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SUBJETIVIDADES
MAURIZIO LAZZARATO
SIGNOS, MÁQUINAS,
SUBJETIVIDADES
SIGNOS, MÁQUINAS, SUBJETIVIDADES /
SIGNS, MACHINES, SUBJECTIVITIES
ção bilingue Português / Inglês
SIGNOS, MÁQUINAS,
Título original: Signes, machines, subjectivités
COMÉRCI SUBJETIVIDADES
MAURIZIO LAZZARATO
Maurizio Lazzarato, 2010 nal no Estado de São Paulc
& Semiotext(e), 2014, para versão em Inglês
Ediç » Paulo / n-1 edições, 2014
Coordenação Editorial: Ricardo Muniz Fernandes Diretor Regional
Assistente Editorial: Isabela Sanches Danilo Santos de
Projeto Gráfico: Érico Peretta
Tradução: Paulo Domenech Oneto com a Conselho Editorial
colaboração de Hortencia Lencastre Ivan Giannini
Lila Zanetti oel Naimayer Padula
Revisão: Lila Zanetti, Luciana Kaw Luiz Deoclécio Ma:
Fernando Zorrer Sérgio José Battist
A reprodução parcial deste livro sem fins Edições Sesc São Paulo
lucrativos, para uso privado oi
qualquer me
autorizada,c
tianne Lameirinha
entrar em Produção Editorial: Rafael Fernandes Cação
áfica: Katia Verissimo
es | n-1 publications ão de Comunic Bruna
São Paulo| Helsinki Zarnoviec Daniel
Impresso em São Paulo | Maio, 2014
n-Ipublications.or
Edições Sesc São Paulo
apoio Rua Cantagalo, 74 - 13º/14º andar
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edicoesmedicoes p.org.br
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à O Biblioteca d
Lazzarato, Maurizio
Signos, Máquinas, subjetividades = Signes,
machines, subjectivités / Maurizio Lazzarato
[tradução/translation Paulo Domenech Oneto
com a colaboração de Hortência Lencastre].
1. ed. -- São Paulo : Edições Sesc São Paulo
n-l edições, 2014
Edição bilingue: português/inglês. NOTA DOS EDITORES
ISBN (Edições Sesc São Paulo) 978-85-7º
| ISBN (n-1 edições) 978-85-66943-12-2 Inspirado no pensamento visionário de
Félix Guattari, este livro de Maurizio Lazzarato
1 Capitalismo2. Capitalismo - Aspectos faz uma análise das mais agudas e instigantes
sociais 3. Capi pós industria
| Jbjetividade Subjetividade
tivido humana do capitalismo contemporâneo. Passada a
6. Subjetividade - Psicologia social 7. Psicologia FEITO START) LUTO) go puTS SST [of o E to To Tato]
política 1. Título. Il. Título: Signes, machines,
subjectivités. do neoliberalismo, seja na chave do “trabalho
imaterial”, baseado no conhecimento, seja do
|| 14-04137 fee A CD. Ro pre TRICO POR S
chegou o momento de mostrar a que ponto
Índices para catálogo sistemático:
esse sistema, que exige implicação subjetiva
1. Subjetividadee política : Psicologia 153
[e [ONA Go OT Po SATO EUDES oro Eta)q
produz, contrariamente a suas promessas, uma
dependência e infantilização crescentes.
[ESSE Treo TOR TO ATT TE Totta
valiosa para pensar o contexto contemporâneo e
os novos desafios que se colocam no campo da
economia, da cultura, da subjetividade. Não é
outra a razão pela qual o Sesc, em parceria com a
n-1 edições, lança agora este livro, no âmbito de
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O livro como imagem do mundo é de toda
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basta dizer Viva o múltiplo, grito de resto difícil
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lexical ou mesmo sintática será suficiente
para fazê-lo ouvir. É preciso fazer o múltiplo,
não acrescentando sempre uma dimensão
superior, mas, ao contrário, da maneira mais
simples, com força de sobriedade, no nível
das dimensões de que se dispõe, sempre
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múltiplo, estando sempre subtraído dele)
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13 INTRODUÇÃO
ai PRODUÇÃO E PRODUÇÃO DE
SUBJETIVIDADE: ENTRE SUJEIÇÃO
SOCIAL E SERVIDÃO MAQUÍNICA
a SEMIOLOGIAS SIGNIFICANTES E
Pe ad dg qm
SEMIÓTICAS A-SIGNIFICANTES NA
A poda lado, ko mundo, Sua própui, o PRODUÇÃO E NA PRODUÇÃO DE
4 sra memo ma SUBJETIVIDADE
Pa e e, dia e, mos alto absoluto,
da mos desomsividadao absoluts 85 AS SEMIÓTICAS MISTAS
Pe he qual 123 O CONFLITO E OS SISTEMAS DE SIGNOS
147 A “ESCÓRIA” E A CRÍTICA DOS
PERFORMATIVOS
HZ CRÍTICA DA “REPRESENTAÇÃO”
LINGUAGEIRA E POLÍTICA
Félix Guattari
1 Esta introduçãofoi escrita após a publicação de meu livro, La fabrique de "home endetté (Paris: Editions Amsterdam,
2011). Os capítulos seguintes, no entanto, foram escritos antes da publicação
do livro em questão.
2 Félix Guattari in Jean Oury, Félix Guattari, e François Tosquelles, Pratiques de Vinstitutionnel et politique (Vigneux:
Editions Matrice, 1985), p. 65.
MAURIZIO L
mem
O capitalismo “lança modelos (subjetivos) do mesmo modo como a indús- Para a maioria da população, tornar-se um sujeito econômico (“capital
tria automobilística lança uma nova linha de carros”. Portanto, o projeto cen- humano”, “empresário de si mesmo”) não significa senão ser compelido a
tral da política do capitalismo consiste na articulação de fluxos econômicos, gerenciar salários e rendas declinantes, precariedade, desemprego e pobreza,
tecnológicos e sociais com a produção de subjetividade de tal maneira que a do mesmo modo que alguém cuidaria do balanço de uma empresa. Na
economia política se mostre idêntica à “economia subjetiva”. Essa hipótese medida em que as crises forjadas pelos repetidos desastres “financeiros” pio-
de trabalho deve ser reavivada e ampliada para a situação atual; e devemos ram, o capitalismo vem abandonando sua retórica da sociedade do conheci-
começar pelo reconhecimento de que o neoliberalismo falhou em articular a mento ou da informação, juntamente com suas subjetivações extravagantes
relação entre essas duas economias. (os trabalhadores cognitivos, os “manipuladores de símbolos”, os criativos
Guattari acrescentava que o capitalismo era capaz de antever e resolver batalhadores e os vencedores). A crise trouxe para o primeiro plano a dívida
crises sistêmicas através de dispositivos e salvaguardas, dominados após e suas modalidades de sujeição, o homem endividado. Agora que as promes-
o período da Grande Depressão. Hoje, a fraqueza do capitalismo reside na sas de riqueza para todos, através do trabalho duro, do crédito e das finanças,
produção de subjetividade. Podemos, portanto, sustentar que a crise sistê- se mostraram vazias, a luta de classes se volta para a proteção dos credores e
mica e a crise de produção de subjetividade estão estritamente interligadas. dos proprietários de “valores mobiliários”, Na crise atual, a fim de afirmar o
É impossível separar processos econômicos, políticos e sociais dos processos poder da propriedade privada, a articulação entre “produção” e “produção
de subjetivação que ocorrem em seu interior. de subjetividade” está fundada na dívida e no homem endividado.
Com a desterritorialização neoliberal, não surgiu nenhuma nova produ- Evidentemente, estamos falando em subjetivação negativa, o mais óbvio
ção de subjetividade. Ao mesmo tempo, o neoliberalismo destruiu as rela- sintoma do fato de que fluxos de conhecimento, ação e mobilidade, embora
ções sociais anteriores e suas formas de subjetivação (subjetivação operária, continuamente solicitados, apenas conduzem a uma subjetivação repressiva
comunista, social-democrata ou subjetividade nacional, burguesa etc.). A e regressiva. O homem endividado, de imediato culpado e responsável por
promoção neoliberal do empreendedor, com a qual Foucault associa a mobi- seu destino, deve carregar os fracassos econômico, social e político do bloco
lização subjetiva requerida e seu gerenciamento, em todas as formas de ati- de poder neoliberal - fracassos despejados pelo Estado e pelo mundo dos
vidade econômica, não oferece uma solução ao problema. O contrário é que negócios sobre a sociedade.
é verdade. O capital sempre precisou de um território que não o do mercado Não é mais uma questão de inovação, de criatividade, de capitalismo cog-
ou da empresa, assim como precisou de uma subjetividade que não aquela do nitivo, de informação ou de sociedade do conhecimento, mas da “secessão”
empresário; pois, apesar de o empresário, a empresa e o mercado fazerem a dos proprietários do capital, cujo “êxodo” consiste na pilhagen do Estado de
economia, eles desfazem a sociedade. bem-estar social através da recusa em pagar os impostos. Desse modo, a uni-
Daí a necessidade de recorrer a antigos territórios e valores pré-capitalis- vocidade do conceito de produção (tanto econômica quanto subjetiva) nos
tas, a religiões e morais há muito estabelecidas e às formidáveis subjetivações permite enxergar que a crise financeira não é apenas econômica, mas também
modernas tais como o nacionalismo, o racismo e o fascismo, que visam a man- uma crise da governamentalidade neoliberal cujo impulso para transformar
ter os laços sociais que o capitalismo continuamente mina. Hoje, a ubiquidade todo indivíduo em proprietário, homem de negócios e acionista se estagnou
da subjetivação empreendedora, manifesta no impulso para transformar todo miseravelmente com o colapso do mercado imobiliário norte-americano.
indivíduo num negócio, resultou em vários paradoxos. A autonomia, a ini- O Japão é emblemático quanto à impossibilidade de resolver a crise, que
ciativa e o compromisso subjetivo exigidos de cada um de nós constituem aflige o país desde os anos 1990, sem um novo modelo de subjetividade. Como
novas formas de empregabilidade e, portanto, estritamente falando, uma hete- todos os países do mundo, o Japão é agora pós-fordista; no entanto, mais do
ronomia. Ao mesmo tempo, a injunção imposta ao indivíduo para agir, tomar que qualquer outro país, é ele que tem a maior dificuldade em substituir o
a iniciativa e assumir riscos vem conduzindo a uma depressão amplamente “capital de subjetividade” fordista (pleno emprego, um trabalho para toda
difundida, um mal do século, a recusa em aceitar a homogeneização, e, final- a vida, a ética do trabalho etc.) que o tornou um país rico. Não basta injetar
mente, o empobrecimento da existência trazido pelo “sucesso” individual do somas astronômicas na economia; não basta estabilizar os bancos, enfraque-
modelo empreendedor. cer e desestabilizar o mercado de trabalho, empobrecer trabalhadores e assim
3 Félix Guattari, La crise de production de subjectivit, Seminário de 3 de abril de 1984. Disponível em: <http://wwverevue-chimeres.fr/ 5 Karl Marx, “Grundrisse” in Selected Writings, ed. David McLellan (Oxford: Oxford University Press, 2000), p. 410
[Edição brasileira: Grundrisse, supervisãode trad. de Mario Duayer. São Paulo: Boitempo Editorial, 2011].
drupal. chimeres/fles/840403 pdf>.
a
9 As teorias políticas de Ranciêree Badiou vêm perdendo amplamente acapacidadede articular a ruptura subjetiva 11 CE o segundo capítulo do meu livro Expérimentations politiques (Paris: Editions Amsterdam, 2009), em que a
e política com a composição de classe e suas servidões e sujeições. questão da ruptura é examinada em relação à ascensão dos movimentos políticos.
10 Gilles Deleuze e Félix Guattari, O anti-Edipo, trad. bras. de Luiz Orlandi (São Paulo: Editora 34, 2010), p. 501. 12 Ibid,,p. 500,
MAURIZIO LA
invertida na figura negativa e regressiva do homem endividado. Para sempre (egípcio, chinês etc.), e por conseguinte é um modo de comando, de regu-
culpado e responsável, assim é o indivíduo hoje com relação à dívida. lação e de governo “assistido” pela tecnologia, constituindo, como tal, uma
Foucault descreve o modo de governamentalidade desses “sujeitos” - que especificidade do capitalismo.
se concebem e se produzem da mesma maneira que um ator assume seu papel Deleuze descreve precisamente os tipos de subjetividade sobre os quais
-, como um modo de dominação do próprio sujeito sobre si (autoexplora- esse dispositivo duplo de poder exerce seu controle. A sujeição produz e
ção, autodominação). As funções de usuário, trabalhador e consumidor, e as sujeita indivíduos, enquanto na servidão, “[in]divíduos se tornam “dividuais,
divisões homem/mulher, pais/filhos, professor/estudante, entre outras, são e as massas se tornam amostras, dados, mercados ou “bancos”!
investidas por conhecimento, práticas e normas — sejam elas sociológicas, O dividual “funciona” na servidão da mesma maneira que os componen-
psicológicas, de gerenciamento ou de polícia - que solicitam, encorajam e tes “não humanos” das máquinas técnicas, como procedimentos organizacio-
predispõem a produção de indivíduos alienados no interior da divisão do nais, semióticas e assim por diante.
trabalho social e por gênero. A sujeição fabrica um sujeito vinculado a um objeto externo (uma máquina,
Como Marx já havia argumentado, a sujeição social é um processo de per- um dispositivo de comunicação, dinheiro, serviços públicos etc.), de que o
sonificação das relações de capital, pois o “capitalista” age como “capital per- sujeito faz uso e com o qual ele age. Na sujeição, o indivíduo trabalha ou
sonificado”, isto é, como uma função derivada dos fluxos de capitais. Assim, o se comunica com outro sujeito individuado via uma máquina-objeto, que
trabalhador da fábrica é o “trabalho personificado”, uma função derivada dos funciona como “meio” ou mediação de sua ação ou uso. A lógica “sujeito-
fluxos de capital variável, assim como as “pessoas” individuais são pessoas -objeto”, que constitui o modo de funcionamento da sujeição social, é uma
sociais derivadas de quantidades abstratas. lógica “humana, demasiado humana”.
