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A PRÁTICA ESPORTIVA DO TÊNIS DE CAMPO DURANTE A

PANDEMIA DE COVID-19
Por
 Gabriel Santana Ramos
 -
RC: 75838 -17/02/2021
0
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ARTIGO ORIGINAL

RAMOS, Gabriel Santana [1]

RAMOS, Gabriel Santana. A Prática Esportiva do Tênis de Campo Durante


a Pandemia de COVID-19. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do
Conhecimento. Ano 06, Ed. 02, Vol. 06, pp. 56-75. Fevereiro de 2021. ISSN:
2448-0959, Link de
acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao-fisica/tenis-de-
campo

Contents [hide]
 RESUMO
 1. INTRODUÇÃO
 2. REFERENCIAL TEÓRICO
 2.1 A COVID-19
 2.2 A PANDEMIA DA COVID-19
 2.3 MINAS CONSCIENTE: RETOMANDO A ECONOMIA DO JEITO CERTO
 2.4 JUIZ DE FORA NO MINAS CONSCIENTE
 2.5 TÊNIS DE CAMPO: ESPORTE MAIS SEGURO DURANTE A PANDEMIA DE
COVID-19
 2.6 PROTOCOLOS DE SEGURANÇA PARA PRÁTICA DO TÊNIS DE CAMPO
 3. METODOLOGIA
 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

RESUMO
COVID-19 é uma doença causada pelo vírus da família Coronaviridae,
possuindo o primeiro registro de ocorrência em Wuhan, na China. Este vírus
rapidamente se espalhou pelo mundo, transformando-se na nova epidemia a
ser enfrentada por todos. A acelerada proliferação do vírus e o alto número de
mortes fez com que as autoridades médico-sanitárias e políticas
desenvolvessem protocolos de segurança para coibir o contágio do vírus. Desta
maneira, as pessoas foram impedidas de realizarem suas atividades rotineiras e
esportivas. A retomada das atividades ocorreu de forma gradual e lenta,
exigindo o cumprimento de protocolos de segurança. Após estudos, conclui-se
que dentre as práticas esportivas, o tênis de campo era a mais segura aos
usuários. Assim, este estudo objetivou averiguar os protocolos de segurança
implementados por um clube de tênis de Juiz de Fora – MG e a sua eficácia e
eficiência na proteção dos alunos, professores e funcionários contra a COVID-
19.

Palavras-Chave: COVID-19, Protocolos de Segurança, Tênis de Campo, Juiz de


Fora.

1. INTRODUÇÃO

Ao longo da história da humanidade pandemias e epidemias ocorreram tendo


como causadores bactérias, vírus e outros microrganismos que levaram a
mortandade de um grande número de indivíduos.

Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS (2020), a epidemia consiste


na ocorrência de doenças em um local geográfico restrito, ou seja, sua
disseminação é limitada a um município, estado ou país em específico. Já a
pandemia abarca um espaço geográfico maior como um continente ou até
mesmo todo o Planeta Terra.

Dentre as pandemias vividas pelo homem destacam-se: peste de Atenas, peste


negra, cólera, tuberculose, varíola, gripe espanhola, tifo, febre amarela,
sarampo, malária, AIDS, ebola, gripe suína, H1N1 (HAYS, 2005) e a mais
recente delas, a pandemia da COVID-19.

COVID-19 pertence à família de vírus Coronaviridae que causam doenças que


variam desde um resfriado comum a doenças graves, como a Síndrome
Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV) e a Síndrome Respiratória Aguda
(SARS-CoV), segundo a OMS (2020).

Ao contrário de outros vírus que causam a gripe, como o influenza, os seres


humanos não possuem pré-imunidade conhecida ou tratamento específico a
COVID-19 o que permitiu que este vírus se espalhasse rapidamente causando
um alto número de óbitos (OMS, 2020).

Como forma de coibir o rápido avanço deste vírus, autoridades ao redor do


mundo implementaram em suas localidades a quarentena, obrigando os
indivíduos a permanecerem em suas residências a fim de evitar a circulação e
aglomeração de pessoas como estratégia para diminuir o contágio, segundo
Brasil (2020).

