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Soberania:
1
Dicionário de política.
2
Dicionário de política.
3
Dicionário de política.
finalidade seria reunir numa única instância o monopólio da força num determinado
território e sobre uma determinada população e, com isso, realizar no Estado a máxima
unidade e coesão política.”4
Paz e Guerra como elementos reveladores da natureza dúplice da soberania: “Na idade
Moderna com informação dos grandes Estados territoriais, fundamentados na unificação
e na concentração do poder, cabe exclusivamente ao soberano, único centro de poder, a
tarefa de garantir a paz entre os súditos de seu reino e uni-los para a defesa e o ataque
contra o inimigo estrangeiro”.6
Natureza Interna: “O soberano moderno procede à eliminação dos poderes feudais, dos
privilégios dos Estados e das categorias, das autonomias locais, enfim dos organismos
intermediários, com sua função de mediador político entre os indivíduos e o Estado”.7
Natureza Externa : O governo tem por fim último, “tem por obrigação eliminar toda a
guerra privada, dos duelos às lutas civis, a fim de manter a paz, essencial para enfrentar
a luta com outros Estados na arena internacional. Externamente cabe ao soberano
decidir acerca da guerra e da paz: isto implica um sistema de Estados que não tem juiz
algum acima de si próprios (o Papa ou Imperador), que equilibram suas relações
mediante a guerra mesmo sendo esta cada vez mais disciplinada e racionalizada pela
elaboração através de tratados do direito internacional”8.
4
Dicionário de política.
5
Dicionário de política.
6
Dicionário de política.
7
Dicionário de política.
8
Dicionário de política.
Soberania para Bodin9 (jurista): Para Bodin o poder de fazer e anular leis seria o único
núcleo essencial da soberania, porque abrangeria todas as demais formas de poder e as
ordens emanadas deste poder seria “a força de coesão capaz de manter unida toda a
sociedade”. Crítica a Bodin: A supervalorização do poder legislativo pode conduzir o
Estado à realidade do direito vazio, isto é, do direito sem poder desequilibrando a
relação entre direito e força.
Soberania para Hobbes10 (Cientista Político): “Evidencia (...) o tipo de poder coagente
como sendo o único a ter condições de impor determinados comportamentos e que
representaria o único meio adequado do fim, o de se fazer obedecer”. Crítica a Hobbes:
A exacerbação do monopólio da força ou da coerção física pode conduzir à existência
de um poder sem direito, comprometendo o difícil equilíbrio entre direito e força.
Características da Soberania:
ABSOLUTA: É absoluta porque não sofre limitações legais (das leis), até porque estas
limitações requisitariam a existência de um poder superior (à soberania) para as impor .
9
Jurista francês.
10
Filósofo inglês.
11
Filósofo Suíço.
12
Filósofo inglês.
INALIENÁVEL, IMPRESCRITÍVEL E INDISPONÍVEL : A soberania não é
alienável, não prescreve e não é disponível, porque deriva do poder de “imperium”, não
do poder de “dominium”, que deriva da prosperidade.
INDIVISÍVEL: Há uma divergência sobre esta característica, porque quem afirma que a
soberania é elemento indivisível aduz que ela só pode ser exercida por um único
governante, entretanto, a teoria clássica do Estado Misto pressupõe que a validade das
leis depende do consentimento das demais categorias do estado.
Povo: Não é necessariamente aquele que habita um território, isto é população. Povo
apresenta laços intersubjetivos, como cultura e língua.
Caráter ideológico da noção de povo: Bonavides alerta : “Esse conceito político de povo
prende-se evidentemente a uma concepção ideológica: a das burguesias ocidentais que
implantaram o sistema representativo e impuseram a participação dos governados,
desencadeando um processo que converteria estes de objeto em sujeito da ordem
política”;
Com o Estado Moderno o direito e a política são reduzidos a uma forma jurídica de
exercício de poder.
CONSTITUCIONALISMO
A ideia de ordem suprema advém antes mesmo das primeiras constituições escritas,
como por exemplo, o Jusnaturalismo, que considerava determinados direitos – direitos
naturais – como irrenunciáveis, de modo que o direito posto (escrito) deveria
obediência, não podendo contrariá-los.
Häberle13 define Constituição como ordem jurídica fundamental do Estado e da
sociedade, ou seja, não puramente trata da estruturação do Estado. A estrutura de ambos
– sociedade e Estado – é protegida pela Lei Maior, inclusive contra a vontade da
maioria.
Hesse14 identifica a jurisdição constitucional como preservadora do direito e
controladora dos atos da Administração Pública.
O Constitucionalismo inglês não se apoia totalmente no Poder Constituinte, mesmo
quando originário, este não inicia a ação ignorando os direitos já adquiridos. Como
exemplo, Locke afirma o direito de resistência do povo em caso de tirania ou dissolução
do governo.
O Estado Liberal é de Estado de Direito, assim o Estado Social e Estado Democrático
de Direito são Estados de Direito. Isto porque, todos se submetem à Constituição, ainda
que sejam diferentes.
13
Jurista alemão.
14
Jurista alemão.
Desse modo, o Estado de Direito anterior ao atual, embora tivesse uma Lei Maior que
ordenasse sua estrutura (divisão de poderes, legalidade, independência dos tribunais),
não havia a contenção efetiva do poder, sendo possível a lei ser usada como instrumento
de dominação, como por exemplo, a Alemanha Nazista.
Bruce Akcerman15 diz “o primeiro grande tema do constitucionalismo moderno é a
democracia; o segundo é a sua limitação.”