Mas essa é apenas uma das maneiras pelas quais o capitalismo age sobre a Em contrapartida, a servidão maquínica não se constrange com os dua-
subjetividade. À produção do sujeito ou da pessoa individuada se sobrepõem lismos sujeito/objeto, palavras/coisas ou natureza/cultura. O dividual não
um tratamento inteiramente diferente e uma apreensão completamente outra se opõe às máquinas, nem faz uso de um objeto externo; ele é adjacente às
da subjetividade, num processo de “servidão maquínica”, que, diferentemente máquinas. Juntos, eles constituem um dispositivo “homens-máquinas” nos
da sujeição social, se dá através da dessubjetivação ao mobilizar semióticas, quais homens e máquinas são meras partes recorrentes e intercambiáveis de
não representativas ou linguajeiras, mas funcionais e operacionais (a-signifi- um processo de produção, comunicação, consumo etc. que os excede.
cantes e não representativas). Não mais agimos ou fazemos uso? de algo, se por agir e usar entendermos
Na servidão maquínica, o indivíduo não é mais instituído como um funções do sujeito. Em lugar disso, constituímos entradas e saídas, inputs ou
“sujeito individuado”, um “sujeito econômico” (capital humano, empresário outputs, pontos de conjunção ou disjunção nos processos econômicos, sociais
de si mesmo) ou como um “cidadão”. Ao invés disso, ele é considerado uma ou comunicacionais geridos e governados pela servidão.
engrenagem, uma roda dentada, uma parte componente do agenciamento A relação sujeito/objeto, homem/máquina ou agente/instrumento desapa-
“empresa”, do agenciamento “sistema financeiro”, do agenciamento mídia, do rece, dando lugar a uma configuração global no interior da qual há encontro/
agenciamento “Estado de bem-estar social” e de seus “equipamentos cole- agenciamento de forças que não se dividem em “vivos” e “mortos”, subjetivo
tivos” (escolas, hospitais, museus, teatros, televisão, internet etc.). Servidão e objetivo, mas são todos “animados” de modos variados (forças físicas e sub-
é um conceito que Deleuze e Guattari tomaram explicitamente emprestado físicas da matéria, forças de “corpo e mente” humanas e subumanas, forças
da cibernética e da ciência da automação; ela significa a “pilotagem” ou o maquínicas, poder de signos etc.). Na servidão, as relações entre agentes e sig-
“governo” dos componentes de um sistema. Um sistema tecnológico sub- nos existem de fato, mas não são intersubjetivas; os agentes não são pessoas e
juga (“governa” ou “pilota”) variáveis (temperatura, pressão, força, veloci- as semióticas não são representativas. Agentes humanos, assim como agentes
dade, resultado etc.) assegurando a coesão e o equilíbrio funcional do todo. não humanos, funcionam como pontos de “conexão, junção e disjunção” de
A servidão é o modo de controle e regulação (“governo”) de uma máquina 1 Gilles Deleuze, “Post-scriptum sobre a sociedade de controle” in Conversações: 1972-1990, trad. bras. de Peter
social ou técnica, como uma fábrica, uma empresa ou um sistema de comu- Pál Pelbart (São Paulo: Editora 34, 1992), p. 221.
2.0 “usuário” não é senão uma das formas de implicação, ativação e exploração da subjetividade na relação de ser-
nicações. Ela recoloca a “servidão humana” dos antigos sistemas imperiais viços mantida pelo mundo de negócios ou pelo Estado de bem-estar social. Daí as limitações de todas as teorias que
tornam o “uso” a pedra angular de uma política (ver, por exemplo, o trabalho de Michel de Certeau, de resto, notável)
quanto numa certa distribuição concertada dos corpos, das superfícies, das
mio gerais, esenciaimente fundadas em sistemas de quantfiação abstrata de rr
iões, lucros etc. Bm úl Itima análise, o socius não é mais uma
luzes, dos olhares; numa aparelhagem cujos mecanismos internos, produzem descodificados” Félix Guattari, Lignes de fute (La Tour-dAigues: Bditons de questão da ' a !
Tube, 2011) p 4. oia
sr ruido
tamente o “espírito da vida e da atividade humana”. Ela assume o controle dos
E
e liza representações com vistas a constituir um sujeito individuado (cai ital
seres humanos “por dentro”, no nível pré-pessoal (no nível pré-cognitivo humano ). A servidão maquínica, por sua vez, funciona baseada em cemió
modos ti
pré-verbal), e “por fora”, no nível suprapessoal, ao atribuir a eles certos cas a-significantes (índices do mercado de ações, moeda, equações Eitemá I
exer-
de percepção e sensibilidade e fabricar um inconsciente. A formatação cas, diagramas, linguagens de computador, contas nacionais e de corpora des
do compor-
cida pela servidão maquínica intervém no funcionamento básico etc.) que não envolvem a consciência e as representações e não ind jeito
tamento perceptivo, sensitivo, afetivo, cognitivo e linguístico”, como referente.!º
ser- idas
Assim, estamos submetidos a um duplo regime: por um lado, somos Os signos e a semiótica operam de acordo com duas lógicas heterogênea:
, do Estado
vos dos dispositivos maquínicos da empresa, das comunicações e complementares. Por um lado, enquanto servidão maquínica, eles E
; e, por outro, somos assujeitados à estrati-
de bem-estar social e das finanças zem operações, induzem a ações, funcionam e constituem ond ad
papéis e funções produti vas e sociais, como d E
ficação de poder que nos atribui input e output, junção e disjunção numa máquina social e tecnológica. P.
A
pib
usuários, produtores, telespectadores e assim por diante.
uma só outro lado, na sujeição social, eles produzem sentido, signlfeadnoo int o
Sujeição e servidão são funções que podem ser assumidas por pretações, discurso e representações através da linguagem. A lin; Nise
exem-
pessoa ou serem distribuídas entre diferentes pessoas. Tomemos o a poe críticas (Ranciêre, Virno, capitalismo cognitivo etc.) Feche
plo de uma empresa: empregados assalariados tornam-se servos na automa-
E da lógica e negligenciam a primeira, que é específica do
ção de procedimentos, nas máquinas e na divisão do trabalho, funcionando
pane, um
como os “inputs” e “outputs” do processo. Mas quando há uma Semióticas a-significantes agem sobre coisas. Elas conectam um órgã
a consciên-
acidente, ou um mau funcionamento acontece, a função-sujeito, um sistema de percepção, uma atividade intelectual, e assim
mobiliz adas a fim de “recupe rar” o sistema por iate
cia e as representações devem ser diretamente à máquina, a procedimentos, a signos, ignorando a re) E
e mitigar seus efeitos com vistas a E
diante do incidente, explicar o que ocorreu tação de um sujeito (funcionamento diagramático). Elas dBtipenta
retor-
fazer com que as funções automáticas e os procedimentos de servidão
um
189 'Nossa oposiçãoE entre semiologias despóticasicas significantes e semiologias a-significante
nem ao seu estado normal. ia
ie icant
mática. NáNa realidade, há apenas semióticas mist: as, que participam
icant s per manece muito esq ue.
A ação política deve, portanto, ser concebida de maneira nova, pois ela plane é sempre scombrada por uma máquina de nos eciprocamene, ua máquina
i de ambas em graus À semiolgi
o de signos st sempis
deve operar de imediato contra a sujeição e a servidão, recusando a injunçã lamada pela semiologia significante. Ainda assim, é claro que é útil reconhecer
polaridadeari que as duas definem.” >Fé
Félix Guattar, La Révolution molculaie (Paris: Editions Recherches, as1977),
relações lações dede
distribuição p. 346
que esta promove para que ocupemos certos lugares e papéis na
MAURIZIO LAZZARATO
38 SIGNOS, MÁQUINAS, SUBJETIVIDADES 39
nte, o capitalismo leis, convenções e instituições. Quanto mais desterritorializadas, como a moeda
papel muito específico no capitalismo, pois, “essencialme
s"!? y + eas finanças, mais formidavelmente eficientes elas são.
depende de máquinas a-significante
estatís ticas de desemp rego, os diagra- O que importa no capitalismo é controlar os dispositivos semióticos a-sig-
Os índices do mercado de ações, as
não fazem discur-
mas, as funções científicas e as linguagens de computador nificantes (econômicos, científicos, técnicos, contábeis, do mercado de ações
ao lado das servidões). etc.) através dos quais ele busca despolitizar e despersonalizar as relações de
sos nem contam histórias (tudo isso tem seu lugar, mas
licando o seu
Eles operam fazendo girar o agenciamento “produtivo” e multip poder. A força das semióticas a-significantes reside no fato de que, por um
Ou menos dependen- lado, elas são formas de avaliação e mensuração “automática” e, por outro
poder. As semióticas a-significantes permanecem mais
funcionamento
tes das semiologias significantes; no entanto, no nível de seu lado, elas unem e tornam “formalmente” equivalentes esferas heterogêneas de
dominantes.
intrínseco, elas escapam à linguagem e às significações sociais força e poder assimétricos ao integrá-las e racionalizá-las para a acumulação
a a taxa de descon to em um por cento, e econômica. Na crise econômica, taxas financeiras a-significantes e índices
O Banco Central europeu aument
de fundos. Os preços do mercado de ações dominam, decidindo a vida e a morte dos governos
dezenas de milhares de “projetos” se evaporam por falta
no caso dos subpri mes norte-ame- e impondo programas sociais e econômicos que oprimem os governados.
de bens imóveis entram em colapso, como
de pagar suas hipotecas. A As semióticas significantes das mídias, dos políticos e dos especialistas são
ricanos, e milhares de lares já não são mais capazes
reduzir o “gasto social mobilizadas a fim de legitimar, de apoiar e de justificar, diante dos sujeitos
Seguridade Social anuncia um déficit, e medidas para
mn individuados - com suas consciências e representações -, o fato de que “não
são colocadas em prática.
materiais,
Fluxos de signos a-significantes agem diretamente sobre fluxos há alternativa”.
o, inde-
para além da divisão entre produção, representação efuncionament A financeirização dos dias atuais é simplesmente uma intensificação dos
Equações mate- sistemas de indexação e simbolização que permitem avaliar e direcionar os
pendentemente de significarem algo para alguém ou não.
e diagramas “partic ipam direta mente no diferenciais de valores em todos os domínios e entre cada domínio. O con-
máticas, programas de computador
uma imagem de public idade apenas sumo de massa e as mídias de massa constituem outros sistemas semióticos
processo de gerar seu objeto enquanto
a, em seguida , produza de avaliação?! e de direcionamento que tornam possível integrar e “re-cen-
fornece uma representação extrínseca disso (embor
a-sig fican-
subjetividade)” Em vez de se referirem aoutros signos, signos trar” as diferenças de comportamento, opinião e sentido de acordo com a
da linguagem de pro- lógica econômica.
tes agem diretamente sobre o real, tal como ossignos
o computador, ou
gramação fazem funcionar uma máquina técnica, como As semiologias significantes (linguagem, histórias, discurso), por outro
na econômica, na lado, são usadas e exploradas como técnicas de controle e direcionamento da
na maneira pela qual signos monetários ativam a máqui
entram na construção desterritorialização, destruindo comunidades antigas, suas relações sociais,
maneira pela qual signos de uma equação matemática
por diante . TE sua política e seus tradicionais modos de subjetivação. Elas pretendem mode-
de uma ponte ou de um imóvel e assim
apenas, nem princi palmente, no lar, formatar, ajustar e reconfigurar o processo de subjetivação de acordo com
As máquinas de signos não trabalham
de sentid o. Elas envolvem o “sujeito individual, cujo fracasso sistemático tem conduzido, e continua a
nível das representações sociais ou na produção
lizados) do que os das conduzir, sempre ao oposto do individualismo, a saber, ao “coletivismo” do
modos de semiotização mais abstratos (desterritoria
ico estcenicos As
semióticas significantes nos domínios econômico, científ nacionalismo, racismo, fascismo, nazismo, maquinismo e assim por diante.
'antes e“ao lado” da O maquinismo da linguagem é um dos mais importantes dispositivos para
máquinas de signos consideradas desse modo operam
um “sentido opera- a reterritorialização dos fluxos descodificados de indivíduos, pessoas, sujeitos
significação, produzindo um “sentido sem significado”,
que sujeito, consciência individuados. Através de sua “psicologia rudimentar”, a linguagem nos leva
cional”, Suas operações são diagramáticas na medida
sentação permanecem em recuo. a crer “no “Eu; no Eu como ser, no Eu como substância, e projeta a crença no
m
í ea a-significantes da economia, da moeda, facilmente dribla
“prima
ias que fazem da “primazia da linguagem” r a chav e as semiótica
de como jóticas s funcionam em nossas sociedades 21 Quando ninguém mais é capaz de mensurar o trabalho em termos de duração, como é o caso da maior parte
AO riso, de perder de vista a apenas maneira real pela qual o capitalism o atua. O capital funciona a partir de vma das áreas hoje, avaliações “objetivas” e “automáticas” são substituídas por subjetivas e contínuas (nas escolas, para
“multiplicidade de semiótica, e não por semiótica linguísticas e significan tes como defendem as teorias do estudantes e professores, nos hospitais, sistemas públicos de saúde, para os serviços e os “operários” etc.). Note-se,
capitalismo “cognitivo” ou “cultural”.
i por exemplo, o conflito que emergiu na França nas universidades e hospitais quando novos métodos de avaliação
sia Les annóes d'hiver: 1980-1985 (Paris: Les Prairies
Ordinaires, 2009), p. 294. foram introduzidos, métodos que são parte integrante das técnicas neoliberais de governo.
20 Felix
a
de fontes de financiamento público e privado, imerso o cultural, o tecnológico, o político, o gênero, as comunicações, a ciência, o
circulação de signos, ideias e
samento e práticas estéticas, engolfado em uma consumo), articulados uns aos outros.
e O forçam a pensar e criar. O capital se apropria desse valor não assinalável, não mensurável, por
-
ER o empregado deve agir e se identificar como produ meio de três principais dispositivos de captura: lucro, aluguel e impostos.
exter iores a ele, mas das quais
tor, subjugado às máquinas que permanecem a) O agenciamento “empresa” prolonga, combina-se e pressupõe outros agen-
tividadeindividuad
ele faz uso. No entanto, não é nunca o empregado (subje se ciamentos (equipamentos coletivos nacionais e paranacionais do Estado de
nem as simples ações cooperativas de empregados bem-estar social, sistemas de mídia de massa, dispositivos culturais, sistemas de
por um lado, da mobil es
produzem. A produtividade do capital depende, formação, finanças, consumo etc.), todos funcionando associados e incitando
mãos, músculos etc.) e taml Ee
ção e do agenciamento de órgãos (cérebro, ao extremos à individualização (sujeição) e desindividualização (servidão).