Desta maneira, as pessoas foram impedidas de realizarem suas atividades


rotineiras como trabalho, diversão e práticas esportivas no Brasil e no mundo,
estando liberadas apenas para saírem de suas casas para a compra de
alimentos e remédios.

A vida em sociedade começa a voltar gradativamente com medidas e


protocolos de segurança que visem manter uma baixa taxa de contaminação do
vírus.

Diante disso, este estudo objetiva descrever os protocolos de segurança


implementados por um clube de tênis em Juiz de Fora -MG baseados nas
recomendações da OMS, Confederação Brasileira de Tênis e Federação Mineira
de Tênis para a prática das atividades esportivas do tênis de campo durante a
pandemia de COVID-19.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A COVID-19

COVID-19 é uma doença causada pelo vírus da família Coronaviridae,


possuindo o primeiro registro de ocorrência em 08 dezembro de 2019 em
Wuhan, na China, como uma pneumonia grave de origem desconhecida para os
cientistas e médicos. A identificação do agente causador, formas de prevenção
e as consequências dessa nova doença passou a ser enfoque de estudos
científicos ao redor do mundo (OMS, 2020).

Amostras do epitélio respiratório dos doentes chineses foram coletadas e


analisadas confirmando que se tratava de um novo vírus intitulado de Síndrome
Respiratória Aguda-2 – SARS-CoV-2 (BRASIL, 2020).

O SARS-CoV-2 corresponde a um betacoronavírus de ácido ribonucleico – RNA,


envelopado com 1.273 aminoácidos, possuidor de projeções em espículas que
causam sintomas com diferentes graus de intensidade aos seres humanos
(OMS, 2020).

Para a OMS e Brasil (2020), esta doença é capaz de gerar a síndrome


respiratória aguda grave, pneumonia intersticial bilateral atípica, hipóxia
sistêmica, síndrome da tempestade de citocinas e outras doenças ainda em
estudo pelos cientistas, que afirmam que a COVID-19 se agrava em pacientes
que apresentam doenças respiratórias pregressas, comorbidades prognósticas e
idade avançada.

Responsável por causar febre alta, tosse seca e cansaço, a COVID-19 a


princípio se assemelhou as gripes já conhecidas pela comunidade científica e
médica, entretanto a dificuldade respiratória apresentada pelos pacientes
contaminados alertou aos cientistas de que a COVID-19 era um novo tipo de
gripe, não conhecido pelos acadêmicos como afirmam os autores supracitados.

Transmitida por gotículas de saliva presentes na tosse e espirros de pessoas


infectadas e superfícies contaminadas rapidamente a doença se espalhou da
China para outras partes do planeta, atingindo diversas localidades
contaminando milhões de pessoas, segundo a Organização Pan-Americana de
Saúde – OPAS (2020).

Para detectar se um indivíduo está com COVID-19 ou se já teve contato com o


vírus é necessário a realização de exames laboratoriais, que variam de acordo
com os dias de contágio apresentado pelo paciente. Geralmente a COVID-19 é
detectada entre o 2º e 12º dia de sintoma, sendo este o período ideal para
realização dos exames.
O RT-PCR detecta a presença do RNA do SARS-CoV-2 em amostra obtida por
meio do cotonete na mucosa do nariz e garganta do paciente. Consiste em um
teste indolor, porém incômodo.

O exame de sorologia é realizado a partir de uma amostra de sangue venoso de


pacientes que apresentam sintomas a mais de 10 dias, pois o corpo leva alguns
dias após a infecção para produzir anticorpos detectáveis. Pacientes com mais
de 14 dias de sintomas devem ser submetidos a testes imunológicos para
detectarem os níveis de anticorpos IgM, IgA e IgG no sangue do paciente
(OMS, 2020; BRASIL, 2020).