O traço marcante do Constitucionalismo é jurídico e se refere a subordinação das leis à
uma Lei Maior, ou seja, a Constituição de um Estado. O princípio da legalidade formal
se transforma no princípio da estrita legalidade substancial ou princípio da
constitucionalidade, significando que a norma só é válida e vigente, se seu conteúdo não
contradiga princípios e direitos fundamentais previstos na constituição.
ESTADO ABSOLUTISTA
Durante os séculos XVI e XVII a Europa serviu de cenário para numerosas guerras
religiosas, principalmente entre protestantes e católicos, culminando na superação da
tentativa de se fundar governos em aspectos religiosos. Exemplo: paz de Westfália de
1648.
O Estado Absolutista surge conjuntamente com a teorização do Estado Moderno neste
mesmo período.
Demarca a separação de Estado e Igreja, o Poder Soberano emana do Monarca. Este
ponto é crucial que demonstra a separação, pois em período anterior o poder era divino,
ou seja, Deus era quem escolhia o Monarca governante; no Estado Absolutista a
soberania se fixava no Monarca enquanto ser humano e integrante de linhagem nobre.
Isto ocorreu, porque quando a Europa era formada por um conjunto de Feudos, o poder
do Monarca era apenas ficto e sofria forte influencia da Igreja. Descontentes com a
desorganização política que impedia a formação de um Estado que protegesse seus
interesses, os Senhores Feudais com o dinheiro advindo do comércio, financiaram esta
separação com esperança de tomar parte do poder para si. Porém, embora agora
pertencessem a classe da Burguesia, os Senhores Feudais ainda estavam à margem do
Poder, que se concentrou no Monarca e na Nobreza e, ainda, sofria forte influência da
Igreja.
15
Jurista americano.
O Estado Moderno europeu surgiu sob a forma historicamente determinada de
organização do poder político e cujo aspecto primordial que o distingue das demais
organizações anteriores é a progressiva centralização do poder por uma instância cada
vez mais abrangente (demarcação de limites estatais à sociedade feudal), por intermédio
do princípio da territorialidade.
Max Weber16 atribuiu natureza política a essa centralização do poder ao reconhecê-la
como “monopólio da força legítima”.
A criação do Estado Moderno deriva essencialmente da contraposição entre o
policentrismo do poder político e a busca da centralização deste mesmo poder.
O Estado somente é capaz de se desvincular da necessidade de legitimação do poder
político pela Igreja Católica em razão da contraposição de dois aspectos da doutrina
secular: a) a busca do universalismo pela Respublica Christina; b)a afirmação do valor
espiritual sobre o político, mas com o reconhecimento de certa autonomia aos interesses
mundanos advindos das novas relações econômicas (formação da burguesia e
fortalecimento do comércio) e sociais (reordenação das classes requisitantes de novos
direitos).
O poder pessoal dos senhores feudais sucumbe lentamente à estruturação de um
conceito de soberania estatal. É a transição do senhorio terreno à soberania territorial.
A promessa de um governo mundano contribuiu para a aspiração da concretização das
expectativas sociais independentemente de normas morais e promessas divinas.
Resumo: “a distinção entre o espiritual e o mundano, inicialmente introduzida pelos
Papas para fundamentar o primado da Igreja, desencadeou agora sua força na direção do
primado e da supremacia política” – Pierangelo Schiera17.
O Estado passa a ser colocado como elemento indispensável a garantia de segurança e
paz dos súditos, mas cujo funcionamento pressupõe a centralização do poder político-
administrativo.
O objetivo primordial do Estado passa ser a garantia de paz, a erradicação dos conflitos
sociais e a normalização das relações de força por um monarca capaz de dizer o direito.
O Estado Absolutista acumulava as funções administrativas, junto ao rei
(gubernaculum) sem a limitação deste poder e, também, o dever de administrar a
justiça (iurisdictio) limitado de acordo secundum legem, ainda assim, eram nulas as
garantias do indivíduo perante as ações do Estado. Havia um predomínio da vontade do
16
Jurista alemão.
17
Professor italiano.
Estado e da vontade da sua legislação, ainda que solapasse todos os direitos dos
Administrados enquanto indivíduos.
É nesse contexto que Jean Bodin (1530-1596) e Thomas Hobbes (1588-1679)
justificaram o poder estatal soberano (absoluto, indivisível e permanente). A pretensão
absolutista traduzia-se em uma filosofia do Estado que atribuía a um soberano plenos
poderes, limitados apenas pela sua própria razão, moderação ou magnanimidade, mas
não pelo Direito. Em 1628, começa, em terras inglesas, a derrocada do absolutismo,
com a submissão do rei a limites expressos no Petition of Rights. Após período
extremamente perturbado, o golpe final foi desferido pela Revolução Inglesa de 1688.
Em função da Revolução Gloriosa dá-se posse a Guilherme de Orange sob um novo
regime, o da supremacia do Parlamento, e com poderes limitados pela Bill of Rights de
1689. Em John Locke (1632-1704), especialmente através de sua obra Dois Tratados
sobre o Governo Civil (1690), fincam raízes essas idéias de que a lei positiva ancorada
na vontade popular (e não o monarca absoluto, como em Hobbes) é o caminho
adequado para a consolidação de um poder legítimo, retrato da sociedade do momento.
Resgata-se então o mesmo ideário grego inicial, o da limitação do poder.18
Posteriormente, com o declínio deste Estado e o surgimento de garantias a direitos
individuais, inicia-se o controle dos atos e decisões administrativas, pois a
Administração está submetida a Constituição, devendo considerar em sua atuação a
normatividade do texto constitucional, garantindo assim que os direitos fundamentais
não fossem suprimidos.
