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Os novos “Condores”

No poema “Navio negreiro”, Castro Alves traz a imagem de uma


condor que julga, do céu, um comportamento humano. Assim como a ave
citada, a mídia dita muitos comportamentos e promove a criação de heróis
nacionais. Isso advém do seu grande poder persuasivo o qual, todavia, pode
fantasiar o verdadeiro agir dessas pessoas.
O meio midiático tem capacidade preponderante de influenciar os
indivíduos. Segundo Émile Durkheim, a mídia consegue formar diversos
modos de pensar e moldá-los. Tendo isso em vista, celebridades e políticos
podem se tornar heróis por meio do poder de circulação da mídia e também
conquistam aceitação popular, promovendo-se. Dessa forma, ela se
configura como um meio seletivo de indivíduos julgados como heróis ou
não.
Entretanto, o instrumento de comunicação midiático pode esconder
ou “romantizar” as ações dos ditos heróis. Essa situação é vista no “Poema
em Linha Reta”, de Fernando Pessoa, no qual mostra a vida fingida contra
a realidade. Assim, a mídia – muitas vezes – apresenta um ideal irreal de se
agir em detrimento da verdade dos fatos. Então, ela cria “semideuses” e
fantasia a realidade.
Portanto, o meio midiático é importante para o surgimento de heróis,
o que nem sempre implica no agir real, mas no idealizado. Logo, infere-se
que os chamados heróis – muitas vezes – não o são e só foram assim
julgados pelos novos “condores”.

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