Como forma de evitar esta doença, a OMS (2020) recomenda a prevenção


como principal arma de contensão ao vírus através de:

 Isolamento social;
 Distanciamento de pelo menos 1 metro para com pessoas que
estejam com sintomas de gripe (tosse e espirros recorrentes);
 Uso de máscaras cobrindo boca e nariz, devendo ser trocada a cada 3
horas de uso;
 Uso de álcool em gel 70% para higienização das mãos, bem como, a
lavagem adequada e frequente das mãos com água e sabão;
 Evitar tocar olhos, boca e nariz com as mãos sem a correta
higienização explicitada acima;
 Limpar os objetos com álcool, a fim de evitar que o objeto se torne
uma superfície contaminada e transmissora do vírus;
 Ao tossir ou espirrar utilizar a parte interna do cotovelo e não as
mãos para conter as gotículas de saliva;
 Procurar um médico em casos de febre, tosse e dificuldade em
respirar.

A COVID-19 é uma doença nova para todos e muitos estudos ainda precisam
ser realizados para o total entendimento de como o vírus se manifesta no corpo
humano, quais são suas consequências e sequelas durante e após o período de
contágio, porém o enfoque agora é imunizar a população de forma efetiva para
que a doença seja controlada e a humanidade supere este desafio.

2.2 A PANDEMIA DA COVID-19


Como forma de coibir o rápido avanço da doença, em 11 de março de 2020 a
OMS declarou que a COVID-19 consistia na nova pandemia a ser enfrentada
pela humanidade e como protocolo de segurança para evitar a ocorrência de
novos casos a quarentena foi a estratégia encontrada para que pessoas não se
aglomerassem e o vírus se proliferasse ainda mais.

A fim de evitar maiores contaminados e danos o isolamento obrigou as pessoas


a se recolherem em suas residências parando a vida em sociedade, as
atividades de trabalho, estudo e práticas esportivas. “Isolar-se protege não só a
você, mas aqueles que você ama (BRASIL, 2020)”.

A principal característica de uma pandemia é causar um alto número de mortos


em um curto espaço de tempo, provocando um colapso no sistema de saúde e
econômico das regiões afetadas. O número de mortos é crescente a cada dia
que passa, por isso a busca por um tratamento eficaz é a preocupação de todos
ao redor do mundo e o foco de pesquisas e estudos científicos.

A OMS atualiza diariamente o número de casos confirmados bem como o


número de óbitos ao redor do mundo que cresce sem precedentes.

Figura 01: Número de casos confirmados e mortes em 30 de dezembro de 2020

Fonte: OMS (2020)


Até a data desta pesquisa, foram 80.453.105 casos confirmados de COVID-19
em todo o mundo com 1.775.776 mortos. A região menos afetada é a do
Pacífico Ocidental com 1.079.899 casos confirmados, enquanto a região das
Américas é a mais afetada com 35.072.919 casos confirmados (OMS, 2020).

Os Estados Unidos da América lideram o ranking com maior número de


contaminados (19.147.627) seguido pela Índia com 10.204.852 e Brasil com
7.563.551 casos confirmados, 6.754.111 recuperados e 192.681 mortos
(BRASIL,2020).

A figura abaixo mostra a incidência da COVID-19 a cada 100 mil habitantes,


demonstrando que em todas as localidades brasileiras existem mais de 1.000
casos (verde escuro) de COVID-19 registrados por 100 mil habitantes.

Figura 02: Coeficiente de Incidência de COVID-19 por Estado Brasileiro


Fonte: Secretarias Estaduais de Saúde, Brasil (2020)
No Brasil, a região mais contaminada é o Sudeste (2.202.213 casos), seguido
do Nordeste (1.631.796 casos), Sul (966.486 casos), Norte (769.630 casos) e
Centro-Oeste (765.753 casos), segundo o Ministério da Saúde do Brasil (2020).

Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais


compõem a Região Sudeste, sendo o estado de São Paulo a localidade com
mais infectados da região e do país com 1.440.229 casos, seguido de Minas
Gerais (536.044 casos), Rio de Janeiro (426.259 casos) e Espírito Santo
(247.057 casos) (BRASIL, 2020). Como forma de coibir o aumento de casos
foram criados protocolos de segurança criados pelas autoridades sanitárias e
políticas a fim de conter o avanço da COVID-19 no país.
O estado de Minas Gerais é o segundo estado mais populoso do país e com o
maior número de municípios, 853 ao todo. Possui 21.293 milhões de habitantes
distribuídos em 586.522,123 km² (IBGE, 2020). No dia 30 de dezembro de
2020, segundo o Governo de Minas Gerais (2020), a capital Belo Horizonte
apresentava 60.434 casos, seguido de Ipatinga (14.225), Montes Claros
(14.148), Juiz de Fora (13.525), Contagem (12.769) e Governador Valadares
(12.026).