18
Marcelo Lamy sobre o declínio do Estado Absolutista.
tiers État?, defendeu que o povo era o depositário da verdadeira vontade nacional. O
povo insuflado, auto-proclamou-se Assembléia Nacional, em 17 de junho, e, sob o
impacto da insurreição popular, em 9 de julho, Assembléia Constituinte. Ademais, em
14 de julho, o novo poderio popular fez-se valer: derrubou a Bastilha, símbolo
incontestável do domínio agora rejeitado. O terceiro estado (o povo, antes alijado pela
nobreza e pelo clero) torna-se, portanto, a nova razão da limitação. Não é a mera
soberania do parlamento, mas a soberania popular que justifica o ideário de limitação
do poder.19
O Poder e o Governo se encontram limitados pelo direito, com respeito às pessoas e aos
seus direitos. Limita-se o poder e se mantém a ordem por meio de constituições. É
produto de revoluções burguesas (inglesa, francesa e americana).
ESTADO LIBERAL
19
Marcelo Lamy sobre a transição de Estados.
Tem como características principais:
1. Estado mínimo
2. Legalidade estrita
3. Desregulamentação da economia
1.Tecnologia têxtil
2.Exército de mão de obra
3.Precarização da condição humana
Restou óbvio que o Estado Mínimo preconizado pelas classes interessadas na economia
sem regulação estatal, levou a uma crise social e a crise da própria economia.
Com a superação do supracitado Estado, surgem as primeiras medidas protetivas
direcionadas aos direitos fundamentais de segunda geração.
ESTADO SOCIAL
Surgiu no pós-I Guerra, também prezando pela garantia de liberdade, porém ampliou a
igualdade no sentido social. Pode ser exigido do Estado, por exemplo, saúde, proteção
social, solidariedade nacional, instrução, cultura, etc.
A proteção mínima, oferecida a alguns grupos ocupacionais e socialmente mais
beneficiados, se estende ao máximo, agora a todos os cidadãos podem exigí-la. Isto
resultou da incapacidade do mercado de regular as relações econômicas, precisando da
intervenção do Estado para regulá-la, assim como regular as relações sociais. A
Constituição de Weimar de 1919 e Mexicana de 1917 são exemplos de constituições do
Estado Social.
1. Ditaduras
2. Paternalismo
3. Burocracia
4. Hipertrofia estatal e abuso de poder
5. Regulamentação econômica
1. Indústria automobilística
Exemplos:
1. Protocolo de Ushuaia sobre compromisso democrático no MERCOSUL, Bolívia e
Chile, que estabelece que a manutenção do regime democrático é condição para a
integração ou para gozo de todos os direitos no mecanismo (Decreto 4210, de
24.04.2002)
2. Protocolo de Assunção sobre compromisso com a proteção dos Direitos Humanos do
Mercosul (Decreto 7225, de 01.07.2010)
3. OEA: O artigo 9º da carta da OEA a “suspensão da participação dos estados sem
restabelecimento da democracia representativa”
20
Publicista alemão.
Direitos e Deveres dos Estados, referem-se respectivamente o dever de proteger direitos
fundamentais e também prestar determinados direitos para a consecução da dignidade
da pessoa humana.
1. Direitos Básicos:
• Defesa da integridade e independência;
• Provimento da conservação e prosperidade;
• Organização interna (legislação, jurisdição e administração)
• Exercício de sua soberania (principio da não-intervenção)
• Direito à liberdade de determinação (dos rumos da sociedade)
• Direito de exercício de jurisdição sobre quem esteja em território nacional
(nacional estrangeiro) – art. 9º Convenção de Montevidéu/1933
• Igual acesso aos organismos internacionais e focos de resolução de controvérsias
2. Deveres Fundamentais:
Aqui se entende como Estado aquele que há submissão de todas as leis à Constituição.
Não se resume no entanto apenas a formalidade ou materialidade do direito
escrito/legislado à Constituição.
O Estado Constitucional é uma evolução do Estado de Direito, pois assegura a proteção
dos direitos fundamentais, frente a ação tanto do Estado, quanto de particulares.
Embora desde o Estado Liberal o Estado Moderno seja considerado Constitucional,
separamos aqui como Pós-positivista por entendermos que a Constituição é o parâmetro
para todas as decisões, tanto quando advindas do Judiciário, quanto da Administração
Pública.
Entendemos também que novos paradigmas devem reger as decisões, pois estas
obrigatoriamente devem ser a constitucionalmente adequada.
21
SANTOS, Boaventura De Sousa. A gramática do tempo...Op. Cit., p. 50 -53.
22
SANTOS, Boaventura De Sousa. A gramática do tempo...Op. Cit., p. 51.
23
IBIDEM, p.57.
que esteja deslocado persiste e nenhum lugar é posto em dúvida; das coisas humanas
que se tornam totalmente transparentes porque se sabe tudo o que deve ser sabido; do
completo domínio sobre o futuro — tão completo que põe fim a toda contingência,
disputa, ambivalência e consequências imprevistas das iniciativas humanas.24
24
BAUMAN.
25
Boaventura de Sousa Santos.
ação ou comportamento administrativo, seja por medidas fáticas que permitam garantir
o exercício daquelas liberdades protegidas.