ção etc.) e, por outro, do
das faculdades humanas (memória, percepção, cogni ai Somos sujeitados à máquina televisiva como usuário e consumidor, nos
colos, ad
desempenho “intelectual” e físico das máquinas, dos proto E identificando com programas, imagens e narrativas enquanto sujeito, com a
, da ciênci a e assim por Dt
ção, do software ou dos sistemas de signos servidão (e de consciência e as representações de um sujeito. Ao contrário, somos tornados
tividade depende em grand e parte da
quer dizer que a produ servos “na medida que os telespectadores são não mais consumidores ou usuá-
pela representação, a cons-
seu funcionamento diagramático, que não passa rios, nem mesmo produtores, mas peças componentes intrínsecas que perten-
as relações não são ral
ciência e a linguagem), na qual, é preciso enfatizar, cem à máquina e não mais à maneira de produzi-la ou de se servir dela”?
não são, longe disso,
subjetivas, os agentes não são pessoas e as semióticas Com a servidão, os componentes da subjetividade funcionam como entra-
i nte significantes. das e saídas (inputs e outputs) do agenciamento “televisão”, como um feedback
o Dr não apenas extorque uma extensão de tempo degi a mais na imensa rede de dividuais sincronizados que constituem os telespecta-
lho humano dispendido
balho (diferença entre trabalho humano pago etraba dores tornados servos. A relação entre elementos humanos e não humanos “se
explora adiferença entre
no local de trabalho); ele instaura um processo que faz em termos de comunicação mútua e interna e não mais de uso ou ação”?
ação social pra
sujeição e servidão. Pois, se a sujeição subjetiva, a alien Pesquisadores podem medir o “tempo cerebral disponível” gasto diante da
(operário, lesemp!
um emprego em particular ou a alguma função social televisão, mas não o que ocorre durante esse tempo. A produção de informação
mensu rável (salário correspon-
gado, professor etc.), é sempre assinalável e a e
ão quin
dente a um emprego ou função social), a parte de servid
lável, tampouco quantificável
28 Enquanto no primeiro livro do Capital de Marx a teoria do valor é aditiva (soma aritmética do trabalho indivi-
constitui a produção real em si nunca é assina dual), sendo a mais-valia ainda concebida em termos de “mais-valia humana”, nos Grundrisse e no Resultados do
processo de produção imediato, Marx descreve a servidão maquínica sem, entretanto, desenvolver uma teoria do
tal. valor “maquínico” Guattari destaca que a concepção marxista de mais-valia humana corresponde às práticas con-
E
Dn gnali maquínica não há proporcionalidade alguma entre tábeis do capital, mas certamente não ao seu atual funcionamento. À contabilidade orçamentária é frequentemente
s dos trabalhos in E ) invocada nos dias de hoje para justificar as contrarreformas destinadas aos fundos de pensões, poiso financiamento
individual e produção; esta não é a soma dos tempo desta é calculado com base no emprego individual e nos salários pagos. Apenas a sujeiçãoé levada em conta, a ser-
ho (aatividade realmente exerci vidão não participa disso. Um “embuste cósmico”, diria Deleuze. Deveríamos acrescentar que Marx foi o primeiro
duais. Devemos, por isso, distinguir trabal y a tomar a coletividade de humanos e não humanos (a fábrica) não apenas como o fundamento da produção, mas
o primeiro RIR
de emprego (um status meramente jurídico), pois também da política.
enquanto oa le real,
segundo. Mas devemos também distinguir o trabalho, humanos.
29 Gilles Deleuze e Félix Guattari: Mil platôs: Capitalismo e Esquizofrenia, v.5. op. cit, p. 158.
ntos humanos e não
30 Ibid.
da produção, que mobiliza um coletivo de eleme
MAURIZIO LAZZARATO as
SIGNOS, MÁQUINAS, SUBJETIVIDADES
44
que resulta da combinação do agenciamento de imagem, som e fluxos de a verdadeiras máquinas de subjetivação e dessubjetivação. No capitalismo,
os processos de subjetivação e dessubjetivação são tão maquínicos quanto a
representação do indivíduo e dos componentes da subjetividade do dividual
produção de qualquer outro tipo de mercadoria industrial.
não pode ser assinalada nem medida de um ponto de vista econômico. Em
a As hipóteses propostas por Deleuze e Guattari no final dos anos 1970 ainda
contrapartida, a subjetividade está submetida à maquinação semiótica que
transforma e formata. mantêm grande parte de sua pertinência. A sujeição continua dizendo respeito
As instituições sociais do Estado de bem-estar que governam o desem- ao trabalho, mesmo que seu significado tenha deslizado, imperceptível mas
indubitavelmente, do “trabalho” do operário para o “trabalho” do empreende-
prego compelem os desempregados a agirem e se identificarem como “benefi-
dor. A partir dos anos 1980, passamos do poder “produtivo” da classe operária
ciários” do seguro-desemprego, isto é, como capital humano responsável por
ao poder da empresa privada, em particular por causa da social-democracia.
sua empregabilidade. Mas, ao mesmo tempo, os desempregados são forçados
a funcionar como simples variável de ajuste no mercado de trabalho, como Exalta-se em toda parte “o valor do trabalho”, mantendo-se conscientemente a
uma parte flexível adaptável do funcionamento “automático” do mecanismo
ambiguidade, pois doravante queremos dizer com trabalho não apenas a ati-
vidade que se desempenha para um patrão, mas também “o trabalho sobre si”,
de oferta e demanda de emprego.
Por um lado, os dispositivos “pastorais” de controle e incitação, que se aquele que devemos realizar para que nos transformemos em “capital humano”.
ocupam meticulosamente da formação, dos projetos, das qualificações e do
Com a servidão, em contrapartida, o trabalho é partido em duas direções:
a do sobretrabalho “intensivo”, que não tem mais nada que ver com trabalho,
comportamento dos desempregados, os forçam a se instituírem como sujeitos.
Por outro lado, o mercado os considera como peças desindividualizadas que mas antes com “uma “servidão maquínica! generalizada” de tal modo que se
participam de sua autorregulação automática. Assim, se Oseguro-desemprego pode fornecer mais-valia sem fazer trabalho algum (as crianças, os aposen-
é a medida de quanto custa a disponibilidade do desempregado (a medida da tados, os desempregados, os telespectadores etc.); e a do trabalho extensivo
sujeição), então o que o desempregado produz, com sua mobilidade e flexibi-
“tornado precário e flutuante”!
lidade no mercado de trabalho, o que ele produz como consumidor, ou, mais . Nessas circunstâncias, usuários (de seguro-desemprego, de televisão, de ser-
segu- viços públicos e privados etc.), assim como todos os consumidores, tendem a se
ainda, o que ele produz na medida que abastece o serviço de dados do
ro-desemprego (as informações que ele fornece, apesar de si mesmo, o índice tornar “empregados”. No “trabalho do consumidor” temos a exemplificação de
subjetivo e objetivo que representa, apesar de si mesmo, o tornam parte do uma produtividade que já não passa pela “definição físico-social de trabalho”.
feedback da “máquina social”) é inassinalável e não calculável.
No sistema financeiro, o indivíduo é um sujeito (capital humano) de
6. Desejo e produção
modo diferente. Enquanto “investidor/devedor”, ele pode ser considerado
como o próprio modelo da subjetivação: a promessa que ele faz de pagar
, Do ponto de vista econômico, a sujeição aloca os salários e as receitas que
sua dívida implica que memória e afetos (tais como culpa, responsabilidade
lealdade, confiança etc.) sejam criados para assegurar o cumprimento de sua têm somente uma relação indireta com a “produção real”, ou, em outras pala-
promessa. Mas tão logo o crédito entra na máquina financeira, ele se torna vras, com a servidão maquínica. A sujeição divide a população entre os que
algo inteiramente novo, um mero input no agenciamento financeiro. De fato, estão empregados e os que não estão; entre os que possuem direitos sociais e
o crédito/dívida, incorporado no interior do agenciamento, perde toda refe- Os que não possuem; entre população “ativa” e “inativa”; sem base na neces-
rência ao sujeito que a contraiu. A relação crédito/débito é literalmente ras- sidade econômica, pois uma contribuição pessoal para a “produção” (para a
a
gada em pedaços (da mesma maneira que o agenciamento reduz o sujeito servidão maquínica) não é assinalável nem mensurável.
pedaços) pela máquina financeira, exatamente como foi mostrado pela crise
dos subprime. Não é mais uma questão deste ou daquele investimento, desta 31 Gilles Deleuze Félix Guattari, Mil platós: Capitalismo
e Esquizofrenia,v. 5. op. cit, pp. 202 e 172.
32 "A participação dos consumidores na produção é extremamente heterogênea (..). Mostramos que cada uma
ou daquela dívida: o agenciamento financeiro transformou tudo em moeda dessas atividades pode ser qualificada como trabalho nos sentidos econômico, sociológico e ergonômico do termo.
que age como “capital”, em dinheiro que gera dinheiro. Elas produzem valor para à empresa. (..) Como no caso do empregado assalariado, a atividade do consumidoré
altamente prescrita e regulada. Ela é frequentemente executada detro dos limites de tempo, produtividade e
O desempregado, o operário, o telespectador, o poupador etc. são subme- Pia Sai, como ves E do específicas” Marie-Anne Dujarier, Le travail du consommateur (Paris:
tidos não apenas a técnicas “pastorais” de individualização (Foucault), mas
MAURIZIO LAZZARATO
s6 SIGNOS, MÁQUINAS, SUBJETIVIDADES 57
forçadas a adotar uma “linguagem” de símbolos matemáticos (...) que de modo Modos de subjetivação, agenciamentos de semiotização e de enunciação
algum pode ser traduzida de volta numa linguagem”. Se “ajustamos nossas ati- de todos os tipos, tanto humanos quanto não humanos, coletivos ou indi-
tudes culturais ao atual status de realização científica, adotaremos com toda viduais, coexistem dentro dos processos biológicos, econômicos, estéticos,
seriedade um modo de vida no qual a fala não é mais significativa”, pois os científicos e sociais.
cientistas “se deslocam em um mundo em que a fala perdeu seu poder a A função criativa sofre o mesmo destino tanto no capitalismo quanto na
dei-
Arendt silenciosamente enuncia a meia-voz algo que seus comentadores teoria de Guattari. Linguagens enquanto tais não têm nenhum privilégio na
xaram de notar, a saber, que a relação próxima entre ação e fala, que ocorre criação. Ao contrário, seu funcionamento “pode até mesmo desacelerar ou
«sem o intermédio de coisas ou matéria”, pertence à “condição humana”, e proibir qualquer proliferação semiótica, e frequentemente cabe aos compo-
esta não tem sido nossa condição desde, no mínimo, a primeira revolução nentes não linguísticos catalisar mutações e determinar rupturas nas (...) sig-
industrial. me, nificações linguísticas dominantes”, servindo como vetores heterogêneos de
As análises de Pasolini, segundo as quais não é apenas nas ciências que a subjetivação. “Códigos genéticos, ao longo da história da vida, e dos sistemas
“linguagem perdeu o seu poder”, encontra rão uma continui dade e um apro- icônicos como a arte, ao longo da história da humanidade, têm sido no míni-
fundamento na obra de Guattari. Este último especifica a natureza e a fun- mo tão criativos (...) quanto os sistemas linguísticos”?
ção das “linguagens de infraestruturas” em sua mais importante contribuição Se considerarmos toda a realidade humana e não humana como “expres-
neste domínio: a semiótica a-significante. E E siva”, isto é, como fonte, emergência e detonador de processos de subjetivação
Para cartografar as “linguagens de infraestruturas e os modos de subjeti- e de enunciação, então a realidade está presente em nossas ações como um
,
vação/enunciação maquinocêntrica, devemos seguir O conselho deGuattari leque de possíveis, como “matéria disponível a opções”. A deliberação e as
“deixar a linguage m para trás” operando um duplo descentr amento: dissociar escolhas exercidas a partir da “economia de possíveis” não começam com o
de
a subjetividade do sujeito, do indivíduo e até mesmo do humano e parar homem, e não dependem exclusivamente de um “discurso significante pro-
considerar o poder da enunciação uma exclusividade do homem e de sua duzido entre falantes e ouvintes”. A história da evolução nos ensina que, se
subjetividade. a . a “liberdade” de escolhas possíveis existe em estágios antropológicos “mais
a existênci a do equivalen -
Guattari não vê nenhuma razão para recusar avançados”, elas devem estar pressupostas e serem encontradas igualmente
te de uma subjetividade - de um “não humano para-si Ipour soi]” (que ele nos níveis mais “elementares” do ser vivo e da matéria. Subjetividade, cria-
chama de protossubjetividade) e de um poder de enunciação (que ele chama ção e enunciação são os resultados de um agenciamento de fatores humanos,
de protoenunciação) - nos agenciamento vivos e materiais. Ele recusa con- não humanos e extra-humanos dos quais a semiótica cognitiva e significante
ceder à subjetividade humana um “estado existencial de exceção”. Ele pede, constitui apenas um componente.
antes, que consideremos que há outras forças além das forças da consciência, Guattari não é o único a abordar a subjetividade e a enunciação do “ponto
da sensibilidade e da linguagem do sujeito individuado, que podem funcionar de vista das próprias coisas” muito antes de pensá-las como sujeito, cons-
E
como vetores de subjetivação ou como focos de enunciação. ciência humana e representação. Podemos encontrar o mesmo tema, embo-
Guattari estende o poder autopoiético, o potencial de autoprodução a ra em termos muito diferentes, em Benjamin, Pasolini ou Klemperer. Mas
todas as máquinas. É um poder capaz de desenvolver suas próprias regras e bem antes de receber sua formulação teórica, as novas máquinas de produção
s
modos de expressão, aquilo que Francisco Varela reserva para as máquina industrial, do cinema e da arte revelaram a metamorfose do sujeito, do objeto
perten-
vivas. “[T]odos os sistemas maquínicos, não importa a que domínio e do seu modo de expressão.