A referida fonte salientou que as cidades de São Thomé das Letras e Senador
Modestino Gonçalves apresentaram, até o momento desta pesquisa, apenas 2
casos de COVID-19 com nenhum óbito em São Thomé das Letras. Esses
resultados positivos foram possíveis devido a implementação por parte do
Governo dos protocolos de segurança intitulado de Minas Consciente:
Retomando a economia do jeito certo.

2.3 MINAS CONSCIENTE: RETOMANDO A ECONOMIA DO


JEITO CERTO

Os protocolos de segurança são ações destinadas a prevenção, diminuição e


minimização dos riscos da COVID-19 contra a saúde humana auxiliando os
indivíduos durante a pandemia a não contraírem o vírus (OMS, BRASIL, 2020).

Em Minas Gerais, o protocolo de segurança fora o Minas Consciente, criado em


abril de 2020, que orientou a retomada de forma segura e eficaz das atividades
econômicas nos municípios mineiros através da volta gradual do comércio,
serviços e outros setores da sociedade e economia seguindo rígidos protocolos
de segurança propostos pelo Governo de Minas Gerais através das secretarias
de Desenvolvimento Econômico e de Saúde.

Minas Consciente fora embasado em informações coletadas junto a instituições


médico-sanitárias e entidades de classe, com o objetivo de orientar os 853
municípios mineiros a retornarem suas atividades de forma segura, ratificando
a luta no combate ao avanço do Coronavírus em solo mineiro (BRASIL, 2020).

O plano estruturou o retorno das atividades em Ondas Vermelha, Amarela e


Verde nas quais as atividades foram classificadas em essenciais, não essenciais
e não essenciais com alto contágio de risco, respectivamente. A classificação
em uma das três ondas depende da propagação da doença no local após
análise da taxa de evolução da COVID-19. Assim, dentro do estado de Minas
Gerais cada município pode ser classificado em uma cor de onda podendo
regredir ou progredir no processo de liberação das atividades.

Tabela 01: Atividades permitidas em cada Onda do Minas Consciente

Fonte: Governo de Minas Gerais (BRASIL, 2020)


Os serviços de transporte coletivo exigem especificidades particulares regidas
por atos próprios, as atividades desempenhadas pela Administração Pública
serão retornadas seguindo critérios adotados pelos organismos responsáveis
(BRASIL, 2020).
A retomada das atividades ficou a cargo dos prefeitos de cada município a
partir do plano e instruções passadas pelo Governo do Estado, que salientou
que municípios com até 30 mil habitantes podem adotar a Onda Amarela de
início, desde que respeitado os protocolos de segurança. A incidência de casos
ativos confirmados abaixo de 50 a cada 100 mil habitantes no período de 14
dias permite a qualquer cidade adotar a onda amarela.

Já os municípios com mais de 30 mil habitantes adotarão ondas através do


critério de Macrorregião de Saúde (Norte, Nordeste, Noroeste, Jequitinhonha,
Leste, Vale do Aço, Centro, Triângulo do Norte, Triângulo do Sul, Oeste, Leste
do Sul, Centro Sul, Sudeste e Sul) ou agrupamento, tendo em vista que muitas
regiões mineiras dependem de outras regiões por não possuírem capacidade
assistencial médico-hospitalar adequada a população.

2.4 JUIZ DE FORA NO MINAS CONSCIENTE

A cidade de Juiz de Fora aderiu ao Minas Consciente, em maio de 2020,


orientando toda a população e setores da economia a seguirem os protocolos
de segurança médico-sanitários e as recomendações para retomada gradual e
responsável da economia juiz-forana, como forma de coibir o avanço da
COVID-19 na cidade e no estado de Minas Gerais como um todo, segundo a
Prefeitura de Juiz de Fora – PJF (2020).