Enquanto que na constituição a tripartição dos poderes e a respectiva organização e
normas de procedimento são a imagem do Estado, os direitos fundamentais compõem a
imagem da sociedade. A dimensão objetiva dos direitos fundamentais (referida ao
direito positivo objetivamente considerado) vez que as constituições escritas, rígidas e
dotadas de longas cartas de direitos de todas as gerações, atribuem às constituições a
qualidade de norma jurídica e, como tal, normativamente constitutiva das realidades
jurídicas de que trata, dentre as quais a democracia. Se, como afirma Bonavides com
acerto ao que nos parece, um dos traços marcantes do positivismo jurídico
(paleojuspositivismo, positivismo formal e legalista) é a redução da constituição à
condição de uma lei técnica de organização do poder e exteriorização formal de
direitos que limitam aquele poder, o que acaba por conferir ao legislador ordinário um
poder ilimitado para dispor sobre o Direito, na ambiência do Estado constitucional de
direito dotado das características já mencionadas, a atuação do legislador está
juridicamente condicionada pelos limites e vínculos tanto formais quanto substanciais
definidos na norma constitucional.26
26
Calil de Freitas.
27
Terminou o Absolutismo e aumentou o poder do parlamento.
privilégios e a ordem estamental. O estado serve para aperfeiçoar direitos e prevenir
sua limitação indevida, as liberdades existiam antes do Estado.
O modelo estatalista surge na Europa continental no século XIX. Pretendeu superar o
individualismo revolucionário do modelo anterior. As liberdades são protegidas após a
formação do Estado e pelas leis.
A utilização da expressão geração dos direitos fundamentais é criticada por vários
autores, já que dá a ideia de cronologia, parecendo, erroneamente,[...] de que uma
geração mais recente finda necessariamente por substituir uma mais antiga. Porém
ocorre que os direitos fundamentais protegidos anteriormente aos outros não
desaparecem, somam-se as novas previsões constitucionais:
É interessante notar e referir, para concluir-se o presente tópico, que os autores que
sugerem a utilização da expressão dimensões, sempre a utilizam acompanhada de
alguma adjetivação. Assim, por exemplo, Schäfer propõe: “À primeira geração
corresponde a dimensão negativa dos direitos fundamentais. Num segundo momento
histórico, estes direitos ganham a companhia dos direitos da segunda geração, os quais
correspondem à dimensão prestacional dos direitos fundamentais. Num terceiro
momento, agregam-se os direitos fundamentais de terceira geração, que se
caracterizam pela dimensão difusa. Os direitos fundamentais, assim, seriam
classificados, a partir do elemento histórico, em três dimensões: a) a dimensão
negativa (direitos fundamentais de primeira dimensão); b) dimensão prestacional
(direitos fundamentais de segunda dimensão); c) dimensão difusa (direitos
fundamentais de terceira dimensão). Como é fácil notar, os adjetivos negativa,
prestacional e difusa são atributos que dizem respeito à forma como os direitos
fundamentais produzem seus efeitos. Quando referimos forma como são produzidos os
efeitos pretendemos significar propriamente quais efeitos são produzidos. Se relativos à
dimensão de defesa (não impedimentos, não afetações ou não eliminação de posições
jurídicas) ou se relativos à dimensão prestacional (direitos à prestações normativas,
direitos à organização e ao procedimento ou direitos à prestações materiais).29
Calil de Freitas propõe Tudo considerado afigura-se adequado propor-se a
permanência do emprego do termo geração sempre que estejamos nos referindo ao
momento histórico do surgimento e o contexto jurídico e sócio-político em que
despontou, ou seja, da teleologia do direito fundamental e, de conseguinte, de seu
conteúdo evidente. Por outro lado e concomitantemente, a utilização da expressão
dimensão deve ser reservada para referir o modo como os efeitos estão sendo
produzidos, e ainda quais sejam os efeitos produzidos por um determinado direito
28
Calil de Freitas
29
Calil de Freitas.
fundamental em um determinado caso concreto, consideradas além da teorética
jusfundamental, as circunstâncias fáticas relevantes.
Não é demais lembrar que a aglutinação do Estado Social ao Estado Liberal clássico
engendrou o declínio do normativismo legalista em meados do século XX. Os direitos
fundamentais em especial, assim como as normas constitucionais com estrutura de
princípio, no geral, passaram a ser consideradas como diretivas materiais, aptas à
produção de efeitos jurídicos e dotadas de conteúdo que vincula não apenas de forma
negativa – dever de não agir contra os direitos fundamentais, como era praxe no
Estado Liberal, sob pena de inconstitucionalidade por ação -, como também positiva –
dever de agir em favor da concretização dos direitos fundamentais, sob pena de
inconstitucionalidade por omissão – todos os órgãos encarregados de funções estatais
(de legislação, administração e jurisdição). Dessa forma, os direitos fundamentais além
de produzirem efeitos no âmbito do direito subjetivo de seus titulares, atuam na
perspectiva objetiva do Direito, vez que se constituem em normas supremas do
ordenamento jurídico dado seu status constitucional.30
30
Calil de Freitas.
As hipóteses de restrição derivam da interpretação da Constituição da Suíça: 1. Deve ter
fundamento em uma base legal; 2. Deve ser feita em prol do interesse público ou com
intuito de proteger outros direitos fundamentais; 3. Limitação deve ser proporcional e 4.
O direito fundamental não pode ser totalmente aniquilado em sua essência.
Abboud considera cinco requisitos para restrição de um direito fundamental no Brasil:
1. Restrição tem que ser constitucionalmente autorizada; 2. Limitação deve ser
proporcional; 3. Atender o interesse social, privilegiando desse modo outros direitos
fundamentais; 4. Deve ser exaustivamente fundamentado e 5. O ato do poder público
poderá ser amplamente revisado pelo Poder Judiciário (artigo 93, IX, CF/88).
