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Geometria

analítica
vetorial
licenciatura em
matemática

Ministério da Educação - MEC


Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior
Universidade Aberta do Brasil
Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Ceará
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Universidade Aberta do Brasil
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
Diretoria de Educação a Distância

Licenciatura em Matemática

Geometria Analítica Vetorial

Marcos Antônio de Macedo

Fortaleza, CE
2008
Créditos
Presidente Equipe Arte, Criação e Produção Visual
Luis Inácio Lula da Silva Benghson da Silveira Dantas
Ministro da Educação Davi Jucimon Monteiro
Fernando Haddad Diemano Bruno Lima Nóbrega
Germano José Barros Pinheiro
Secretário da SEED
Hommel Almeida de Barros Lima
Carlos Eduardo Bielschowsky
José Albério Beserra
Diretor de Educação a Distância José Stelio Sampaio Bastos Neto
Celso Costa Larissa Miranda Cunha
Reitor do IFCE Marco Augusto M. Oliveira Júnior
Cláudio Ricardo Gomes de Lima Navar de Medeiros Mendonça e Nascimento
Pró-Reitor de Ensino Renato Furtado de Mesquita
Gilmar Lopes Ribeiro Roland Gabriel Nogueira Molina
Diretora de EAD/IFCE e Equipe Web
Coordenadora UAB/IFCE Aline Mariana Bispo de Lima
Cassandra Ribeiro Joye Antonio de Pádua Madeiros Alves Filho
Benghson da Silveira Dantas
Vice-Coordenadora UAB
Fabrice Marc Joye
Régia Talina Silva Araujo
Luiz Alfredo Pereira Lima
Coordenador do Curso de Lucas do Amaral Saboya
Tecnologia em Hotelaria Marcos do Nascimento Portela
José Solon Sales e Silva Ricardo Werlang
Coordenador do Curso de Samantha Onofre Lóssio
Licenciatura em Matemática Tibério Bezerra Soares
Zelalber Gondim Guimarães Thuan Saraiva Nabuco
Elaboração do conteúdo Revisão Textual
Marcos Antônio de Macedo Aurea Suely Zavam
Colaborador Nukácia Meyre Araujo de Almeida
Marília Maia Moreira Revisão Web
Equipe Pedagógica e Design Instrucional Débora Liberato Arruda Hissa
Ana Claúdia Uchôa Araújo Saulo Garcia
Andrea Maria Rocha Rodrigues Logística
Cristiane Borges Braga Francisco Roberto Dias de Aguiar
Eliana Moreira de Oliveira Secretários
Gina Maria Porto de Aguiar Vieira Breno Giovanni Silva Araújo
Jane Fontes Guedes Francisca Venâncio da Silva
Lívia Maria de Lima Santiago
Auxiliar
Luciana Andrade Rodrigues
Zuila Sâmea Vieira de Araújo
Regina Santos Young
Maria Tatiana Gomes da Silva
Carla Anaíle Moreira de Oliveira
Catalogação na Fonte: Etelvina Marques (CRB 3 – Nº 615)

M141g Macedo, Marcos Antônio de.


Geometria analítica vetorial / Marcos Antônio de Macedo; Coordena-
ção Cassandra Ribeiro de Oliveira e Silva. - Fortaleza: UAB/IFCE, 2008.
123p. : il. ; 27cm.

ISBN 978-85-475-0005-4

1. GEOMETRIA ANALÍTICA 2. VETORES (MATEMÁTICA) I. Silva,


Cassandra Ribeiro de Oliveira e. (Coord.) II. Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Ceará - IFCE III. Universidade Aberta do Brasil IV.
Título.
CDD – 516.3
Apresentação 7
Referências 123
Currículo 124
SUMÁRIO
AULA 1 Introdução a vetores 8
Tópico 1 Sistema de coordenadas tridimensional 9
Tópico 2 Introdução a vetores 14
Tópico 3 Decomposição no plano e no espaço 21

AULA 2 Produto interno 28


Tópico 1 Representação geométrica do produto interno 29
Tópico 2 Expressão cartesiana do produto interno 33
Tópico 3 Duas aplicações tradicionais do produto interno 38

AULA 3 Produto vetorial 43


Tópico 1 Produto vetorial 44
Tópico 2 Produto misto 51
Tópico 3 Demonstrações das propriedades 56

AULA 4 Reta 61
Tópico 1 Equações da reta 62
Tópico 2 Posições relativas entre duas retas 67
AULA 5 Plano 72
Tópico 1 Equações do plano 73
Tópico 2 Complemento sobre planos 80

AULA 6 Distâncias 84
Tópico 1 Distância envolvendo ponto e reta 85
Tópico 2 Distâncias envolvendo ponto e plano 91

AULA 7 Cônicas 96
Tópico 1 Elipse e círculo 97
Tópico 2 Hipérbole e parábola 102

AULA 8 Transformação de coordenadas 109


Tópico 1 Translação de eixos de coordenadas 110
Tópico 2 Rotação de eixos de coordenadas 114

6 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
APRESENTAÇÃO
Caro(a) aluno(a),

A disciplina Geometria Analítica Vetorial tem como objetivo familiarizar o aluno com os conceitos
fundamentais da Geometria Analítica e Vetores, fornecendo-lhe um conjunto de ferramentas
que permitam avançar nas disciplinas de Cálculo Diferencial e Integral, Física e Álgebra Linear.

A disciplina está estruturada em duas partes: vetores e geometria analítica. Na primeira parte,
são introduzidas as propriedades e operações com vetores de maior relevância, considerando
que o estudo desses elementos é de fundamental importância para compreensão e
entendimento da geometria analítica.

Na segunda parte, é realizado um estudo acerca das retas e dos planos no espaço
tridimensional, utilizando-se como ferramentas básicas as principais operações e
propriedades dos vetores, além de uma abordagem sobre transformação de coordenadas.

No desenvolvimento dos conteúdos, procuramos seguir sempre uma ordem lógica na


apresentação dos temas. Dessa forma, pretendemos facilitar e fornecer condições para que
os próprios alunos avancem de modo progressivo no domínio da disciplina.

Como parte de sua avaliação, você deverá resolver, ao final de cada aula, um conjunto de
exercícios cujo grau de complexidade aumenta de forma gradativa desde os conceitos mais
básicos aos mais complexos.

A partir de agora, convido-os a viajar nesse mundo da geometria analítica.

Bons estudos!

Marcos Antônio de Macedo

APRESENTAÇÃO 7
AULA 1 Introdução a Vetores

Caro(a) aluno(a),

Nesta aula será introduzido o conceito geométrico e analítico de vetores, os


quais serão utilizados como ferramenta imprescindível nas aulas subsequentes,
permitindo a você, a formação de uma visão espacial dentro da geometria analítica
tridimensional.

Objetivos

• Introduzir a linguagem geométrica de vetores coligada às técnicas algébricas


que envolvem coordenadas
• Desenvolver uma visão integrada com os problemas de geometria resolvidos
por meio de técnicas algébricas

8 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
TÓPICO 1 Sistema de coordenadas
tridimensional
O bjetivos
• Apresentar a ferramenta básica para o estudo da
geometria analítica e vetores
• Identificar um ponto no sistema de coordenadas
tridimensionais

N este tópico será abordado o sistema de coordenadas retangulares


tridimensionais (ou sistema de coordenadas cartesianas), elemento
básico e ferramenta fundamental no estudo da geometria analítica.
A palavra cartesiano se deve a René Descartes, conhecido como Cartesus. No
sistema cartesiano, x recebe o nome de abscissa, y de ordenada e z o nome de cota.

1.1 SISTEMA COORDENADO RETANGULAR TRIDIMENSIONAL


Vimos na geometria analítica plana que, para localizar um ponto no plano,
são necessários dois números reais, ou seja, qualquer ponto do plano pode ser
facilmente representado como um par ordenado (a,b) de números reais, onde a é a
coordenada x e b é a coordenada y. Para localizar um ponto no espaço, precisamos
de três números reais (a, b, c).
Para representar um ponto no espaço,
precisamos, primeiramente, fixar um ponto
0, chamado de origem, e três retas orientadas
sa i b a ma i s! ortogonais entre si passando por 0, que
Conheça mais sobre o renomado matemático denominamos eixos coordenados 0x, 0y e 0z,
acessando o site https://educacao.uol.com.br/ como ilustrado na figura 1.
biografias/rene-descartes.htm.