Com o slogan “JF Contra Coronavírus: Um passo por vez”, a PJF (2020)
ratificou o compromisso da cidade em preservar os cidadãos e o sistema
municipal de saúde que é referência para 94 municípios da macrorregião
Sudeste, autorizando a onda verde no município a partir de setembro de 2020.

A liberação ocorreu de forma gradual que perpassou pelas cores vermelha,


amarela até alcançar a verde, com flexibilização do funcionamento de vários
setores da economia, enfatizando a importância de continuar a realizar os
protocolos de segurança: distanciamento social, uso de máscara e higiene
redobrada nas mãos com uso álcool em gel (PJF, 2020).

No mês de novembro o Comitê Municipal de Enfretamento e Prevenção a


COVID-19 diante do aumento do número de casos no município decidiu
retroceder para onda amarela regredindo a onda vermelha outra vez em
dezembro, devido ao aumento vertiginoso de casos na cidade. Desta forma, o
Comitê adotou medidas mais restritivas, permitindo a abertura de
estabelecimentos de prestações de serviços essenciais no período das festas de
fim de ano.

2.5 TÊNIS DE CAMPO: ESPORTE MAIS SEGURO DURANTE A


PANDEMIA DE COVID-19

O tênis de campo teve sua origem no final do século XII e início do XIII na
França com indivíduos golpeando uma bola com as próprias mãos sendo
conhecido pelo nome de paume  (RAMOS, 2009). Rapidamente a prática
esportiva se popularizou na França alcançando anos depois o continente
Europeu e o planeta como um todo.

Atualmente existem 87 milhões de tenistas ao redor do mundo (1,17% da


população mundial), 71.263 clubes de tênis, 489.135 quadras de tênis,
163.548 treinadores, segundo descreveu a Federação Internacional de Tênis
(ITF) no Global Tennis Report de 2019.

Para a referida instituição, o Brasil possui 2,2 milhões de praticantes de tênis,


4.490 clubes de tênis, 4.900 quadras de tênis, 7.200 técnicos e 3.873
profissionais envolvidos nesta prática desportiva.

O esporte se popularizou no país na chamada “Era Guga”, quando Gustavo


Kuerten, em 2000 e 2001, venceu Rolland Garros despertando nos brasileiros o
olhar para além da prática do futebol, segundo Rondinelli (2020).

Passados 20 anos, o tênis volta a ser destaque no Brasil e no mundo, como a


prática desportiva mais segura durante a pandemia de COVID-19, o que fez
aumentar outra vez a procura pelo esporte, visto que outras práticas esportivas
são consideradas pouco seguras neste período de pandemia, estando muitas
proibidas, segundo a Associação Médica do Texas (2020).

A referida instituição realizou uma pesquisa e classificou as atividades em níveis


de 1 a 10 de risco de contaminação, sendo o nível 1 menor risco e 10 maior
risco. De acordo com a pontuação, a atividade poderia apresentar: pouco risco,
médio-baixo risco, risco médio, médio-alto risco e risco alto.
O Instituto Politécnico de Turim (2020) também realizou pesquisas para
classificar o risco de contágio utilizando uma escala numérica de 1 a 8, sendo 1
menor risco e 8 maior risco. As pesquisas evidenciaram que a prática esportiva
mais segura seria o tênis de campo, seguido do golfe, ginástica artística,
futebol, ciclismo, boxe, judô, basquetebol, rugby. Voleibol e a prática de
exercitar em academias foram consideradas as atividades de maior risco de
contaminação entre os praticantes.

A prática de tênis fora considera a mais segura na pandemia, segundo as


pesquisas, pois naturalmente o esporte é praticado de forma individual ou em
duplas (durante a pandemia, o jogo em duplas não é permitido), o que
caracteriza não aglomeração.

Pelo tamanho de uma quadra de tênis ter cerca de 24 metros de comprimento,


durante a partida os tenistas podem ficar até 30 metros de distância um do
outro quando posicionados em lados opostos da quadra, retratando o
distanciamento social exigido pelas autoridades médico-sanitárias.