çam - técnico, biológico, semiótico, lógico, abstrato — São, por si próprios, A invenção do cinema deu a ver uma realidade que se expressa sem passar
em ter-
suporte para os processos protossubjetivos, os quais gu Cosas pela representação ou mediação linguística. Não era mais necessário traçar
mos de subjetividade modular” ou “subjetividade parcial”!s signos e símbolos para mostrar um objeto, seres e relações. A realidade signi-
ficava a si mesma. Na arte, uma ruptura radical ocorreu no início do século
XX, quando o ready-made, seguindo o exemplo do cinema, foi significado
14 Ibid, pp. Ile 12.
15 Ibid., p. 15. ;
16 Félix Guattari, Cartographies schizoanalytiques (Paris: Galilée, 1989), p: 10. 17 Félix Guattari, Linconscient machinique, op.cit, p. 223.
20 Emile Benveniste, Problêmes de linguistique générale, 2 (Paris: Gallimard, 1974)p. 54. [Edição Brasileira: Problemas
de linguística geral 1, trad. de Eduardo Guimarães e. al, Campinas: Pontes Editores, 2006].
21 Félix Guattari, La Révolution Moléculaire, op. cit. p. 305.
uma passagem aérea ou um papel, uma identidade e uma função dentro da divisão social do trabalho.
mente empregado por tempo parcial. Se eu compro
mais relutante que esteja,
de trem online, evito ir à estação, mas devo, por
produtividade da empresa
realizar “trabalho” não remunerado que aumenta à
é filtrada através das ima-
ferroviária ou aérea. Minha percepção do mundo
por dia em média), filmes, internet
gens da televisão (três horas e 30 minutos
ou distri buída por algum tipo
etc. A música que ouvimos, 99,9% é gravada
os e devoluções” não
de máquina. Mesmo na biblioteca local, os “empréstim huma-
por máquinas. Os
são mais manipulados por seres humanos e, sim,
garantir que esses
nos são levados a lidar com os colapsos do sistema para s do
mesmos seres human os funcionem corretamente enquanto componente
agenciamento.
problemáticas, indiferen-
Poderíamos continuar a lista de nossas relações
tem” diariamente mesmo
tes ou agradáveis com as máquinas que nos “assis
conte mporâneo, certamente
nos menores atos do dia a dia. No capitalismo
mica, social e polí-
não somos confrontados a um modelo de produção econô
à teoria do capitalismo
tica do “homem pelo homem”, como parece sustentar de um
maquínico que,
cognitivo. Somos confrontados com um imenso filo
do logocentrismo.
modo ou de outro, nos afeta e nos arrasta para além
totalmente outra do
Devemos enfrentar um desafio de uma envergadura
ecimento”, do trabalho
que pensar a centralidade ou a hegemonia do “conh
ar as forças humanas
cognitivo ou da “partilha do sensível” Devemos libert
indust rial aprisi onou no trabalho,
e não humanas que a primeira revolução
subjetividade “ori-
na linguagem e na vida, e fazê-lo não para encontrar uma nos apo-
de sua produção,
ginal”, mas para abrir e ativar outros processos
agem e da vida como
derando da desterritorialização do trabalho, da lingu nas
ri tem pelas máqui
uma oportunidade. O interesse particular que Guatta
elas oferecem para
e semióticas a-significantes decorre da possibilidade que
ivação baseados no tra-
a ação coletiva de ir além dos modos de vida e subjet
a-significantes e pro-
balho, na linguagem e na vida (biopolítica). Semióticas
artísticos e revolucionários
cessos de desterritorialização técnicos, científicos,
Uma versão caricata, contudo eficaz, do “sujeito” é dada pelo homo ceco-
nomicus: o homem capaz de exercer controle soberano e racional sobre suas
escolhas e ações. O operador financeiro representa o paradigma mais acabado
dessa figura, embora a sua subjetividade nada tenha de soberana ou racional.
As finanças são um excelente exemplo das semióticas diagramáticas, nas
quais signos funcionam em lugar dos “objetos” aos quais se referem. Os flu-
xos de signo que circulam de um computador a outro em tempo real consti-
tuem uma realidade que é tão objetiva quanto os próprios fluxos materiais;
eles intervêm no sistema que fixa os preços das ações e agem diretamente
sobre a economia “real” e sobre a subjetividade.
Na sala de operações do mercado financeiro há apenas diagramas, ape-
nas curvas traçadas por uma rede mundial de computadores que indicam
os movimentos de alta e de baixa dos preços dos ativos. Várias semióticas
já são mobilizadas aqui: “signos impotencializados”, limitados a representar
RATO
o histórico dos preços, mas também “signos de poder”, “signos-partículas”, 1.1.0 comportamento mimético
“pontos-signos” que simulam, antecipam, fazem com que os preços acon- Ali y ane
teçam - em suma, esses são os signos diagramáticos que transformam o pp Pa e autonomiaà do sujeito econômico individual são
“real”. De forma diferente da função referencial, não há aqui uma realidade, la minas as por outras forças que o influenciam, fazend
o-o agir e decidir
mas uma multiplicidade de realidades heterogêneas: a realidade da economia sem necessariamente acessar sua consciência.
“real”, a realidade das previsões sobre a economia, assim como a realidade das eERRO de subjetividade € quais semióticas são
mobilizadas por esses
cotações já efetuadas. A referência da Bolsa, ou “mercado de ações”, não se po ntos de ao deter minados por diagra
im s. ?
mas, computadores e
refere a uma única realidade. a a a
a
ap
. sais
as subjetividades transitivas,
E
transindivi-
A subjetividade “humana” do operador de finanças encontra focos de pro- Do das crio f ióticas simbólicas, 2 como aquela
q! s dos povosOvos arcaici os, dos lou-
toenunciação tanto nos diferenciais de preços (mais altos e mais baixos) dos
ativos quanto nos diferenciais de produtividade da economia “real” calcula- EPara riconta do comportamento subjet jetirivo envolvido na determinação
dos pelas máquinas. Esses diferenciais representam nós de protossubjetiva- Ee Er ços dos ativos financeiros, a teoria da convenção
e a teoria do capita-
CR
ção nos quais a subjetividade (ou melhor, os componentes de subjetividade Pressupóem o comportamento mimético dos agentes. A
inter-
- entendimento, memória, atenção, percepção etc.) vem se acoplar e se agen- Ee ade, a linguagem e a comunicação, implicadas na relação
mimética,
ciar com a protossubjetividade maquínica. E E a o antes de suplantar o individualismo do homo cecon
omi
Diagramas, curvas e dados “falam”, “se exprimem” e “comunicam”, pois, ao h s, fundad“o sobre
) a h racionAalidad
aa e ea soberaCa nia.
i Infelii zment e, O compor- E
tornarem os mais diversos fluxos de informação (traduzibilidade maquínica)
amento mimético é irredutível à intersubjetividade linguís
tica, co; A
visíveis, comparáveis e manipuláveis, eles forçosamente contribuem para a comunicacional.
POE
E Sem compartilhar minimamente da teoria filosóf
tomada de decisões e para a fixação de preços. Os diagramas fornecem os limia- ica que sustenta esta con-
res de protossubjetividade, por assim dizer, a partir dos quais a subjetividade 5 pção do comportamento financeiro como um compo
rtamento mimético,
Ele:Emos enfatizar
humana determina suas escolhas. Com cada limiar cruzado para a tomada de i gue, para o seu criado
i r, René Girard, a emulação mimé- ;
decisão, para expressar uma avaliação e indicar um preço, a subjetividade não o hsEEnne Jo, a emulação do desejo. Não se imitam
modos de ser, não se
imtEma tam ideias ou aa “base cognit
tem outra escolha senão a de depender das máquinas, sistemas de escrita a-sig- g iva” do “outro”
ro”; ; imi
qutro im ta- o desejo
seJo. ' mi e
. Se aa mimes
nificante e informação codificada e produzida por instrumentos matemáticos. plica a emulação do desejo, sua constituição e disseminação
/circulação não
A enunciação seria completamente diferente sem esses modos a-semi
ticos de escrita e sem as máquinas. Nas condições atuais de desterritorializa- Àminvenç
ercado ãoHojede computa
onrPudores
tador
cadaes
vez mais7 poderosos mudou a maneira pela qual 0s investidores interagem no
ção e de acúmulo fenomenal de informação a ser processada, a enunciação
seria, na verdade, simplesmente impossível. Curvas, diagramas e máquinas
são componentes indispensáveis da enunciação, dos pontos “não humanos”
de subjetivação parcial.
Dizer que os signos (máquinas, objetos, diagramas etc.) constituem focos pputadore
utador s digitalizam dezenas de negócios a fimfim ddee detect det ctar as tendências do mercado;
de protoenunciação e protossubjetividade significa dizer que eles sugerem, Da idade E ju deixando par rs o investidor tradicional muito mais lero. Eles em ar Pe : den hi a
capacitam, solicitam, instigam, encorajam, impedem certas ações, pensamen- preço msimo que um compr ine (o preço
iu Pputadores compram todas açõesacima do qual ele não comprará
disponíveis antes que o compraumadordaação).ida Assim que esse preço,
tos, afetos, enquanto promovem outros. Máquinas, objetos e signos fazem mais qto ando os à um preço mas cevado sgeralmen te ao preço mais elevado
real tenha tempode
unido lim cespst à exigênci mávima velocidade, pequenos sistemas possível iso é um centavo abaixos
que influenciar certas ações, pensamentos ou afetos; através das semióticas VW secam com a sua a de dealgumas dezenas para transações automatizad tm
de trabalha dores instalado s em escritórios baratos longe de
a-significantes, as máquinas se comunicam diretamente com outras máquinas, Sc Alguns des es sistemas se tomaram concorrência formidável para o mercado de ações tadiciona
e 2009, a Balsa de Nova York cobria penas 28% das transações e mercado nos Estados
produzindo efeitos diagramáticos frequentemente imprevisíveis sobre o real. ue E pr mea RA as pessoas não conhece, a BAT'S Exchange, em KansasUnidos ea Nasdem
de 2010 (a queda repentina em 10% nos preços, que em apenas Pein fds, em Jersey Cy Nova Jersy são competi ndo para se tornarem a terceira
City, gas
10 “acidente” que abalou Wall Street em maio
- em 14 segundos ações mudaram de mãos 27 mil
poucos segundos fez desaparecer como fumaça bilhões de dólares computadores. VW Sa Re pd 2 do ecado, dependendo de como se mede Vos Eudes maior Bolsa nove americana
es ge” a conqube de
vezes) teve origem nas máquinas de comunicação de dadose nos À transformação dos operadores de Homifartcle/2005/09/02/es-geeks- Ia-conquete-de wall strest TES 484 Pon
protagonistas para espectadores se deve à revolução tecnológica e estrutural do mercado de ações norte-americano. a
ao outro) constitui a
O sentido de “eu nuclear” (o si oposto ao outro e o si junto 2.3, O sentido de “si verbal” e a semiótica significante
física, ação,
experiência do si e do outro como “entidades” com uma “presença
osas capacida-
afeto e continuidade”. O sentido de si nuclear depende de “numer “id peido de a Gean
ocorre fora
des interpessoais”. Isso ainda não é uma construção cognitiva (pois
de si verbal, tem a ver com a junção e a dis-
e uma “memória sem q a e a eca lacuna entre as partes verbais e não verbais
da consciência), mas, antes, uma integração da experiência na
complexos. e re semióticas simbólicas a-significantes e semiol
palavras”, que fornecerá as bases para todos os sentidos de si mais “a
ogias
a ,a emergência:da linguagem éa origem de uma clivagem
experiência tal como ela é “vivida” e tal como ela é “representad
7Ibido p.s4. a”.
8 Ibid., pp. 67-68. James, Tarde) exami
aquilo que os filósofos da diferença (Bergson,ao William
90 “sentido de si emergente” é também “Experiênc da vida, que for-
ram, "no final do século XIX. ia pura” é o nome que James dá “fluxo imediatoobjeto, eu e outro, HI ibid, p. 72.
s conceituais” e sua divisão entre sujeito
mece o material de nossa reflexão posterior com suas categoriasão E Ibid pp. 124-133.
os “bebês recém-nascidosou homens em semicoma por
figuras espacio-temporaietc.s James observa, além disso, quea experiênc
cho, drogas e doenças” que experimentam ou oferecem ia desse si emergente e de seus processos organiza” nu na p:133.
d Héix Guattari, 3 Chaosmose (Paris: Gal lée, 1992), p. 97, [Edi :
1987), p- 782
dores “A Pluralístic Universe” in Williams James: Writings 1902-1910 (Nova York: Library of America, é Lúcia Cláudia Leão. São Paulo: Editora 34, na [Edição brasileira: Caosmose, trad, de Ana Lúcia
de Olive
10 Daniel N. Stern, op. cit., p. 27.
Para que não apenas a sociedade, mas a própria fala se torne possível, Ni imensões coexistem, como , osos “si.“si” em Stem. “4 (.) NãoE um, nem e mesmo dois ex
nei
q
Judith Butler aceita a “castração simbólica” e a lei como sendo tão necessá- lie e que ele mesmo se atribui
inte seria antes: a cada um, ; seus sexos”
rias quanto inevitáveis. A ideia de uma “multiplicidade pré-discursiva libidi- land (So Paulo: Editora 34, 2010), p. 385,Gi illes Deleuze e Félix Guatt j
Para Butler, não pode ande q poa
nal que pressupõe uma sexualidade antes da lei”! faz parte, de acordo com siva anterior à lei, nem “prazeres campestres”
fatias reguladoras”. Na realidade tanto em Deleuze e coti tente "antes da Le
15 Daniel N. Stern, op. cit, pp. 176-177. or À linguage2 m e à lei, mas ela não é da mesma natureza jue
como em Foucault há uma subi
16 Judith Butler, Gender Trouble (Nova York: Routledge, 1999), p. 103. Para Butler, a análise de Foucault para est impasse, desfazendo a força costtine e origináriaa molar. atribuida
Delk
o pode por
r Bule
i
<E ars
seria intrinsicamente contraditória. De um lado, ele afirma a saturação da sexualidade pelo poder, pois ela é
na introdução inglesa de “Hercu-
fundamento de desejo comportará disposit ivos de poder (.), mas esses devem ser ituadoss entre os di.