AULA 1 TÓPICO 1 9
Figura 1 – Sistema de eixos cartesianos

Cada dupla de eixos determina um plano coordenado. Portanto temos três


planos coordenados: o pano x0y ou xy, o plano x0z ou xz e o plano y0z ou yz,
como mostra a figura 2. Os três planos se interceptam dividindo o espaço em oito
regiões, cada uma delas chamada octante. O primeiro octante é determinado pelos
eixos positivos (figura 2).

Figura 2 - Planos coordenados

A cada ponto P do espaço vai corresponder uma terna (a, b, c) de números


reais, chamadas coordenadas de P e denominadas abscissa, ordenada e cota,
respectivamente. Para se determinar as coordenadas de P, procedemos da seguinte
forma:
Baixamos por P uma perpendicular ao plano xy determinando o ponto P’ (projeção
ortogonal de P sobre o plano xy). As coordenadas de P’ no plano xy representam
as duas primeiras coordenadas de P que são a e b. A terceira coordenada de P
(coordenada c) marcada no eixo z a partir da origem representa a distância de P ao
plano xy, como mostra a figura 3.

Figura 3 – Coordenadas de um ponto no espaço

10 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
O produto  x  x  = {(x, y, z) x, y, z ∈  } é o conjunto de todas as
triplas ordenadas de números reais e é denotado por 3. Existe uma correspondência
bijetora entre cada ponto P do espaço e triplas ordenadas (x, y, z) no 3, que é
chamado sistema coordenado retangular tridimensional.
Note que, se um ponto pertence a um
plano coordenado, uma de suas componentes é
nula. Em particular:
gua rde b e m isso ! • O ponto (0, y, z) pertence ao plano yz.
Em geometria analítica bidimensional, o gráfico • O ponto (x, 0, z) pertence ao plano xz.
de uma equação envolvendo x e y é uma curva • O ponto (x, y, 0) pertence ao plano xy.
em ²; na geometria analítica tridimensional, Se o ponto pertence a um eixo coordenado,
uma equação que envolve x, y e z representa uma duas de suas componentes é nula. Em particular:
superfície em ³. • O ponto (0, 0, z) pertence ao eixo 0z.
• O ponto (x, 0, 0) pertence ao eixo 0x.
• O ponto (0, y, 0) pertence ao eixo 0y.
Vejamos os exercícios resolvidos a seguir.

Exercício Resolvido
1. Que superfícies de 3 são representadas pelas seguintes equações?
a) x = 4 b) z = 5

Solução:
a) a equação x = 4 representa o conjunto {(x,y,z) / x = 4} que é o conjunto
de todos os pontos de  com coordenada x = 4 . Isso representa um plano paralelo
3

ao plano yz interceptando o eixo x no ponto (x, 0, 0), como mostra a figura 4a.
b) a equação z = 5 representa o todos os pontos de 3 com coordenada z = 5
. Isso representa um plano paralelo ao plano xy interceptando o eixo z no ponto (0,
0, z), como mostra a figura 4b.

Figura 4a – O plano intercepta o Figura 4b – O plano intercepta o


eixo x no ponto (4,0,0) eixo x no ponto (0,0,5)

AULA 1 TÓPICO 1 11
1.2 DISTÂNCIA DE DOIS PONTOS
A fórmula bastante conhecida para a distância entre dois pontos em um
plano pode ser estendida para a seguinte fórmula tridimensional.
d(A,B) = AB = Dx2 + Dy2 + Dz2 em que A(x1 , y1 , z1 ) e B(x2 , y2 , z2 )
Para justificar esta fórmula, vamos construir um paralelepípedo, onde A e B
são vértices opostos e as faces são paralelas aos planos coordenados. Se A(x1 , y1 , z1 )
e B(x2 , y2 , z2 ) são vértices do poliedro (como indica a figura 5), então temos:
AC = x2 - x1 CD = y2 - y1 BD = z2 - z1

Figura 5 – Distância entre A e B no espaço

Como os triângulos ABD e ACD são retângulos, duas aplicações do teorema


de Pitágoras nos fornecem:
2 2
AB = AD + BD 2

2 2 2
AD = AC + CD
Combinando as duas equações, vem...
AB 2= AC 2 + CD 2 + BD 2
AB 2= x2 - x1 2
+ y2 - y1 2
+ z2 - z1 2

AB = x2 - x1 2
+ y2 - y1 2
+ z2 - z1 2

fazendo Dx = x2 - x1 , Dy = y2 - y1 e Dz = z2 - z1 temos,
AB = Dx 2 + Dy 2 + Dz 2

Exercícios resolvidos
1. Qual a distância do ponto A(2, -1, 7) ao ponto B(1, -3, 5)?

Solução:
AB = (2 - 1) 2 + ( - 1 + 3) 2 + (7-5) 2
AB = 1 + 4 + 4 =3

12 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
2. Determine a equação da esfera de centro no ponto C(a, b, c) e raio r.

Solução:
A esfera, por definição, é o conjunto de todos os pontos P(x, y, z) cuja
distância a um ponto fixo C é uma constante r.
O ponto C pertence à esfera se, e somente se, PC = r , ou seja
r = (x - a) 2 + (y - b) 2 + (z - c) 2
(x - a) 2 + (y - b) 2 + (z - c) 2 = r 2
Em particular, se o centro é o ponto (0, 0, 0), a equação da esfera fica
x 2 + y 2 + z 2= r 2

Vimos como identificar um ponto no sistema de coordenadas tridimensionais


através de suas coordenadas e também como calcular a distância entre dois pontos
no espaço.
A seguir faremos uma introdução sobre o estudo de estudos.

AULA 1 TÓPICO 1 13
TÓPICO 2 Introdução a vetores
O bjetivos
• Introduzir a noção de vetor
• Identificar e realizar operações básicas com vetores no plano

N este tópico apresentaremos o conceito de vetor e faremos uma


abordagem, ainda que superficial, de suas operações do ponto de
vista geométrico.
O termo vetor surgiu na mecânica com o engenheiro Flamengo Simon Stevin
(O Arquimedes Holandês) quando apresentou, em 1586, o problema da composição
de forças e enunciou uma regra através de experimentos para se determinar a
soma de duas forças aplicadas a um mesmo corpo, conhecida hoje como regra do
paralelogramo.
Assim como a força, certas grandezas,
além de um número real para indicar sua
intensidade, precisam de uma direção e um sai b a mai s !
sentido (Por exemplo: velocidade, aceleração, Acesse ao site https://brasilescola.uol.com.br/
etc.) Tais grandezas são denominadas grandezas biografia/simon-stevin.htm para conhecer mais
vetoriais. Outras grandezas ficam bem definidas sobre a vida de Simon Stevin.
apenas por um número real, acompanhado
logicamente de sua unidade de medida
correspondente (exemplo: 13 kg de massa, 30ºc de temperatura etc). Tais grandezas
são denominadas grandezas escalares.

14 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
2.1 DEFINIÇÕES
i) Em um segmento orientado XY, chama-
®
se vetor v (figura 6) o conjunto infinito de todos

ate nção! os segmentos eqüipolentes a XY. Cada segmento


orientado do conjunto é chamado imagem
Dois segmentos são equipolentes quando têm
geométrica ou representante do vetor.
a mesma direção, o mesmo sentido e o mesmo
comprimento.

Figura 6 – Conjunto de segmentos eqüipolentes

sa i ba ma i s! Notações
1. Uma seta em cima de uma letra minúscula.
O Matemático Hermann Grassmann é conhecido ® ® ® ® ®

pela sua contribuição no desenvolvimento do


Exemplos: a, b , c , . . . v, w

Cálculo Vetorial Geral, que possibilita o uso de 2. Uma letra minúscula sobrelinhada. Exemplos:
um número qualquer de dimensões. a, b , c, ... v , w .
3. Dois pontos que são origem e extremidade do
vetor.


Figura 7 - Na representação xy = x − y , x é a origem e y a extremidade do representante do vetor v

Essa última notação é devida ao matemático alemão H. Grassmann (1809-


1877) e apresenta uma certa vantagem na prática das aplicações das operações
algébricas com vetores.
®
4. Uma terna ordenada de números reais v = ( x1 , y1 , z1 ) que representa a
extremidade de um vetor cuja origem é o ponto 0(0, 0, 0) do sistema de coordenadas
tridimensionais.

AULA 1 TÓPICO 2 15
ate n ç ão !
Quando já estiver fixado o sistema de coordenadas,
o representante de um vetor é aquele cuja origem
coincida com a origem do sistema.


