os procedimentos e critérios técnicos a serem adotados
na gestão dos resíduos e rejeitos provenientes das escavações na Zona Quente, bem como
apresentar a sistematização das ações que são adotadas, de forma a atender o cumprimento
dos requisitos legais e normativos aplicáveis.

À medida que as escavações comandadas pelo CBMMG em busca de vítimas avançam, um


elevado volume de rejeito e resíduos diversos são revolvidos e faz-se necessária a destinação
ambientalmente adequada de ambos.

Conforme procedimento estabelecido pelo CBMMG, as escavações são realizadas com


máquinas (escavadeiras, retroescavadeiras) em locais previamente definidos pela
programação semanal de buscas e das obras.

Quando são encontrados resíduos com potencial de contaminação nas frentes de escavações,
a equipe de meio ambiente da Vale é comunicada para que sejam tomadas as devidas
providências, conforme detalhamento apresentado no subcapítulo “Gestão e Manejo dos
Resíduos com Potencial de Contaminação” do PGIRR.

De maneira similar, quando são encontrados resíduos sem potencial de contaminação, a


equipe de Meio Ambiente da Vale é comunicada para efetuar sua retirada, transporte,
armazenamento e destinação. A Figura 7-58 apresenta o fluxograma geral da gestão de
resíduos aplicada atualmente.

314
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

______________________________________________________________________________________

RP – Resíduo com Potencial de Contaminação; CMD - Central de Materiais Descartados da Vale; ETEO – Estação de Tratamento de Efluentes Oleosos.

Figura 7-58 - Fluxograma integrado da gestão de rejeitos e resíduos.

315
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

O gerenciamento dos resíduos apresenta peculiaridades que devem ser consideradas, já que
em função do rompimento das barragens, a característica principal dos resíduos gerados é a
mistura de grandes quantidades de rejeitos com outros materiais diversos que foram
incorporados a uma mistura com solos e materiais florestais.

Os principais resíduos encontrados na área de escavação Zona Quente são:

▪ resíduos diversos, como madeira, dormentes;


▪ rejeito contaminado com óleos, graxas e/ou combustíveis;
▪ resíduos da construção civil;
▪ tambores, bombonas e tanques;
▪ veículos leves, sendo estes: caminhonetes, veículos pequenos, ônibus, vans,
ambulâncias;
▪ veículos pesados, como caminhões, carretas, caminhões fora de estrada, guindastes;
▪ máquinas (trator, retroescavadeira, motoniveladora etc.);
▪ equipamentos, como locomotivas, transformadores, cilindros, GPL, caçamba,
perfuratrizes, plataformas elevatórias, cilindros hidráulicos, containers, inversores e
máquinas de solda, painéis elétricos, bombas hidráulicas, baterias, empilhadeiras de
cargas, pneus inservíveis, entre outros.
Os resíduos com potencial de contaminação encontrados durante as escavações, recebem
tratamento adequado no que concerne a suas etapas de transporte, armazenamento e
destinação final.

Os resíduos com potencial de contaminação, denominados de “RP”, são aqueles que por
suas características/composição são classificados segundo ABNT NBR 10.004:2004 como
resíduos perigosos (Classe I), e/ou aqueles resíduos que contêm substâncias químicas com
potencial de alterar a qualidade do solo e/ou da água subterrânea. Derramamentos de óleo em
solo ou em rejeito, também serão considerados como RPs. Quando esses derramamentos
ocorrerem em rejeito, são realizados os procedimentos apresentados no PGIRR.

No que tange o gerenciamento do transporte, destinação temporária e destinação final de todos


os resíduos gerados nas escavações, as ações e seus respectivos fluxogramas estão descritos
no PGIRR.

7.3. Caracterização Geoquímica dos Rejeitos


Após o rompimento das barragens na Mina Córrego de Feijão, foi iniciado um amplo programa
de investigação (geo)química dos rejeitos liberados pelo rompimento e seu potencial em
impactar o ambiente afetado. De maneira geral, o que se pretende com o programa de
caracterização geoquímica é entender a reatividade ambiental dos rejeitos que estavam
depositados na barragem B-I. De maneira mais específica, o objetivo principal do programa
será responder a questões chave relacionadas com a presença dos rejeitos liberados no
ambiente:

▪ Qual é a composição química, a distribuição granulométrica e granuloquímica dos rejeitos


remanescentes na barragem de rejeitos B-I?

316
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

▪ Qual é a composição química, a distribuição granulométrica e granuloquímica dos rejeitos


depositados dentro das drenagens, e na planície aluvionar a jusante da barragem B-I? Elas
diferem significativamente dos rejeitos “originais”?
▪ As concentrações de metais (composição química global) nos rejeitos remanescentes na
barragem, e ou rejeitos depositados, excedem padrões regulatórios aplicáveis para solos
e sedimentos?
Para tanto foram amostrados rejeitos com características originais (CO), dentro da própria
estrutura da barragem B-I (rejeitos remanescentes) e rejeitos misturados (RM) que se
misturaram aos solos e sedimentos naturais das áreas afetadas (127 amostras), solos não
afetados (SNA) (13 amostras), sedimentos não afetados e afetados pela deposição de rejeitos
(i.e., banco de sedimentos/margens no rio Paraopeba e sedimentos de fundo do rio (45
amostras), totalizando 185 amostras.

As classificações das amostras mencionadas acima são provenientes das avaliações feitas
para definição dos pontos de coleta e das evidências visuais, como se segue:

▪ Rejeitos com características originais (CO): amostras de rejeitos coletadas no antigo


reservatório da barragem de rejeitos B-I. Estas amostras são usadas como sendo as mais
próximas dos rejeitos depositados antes de seu rompimento, sem a influência de outros
materiais que podem ter sido misturados aos rejeitos, após a ruptura;
▪ Rejeitos potencialmente misturados (RM): amostras de rejeitos coletadas ao longo da
planície afetada pelo fluxo de rejeito no ribeirão Ferro-Carvão.
A localização dessas amostras está apesentada no relatório Caracterização Geoquímica de
Rejeitos Fase I – Composição Química Global, Análise Granulométrica e Classificação
Segundo a Norma NBR ABNT 10.004:2004, elaborado pela empresa Geoenviron.

O programa de investigação geoquímica está sendo executado em três fases, conforme figura
a seguir.

317
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

A Fase I engloba a caracterização da composição química, granulométrica e avaliação de


atendimento a padrões legais dos rejeitos liberados da barragem B-I (i.e., rejeitos originais e
misturados) e solos naturais (amostras para serem utilizadas como referência). O programa de
análise compreendeu ainda, testes de lixiviação de curto prazo, incluindo testes relevantes em
termos regulatórios (ABNT NBR 10.005/2004 – Lixiviação e ABNT NBR 10.006/2004 –
Solubilização) com o objetivo de determinar se o material é tóxico e se é inerte ou não inerte,
de acordo com os termos de regulamentação de resíduos sólidos do Brasil (ABNT NBR
10.004/2004). Os resultados estão descritos no relatório Caracterização Geoquímica de
Rejeitos Fase I – Composição Química Global, Análise Granulométrica e Classificação
Segundo a Norma NBR ABNT 10.004:2004.

De forma a produzir uma maior representatividade amostral, em complementação ao estudo


geoquímico, amostras de rejeitos dos Depósitos Temporários de Rejeito (DTRs) estão sendo
caracterizadas com o mesmo protocolo do programa de geoquímica conforme apresentado no
Anexo VI - Depósitos Temporários e Caracterização de Rejeitos e os resultados foram
analisados de forma integrada (78 amostras de rejeitos das pilhas das áreas de espera, número
disponível no momento da elaboração da Nota Técnica Estudo complementar de
caracterização geoquímica dos rejeitos (Fase I): composição química global e
classificação segundo a NBR ABNT 10.004/2004 dos rejeitos dos depósitos temporários
(DTRS). Ainda nesse contexto, para melhorar o diagnóstico em relação as amostras coletadas,
uma nova campanha para amostragem de rejeitos em profundidade está sendo executada.
Estão previstas coletas de aproximadamente 200 amostras distribuídas em 28 furos ao longo
da mancha de rejeitos, conforme Plano de Trabalho Amostragens em Profundidade -
Investigação Adicional do Rejeito e Solo sotoposto entre o reservatório da antiga
barragem B-I e o rio Paraopeba.

O programa Fases II e III visa determinar a estabilidade química (i.e., potencial de mobilização
de metais a partir da fase sólida para a fase aquosa) dos rejeitos e sedimentos afetados. Os
resultados dessas fases possibilitarão o entendimento do potencial de mobilização de metais

318
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

e a comparação com padrões brasileiros de qualidade da água aplicáveis, no curto e longo


prazo. O programa contempla ainda testes para avaliar o potencial de mobilização de metais
na água do rio (NBR 15469, ABNT, 2015), e testes para avaliar o potencial de mobilização de
metais sob diferentes condições de pH (i.e., USEPA 1313 e 1316). Análises mineralógicas
foram executadas para identificar os hospedeiros mineralógicos de metais em cada amostra,
sendo os resultados de extração sequencial usados para identificar a forma mineralógica em
que um elemento é mantido, o que fornece informação quanto à sua origem e seu potencial de
mobilidade.

Como parte das investigações (Fase II) que estão sendo realizadas do programa de
caracterização geoquímica dos rejeitos, 19 amostras de sedimentos foram coletadas (incluindo
uma duplicata), assim como 26 amostras de rejeitos depositados no rio (margem e centro)
Paraopeba. As Figuras do Anexo VII mostram os mapas de localização das amostras
coletadas de sedimentos e banco de sedimentos, respectivamente.

O objetivo dessa análise é caracterizar os sedimentos afetados utilizando mesma estrutura de


avaliação da reatividade dos rejeitos, e que visa entender a estabilidade geoquímica destes
materiais no curto, médio e longo prazo, sendo que as amostras também foram utilizadas
também no preenchimento das células dos ensaios cinéticos.

As amostras de sedimentos foram coletadas em pontos que não necessariamente


correspondem ao atual programa de monitoramento de sedimentos realizados no Rio
Paraopeba e foram selecionadas levando em consideração a geomorfologia do rio visando
coletar amostras em zonas preferenciais de deposição dos rejeitos, e em região
correspondente àquela onde os bancos de rejeitos são normalmente encontrados (até a
chegada do barramento da Igaratermo).

Como o objetivo dessa análise é avaliar o comportamento geoquímico, foram coletadas


amostras mais próximas a zona mais afetada em detrimento de toda a extensão da área
afetada. No entanto, 03 amostras foram coletadas também no reservatório de Retiro Baixo,
visto que o fundo do reservatório representa/representará um ambiente geoquímico
potencialmente distinto dos demais trechos do rio.

As coletas de sedimentos se deram em 2 campanhas, sendo a primeira iniciada em abril/19 e


a segunda em junho/19. Uma avaliação preliminar foi realizada no âmbito das respostas aos
Ofícios FEAM/GERAI nº. 18/2020 e Memorando.IGAM/GEMOQ.nº 13/2020 e as interpretações
completas estarão inseridas em uma nota técnica como parte do estudo Fase II.

Por fim, estão sendo conduzidos testes cinéticos como parte do programa Fase III em um
subconjunto de 29 amostras, que correspondem a ensaios de laboratórios de pequena escala
para simular as condições reais dos materiais nas condições originais, buscando avaliar o
comportamento de intemperismo dos resíduos sólidos (rejeitos-fonte) sob condições subaéreas
(expostas a atmosfera) e subaquáticas (inundadas).

Está sendo avaliada também, a influência do contato a longo prazo com matéria orgânica
natural e baixas condições de oxigênio na mobilização de metais.

Os ensaios estão sendo realizados conforme as metodologias listadas a seguir:

319
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

▪ Células úmidas - ASTM D5744-13 (ASTM, 2004) – Serão realizados testes cinéticos para
avaliar o comportamento de intemperismo dos rejeitos-fonte sob condições subaéreas
expostas.
▪ Teste de Coluna MEND (2009) / USEPA 1314 (USEPA, 2018) - O objetivo deste teste
consiste em avaliar a estabilidade ambiental de rejeitos-fonte sob condições subaquáticas
anóxicas (isto é, inundadas).

Figura 7-59 - Teste de Coluna.

As metodologias listadas acima foram aplicadas de forma a simular as condições as quais o


rejeito / sedimento estarão expostos:

▪ Representação das condições da Cava


Colunas destinadas à avaliação da simulação do comportamento do rejeito que será disposto
na cava. Serão alimentadas com água deionizada, ou seja, sob condições subaquáticas oxicas.

▪ Representação das condições do Paraopeba/ Reservatório


Colunas destinadas à avaliação da estabilidade ambiental de rejeitos-fonte sob condições
subaquáticas e em reservatórios. Serão alimentadas com água do rio Paraopeba e água
deionizada.

As amostras foram selecionadas com base nos comportamentos obtidos na Fase I, conforme
tabela a seguir.

320
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Amostras Descritivo Comportamento em ensaios anteriores


Várias amsotras de solo de referência apresentaram
Blend UD Blend Amostras de Solo de Referência solubilizações de Fe, Al e Mn
Baixas Solubilizações de Mn no ensaio ABNT
Blend Amostras de Rejeitos Coletadas na 10.004/2004 e existencia de ensaios de campo para
Blend AMN 01 e AMN 02 Pilha do Menezes comparação de resutlados
Basicamente amsotras inertes segundo a ABNT
Blend de amostras da área de espera que 10.004/2004, mas apresentando alguns elementos acima
formaram agrupamento nas avaliações das referências de metais em solos (Conama 420/2009-
Blend Área de espera 01 realizadas Prevenção)
Basicamente amsotras inertes segundo a ABNT
Blend de amostras da área de espera que 10.004/2004, mas apresentando alguns elementos acima
formaram agrupamento nas avaliações das referências de metais em solos (Conama 420/2009-
Blend Área de espera 02 realizadas Prevenção)
Basicamente amsotras inertes segundo a ABNT
Blend de amostras da área de espera que 10.004/2004, mas apresentando alguns elementos acima
formaram agrupamento nas avaliações das referências de metais em solos (Conama 420/2009-
Blend Área de espera 03 realizadas Prevenção)
Basicamente amsotras inertes segundo a ABNT
Blend de amostras da área de espera que 10.004/2004, mas apresentando alguns elementos acima
formaram agrupamento nas avaliações das referências de metais em solos (Conama 420/2009-
Blend Área de espera 04 realizadas Prevenção)
Basicamente amsotras inertes segundo a ABNT
Blend de amostras da área de espera que 10.004/2004, mas apresentando alguns elementos acima
formaram agrupamento nas avaliações das referências de metais em solos (Conama 420/2009-
Blend Área de espera 05 realizadas Prevenção)
AM-27 Rejeitos Potencialmente Misturados Não Inertes ABNT 10.004-Grupo 06
Não Inertes ABNT 10.004/Solubilização Mn USEPA 1316-
AM-28 Rejeitos Potencialmente Misturados Grupo 06
AM-29 Rejeitos Potencialmente Misturados Não Inertes ABNT 10.004-Grupo 06
AM-32 Rejeitos Potencialmente Misturados Não Inertes ABNT 10.004-Grupo 06
Não Inertes ABNT 10.004/Elevada Solubilização de Mn
AM-36 Rejeitos Potencialmente Misturados USEPA 1316-Grupo 06
AM-44 Rejeitos Potencialmente Misturados Inertes ABNT 10.004-Grupo 05
AM 48 Rejeitos Potencialmente Misturados Inertes ABNT 10.004-Grupo 05
Amostras com vários elementos acima das referências
de metais em solos (Conama 420/2009-Prevenção) e
AM 50 Rejeitos caracteristicas Originais inertes segundo a ABNT 10.004/2004) - Grupo 01
Amostras com vários elementos acima das referências
de metais em solos (Conama 420/2009-Prevenção) e
AM 60 Rejeitos caracteristicas Originais inertes segundo a ABNT 10.004/2004) - Grupo 05
Amostras com vários elementos acima das referências
de metais em solos (Conama 420/2009-Prevenção) e
AM 61 Rejeitos caracteristicas Originais inertes segundo a ABNT 10.004/2004) - Grupo 05

Os ensaios iniciaram na semana do dia 12/08 com a obtenção do primeiro extrato em 19/08. O
lixiviado que emerge do sistema está sendo coletado semanalmente e analisado em termos
dos parâmetros abaixo:

▪ Condutividade elétrica, pH, Eh, turbidez, alcalinidade (total, como carbonatos e


bicarbonatos), sólidos totais, sólidos suspensos, sólidos dissolvidos totais, dureza, acidez
total, sulfato, cloreto, fluoreto, nitrato, nitrito, nitrogênio amoniacal, metais totais e
dissolvidos (Ag, Al, As, B, Ba, Be, Bi, Ca, Cd, Co, Cr. Cu, Fe, Hg, K, Mg, Mn, Mo, Na, Ni ,
Pb, Sb, Se, Si, Sn, Sr, Ti, Th, V, e Zn) por ICP-MS
O teste é geralmente realizado por um período mínimo de 20 semanas, mas pode ser
necessário prolongar este período em função de materiais “incertos” ou de reação lenta.