integralmente produzido por ele. De outro lado, ele parece remetér, comonão identidade, um mundo que excede
lo compon “a lamento - Em suma, “dispositivos de poder não agenciam ou constituem nada,
line Barbin”, a “um mundo de prazeres como limbos felizes de umafoucaultina na do poder como “produção”
poa aBenciamentos de desejo que disseminam formaçõe s de poder de acordo com uma d E
concepção
as categorias de sexo e de identidade” Ibid., p. 200. elaA opera E E ux régimes de fous (Paris: Éditions de Minuit,
induz em Butler a uma série de contra-sensos, pois uma confusão irritante entre a dimensão molar 2003), pp. 114-115,
olnik, Micropoltica,cartografias do desejo (Petrópolis: Editora Ee
Vozes, 1996), p 214,
“intensidades” a-significan r estabelecer uma “linguagem cinematográfica institucional”?! De fato, esses tra-
ênci: dem
do uso que éfeito de semió- gos que Pasolini denomina “irracionais” compõem as modalidades de expres-
br ca ici ssa
a Ee são dos afetos, intensidades, velocidades etc., cujo funcionamento depende
E sia blend (“encadeamentos, movimentos
repr de outra lógica em vez da lógica da racionalidade do sujeito individuado.
figuras visuais, a s, fala etc”, como dizGuattari »
ns, ritmos, gesto
logias sig-
Toimomento a posa i idade de ir além das semio
senta por um breve
cas
ológiaa e abrir -se para devires
nificantes, de contornar individuações pt erson a as,
Já Hélix Guattari, Agencements. Transistances. Persistances, Seminário
“http://wwwrevue-chimeres.fr/drupal. chimeres/files/81 1208 pdf>. de 8 de dezembro de 1981. Disponível em:
a do
que não estavam inscritos nas pags EMad | Félix Guattari, La révolution moléculaire (Paris: Editions Recherches, 1977), p. 233.
p
i matográ áficas não pode m N ser rei HH Pier Paolo Pasolini, Empirismo eretico (Milão: Garzanti, 1972), p- 169.
As iimagens cine
gmáticos e paradig BH Ibid, p. 179.
Edno e enquadradas pelos eixos sinta
invisível”,
ina invisí vel” nplicidac
devis o à raridadee à simp) mente, são os sistemas homens-máquinas, as semióticas mistas (significantes,
i i i de Hi “máquina
aica
vê aí a
ada: .s. Um“mM olhar pouco ) atento não po a-significantes, simbólicas) que, juntas, constituem os processos” *!
das ap
Fi ado
máqui écni
áquinas técnic E gadas
as empre
probl ema é sempre o m: A sociologia e a psicologia do trabalho parecem ser incapazes de dar
máquina social, ela permanece “invisível”. O
conta conceitualmente do salto qualitativo que ocorreu no deslocamento de
máquina não é um subconjunto da técnica.
“trabalho” para “processo”, que agencia sujeição e servidão. Os níveis hie-
rárquicos mais altos já não lidam com o trabalho em si, uma vez que se ocu-
pam de “processos” — do qual o trabalho é apenas “um” dos componentes.
4.2. A semiótica publicitária
Eles organizam a servidão maquínica (processo), sendo que nela o trabalho
ente narelação de a aparece com a mesma importância que as máquinas, as semióticas, os pro-
As semióticas simbólicas intervêm massivam “
o de empresas junto aos cedimentos, a publicidade e a comunicação. Nos serviços às pessoas??, nos
organizar os aspectos essenciais da comunicaçã
licas eae ae es quais as máquinas não possuem a mesma importância esmagadora como
tes. Através da publicidade, as semióticas simbó
ização o do trabalho. A (terrível) cultura oE em outros setores industriais, são os diagramas, os esquemas, os indicado-
ã e organizaçã
técni as de gestão
das s técnic
i que elas veiciculam, enquanto mold amE a subj Tes, registros de orçamento etc., que tomam seu lugar na organização do
i e de marketing
cios
sob a subjetivic
i ament tee sobre t los emp) - processo. O que a sociologia do trabalho tem dificuldade em enxergar, já que
úblico/clieni te, também operam diret
ente' o que deve a pro: ela tem uma concepção redutora dos coletivos mobilizados na produção. A
doa para quem “a comunicação publicitária é 'realm
como se ass pa sociologia (e a psicologia) do trabalho, como toda sociologia, se encontra
uiído (...). Eles se comportam no trabalho, por Eno )
idassemn
á duvidass :
das promessas aprisionada no pensamento antropomórfico cujos “atores” são o “eu” do
es s que eles atendem não
e as pessoa
as ação is empregado ea intersubjetividade do “coletivo” dos trabalhadores. A antis-
fitas rss rol que é indispensável satisfazê-las.
i -se aa norma
torna-se àdodo que deve ser
: produz ido -j sociologia de Deleuze e Guattari nos liberta dos limites políticos impostos
ç
ideal prome i ao consumidor
tido
tica, ser a a pela redução da organização do trabalho à personologia e à intersubjetivi-
No seu trabalho, Dujarier distingue na semió a
do o dade da sujeição social.
mente “semântica mil-folhas”, várias coisas: a Ro
i lica)
simbó a” (se (semiótt ica a-significanÉ te) e as
i , a “hi“linguagem técnicica”
a
signi icantes) converg indo na relaçãrel o dede serviç os.”
pi O sq
ióticas s signif
”is” (semiótica
sociais
ni Não se ) trata na 41 "Logoo funcionamento dos próprios processos será o principal fator na avaliação
falta nisso
i tudo éÉ a apreensãoã da servi idãoà maquínica. mais que o trabalho, a avaliação dos processos se torne a prioridade” Ibid, p. 164. do trabalho. Pode até ser que,
idão maquínica EA el
deficiência empírica, mas conceitual, pois aserv 42 Àdefinição de “serviços às pessoas” é enganosa, já que nem sempre pessoas estão envolvidas nele. Os idosos,
por exemplo, são literalmente mantidos vivos pela química, pelos remédios produzidos pelas grandes empresas
vistados que
presente no texto e é claramente mencionada pelos entre farmacêuticas multinacionais, por uma tecnologia médica
funções de comando na empresa sob a terminolog
ia de “processo”. do Estado de bem-estar social etc. Essa definição está longe muito sofisticada, pelos gastos, procedimentose leis
de ser “a produção do homem para o homem”: pelo
sontrário, essa produção está completamente no âmago do agenciamento em que os compostos químicos, o
Sorpo do doente, os cuidadores, os medicamentos, as instituições, o corpo médico etc., trabalham num mesmo
39 Marie-Anne Dujarier, op. cit. p. 166. plano maquínico. O cuidado, a cura está no fim de uma cadeia que nada tem a invejar a cadeia industrial.
40 Tbid., p. 30.
»
isto é, além da ip Ra O neocapitalismo marca uma mudança no “modo de produção”, Denomi-
a construir uma política para além do humano; a mulh er e so! nado por Pasolini de “segunda revolução capitalista”, o neocapitalismo deixa
homem sobre
racismo, da colonização, além do poder do de produzir apenas novas mercadorias, para também passar a produzir uma
.
tudo mais que existe (vivo e não vivo) nova humanidade e uma nova cultura que, cinicamente, destroem as culturas
camponesas, subproletários e trabalhadores, ao operar o “mais amplo e com-
pleto genocídio” da história italiana. O que antes poderia existir “fora”, agora
a (neocapitalismo)
6. Pasolini e a semiótica da imanênci é completamente subordinado à lógica do capital pois, como sugere Guattari,
a produção de subjetividade (da cultura, dos valores, dos comportamentos,
das produções da dos modos de existência) é a primeira e a mais importante forma de produção.
“Por um lado, temos uma infantilização
lorena No entanto, antes de chegar a uma descrição “sociológica”, “antropoló-
subjetividade com uma padronização e uma
o en oe, gica” e “econômica” da influência do capital sobre a sociedade e seus modos
ção dos modos de expressão e das relações com
funções não subjetivos de expressão, na década de 1970, Pasolini apreendeu, em meados
por outro lado, uma expansão exponencial das
dos anos 1960, a natureza e a potencialidade da nova “imanência” através de
denotativas da linguagem” sua semiótica.
pelo
“Crianças e adolescentes não apreendem o seu devir,
A “semiologia geral da ação” que ele busca elaborar reconhece a continui-
discurso signifi- dade entre natureza e cultura, com a qual a modernidade rompeu ao con-
menos preponderantemente, por meio do
cante. Eles recorrem ao que eu chamo de formas de discur - centrar toda subjetividade sobre o sujeito e ao destituir o objeto de toda sua
; o
o corpo capacidade de expressão. Com base em sua experiência no cinema, Pasolini
sividade a-significante: música, indumentária,
o — assim como criou, seguindo o exemplo de Peirce, uma nova semiologia a partir da questão
comportamento, signos de Eeconbetimen
da imagem. Na recusa de considerar a imagem como uma produção do cérebro
todo tipo de sistemas maquínicos:
ou como o resultado de nosso sistema perceptivo, ele supera os dualismos entre
Félix Guattari imagens e coisas, consciência e objeto. O cabelo de Jerry Malaga capturado pela
câmera e os olhos “reais” de Umberto Eco participam do mesmo continuum de
imagens e constituem o mundo que é, agora, o do cinema em si, o do cinema
ução e consumo in natura, um metacinema. Como no primeiro capítulo de Matéria e memória
«“Q novo tipo de língua, sendo o da prod de Bergson, o olho está nas próprias coisas; elas mesmas, as coisas, são por si só
aparece como implacavel-
- e não a língua do homem —
s comu nica r funcio- luminosas, não necessitam de nenhuma consciência para iluminá-las.
mente determinística. Ela quer apena
r, ou conve ncer: é: Ao situar o olho nas coisas, o cinema desfaz a concepção antropomór-
nalmente; ela não quer perorar, ou exalta
e” fica da expressão e da ação. As coisas se exprimem por si, constituem focos
todo o problema dos slogans de publicidad
de subjetivação; elas têm um poder de expressão, uma “luminosidade”, uma
Pier Paolo Pasolini capacidade de protoenunciação e de ação que é própria a elas, não dependem
absolutamente do homem.
66Re»
Pier Paolo Pasolini, Écritsits Corsair
Corsaire, op. cit.it p. 147.
p.269. 182.
65 Pier Paolo Pasolini, Entretiens avec Jean Duflot, (Paris: Êditions Gutenberg, 2007), p.
75 Ibid, p. 207.
MAURIZIO LAZZARATO 121
SIGNOS, MÁQUINAS, SUBJETIVIDADES
120
O CONFLITO E OS SISTEMAS DE SIGNOS
AuniZio vaz.
o con-
ao seu trabalho, às condições de emprego e desemprego. O segund monopólio da tomada de decisão de tal maneira que os arranjos políticos são
associa-
junto de questões que o lema levanta reflete as práticas da própria feitos e desfeitos entre poucos. Da mesma maneira, um pequeno número de
s fazer?”. Em outras
ção (Coordenação): “o que sabemos?” e “o que podemo jornalistas garante para si o monopólio sobre o que é dito na mídia e qual
e palavras na
palavras: qual é o valor e a importância de nossas experiências a informação a ser divulgada. É a partir dessas três práticas principais, que
Por que nossas
produção e distribuição do conhecimento que nos concerne? constituem técnicas para controlar o comportamento e tecnologias de Ea
o, desqualifica- ção, que se faz a distribuição dos papéis e das funções, dos direitos e das abria
palavras e conhecimento são limitados e ingênuos e, portant
de “espe-
dos perante a “objetividade” e a “universalidade” do conhecimento gações, das liberdades e das restrições de nossa sociedade.
associação para
cialistas”? Que força nós temos enquanto grupo, coletivo ou A batalha travada pelos intermitentes sobre a questão da enunciação, das
nos dizem respeito ? Por que a nossa categorias e dos discursos se insurge contra uma nova estratégia e contra Et
desempenhar um papel nas decisões que
fala é institucionalmente denominada “não política”? técnicas semióticas: silenciar os leigos, o “cidadão” e o público ao fazê-los falar;
Em suma, o lema “Nós somos os experts!” coloca em questão a composi preparar sua exclusão ao fazê-los participar; mantê-los à distância Ebmiraltane
e legiti-
ção e legitimidade do agenciamento que “conhece” e a composição do-os, ouvindo suas queixas através de um exército de jornalistas, de experts e
da seguint e
midade do agenciamento que “decide”. A questão pode ser posta Pesquisadores. Vivemos num “mundo comum” projetado pelas semióticas do
maneira: “por que não temos o direito de participar no agenciamento cole- marketing, publicidade, consumo, televisão e internet. O acesso a essas semió-
tivo que problematiza e explora as possibilidades de nosso próprio trabalho, ticas comuns não só não é negado, mas é incentivado: devemos nos integrar,
tem o direito e a devemos participar de maneira ativa. A exclusão dos governados e aneutrali-
emprego e situação de desemprego no presente? E quem
legitimidade para tomar decisões sobre nossas vidas?” zação de sua fala singular são produzidas a partir da inclusão de suas modali-
típicas das
A mobilização dos intermitentes parece seguir as duas trilhas dades de expressão dentro de um espaço semiótico comum. Nas sociedades de
produção da
lutas das “minorias” que questionam tanto os procedimentos de segurança, o problema não é a escassez de fala, mas a sua superabundância, o
imento. A luta consenso e o conformismo que sua circulação pressupõe e produz.