Figura 8 - v = ( x1 , y1 , z1 )
®
ii) Módulo de um vetor v , indicado por v , representa o comprimento do
vetor. Por exemplo:

Figura 9 - v = 6 u.c

iii) Vetor nulo apresenta direção e sentido arbitrários e módulo igual a zero.
O vetor nulo tem coordenadas (0, 0, 0) e sua representação geométrica é a origem
do sistema de coordenadas.
iv) Vetor unitário é o vetor de módulo igual a 1.
®
v) Versor de um vetor v é o vetor unitário de mesma direção e sentido de
®
v.

® ®
Figura 10 – u é o versor de v

®
v ® ® ®
Observe que u = . Generalizando temos: Se u é versor de v , então
® 3
® v
u= .
v
® ® ®
vi) O vetor oposto de AB é o vetor BA indicado por - AB . Em outras
® ®
palavras, o vetor oposto de AB possui mesmo comprimento e direção de AB ,
porém sentido contrário.

→ ®
- AB é o oposto de BA
Figura 11−

16 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
vii) Dois vetores são colineares quando apresentam mesma direção.
De acordo com o exposto até o presente momento, concluímos que podemos
associar o conceito de vetor à ideia de translação. A mesma ideia não se transfere
para retas paralelas, tendo em vista que elas apresentam posições fixas. Portanto
duas retas paralelas e distintas jamais serão colineares.
® ® ®
viii) Três vetores u, v e w são coplanares quando tiverem representantes
paralelos ao mesmo plano.

® ® ® ® ® ®
Figura 12 – u , v e w são coplanares. Figura 13 – u , v e w não são coplanares

2.2 OPERAÇÕES COM VETORES DO PONTO


DE VISTA GEOMÉTRICO
As operações envolvendo vetores são
tradicionalmente efetuadas de duas formas
gua rde b e m isso !
equivalentes. Uma delas, mais analítica, veremos
Dois vetores são sempre coplanares, enquanto no tópico 3 desta aula. A segunda, com um
três vetores podem ou não ser coplanares.
caráter mais geométrico que apresentaremos a
Convenção: O vetor nulo é paralelo a qualquer
seguir.
vetor e coplanar a qualquer conjunto de vetores
coplanares.
2.2.1 Multiplicação por escalar
®
Seja uma constante K e um vetor v . O
®
produto da constante pelo vetor é o vetor k v , que possui as seguintes características:
®
a) Se k>0, o vetor k v terá a mesma direção e sentido de v e terá módulo
igual a k . v (cf. figura 14).
®
b) Se k<0, o vetor k v terá a mesma direção, porém sentido contrário de v e
terá módulo igual a k . v (cf. figura 15).

AULA 1 TÓPICO 2 17
→ → → →
Figura 14 – u = 3. v Figura 15 – u = −3. v

(mesma direção e sentido) (mesma direção e sentido contrários)

2.2.2 Adição de vetores


Geometricamente, a soma de dois vetores
® ® ® ® ®
u e v é o vetor s = u + v com origem na origem
de um dos vetores e extremidade na extremidade
do outro vetor, como mostra a figura 16. ate n ç ão !
Sabemos que o paralelogramo apresenta duas
diagonais distintas. Para a regra do paralelogramo
determinado pelas representantes de e de mesma
origem A, adota-se a diagonal que contém o ponto

®
A. A regra do paralelogramo é muito utilizada na
Figura 16 – A soma s representa a diagonal de um paralelogramo
composição de forças em Física.
cujos lados são os vetores u e v

2.2.3 Diferença de vetores


® ® ® ®
A diferença entre os vetores u e v é igual à soma de u com o oposto de v ,
® ® ® ® ®
ou seja: u - v = s = u + (- v ). Veja o esquema na figura abaixo.

Figura 17 – Representação geométrica da diferença de dois vetores

Exercícios resolvidos
® ®
1. Dados os vetores u e v da figura, mostrar um representante do vetor:
® ®
a) u - v
® ®
b) v - u
® ®
c) u - 2 v

18 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
Solução:
a) b)

c)

® ®
2. Determine o módulo do vetor soma dos vetores u e v , ortogonais, tais
® ®
que u =3 e v =4.

Solução:
Tendo em vista que os vetores são ortogonais, consideremos dois
® ®
representantes de u e v de mesma origem e em seguida aplicamos a regra do
paralelogramo.

Aplicando o Teorema de Pitágoras no triângulo ABC, vem


® ® ® ® ® ® ® ®
= 42 + 32 = 25 Þ
2 2 2 2
u+ v = u + v Þ u+ v u+ v = 25

AULA 1 TÓPICO 2 19
Estudamos vetores do ponto de vista
geométrico, no caso, eles eram representados
por segmentos de reta orientados. A partir do
próximo tópico, apresentaremos uma outra ate n ç ão !
forma de representá-los: os segmentos orientados
Quando os vetores não forem ortogonais, basta
estarão relacionados com os sistemas de eixos
usar a lei dos cossenos.
cartesianos do espaço.

20 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
TÓPICO 3 Decomposição no plano
e no espaço
O bjetivos
• Definir combinação linear
• Introduzir o conceito de base canônica
• Definir operações com vetores representados por ponto
no plano e no espaço

O conceito de combinação linear é central tanto na geometria analítica


quanto na álgebra linear e dele dependem vários outros conceitos,
inclusive o conceito de decomposição de vetores no plano, que
é uma ferramenta bastante utilizada na Física quando se pretende determinar as
componentes de uma força que atua num corpo.

3.1 DECOMPOSIÇÃO DE UM VETOR NO PLANO


® ®

Dados dois vetores v1 e v2 , não colineares, qualquer vetor v do plano pode
® ®
ser decomposto segundo as direções de v1 e v2 , ou seja, existem dois números
® ® ®
reais k1 e k2 tais que v = k1 v1 + k2 v2 , como mostra a figura abaixo.
® ® ®
Observe que v é uma combinação linear dos vetores v1 e v2 , e o conjunto
{ } { }
® ® ® ®
v1 , v 2 é chamado de base do plano. Assim, qualquer conjunto e 1 , e 2 de
vetores não colineares constitui uma base do plano.

® ® ®
Figura 18 – Decomposição de v nas direções de v 1 e v 2

AULA 1 TÓPICO 3 21
3.2 COMBINAÇÃO LINEAR DE VETORES
® ® ® ®
Sejam os vetores v1 , v2 , v3 , . . ., v n e os números reais k1 , k 2 , k3 , . . . , k n .
® ® ® ® ® ® ® ®
Diz-se que v é combinação linear de v1 , v2 , v3 , . . . , v n se v = k1 v1 + k2 v2
® ®
+...+ k n v n . Observe que v representa a soma vetorial dos múltiplos escalares de
® ® ® ®
v1 , v2 , v3 , . . . , v n .
® ® ® ® ® ®
Por exemplo, se v = 2v1 + 3v2 - 5v3 , então v é combinação linear de v1 ,
® ®
v2 e v3 .
Uma base é dita Ortonormal, se seus vetores forem ortogonais e unitários. Há
infinitas bases ortonormais no plano x0y e, vale destacar, uma delas chamada base
canônica (figura 19). A base canônica é formada por vetores cujos representantes
têm origem em 0 e extremidades nos pontos (1, 0) e (0, 1), cujas representações são
® ®
i e j , respectivamente.

Figura 19 – Base canônica

Vimos que umas das formas de se representar um vetor é através das


coordenadas do ponto de sua extremidade quando a origem é o ponto 0 do plano
® ®
cartesiano. Assim, temos i = (1, 0) e j =( 0, 1).
Seguindo essa linha de raciocínio, podemos concluir que qualquer vetor do
® ®
plano x0y é uma combinação linear dos vetores i e j . Vejamos a figura 20:

→ → →
Figura 20 – ( v = x i + y j )
® ® ® ® ®
x i é a projeção ortogonal de v na direção i e y j a projeção de v na
®
direção de j .
® ® ® ® ® ®
v = x i + y j ( v como combinação linear de i e j )
® ®
v =(x, y) (expressão analítica de v1 )

22 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
3.3 OPERAÇÕES
® ®
Seja v1 = (x1 ,y1 ) , v 2 = (x2 ,y2 ) e k um número real diferente de zero.
a) Adição
→ ®
v 1 + v2 = (x1 ,y1 ) + (x2 ,y2 ) = (x1 + x2 , x2 + y2 )
Exemplo:
(2, -3) + (1, -2) = [(2 + 1) , (-3-2)] = (3, -5)
b) Multiplicação por k

k (x1 , x2 ) = (kx1 , kx2 )


c) Igualdade
v 1 =v 2 ⇒ (x1 ,y1 ) = (x2 ,y2 ) Þ x1 = x2 e y1 = y2

Exercício resolvido
® ® ® ® ®
Sejam v1 = ( 5, 2 ) e v 2 = ( 1, 6 ) , calcule s = v1 + v2 e represente no
plano cartesiano.