As principais conclusões do programa de caracterização geoquímica até o momento foram as


seguintes:

321
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

▪ O estudo geoquímico conta com um conjunto de amostras que é representativo do ponto


de vista da composição, dos materiais presentes nas regiões afetadas pelo rompimento da
barragem B-I;
▪ Os rejeitos possuem a mais baixa reatividade dentre os materiais analisados (sedimentos
e solos) no conjunto de dados geoquímicos, devido ao fato de que eles consistem de fases
minerais insolúveis. As concentrações de metais-traço nos rejeitos geralmente atendem a
legislação brasileira de solos em 87% do total de dados avaliados, entretanto, cerca de
60% das amostras excederam ao menos um parâmetro. As amostras RM apresentaram
maior atendimento a legislação em relação às amostras CO. Não houve excedentes para
rejeitos ou rejeitos misturados em relação a Cr, Hg, Mo, Pb e Zn;
▪ Os parâmetros com maior quantidade de extrapolações aos limites de referência da
legislação foram: Cu, Ba, Co, As e Ni;
▪ Análises de Cluster (AC) foram utilizadas para agrupar as amostras de rejeitos em grupos
(clusters), de acordo com suas similaridades, de modo que dentro do grupo resultante há
uma homogeneidade e uma heterogeneidade entre os grupos, possibilitando uma
avaliação da efetiva diferenciação das características das amostras entre os rejeitos com
características originais e potencialmente misturados. Para auxiliar na interpretação da
diferença entre os grupos da AC, foi aplicada a Análise de Componentes Principais (ACP).
▪ Em geral, as amostras de rejeitos com características originais (CO) foram agrupadas
também com amostras de características de rejeitos misturados (RM), exceto para o grupo
1 e pequenos grupos (2, 4 e 7), e subgrupos, onde é possível identificar algumas
similaridades quanto a tipologia do rejeito (ex. granulometria e etc.);
▪ Este fato indica que as amostras CO e RM possuem características em comum, sugerindo
que o grau de mistura com outros materiais, pelo menos no conjunto de amostras avaliado,
não foi tão pronunciado como se poderia imaginar inicialmente;
▪ As amostras podem ser enquadradas em sete grupos, os quais se diferenciaram
principalmente em relação aos teores de Fe2O3, SiO2, Al2O3 e MnO;
▪ Todas as amostras de rejeitos foram classificadas como material Classe II (não perigoso),
sendo que a maioria delas classificadas como Inertes (II-B) e algumas como não inertes
(II-A) devido ao fato de excederem o padrão de solubilização da Norma ABNT 10.004/2004
para Fe, Mn e Al;
▪ A mistura do rejeito com solos e sedimentos naturais resulta em material com
concentrações de metais traço mais baixas que as verificadas nos materiais não afetados
para alguns casos (ex.: Cromo nas amostras de sedimentos não afetados). Em relação
aos demais metais, o comportamento para as amostras de sedimentos foi também similar
às amostras de rejeitos. Apesar disto, de maneira geral, as amostras dos bancos de
sedimentos/rejeitos apresentaram concentrações mais elevadas em relação aos rejeitos,
para alguns metais (Ba, Cd, Co, Cu, Hg, Ni, Pb, Zn), mesmo com amplitudes dos dados
similares;
▪ Os resultados das análises das amostras de sedimentos afetados (sedimentos de fundo e
acúmulo de rejeitos/sedimentos na calha) sugerem que há influência composicional dos
rejeitos nessas amostras. No entanto, com distinções dos rejeitos em ralação à mobilidade
dos elementos avaliada através dos ensaios NBR ABNT 10.004/2004, sendo por vezes
mais próxima do comportamento de amostras de solo não afetadas;

322
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

▪ Os resultados sugerem que, assim como os rejeitos, os sedimentos e banco de sedimentos


podem ser uma fonte pontual de Mn para as áreas afetadas, devendo essa característica
ser validada em ensaios em condições mais próximas dos diferentes ambientes
geoquímicos deposicionais aos quais os rejeitos se encontram depositados agora;
▪ A análise das amostras da área de espera mostrou que estas amostras se assemelham às
amostras de rejeitos, principalmente às de características de rejeitos misturados. Os
resultados de composição química e classificação de resíduos corroboram os resultados
obtidos anteriormente na Fase I;
▪ Os resultados mineralógicos confirmam a presença de fases minerais menos solúveis nos
rejeitos (i.e., hematita e goethita).
▪ A análise das amostras da área de espera mostrou que estas amostras se assemelham às
amostras de rejeitos, principalmente às de características de rejeitos misturados.
▪ A correlação entre os metais mobilizáveis (avaliados via NBR ABNT 10.004/2004) e os
teores totais desses metais nas amostras correspondentes não é direta, desta forma os
teores totais não são bons preditores do comportamento ambiental das amostras em temos
de mobilização de metais. Outros ensaios, em outras condições serão também realizados
visando avaliar esse tipo de correlação (Fase II e III).

7.4. Emissões Atmosféricas

7.4.1. Programa de Monitoramento da Qualidade do Ar


O Programa de Monitoramento de Qualidade do Ar preconiza o acompanhamento das
emissões atmosféricas e a adoção de medidas de controle, que buscam mitigar de forma
efetiva os impactos das emissões de poluentes, gerados a partir das atividades inerentes às
obras emergenciais de recuperação ambiental local, após o rompimento da barragem B-I.
Como exemplo desses impactos tem-se as emissões fugitivas de vias de tráfego veicular não
pavimentadas e o arraste eólico, em sua maioria de áreas sem cobertura vegetal.

Estas emissões comumente possuem potencial de afetar a qualidade do ar local, o que justifica
a necessidade de garantir o controle das emissões a partir de monitoramento contínuo e
medidas de controle específicas. Neste contexto, a Vale tem realizado o monitoramento da
qualidade do ar e garantido medidas de controle visando à mitigação dos impactos ora citados.

As atividades no âmbito do Programa de Monitoramento da Qualidade do Ar são executadas


por empresas terceiras, cujos relatórios são protocolados mensalmente junto a FEAM e
SUPRAM, contendo os dados coletados, metodologias, bem como os resultados das análises
de qualidade do ar obtidos.

Atualmente o monitoramento da qualidade do ar contempla:

▪ Monitoramento Contínuo: Compõe a principal malha amostral implementada com 6 (seis)


estações fixas, sendo 3 (três) paramétricas e 3 (três) convencionais com acompanhamento
de dados na forma contínua; os dados gerados por estas estações fixas subsidiam uma
análise de IQAr (Índice de Qualidade do Ar);

323
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

▪ Monitoramento Descontínuo: composto por 2 (dois) analisadores de grande volume (AGV)


existentes e em acompanhamento pela equipe de operação da Vale na região, com
aproveitamento dos dados com o objetivo de adensar os resultados de partículas totais em
suspensão (PTS) à malha amostral principal deste programa.
▪ Inspeção e Medição nas Fontes de Emissão de Material Particulado (Monitoramento
Móvel): constitui de uma avaliação visual acompanhada do monitoramento móvel, que é
realizado com monitor ECOPM portátil contínuo. Esta ação tem o objetivo de complementar
as informações acerca do status dos principais trechos monitorados.
A Tabela 7-24 apresenta as coordenadas atuais e informações adicionais dos pontos de
monitoramento da qualidade do ar. A Figura 7-60 e a Figura 7-61 a Figura 7-68 a seguir
mostram os pontos de monitoramento distribuídos na área no contexto das obras emergenciais.

Tabela 7-24 – Denominação das estações, parâmetros monitorados e coordenadas.

Coordenadas Qualidade do Ar Meteorologia


Estações Geográficas
UTM PTS MP10 MP2.5 VV DV TA UR PP PA RS

DIFL 03 -
Córrego do
593.125,004
Feijão x x x x x x x x x x
7.773.230,00
(Estação
Convencional)
DIFL13 -
Escola
583.624,00
Municipal x x x x x x x x x x
7.771.950,00
(Estação
Convencional)
Monitoramento Contínuo

DIFL14 -
Parque da
588.011,00
Cachoeira x x x x x x x x x x
7.772.312,00
(Estação
Convencional)
DIFL15 - Bela
Vista 584.282,00
x x x
(Estação 7.772.083,00
Paramétrica)
DIFL16 -
Parque da
588.468,00
Cachoeira x x x
7.771.349,00
(Estação
Paramétrica)
DIFL17 - Pires
586.660,00
(Estação x x x
7.771.184,00
Paramétrica)

324
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Coordenadas Qualidade do Ar Meteorologia


Estações Geográficas
UTM PTS MP10 MP2.5 VV DV TA UR PP PA RS

PS 26 -
Comunidade
593.273,00
Monitoramento

de Córrego do x
Descontínuo

Feijão 7.773.294,00
(Estação AGV)
PS 28 –
Fazenda 596.578,00
Wilson x
7.777.174,00
(Estação AGV)

Legenda: PTS – Partículas Totais em Suspensão; DV – Direção do Vento; RS – Radiação Solar


Global; MP10 – Partículas Inaláveis (Ø < 10µm); TA – Temperatura do Ar; PA – Pressão Atmosférica;
MP2,5 – Partículas Respiráveis (Ø < 2,5µm); UR – Umidade Relativa do Ar; VV – Velocidade do Vento;
PP – Precipitação Pluviométrica

325
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_________________________________________________________________________________________

Figura 7-60 - Localização atual dos pontos de monitoramento de qualidade do ar (Arcadis,2020).

326
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Figura 7-61 - DIFL


03 - Córrego do
Feijão

Figura 7-62 -
DIFL13 - Escola
Municipal

Figura 7-63 -
DIFL14 - Parque
da Cachoeira

Figura 7-64 -
DIFL15 - Bela
Vista
(paramétrica)

Figura 7-65 -DIFL16


- Parque da
Cachoeira

Figura 7-66 -
DIFL17 – Pires
(paramétrica)

Figura 7-67 - PS 26 -
Comunidade de
Córrego do Feijão

Figura 7-68 - PS 28
–Fazenda Wilson

A seguir, serão descritas as metodologias de monitoramento de partículas adotadas pela Vale.

327
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Estação automática convencional

Ao todo são três estações automáticas independentes de monitoramento contínuo de


particulados e dados atmosféricos. Os dados podem ser acessados remotamente, sem a
intervenção in loco. Os monitores de leitura de particulados das estações convencionais,
utilizam o método de atenuação da radiação beta, monitorando continuamente particulados
totais (PTS), PM10 e PM2,5. Estes monitores operam de forma automática e os dados são
continuamente registrados e armazenados em Datalogger. Paralelamente, são registrados
dados meteorológicos por meio de sensores de vento (velocidade e direção), temperatura,
chuva, pressão atmosférica e radiação solar.

Método de Radiação Beta (BAM-1020)

No início de cada hora de amostragem, um pequeno elemento 14C (carbono-14) emite uma
fonte constante de elétrons de alta energia (conhecidos como raios beta) através de uma
mancha de fita filtrante limpa. Estes raios beta são detectados e contados por um detector de
cintilação sensível para determinar uma leitura zero. O BAM-1020, em seguida, avança este
ponto de fita para o bocal de amostra, onde uma bomba de vácuo puxa uma quantidade medida
e controlada de ar externo através da fita do filtro, carregando-o com a poeira ambiente. No
final da hora da amostra, esta mancha de poeira é colocada de volta entre a fonte beta e o
detector, causando assim uma atenuação do sinal de raios beta que é usado para determinar
a massa do material particulado na fita filtrante. Esta massa é usada para calcular a
concentração volumétrica de material particulado

Estação automática paramétrica

O equipamento utilizado na estação paramétrica é o monitor ambiental OSIRIS - Turnkey


Instruments Ltd.

O método utilizado pelas estações paramétricas é por meio de fotômetro, que produz uma
contínua e simultânea indicação das frações de massa do material particulado (PTS, MP10 e
MP2,5). A luz dispersa pelas partículas transportadas pelo ar consiste em três componentes: a
luz refletida a partir da superfície da partícula, a luz refratada através da partícula e a luz que é
difratada do seu caminho original pela presença da partícula.

Monitoramento Móvel

De forma adicional, em 18/12/2019, iniciou-se o monitoramento móvel nas fontes de emissão


de material particulado, em locais atingidos pelo rompimento da barragem B-I (locais com obras
civis e com movimentação de materiais e veículos) visando oferecer acompanhamento em
tempo real das concentrações de partículas na atmosfera nas proximidades das obras em
execução.

O monitoramento móvel é realizado com monitor ECOPM portátil contínuo com capacidade de
medição simultânea das concentrações de partículas (µg/m³) nas frações PTS (Partículas
Totais em Suspensão), MP10 (Partículas Inaláveis menores que 10 µm) e MP2,5 (Partículas

328
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Respiráveis menores que 2,5 µm). Os resultados das medições são gerados em intervalos de
2 segundos, gerando e gravando médias de 5 minutos.

O princípio de medição dos monitores ECOPM baseia-se na contagem das partículas


suspensas no fluxo de ar que atravessam um feixe de laser, sendo o tamanho das partículas
determinado pela amplitude do sinal percebido pelo detector posicionado 90° do feixe luminoso.
O microprocessador totalmente dedicado à unidade sensora é capaz de detectar milhões de
partículas por litro de ar. Um algoritmo de integração das partículas amostradas determina as
concentrações das frações medidas. O monitor utiliza uma sonda de amostragem aquecida,
controlada de acordo com a umidade relativa do ar e temperatura ambiente, garantindo um
condicionamento adequado do fluxo de ar amostrado e reduzindo a interferência da umidade
do ar.

