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na Educação Infantil
Jéssica Lima Dias1
Sarah Lucia Alem Barbieri Rodrigues Vieira2
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
Pode-se perceber que nos últimos anos o número de escolas que oferecem
aulas de inglês para crianças da educação infantil vem crescendo constantemente.
Com o avanço do mercado de trabalho, o ensino de uma língua estrangeira antes
dos 6 anos de idade se tornou uma prática comum. Já não é de hoje que os pais
procuram matricular seus filhos em cursos de idiomas buscando melhor prepará-los
para o futuro. Atualmente, com o acirramento do mercado, pode-se notar que essa
busca pelo ensino de língua inglesa se apresenta ainda mais cedo. Os pais desejam
que seus filhos comecem a ter aulas de inglês o quanto antes, ou seja, desde a
educação infantil. Além disso, é comercialmente vantajoso para as escolas e
creches oferecerem esse tipo de serviço visto que esse passa a ser um atrativo na
hora dos pais decidirem onde irão matricular seus filhos.
A busca pelo aprendizado precoce de língua inglesa também tem ligação
direta com a crença de que crianças possuem um desempenho melhor do que
adolescentes e adultos, por exemplo, quando se trata da aquisição de uma língua
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A ESCUTA
Não há como considerar essa definição de uma criança plena e potente sem
valorizá-la em toda sua complexidade, sem dar a ela espaço e algo que ela tanto
almeja e precisa: ser ouvida.
A abordagem de Reggio Emilia é também conhecida por sua pedagogia da
escuta, por escutar e observar atentamente cada criança em suas ideias e teorias,
na construção de suas perguntas e respostas. Segundo Dowbor (2007, p. 35) o que
se vê nas escolas “são corpos sempre tão apressados que não conseguem parar
para escutar. Na maioria das vezes [...] estão tão "cheios", talvez de si mesmos, que
se encontram impossibilitados de construir espaço interno para a escuta do outro.”
Essa afirmação pode ser relacionada ao cotidiano escolar tão preenchido por livros
didáticos e calendários a serem seguidos à risca, enquanto a curiosidade da criança
é ignorada e a potência em cada uma delas vai sendo podada aos poucos.
A criança tem desde bem pequena um desejo intrínseco de se conectar
emocionalmente e de se comunicar a partir de suas experiências de mundo. Como
apresentado no conceito de zona proximal de desenvolvimento de Vygotsky, pode-
se partir do conhecimento prévio que a criança tem para então ajudá-la a criar novos
caminhos. É importante perceber que a escuta vai além do superficial, ela exige uma
consciência profunda e permite que o indivíduo ouvido se sinta legitimado.
Em busca de um exemplo prático que elucide a importância da escuta no
ambiente escolar, pode-se considerar a seguinte situação: o planejamento curricular
indica uma aula sobre animais selvagens, quando em um dia de chuva todos
chegam à sala de aula estarrecidos com os trovões ouvidos durante a madruga. É
preciso estar aberto para escutar e para adaptar com base nessa escuta. Uma forma
de seguir nesse sentido é utilizar aquilo que foi trazido pela curiosidade natural de
cada um e transformar em uma pesquisa utilizando por exemplo vocabulário sobre
feelings (sentimentos) e falar sobre como cada um se sentiu ou se sente quando
acontecem tempestades com trovões.
Disponibilizar ferramentas variadas para que as crianças se expressem em
diferentes linguagens é também de extrema importância. Permitir que externalizem
esses sentimentos, seja com música, desenho, fotografia ou argila, tornará mais fácil
a visualização do tema por outros ângulos, além de proporcionar uma riqueza maior
de interações abrindo espaço para conflitos e elaboração de hipóteses entre elas
(RINALDI, 2012). Outra possibilidade seria investigar de onde vêm e como surgem
os trovões e a partir das teorias criadas pela turma, oferecer vocabulário específico
como sky, rain, cloud e lightning, viabilizando um momento para que as crianças
apresentem suas suposições utilizando esse vocabulário, ainda que de forma
intercalada com português, para que ocorra possivelmente a apropriação dessas
novas palavras de forma significativa. Afinal, é preciso ter em mente que “a mera
exposição a uma língua não garante sua aquisição. O desenvolvimento linguístico
requer a participação da criança nas atividades culturalmente organizadas, para que
possa adquirir os valores sociais e culturais associados às formas linguísticas.”