Solução:
® ® ® ®
s = v1 + v2 Þ ( 5, 2 ) + ( 1, 6 ) Þ ( 6, 8 ) Þ s = ( 6, 8 )

® ®
Figura 21 - Diagonal do paralelogramo formado pelos vetores v1 e v2
®
Observe que s é a diagonal do paralelogramo.

3.4 VETOR DEFINIDO POR DOIS PONTOS


Em algumas situações, o vetor é representado por um segmento orientado
que não parte da origem do sistema de coordenadas.
® ®
Sejam os vetores OA = (x1 , y1 ) e OB = (x2 , y2 ) não colineares. De acordo
com a figura abaixo, temos:
® ® ® ® ® ® ®
OB = OA+ AB Þ AB = OB - OA Þ AB = (x2 , y2 ) - (x1 , y1 )
®
Þ AB = (x2 - x1 , y2 - y1 )

AULA 1 TÓPICO 3 23
Figura 22 – Vetor definido por dois pontos
®
Observe que o vetor AB em que A( 1, 3) e B(3, -2) não possui origem no
®
ponto O do sistema. Então, para se determinar um representante de v com origem
® ®
em O do plano cartesiano, fazemos v = (3 - 1, - 2 - 3 ) Þ v = (2, - 5 ) .

®
Figura 23 - representação geométrica de v

Observe que os dois segmentos representam o mesmo vetor.

Exercícios resolvidos
® ® ® 1® ® ®
1. Determine o vetor w na expressão 3w+ 2u = v+ w tal que u = (3, - 1)
® 2
e v = ( - 2, 4) .

Solução:
® ® 1® ®
A equação 3w+ 2u = v+ w pode ser resolvida como uma equação
2
numérica:
® ® ® ®
6w+ 4 u = v+ 2w
® ® ® ®
6w- 2w = v- 4 u
® ® ®
4 w = v- 4 u
®
® 1 ®
w = v- u
4 ® ®
Substituindo u e v na equação, temos
® 1
w = (-2, 4) - ( 3, -1)
4
® 1
w = ( - , 1) - ( 3, -1)
2
® 7
w = ( - , 2)
2

24 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
2. Dados os pontos A(-1, 2), B(4, 3) e C(1, 5), determine D(x, y) de tal forma
® 1 ®
que CD = AB .
3
Solução:
®
CD = C - D = (1, 5) - (x, y) = ( 1 - x, 5-y )
®
AB = B - A = (4, 3) - ( - 1, 2) = ( 4 + 1, 3 - 2 ) = ( 5, 1 )
Logo
1
(1 - x, 5 - y) = (5, 1)
3
æ5 1ö ìï
(1 - x, 5 - y) = ççè , ÷÷÷ø ïï 1 - x = 5
3 3 ïï 3
pela condição de igualdade, vem ï
í
ïï
ïï 1
ïï 5 - y =
ïî 3
2 14 æ 2 14 ö
Resolvendo o sistema encontramos x = - e y = , daí D çç- , ÷÷÷ .
3 3 è 3 3ø

3.5 DECOMPOSIÇÃO NO ESPAÇO

{ }
® ®
Vimos que qualquer conjunto v1 , v 2

ate nção! de vetores, não colineares, representa uma


Coplanares - figuras geométricas que pertencem


base do plano. Então, qualquer vetor v do
®® ®® ®®
ao mesmo plano. plano é combinação linear dos vetores vv1 ,1e, vv2 2 .ee vv3 3

{˘˝˘˝ }
® ® ®
No espaço, qualquer conjunto 1 2 3

de vetores não coplanares representa uma base,


® ® ® ®
portanto qualquer vetor v do espaço é uma combinação linear de v1 , v 2 e v 3 , ou
® ® ® ®
seja, sempre existem os números m1 , m 2 e m 3 tais que v = m1 v1 + m 2 v 2 + m 3 v 3 .

{i, } é uma base ortonormal (vetores unitários e


® ® ®
A base canônica j, k
ortogonais entre si), cujos vetores possuem as direções dos eixos coordenados.
® ® ®
Assim, qualquer vetor do espaço é uma combinação linear dos vetores i , j e k ,
como mostra a figura 24.

Figura 24 – Base canônica no espaço tridimensional

AULA 1 TÓPICO 3 25
® ® ® ® → ® ® ®
v = x i + y j + z k ( v como combinação linear dos vetores i , j , k )
® →
v = (x, y, z) (expressão analítica de v )

3.6 OPERAÇÕES
® ®
Sejam os vetores v1 = (x1 , y1 , z1 ) , v 2 = (x2 , y2 , z2 ) em um número real
® ®
a) v1 + v 2 = (x1 + x2 , y1 + y2 , z1 + z2 )
®
b) m. v1 = (mx1 , my1 , mz1 )
® ®
c) v1 = v 2 Þ x1 = x2 , y1 = y2 e z1 = z2

Exercício resolvido
®
1. Dados dois pontos A(0, 1, -1 ) e B(1, 2, -1 ) e os vetores u = (-2, -1, 1 ) ,
® ®
v = (3, 0, -1 ) e w = (-2, 2, 2 ) , verifique se existem os números a1 , a 2 e a 3 tais
® ® ® ®
que w = a1 AB + a 2 u + a 3 v .

Solução:
®
Temos: AB = B - A = ( 1, 2, - 1) - ( 0, 1, - 1) = ( 1-0, 2 + ( - 1), - 1 + 1)
= ( 1, 1, 0) .
Substituindo os vetores na igualdade dada, resulta:
( - 2, 2, 2) = a1 .(1, 1, 0) + a 2 .(-2, - 1, 1) + a 3 .(3, 0, - 1)
ou
( - 2, 2, 2) = (a1 , a1 , 0) + (-2a 2 , -a 2 , a 2 ) + (3a 3 , 0, - a 3 )
Somando os três vetores do segundo membro, temos:
( - 2, 2, 2) = (a1 - 2a 2 + 3a 3, a1 - a 2 , a 2 - a 3 )
pela condição de igualdade de vetores, obteremos o sistema:
ìï a1 - 2a 2 + 3a 3 = -2
ïï
ïí a - a = 2
ïï 1 2

ïïî a2 - a3 = 2
cuja solução é a1 = 3, a 2 = 1 e a 3 = -1

3.7 VETORES COLINEARES


® ®
Em (2.2.1) vimos que os vetores k.v e v têm a mesma direção. Assim se dois
® ®
vetores u = (x1 , y1 , z1 ) e v = (x2 , y2 , z2 ) são colineares (têm a mesma direção),
® ®
então u = k.v em que k é um número real, ou seja:
(x1 , y1 , z1 ) = k.(x2 , y2 , z2 ) ou (x1 , y1 , z1 ) = (kx2 , ky2 , kz2 )
Assim, x1 = kx2 , y1 = ky2 e z1 = kz2 ou x1 = y1 = z1 .
x 2 y 2 z2

26 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
Esta é a condição de paralelismo de dois vetores, ou seja, dois vetores
são paralelos ou colineares quando suas componentes correspondentes são
proporcionais.

Exemplo:
Determine os valores de p e q para que sejam paralelos os vetores
® ®
u = (p + 1, 3, 1 ) e u = (4, 2, 2q-1 ) .

Solução
De acordo com a condição de paralelismo de vetores, temos
ì 2(p + 1) = 12
p +1 3
= =
1 ou ïïí resolvendo o sistema vem
4 2 2q - 1 ïïî 3(2q - 1) = 2
5
p=5 e q =
6
Vimos, neste tópico, que qualquer vetor do plano ou do espaço pode ser
expresso como combinação linear da base canônica-elemento que estará presente
em praticamente todas as aulas do nosso curso.
A próxima aula será dedicada ao estudo do produto interno de vetores, que
representa uma outra forma de multiplicação de vetores, além desta vista nesta
aula.

AULA 1 TÓPICO 3 27
AULA 2 Produto Interno

Caro(a) aluno(a),

Estudamos na aula anterior a multiplicação de um vetor por um número real


(multiplicação por escalar). Além desse tipo de produto, pudemos também definir
multiplicações ou produto de vetores entre si.