democracia quanto os procedimentos de produção de conhec ,
crítica ao
contra as reformas do mercado de trabalho cultural representa uma O espaço público está saturado com a circulação de signos, imagens e
ações
conhecimento produzido pelas instituições (Estado, sindicatos, organiz palavras e com a proliferação de dispositivos de sujeição que, ao encorajar e
tido como
patronais, mídia, ciências sociais), que afirmam o que deve ser solicitar que falem e se expressem, impedem a enunciação singular e neu-
direitos sociais
“verdadeiro” e “falso” com relação ao domínio econômico, aos tralizam processos heterogêneos de subjetivação. Pois, para que uma enun-
imentos
e ao domínio cultural. Representa também uma crítica aos proced Ciação, uma fala singular seja possível, a comunicação compartilhada deve
prego definem ser interrompida, deve-se deixar a infinita tagarelice do consenso midiático,
através dos quais as instituições que governam o seguro-desem
os problemas, trazem soluções e tomam decisões . * forçar rupturas no espaço público, do mesmo modo como, para poder “ver”,
práticas
A luta da Coordenação ressalta e contesta a existência de três devemos nos retirar do incessante bombardeio de clichês visuais. Em outras
aos dispositivos
transversais aos dispositivos de produção de conhecimento, palavras, para existir politicamente, para simplesmente existir, mais que inte-
de comunicação: grarmos o mundo comum, devemos singularizá-lo, isto é, devemos impor
de produção de democracia e aos dispositivos de produção
aqueles que
divisão, delegação e monopólio. A divisão da população entre uma diferenciação existencial e política por meio da criação de novas pa
profissionais de gens, novas divisões. A especificidade de um mundo comum, sua singulari-
sabem e os leigos, entre representantes e representados, entre
imento aos
comunicação e público implica, por um lado, a delegação de conhec dade e sua diferença devem ser afirmadas “num tempo em que os efeitos de
de fala, aos profis-
acadêmicos e aos experts, de poder, aos representantes, e hivelamento de informação e de participação social são reforçados diaria-
e o mono-
sionais de comunicação. Por outro lado, organiza a centralização mente”? A singularidade, a divisão e a diferença não estão dadas de antemão:
pólio da produção de conhecimento nos laboratórios e gabinet es de experts, elas têm que ser inventadas, construídas. i
e a centraliza-
a centralização da tomada de decisão política nas instituições Os dispositivos semióticos desempenham um papel estratégico na cons-
ão de
ção da produção do discurso público nas redações da mídia. A produç trução desse mundo comum, algo que nas sociedades disciplinares não existiu
fechada entre
s,
conhecimento é legitimada por um acordo definido a portas |DRMichel de stere
Certeau, ] La culture
sio pecau pluriel
E (Paris: : UGE, E, 1974),),
Pescas] P-178. p.178. [Edicão
[Edicã brasileira: E Cultura no plural, trad. de
centralização e a um
il
especialistas. A representação política conduz a uma
das dife-
s. A otimização psties da política. Enunciados, representações e sentidos dominantes
hegemônica da opinião nas sociedades disciplinare funcionam como uma “grade” que afeta ni ossa maneira i de perceber, i
ação da subjetividade (um nive-
renças “semióticas” visa a uma homogeneiz compreender.
er E Tudo o que acont: tec
ece, tudo queque se faz e se pensa, tudo ER
dente na história humana”) e que se
lamento da heterogeneidade que não tem prece Efica pensar e ses no domínio econômico e social passa aidvês des
nça, um novo consenso da
toma a forma de um novo conformismo da difere rE enunciados
paca e significações que compõe E õ o horizonte
i de interpreta-
pluralidade. E e e enunciação do mundo. Denominar emprego e desemprego como
uma luta focada
Foi nesse novo coi ntexto que os intermitentes começaram E do Pena
? de aa pis significa definir um quadro que coloca os limites
de desemprego, emprego e tra-
nas enunciações e significações das categorias , el; significa afirmar o que é im) portante e perceptível;
í
semiótica de jornalistas, de significa deli
balho num espaço público comum ocupa: do pela mitar o que é legítimo
e e o À que nãoão é,é, significa,
signi » também, , ciré Circunscrever
prego, emprego e trabalho ni os
experts e de pesquisadores. As categorias de desem E ros da ação e enunciação políticas. É desse modo que, para Foucault,
ês, para regular e limitar
servem, como tantas palavras de ordem e tantosclich procoder de apresentar
1 problemas
1 é um poder
oc de pt politização, isto ' é,é um poder E
to formi dável de laboratórios iti ção, isto
nossos modos de agir e pensar. O agenciamen E Eres poros eojetos e novos sujeitos dentro do espaço da política e
(Paris: Seuil, 2004). p. 28! -los as balizas de uma polêmica e de uma luta. A probl izaçã
A Michel Foucault, Sécurité,erritoreet populati on: Cours au Collge de France (1977-1978), trad. de Eduardo Brandão. São introduz no espa çoÉ público
, populaçã o, aulas no Colltge de France E úbli nãoã apenas
ú novos objet: jetos eDat jei
sujeitos,
283. [Edição brasileira: Segurança, território
el em: <http:/ /michel -foucau l-archi ves.org ?Suje-s ecurite -terrioire-et> mas tam-
Paulo: Mástins Fontes, 2008]. Disponív ação e a cultura de massa vêm se tornand o parte de um processo de Riso de ação, modos de relação consigo mesmo”, ou seja, modos de
5 A partir do anos 1930, o consumo, a comunic tal modo que o problema , desde então, tem sido o seguime coma, i ação possíveis. g O movimento dos os intermitentes,
i i
integração e cooptação de “singularidade” de uniform izante e nivelado r de valoriza ção acumul
& ação ao queb; À
as minorias
gar as singularidades, as diferenças,tentando no sistema pelo menos nos veres de conceitual
pesa! do consensoau instituci
nral
ucional entre sindicatos,
ind pr
» patrõesõ ee
criar as condiçõe s para alguma singular ização Estado, ao
alisa? “os empresários estão as estratifcadas, uma tentativa estácapaz sendo feita no sentido de criar margens” enfatizar “novos direitos sociais” em lugar do “direito ao trabalho”, atacou
produção. Isso significa que nessas estrutur s se deem, desde que o sistema de cooptá-los permancta absoluto
cientes que permitam que esses processo Union générale dédition s, 1980) p. 70. Somos confrontados com ua
ala Guatas a Révolution Moléculare (Paris: que dão conta de questões “específi cas” a fm de cremecnre” bio.
multiplicidade de escolhas, opções e possibilEisidades
porque Guattari preferia falar em “process os de singularização” em vez EePro emtização (é ; o conjunto , discursivas ou não discuss que a alguma
quear e reincorporar certas problemáticas, ão é integraç ão da singular idade, cujo obieuto é bloquear e ds práticas cia entrar no jogo
de Singularidade”: “Todo o problema se resume à cooptaç 183. [Edição brasileira: iai
rdadeiro e ú mo objeto para o pensamento”
pensamento” Michel Foucault. Coleçã i
Guattari , Caosmo se (Paris: Gallée, 1992)
deutraEsar os processos de singularização” Félix
Lúcia Cláudia Leão. São Paulo: Editora 34,1992).
trad. bras. de Elisa Monteiroe Inês Autran Dourado Barbosa. (Rio de Janeiro: ForenseUnreal 20004 o.
Caosmose, trad. Ana Lúcia de Oliveira e
traduz aqui o termo francês “racaill”, empregado pelo ex-presidente Nicolas Sarkozy, quando
ida ministrodo interior, para se referir à juventude dos subúrbios da periferia parisiense nos motins de 2005, logo
bs a morte de dois garotos pelas forças de repressão. O insulto veio ao ar ao vivo na televisão provocando nov
ições e tumultos. [N.T.]
2 "Pós-operaísmo” é um termo cunhado para designar a linha de pensamento que se seguiu ao tipo de análise pol
fica desenvolvido na Itália a partir da década de 1960, por meio de pensadores como Antonio Negri, Mario Tronti,
PaoloVirno, Franco Berardi etc. e em periódicos como Quaderni Rossi e Classe Operaia. Sua principal característi
É a exigência de autonomia do movimento operário (com relação a sindicatos e partidos oficiais). O “operaísmo”
Esteve posteriormente ligado ao grupo de ação política Potere Operaio e, em seguida (já nos anos 1970), ao grupo
Autonomia Operaia. Ele parte da ideia de autonomia para opor as lutas dos trabalhadores à reação do capital por
meio do uso intensivo das máquinas, conforme apontado por Marx. [N.T.]
convenção, nenhum papel, nenhuma distribuição de poderes.” Mesmo se el:
1. O performativo “absoluto”
realiza o que afirma, ela não é um performativo. “Eu falo” Enra Eminciádo
feita pela teoria “pós-ope- que comunica algo, mas que não age sobre o “outro”. Ele não cria uma no 4
A guinada na direção dos chamados performativos
grau, Negri/Hardt) é situação para um interlocutor obrigando-o a dar conta do fato de que o
raísta” (Paolo Virno” Christian Marazzi! e, em menor E
de um mal-entendido ciado foi dirigido a ele (respondendo, obedecendo, não obed.
bastante surpreendente, pois parece ser o resultado nd pel
s. Assim, seus avatares buscam tando uma promessa, não respeitando etc.
sobre a própria definição dos performativo ne
oria de “performativo Se nos ativermos à teoria de Austin, não vemos quase nenhum caso
radicalizar a teoria performativa, introduzindo a categ
uma parte da defini- que “eu falo” possa ser considerado um performativo. A definição de “ esa
absoluto” (Virno). No entanto, o autor mantém apenas
iação não descreve uma mativo absoluto”, reduzido à simples função de destacar o “evento de E EM
ção de J. L. Austin: aquela que afirma que a enunc
está aberta”, “eu ordeno, em gem” sem instituir uma obrigação (o fato de que se fala, de que se
ação, ela a realiza. Ao dizer “a sessão do tribunal vêm
ão ou um estado de que se estabelece uma relação intersubjetiva), neutraliza totalment
nome do povo..”, “eu prometo..”, não se descreve uma situaç :
importância e as implicações da teoria de Austin.
de coisas, mas se faz o que se enuncia. E
performativa decorre A teoria performativa abalou ambas as categorias da linguística e da
Segundo a teoria de Austin, a força da enunciação teoria
de uma promessa,
do fato de que ela implica uma “obrigação social” (no caso
do próprio Austin, pois devemos lembrar que a teoria foi criticada e supe-
caso
de “se perder a credibilidade” e, no rada por seu próprio inventor. Após ter distinguido o performativo (o
engaja a pessoa que a faz sob o risco e! se
de uma pergunta, a pessoa a quem à pergunta é dirigida deve responder a faz quando se fala) do constatativo (uma descrição de um estado de E
fim de não interromper a conversa). Ao realizar o enunciado performativo, o Austin abandonou a oposição: todos os enunciados são performativos, um: Í
locutor se atribui um papel e atribui ao seu ouvinte um papel complementar. Vez que mesmo os constatativos servem para realizar um ato de fala. pla
os” entre os locuto- ] Depois de alguma hesitação, Austin argumentou contra a ideia de co:
A força do performativo reside na distribuição de “direit
que a linguagem fun- Siderar os performativos uma exceção linguística e introduziu uma lia
res. O performativo determina obrigações de tal forma
“incorporando uma série de Categoria, do ato ilocucionário, que engloba o performativo como um caso
ciona como uma espécie de grande instituição,
de atos de fala socialmente particular. Nessa segunda versão da teoria, cada um de nossos enunciados te
papéis convencionais que correspondem à gama
reconhecidos”? não apenas os performativos) serve para realizar um determinado ato social
como uma que institui uma obrigação.
O que é enfatizado é a função “convencional” da linguagem E
de reprodução das rela- Se os linguistas aceitaram bem a primeira versão, muitos deles, com:
reprodução de obrigações sociais, ou seja, sua função
Benveniste, rejeitaram a segunda. Pois ela coloca a primeira teoria radical.
ções sociais já instituídas.
é inexplicavel- mente em questão. Justamente por conta disso, a linguística em geral nã
Essa segunda e fundamental condição do performativo
pós-operaísta da linguagem de tal modo que explora as possibilidades da segunda versão. Mas é isto que vamos E fuder
mente abandonada na teoria
é transformado em um
o enunciado “eu falo”, que não é um performativo,
Virno, caracteriza
“performativo absoluto” - uma forma verbal que, segundo
2. A emancipação através do performativo
a “sociedade de comunicação atual, de cima abaixo”. porque o
Mas, na realidade, “eu falo” não pode ser um performativo,
a partir da qual não se segue Judith Butler ressalta enfaticamente o que Virno negligencia: a atribuição
resultado do enunciado é uma mera informação d
“direito”, nenhuma papéis e estatutos nos quais o performativo acua os locutores.
nenhuma “obrigação”. A sentença não institui nenhum det
Nos Estados Unidos, o “performativo” é usado por ativistas que lutai
contra apornografia e o “discurso de ódio” racista. As categorias de fa
4 Paolo Virno, Quando il verbo si fa carne - linguaggDerive ioe natura umana (Torino: Bollati Boringhieri, 2009).
4 Christian Marazzi, Capitale é linguaggi o (Roma: approdi, 2002). deixam o ambiente empoeirado da universidade para irem parar no tribu-
e (Nova York: The Penguin Press, 2004). [Edição brasileira: Multidão
à Michael Hasdt e Antonio Negri, Mulitud trad. de Clóvis Marques. Rio de Janeiro: Record, 2005]. nal, De acordo com os defensores dos direitos das mulheres e das minorias
Guerra é democracia na era do império,
EN 1. Austin, How to do things with words (Oxford: Oxford University Press, 1976). [Edição brasileira: Quando
1990]. "Assim, o enunci eu falo a você
ado não é um performativo,
dizer é fazer, trad. de Danilo Marconde ti (Paris: Les éditionsMédicas,
s. Porto Alegre: Artes
de Minuit, 1981), p. 19.
performati embora sua enunciação impliqueimpl a ação da fala”,
Oswald Ducrot, “De Saussureà la philosophie du langage” in Les actes de langage (Paris: Hermann, 1972), p. 12.