Monitoramento Manual por Amostradores de Grandes Volumes (AGV)

Os amostradores de Grandes Volumes funcionam de forma não automática e devidamente


instalado num local de medição, puxa uma certa quantidade de ar através de um filtro, instalado
tendo de uma casinhola de abrigo, durante um período de amostragem de 24 horas. O filtro é
pesado antes e depois da amostragem e o volume de ar amostrado é determinado a partir da
vazão medida e do tempo de amostragem. Tem-se então a concentração das partículas totais
em suspensão (PTS), em g/m3, obtida dividindo-se a massa de partículas coletada pelo
volume de ar amostrado.

7.4.2. Padrões de qualidade do ar


A seguir são apresentados os padrões e índices que são considerados no atual monitoramento.

A Resolução CONAMA nº 491/2018, publicada em 19/11/2018, revogou a Resolução CONAMA


nº 03/1990 e os itens 2.2.1 e 2.3 da Resolução CONAMA nº 05/1989. Dessa maneira, desde
novembro de 2018, aplicam-se os padrões de qualidade do ar definidos pela Resolução
CONAMA nº 491/2018.

A Tabela 7-25 apresenta os padrões de qualidade do ar vigentes e que são utilizados no


presente monitoramento para fins de comparação. Nota-se que na Resolução CONAMA nº
491/2018 os padrões foram estabelecidos em 4 níveis sequenciais progressivos, padrões
intermediários 1 a 3 (PI) e padrão final (PF). Conforme descrito no Art. 4º, a Resolução
estabelece a primeira etapa a partir da sua publicação, compreendendo os Padrões de
Qualidade do Ar Intermediários 1 (PI-1).

Tabela 7-25 - Padrões de Qualidade do Ar Estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 491/2018.

PI-1 PI-2 PI-3 PF


Poluente Período de
atmosférico referência
µg/m3 µg/m3 µg/m3 µg/m3

24 horas 60 50 37 25

329
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

PI-1 PI-2 PI-3 PF


Poluente Período de
atmosférico referência
µg/m3 µg/m3 µg/m3 µg/m3

Material
Particulado MP Anual1 20 17 15 10
2,5

Material 24 horas 120 100 75 50


Particulado MP
10 Anual1 40 35 30 20

Partículas Totais 24 horas - - - 240


em Suspensão -
PTS Anual2 - - - 80

Notas: 1 – média aritmética anual / 2 – média geométrica anual

Limite utilizado em Minas Grais

O índice de qualidade do ar traduz de forma qualitativa os valores das concentrações de


diversos poluentes atmosféricos. É obtido por meio de uma função linear segmentada que
relaciona as concentrações dos poluentes com as faixas de IQAR, resultando em um número
adimensional que classifica a qualidade do ar da região monitorada.

A Resolução CONAMA nº 491/2018 apresenta o Índice de Qualidade do Ar (IQAr), que


estabelece valores de concentrações somente para a faixa N1 - Boa, com limite superior igual
ao valor de concentração do padrão final (PF) de cada poluente. Conforme previsto no artigo
8º da resolução, essa estrutura inicial do IQAr foi complementada pelo Guia Técnico para o
Monitoramento e Avaliação da Qualidade do Ar, publicado em 14/04/2020 pelo Ministério do
Meio Ambiente (MMA), contendo, dentre outros, a sistematização do cálculo e a definição das
demais faixas do índice de qualidade do ar.

Dessa maneira, considerando a nova definição e regulamentação das demais faixas do IQAr
pelo Guia Técnico, a partir de junho/20 os resultados são apresentados com base no IQAr do
Guia, além do Índice empregado pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM). Para o
período contemplado entre dezembro/19 a abril/20, o IQAr será apresentado exclusivamente
com os critérios da FEAM.

A Tabela 7-26 e a Tabela 7-27 apresentam, respectivamente, a estrutura e a distribuição do


IQAr para os poluentes MP2,5, MP10 e PTS definido pela FEAM (2019) e a estrutura e a
distribuição do IQAr para os poluentes MP2,5 e MP10 definido pelo Guia Técnico do MMA
(2020).

330
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Tabela 7-26 – Estrutura e Distribuição do Índice de Qualidade do Ar Estabelecido pela FEAM


(MG).

MP2,5 [µg/m³] MP10 [µg/m³] PTS [µg/m³]


Qualidade do Ar Índice
24h 24h 24h

Boa 0 - 40 0 - 25 0 - 50 0 - 240

Regular > 40 - 96 > 25 - 60 > 50 - 120 > 240 - 285

Inadequada > 96 - 144 > 60 - 90 > 120 -180 > 285 - 330

Ruim > 144 - 200 > 90 - 125 > 180 - 250 > 330 - 375

Péssima > 200 > 125 > 250 > 375

Fonte: Adaptado de FEAM (fev./2019).

Tabela 7-27 - Estrutura e Distribuição do Índice de Qualidade do Ar Estabelecido pelo Guia


Técnico.

MP2,5 [µg/m³] MP10 [µg/m³]


Qualidade do Ar Índice
24h 24h

N1 - Boa 0 - 40 0 - 25 0 - 50

N2 - Moderada 41 - 80 > 25 - 50 > 50 - 100

N3 - Ruim 81 - 120 > 50 - 75 > 100 -150

N4 – Muito Ruim 121 - 200 > 75 - 125 > 150 - 250

N5 - Péssima 201 - 400 > 125 - 300 > 250 - 600

Fonte: Adaptado do Guia Técnico do MMA (Abr/2020).

Ressalta-se que os valores da faixa Boa do IQAr da FEAM e do Guia Técnico são iguais para
MP10 e MP2,5 e que o Guia Técnico não estabelece IQAr para o PTS.

7.4.3. Estudo de Dispersão Atmosférica - EDA


Um Estudo de Dispersão Atmosférica – EDA, tem como objetivo principal diagnosticar a
qualidade do ar de uma determinada região, bem como prognosticar a sua evolução, conhecer
as principais fontes emissoras de poluentes atmosféricos e suas contribuições para as
alterações de qualidade do ar.

Para a elaboração deste trabalho, todas as metodologias foram baseadas em referências


internacionalmente reconhecidas, onde foi realizado um minucioso inventário de fontes
emissoras de poluentes atmosféricos, das atividades de manuseio e transporte dos rejeitos em
decorrência do rompimento da barragem B-I.

331
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

As características físicas e geográficas (relevo, uso e ocupação do solo, etc.) de uma região,
bem como suas condições climáticas e meteorológicas, influenciam diretamente na geração e
emissão de poluentes atmosféricos, bem como na sua dispersão no ar ambiente.

As condições físicas, climáticas e meteorológicas que ocorrem na região de Brumadinho foram


detalhadamente estudas, visando dar o suporte adequado ao cômputo do inventário de
emissões, bem como à análise da dispersão de poluentes emitidos pelas fontes inventariadas.
Além da análise dos dados históricos de medições meteorológicas disponíveis, foi empregada
uma metodologia capaz de reproduzir com alta resolução o comportamento das variáveis
meteorológicas mais relevantes para toda a área estudada. Para tanto, foi utilizado o modelo
meteorológico tetradimensional WRF (Weather Research and Forecasting).

A partir dos cenários meteorológicos horários reproduzidos pelo modelo WRF e do inventário
de emissões atmosféricas, procedeu-se então ao estudo de dispersão de poluentes na
atmosfera, visando determinar os impactos na qualidade do ar produzidos pelas emissões de
poluentes consideradas. Nesta etapa foi empregado o modelo atmosférico de dispersão
AERMOD via AERMET, recomendado pela EPA (Environmental Protection Agency) e
reconhecido mundialmente como o estado da arte em modelagem atmosférica. Além de
calcular a dispersão de poluentes primários (emitidos diretamente pelas fontes), este modelo é
capaz de simular a formação e consumo de poluentes secundários (formados na atmosfera a
partir de reações entre poluentes primários e outros elementos disponíveis no ambiente),
através de deposição seca, deposição úmida, degradação da visibilidade, dentre várias outras
funcionalidades.

Como resultado de um estudo de dispersão atmosférico, obtém-se cenários de qualidade do


ar simulados para o período analisado. Em tais cenários, são contemplados os poluentes
considerando as referências temporais e os padrões de qualidade do ar definidos na legislação
vigente, no caso do Brasil, a Resolução CONAMA Nº 491/2018.

Desta forma, é possível ver espacialmente, quais os principais poluentes gerados baseados no
inventário de fontes e qual a sua dispersão na atmosfera, ou seja, a pluma de poluentes e seu
raio de alcance espacial baseados nos comportamentos climáticos.

Os estudos de dispersão atmosférica, com cenário anual, foram elaborados baseando- se na


nota técnica da FEAM nº 2/2019 e apresentado para apreciação e validação da Gerência de
Monitoramento da Qualidade do Ar e Emissões (GESAR), departamento pertencente à FEAM,
Fundação Estadual do Meio Ambiente. Quando aplicável uma nova proposta de rede de
monitoramento da qualidade do ar, baseando-se nos cenários simulados só ocorrerá mediante
parecer favorável do referido órgão.

7.4.4. Caracterização de Partículas


Em complemento ao monitoramento convencional das concentrações de material particulado
em suspensão no ar, considerando a hipótese de que o material oriundo da barragem poderia
eventualmente conter elementos nocivos à saúde humana e ao meio ambiente, a Vale vem

332
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

mantendo a avaliação qualitativa da poeira em suspensão em Brumadinho nas fontes


emissoras e nos pontos receptores.

Nos pontos receptores, as amostragens de MP10 foram realizadas, simultaneamente, em filtros


especiais de 47 mm de ésteres mistos de celulose (MCE) e nylon, específicos para este tipo
de coleta. Dessa forma, cada coleta em cada local utiliza em paralelo dois amostradores de
MP10, sendo um com filtro de celulose e o outro com filtro de nylon. Os amostradores
automáticos de MP10 utilizados são do modelo E-Sampler Met One, com ciclone separador de
MP10 e vazão de 2 L/min. Os analisadores E-Sampler foram mantidos em operação em cada
localidade pelo tempo mínimo suficiente para obtenção de uma massa de MP10 viável para
análise da composição química pelos métodos laboratoriais empregados.

Para análise química por meio do método PIXE (Proton Induced X-Ray Emission) o qual
permite a identificação de até 72 elementos químicos tais análises estão sendo realizadas no
laboratório da empresa Elemental Analysis Inc., localizada na cidade de Lexington/KY, USA.

As amostras foram processadas utilizando um acelerador de partículas General Ionex 4 MV


Tandem, analisador modelo CAMAC Crates, com resolução de 150 eV e detector de raios-X
do tipo Si (Li). O método PIXE (Proton Induced X-Ray Emission) é uma técnica analítica de
amostras, onde raios-X característicos são emitidos quando bombardeados com feixes de íons
(H+, He+, etc.) com energia da ordem de poucos MeV. O método PIXE destaca-se pela sua
alta sensibilidade para detecção dos elementos químicos (ordem ppm, podendo chegar a ppb)
e pela possibilidade de realização da análise utilizando massas reduzidas de analitos.

Para as análises morfológicas, deverão ser realizadas amostragens de partículas menores que
10µm (PM10), utilizando fita adesiva condutiva e stub específico para este tipo de coleta.

O método de análise será o MEV Microscópio Eletrônico de Varredura o qual é um tipo de


microscópio eletrônico capaz de produzir imagens de alta resolução da superfície de uma
amostra. Devido à maneira com que as imagens são criadas, imagens de MEV têm uma
aparência tridimensional característica e são úteis para avaliar a estrutura superficial da
amostra. Além de avaliar a composição e outras características do material que compõem as
amostras.

As análises também estão sendo realizadas no laboratório da empresa Elemental Analysis Inc.,
localizada na cidade de Lexington/KY, USA.

Nota: As análises de MEV e PIXE das fontes emissoras se referem as amostras coletadas em
vias (coleta mecânica do material a granel). Este material exige um tratamento pré laboratorial
específico de classificação granulométrica (processos físicos de peneiramento), para obtenção
do material adequado para análise (separação das partículas menores que 10 µm). Para
análise de MEV, especialmente, ainda é realizada uma deposição do material peneirado em
fita adesiva condutiva de carbono sobre stub.

A Tabela 7-28 apresenta o cronograma previsto de resultados dos elementos químicos e


morfológicos.

333
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Tabela 7-28 - Previsão de resultados das análises.

Previsão de resultados
Método
nov/20 fev/21 mai/21 ago/21 nov/21 fev/22 mai/22

Método Pixe X X X X X X X
Método MEV X X X X X X X

7.4.5. Plano de Mitigação


O Plano de Mitigação das Fontes de Emissões Atmosféricas das Obras Emergenciais/Manejo
dos Rejeitos está contemplado no Plano de Gerenciamento Ambiental de Obras (PGAO) que
tem como objetivo sistematizar e padronizar as ações de meio ambiente visando garantir a
conformidade legal, a mitigação de potenciais impactos adversos, o cumprimento da Política
de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Vale e a realização das melhores práticas nas Obras
de Engenharia. O PGAO foi desenvolvido a partir de 3 linhas de atuação, sendo elas:

▪ Interface com o Processo de Licenciamento Ambiental;


▪ Sistema de Gestão Ambiental de Obras (SGA);
▪ Plano de Educação Ambiental de Obras (PEAO).
O SGA é o conjunto de ações que visam o gerenciamento ambiental in loco, relacionadas aos
levantamentos de aspectos e impactos ambientais, gestão de documentos normativos e legais,
controle operacional, inspeções ambientais e as ações educativas que contribuem para o pleno
funcionamento do sistema.

Estas ações foram definidas tendo como referência o Sistema de Gestão Integrado Vale (SGI)
e o ciclo PDCA, para a padronização e melhoria de processos, formando um ciclo de
desenvolvimento com foco em melhoria contínua, gerando assim procedimentos e controles
específicos ao tema.

Um dos requisitos do SGI é o Controle Operacional, no qual são estabelecidos procedimentos


para a minimização dos potenciais impactos decorrentes de seus aspectos ambientais das
várias atividades das obras emergenciais, inclusive do manejo de rejeitos, no meio físico,
biótico e socioeconômico e cultural.

A Gestão da Qualidade do Ar no PGAO, se dá por meio de:

▪ Medidas de prevenção

− Inventário de veículos máquinas e equipamentos;


− Monitoramento da fumaça preta (emissão de gases de combustão);
− Aspersão rotineiras de vias;

334
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

− Sistema de aspersão fixa.

▪ Medidas mitigação

− Acionamento primário;
− Estações de monitoramento;
− Reclamações da comunidade.

▪ Ações educativas

− Diálogos Socioambientais;
− Treinamentos Operacionais;
− Campanhas de Mobilização/ Sensibilização.

▪ Inspeções ambientais
A partir dos resultados das inspeções, são determinadas pelas partes envolvidas, correções
para os desvios identificados, devidamente registrados em formulário específico (PGAO 101 -
Registro de Inspeção Ambiental). As BOAS PRÁTICAS identificadas também são registradas
da mesma forma.

7.5. Ruído e Vibração

7.5.1. Programa de Monitoramento de Ruído e Vibração


A execução das obras emergenciais após rompimento da barragem B-I da Mina do Córrego do
Feijão é responsável, além de outros impactos, pela emissão de ruídos e vibrações. Estas
emissões podem provocar incômodos às comunidades do entorno das obras. Objetivando a
mitigação destes impactos, o Programa de Monitoramento de Ruído e Vibração estabeleceu
locais prioritários e metodologia de acompanhamento sistemático dos níveis destes impactos.

O monitoramento de ruído e vibração é realizado por empresa terceira com elaboração anual
de relatórios ao órgão ambiental.

Atualmente o monitoramento de ruído e vibração contempla pontos de monitoramentos


manuais e estações automáticas de monitoramento conforme a seguir.