Nesta aula será apresentada uma nova modalidade de multiplicação entre vetores,
cujo resultado é definido como Produto escalar ou Produto interno entre dois
vetores.

   
O produto interno (ou escalar) entre dois vetores u e v , denotado por u . v
 
ou u, v , e que nos fornece como resultado um número real, possui grande
aplicabilidade nas diversas áreas afins. Na matemática, por exemplo, entre outras
aplicações, o produto interno pode ser usado para resolver muitos problemas de
natureza geométrica.

Objetivos

• Introduzir o conceito geométrico e cartesiano de produto escalar


• Apresentar aplicações do produto interno, tanto no cálculo de projeções de
vetores como no cálculo de ângulos diretores de um vetor

28 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
TÓPICO 1 Representação geométrica
do produto interno
O bjetivos
• Definir produto interno sob o ponto de vista geométrico
• Usar o produto interno para resolver problemas
geométricos

N este tópico será introduzido o conceito de produto escalar


dando-lhe um significado geométrico. Com isso pretendemos
proporcionar a você, uma visão geométrica dessa ferramenta no
intuito de facilitar suas aplicações nas diversas áreas afins.

Definição
® ®
Dados os vetores não nulos u e v , chama-se produto interno (ou escalar)
® ® ® ®  
dos vetores u e v , denotado por u . v ou u,v (lê-se u escalar v), o número
®
real obtido pela multiplicação do módulo de um dos vetores (digamos u ) pelo
® ®
módulo da projeção ortogonal de v na direção de u (veja Figura 1).

® ®
Projeção de v na direção de u
  ® ®
u,v = u . v . cos q

® ® ®
Figura 1 - AC Projeção de v na direção de u

AULA 2 TÓPICO 1 29
® ®
v . cos q = projeção ortogonal de v na
®
direção de u .
® ®
AC é a projeção ortogonal de v na direção vo c ê sab i a?
® ® ®
de u , ou seja, AC = proj v . A operação de multiplicação escalar, de
® ®
Assim proj v = u . cos q importância fundamental em muitas áreas da
Matemática e da Física, foi criada por Grassmann
® ®
Observe que se q é o ângulo entre u e v : e por isso leva o seu nome.
π ® ®
i) Se 0 < θ < , cos q > 0 Þ u , v >
2
0;
π ® ®
ii) Se < θ < π , cos q < 0 Þ u,v
2
< 0;
π π ® ®
sai b a mai s !
iii) Se θ =, cos = 0 Þ u , v = 0.
2 2
A partir da observação (iii), podemos Você pode conhecer um pouco da história dos
® ®
concluir que, se os vetores u e v são ortogonais, vetores e da contribuição de Hermann Grassmann
lendo o texto sobre esse assunto disponível no
ou se um dos vetores é nulo, o produto interno
site http://ecalculo.if.usp.br/historia/grassmann.
a eles é nulo.
htm.
Por exemplo:
® ®
Os vetores i e j das bases canônicas são
unitárias e ortogonais, daí:
® ® ®
®
i . j = i . j . cos q , mas q = 90º (cos 90º = 0)
® ®
i. j =1.1.0=0

1.2 PROPRIEDADES
® ®
Sejam u e v dois vetores e k um número real diferente de zero:
® ® ® ®
® ®
® ® ®
®
a) u , v =u , uu
v ,, u
vv , v(comutativo);
® ® ® ® ® ®
b) k. u,v = k.u , v = u , k.v (associativo em relação a uma
constante k);
® ® ® ® ® ®
c) u , v+w = u,v + u,w ;
® ® ® 2
d) u . u = u .
Esta última pode ser facilmente demonstrada usando a definição de produto
interno
® ® ® ®
u . u = u . u . cos q .
Os vetores são colineares, portanto q = 0 e cos q = 1, logo:

30 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
® ® ® ® ® 2 ® ®
u . u = u . u .1 Þ u = u . u

Exercícios resolvidos
ate nção! ® ® ®
1.Calcule u,v tendo em vista que u
®
→ → →2 ®
u⋅ u ≠ u , pois u não é um número real, = (0, 3, 4) e v = (2, 3, 6).
→ 2  
enquanto u = u ⋅ u Solução:
Observe que os vetores são colineares
(componentes correspondentes proporcionais),
daí q = 0 e cos q = 1.
®
u = 22 + 32 + 62 = 25 = 5
®
v = 2 +3 +6 =
2 2 2
49 = 7
Assim,
® ® ® ®
u v = u . v .cos q
® ®
u v = 5 . 7 . 1 = 35
2. Demonstre a lei dos cossenos: a 2 = b2 + c2 - 2bc.cosèq .

Figura 2 - a2 = b2 + c 2 − 2bc ⋅ cos q (lei dos cossenos)

Solução:
® ® ®
Sejam a = CB , b = AC e c = AB .
® ® ®
Pela definição de diferença de dois vetores (cf. Aula 1) CB = AB- AC .
®
Multiplicando os dois lados da equação por CB , vem:
® ® ® ® ® ® ® 2 ® ®
® ®
CB . CB = ( AB - AC ) . CB , mas CB = ( AB - AC ), então CB = AB . AB -
® ® ® ®
2. AB . AC + AC . AC
® 2 ® 2 ® 2 ® ®
CB = AB + AC - 2. AB . AC .
Mas, pela definição de produto interno, temos:
® ® ® ®
AB . AC = AB . AC . cos q , Daí:
® 2 ® 2 ® 2 ® ®
CB = AB + AC - 2 . AB . AC . cos q .
® ® ®
Tendo em vista que a = CB , b = AC e c = AB , temos:
a 2 = b2 + c2 - 2bc.cos èq .

AULA 2 TÓPICO 1 31
® ® ® ® ®
3. Se a = 4 e b = 10, calcule a . b , sabendo que o ângulo entre a e
®
b é 120.

Solução:
1
cos 120º = - cos (180°-120°) = - cos 60º = -
2
® ® ® ® ® ® æ 1ö ® ®
a . b = a . b . cos q Þ a . b = 4 . 10 . ç- ÷÷ Þ a . b = -20.
çè 2 ø÷

Vimos, neste tópico, que o produto interno de dois vetores está diretamente
relacionado ao ângulo por eles formado e pode ser calculado multiplicando o
módulo de um deles pelo módulo da projeção do outro sobre ele. No próximo
tópico apresentaremos um método usado no calculo do produto interno a partir de
suas formas analíticas.

32 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
TÓPICO 2 Expressão cartesiana do
produto interno
O bjetivo
• Definir o produto interno a partir de suas formas
cartesianas

N este tópico mostraremos que é possível calcular o produto interno


de dois vetores sem o auxílio do ângulo entre eles, ou seja,
usando apenas os pontos do plano ou espaço que representam as
extremidades dos representantes dos vetores.

Definição
® ® ® ® ® ® ® ®
Sejam os vetores u = x1 i + y1 j + z1 k e v = x 2 i + y 2 j + z2 k ,
® ®
o produto interno dos vetores u e v em termos de coordenadas é dado por
x1x2 + y1y2 + z1z2 .

 
(x i + y ) ( )
® ® ® ® ® ® ® ®
Observe que u, v = u . v = 1 1 j + z1 k . x2 i + y2 j + z2 k ,
daí
  ® ® ® ® ® ® → → ® ®
u ,v = x1x2 i . i + x1y2 i . j + x1z2 i .k + y1x 2 j . i + y1y2 j . j +
® ®   ® ® ® ®
y1z2 j. k + z1x2 k × i + z1y2 k . j + z1z2 k .k .

AULA 2 TÓPICO 2 33
Tendo em vista que:
→ → 
i . i = 1 
→ →

i . j = 1  Vetores colineares

→ →

k . k = 1 

→ → 
i . j = 0 
→ →

i . k = 0  Vetores ortogonais

→ →

j . k = 0 

então:
 
u, v = x1x2 + y1y2 + z1z2
Observe que, em termos de coordenadas, o produto interno é igual à soma
® ®
dos produtos das componentes correspondentes dos vetores u e v .

2.1 DEMONSTRAÇÃO DAS PROPRIEDADES


® ® 
Sejam u = (x1 , y1 , z1 ) , v = (x2 , y2 , z2 ) , w = (x1 , y1 , z1 ) e k um número
real diferente de zero.
   