31
Jurista alemão.
que algo seja realizado na maior medida possível, dentre das possibilidades jurídicas
reais e existentes”.
Discordando de Alexy, Dworkin32 entende que o direito é um ramo (branch) da moral,
entre eles há uma interconexão.
Lênio Streck33 se baseia em Dworkin, dizendo que entre direito e moral há
cooriginariedade, embora exista especificidades de cada um e sejam autônomos, o
discurso jurídico é também moral.
Luigi Ferrajoli34 traz ainda outra visão acerca de direito e moral. Ele aponta que várias
teorias jurídicas sobre direito constitucional floresceram após a II Guerra, desse modo
criou dois grandes modelos para analisa-las: 1. Constitucionalismo principialista e 2.
Constitucionalismo garantista.
Dentro do principialista encaixa teorias pós-positivista e neoconstitucionalistas. Todas
prezam pela superação do Positivismo, além de conectarem direito e moral e
reconhecerem o papel dos princípios na concreção do direito.
Dentro do garantista, modelo adotado por Ferrajoli, entende o movimento pós-Guerra
como aperfeiçoamento do Positivismo. O novo modelo agregou, ao Positivismo já
existente, os direitos e garantias fundamentais, inclusive estes sendo parâmetros para
atuação de todos os Poderes. A separação da moral e do direito, inclusive garante a
existência do pluralismo moral e multiculturalismo, pois diferentes origens e crenças
conviveriam pacificamente dentro do mesmo Estado.
32
Jurista americano.
33
Jurista brasileiro.
34
Jurista italiano.
Assim, a norma é constituída pelo programa normativo e pelo âmbito normativo. O
primeiro se refere ao teor literal e o segundo abarca os elementos não linguísticos, ou
seja, abarca a realidade social que o primeiro deve regulamentar.
Desse modo, a norma não é o está escrito, norma é a interpretação da letra da lei
aplicada ao caso concreto que a caracteriza como norma jurídica.
Partindo do entendimento anterior resta evidente que a vontade da lei ou a vontade do
legislador não pode ser estática ao tempo que foi escrita. A história do momento da
criação e a história do momento em que está sendo aplicada são diferentes, sendo que a
norma jurídica só será tangível quando do aparecimento do caso concreto.
Isto também influencia a sentença, que nada mais é “dizer o direito daquele que pede”,
pois a norma não pode apenas ser extraída do sentido literal da lei ou existir solução
anterior ao caso concreto.
Hermenêutica Constitucional
35
Teólogo alemão.
36
Jurista alemão.
37
Jurista alemão.
38
Jurista italiano.
O analítico, próximo da filosofia anglo-saxã, admite a polissemia dos significados
produzidos pela linguagem, sendo que é possível determinar a pureza linguística dos
enunciados partindo de uma análise lógica.
O grupo continental, cujas posições filosóficas advinham da Europa continental, avança
na hermenêutica jurídica, considerando uma dimensão mais profunda de linguagem,
abarcando o aspecto teórico e prático da linguagem.
Heidegger39 produziu uma transformação significativa com o Linguistic Turn (Giro
Linguístico), que supera o esquema sujeito-objeto a partir do vínculo entre pensamento
e linguagem.
Para este filósofo, a hermenêutica é utilizada para compreender o ser
(facticidade/passado) do Ser-aí (homem) e permitir a abertura para onde ele encaminha
(existência – modo de ser do Ser-aí). Assim o caráter ôntico voltado para o
entendimento de textos, abrange agora uma dimensão ontológica para entender o Ser-aí.
O que estas análises resultaram foi que se superou a ideia de que primeiro interpretamos
e então entendemos, agora é possível afirmar que compreendemos para interpretar. E,
também que a hermenêutica passou de ciência ou arte para filosofia prática.
Gadamer40 introduz o pensar historicamente e é resultado de um compreender. Resulta
também na transformação dos conceitos do passado quando pensados no presente.
Ao interpretar um primeiro sentido no texto, o intérprete faz uma leitura já com carga de
conhecimento e entendimentos prévios, porém isto não macula a compreensão, esta
sofrerá constante revisão, na medida em que se aprofunda e amplia o sentido. Também
o interprete deixará que o próprio texto lhe diga significados, mesclando com o
entendimento do intérprete. Caso o entendimento do intérprete seja dissonante com o
texto, outros sentidos mais autênticos devem ser buscados.
O pós-positivismo supera o positivismo de Kelsen justamente por entender que norma e
texto normativo são distintos, além de não cindir realidade e direito. Esta forma de
entender o direito contemporâneo, sob a égide do Estado Democrático de Direito,
comporta diversas abordagens e teorizações, sendo já consolidado que a norma é o
resultado da correta interpretações dos enunciados jurídicos, a partir de uma dada
realidade (fato ocorrido).
O simples reconhecimento dos princípios constitucionais não define o direito como pós-
positivista, pois seu reconhecimento não significa a efetividade de sua proteção. Embora
39
Filósofo alemão.
40
Filósofo alemão.
o texto normativo exista ante casu, a norma surge com o caso concreto, sendo uma
verdadeira teoria estruturante do direito41, vinculando a normatividade ao acontecimento
fático, sendo que a máxima “cada caso é um caso” se realiza plenamente e garante uma
aplicação adequada da norma para cada caso específico.