335
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Tabela 7-29 - Atuais pontos de monitoramento de ruídos e vibrações.

Coordenadas (UTM)
Ponto de
Descrição
monitoramento
X Y

Estações Manuais
Povoado de Córrego do
RV1B 592.723 7.773.128
Feijão
RV2 590.874 7.771.576 Povoado de Canta Galo
RV3 586.417 7.771.364 Bairro Pires
RV4 586.590 7.771.374 Bairro Pires
RV5 588.058 7.771.498 Bairro Parque da Cachoeira
RV6B 589.132 7.771.949 Bairro Parque da Cachoeira
RV7 587.824 7.772.521 Bairro Parque da Cachoeira
RV8 587.726 7.771.417 Bairro Alberto Flores
RV9 587.811 7.771.314 Bairro Alberto Flores
RV10 587.765 7.775.011 Tejuco
RV11 587.914 7.775.151 Tejuco
RV12B 587.647 7.774.540 Tejuco
RV13 586.711 7.771.049 Bairro Pires
Estações automáticas
Pires
Pires 586.650 7.771.199
(em operação)
Parque da Cachoeira
Parque da Cachoeira 1 588.463 7.771.343
(em operação)
Parque da Cachoeira
Parque da Cachoeira 2 589.098 7.771.946
(em operação)

A Figura 7-69 apresenta a distribuição espacial dos pontos de monitoramento e as Figura 7-70
à Figura 7-85 mostram os aspectos visuais de cada ponto.

336
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_________________________________________________________________________________________

Figura 7-69 - Pontos de monitoramento de ruído e vibração.

337
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Figura 7-70 – RV1

Figura 7-71 – RV2

Figura 7-72– RV3

Figura 7-73 – RV4

Figura 7-74 – RV5

Figura 7-75 – RV6

Figura 7-76 – RV7

Figura 7-77 – RV8

338
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Figura 7-78 – RV9

Figura 7-79 – RV10

Figura 7-80 – RV11

Figura 7-81 – RV12

Figura 7-82 – RV13

Figura 7-83 - Estação


automática PIRES

Figura 7-84 - Estação


automática PARQUE
DA CACHOEIRA 1

339
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Figura 7-85 - Estação


automática PARQUE
DA CACHOEIRA 2

7.5.2. Considerações Metodológicas


São adotadas as seguintes premissas e rigor técnico nas medições:

▪ Utilização de equipamentos de alta precisão, Classe 1, com vários recursos de obtenção


e tratamento de dados;
▪ Equipamentos calibrados por laboratórios credenciados à RBC (Rede Brasileira de
Calibração) ou INMETRO;
▪ Calibração/aferição de campo com calibrador padrão;
▪ Distanciamento mínimo de 2 (dois) metros de superfícies refletoras (fachadas);
▪ Ausência de fontes sonoras atípicas (ex.: chuvas, ventos acima de 5 m/s);
▪ Altura do microfone: 1,20 a 1,50 metros do nível do solo;
▪ Proteção de espuma no microfone contra interferência dos ventos;
▪ Referência Técnica: Norma ABNT NBR 10.151:2019, versão corrigida em 31/05/2020 com
atendimento às normas IEC pertinentes ao calibrador de sonoro e ao microfone, todas
citadas na norma NBR 10.151.

7.5.3. Periodicidade de Amostragem


As amostragens de ruídos e vibrações são realizadas em dois turnos: diurno (07h às 22:00h)
e noturno (22:01h às 06:59h), com medições uma vez por semana, procurando, sempre que
possível, manter o critério de alternância de dias da semana com intervalos a cada 6 (seis)
dias, alternando também os horários de monitoramento ao longo dos turnos.

Além do monitoramento manual realizado acima, são realizadas medições a partir de três
estações automáticas para o monitoramento de longa duração, ou seja, de 24 horas.

7.5.4. Parâmetros de Avaliação


Para Ruído

Como o ruído ambiental não é constante é necessário avaliá-lo para obter um valor que seja
representativo do ruído característico do local, indicando não somente um valor médio, mas
também os parâmetros que permitam caracterizar as oscilações sonoras e as respectivas
magnitudes dos impactos causados por ele. Após cada medição, os dados são tratados e

340
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

obtidos vários parâmetros, dentre os quais, para o caso enfocado, foram selecionados os
seguintes:

Nível Estatístico (L10): é o nível sonoro que foi ultrapassado em 10% do tempo de medição, e
pode ser considerado como o ruído máximo no período, excluídos os picos sonoros que
ocorrem somente em 10% do tempo;

▪ Nível Estatístico (L90): é o nível sonoro que foi ultrapassado em 90% do tempo de medição,
correspondendo, por definição, ao ruído de fundo. É assim chamado, pois, ao cessarem
as principais fontes sonoras, resta um nível sonoro “de fundo”, oriundo de fontes dispersas
e distantes, que não cessa.
▪ Nível Contínuo Equivalente (LAeq): representa o nível médio contínuo de energia sonora,
equivalente ao sinal variável medido. O LAeq é particularmente útil na avaliação de
incômodo, situações de poluição sonora e reações subjetivas diante do ruído.
No caso da avaliação dos níveis de ruído ambiental para fins de comparação com as
referências legais, serão considerados somente os níveis LAeq - Nível Contínuo Equivalente.

Para Vibração, tem-se:

▪ Velocidade de Vibração de Partícula de Pico (PPV): valor máximo instantâneo da


velocidade de uma partícula em um ponto, durante um determinado intervalo de tempo (10
minutos), considerado como sendo o maior valor dentre os valores de pico das
componentes de velocidade de vibração de partícula para o mesmo intervalo de tempo.
Este é o valor que se utiliza para avaliar o potencial de danos das vibrações.

7.5.5. Referencial Legal


Em relação às referências legais, existem dispositivos para avaliação do ruído nas três esferas:
federal, estadual e municipal:

▪ Esfera Federal: Resolução CONAMA nº 1, de 08 de março de 1990 que remete à ABNT


NBR 10.151;
▪ Esfera Estadual: Lei estadual nº 10.100, de 17 de janeiro de 1990. Dispõe sobre a proteção
contra a poluição sonora no Estado de Minas Gerais;
▪ Esfera Municipal: Lei 2.412, de 18 de junho de 2018. Dispõe sobre o controle de ruídos,
sons e vibrações no âmbito do município de Brumadinho, e dá outras providências. Ainda
sobre a referida Lei, no item III do Artigo 8º é especificado o valor limite de 80 dB(A)
referente a “obras e serviços urgentes e inadiáveis decorrentes de casos fortuitos ou de
força maior...”.
▪ De acordo com a Resolução Nº 1, de 08 de março de 1990 do CONAMA, qualquer
atividade geradora de ruído deve seguir diretrizes vinculadas à Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT) e ao Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), no caso de
ruído produzido por veículos automotores.
▪ Conforme essa Resolução são prejudiciais à saúde e ao sossego público níveis de ruído
superiores àqueles definidos na norma ABNT NBR 10.151. A norma, além de estabelecer

341
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

os procedimentos gerais para realização das medições, estabelece limites diferentes de


acordo com os tipos de áreas (uso e ocupação do solo).
▪ A Lei Estadual 10.100 do Estado de Minas Gerais, de 17 de janeiro de 1990 estabelece
que são prejudiciais à saúde, à segurança ou ao sossego públicos os níveis de ruído que:
(i) atinjam, no ambiente exterior do recinto em que têm origem, nível de som superior a 10
dB(A) acima do ruído de fundo existente no local, sem tráfego; (ii) independentemente do
ruído de fundo, atinjam no ambiente exterior do recinto em que tem origem, nível sonoro
superior a 70 dB(A) durante o dia, e 60dB(A) durante a noite, explicitado o horário noturno
como aquele compreendido entre as 22 horas e as 6 horas, se outro não estiver
estabelecido na legislação municipal pertinente.
▪ A Lei Nº 2.412, DE 18 DE JUNHO DE 2018 “Dispõe sobre o controle de ruídos, sons e
vibrações no âmbito do Município de Brumadinho, e dá outras providências.” Em seu Artigo
4º, tem-se: “A emissão de ruídos, sons e vibrações provenientes de fontes fixas no
Município obedecerá aos seguintes níveis máximos fixados para suas respectivas
emissões, medidas nos locais do suposto incômodo:
▪ I. em período diurno: 70 dB(A) (setenta decibéis em curva de ponderação A);
▪ Il. em período vespertino: 60 dB(A) (sessenta decibéis em curva de ponderação A);
▪ Ill. em período noturno: 50 dB(A) (cinquenta decibéis em curva de ponderação A), até às
23:59 h (vinte e três horas e cinquenta e nove minutos), e 45 dB(A) (quarenta e cinco
decibéis em curva de ponderação A), a partir da 0:00 h (zero hora).
▪ Em relação ao termo técnico “curva de ponderação A”, explica-se: Para tentar reproduzir
a resposta do nosso ouvido, os medidores de nível sonoro têm filtros, usualmente
chamados de Curvas de Ponderação ou de Compensação, que podem ser do tipo A, B, C
e D. Para avaliar ruído contínuo ou intermitente, utilizamos a curva A, ou filtro A, que é o
que tem a resposta mais próxima à do ouvido.
▪ No Artigo 7º da Lei 2.412, assim como na Lei Estadual 10.100, “O nível de som proveniente
da fonte poluidora, medido dentro dos limites reais da propriedade onde se dá o suposto
incômodo, não poderá exceder em 10 dB(A) (dez decibéis em curva de ponderação A) o
nível do ruído de fundo existente no local.”.
▪ Conforme o Artigo 8º da Lei 2.412, “Serão tolerados ruídos e sons acima dos limites
definidos nesta Lei provenientes de: I. serviços de construção civil não passíveis de
confinamento, que adotarem demais medidas de controle sonoro, no período
compreendido entre 10:00 h (dez horas) e 17:00 h (dezessete horas); ...”.
▪ No item III do Artigo 8º da Lei 2.412, tem-se: “obras e serviços urgentes e inadiáveis
decorrentes de casos fortuitos ou de força maior, acidentes graves ou perigo iminente à
segurança e ao bem-estar da comunidade, bem como o restabelecimento de serviços
públicos essenciais, tais como energia elétrica, gás, telefone, água, esgoto e sistema viário;
▪ “Parágrafo único: Nas hipóteses previstas nos incisos I, Il, Ill e IV deste artigo, os ruídos e
sons não poderão ultrapassar 80 dB(A) (oitenta decibéis em curva de ponderação A).”.
▪ Para avaliação e comparação dos resultados obtidos no monitoramento, foram adotadas
as referências legais no âmbito federal (ABNT NBR 10.151), estadual (Lei 10.100) e na

342
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

esfera municipal (Lei 2.412), enquadrando o resultado nos limites mais restritivos do
parâmetro.
▪ Em relação à vibração, é utilizada a legislação municipal de Brumadinho, LEI Nº 2.412, DE
18 DE JUNHO DE 2018 que, entre outros, estabelece: "Art. 6º: As vibrações não serão
admitidas quando perceptíveis no local do suposto incômodo, de forma contínua ou
alternada, por períodos superiores a 5 min.". De acordo com estudos de WHIFFIN &
LEONARD (1971), as vibrações são perceptíveis quando a velocidade de vibração da
partícula de pico (PPV) atinge o limite o valor de 2,0 mm/s, produzem incômodos à
população quando são contínuas e atinge o valor de 2,5 mm/s e podem ser incomodativas
quando atingem o valor de 5,0 mm/s. Elas podem ser ainda desagradáveis quando estão
entre 10 e 15,0 mm/s.

7.6. Recursos Hídricos


Os recursos hídricos representam importante meio no processo de reparação ambiental e
possuem planos de monitoramento para as diversas frentes de atuação referentes às obras
executadas ao longo do ribeirão Ferro-Carvão e rio Paraopeba. De maneira geral, as atividades
de manejo de rejeito realizarão a remoção do material depositado no ambiente para a
disposição final, quer seja esta disposição na Cava de Feijão ou nos Geobags instalados na
ETAF 2.

Para as atividades executadas ao longo do Ferro-Carvão, o Programa de Monitoramento das


Obras - PMO trata do monitoramento dos compartimentos necessários, sendo eles: água
superficial, subterrânea e efluentes das operações de tratamento. Este programa ainda
monitora outros compartimentos que não os recursos hídricos, como sedimentos, qualidade do
ar, ruído e vibração. Como base para as atividades do referido documento, foram utilizadas as
diretrizes estabelecidas no Programa de Controle Ambiental (PCA), em seu capítulo 3
“Programas Ambientais do Meio Físico”, elaborado pela empresa Amplo Engenharia e Gestão
de Projetos Ltda., em maio de 2019.

O monitoramento da qualidade das águas superficiais é realizado através de onze pontos de


coleta situados nos principais cursos hídricos de interesse. Como escopo analítico, pratica-se
a coleta semanal dos parâmetros contemplados na Deliberação Normativa Conjunta
COPAM/CERH-MG nº 01, de 05 de maio de 2008. O monitoramento da qualidade dos
efluentes, por sua vez, é realizado através de seis pontos alocados nas principais estruturas
de engenharia situadas na área. Seu escopo analítico consiste em coletas semanais para a
análise dos parâmetros presentes na Resolução CONAMA nº 430, de 13 de maio de 2011 e
Deliberação Normativa Conjunta COPAM/CERH-MG nº 01 – Artigo 29.

Os pontos de monitoramento de água superficial alocados ao longo do ribeirão Ferro-Carvão


são o PT-11, PASU-DIQUE2, PASU-BH1, PT-12 e PT-12V. Como ponto de referência
considera-se o PT-10, situado no córrego Samambaia, principal afluente do ribeirão Ferro-
Carvão e sem impacto do rompimento das barragens e das obras emergenciais. Associando
os pontos de monitoramento às obras emergenciais que vêm sendo desempenhadas no trecho,
o PT-11 encontra-se a jusante do barramento BH0 e das barreiras de estabilização de calha
(BEC); o PASU-DIQUE2, a jusante do Dique 2 e a montante do barramento BH1; o PASU-BH1,
a jusante do barramento BH1 e a montante do represamento para captação; o PT-12, no

343
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

reservatório a montante da Cortina Metálica 1 (estaca prancha), próximo ao local de captação


das águas fluviais para envio e tratamento na ETAF1; e o PT-12V, situado a jusante da Cortina
Metálica 1, consistindo, portanto, na água que verte do sistema Ferro-Carvão em direção a
confluência com o rio Paraopeba. Adicionalmente, realiza-se também o monitoramento da água
superficial aflorada na Cava de Feijão, através do ponto PASU-CF2.

Considerando a operação das Estações de Tratamento de Água Fluvial – ETAF1 (Iracema) e


ETAF2 (Laginha), ainda no âmbito da qualidade das águas superficiais, são também
monitorados os corpos hídricos receptores dos efluentes tratados e lançados por tais
estruturas. No ribeirão Casa Branca, tem-se os pontos PASU-07 e PT-07, situados,
respectivamente, a montante e a jusante do lançamento da ETAF1. Já no rio Paraopeba,
realiza-se o monitoramento dos pontos PASU-DR0 e PT-01, situados, nesta mesma ordem, a
montante e a jusante do descarte da ETAF2.