7 François Recanati, Les énoncés performa
15 Ibid, p. 357.
Félix Guattari
“Eu temo que não venhamos a nos ver livres de Deus por-
que ainda acreditamos na gramáti
Friedrich Nietzsche
MAURIZIO L
ani atual.ne o sociais ou econômicas. Guattari nomeará, muito tardiamente, essa dimensão
por “credores” e teremos a função da representação
nc
íti ca fraca como àa nossa ;
ainda é democrática sê extralinguística de “função existencial”.
uma democraciai políti
cia social, por «outro lado, PE Segundo Guattari, vivemos um paradoxo e um desafio que a linguística
i os neolibi erais.i A democracia
ara os polític
de tempo integr al e, principal não sabe explicar nem identificar: “Fomos lançados em sistemas discursiv
E e nede dE e a defender as faixas salariais os
já sem na da conseguir. RR &, ao mesmo tempo, temos que lidar com focos de afirmação existencial
mente, os aposentados, aliás, que,
a o agi E por sua vez, não são discursivos
As ebações que eclodem por todo o pane afirmam (. ) Quando uma máquina de amor ou de
não exi existem alterna
iva “não A tivas” possíveis. Reed medo começa a funcionar não é por causa de frases discursivas, cognitivas
da democraciai representativa
,a ! E ou dedutivas. É imediato. E essa máquina vai progressivamente desenvolver
re afirmaçãoã de Margareth Tacl her (“there is no alternative”
para além de toda esperança dos cone
pçs diferentes meios de expressão”!
Nao se Ea
tui o único horiz Não há uma competência linguística na base da enunciação, mas uma
qu e a criaram, > a criseE da dívida, 2 cujo reembolso consti E apreensão e uma apropriação existencial de si mesmo e do mundo, e é apartir
para as próximas gerações.
ível Ê no
isso, junta do a Mi E dessa apropriação existencial/afetiva que a linguagem, o discurso, o saber, a
ai sa mais de uma via de reflexão sobre
da linguage:
Re m. c
Às semi ate narrativa, a obra e assim por diante podem existir.
ítica a àsàs funçõeõ s representativas
representaçãâo polític i às i
afirr am “representa: Eta ga À A palavra tem, então, uma dupla função: significar, comunicar, declarar
igni icantes (ling
signif i uagem, escril itura) afirm
antes RE a, “politicamente”, mas também, e principalmente, produzir agenciamentos
esdatidades de expressão ditas pré-signific Ra a etc.).
E da ciênci li de
da, as equaçõ es E a enunciação aptos a captar, a territorializar e a estender as singularidades de um
igniificantes (a moe:
cas) e a-sign
ali É entar, » da mesm:
agem pt ode acresc ade foco de subjetivação existencial capaz de lhe dar consistência epersistência.
i que sóó a lingu
falta alguma coisa
só a representação p: Por um lado, a cristalização dos processos de subjetivação “não é privi-
falta a os cidadãos e para o social alguma coisa que
Ea é , légio exclusivo da língua; todos os outros componentes semióticos, todos
ica pode trazer.
DR quan a BRR. Os outros procedimentos de codificação naturais e maquínicos contribuem
! Na realidade, tanto a “representação
uma tomada de poder que sol recodifica, ihe: para isso”? Por outro lado, a mutação subjetiva não é primeiramente discur-
,
i ituem
;
odalida
0 idade
iótiicas e as ouí itras modal des s de
D expresa
Pp! são.
o As duas siva, já que para isso ela tem que tocar o “foco da não discursividade que está
tn
subordina
i as outras semiót
ão”,
ão”, nos sister
istema s de signos e nas instituições p: ao que está no coração da subjetividade (...). Para poder fazer um relato, contar
formas de a “representaç
que tanto uma quanto a o mundo, sua própria vida, é preciso partir de um ponto que é inomináve
são solidárias, e toda ruptura política requer l,
inenarrável, um ponto de ruptura de sentido e de não relato absoluto, de
se desfaçam.
Em que condições, ão sej;
ão sejam U s da filosofia anal lítica, »dodo «estru-
aquela não discursividade absoluta”? Ao lado da função de significação e da função
i one o
a fal la e os a signos : agem no processo de “cons- denotação, Guattari introduz a “função existencial” que mesmo sendo não
i
ralismo ou do lacanismo,
ao mesmo tempo política e discursiva vai funcionar como o motor criativo da enunciação.
dedo de si” de modo a escapar à representação E [ Depois do caminho da linguística e da psicanálise estrutural-linguística
E k
i eira?
ari e de Lacan, Judith Butler reduz a subjetividade a apenas uma resultante de ope-
pr a relação entre o discursivo e o existencial, Guatt
E a rações significantes. Guattari prefere cartografar os diversos componentes de
fine os processos de subjetivação tanto no nível a : subjetivação na sua fundamental heterogeneidade, fazendo “o divórcio radi-
cial, ”, | que não é linguagei
“existenencial
aradoxalmente, ao fazer do “exist
um deslocamento qu cal entre a produção de sentido, a produção de significação, a produção prag-
sd uma condição essencial da enunciação, ele opera .
t mática e, depois, a produção de subjetividade”!
utraliza o poder da representação.
nos faz sair da ilusão do performati vo, graças à E
SE Se pai 1 Félix Guattari, “A propos des Machines”, Chimêres nº 19, p. 94.
a toda
iaçã que e: scapa at forma lizaç
izaçãoão e: EE ralal «ou aà -)
estrutu 2 Félix Guattari, Cartographies schizoanalytiques, (Paris: Galilée,
cepçãão da enunciação 1989), p. 60.
3 Félix Guattari, “Entretien avec Olivier Zahnr, Chimêres nº 23, p.58.
í g
u ra com aà linlingui
, Guattari i ra radicaliza a ruptu »
inatóriia da língua
inatór 4 À quase totalidade das citações deste capítulo foi
pe com a pragmática, ao questionar aquilo que Bakht in não Ro contrados no site da revista Chimêres, juntamente comextraída dos seminários de Félix Guattar, que podem
os artigos que ele escreveu para a revista, bem como serparaen-à
angus çÕ o úl no revista Terminal. Disponível em: <http://www.revue-chimeres.fr/drupal.
suficientemente: a relação entre linguístico e
chimeres/? |=taxonomy menu/3/236>. A
É uma linguagem da fala, que o autor não
nem às infraestrut em formação. Félix Guattari, Singularité et complexité, previa publicar, mas que nos dá a imagem de um pensamento
não pode ser reduzido à intersubjetividade (Bakhtin) Seminário de 22 de janeiro de 1985,
que chega, praticamente ao mesmo ms valor constituem a dimensão incorporal, afetiva, intensiva do
curso de Guattari é paralelo ao de Foucault, a enuncia- epa E que não é regido pelas coordenadas comuns de espaço e de
diferença de natureza entre
tempo, às mesmas conclusões: há uma ro.. O deexi encial escapa àâ determinação
e Da
de “si”, e a discursividade da prag- e à causalidade física e constitui
ção parresiástica, que exprime a afirmação “a q mo” não energético e não informacional. As transformações que
a do performativo. Nos dois casos
mática linguística, mesmo que seja aquel E o existência são incorporais e não envolvem processos energéticos
à língua, mas a lógica que as conduz
utilizamos palavras, preposições, usamos ionais, diferentemente das transformações estudadas pela ciência.
é radicalmente heterogênea.
com as significações dominan-
A constituição de si mesmo pode romper
eiro momento, significantes, discur-
tes, já que ela não considera, num prim 2. junção e conjunção do discursivo e do existencial
fetação, uma relação de força com
sos, sentido, mas uma potência de autoa
em Guattari assume uma tonalidade
ela mesma. Essa afirmação de si mesmo os Ro
A relaçãojo consigo
s”, os focos de enunciação, i mesmo constitui itui um foco existencial incorporal, uma
particular, pois o “para si” e o “para os outro is ro
amente humanos. A existência tem suja consistência, persistência e desenvolvimento
vetores de subjetivação não são exclusiv
caso, algo que não funciona de ce > )
segundo momento, » da multiplici
ultiplicidade de elementos atua-
a ver com uma lógica “maquínica”, “em todo
rsivos, mas que chamei recente- ADA es e atravessar e reconfigurar (o discursivo, o cognitivo, mas
jeito nenhum na lógica dos conjuntos discu Rs a ituições, o social, o econômico e assim por diante). A “maté
mente de existencialização”* “am j E
m funcionar de acordo com a a existencialização” utiliza a discursividade para “se parecer
As palavras e as proposições da língua pode à outra, ou de acordo EM a manifestar-se para si mesma como corpo sem órgãos, como
lógica do sentido, levando de uma referência de sentido pseuds
| de, mas que não é de fori ma alguma uma
ade,
passa pela representação, pela cons- izaçã :
com uma lógica diagramática que não de Bakhtin, temos na lógica dos conjuntos” É
o ponto de vista aro
ciência, o “eu” do sujeito. Guattari, ultrapassando
na vida do homem, introduz semióticas e Ao“ai
estaDelecer uma diferença
i de natureza entre discursivo (e o concei
para quem a palavra é quase tudo de organizar o começo da a RE ivo) e existencial, Guattari pensa não apenas a disjunção, mas
de dar início e
agenciamentos não humanos capazes nã on) oà dessas duas lógicas
ra permanece certamente um médium ógi disparates,
i “a lógica semiótica”: de
existência, a passagem ao ato: “A palav Rod lo e a “pragmática
gm ontológica”
lógica” de construçãoà de territórios
Guattari depois da itó
com mais atenção o que Deleuz e escreveu com o “não filósofeleo” dissess
5 Alain Badiou deveria lerpalmen te, o que este último escrev eu sozinh o. Isso evtar qua e inverdades
Lógica do sentido e princi é incontestável: O acontecimento, ou seja, o sentido. Desde o começo de seu livro, EaVamos erumere rapidamente i as “di“dissimetrias” entre essas duas lógicas.
como: “A fórmula de Deleuze
é uma qui imera, uma palavra-valise inconsistent “sentido-acontecimento: O que,e ma
ele forja aquilo que para mim ique provav elment e muito mais do que gostaria com o linguidtis num 8 grand o iramente, o a discursivo «e o existencial funci 'ionam a partiri dos 4 “referen- :
oa ão com que ele comun tar que o acont ecime nto perten ce ao registr o do sentido leva tudo para — ri - À dimensão Ssemiótica t ou discursiva
cursiva “ “vem de um sistema
susten
dios contemporânea. Pois , Logiques de mondes (Paris: Sil, 2006), p. 408. Guagar não só tirou Deleuze
Todo da inguagemr. Alain Badiou estruturalismo. As últimas aulas de Foucaul também desmentem as críticas que referências extrínsecas, ou seja, ela implica sempre que cada elemento seja
da psicanálise como também dosegund o as quais ele teria sistem atizado uma mais do que improvável “antropologia
fePão dirigidas por Badiou,
linguística” Ibidem, p. 44. Seminário de 3 de abril de 1984. o Pélix Guattari, Chaosmose, (Paris: Editions Galilée, 1992), p. 177.
é Fix Guattari, La crise de production de subjectivité,
cit. p. 5.
ité, op.
TO Félix Guattari, Substituer Iénonciation à lexpression,
ssiom, Semin:jário de 25 de abrilril de 1984,
1984, p. 7. 7.
7 Félix Guattari,Singularité et complex
te et champ non discursif, Seminário do 12 de março
de 1985, p. 1.
8 Félix Guattari, Machine abstrai
IRIZIO LAZZARATO
SIGNOS, MÁQUINAS, SUBJETIVIDADE 183
182
produz apenas quando há u ima mais-va
ficacional, “estamos numa rela- i liai ívei
mais” como na lógica representativa ou signi
“possibili
de executar árias inéditas, quando exi
meramos de fato. É a passagem ao ai va
ção pragmática na qual articulamos ou aglo mutações potenci
DO rãal que se instauram”* longe Fr quilíbri
og
retam processos materiais, o. Potencica
alidade
E s e possívei s
ato, é o fato que sistemas sinaléticos acar 4 . ui fa É
sociais, econômicas, subjetivas"?
liberdade do sujeito, nem à dialé-
A escolha e o ato não se referem nem à
s são maquínicos. Em Guattari, o
tica da necessidade e do acaso, pois ambo a alguma 4. A crise “atual”
maquínico não é de form
“existencial” é da ordem do maquínico e o
contrário, o maquinismo da
sinônimo de determinismo mecânico. Pelo EEO essenci:
essenc a Ea “cri
organização, de qualificação sa ro ”está está na
na incapaci
i dade das forças capitalistas em
produção do ato “consiste em produzir modos de ir
esso - uma gama de escolhas posa eexistencial; na impossibilidade de agenciar
que abrem um futuro multivalente para o proc DO imita
ogêneas, fora de conexões previstas Ene Sociais, tecnológicos atualizados e a dimen-
-, para a possibilidade de conexões heter Do Dea perad na ao da subjetividade, territórios existenciais
já codificadas, jápossíveis” ad doe . a Produção de subjetividade não se articula a um
opções, matérias de esco-
É o maquinismo, e não o homem, que produz
te que o ato não é antropomór-
lha, possíveis. É preciso, então, ter em men s de qualquer diante, + teremos,
1 mo aconte
como Raia Eae > Re
uma patologi
fico nem representativo, o que não significa que estejamos livre: E “ain
E Eis ano
da subjetivi
Eee
da voltada para seus Ro ist asa ça
responsabilidade. pie d pes
iá-la de certa forma ao seu re apego, pleno emprego, salário, trabalho, defesa
“Quando a orquídea escolhe” a vespa para assoc dea. Detrans a social e assim por diante, que deveriam se articular
a fazer parte do mundo da orquí
processo de reprodução, a vespa passa preciso dizer A ridades não E
sentação. Não é de subjetivação, pois não se abrem
Mas não é de forma alguma no modo da repre A pus,
tivo na cabeça da orquídea. Não ituem uma matéria de escolha para a subjeti-
que não há memória ou registro representa
sendo orquídea, uma expressão
existe cérebro da orquídea! E, no entanto, nça à ela. Mas o que é O fiotem
problema político consiste na articulaçãção, na concatenação dos “proces-
da vespa perte
diagramática faz com que alguma coisa q E em reta colocar em funcionamento as
situado em coordenadas espacio-tem- id so
essa alguma coisa? Isso não pode estar poral. O “aii sa de enbietivação: Se não houver essa El
movimento. É um incor
porais; isso não exige uma quantidade de peso: o
, um incorporal que é uma certa e po, Retoma O desdobramento da subjetividade
casamento vespa-orquídea desenvolve, então EO tum sites a É luxos que devem permitir “estar igualmen
des antes dessa escolha, mas a
escolha maquínica. (...) existem “nº possiblida
te
pos materiais É E E ução econômica”, social, linguística
nvolvimento evolutivo se fará, de
partir do momento que ela foi feita, o dese
etc., mas
oia e Eater dar a você a produção de subjetividade”,
agora em diante, a partir daí”.