Cada atleta utiliza seu próprio material (raquete, squeeze, bandana, boné,


toalha) em partidas de tênis ao ar livre (quadras descobertas) sem contato com
seu oponente, ou seja, não há contato físico entre praticante e treinadores.

2.6 PROTOCOLOS DE SEGURANÇA PARA PRÁTICA DO TÊNIS


DE CAMPO

Os protocolos de segurança para a prática segura do tênis de campo foram


desenvolvidos baseando nas instruções da OMS pela Confederação Brasileira de
Tênis (CBT) com o aval do Diretor da Comissão de Medicina e Ciência do
Esporte da Federação Internacional de Tênis (ITF).

O objetivo destes protocolos é definir regras e padrões mínimos (Tabela 02)


para a reabertura de clubes e academias que ofereçam a modalidade de tênis
de campo, permitindo a prática segura do esporte para alunos, treinadores e
funcionários.

Tabela 02: Padrões Mínimos criados pela CBT


PADRÕES MÍNIMOS

Ações Comentários

Implementar distanciamento social: modificar ou Jogadores trocam por lados opostos da quadra. Manter o distanciamento mínimo de 2
não realizar a troca de lados. metros entre os indivíduos.

Não dividir bancos e/ou cadeiras e manter uma distância mínima de 2 metros de um
Manter jogadores separados.
para o outro. Evitar aquecimentos junto a rede.

Não apertar mãos com jogadores/oponentes ou ter qualquer tipo de contato físico
Eliminar o contato físico.
antes, durante ou depois da partida.

Identificar bolas para cada jogador, seja com marcações ou através na numeração
vinda de fábrica. Cada jogador deverá utilizar 1 (um) terno de bola, sendo que cada
Jogadores usam bolas diferentes. Cada tenista deve terno terá a numeração diferente do outro. Deste modo, cada jogador utilizará o seu
usar somente as bolas designadas para ele(a). terno de bolas no seu game de saque. Exemplo: Jogador “A” sempre irá sacar com as
bolas Nº 1; Jogador “B” sempre irá sacar com as bolas Nº 2. Evitando assim o contato
indireto.

Sem divisão de equipamentos e itens. Alimentos e bebidas individuais.

Utilização de ambientes externos Quadras descobertas.

Máximo de 3 indivíduos em cada quadra na configuração de um treinador/preparador


Partidas/Treinos de simples somente.
+ dois Jogadores.

Optar pela reserva de quadras de forma


Evitar o contato com outros indivíduos.
online/remota.

Utilizar preferencialmente toalhas e papéis


descartáveis, em hipótese alguma compartilhar Providenciar um local para itens descartáveis.
seus materiais e itens.

Jogadores devem chegar ao local perto do horário


da partida já arrumados e preparados e ir embora
logo após os treinos/jogos (sem vestiário). Atentar ao cumprimento dos horários de chegada e saída.
Utilização de máscara conforme recomendação
das autoridades locais.

Implementar regras de higiene: desinfecção e


limpeza de todos os equipamentos pré e pós Evitar se possível, tocar em superfícies; lavar as mãos regularmente, principalmente
prática do esporte, desde os bancos/cadeiras até antes e depois da prática do Tênis; quando tossir, utilizar um lenço e descartar
raquetes, mochilas, cadeira de jogo, calçados e imediatamente; não tocar na face.
materiais de manutenção de quadra.

Preparadores Físicos, Treinadores e jogadores


seguindo as normas de utilização de máscaras do Usar a máscara tampando boca e nariz.
local.

Materiais para os jogadores: lenços, sacolas


plásticas, máscaras, copos descartáveis, álcool Uso de materiais descartáveis.
70%.
Fonte: Confederação Brasileira de Tênis (CBT, 2020).

A CBT (2020) reitera que se o indivíduo apresentar qualquer tipo de sintoma


deve procurar imediatamente auxílio de profissionais da saúde, e sob hipótese
alguma retornar à prática esportiva sem a realização de testes e adequado
tratamento.

Aos indivíduos que apresentarem sintomas da COVID-19 após 14 dias da


prática de tênis devem informar a todas as pessoas com que teve contato
(adversário, parceiro, treinadores, funcionários) sobre seu estado de saúde
para que medidas sejam tomadas por todos os envolvidos.