Com relação ao acompanhamento da qualidade dos efluentes, tem-se os pontos de


monitoramento do desempenho e atendimento a legislação das ETAFs 1 e 2 (ETAF1-Entrada,
ETAF1-Saída e ETAF2-Saída); o DR-PDE-3, representando o efluente do dreno da Pilha de
Estéril – Menezes III; o FEI-BAR-2-E, situado ao final da escada hidráulica do vertedouro da
Barragem Menezes II; e o DR-BVI-01, o qual consiste no efluente proveniente da galeria
deságue da cava da Mina do Córrego do Feijão, direcionado para a Barragem VI.

A disposição de rejeitos na Cava de Feijão está em conformidade com Parecer Técnico LAS-
RAS nº 2/SEMAD/SUPPRI/2019, adjunto à Licença Ambiental Simplificada nº 462/2019,
referente à atividade “Disposição de estéril ou rejeito inerte e não inerte da mineração (classe
II-A e II-B, segundo a NBR 10.004) em cava de mina, em caráter temporário ou definitivo, sem
necessidade de construção de barramento para contenção”, em decorrência da autorização de
disposição do rejeito, proveniente do rompimento das barragens B-I, B-IV e B-IVA, na Cava do
Feijão. O monitoramento desta atividade conta com amostragens e análises de poços
instalados ao redor da cava, bem como monitoramento da água da cava e da água que sai da
galeria de desague, e pode ser verificado integralmente no Plano de Monitoramento das
Águas Subterrâneas de Poços da Cava do Feijão e Entorno.

7.7. Plano de Monitoramento da Dragagem


Buscando à recuperação do corpo hídrico e o reestabelecimento das suas funções
ecossistêmicas, foi proposta a dragagem em um trecho de aproximadamente 2 km do rio
Paraopeba. A operação de dragagem foi estabelecida em quatro áreas, denominadas: Marco
Zero, Área 1, Área 2 e Área 3. As atividades de dragagem do rejeito iniciaram em 15/08/2019
e permanecem em operação até os dias atuais (jan/2021).

Concomitante às atividades operacionais de dragagem, é realizado o monitoramento ambiental


do meio físico e biótico do rio Paraopeba com o objetivo geral integrar e consolidar os
procedimentos a serem adotados para o meio físico (água e sedimento) e biótico (comunidades
aquáticas) durante as atividades de dragagem, de modo a garantir que tais atividades não
agravem as condições atuais do rio Paraopeba.

344
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

7.7.1. Monitoramento de água superficial e sedimentos


Os materiais depositados na calha do rio Paraopeba serão removidos através de dragagem e
tal atividade é monitorada pelo Programa de Monitoramento da Dragagem, o qual conta com
diversos pontos para monitoramento da qualidade da água, conforme a Resolução CONAMA
454 que estabelece as diretrizes gerais e os procedimentos referenciais para o gerenciamento
do material a ser dragado em águas sob jurisdição nacional. Este programa ainda monitora
outros compartimentos que não os recursos hídricos, como sedimentos.

O programa em execução para o meio físico (águas e sedimentos) envolve um conjunto de


parâmetros analíticos (físico e químicos) e 13 pontos amostrais posicionados a montante, no
trecho delimitado para dragagem e a jusante da área sob influência da dragagem. A frequência
de monitoramento é realizada de forma diferenciada conforme o posicionamento da draga e
trecho em execução, sendo que para água superficial as coletas ocorrem diária, semanal ou
quinzenalmente e para sedimento, com frequência semanal e mensal.

7.7.2. Ictiofauna

7.7.2.1. Monitoramento de carcaças


No dia 15 de agosto de 2019, a dragagem de rejeito no rio Paraopeba foi iniciada. Com ela,
também se iniciou o monitoramento do efeito dessas atividades sobre a ictiofauna. Um efeito
decorrente da atividade de dragagem é o aumento de sólidos em suspensão na coluna d´água.
Esse aumento pode afetar a estrutura dos ecossistemas aquáticos e causar danos e mortes
na ictiofauna.

A presença de peixes agonizantes ou mortos é verificada diariamente ao longo dos trechos de


monitoramento da dragagem, determinados pelo Plano de Monitoramento de Dragagem
(PMD). Cabe ressaltar que os trechos monitorados no PMD correspondem ao trecho amostrado
no monitoramento emergencial de carcaças e peixes agonizantes, que se situa desde a
confluência do ribeirão Ferro-Carvão até o barramento da UTE Igarapé. Portanto, atualmente
os trechos amostrais do PMD são: Trecho I, que se inicia aproximadamente 1 km a montante
da confluência do rio Paraopeba com o ribeirão Ferro-Carvão e vai até a adutora da COPASA
(10,9 km); Trecho II, que se situa desde a jusante da adutora da COPASA até a ponte da BR
381 (22,87 km); Trecho III, que compreende desde a ponte da BR 381 até a confluência do rio
Paraopeba com o rio Betim (12,7 km). A metodologia de vistoria dos trechos é baseada em
Giraldo et al. (2016). Cada trecho é percorrido de barco, com equipes técnicas formadas por
biólogos e auxiliares, navegando com velocidade inferior a 10 km/h.

7.7.2.2. Monitoramento de cardumes


Com o início do período de piracema, do ciclo hidrológico 2019/2020 e devido à realização das
atividades de dragagem no rio Paraopeba, foi iniciado o monitoramento de cardumes de peixes
com uso de tarrafa como subsídio para ações operacionais da retirada de sedimentos. Esta
atividade continua acontecendo diariamente durante todo o ano de 2020.

Desta forma, o monitoramento de cardumes é feito com lanços de tarrafas e as densidades de


peixes são avaliadas pela CPUE (número de peixes capturados por unidade de esforço). Nesse
caso, a unidade de esforço será um lanço de tarrafa. O monitoramento é feito a uma distância

345
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

máxima de 2,3 km das dragas, onde a área monitorada é móvel e acompanha o avanço da
dragagem ao longo do rio Paraopeba. O aumento no número médio de peixes por tarrafada, é
interpretado como presença de cardume na área próxima as dragas e funciona como gatilho
para a continuidade ou parada das atividades de dragagem. Esta atividade está descrita de
forma detalhada no Plano de Monitoramento de Dragagem.

Com o intuito de espantar possíveis cardumes presentes nas áreas e por sua vez, diminuir as
chances de mortandade devido ao início das atividades de dragagem, após as tarrafadas
matinais é realizada a repulsão da ictiofauna. Esta atividade consiste em bater/arrastar
correntes metálicas nas laterais e fundo do barco, além de bater os remos na água próximos
as dragas, o que gera vibrações e sons que possivelmente repelem estes peixes da área.

7.7.2.3. Monitoramento de ictioplâncton


Com o início das atividades de dragagem, em setembro de 2019, duas frentes de cortinas de
retenção de sólidos foram posicionadas a jusante da área de dragagem, para a retenção de
partículas suspensas na água e do material sobrenadante que segue no leito do rio. Cada
frente é composta por 6 cortinas (3 em cada margem do rio) e ficam submersas de 2 a 3 metros.
A primeira cortina (montante) de cada margem apresenta uma malha de 500µm, enquanto a
segunda (meio) e a terceira (jusante) apresentam malhas de 130 e 70 µm, respectivamente.
(VALE, 2019). Entretanto, assim como o sedimento, a presença dessas estruturas poderia
também reter os ovos e as larvas de peixes em deriva, que ao contrário das fases mais
avançadas, geralmente, utilizam a correnteza da água para a sua dispersão (NAKATANI et al.
2001). A retenção desses indivíduos nesse trecho representaria um impacto negativo e
relevante no recrutamento de diversas espécies da bacia, uma vez que a atividade reprodutiva
dos peixes da região está restrita à calha principal do rio Paraopeba (SANTOS, 2018). Nesse
sentido, foram realizados estudos da distribuição longitudinal de ictioplâncton na área de
influência dessas cortinas fundamentais para compreender a real influência dessas estruturas
na deriva das fases iniciais dos peixes e, consequentemente, propor ações atenuantes para
esse impacto, conforme recomendado pelo IEF, por meio do memorando.IEF/GPFAP.nº
8/2019 (emitido em 23/08/2019) e Nota Técnica n° 3/IEF/DFAU/2019 (emitida em 04/10/2019).
Esta atividade ocorreu durante o período de Piracema 2019/2020 e seus resultados foram
apresentados em relatório técnico específico.

Em novembro de 2020, foi iniciado um novo monitoramento de ictioplâncton com os objetivos


de:

▪ Avaliar a dinâmica reprodutiva dos peixes, quanto a distribuição espacial e temporal do


ictioplâncton (ovos e larvas de peixes), bem como a associação com fatores abióticos
durante a atividade de dragagem no rio Paraopeba;
▪ Verificar possíveis relações entre os fatores abióticos que são alterados pela atividade de
dragagem no rio Paraopeba e a integridade do ictioplâncton.
As amostragens de ictioplâncton serão realizadas em 6 pontos amostrais, sendo 4 na calha do
rio Paraopeba e 2 em tributários (ribeirão Casa Branca e rio Manso). As coletas serão
realizadas a cada 5 dias entre 01/11/2020 e 28/02/2021. As amostragens serão realizadas
sempre ao anoitecer (17:00-20:00) com duração de 10 minutos.

346
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Serão realizadas amostragens para análise da integridade morfológica dos ovos e das larvas
de peixes e de viabilidade de eclosão dos ovos serão realizadas quinzenalmente, de forma
independente das amostragens a cada 5 dias. Aspectos metodológicos e descritivos desta
atividade estão presentes no Plano de Monitoramento de Dragagem.

7.7.3. Limnologia

7.7.3.1. Plano de Monitoramento da Biota Aquática em Função das Obras Emergenciais –


Tema Dragagem
Dentre o conjunto de medidas mitigadoras adotadas nas obras emergenciais decorrentes do
rompimento da barragem B-I, a remoção dos rejeitos da calha do rio Paraopeba é de
fundamental importância, pois visa a recuperação dos serviços ecossistêmicos deste rio, além
de evitar que suas águas extrapolem a calha fluvial, invadindo terrenos marginais,
principalmente durante a estação chuvosa.

A principal alteração ambiental decorrente da atividade de dragagem é causada pela


ressuspensão do rejeito depositado no leito causando o aumento da turbidez. O aumento da
turbidez afeta diretamente e negativamente a produção primária, pois reduz a disponibilidade
de radiação fotossinteticamente reativa (PAR) subaquática (RYAN, 1991; REYNOLDS, 2006).
Sendo assim, a alteração da produção primária causada pelo aumento da turbidez, afeta todos
os demais níveis tróficos, principalmente os herbívoros e seus predadores, alterando a
ciclagem de matéria e o fluxo de energia das teias tróficas do ambiente aquático (HENLEY et
al., 2000). Dentre as principais causas, de origem alóctone, da atenuação da luz e consequente
elevação dos valores de turbidez está a presença de material particulado em suspensão (silte,
argila, sílica, coloides) (WETZEL, 2001).

Desta forma, o monitoramento ambiental das comunidades aquáticas, em consonância com as


atividades de dragagem, se faz extremamente necessário para: (i) avaliar o impacto da
atividade de dragagem; (ii) verificar a eficácia das medidas de mitigação adotadas; (iii) avaliar
a recuperação dos trechos do rio Paraopeba afetados pelo extravasamento dos rejeitos; (vi)
verificar a evolução da integridade ecossistêmica do corpo hídrico, como indicador da
resiliência do ambiente, frente o impacto ocorrido.

Neste contexto, este monitoramento tem o objetivo de avaliar a dinâmica das comunidades
aquáticas (fitoplâncton, zooplâncton, macroinvertebrados bentônicos, macrófitas aquáticas e
algas perifíticas) quanto a estabilidade, persistência e substituição (turnover) das espécies no
trecho do rio Paraopeba antes, durante e depois da atividade de dragagem, de modo a avaliar
os efeitos da dragagem sobre esses grupos de organismos, bem como, a dinâmica de
recolonização da biota aquática nos trechos afetados. Adicionalmente, este programa visa
monitorar possíveis ocorrências de espécies invasoras e/ou oportunistas (i.e: Limnoperna
fortunei; Echornia crassipes; Pistia spp.; Salvinia spp.) para fins de prevenção e manejo.

Metodologia

Campanhas quinzenais de coletas de amostras hidrobiológicas têm sido executadas em pontos


adjacentes aos contemplados no monitoramento de qualidade de água do Plano de

347
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Monitoramento de Obras (PMO) a fim de se buscar correlações dos resultados dos


parâmetros físicos e químicos das águas com os biológicos.

As comunidades fitoplanctônica, zooplanctônica, perifítica e zoobentônica são amostradas em


três réplicas (margem direita, esquerda e centro), de modo a garantir maior robustez estatística
dos dados nas análises geradas, além de contemplar diferentes geomorfologias e micro-
habitat dos trechos amostrados. Também foram analisadas a presença de macrófitas aquáticas
e filtragens para monitoramento de uma possível ocorrência de Limnoperna fortunei (mexilhão-
dourado). O monitoramento teve início anteriormente ao início das atividades de dragagem
(14/08/19), abrangendo, portanto, período pré-operação e operação da dragagem, que teve
início efetivo em 29/08/19.

A definição da rede de amostragem considerou a distribuição dos pontos ao longo do rio


Paraopeba, na área de influência do processo de dragagem, bem como o atendimento de
premissas inerentes aos métodos de amostragem propostos.

As estações de coleta que compõem a rede amostral foram selecionadas por refletirem
diferentes impactos das ações de dragagem, abrangendo trechos localizados à montante, no
local da dragagem e a jusante destas áreas, de modo a contemplar áreas afetadas e não
afetadas por esta atividade.

Maiores detalhes do monitoramento podem ser vistos na versão vigente do Plano de


Monitoramento da Dragagem.

7.7.3.2. Diagnóstico das Condições Ecológicas do ribeirão Ferro-Carvão - Limnologia


O rompimento das barragens B-I, B-IV e B-IVA de propriedade da Vale S/A gerou distúrbios
nos ecossistemas lóticos, principalmente no ribeirão Ferro-Carvão e em parte do rio
Paraopeba. Os impactos no ambiente natural advindos do rompimento de barragens são
inúmeros e complexos e as medidas gerais necessárias para a revitalização de um curso lótico,
como: (i) reconfigurar a morfologia natural dos rios; (ii) restabelecer a continuidade dos cursos
lóticos para a ictiofauna migratória; (iii) estabelecer a vegetação espontânea marginal; e (iv)
contenção das margens e controle do assoreamento;(v) avaliação da qualidade ecológica de
cursos de água, são importantes para a viabilização da manutenção dos processos
ecossistêmicos.

O ribeirão Ferro-Carvão, trecho mais afetado pelo rompimento destas barragens, carece de
informações ambientais para dimensionamento do distúrbio causado. O Diagnóstico das
Condições Ecológicas do ribeirão Ferro-Carvão tem como objetivo realizar campanhas
amostrais de caracterização das comunidades hidrobiológicas e da qualidade dos
ecossistemas no trecho do ribeirão Ferro-Carvão, mais atingido pelo rompimento das
barragens de rejeito, além de:

▪ Identificar os impactos nas comunidades aquáticas e na qualidade dos ecossistemas,


decorrentes do rompimento das barragens de rejeito.
▪ Avaliar temporal e espacialmente as variações nas composições das comunidades
aquáticas (fitoplâncton, zooplâncton, macroinvertebrados bentônicos), quanto a

348
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

colonização, substituição de espécies em trechos alterados da bacia do ribeirão Ferro-


Carvão, durante e após a instalação dos sistemas de contenção e remoção dos rejeitos.
▪ Medir os diferentes graus de impacto no ribeirão Ferro-Carvão, com vistas a subsidiar os
programas de restauração e acompanhar a resiliência destes sistemas frente às medidas
implementadas.
▪ Monitorar o processo de restauração do ribeirão Ferro-Carvão após a recuperação da
calha fluvial pela aplicação do Índice de Integridade.