o do maquinismo e de um tipo a (eo que resta do movimento operário) não soube
A escolha e o ato dependem ao mesmo temp
ento. Guattari cita com frequência o
de consistência que constitui o agenciam de subjetivi
pet dade que pace
entre afirmação existencial (revolu- ; ; ca, 0 a ismo contempo
ps râneo. Ele nã
exemplo de Lênin para explicar a relação e políticos. Oato o tear, o pe discursivo (econômico, social, Rena
ento coletivos sociais é
cionária) e consistência dos agenciam
situação singular existem limites, guia E Po ne, Pesctnições atuais, tanto a figura subjetiva
é “causa sui e não ex nihilo”, porque numa do
ica, um certo estado de orga
“cristais de actância” (uma certa situação polít Cruzadas ou de fazer a Revolução de OuinbrolER
etivação da classe operária) que, Reaper
nização do partido, uma certa fase de subj
determinam a consistência da “maté
mesmo que não sejam a causa do ato,
e determinismo, porque o ato se Felix Guattar, Mace tarte et champ non discursive, op. cit, p. 5.
ria de escolha”, Na esquizoanálise, não exist "Na Pesa eiaia necéneces a
RR rio outro ter +rmo, Epois
is não se trataad de uma articulação
ticulação jáj ão há discursivic
ae
idade,
e setaSo
que não
1, Igualdade da língua
revista de Jacques Ranciêre a Eric Alliez, “Biopolítica ou política?” in Multitude nº 1, 2000. Disponível em:
http://www .multitudes.net/Biopolitique-ou-politique/
MAURIZIO LA:
jeti vação átia Ao ári a a ,Ê
nciêre seu ponto de vista deslocou-se e se formulou nos seguintes termos: que dis-
radicalmente heterogênas de subjeti ã
curso de verdade o sujeito é “suscetível e capaz de dizer sobre si?”
jeti vação p: olitiá
ti , a subjeti
utralizi a a política à
étii
i is (a formaç ão
ã do
d ethos, a relaç:
SR lação consig o mesmo). A interrogação que atravessa a sua leitura da democracia grega é orientada
D
indisso Nda ethopoiesis
indissociá
ciável
insti ições, das ND por uma questão tipicamente nietzscheana que concerne, na realidade,
il
A necessidade j ar a trans formaçção das institu
de conjug os
? Foucault, Pi
O speRr o nossos dias: o que significa “dizer-a-verdade” após a “morte de Deus”? Ao
formaçãoã de si,! dos outros e da existência, constitui, para contrário de Dostoiévski, o problema não é que conduta de vida adotar
par tir de 1968. 4 Os dois oc
lítica, tal como ela se configura a se
i ar os
2 sãoão de de dois Pp projetoso Opolític
ivação sã o a expres
“tudo é permitido”, mas, sim: “se nada é verdade” como viver? Se a preocupa-
DE i
ceitos i
diferentes de
tos de Wsubjet
dt ção com a verdade consiste na sua problematização permanente, que
ê , como po: de ser facilmT ente constatado
bastante heterogêneos “vida”,
gi que poderes, que saberes e quais práticas discursivas podem sustentá-la?
i
mos as leituras que os autores fazem do funcionamentnto o da da di demo: ES
o A resposta do capitalismo para essa questão é a constituição de um
As duas aborda gens comportam diferenT ças notáveis, não ape:
esação. “mercado da vida”, em que cada pessoa adquire a existência que lhe con-
concepçãoã de polític áti a, mas também de lingua2g gem e de enunci
defini tivame nte
as que a poi E vém. Não são mais as escolas filosóficas, como na Grécia antiga, nem
Ranciêriê e, a democraciai grega demonstrou Cristianismo, nem o projeto revolucionário dos séculos XIX e XX que pro-
o
lusivo a igualda de, e que a igualda e linguís tica
tica (a igu:uald
incí il i i
ã entre Êfal. falantes) ) co) constitui a verific ação
tao põem modos de existência, modelos de subjetivação, mas as empresas,
i a ee
mínima ári para a compreen: são
necessária a
ordem do comant mídia, a indústria cultural, as instituições do Estado de bem-estar social, o
do princípio de igualdade política. A fala, seja da
RE -
I A | ação políticaca ( deve aumen seguro-desemprego.
roblema, pressupõe um acort do na linguagem.
que minimament No capitalismo contemporâneo, a governança das desigualdades está
E e efetivar essa potência de igualdade contida, ainda . estritamente acoplado à produção
gti e governança dos modos de subjetivação,
linguagem. das formas de vida. A “polícia” de
que Foucault faz dessa mesma Ea a prio hoje opera tanto através da divisão e dis-
Fatura tribuição de papéis e da repartição
ka ente, a
ári mas não sufici
içã necessária, A enui d
de política. as de funções quanto através da injunção de
itui uma condição
titui modos de vida: toda a renda, todos
ía) determina relaçõçõeses paradoc xais,e ui os benefícios e todos os salários sãoparte
i -a-verdade, parresía)
(dizer “de um “ethos” que prescreve e implica determinada conduta, ou seja, uma
nça da enunci iação n a na igualda
iguald ade l g! agem,
ade iintroduz a difere
i
é maneira de fazer e de dizer. O neoliberalismo representa, a um só tempo, o
ética”. A ação poli
que implica, necessariamente, uma “diferenciação
oici
pa xais” a que a iguald ade da in- stabelecimento de uma hierarquia fundada sobre o dinheiro, o mérito
levada adiante no contexto das “relaçõess parado com a produção herança e uma verdadeira “feira de vidas” na qual as empresas e o Estado,
e a
gua mantém com a diferença de enunciação, e a igualdade,
ubstituindo o professor ou o confessor, prescrevem como se conduzir (como
de novas formas de subjetivação e singularidade. Comer, viver, vestir, amar, falar etc.).
O capitalismo atual, com suas empresas e instituições, prescreve um cui-
ido de si e um trabalhar sobre si, ao mesmo tempo físicos e psíquicos
2. “Dizer-a-verdade” (parresía) , um
n-viver” e uma estética da existência que parecem desenhar as novas
k ' da isto é,
-a-verdade (parresía), Ee fronteiras da sujeição capitalista e da valorização econômica, que assinalam
Foucault aborda a democracia por meio do dizer um empobrecimento sem precedentes da subjetividade.
na ia e ame o E
pela apreensão da fala de alguém que se levanta
. Ao es i ar
analis a dem: ocracia, Para problematizar essas questões, as últimas palestras de Foucault cons-
i a verdade sobre os ass untos da cidade
de enunciar i
n
ássico co de um de4 seus mestre s,s Ro
Nietzsche: tituem uma ferramenta inestimável. Sua análise requer, primeiramente,
Foucault retoma o tema clássi que não se isole o ato político como tal, da forma como faz Rancire, pois,
e, ou,uai ainda mais, do “quem”O
dade, qu nah
da verdade, da vontade de verdad Fo ido Foucault, ao fazê-lo, corremos orisco de perder a especificidade do
jeito já não seS coloca nos termost iu que
A relaçãà o entre verdade e sujei
através de que prátic asRE e de que tip: poder capitalista que agencia política e ética, divisão desigual da sociedade,
ili em seu trabalho sobre o po: der:
utiliza rodução de modelos
oder procura falar a verdade sobre oO lou
louco, sobre o nq
delinq de existência e práticas discursivas. Foucault nos con-
i que
o Como o poder constituiu o “sujeito falante, o sujeito
a a manter unidas a análise de formas de subjetivação, de práticas dis-
De anos 1970, sivas e também de
A vivo” num objeto de saber? A partir do final dos “mecanismos e procedimentos destinados a conduzir
E Bo
trabalha, o sujeito
verdade, tr
da gem
brasileira: A4 cora À Michel Foucault, O governo de si e dos outros, trad. bras. de Eduardo Brandão (São Paulo: Martins
uil, Seuil, 2005), 20 5), p.p. 10. 10. [Edição[Edição brasileira:
ichel el Foucault, Foucault, LeLe c courage dede lala vérité vérité (Paris: Se2011).
2 Michel Fontes, 2010),
de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, Psppp. 169-170.
3bid, p. 10.
ni
SIGNOS, MÁQUINAS, SUBJETIVIDADI ÍZIO LAZZARATO
204
de personagens, interlocução e o logos estabelece entre he omem e animal,
i , os Cínicos ata: cam
forma da dramaturgia teatral da encenação para uma
õ
ão que se abre filosofia e da cultura grega e ocidental.
diálogo. Como funciona o processo de subjetivaç Eri náçia
és da fala e da razão.
“INlo a : , .
apena s atrav A ia a animalidade desempenhava o papel de ponto
“vida outra” e um“mundo outro”? Não
mas também corpos que enun- ão absoluta para o ser humano. O. Distinguindo-:
Distingui
Os Cínicos não são apenas “seres falantes”, imali
passa pelas cadeias significantes. dade, » o ser humai no a afirmava e manifestava a sua h humanidade.
deni ra
ciam algo, mesmo se essa enunciação não A animali-
ar) e seus desejos (se masturbar, i, mais ou menos, » um ponto de rc epulsa para ituiçã
Satisfazer suas necessidades (comer, defec r e à
ar, forçar os outros a pensa homem como ser racional e humano” PT re
fazer amor) em público, provocar, escandaliz
que convocam uma multipli- o:Os Cínira mai não ão sósó o intervalo
oi entre igualdade e desigualdade
sentir - são todas elas técnicas “performáticas”
tas m as práticas da “verdadeira vida”a” e suas instituições,
institui atravé
cidade de semióticas.
cância, as sandálias, os exposição
: de uma vidaá sem v: ergonha, Ê uma vida
O cajado, as vestes, a pobreza, a errância, a mendi i escandal. losa, uma vida
i RS que se
seu modo de vida, são moda- manifesta como um “desafio e exercício na prática da animalidade”,
pés nus etc., pelos quais os Cínicos exprimem lo, o com-
k
lidades não verbais de enunciação. Os gestos as ações, o exemp
,
cas e semióticas de expressão
portamento, a presença física constituem práti -
a fala. Nas “performan
dirigidas aos outros através de outros meios que não 8. A partilha do sensível
o denotativa e representativa;
ces” cínicas, a língua tem mais que uma funçã
ethos e uma política, ela ajuda EE pubietivação política em Ranciére, apesar da oposição entre o ético e o
ela tem uma “função existencial. Ela afirma um ari. o po ainda implica ethos e jogos de verdade. Ela requer um modo de
os termos de Guatt
a construir territórios existenciais, para usar
nhos para a virtude: o caminho longo E E Io do sujeito através da fala e da razão que pratica os jogos de ver
Na tradição grega, há dois cami agem
discurso e da aprendiz E e da o “demonstração”, > da “argument
e fácil que passa pelo “logos”, isto é, através do
; aç
ação”
ação” e da interlocuç
i ãção. Mas mesmo j
Cínic os, que é “de certa forma, iene pesar Ranciére), a política não pode ser definida como uma
escolar; e o caminho curto, mas difícil, dos
discurso, é o da prática e da ERi ecífica, porque ela se articula com a ética
mudo”. O caminho curto ou abreviado, sem
e éti itui o de
(constituiçã
sujeitorin
de razão g e de fala)pie c; om a verdade (práticas di;iscursivas i queDee!
demons-
experimentação.
linguagem e da fala, mas tram
A vida cínica é pública, não apenas em virtude da
me . É difícil ver como isso poderiai se dar de outro modo.
ana”, É uma vida “material- o se é drnpossível fazer da política um modo de ação autônomo, tam
porque se expõe na sua «realidade material e cotidi
imediato as divisões consti- |neimpossível separar a política í
mente, fisicamente pública”, que reconfigura de
do que que F. Foucault chama de « “microfísica” ,
por um lado, e a gestão «Relações de poder: pos t
tutivas da sociedade grega, o espaço público da pólis, Guattari e Deleuze acr escentaria i m que não ã se pode
mia los agenciame
: ntos maquínicos que constituem i a especifi-
privada da família, por outro.
de se instalar no intervalo le do capitalismon , » dispositivo: s que não
Não se trata de opor “logos” e “existência”, mas r ão existiam
existiam na época da democraci si cracia
instit uições. RES ren no nascimento da democracia representativa moderna
entre eles a fim de interrogar modos de vida e uma vida 1 E:
, exceto como E ismos da “partilha do sensível” que organizam a distribuição de
Para os Cínicos, não pode haver vida verdadeira
ência manifestação de siplás-
, papéis (a divisão de classes entre a burguesia que possui a fala e o proleta.
outra que é, “ao mesmo tempo, forma de exist
, convicção e persuasão através E que apenas emite ruído, entre a “gente bem nascida” e o “ninguém
tica da verdade, mas também demonstração E
co) so a
oo modo Re subjetivação (“nós/eles”
a 2»
), exprimem um poder molar 5
do discurso”
râneas (Virno, Butler, “e a e codifica
d as relações micropolít
eoóp
Como a maior parte das teorias críticas contempo i icas ou maquínicas
íni , em que
traz um viés logocêntrico. Apesar oa o o humanos E além da “partilha do sensível”, e Gu só
Agamben, Michon, Zizek), a de Rancire
estamos na dependência e no eo de pesto,as, esujeitos individuados. - AÀ “partilh:
“partilha
das críticas que ele dirige a Aristóteles, ainda do sensível”
ivel? parece
o homem como o único animal que , regime pré-capitalista no qual as r ões sã
quadro de formulações do filosófo grego: que
Atacando a “partilha” assinalava Marx, relações pessoais.
tem a linguagem, e animal político por possuí-la. E raro
BS Ibid, p. 244.
24 Michel Foucault, Le courage de la vérité, op. cit. p. 288.
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pd ye sdno8 au jo Áouajsisuoo o s ULIOJ 9U,, 9UTUIPXO 0) SASNja1 AH
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