Cada Federação, Associação, clube e academia poderá criar seus próprios


protocolos de retorno às atividades de tênis sempre seguindo os protocolos de
segurança pré-estabelecidos e em conformidade com as recomendações das
esferas governamentais, como salienta a CBT (2020).

Desta forma, se houver alguma restrição para a prática do tênis durante a


pandemia, por medida municipal, estadual ou federal estas devem ser acatadas
por todos e a prática do tênis de campo deve permanecer suspensa enquanto
persistirem as medidas de restrições impostas pelas autoridades
governamentais.

Em cumprimento às recomendações da CBT, a Federação Mineira de Tênis


(FMT) lançou seus protocolos de segurança de retorno à prática do tênis
e beach tennis como mostram as figuras abaixo:

Figura 03: Protocolos de Segurança de Retorno a Prática do Tênis e Beach


Tennis
Fonte: Federação Mineira de Tênis (FMT, 2020).
Assim, as instituições ligadas à prática do tênis de campo no Brasil buscaram
adequar suas instalações para melhor atender e receber seus alunos,
treinadores e funcionários para o exercício das atividades físicas vinculadas ao
tênis durante a pandemia da COVID-19 da maneira mais segura e eficaz para
todos.

3. METODOLOGIA
A pesquisa fora realizada com viés qualitativo com análise em profundidade de
uma organização em específico (CERVO E BERVIAN, 2002). Caracterizado como
estudo de caso, conforme Gil (2002), pois abarca de forma profunda um ou
poucos objetos, visando o detalhamento e a robustez do assunto pesquisado.

Para Lakatos e Marconi (2003) o estudo de caso representa uma estratégia de


pesquisa que responde a perguntas “como” e “por que” com enfoque no
contexto atual e da vida cotidiana visando aplicar a teoria na prática do dia a
dia.

A coleta de informações para execução deste estudo ocorreu junto a artigos e


reportagens publicados durante a pandemia de COVID-19 com enfoque no
documento “Protocolo de Retorno à Prática do Tênis no Brasil” emitido pela
Confederação Brasileira de Tênis.

O local de estudo fora um clube de tênis na cidade mineira de Juiz de Fora


fundado em 2014, composto por 5 quadras de saibro, sendo uma destinada ao
público infantil. A prática do tênis de campo ocorre nos turnos manhã, tarde e
noite para um total de 90 alunos com idades entre 10 a 60 anos.

Desta forma, analisou-se a implementação dos protocolos de segurança


durante a pandemia da Covid-19 no clube em enfoque bem como o
comportamento dos alunos diante da nova forma de praticar o tênis de campo.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O clube de tênis na cidade de Juiz de Fora – MG retornou suas atividades no dia


31 de agosto de 2020, seguindo os protocolos de segurança recomendados
pelas autoridades médico-sanitárias, a CBT e FMT e implantou novos protocolos
para manter seguros os alunos, treinadores e funcionários do estabelecimento
durante a pandemia da COVID-19.

O responsável pelo clube de tênis realizou uma reunião a distância para instruir
os treinadores e funcionários sobre as novas medidas e comportamentos a
serem adotados durante a jornada de trabalho. Todos os colaboradores
receberam 1 frasco de álcool em gel 70% e 2 máscaras com ação antiviral e
antibacteriana permanente, que mantém a proteção contra a COVID-19 mesmo
após lavagens.
Os protocolos de segurança (Tabela 03) foram divulgados aos alunos por meios
das redes sociais da organização, para que os alunos já possuíssem
conhecimento prévio de como se portar na entrada e saída do clube, bem
como, para realizar suas atividades físicas.

Tabela 03: Protocolos de Segurança adotados pelo clube mineiro

Protocolos de Segurança adotados pelo clube

Funcionários e Professores

Devem já usar a máscara de proteção ao chegarem ao clube.

Higienizar as mãos com álcool em gel disponível na entrada do clube.

Limpar os sapatos no tapete de entrada que possui solução antibacteriana.