(PIRES, 2001, p. 42)
É sabido que muitas vezes o contexto não permite tanto espaço para essa
escuta, mas se for possível adaptar ao menos parte das aulas, o conformismo e a
passividade ficarão um pouco mais distantes. A respeito desse trabalho em conjunto
com as crianças, o grande nome idealizador da abordagem de Reggio Emilia, Loris
Malaguzzi, afirmou:
2.2 OS PROJETOS
Para que seja possível visualizar além da teoria, imagine que o tema da
próxima unidade a ser trabalhada seja cores. Pode-se partir de uma provocação, ou
seja, de uma atividade que seja preparada para estimular as crianças a pensarem
sobre aquele assunto. Enquanto as crianças exploram e colocam sua curiosidade
inata em prática, o professor precisa estar atento e aberto para observar as reações,
os comentários e as ideias que surgirem. Uma forma de provocação para esse tema
seria preparar um ambiente com cartelas de cores, como essas de lojas de tintas
com dezenas de tonalidades diferentes, e providenciar folhas de árvores de cores
variadas. Fotografias que ressaltem a variação de cor, ou mesmo as fotografias em
preto e branco também são uma ótima opção. É possível ainda utilizar potinhos de
tinta com diversos tons a serem explorados pelas crianças sem orientação prévia.
Tudo isso criará um ambiente favorável para discussão e investigação.
Após esse primeiro momento, o(a) professor(a) pode apresentar o vocabulário
(blue, red, yellow, green, orange, etc) e aproveitar algo que tenha sido coletado no
momento de escuta para dar o passo seguinte, e escolher junto ao grupo o que pode
se transformar em um projeto. Se uma fotografia gerou algum comentário sobre qual
é a cor do céu ou se uma cartela de cores instigou a curiosidade sobre quantos tons
existem para cada cor, tem-se a oportunidade perfeita para o início de um projeto
que pode e deve ser apenas mediado pelo(a) professor(a), mas será guiado pelo
interesse das crianças.
A fim de tornar a internalização do conteúdo mais eficaz, pode-se recorrer a
uma abordagem que se relaciona diretamente com essa prática: o Ensino Integrado
de Conteúdo e Língua (CLIL). Alguns métodos apresentados por Massler, Ioannou-
Georgiou e Steiert (2011) para auxiliar na implantação de CLIL em escolas ajudam a
traçar estratégias mais eficazes. Foram separadas as três de maior relevância para
esse estudo. A primeira delas é a técnica de uso de recursos visuais, seja um
gráfico, um gesto, uma imagem ou vídeo, algo físico que possa ser manipulado
pelas crianças e tantas outras opções que permitem tornar o conteúdo trabalhado
mais claro e significativo. A segunda técnica visa promover a descoberta de
conceitos de uma forma ativa, por meio da exploração, como no exemplo da
atividade citada anteriormente identificada como uma provocação. A respeito desse
assunto é possível afirmar que:
[…] professores de CLIL bem sucedidos oferecem uma variedade de
atividades, como materiais que promovem a prática ou podem ser
manipulados para explorar novo conhecimento de um conteúdo e estimular
a aprendizagem. Tais atividades podem incluir ouvir, falar, ler, escrever,
assistir, decider, experimentar, cortar, colar, pintar, selecionar, desenhar e
assim por diante. (Ibid., p. 84, tradução nossa).
Crianças nessa faixa etária não entendem tudo aquilo que é falado para elas
em uma outra língua, mas são capazes de compreender a ideia central do assunto
quando utiliza-se gestos e expressão corporal. Ainda que durante um projeto as
crianças não sejam capazes de se expressar em inglês na maior parte do tempo,
elas ainda assim receberão a língua alvo e estarão imersas no idioma de uma
maneira prazerosa e significativa, o que permitirá um ganho de consciência
linguística muito maior.
2.3.1 O que é
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
MELLO, Suely Amaral; BARBOSA, Maria Carmen Silveira; FARIA, Ana Lúcia Goulart
de (org.). Documentação pedagógica: teoria e prática. São Carlos: Pedro & João
Editores, 2017. 132 p.
MOURÃO, Sandie. Taking play seriously in the pre-primary English classroom. ELT
Journal, [s. l.], Junho 2014. DOI 10.1093/elt/ccu018. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/319459819_Taking_play_seriously_in_the_
pre-primary_English_classroom. Acesso em: 28 set. 2020.