Metodologia

São previstas seis campanhas de campo, com periodicidade mensal, para coletas de dados
primários, que auxiliem na caracterização do impacto do rompimento sobre a integridade dos
ecossistemas atingidos.

Maiores detalhes sobre o diagnóstico podem ser vistos na versão vigente do Plano de Ação e
Proteção à Fauna.

7.8. Vegetação Nativa


Para o manejo de rejeito, cujas atividades se iniciaram logo após o rompimento, foi necessária
a implantação de uma série de estruturas visando conter o material depositado ao longo do
ribeirão Ferro-Carvão, impedindo que o mesmo pudesse continuar a ser carreado em direção
ao rio Paraopeba.

Para tal, foi necessária a implantação de acessos, canteiros de obras e outras estruturas de
apoio que redundaram em intervenções diretas sobre áreas cobertas por vegetação nativa
(floresta, campo úmido, cerrado) e, também, áreas revestidas por pastagens, cultivos, áreas
de ocupação antrópica.

Estas intervenções significaram a supressão de ambientes naturais localizados dentro do


Bioma da Mata Atlântica, e de áreas com usos antrópicos causando a supressão de indivíduos
da flora nativa (árvores, cipós, ervas, arbustos, epífitas) e de espécies arbóreas em ambientes
de pastagem e outras formações antrópicas, havendo também a perda de banco de sementes
em ambientes de floresta, cerrado, pastagem.

A perda de ambientes nativos, sobretudo florestais, também contribuíram para aumentar


fragmentação de habitat e aumento do efeito de borda já ocorridos em função da supressão
ocasionada pela passagem e deposição de rejeitos oriundos do rompimento.

Em função da deposição de rejeito em áreas florestais, grande parte dos indivíduos da flora
local que compõem os estratos inferiores da floresta (herbáceo, arbustivo) e, também,
representantes arbóreos e cipós/lianas foram impactados, ocorrendo elevada taxa de
mortalidade nas áreas afetadas. O componente arbóreo teve indivíduos que morreram
imediatamente e outros permaneceram vivos, contudo, parte dos que resistiram por períodos
mais longos foram paulatinamente sofrendo processo de senescência que levaram à morte. A
maior parte dos indivíduos arbóreos, herbáceos, arbustivos e de cipós que permaneceram

349
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

vivos se encontram nos locais onde o rejeito depositado apresenta espessura menor (em torno
de 0,50m).

A remoção de rejeito depositado nas áreas onde há o contato com ambientes florestais e nos
locais onde houve a deposição de rejeito sob sub-bosque, tem ocasionado impactos sobre a
vegetação nativa remanescente com eliminação de alguns indivíduos do estrato herbáceo,
subarbustivo/arbustivo e de cipós que permaneceram vivos ou que já colonizaram áreas
cobertas com rejeito situadas nas bordas e interior da floresta. Nota-se, ainda, impactos
relacionados a lesões no caule e sistema radicular de indivíduos arbóreos, principalmente, em
função da ação mecânica direta de equipamentos utilizados na remoção do rejeito.

Para reduzir ou atenuar estes impactos foi implantado o Plano de Supressão Vegetal que inclui
três programas: Programa de Supressão Vegetal, Programa de Conservação da Flora e
Programa de Afugentamento e Resgate de Fauna.

O Programa de Supressão Vegetal inclui ações que visam minimizar os impactos sobre a
vegetação nativa na medida em que avalia as poligonais definidas para supressão e,
juntamente com equipe multidisciplinar que inclui profissionais do meio biótico, da engenharia
de projeto e de implantação, buscando alternativas locacionais que minimizem impactos
relacionados à intervenção em vegetação nativa, fragmentação de habitat florestais, redução
do corte de indivíduos isolados e supressão de árvores pertencentes a espécies ameaçadas
de extinção ou protegidas por lei. Quando da realização do censo arbóreo são marcados os
indivíduos pertencentes espécies protegidas e ameaçadas que tem sua localização lançada
sobre o projeto, sendo avaliada a possibilidade de modificações ou soluções que permitam a
permanência destas árvores.

Ainda como ação do Programa de Supressão Vegetal, tem-se a demarcação em campo do


limite exato da área de supressão de forma que a mesma ocorra exatamente dentro dos limites
estritamente necessários para a implantação de obras.

Todo o material lenhoso oriundo da supressão é retirado da área e armazenado em pátio


específico para permitir sua posterior utilização.

Com o intuito de minimizar as perdas de banco de sementes, após a finalização do processo


de supressão vegetal, é realizada a remoção da camada superficial do solo (topsoil) que é
armazenada e utilizada posteriormente no Programa de Recuperação de Áreas Degradadas.

No Plano de Conservação de Flora, nas áreas das poligonais definidas para supressão, são
realizadas coletas de plântulas, frutos e sementes de espécies arbóreas, epífitas e plantas
herbáceas que são direcionadas para viveiros de produção de mudas onde são mantidas até
que possam ser reintroduzidas em áreas preservadas, garantindo a conservação de parte do
material genético existente nas áreas de intervenção.

Com o intuito de minimizar impactos desnecessários sobre a vegetação nativa durante a


implantação das obras e do processo de manejo de rejeito, sobretudo nos locais de contato
com remanescentes florestais ou com ocorrência de rejeito sob dossel, a equipe de meio
ambiente da engenharia desenvolve o Plano de Gerenciamento Ambiental de Obras (PGAO),

350
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

que mantem acompanhamento das atividades com o objetivo de orientar e impedir


intervenções desnecessárias sobre a vegetação.

Como ação importante desenvolvida no contexto das obras emergenciais / manejo de rejeito
ressalte-se a abordagem de temas relacionados aos impactos ambientais sobre o meio biótico
no âmbito do Plano de Educação Ambiental de Obras (PEAO), que faz parte do escopo do
Plano de Gerenciamento Ambiental de Obras (PGAO), onde são repassados conceitos e
orientações técnicas para as equipes responsáveis pelas implantações das obras e manejo de
rejeito.

Por fim, as atividades de manejo de rejeito têm contribuído para aumentar a emissão de
particulados no ar tendo como principais fontes a movimentação de veículos (leves e pesados),
de equipamentos diversos, revolvimento do rejeito e exposição da superfície do rejeito
depositado na bacia do Ferro-Carvão e nos DTRs. Este material particulado suspenso vai
sendo depositado paulatinamente sobre a vegetação, acumulando sobre a superfície de folhas
e caules, interferindo sobre processos fisiológicos como trocas gasosas, fotossíntese e também
fenológicos (floração, caducifólia). Este impacto é notado com maior expressão nas
proximidades das fontes de geração de particulados, sobretudo ao logo de estradas de terra
utilizados no manejo de rejeito e que possuem tráfego mais intenso e permanente. A situação
é agravada durante o período de seca e minimizada quando da ocorrência de chuvas que
removem grande parte do material depositado.

Para fazer frente a este impacto, tem-se o programa de aspersão de vias feita rotineiramente
nos locais de maior tráfego de veículos, incluindo sistema de aspersão fixa ao longo do acesso
principal utilizada para o manejo, cuja operação se dá de forma automática ou manual,
realizando a operação em ciclos pré-determinados definidos conforme necessidade e
condições climáticas. Também são realizadas inspeções e treinamentos específicos no âmbito
do PGAO e Plano de Educação Ambiental de Obras (PEAO), tendo sido implantado Plano
específico de Mitigação das Fontes Atmosféricas das Obras Emergenciais / Manejo de Rejeito.
Além deste, também já se encontra implantado o Programa de Monitoramento da Qualidade
do Ar que permite acompanhar os níveis de emissão atmosféricas na área de implantação das
atividades de manejo de rejeito, orientando as ações de controle e mitigação.

7.9. Fauna Silvestre

7.9.1. Plano de Ação e Proteção a Fauna


Com a evolução das obras, ainda atrelada as ações de resposta à fauna, a região diretamente
afetada pelo rompimento da barragem B-I passou por modificações, propiciadas pelas
intervenções, situando-se em um contexto operacional de obras emergenciais. Diante o
desenvolvimento deste novo cenário e com o manejo de rejeitos, torna-se necessária Ações
de Proteção à Fauna, como parte do reconhecimento dos impactos gerados por essa atividade
em específico. O Plano de Ação e Proteção à Fauna, em sua última versão, tem como objetivo
apresentar as diretrizes para o desenvolvimento das ações de reparação, inserindo neste
cenário o componente fauna, de modo que os procedimentos de reposta e as ações, inclusive
em desenvolvimento, sejam ajustadas e aplicadas na proteção dos animais domésticos e
silvestres da região afetada pelos rejeitos em Brumadinho.

351
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Ações específicas de proteção à fauna serão contempladas durante as atividades de manejo


de rejeitos desde a sua retirada, transporte e disposição temporária e final. Impactos
importantes, já descritos, serão monitorados e mitigados através de Programas de
Monitoramento e Ações de Mitigação específicas durante todos os processos inerentes ao
manejo de rejeitos.

A principal ação realizada é a de Resgate e Atendimento da Fauna, que tem como objetivo
central acompanhar e orientar as atividades inerentes ao manejo de rejeitos, minimizando seus
efeitos negativos sobre a fauna. Por meio da combinação de diferentes técnicas de manejo,
que visam permitir a fuga dos animais ou o resgate daqueles que apresentarem dificuldades
de dispersão, essas ações minimizam a perda ou injúria de espécimes da fauna presentes na
área de intervenção. Para tanto, equipes de campo, compostas de biólogos, veterinários e
auxiliares, acompanham as atividades de manejo de rejeitos bem como as frentes dos militares
do Corpo de Bombeiros, que mantêm as buscas por vítimas do rompimento.

Espera-se, com essas ações, propiciar e facilitar a dispersão da fauna presente nas áreas alvo
de manejo e em áreas afetadas, buscando-se evitar ou reduzir a perda de indivíduos da fauna,
e proceder de forma adequada, se necessário, à destinação de indivíduos com dificuldades de
dispersão. Além disso, serão realizadas atividades de prospecção e resgate de colmeias de
abelhas nativas, ninhos e filhotes ou animais encontrados feridos ou mortos além do
recolhimento de ossadas e/ou carcaças de animais encontrados durante o processo de manejo
do rejeito.

Algumas espécies de fauna podem colonizar algumas áreas de formação brejosa e lacustres
sob rejeito, que deverão ser drenadas para a retirada do rejeito, bem como aquelas associadas
aos processos de manejo de rejeitos, como acessos e de infraestrutura. Algumas delas são
alvo de supressão de vegetação e o acompanhamento durante a intervenção é necessário
permitindo a promoção e orientação do deslocamento das espécies, incluindo arborícolas e as
que possuem pequena capacidade de deslocamento, reduzindo as chances da perda ou injúria
de indivíduos. O mesmo ocorre para aquelas espécies que ocupam áreas de infraestrutura e
que permitem associação negativas com o homem.

Outra ação importante é o Monitoramento de Fauna Atropelada e implantação de medidas


protetivas à fauna. Com a execução das atividades das obras emergenciais de reparação, em
específico o manejo de rejeitos, haverá o aumento do fluxo de veículos nos acessos já
existentes, assim como ampliação do tráfego em novas áreas por meio de acessos recém
implantados. Esse incremento no tráfego aumenta a possibilidade de ocorrências de incidentes
como o atropelamento de fauna. Diante disso, o Programa Monitoramento de Fauna
Atropelada visa a identificação dos trechos com maior incidência de atropelamentos, tendo
como objetivo principal propor e implantar medidas de controle para a redução dos eventos
das ocorrências na região de abrangência das obras emergenciais, permitindo estabelecer as
diretrizes necessárias para mitigação dos danos decorrentes do atropelamento de animais
silvestres.

O monitoramento considera a realização periódica da equipe de campo em rota pré-


estabelecida, abrangendo as vias próximas as áreas de intervenção e utilizadas pelas frentes
de manejo de rejeitos. As informações coletadas em campo irão compor um banco de dados

352
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

de atropelamentos e a compilação destes dados poderá permitir a identificação de padrões de


ocorrência dos atropelamentos.

Com a identificação dos hotspots de atropelamentos, estão sendo adotadas medidas de


controle direcionadas e mais eficazes. Incluem-se como medidas a implantação de passagens
de fauna efetivas nos pontos de maior incidência desses incidentes, a instalação de sinalização
de trânsito, como placas educativas, e para o controle de velocidade, redutores de velocidade.
Associadas a estas ações, estão sendo desenvolvidas atividades de educação ambiental junto
aos funcionários e terceirizados alocados nas atividades das obras, especialmente os
motoristas, como parte do processo de prevenção de incidentes com a fauna.

Atividades de despesca também são necessárias em áreas que abrigam comunidade íctica
quando estas sofrerem intervenções inerentes ao manejo de rejeitos. Sendo assim, é realizada
avaliação e realocação desses indivíduos para locais apropriados que garantam seu bem estar
e sobrevivência. No âmbito das atividades relacionadas à ictiofauna, são realizadas vistorias
técnicas para a avaliação de despescas preventivas ou emergenciais. Desta forma, quando da
detecção por terceiros da presença de comunidade íctica em área de obras de reparação,
atividades de bombeiros ou quaisquer áreas que submetam os peixes a riscos, há o
acionamento da equipe responsável pela ictiofauna. A comunicação acontece via contato
telefônico ou e-mail, onde é relatada a presença de peixes e solicitada a avaliação da área
pelos profissionais responsáveis. Juntamente com esta solicitação, são enviados registros
fotográficos, bem como as coordenadas geográficas, o que garantem maior assertividade e
efetividade da vistoria. Posteriormente, é elaborado um plano de trabalho para a realização da
atividade. Durante a elaboração do plano, a área é monitorada diariamente. As informações
detalhadas desta atividade estão presentes no Plano de Ação e Proteção à Fauna.

7.9.2. Programas de Monitoramento da Fauna Terrestre


Além do Plano de Ação e Proteção à Fauna, grupos específicos foram selecionados como
bioindicadores para serem monitorados durante o período das obras emergenciais, em
especial a remoção do rejeito. Desta forma, será possível conhecer e acompanhar a área de
distribuição, o padrão de atividade e o status populacional de espécies que utilizam diferentes
áreas, florestadas ou não, em torno da área afetada pela deposição e manejo de rejeito, e se
necessário propor medidas de mitigação.

Um dos grupos selecionado como bioindicador, é o dos mamíferos de médio e grande porte.
Esses animais constituem um grupo heterogêneo, mas que em sua maioria, apresentam
tamanho populacional pequeno, em relação aos mamíferos de pequeno porte, e possuem uma
grande área de vida, sendo que muitos utilizam diferentes ambientes, inclusive impactados,
como parte de seu território ou como passagem entre diferentes fragmentos de mata. Além
disso, muitos ocupam o topo das cadeias tróficas, e tendem a ser os primeiros afetados pelas
atividades antrópicas, sendo, portanto, bons indicadores de mudanças ambientais. Esses
animais serão monitorados por meio de armadilhas fotográficas, instaladas em diferentes
fragmentos em torno da área afetada pela deposição e manejo do rejeito e em áreas não
afetadas, as quais serão tratadas como áreas de referência. Essa disposição espacial visa
acompanhar os impactos cumulativos (decorrentes do rompimento e do manejo do rejeito)
sobre a fauna em grande escala e permitirá comparar a área afetada com áreas onde não
houve relação com o rompimento ou o manejo de rejeito. O conhecimento da situação de

353
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

conservação e ocupação do território por esses bioindicadores fornecerá subsídios para avaliar
a recuperação ambiental dessa região, bem como para a definição e reavaliação das ações
ambientais de recuperação que virão a ser implementadas.