1) u, v = v, u
De fato:
  ® ® ® ®  
u,v = u. v =x1x2 + y1y2 + z1z2 = x2 x1 + y2 y1 + z2 z1 = v. u = v,u
     
2) k. u, v = k u, v = u, kv
De fato:
® ® ® ®
k.(u. v) = k.(x1 ,y1 ,z1 ).(x2 ,y2 ,z2 ) = (kx1 ,ky1 ,kz1 ).(x2 ,y2 ,z2 ) = ( k u.v ).
Da mesma forma:
   
( ) (
k u ⋅ v = k (x1 , y1 , z1 ) ⋅ (x2 , y2 , z2 ) = (x1 , y1 , z1 ) ⋅ (kx2 , ky2 , kz2 ) = u,kv )
      
3) u, v + w = u,v + u,w
De fato:
® ® ®
u.(v+ w) = (x1 , y1, z1 ) . (x2 + x3 , y2 + y3 , z2 + z3 )
= x1 .(x2 + x3 ) + y1 .(y2 + y3 ) + z1 .(z2 + z3 ) =
(x1x2 + x1x3 ) + (y1y2 + y1y3 ) + (z1z2 + z1z3 )
(x1x2 + y1y2 + z1z2 ) ⋅ (x1x3 + y1y3 + z1z3 )
® ® ® ®    
e (x1x2 + y1y2 + z1z2 ) ⋅ (x1x3 + y1y3 + z1z3 ) = (u. v) + (u. w) ou u,v + u,w

34 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
4) Deixamos a demonstração da propriedade 4 a seu cargo. Vamos lá?

Exercícios resolvidos
  ® ® ® ®
1. Determine o produto interno u, v , sendo u = 2 i + 3 j - 2 k e
 ® ® ®
v = i -3 j+ k .

Solução:
 
u, v = 2, 3, - 2 . 1, -3, 1 = 2.1 + 3.(-3) + (-2).1 = -9
® ®
2. Calcule o ângulo entre os vetores u = ( 2, 3, -1) e v = ( 1, -3, 1 )

Solução:
® ® ® ® u.v
u. v = u . v . cos q Þ cos q =  
u . v
( 2, 3, -1 ) . (1, -3, 1)
Þ cos q =
2 + 32 + (-1)2 . 12 + (-3)2 + 12
2

2 - 9 -1 -8 -8
Þ cos q = Þ cos q = Þ q = arc cos
14 . 11 151 151

3. Prove que o triângulo A( 2, 3, 1), B( 2, 1, -1 ) e C( 2, 2, -2 ) é um triângulo


retângulo.

Solução:
A forma mais simples de provar a existência de um ângulo reto no triangulo
é mostrar que o produto escalar de dois vetores que representam os lados do
triângulo é nulo.
®
AB = ( 0, - 2, -2 )
®
AC = ( 0, -1, -3 )
®
BC = ( 0, 1, -1 )
Calculemos:
® ®
AB . AC = ( 0, -2, -2 ) . ( 0, -1, -3 ) = 0 + 2 + 6 = 8 ¹ 0
® ®
AB . BC = ( 0, -2, -2 ) . ( 0, -1, -1 ) = 0 - 2 + 2 = 0
® ® ® ®
Observando que AB . BC = 0 , o ângulo formado pelos vetores AB e BC
é reto. Logo DABC é retângulo.

® ®
4. Determine um vetor ortogonal a u = ( 1, -1, 0) e v = ( 1, 0, 1) .

Solução:
® 
Seja w = ( x, y, z) o vetor procurado. Para que w seja ortogonal aos vetores
® ®
u e v , devemos ter:

AULA 2 TÓPICO 2 35
® ® ® ®
w . u = 0 e w . v = 0 . Assim:
® ®
w . u = ( x, y, z ) . ( 1, -1, 0 ) = 0 Þ x - y = 0
® ®
w . v = ( x, y, z ) . ( 1, 0, 1 ) = 0 Þ x + z = 0
ì x- y = 0
Podemos concluir que o sistema ïïí é indeterminado e sua solução
ïïî x + z = 0
é:
y=x
z = -x
® ®
Isto significa que os vetores ortogonais a u e v são do tipo (x, x -x) . Para
se determinar um deles, basta atribuir um número real a x. Assim, para x=2, temos
(2, 2, -2).

    ® ® ®
5. Os vetores u e v são colineares. Calcule v , conhecendo-se u = 2 i + j + k
® ®
e u . v=3

Solução:
®
Seja v = ( x, y, z ) , então temos:
® ®
a) Se u e v são colineares suas componentes correspondentes são
proporcionais, logo:
x y z
= = Þ x = 2y , y = z e x=2z [I]
2 1 1
® ®
b) u . v = 3 Þ ( 2, 1, 1 ) . ( x, y, z ) = 3 Þ 2x + y + z = 3 [II]
Substituindo I em II, resulta:
1
2. (2y) + y + y = 3 Þ y=
2
De x = 2y , vem x = 1
1
De y = z, concluímos que z =
2
® æ 1 1 ö÷ → → 1→ 1→
Portanto, v = çç1, , ÷ ou v = i + j+ k
è 2 2 ø÷ 2 2

6. Ache os vetores v = ( x , y
, z ) tais que:
®
i) v = 6
®

ii) v é ortogonal a u = ( 3, -3, 0 )
® 
iii) v é ortogonal a w = ( 0, 2, - 1 )

Solução:
De (i) vem:
® ® ®
v= v.v Þ v = (x, y, z ) . ( x, y, z ) Þ v= x 2 + y 2 + z2

36 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
Þ 6 = x 2 + y 2 + z2 Þ 6 = x 2 + y 2 + z2 [I]
® ®
De (ii) vem: v . u = 0 Þ (x, y, z ) . ( 3, -3, 0 ) = 0 Þ 3x - 3y = 0
Þ x = y [II]
® ®
De (iii) vem: v . w = 0 Þ (x, y, z ) . ( 0, 2, -1 ) = 0 Þ 2y - z = 0
Þ z = 2y [III]
Substituindo II e III em I vem:
6 = x2 + y2 + z2 Þ y2 + y2 + (2y)2 = 6 Þ y=± 1
De I e II temos: x = ± 1 e z = ± 2

Então: v = (± 1, ± 1, ± 2 )

Observamos, neste tópico, que o produto interno de dois vetores pode ser
facilmente obtido pela soma dos produtos das componentes correspondentes dos
vetores. No próximo tópico, abordaremos duas aplicações tradicionais do produto
interno.

AULA 2 TÓPICO 2 37
TÓPICO 3 Duas aplicações tradicionais
do produto interno
O bjetivos
• Determinar o ângulo diretor de um vetor, bem como conhecer
suas propriedades
• Usar o produto interno para calcular a projeção de um vetor na
direção de outro

N este tópico daremos total atenção a duas aplicações tradicionais


do produto interno. Uma delas é o calculo dos ângulos diretores
de um vetor e a outra consiste numa ferramenta que utilizaremos
nas aulas posteriores, que é a projeção de um vetor.

3.1 ÂNGULOS DIRETORES E COSSENOS DIRETORES


®
Os ângulos diretores de um vetor não nulo v são os ângulos a , b e g no
®
intervalo (0, p ) que v forma com os eixos coordenados x, y e z (veja figura 3 ).
Os cossenos diretores desses ângulos diretores, cos a , cos b e cos g, são os
®
cossenos diretores de v .

®
Figura 3 - Ângulos diretores de v
 →
a é o ângulo entre i e v
® ®
b é o ângulo entre j e v
® ®
g é o ângulo entre k e v

38 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
®
Seja v = ( x, y, z ) e, baseando-nos na definição de ângulos diretores, temos:
® ®
i .v (1, 0, 0) . (x, y, z ) x
cos a =   Þ cos a =  Þ cos a = 
i . v v v
® ®
j .v (0, 1, 0) . (x, y, z ) y
cos b =   Þ cos b =  Þ cos b = 
j . v v v
→ →
j .v (0, 0, 1) . (x, y, z ) z
cos γ =   Þ cos g =  Þ cos g = 
j . v v v

3.2 PROPRIEDADES
®  ®
1. As componentes do versor u de um vetor v são os cossenos diretores de v .
® ®
Seja u o versor de um vetor v = (x, y, z ), então:
®
 v  (x,y,z)  æ x y z ÷÷ö
u=  Þ u=  Þ u = ççç , , ÷ ou seja:
v v èç v v v ø÷
®
u = (cos a , cos b e cos g )
 ®
2. Tendo em vista que o versor de u é um vetor unitário, então u = 1 , ou
seja:
®
u = (cos a , cos b e cos g ) = 1
mas:
®
u = cos2 a + cos 2 b + cos2 g = 1
então:
cos 2a + cos 2 b + cos 2 g = 1

Exercícios resolvidos
1. Dados os pontos A(2, 2, -3 ) e B(3, 1, -3) , calcule os ângulos diretores do
®
vetor AB .
Solução:
®
AB = B - A = (1, -1, 0 )
®
AB = (-1)2 + 12 + 02 = 2
x -1
cos a = Þ cos a = Þ a = 45°
® 2
AB
y -1 2
cos b = ®
Þ cos b = =- Þ b = 135°
2 2
AB

AULA 2 TÓPICO 3 39
z 0
cos g = ®
Þ cos g = =0 Þ g = 90°
2
AB
®
Podemos observar que, como g = 90° , o vetor AB é ortogonal ao eixo z

ou ao vetor k da base canônica. Assim, sempre que a terceira componente de um
vetor for nula, ele é ortogonal ao eixo z. De modo semelhante, o vetor do tipo (0, y,
z ) é ortogonal ao eixo x e o vetor do tipo (x, 0, z) é ortogonal ao eixo y.