Limpeza das raquetes e do ambiente pelo funcionário responsável.

Os professores antes do início de cada aula limpam os canos de recolhimento de bolas e bancos com solução desinfetante.

Alunos/praticantes

Devem já usar a máscara de proteção ao chegarem ao clube, caso o aluno se esqueça é distribuída máscara descartável.

Higienizar as mãos com álcool em gel disponível na entrada do clube e quadras.

Limpar os sapatos no tapete de entrada que possui solução antibacteriana.

Ler os protocolos de segurança afixados na porta de entrada.

Trazer seus próprios materiais (squeeze, tolhas, raquete quando possuir) para a prática do tênis

Chegar no horário marcado de sua aula, caso contrário, aguardar do lado de fora do clube. Ao terminar sua aula, retira-se do clube.

Ambiente do Clube

Foram fechados cantina, vestiários e academia de musculação.

Mesas e cadeiras recolhidas.

Uso do bebedouro apenas por meio de copo descartável.

Delimitação no chão com fita amarela para obrigar o distanciamento do aluno para com o funcionário.
Colocação de placas de acrílico transparente para evitar o contato físico.

Manter janelas e portas sempre abertas durante funcionamento do clube.

Fonte: Dados da Pesquisa (2020)

Os protocolos foram inseridos na rotina das aulas e prontamente aprendidos e


executados pelos professores e alunos, que respeitaram todas as indicações
propostas. Desde o retorno das atividades do clube, nenhum aluno ou
colaborador se contaminou.

Os alunos se mostraram satisfeitos e seguros com os protocolos elaborados e


aplicados pelo clube o que refletiu no retorno dos alunos às quadras de tênis e
a entrada de novos alunos também fora observado no clube por causa da
segurança que o esporte apresenta em tempos de pandemia.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O vírus da família Coronaviridae com primeiro registro de ocorrência em


Wuhan, na China, provocou grandes alterações nesta região e no mundo.
Causador da doença intitulada COVID-19, que rapidamente se espalhou,
infectando milhões de pessoas e levando a óbito muitas delas.

Com o intuito de combater o contágio e o aumento dos casos da COVID-19


autoridades médico-sanitárias e governamentais criaram protocolos de
segurança que permitissem conter o rápido contágio. Para tal o uso de
máscaras cobrindo boca e nariz, adequada higienização das mãos com álcool
em gel e distanciamento/isolamento social foram algumas das medidas
recomendadas aos indivíduos.

Desta maneira, os indivíduos passaram por um processo de quarentena que os


obrigava a permanecerem em suas residências, somente saindo para a compra
de alimentos e remédios. A pandemia da COVID-19 obrigou a reclusão
impedindo que atividades rotineiras e esportivas fossem realizadas.

A retomada a essas atividades ocorreu de forma gradual e cautelosa por meios


de protocolos de segurança que assegurassem e continuassem a manter
eficácia no combate ao vírus. Em Minas Gerais, fora adotado o Minas
Consciente, protocolo de segurança para a volta das atividades de forma
adequada nos municípios mineiros.

No processo de retomada das atividades físicas, a prática do tênis fora


considerada a mais segura para seus praticantes dentre as outras modalidades
esportivas por naturalmente ser um esporte que se pratica ao ar livre, com
distanciamento entre os jogadores, poucas pessoas envolvidas (treinador + 2
jogadores) teve sua prática liberada durante a pandemia.

O clube analisado nesta pesquisa implantou protocolos de segurança seguindo


todas as recomendações estipuladas pelas autoridades competentes o que
permitiu o retorno de seus alunos, treinadores e funcionários em segurança. No
decorrer das atividades realizadas com os protocolos sendo praticados não
houve ocorrência da doença entre praticantes e colaboradores do clube,
comprovando a eficiência dos protocolos de segurança e do tênis ser uma
prática desportiva segura durante a pandemia.

Ao alcançar este status de esporte mais seguro durante a COVID-19 a procura


por aulas de tênis aumentaram no clube e novos alunos passaram a frequentá-
lo, utilizando o esporte como forma de movimentar o corpo e a mente de forma
segura e prazerosa na pandemia.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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