Devido às alterações no ambiente, especialmente perda e aumento da fragmentação,


provocadas primariamente pelo rompimento, mas intensificadas pelas obras emergenciais,
inclusive para o manejo do rejeito, alguns animais podem ter ficado isolados, o que diminui as
chances de sobrevivência e aumentam o risco de atropelamentos. Neste caso, os primatas
foram selecionados como bioindicadores, tanto por serem dependentes de ambientes
florestados, como por apresentar grande suscetibilidade aos impactos de fragmentação de
habitat, isolamento geográfico e reprodutivo. Este grupo animal também será monitorado
durante todo o período de obras emergenciais, a fim de que, se necessário, sejam propostas
ações periódicas que aumentem a qualidade ambiental na área afetada. Essas ações em
concordância com o Plano de Ação e Proteção à Fauna, incluem, entre outras, a instalação
de passagens aéreas que permitam a dispersão desses animais entre fragmentos separados
por acessos para o manejo de rejeito. Mais informações sobre os monitoramentos podem ser
obtidas nos Programas de Monitoramento de Mamíferos de Médio e Grande Porte e
Primatas (Amplo, 2020).

354
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

8. INDICADORES E METAS

8.1. Introdução e considerações metodológicas


Para a elaboração de um Plano de Ação assertivo se faz necessário o uso de ferramentas que
possibilitem o monitoramento e verificação da eficácia das ações planejadas / executadas. Para
tanto, a quantificação de alguns aspectos importantes das condições ambientais é
fundamental, a qual deve ser realizada de forma clara e simplificada por meio de indicadores
(SOLIGO, 2012). O indicador tem por função resumir uma série de informações relevantes do
fenômeno a ser analisado, com base em parâmetros e variáveis (BELLEN, 2013). No sentido
literal, a palavra indicador significa descobrir, apontar, anunciar e estimar, sendo utilizado para
comunicar ou informar sobre a trajetória ou a tendência de evolução de uma meta pré-
estabelecida.

Os indicadores consistem em elementos convencionados, por meio dos quais é possível


realizar a aferição ou leitura do estado de um componente analisado, bem como um esforço
realizado e resultado obtido. O objetivo principal dos indicadores de monitoramento é agregar
informações de uma maneira que sua relevância fique mais evidente. Os indicadores
simplificam as informações sobre fenômenos complexos, melhorando a comunicação entre as
partes envolvidas (SOLIGO, 2012).

A definição de um indicador está diretamente relacionada com a atribuição de uma meta, a


qual consiste, de forma simplificada, na adoção de um valor pretendido ao indicador a ser
alcançado em determinado tempo. O monitoramento de indicadores tem por objetivo avaliar
dados e resultados para aferir sobre o alcance da meta pré-estabelecida e, assim, apoiar a
avaliação do progresso dos programas e as tomadas de decisões (TAKASHINA, 1996).
Ressalta-se que o desenvolvimento de um indicador pode ser considerado um processo de
aperfeiçoamento, em particular quando se trata de casos sensíveis e conflituosos.

Conforme indica o conceito da gestão adaptativa, no decorrer do tempo os indicadores deverão


ser revisitados e, avaliado o desempenho das ações propostas, assim novos indicadores
poderão ser incluídos ou criados, bem como outros poderão ser excluídos ou alterados,
conforme a dinâmica de execução e avaliação dos planos e programas em execução.

No presente documento, são apresentados os principais indicadores operacionais associados


ao monitoramento e controle dos objetivos operacionais do Plano de Manejo de Rejeitos. A
definição dos indicadores apresentados neste estudo está embasada nas seguintes premissas:

▪ Aderência aos objetivos e finalidade do Plano de Manejo de Rejeitos;


▪ Aderência aos objetivos dos Programas de Monitoramento e Controle estabelecidos pela
Vale, bem como os demandados pelo órgão ambiental; e
▪ Capacidade de traduzir o estado do ambiente, o esforço realizado e os resultados das
ações.

355
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Optou-se por utilizar o modelo conceitual inputs-outputs-outcomes-impacts da Comissão


Europeia (CE, 2006) e FAO-ONU/WRI (2019). A utilização deste método também irá possibilitar
a convergência das informações aqui apresentadas com o Capítulo 3 (atualmente em revisão)
do Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do rio Paraopeba (ARCADIS, 2020).

O método contempla as seguintes categorias de indicadores:

▪ Indicadores de realização: relacionam-se diretamente com as atividades realizadas;


▪ Indicadores de resultados: avaliar os efeitos diretos associados a um
programa/intervenção estratégica;
▪ Indicadores de impacto: relacionam-se com as consequências mais consistentes de um
programa (agregam sequências de resultados), para além dos seus efeitos diretos.

Na Figura 8-1 encontram-se esquematizadas as diferenças entre as categorias dos indicadores

Figura 8-1 – Indicadores e suas categorias

Neste momento, para o Plano de Manejo de Rejeitos (PMR), considera-se o acompanhamento


e controle da execução de ações que visam o cumprimento de seus objetivos operacionais e
objetivos específicos, por meio de indicadores de realização e de resultado.

Os indicadores de realização visam verificar o avanço da implementação dos objetivos


operacionais do PMR, quais sejam, remoção (intra e extracalha), destinação temporária e
destinação final do rejeito, conforme apresentado mais a frente neste item.

Considera-se que estes indicadores são aqueles responsáveis pela comunicação dos
principais resultados do PMR. Tais indicadores são capazes de comunicar para tomadores de
decisão ou explicitar informações para a sociedade do desenvolvimento e estágio das obras
de manejo de rejeitos. São indicadores que transmitem informação de elevado valor e

356
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

complexidade reduzida e, por isso, são considerados chave no processo comunicação da


eficácia do Plano de Manejo de Rejeitos, sendo expressos em formato quantitativo.

Já os indicadores de resultado devem avaliar os efeitos das medidas ou ações propostas.


Neste estudo estão associados aos resultados das medidas propostas para a reparação dos
impactos ambientais identificados pelo LAIA (item 8.1 do presente relatório), que foram
correlacionadas, sempre que pertinente, com planos e programas em execução, sendo, neste
momento, referentes especialmente aos resultados dos monitoramentos ambientais.

Os indicadores de resultado são essenciais para fundamentar as tomadas de decisões e


comunicar o estado atual dos componentes ambientais impactados pelo manejo do rejeito,
resultando em revisão, replanejamento ou adoção de novas ações de mitigação.

Cabe mencionar que os resultados destes monitoramentos poderão ser acompanhados pelo
órgão ambiental por meio da plataforma digital Vale ECOS (em desenvolvimento), que deverá
congregar todos os dados dos monitoramentos ambientais em execução, dando suporte às
leituras e análises, tanto quanto possível “em tempo real” e nos formatos de relatório
necessários, objetivando-se a qualidade da informação. Por meio do uso desta plataforma
também será possível monitorar indicadores de impacto, os quais se relacionam com as
consequências mais consistentes de um programa (agregam sequencias de resultados), para
além dos seus efeitos diretos. Por fim, a utilização da plataforma também irá proporcionar uma
visão sistêmica aos órgãos ambientais e demais usuários do sistema, a respeito dos resultados
de monitoramento associados ao Plano de Reparação, bem como ao Plano de Manejo de
Rejeitos.

Tem-se ainda que os referidos planos e programas ambientais atualmente em execução foram
elaborados, especialmente, em função dos impactos, os quais estão descritos no Capítulo 2
do Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Paraopeba, originados pelo evento da
ruptura das barragens B-I, B-IV e B-IV-A (ARCADIS, 2020). Porém, cabe ressaltar que devido
às especificidades dos impactos vinculados ao manejo dos rejeitos, ações adicionais poderão
ser consideradas nos planos e programas já existentes e, em alguns casos, novos estudos
poderão ser elaborados, a depender dos resultados dos monitoramentos atualmente em
execução.

De forma a proporcionar a máxima sinergia entre este Plano de Manejo de Rejeito e o Capítulo
3 do Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Paraopeba, as revisões dos Planos e
Programas, que estão atualmente sendo realizadas, irão incorporar as ações adicionais
identificadas pelo LAIA (item 8.1 do presente documento). Dessa forma, após a finalização da
revisão do Capítulo 3 do Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Paraopeba, os
planos e programas propostos estarão também direcionados aos impactos atribuídos ao
manejo de rejeito.

Após a finalização das revisões mencionadas, será possível definir melhor os indicadores e,
atribuir metas direcionados aos impactos advindos do rompimento e do manejo do rejeito
conjuntamente. Por meio desta convergência, será elaborada, sempre que pertinente, uma lista
unificada, por meio da qual será possível otimizar ações e maximizar os resultados obtidos. A
definição dos indicadores e metas no âmbito do Plano de Reparação ocorrerá na revisão do
Capítulo 3 e, nesta ocasião, serão também definidos os demais indicadores e as metas para o

357
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Plano de Manejo de Rejeito, associados, como mencionado, aos resultados dos planos e
programas indicados no LAIA. Entende-se que a definição conjunta destas informações será
fundamental para a convergência dos estudos e maior assertividade na gestão dos impactos.

8.2. Indicadores operacionais do Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)


Conforme mencionado no item 8.1, para o PMR considera-se o acompanhamento por meio de
indicadores de realização e de resultado. Nesta ótica, os indicadores de realização visam
verificar o avanço da implementação dos objetivos operacionais do PMR, quais sejam, remoção
(intra e extracalha), destinação temporária e destinação final do rejeito, conforme apresentado
mais a frente neste item.

Os indicadores adotados para o PMR estão divididos em duas vertentes distintas, a saber,
remoção extracalha e remoção intracalha, conforme esquematizado na Figura 8-2,
apresentada a seguir.

Volume de rejeito
disposto em DTRs e
Pilhas Temporárias

Volume de rejeito Volume de rejeito


Remoção removido no peneirado
extracalha ribeirão (undersize e
Ferro - Carvão oversize)

Volume de rejeito
disposto na Cava
de Feijão

Horas de operação
da draga
Volume de rejeito
Remoção
removido do rio
intracalha
Paraopeba
Volume (m³) de
material total
dragado

Figura 8-2 – Indicadores relacionados com a remoção de rejeito extracalha e intracalha

O detalhamento dos indicadores supracitados é apresentado nos itens a seguir.

358
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

8.2.1. Volume de Rejeito Removido no ribeirão Ferro-Carvão


O volume de rejeito removido da área impactada na bacia do ribeirão Ferro-Carvão (Zona
Quente) é o um dos principais “termômetros” relacionados ao acompanhamento das ações de
recuperação que estão sendo realizadas pela Vale. A remoção do rejeito na referida área,
inclusive, é mencionada na Nota Técnica FEAM nº 2/2019 que estabelece a necessidade de
remoção imediata da massa de rejeito liberada no rompimento. Vinculados a esta atividade
existem três indicadores operacionais, referentes aos volumes de rejeito dispostos em DTRs e
Pilhas Temporárias, volume de rejeito peneirado (undersize e oversize) e o volume disposto
em cava.

Para o indicador referente ao Volume de rejeito disposto em DTRs e Pilhas Temporárias,


são apresentados na Tabela 8-1 os dados mensurados para os anos de 2019 e 2020. Para os
demais indicadores, as informações se referem ao ano de 2020 em função das seguintes
especificidades:

▪ Volume de rejeito peneirado (undersize e oversize) – ITMS e TCF: As operações de


peneiramento nas áreas do ITMS e do TCF se iniciaram no dia 11 de março de 2020 e 15
de setembro de 2020, respectivamente. Dessa forma, não existem dados referentes ao
ano de 2019.
▪ Volume de rejeito peneirado (undersize e oversize) – PDE Menezes III: As operações
de peneiramento na área da PDR Menezes III se iniciaram em agosto de 2019 e esta
atividade se estendeu por todo o restante do referido ano. Porém como se tratava de uma
atividade piloto para a instalação definitiva das peneiras nas áreas do ITMS e TCF,
diversos testes foram sendo realizado. Além disso, no ano de 2019 a Cava de Feijão ainda
não estava sendo utilizada para deposição de rejeito peneirado e, com isso, este material
permaneceu armazenado na PDR Menezes. Diante disso, a contabilização do material
peneirado (underzise) em 2019 ocorreu de forma conjunta com o material peneirado
(underzise) em 2020.
▪ Volume de rejeito disposto na Cava de Feijão: No ano de 2019 a Vale realizou junto ao
órgão ambiental, as tratativas para o licenciamento da atividade de disposição do rejeito
na Cava de Feijão. A licença para tal atividade foi obtida em dezembro de 2019 e, em
fevereiro de 2020, ocorreu o início da disposição do rejeito na cava. Devido a tal fato, não
existem valores a serem apresentados para o ano de 2019.
Na Tabela 8-1 são também apresentados os valores acumulados referente ao volume de
rejeitos monitorado para cada um dos indicadores operacionais considerados.
Tabela 8-1 – Dados referentes aos indicadores operacionais da remoção de rejeito extracalha

Volume (m³)
Indicador
2019 2020 Acumulado

Volume de rejeito disposto em DTRs


1.953.020,00 930.878,00 2.833.898,00
e Pilhas Temporárias
Volume de rejeito peneirado
Não Aplicável 57.387,73 57.387,73
(undersize) – ITMS

359
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Volume (m³)
Indicador
2019 2020 Acumulado

Volume de rejeito peneirado


Não Aplicável 6.439,84 6.439,84
(oversize) – ITMS
Volume de rejeito peneirado
Não Aplicável 144.037,00 144.037,00
(undersize) – TCF
Volume de rejeito peneirado
Não Aplicável 9.130,68 9.130,68
(oversize) – TCF
Volume de rejeito peneirado
Não Aplicável 30.977,27 30.977,27
(undersize) – PDE Menezes III

Volume de rejeito peneirado


Não Aplicável 06 0
(oversize) – PDE Menezes III

Volume de rejeito disposto na Cava


Não Aplicável 206.933 206.933
de Feijão

Elaboração: Arcadis, 2021.

8.2.2. Volume de Rejeito Removido do rio Paraopeba


O volume de rejeito/sedimento removido do rio Paraopeba é quantificado por meio da operação
da draga. Atualmente, a atividade de dragagem ocorre em um trecho de 2 km a partir da região
definida como marco zero. O material dragado é destinado para tratamento na ETAF2 (Estação
de Tratamento de Águas Fluviais do rio Paraopeba). Vinculados com a atividade de dragagem
existem dois indicadores operacionais, referentes às horas de operação da draga e volume de
material total dragado.

Na Tabela 8-2 são apresentados os valores obtidos para ambos os indicadores supracitados,
bem como o valor acumulado referente aos anos de 2019 e 2020.

Tabela 8-2 – Dados referentes aos indicadores operacionais da remoção de rejeito intracalha

Indicador 2019 2020 Acumulado

Operação da draga (horas) 641,431 815,23 1.456,67

Material total dragado (m³) 1.019.463 1.411.950 2.431,413

Elaboração: Arcadis, 2021.

6
O material peneirado na PDR Menezes III classificado como oversize permanece no local e por este motivo não foi contabilizado.
A Vale irá submeter novamente este material à etapa de peneiramento.