  
2. Determine o versor de v = 6 j + 8k
Solução:
  
Seja u o vetor de v , assim u = (cos a , cos b, cos g ) . Por outro lado

v = 0 + 62 + 82 = 10
x 0
cos a =  Þ cos a = Þ cos a = 0
v 10
y 6 3
cos b =  Þ cos b = Þ cos b =
v 10 5
z 8 4
cos g =  Þ cos g = Þ cos g =
v 10 5
 æ 3 4ö
Assim, u = çç0, , ÷÷÷ .
è 5 5ø
  
Observe que u = 1 já que u é versor de v . Confira você mesmo!

3.3 PROJEÇÃO DE UM VETOR


® ®
Dados dois vetores não nulos u e v e q o ângulos entre eles. O nosso
®
objetivo é determinar em termos de coordenadas a projeção de v na direção do
®
vetor u .

® ® ®
Figura 4 – O vetor w é projeção ortogonal de v na direção de u

® ® ® ® ®
Uma vez que w é a projeção de v na direção de u , escrevemos w = proj ® v .
U

40 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
Do triângulo retângulo ABC, vem: ® ® ® ®
® ® ® u.v ® u.v
w = v .cos q Þ w = v . ® ®
Þ w =. ®
[I]
u . v u
® ®
w e u são colineares, daí:
® ®
w = k u ( k é um número real)
Segue-se que:
® ® ®
1
w =. k . u Þ k = w . ® [II]
u

Substituindo (I) em (II), vem:


® ® ® ®
u.v 1 u .v
k = ®
. ®
Þ k= ® 2
u u u
® ®
De w =k u . vem:
æ ® ® ö÷ æ ® ® ö÷ ®
® çç u . v ÷ ® ® çu . v
w = çç ® 2 ÷÷ . u ou w = çç ® ® ÷÷÷ . u
÷
ç ÷ çç ÷
èç u ø÷ è u . u ø÷
® ®
Portanto, o vetor que representa a projeção de v na direção de u é:

æ® ® ö÷ ®
® ® çu . v ÷÷ . u
w = proj v = çç ® ® ÷÷
®
çç
ø÷
U
èu . u

Exercício resolvido
®
1. Determine o módulo do vetor projeção de v = ( 2, 1, 1 ) na direção do
®
vetor u = ( 3 , -2, 0 ) .
Solução:
Podemos resolver este problema de duas formas:
® ®
Determinamos a projeção de v sobre u usando a fórmula
æ ® ® ö÷ ®
® ® çu . v
w = proj ® v = çç ® ® ÷÷÷ . u , em seguida, calculamos o seu módulo. Vejamos:
çç ÷
è u . u ø÷
U

® æ (3, -2, 0 ) . ( 2, 1, 1) ö÷
proj ® v = ççç ÷ . ( 3, -2, 0 )
U çè ( 3, -2, 0 ). ( 3, -2, 0 ) ø÷÷
® æ 6 -2 + 0 ÷÷ö . ( 3, -2, 4 ) Þ proj
® 4
Þ proj ® v = ççç ÷ø ® v= . ( 3, -2, 0 )
U è 9 + 4+ 0 U 13
® æ 12 8 ö
Þ proj ® v = çç , - , 0 ÷÷÷
U è 13 13 ø

AULA 2 TÓPICO 3 41
®
Calculando o módulo de proj ® v , temos:
U

2 2
® æ12 ÷ö æ 8 ÷ö ® 208 4 13
proj® v = çç ÷ + çç ÷ + 0 Þ proj® v = =
U è13 ÷ø è13 ÷ø U 169 13
® ®
® u.v
b) Calculando o módulo diretamente pela fórmula w =. ®
ou
® ®
® u.v u
proj® v = . ®
, temos:
U
u ® ®
® u.v ® ( 3, -2, 0 ). (2, 1, 1 )
proj® v = . Þ proj® v = .
U
® U ( 3, -2, 0 )
u
® 6-2 + 0 4 4 13
proj® v =
=. = =
U 9+4 13 13

Vimos nesta aula que o produto escalar está diretamente relacionado ao


ângulo de dois vetores. Assim, muitos problemas geométricos podem ser resolvidos
e fórmulas generalizadas, com o auxilio dessa ferramenta. Na próxima aula
estudaremos uma outra modalidade de produto entre vetores, que é o chamada
Produto vetorial.

42 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
AULA 3 Produto vetorial

Caro(a) aluno(a),

Nesta aula abordaremos mais dois conceitos relacionados à multiplicação de


vetores – Produto vetorial e Produto misto –, elementos imprescindíveis ao estudo
de disciplinas posteriores e suporte necessário para o estudo do conteúdo das
aulas subsequentes.

Os tópicos 1 e 2 trazem uma análise bastante objetiva desses elementos, já o


tópico 3 volta-se para as demonstrações de algumas propriedades desses
produtos.

Objetivos

• Familiarizar o aluno com os produtos de vetores e suas aplicações práticas


em cálculos de áreas e volumes
• Proporcionar ao aluno suporte para calcular o produto escalar, o produto
vetorial e misto, entre vetores, bem como utilizar as respectivas interpretações
geométricas

AULA 3 43
TÓPICO 1 Produto vetorial
O bjetivos
• Introduzir a noção de produto vetorial do ponto de vista
geométrico e analítico
• Descrever algumas propriedades e aplicações do produto
vetorial

N o presente tópico, estudaremos uma das modalidades de produto


entre vetores que diferentemente do produto interno, é limitada
a espaços tridimensionais e tem com como representação
geométrica um vetor. O produto vetorial possui grande aplicabilidade nas áreas
afins, principalmente na Física, pelo uso frequente de grandezas vetoriais.

OBSERVAÇÕES
A multiplicação vetorial foi criada por J. Gibbs.
Os seguintes produtos vetoriais merecem atenção especial:
® ® ® ®
u.v = u . v . cos q (verdadeiro)
® ® ® ®
u x v = u . v . sen qè (falso)
® ®
u x v = u . v . sen è
q (verdadeiro)

1.1 DEFINIÇÃO
®
O produto vetorial de dois vetores u
®
e v não colineares, (tomados nesta ordem)
® ®
representado por u x v , é um terceiro vetor
com as seguintes características: sai b a mai s !
® ®
i) Direção: O vetor u x v é perpendicular Acesse o site http://www.fem.unicamp.
® ®
aos vetores u e v simultaneamente; br/~em313/paginas/person/gibbs.htm e conheça
® ® ® ®
ii) Sentido: Os vetores u , v e u x v , mais sobre o matemático Josiah Williard Gibbs,
nesta ordem, formam um triedro positivo; criador do produto externo (ou vetorial).

44 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
® ® ® ®
iii) Módulo: u x v = u . v . sen q , onde q é a medida do ângulo
® ®
entre u e v .

 
Figura 1 – Representação geométrica do produto vetorial u+v

1.2 PROPRIEDADES
® ®
1. u x u = 0.
® ®
2. u x v = 0 se:
a) um dos vetores for nulo.
® ®
b) u e v forem colineares, pois sen q = 0 quando q = 0 ou 180º.
3. O produto vetorial é anticomutativo, ou
® ® ® ® → → → →
seja, u x v = - v x u . Porém, u x v = v x u .
® ® ® ®
4. Associativo: m ( u x v ) = (m u ) x v =
® ®
ate nção! u x (m v).
® ® ®
As demonstrações das propriedades acima estão 5. Os vetores i , j e k , nesta ordem,
no tópico 3. representam um triedro positivo (como mostra
a figura 2).