Reconhecendo a norma surgida junto ao caso, a simples subsunção do direito do texto
normativo ou silogismo42, embora considerado um cumprimento do requisito do
princípio da legalidade ao supostamente obedecer o texto da lei, não produz a norma
constitucionalmente adequada ao caso concreto, pois sua solução surgiria antes da sua
fundamentação motivada. Desse modo, qualquer entendimento vinculante (súmulas,
precedentes, pareceres) é uma verdadeira afronta à aplicação do direito, pois deveriam
ser considerados apenas textos dos quais gerariam normas apenas a partir do caso
concreto, evitando decisões uniformes pra casos supostamente iguais ou semelhantes,
além de arbitrárias e também disfarçadas de atos formais.
O giro linguístico43, precursor da formação da teoria do pós-positivismo, aplicado ao
direito também supera o positivismo, pois que considera o direito uma linguagem e,
dessa forma, o direito não é mera ferramenta, ou seja, o direito não pode dizer o que o
aplicador deseja. O direito também não é norma abstrata, ou vontade dela mesma ou do
legislador, ela é norma a partir do caso concreto.
Nesse sentido a norma é a soma de seu programa normativo (elemento linguístico) e de
seu âmbito normativo (recorte da realidade social), ou seja, soma-se a historicidade do
próprio direito com a realidade em que deverá ser aplicado.
Em suma, ao proferir uma decisão, a Administração Pública ou o Judiciário devem
considerar cada caso como único e dizer a partir dele o direito e, também, este direito
dito deve ser o constitucionalmente mais adequado, restando o ato imotivado ou sem
fundamentação se assim não o fizerem.
41
Teoria atribuída ao doutrinador alemão Friedrich Müller.
42
Silogismo aristotélico.
43
Vide Hans-Georg Gadamer e Martin Heidegger.
foi aprovada pela maioria da população. Ou seja, a contramajoritariedade está em cassar
lei que possui excessos cometidos pela maioria.
Os direitos fundamentais não podem ser restringidos sob o argumento de interesse
público. Eles são constituídos não apenas em favor de indivíduos, mas sim em razão de
sua função social e ser fundamento da democracia e fazer parte da própria estrutura do
Estado. É uma fusão de interesse público e interesse privado, uma vez lesionado afetará
o indivíduo ou grupo de indivíduos e também o interesse público.
Dworkin44 denomina direitos fundamentais como direitos no sentido forte contra o
governo, eles o limitam e ainda protegem o indívíduo ou grupo de indivíduos contra
eventuais maiorias particulares ou políticas.
44
Jurista americano.
Mesmo aqueles que se assemelham às regras (ao dar as condições de sua presença, a
hipótese abstrata), não apresentam as conseqüências de sua apresentação, a sanção.
Streck baseia-se em Dworkin para a construção da teoria da decisão, assim a aplicação
da norma deve se dar livre das convicções pessoais, deve ser dar de acordo com os
princípios constitucionais.
PODER CONSTITUINTE
O que é Poder Constituinte?
EMENDAS CONSTITUCIONAIS
Limitações:
1. material
- forma federativa
- voto direto, secreto, universal e periódico
- separação dos poderes
- direitos e garantias individuais
Emenda tendente a abolir e até a deliberação tendentes a abolição são vedadas. Caso
haja movimentação nesse sentido, pode qualquer Parlamentar impetrar Mandado de
Segurança para paralisar as deliberações.
Podem ser objetos de emendas quando for para ampliar ou reforçar seu conteúdo
fundamental.
2. circunstanciais
Não pode atuar durante o estado de sítio, estado de defesa e intervenção federal.
3. Formais
3.1 Legitimados:
45
Artigo 60
- Presidente da República
- 1/3 dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal
- mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, cada uma
delas, manifestando pela maioria relativa de seus membros.
3.2 Processo:
A CF/88 tem eficácia normativa, isto é, tem capacidade de produzir efeitos jurídicos.
José Afonso aduz que “não há norma constitucional destituída de eficácia”, pois
possuem pelo menos 2 efeitos:
1. Eficácia Plena – produz seus efeitos com a entrada em vigor da Constituição. Sua
aplicabilidade é imediata, direta (não precisa de norma regulamentadora)e integral (ao
aplicar não sofrem limitações ou restrições).
46
Artigo 3434, VII, a e b
47
Artigo 60, § 4º, I a IV
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO - FUNÇÕES EXECUTIVA, LEGISLATIVA E
JUDICIÁRIA
ORGANIZAÇÃO NO BRASIL:
PODER LEGISLATIVO
Função típica: Legislar e fiscalizar. Assim cabe a este poder formular leis, sempre
respeitando o processo legislativo disposto na CF/88.
Função atípica: Dispor sobre sua própria organização (executiva) e Senado julga o
presidente nos crimes de responsabilidade (judicial)
ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO
Em âmbito federal, o Legislativo é bicameral, composto pelo Senado Federal e a
Câmara dos Deputados, ambos formam o Congresso Nacional.
Nos Estados, Distrito Federal e Municípios o Legislativo é unicameral, sendo
respectivamente denominados Assembleia Legislativa, Câmara Legislativa e Câmara
Municipal.
FUNCIONAMENTO
SENADO FEDERAL
DAS COMISSÕES
Órgãos colegiados que tem função de apresentar estudo das proposições apresentadas na
forma de parecer à Casa em que integra antes de deliberação plenária.
Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e
temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo
regimento ou no ato de que resultar sua criação.
§ 1º Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto
possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que
participam da respectiva Casa.