360
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

8.2.3. Controle a acompanhamento dos indicadores operacionais


Para o acompanhamento e controle dos indicadores apresentados neste item, a Vale utiliza
uma ferramenta digital via Power BI®, por meio da qual são gerados dashboards. Esta
ferramenta possibilita a rápida visualização das informações, as quais são importantes para a
tomada de decisões e definição de ações adicionais, caso necessárias. Exemplos dos referidos
dashboards estão apresentados na

Figura 8-3. Por meio do conceito da gestão adaptativa, a Vale está investindo no
desenvolvimento de uma nova plataforma digital, denominada Vale ECOS, conforme já
mencionado no item 9.1. A utilização desta ferramenta de gestão irá possibilitar um controle
assertivo dos dados obtidos nos monitoramentos realizados, proporcionando uma visão
sistêmica das informações por parte de todos os atores envolvidos.

Figura 8-3 – Exemplos de Dashboards utilizados para o monitoramento dos


indicadores operacionais.

361
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

9. CRONOGRAMA

Conforme item 6.1 - Planejamento Plurianual neste documento, o manejo de rejeitos iniciou-se
imediatamente após o rompimento das barragens B-I, B-IV e B-IVA. A remoção do rejeito à
jusante da B-I deverá acontecer até 2023, enquanto a remoção do rejeito remanescente na
estrutura deve prosseguir até 2025.

Atualmente, toda a atividade do manejo de rejeito está sendo realizada em conjunto com o
CBMMG de acordo com a 7ª Estratégia.

Em relação ao manejo no ribeirão Ferro-Carvão, no curtíssimo prazo deverá ser concluída a


implantação do CMD e prosseguir com as ações de apoio à 7ª Estratégia e planejamento da
8ª Estratégia, sendo as demais ações mapeadas de longo prazo.

Em relação ao manejo no rio Paraopeba, as ações de curtíssimo prazo serão a implantação do


Trommel e o avanço nos estudos para definição dos estudos para dragagem do trecho além
dos 2km iniciais.

A Figura 9-1 a seguir apresenta o cronograma das atividades de manejo de rejeitos.

362
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

___________________________________________________________________________________________________________________

Cronograma Manejo de Rejeitos


2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025
Concluído Em andamento
J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D
A iniciar Paralisação COVID-19 Curtíssimo Prazo Curto Prazo Médio Prazo Longo Prazo
Manejo de Rejeitos Ribeirão Ferro Carvão
Infraestrutura
Acessos Emergenciais Concluído
Acesso Ferrovia Concluído
Instalação de Galpões Infláveis Concluído
Instalação Ponte P2 Concluído
Canais de desvio em concreto canvas Concluído
Implantação do CMD Em andamento
Preparação 6a Estratégia
Início da Operação ITMS Concluído
Estradas de Acesso Remanso I e II Concluído
Drenagem Remanso III Concluído
Início Limpeza - DTR - 06 Concluído
Início Limpeza - ITMS Concluído
Liberação do TCF Sul Concluído
Instalação do Peneiramento Móvel Concluído
Instalação do Sistema de Volumetria no TCF Concluído
Preparação 7a Estratégia
Proteção do rejeito com lonas Em andamento
Infraestrutura de Drenagem sobre rejeito Em andamento
Levantamentos de Campo (Topografia e Sondagem) Em andamento
Preparação 8a Estratégia
Planejamento da 8a Estratégia Em andamento
Manejo de Rejeitos
Área A - Remanescente B1 A iniciar
Área B - Entre BH0 e B1 Em andamento
Área B - Montante BH0 Em andamento
Área C - Entre Dique 2 e BH0 Em andamento
Área C - Montante Dique 2 Em andamento
Área C - Entre BH1 e Dique 2 Em andamento
Área C - Montante BH1 Em andamento
Área D - Entre Cortina e BH1 Em andamento
Área E - Montante da cortina de estaca prancha Em andamento
Área F - Marco 0 Concluído
Manejo de Rejeitos Rio Paraopeba
Implantação da ETAF-2
Planta Química e Unidade de Confinamento (UDC) 01 Concluído
Unidades de Confinamento (UDC) 02 a 04 Concluído
Dragagem
Marco 0 Em andamento
Dragagagem até 2km Em andamento
Implantação do Trommel + Booster A iniciar
Estudos
Batimetria Concluído
Sondagem Em andamento
Geofísica Em andamento
Estudos IHC - Dragagem Trecho km -0,5 a km 1,5 Concluído
Estudos IHC - Dragagem Trecho km 1,5 a km 6,5 Em andamento
Estudos IHC - Dragagem Trecho além do km 6,5 A iniciar

Figura 9-1 – Cronograma das atividades de manejo de rejeitos.

363
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

10. GOVERNANÇA DAS AÇÕES E REVISÕES DO PLANO

Em função da dinâmica e da governança que norteiam as obras emergenciais, que incluem as


atividades relacionadas ao manejo de rejeitos, após a formalização do processo da Licença de
Operação Corretiva – LOC, os avanços/atualizações dos projetos e soluções vêm sendo
avaliados e consensados em fóruns periódicos e multidisciplinares formados pelas instituições
do SISEMA, representantes do MPMG e do município de Brumadinho.

A governança do Plano de Manejo seguirá o mesmo rito de avaliação vigente, ou seja, qualquer
modificação será apresentada e discutida em um fórum específico.

Dessa forma, o Plano de Manejo de Rejeitos será atualizado pelo menos uma vez por ano ou
quando necessário, de modo a refletir quaisquer alterações, novos estudos e ações relativas
ao manejo do rejeito, demonstrando os avanços e as melhorias ao longo do tempo e após a
sua implantação. O Plano é considerado um documento vivo e dinâmico a ser utilizado como
ferramenta de gestão.

364
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

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ASPECTOS METODOLÓGICOS LAIA

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- Diretrizes, elaborada pelo Comitê Brasileiro de Gestão Ambiental (ABNT/CB-38), 2015.

ARCADIS, Capítulo I: Diagnóstico Pretérito - Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do


Rio Paraopeba, Brumadinho, MG, 2020.

ARCADIS, Capítulo II: Caracterização Pós-Rompimento e Avaliação de Impactos - Plano de


Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba, Brumadinho, MG, 2020.

ARCADIS, Capítulo III: Plano de Ação para Remediação, Reparação, Restauração, e


Compensação dos Impactos - Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio
Paraopeba, Brumadinho, MG, 2020.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução


Conama nº 01, Art. 1º, 1986.

366
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

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na zona quente e áreas afetadas, Brumadinho - MG, 2020.

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ARCADIS, Programa de Avaliação e Monitoramento da Capacidade Hídrica e da Qualidade da


Água dos Aquíferos, Brumadinho - MG, 2019.

ARCADIS, Programa de Avaliação e Monitoramento da Capacidade Hídrica e da Qualidade da


Água dos Aquíferos, contemplado no documento 1.03.01.52268-PR-PL-CAP3V1, Brumadinho
- MG, 2019.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução


Conama nº 420/2009.

MDGEO. “Nota Técnica Plano de Mitigação para Controle do Efluente a ser Gerado na Mina
Córrego do Feijão, Brumadinho - MG, 2020.

MDGEO. Nota Técnica do Plano de Mitigação para Controle do Efluente a ser Gerado na Mina
Córrego do Feijão., Brumadinho - MG, 2020a.

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368
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

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VALE, Plano de Gerenciamento de Áreas com Potencial de Contaminação identificadas na


zona quente e áreas afetadas (PGAC), Brumadinho - MG, 2020.

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ARCADIS, 1.03.02.60506-DG-AP-0037-Rev.B. Brumadinho – MG, 2020c.

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Brumadinho – MG, 2020b.

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ARCADIS, Informe Quinzenal: Avaliação da área de abrangência dos efeitos da dragagem-


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ARCADIS, Plano de Monitoramento de Obras Emergenciais (PMO), Brumadinho – MG, 2020

BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução


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MINAS GERAIS, Deliberação Normativa Conjunta COPAM/CERH-MG n° 01/2008 – art. 29,


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VALE, Caracterização Geral das Obras Emergenciais, 2020.

VALE, Segundo Relatório Semestral de Atendimento às Exigências do Plano de Controle


Ambiental (PCA). Brumadinho – MG, 2020a.

369
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

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Qualidade do Ar

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ARCADIS, Capítulo 1: Diagnóstico Pretérito do Plano de Reparação Socioambiental da Bacia


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BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Art. 4º Resolução
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CETESB, Qualidade do Ar. Disponível em < https://cetesb.sp.gov.br/ar/poluentes/>. Acesso em


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Qualidade Solos

ARCADIS, Plano Integrado de Gerenciamento de Rejeitos e Resíduos - PIGRR Brumadinho –


MG, 2020.

ARCADIS, Plano de Gerenciamento de áreas com potencial de contaminação identificadas na


zona quente e áreas afetadas (PGAC). Brumadinho – MG,2020.

ARCADIS, Plano Integrado de Gerenciamento dos Rejeitos e Resíduos Carreados pelo


Rompimento da Barragem B1 (PIGRR), Brumadinho – MG, 2020.

VALE, Segundo Relatório Semestral de Atendimento às Exigências do Plano de Controle


Ambiental (PCA). Brumadinho – MG, 2020.

Alteração das características morfodinâmicas do ribeirão Ferro-Carvão

VALE, Caracterização Geral das Obras Emergenciais Brumadinho – MG, 2020.

370
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

VALE, Análise do projeto piloto de restauração do ribeirão Ferro-Carvão no Marco Zero e


alternativas de recuperação ambiental. Brumadinho – MG, 2020.

Alteração na quantidade de sólidos suspensos carreados no ribeirão Ferro-Carvão

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TAKASHINA, Newton Tadachi & FLORES, Mario Cesar Xavier. Indicadores da Qualidade e do
Desempenho. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1996.

380
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

12. EQUIPE TÉCNICA

Nome Formação / Função

Aidene Godinho Engº. Química M.Sc. (Enga. Especialista – Vale)

Biólogo, Ecólogo (Analista de Meio Ambiente Máster –


Brener Rocha de Oliveira Ferreira
Vale)
Eng º. Sanitarista e Ambiental M.Sc. (Engo. Máster –
Bruno de Mattos Teixeira
Vale)

Carolina Fidélis Engº. Civil (Enga. Máster – Vale)

Tecnólogo Gestor Ambiental (Analista Ambiental


Cesar Marques
Pleno – Vale)
Bióloga Dra. em Comportamento Animal (Bióloga
Cristiane Cäsar
Master – Vale)

Daniella Cardoso Buzzi Química Dra. em Ciências (Concremat)

Engenheiro Agrônomo M.Sc. (Engenheiro Máster –


Diego Aniceto dos S. Oliveira
Vale)
Biólogo (Analista de Meio Ambiente Especialista –
Eugênio Tameirão Neto
Vale)
Geólogo (Analista de Meio Ambiente Especialista –
Felipe de Souza Cologna
Vale)

Gustav Valentin Antunes Specht Biólogo (Analista de Meio Ambiente Máster – Vale)

Hugo Carvalho Engo. Industrial (Engo. Máster – Vale)

Leilane de Freitas Mol Enga. de Minas (Arcadis)

Luiz Carlos Cardoso Vale Engº. Florestal (Gerente de Meio Biótico - Vale)

Engº. Prod. Mecânica (Gerente de Planejamento –


Luiz Fernando da Silva Rego
Vale)

Marina Coimbra Martins Braga Bióloga (Analista de Meio Ambiente Sênior - Vale)

Paulo Silveira Ribeiro Técnico em Edificações (Concremat)

Pedro Victor da Silva Cunha Engº. Civil (Engo. Júnior – Vale)

Sandro Divino Rodrigues Engº. Civil (Engo. Máster – Vale)

Stefan Reiss (Analista de Gestão de Projetos Pleno – Vale)

Eng º. Sanitarista e Ambiental (Especialista Técnico –


Tulio Praes
Vale)

Vanessa Cardoso Buzzi Engº. Civil (Gerente de Licenciamento – Vale)

Vitor Pimenta Geólogo (Gerente de Meio Físico – Vale)

381
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

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O LAIA referente às atividades do Plano de Manejo de Rejeitos foi elaborado pela empresa
Arcadis, tendo sido considerada uma equipe multidisciplinar, composta pelos profissionais
elencados no Quadro 12-1, a seguir:

Quadro 12-1 - Equipe responsável pela execução do LAIA.

Nome Formação Função do projeto

Engenheiro Ambiental, mestre em


José Nunes Pinto Neto Coordenação geral
meio ambiente e recursos hídricos
Apoio na coordenação geral e
Geógrafa, especialista em meio
Juciara Ferreira da Silva suporte na avaliação de impactos
ambiente
do meio biótico
Engenheira florestal, mestre em
Michele Aparecida Pereira Microbiologia Agrícola, doutora Avaliação e descrição dos impactos
da Silva em Ciências Ambientais e do meio biótico
Florestais
Biólogo, especialista em Avaliação e descrição dos impactos
Felipe Peixoto
vegetação do meio biótico
Engenheiro florestal, especialista Avaliação e descrição dos impactos
Raphael Leduc
em vegetação do meio biótico
Bióloga, especialista em
Suporte na avaliação de impactos
Caroline Nascimento diagnóstico e monitoramento de
do meio biótico
fauna
Bióloga, mestre em ecologia e
Suporte na avaliação de impactos
Raquel Oliveira biodiversidade, especialista em
do meio biótico
meio biótico
Avaliação e descrição dos impactos
Julio Inhasz Paiva Geólogo
do meio físico
Engenheiro Ambiental,
Avaliação e descrição dos impactos
Alessandro Miagui especialista em licenciamento
do meio físico
ambiental
Apoio na interface de informações e
Marcelo Ottoboni
Engenheiro Ambiental e Civil documentações junto à equipe que
Gonçalves
atua na área da Vale Brumadinho
Apoio na interface de informações e
Mestre em gestão ambiental e
Gabriela Rodrigues documentações junto à equipe que
química
atua na área da Vale Brumadinho
Graduado em ciências biológicas,
mestre e doutor em biologia Orientação da equipe do meio
Ricardo Ribeiro Rodrigues vegetal. Professor titular do biótico (flora) e revisão dos
Departamento de Ciências respectivos impactos
Biológicas da ESALQ / USP
Graduado em ciências biológicas,
mestre em ciências da engenharia Suporte e revisão da metodologia
Evandro Mateus Moretto ambiental, doutor em ecologia e adotada. Revisão geral do trabalho
recursos naturais. Professor
associado da Universidade de

382
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Nome Formação Função do projeto


São Paulo, docente dos cursos de
graduação em Gestão Ambiental,
pós graduação em ciência
ambiental, pós graduação em
sustentabilidade. Pesquisador na
área de planejamento e gestão
ambiental e avaliação de impacto
ambiental

Elaboração: Arcadis 2020.

383
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Anexo I. Localização das obras relacionadas do


manejo de rejeito

384
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Anexo II. Plano Diretor das Obras Emergenciais

385
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Anexo III.7ª Estratégia de Buscas do CBMMG

386
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Anexo IV. Matriz de Impacto

387
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Anexo V. Mapas das Áreas de Influência

388
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Anexo VI. Relatórios dos Depósitos Temporários e


Caracterização de Rejeitos

389
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Anexo VII. Mapas de localização das amostras


coletadas de sedimentos e banco de
sedimentos

390
Plano de Manejo de Rejeitos (PMR)

_____________________________________________________________________

Anexo VIII. Lista de protocolos dos programas e


planos relacionados

391

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