§ 2º Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a
competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa;
II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;
III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos
inerentes a suas atribuições;
IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa
contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas;
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;
VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de
desenvolvimento e sobre eles emitir parecer.
PROCESSO LEGISLATIVO
CF/88
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração
e consolidação das leis.
LEIS ORDINÁRIAS
FASES:
INTRODUTÓRIA: - Iniciativa
CONSTITUTIVA: - Deliberação
- Votação
- Sanção/Veto
COMPLEMENTAR: - Promulgação
- Publicação
INICIATIVA:
CONSTITUTIVA
48
Art. 61.
49
ART. 93
50
Art. 96, II
51
Art. 61, § 1º, II, d c/c art. 128, § 5º.
52
Art. 61, § 2º. Regulamento: Lei 9.709/98. EX: Lei 11.124/05 e LC 135/10.
SANÇÃO/VETO
Veto: Sempre motivado. Prazo de 48h para comunicar o Presidente do senado Federal
sobre o Veto e seu fundamento.
Análise do Veto se dará em 30 dias, podendo ser derrubado pela maioria absoluta dos
Deputados e Senadores (sessão conjunta) em votação secreta.
LEIS COMPLEMENTARES
LEIS DELEGADAS
Não podem ser objetos de Lei delegada: matéria de competência exclusiva do CN,
privativa da Câmara ou do Senado, Matéria de LC, organização do Judiciário ou MP,
nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais, planos plurianuais e
orçamento.
MEDIDAS PROVISÓRIAS
1º Relevância
e
2º Urgência
Matérias vedadas: Art. 62, § 1º. Também detenção ou sequestro de bens, de poupança
popular ou qualquer outro ativo financeiro; matéria de lei complementar; matéria de
projeto de lei aprovada pelo CN, pendente de veto ou sanção.
Produz efeitos imediatos. Efeitos por 60 dias, prorrogáveis por mais 60 uma única vez.
A Casa Iniciadora sempre será a Câmara e a Revisora sempre o Senado. A comissão de
análise será mista.
RESOLUÇÃO
DECRETOS LEGISLATIVOS
Art. 49 CF/88.
PODER EXECUTIVO
STF
Espécies
- ainda recebe nomes como: incidental, concreto, via de exceção ou defesa, aberto.
Por resolução, o Senado Federal pode suspender a execução de lei ou ato normativo,
declarado definitivamente inconstitucional pelo STF em controle difuso:
1. é ato discricionário
2. não há prazo
3. irretratável
4. somente ocorre em controle difuso
5. pode suspender leis municipais, estaduais ou federais.
6. para a maioria da doutrina, o efeito é ex nunc.
- erga omnes
- ex tunc
- vincula todo o Judiciário e Administração Pública em todas as esferas.
- não vincula o próprio STF e o Legislativo para evitar a fossilização da Constituição.
Objetivo: sanar controvérsias judiciais entre juízes de primeiro grau, tribunais, órgãos
do Poder Judiciário e Administração Pública. Sanar impasse interpretativo ou de
validade.
Medida cautelar: suspende os julgamentos que envolvam a lei ou ato normativo por 180
dias.
Objeto:
- qualquer ato ou omissão do Poder Público que cause lesão ou ameace preceito
fundamental.
- leis ou atos normativos federais, estaduais ou municipais ou distritais, inclusive
anteriores a CF/88, desde que haja relevante controvérsia judicial na aplicação.
- inclui atos administrativos e decisões judiciais.
- STF tem posicionamento que não cabe ADPF contra veto presidencial e súmulas.
- ADPF e ADIN são fungíveis.
Medida Cautelar: - por maioria absoluta do STF, desde que haja urgência, relevância ou
perigo de lesão grave
- suspende os julgamentos que tem o ato atacado como objeto.
PROCESSO CONSTITUCIONAL
AÇÕES CONSTITUCIONAIS
HABEAS CORPUS
Origem: origina-se das conquistas liberais, concedido por João Sem Terra, em 1215 na
Inglaterra e formalizado no ano de 1679 pelo habeas corpus act. A princípio não tratava
de locomoção, mas de devido processo legal. No mesmo ano de sua formalização, foi
realizado o habeas corpus amendment act que passou a tratar de liberdade. No Brasil
surgiu em 1832 no Código de Processo Criminal.
Cabimento: qualquer ato ilegal ou abuso de poder que afete o direito de locomoção.
A tutela é obtida por ordem judicial, juiz ou Tribunal, que faz cessar a ameaça ou
coação.
Exemplo: em ação penal coação ilegal: a) não houver justa causa; b) prisão por mais
tempo que a determinada; c) incompetência da autoridade que ordenou a coação; d)
cessado o motivo que autorizou a coação; e) não admitida fiança em casos que deveria
ser admitida; f) processo nulo; g) extinta a punibilidade.
Espécies:
- liberatório
- preventivo
- suspensivo
Legitimidade:
Procedimento:
MANDADO DE SEGURANÇA
Restrições:
1. não pode ser impetrado quando houver recurso administrativo com efeito suspensivo.
2. não pode ser impetrado enquanto caber recurso com efeito suspensivo de decisão
judicial.
3. não pode ser impetrado se a decisão judicial transitou em julgado.
4. não pode ser impetrado contra lei em tese.
5. não pode ser impetrado contra matéria privada, de cunho particular das Casas
Legislativas.
Competência
Cabimento
MANDADO DE INJUNÇÃO
Objetivo: sempre que houver falta total ou parcial de norma regulamentadora que torne
inviável o exercício de direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes
a nacionalidade, soberania e cidadania.
Legitimado passivo: Poder, órgão ou autoridade com atribuição para editar norma
reguladora.
Procedimento: O impetrado será notificado para prestar informações em 10 dias. O MP
se manifestará também em 10 dias. Reconhecida o pedido será determinado prazo
razoável para a edição da lei e estabelecer as condições que será exercido o direito em
caso de não editada a lei.
O efeito será limitado as partes e perdurará até o advento da edição da lei. É possível
atribuir efeito erga omnes quando indispensável ou inerente ao exercício do direito.
HABEAS DATA
Objetivo: proteger a esfera íntima dos indivíduos contra a) usos abusivos de registros de
dados pessoais coletados por meio fraudulentos, desleais, ilícitos; b) introdução nesses
registros de dados sensíveis (origem racial, opinião política, filosófica ou religiosa,
filiação partidária e sindical, orientação sexual); c) conservação de dados falsos ou com
fins diversos dos autorizados em lei.
Legitimidade ativa: qualquer pessoa, natural ou jurídica para ter informações a seu
respeito.
Competência
Procedimento
Antes do pleito judicial, o Impetrante deve requer a informação administrativamente. A
entidade terá 48 horas para decidir sobre o fornecimento da informação. Depois, mais
24 horas para comunicar a decisão. Havendo recusa ou decurso do prazo de 10 dias,
contados do conhecimento para impetrar o habeas data.
O Juiz ordenará a notificação do Impetrado para que preste informações em 10 dias.
Concluso para julgamento, a decisão deve se dar em 5 dias.
AÇÃO POPULAR
Legitimidade ativa: cidadão, capacidade eleitoral ativa e em dia com suas obrigações
eleitorais. Deve-se juntar o título de eleitor e a ação poderá ser proposta em qualquer
localidade.
Procedimento:
O prazo para a propositura é de 5 anos, contados da realização do ato impugnado. Cabe
Liminar. Pode ser preventiva ou repressiva. Finda a instrução probatória o juiz deverá
prolatar sentença em 15 dias, sob pena de justificar o atraso, nos próprios autos, para
que não seja excluído da lista de promoção por merecimento e perda dos dias de atraso
para a contagem por antiguidade.
DIREITO DE PETIÇÃO
DIREITO DE CERTIDÃO
O STF julga recurso ordinário, quando Tribunal Superior profere decisão denegatória
em habeas corpus, mandado de segurança, habeas data e mandado de injunção. A
análise dos Tribunais Superiores é originária do tribunal, por isso a análise da questão se
deu em única instancia.
Também compete ao STF julgar o ROC advindo de julgamento de crime político (atenta
efetiva ou potencialmente contra soberania nacional e estrutura política) da Justiça
Federal.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
RECURSO ESPECIAL
Endereça-se o recurso especial ao STJ quando julgado válido ato de governo local
contestado em face de lei federal.
LIMITES CONSTITUCIONAIS A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
O texto normativo não é norma, ele contém normatividade que será concretizada com o
caso concreto, serve como baliza para a interpretação53, que deverá ser condizente com
o programa da norma e o âmbito normativo, bem como de acordo com as predileções
constitucionais.
Assim, ainda que exista hierarquia de texto normativo, as normas surgidas a partir delas
não possuem hierarquia, pois surgem junto com o caso concreto, rememora-se aqui que
nenhuma norma, interpretação ou aplicação pode ser contrária a Constituição Federal.
Toda ação da Administração deverá estar de completo acordo com a Constituição
Federal, ou seja, mesmo quanto o ato é discricionário, a incidência da norma
constitucional não permite que a decisão, embora aceite diversas alternativas dentro e
permitida pela lei, seja constitucionalmente a menos adequada, sempre se busca a
maximização do melhor resultado constitucional. O mesmo ocorre com o ato vinculado,
que além de ser obrigatoriamente o estritamente o disposto em lei, a melhor
interpretação do texto para gerar a norma a ser aplicada é a constitucionalmente mais
adequada.
Retornando a discricionariedade, ela é excessivamente discricionária, quando ultrapassa
os limites legais ou desvia o poder, não correspondendo a autorização determinada em
texto normativo. Desse modo, o uso indevido da discricionariedade ocorre também
quando há violação de princípios constitucionais e direitos fundamentais, ou seja,
afronta diretamente as garantias fundamentais, sendo flagrantemente inconstitucional
este ato. O ato discricionário passa a ser vinculado quando se tratar de direitos
fundamentais, tanta é a importância das garantias constitucionais.
A limitação do poder público pelo texto constitucional se espalha por todos seus
princípios, ou seja, toda a atuação administrativa, historicamente consolidada após o
advento da Constituição de 88, deverá ser conformada pelas limitações dela decorrentes,
especialmente quando se tratar de direitos fundamentais. Assim, o interesse público não
é superior ao particular, isto porque o interesse público não pode estar acima das
garantias fundamentais, a interpretação de que o seria é de um tempo anterior a teoria
53
Entendimento de Friedrich Müller sobre pós-positivsmo
constitucional contemporânea, a proteção dos direitos fundamentais é de interesse da
sociedade como um todo.
Estando a Administração perante uma inconstitucionalidade é obrigada a exercer o
controle, a própria Constituição possui abertura do controle pela própria
administração54. O Poder Público também tem a obrigatoriedade de motivar seus atos de
acordo com a Constituição, sob pena de eivá-los de inconstitucionalidade, tendo o dever
de declará-los nulos e proferir uma decisão constitucionalmente adequada.
54
Artigo 66, § 1º CF