Figura 2 – Triedro positivo


® ® ® ® ® ® ® ® ®
Assim, k = i x j , j=k x i, i= jx k .
® ® ®
® ® ® ® ® ®
Como consequência temos: - k = j x i , - j= i x k e- i =k x j.
® ® ® ® ® ® ® ® ®
Casos particulares: i x i = 0, j x j = 0 e kxk = 0.
® ® ® ® ® ® ®
6. u x ( v+ w ) = u x v + u x w.
® ® ® ®
7. u x v é ortogonal simultaneamente a u e v.

AULA 3 TÓPICO 1 45
® ® ® ® ® ® ® ®
8. Se u ¹ 0 e èq é ângulo dos vetores u e v , então: u x v = u . v . sen q .

® ® ® ® ® ®
9. u x ( v x w) ¹ ( u x v) x w , o produto vetorial não é associativo.

1.3 EXPRESSÃO CARTESIANA DO PRODUTO VETORIAL


Veremos, agora, como determinar o produto vetorial de dois vetores quando
são conhecidos suas expressões cartesianas.
® → ® ® ® ® ® ®
Dados: u = x1 i + y1 j + z1 k e v = x 2 i + y 2 j + z2 k .
® ® → ® ® ® ® ®
u x v = ( x1 i + y1 j + z 1 k ) x ( x2 i + y2 j + z2 k ) Þ
® ® ® → ® ® ® → ® ®
u x v = x1 x2 ( i x i ) + x1 y2 ( i x j ) + x1 z2 ( i x k ) + x2 y1 ( j x i ) +
® ® → ® → ® ® ® ® ®
y1 y2 ( j x j ) + y1 z2 ( j x k ) + x 2 z 1 ( k x i ) + y2 z 1 ( k x j ) + z 1 z2 ( k x k ).

(*)
® → ® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ®
Considerando que i x i = 0, i x j = k , i x k = - j , j x i = - k , j x j =0,
® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ®
j x k = i , k x i = j , k x j = - i e k x k = 0 e colocando i , j e k em evidência
na equação (*), temos:
® ® ® ® ®
u x v = ( y1 z2 - y2 z 1 ) i + ( x2 z 1 - x1 z2 ) j + ( x1 y2 - x2 y1 ) k

y1 y2 x1 x2
Observe que y1 z2 - y2 z 1 = , x2 z 1 - x1 z2 = e
z1 z2 z1 z2
x1 x2
x1 y2 - x2 - y1 =
y1 y2
® ® y1 y2 ® x1 x2 ® x1 x2 ®
Assim, u x v = . i - . j + .
z1 z2 z1 z2 y1 y2 k

Uma maneira fácil de memorizar esta fórmula é recorrer à utilização da


® ® ®
i j k
® ®
notação u x v = x1 y1 z1
x2 y2 z2

Na verdade, o símbolo à direita da igualdade, baseado no Teorema de


Laplace, não representa um determinante, tendo em vista que a primeira linha não
são números reais, e sim vetores. No entanto, usaremos esta notação pela facilidade
com que a fórmula pode ser memorizada.

46 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
Exercícios resolvidos ®
® ® ® ® ® →
sa i ba ma i s! 1. Sendo u = 2 i + 3 j – k e v = i - j
® ® ® ® ®
+ 2 k , calcule u x v e v x u .
Revise o Teorema de Laplace acessando o site
disponível em https://www.youtube.com/ ® ® ®
watch?v=bNiw3CMGsK4. Solução: i j k
® ®
a) u x v = 2 3 -1 =
1 -1 2

3 -1 →
2 -1 ® 2 3 ®
.i - .j + . k
-1 2 1 2 1 -1
® ® → ® ® ® ® → ® ®
u x v = (6 – 1) i - (4 + 1) j + (-2 – 3) k Þ u x v = 5 i - 5 j - 5 k

® ® ®
i j k
® ® -1 2 ® 1 2 ® 1 -1 ®
b) v x u = 1 -1 2 = . i- . j+ . k
3 -1 2 -1 2 3
2 3 -1

® ® → ® ® ® ® → ® ®
v x u = (1 - 6) i - (-1 – 4) j + (3 + 2) k Þ v x u = -5 i + 5 j + 5 k

® ® ® ® ® ® ® ®
Observe que u x v = - v x u , ou seja, os vetores u x v e v x u , são
opostos, o que significa dizer que o produto vetorial é anticomutativo como vimos
acima, na propriedade 3.
® ® ® ®
2. Calcule o versor de u x v onde u = (2, 3, -1) e v = (2, 1, 0).
Solução:

® ® ®
i j k
® ® æ 3 -1 2 -1 2 3 ÷ö
u x v = 2 3 -1 = çç , - , ÷
èçç 1 0 2 0 2 1 ÷÷ø
2 1 0

® ® ® ®
u x v = (0 + 1, - (0 + 2), 2 – 6) Þ u x v = (1, -2, -4)
® ®
® ®
u x v
O versor u x v é o vetor ® ®
(veja aula 1).
uxv
® ®
u x v ( 1, -2, -4 )æ 1 -2 -4 ÷ö
= = çç , , ÷
ç 21 ÷ø
® ®
1 + ( -2) + ( -4)
2 è
2 2
21 21
uxv

AULA 3 TÓPICO 1 47
1.4 INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA DO MÓDULO DO PRODUTO
VETORIAL
® ®
Geometricamente o módulo do produto vetorial de dois vetores u e v mede
® ® ® ®
a área do paralelogramo cujos lados são os vetores AB = u e AD = v , como mostra
a figura 3:

® ®
Figura 3 - Módulo de u x v = área do paralelogramo ABCD
®
Observe que a área ABCD = u . h
® ® ®
Considerando que h = v . sen èq , temos: área de ABCD = u . v . sen è
q
® ® ® ®
Mas u x v = u . v . senèq (propriedade 9), então: área de
® ®
ABCD = u x v .

Exercícios resolvidos
®
1. Calcule a área do paralelogramo cujos lados são os vetores u = (2, 3, -1) e
®
v = (1, 4, 3).
Solução:

® ® ®
i j k
® ® æ 3 -1 2 -1 2 3 ÷ö
u x v = 2 3 -1 = ççç , - , ÷
èç 4 3 1 3 1 4 ø÷÷
1 4 3

® ® ® ®
u x v = (9 + 4, - (6 + 1), 8 + 3) Þ u x v = (13, -7, 11) Þ
® ®
Área = u x v = 132 + (-7)2 + 112 = 339
2. Determine a área de um triângulo cujos vértices são os pontos A (2, 1, 0),
B (-1, 3, 2) e C (0, 1, 2), como mostra a figura 4.

Figura 4 - Área do triângulo ABC = metade da área do paralelogramo ABCD

48 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
Solução:
Observe que a área do triângulo ABC é igual à metade da área do paralelogramo
ABCD.
Assim temos:
1 ® ®
Área do triângulo = . AC x AB
2
®
AC = C - A = ( 0, 1, 2 ) - ( 2, 1, 0 ) = ( -2, 0, 2 )
®
e AB = B - A = ( -1, 3, 2 ) - ( 2, 1, 0 ) = ( -3, 2, 2 )

® ® ®
i j k
æ 0 2 -2 2 -2 0 ö÷
= ççç
® ®
AC x AB = -2 0 2 , - , ÷÷
èç 2 2 -3 2 -3 2 ø÷
-3 2 2

® ® ® ®
AC x AB = (-4, -2, -4) Þ AC x AB = (-4)2 + (-2)2 + (-4)2 =
36 = 6
1 ® ®
1
Área = . AC x AB Þ Área = . 6 Þ Área = 3
2 2
®
3. Determine um vetor unitário simultaneamente ortogonal aos vetores u =
®
(2, -6, 3) e v = (4, 3, 1).
Solução:
® ® ® ® ® ®
Se u x v e v x w são simultaneamente ortogonais a u e v , então os
® ® ® ®
versores de u x v e de v x u constituem a solução do problema:

® ® ®
i j k
® ® -6 3 ® 2 3 ® 2 -6 ®
u x v = 2 -6 3 = i - j + .k ou
3 1 4 1 4 3
4 3 1

® ® ® ® ® ® ® ® ®
u x v = -15 i + 10 j + 30 k , isto é, u x v = (-15, 10, 30) e v x w = (15,
-10, -30).
® ® ® ® ® ®
Assim, se a e b são os versores de u x v e v x u , respectivamente, então:
® ®
® u x v ( -15, 10, 30 ) ( -15, 10, 30 ) 1
a= ® ®
= = = ( -15, 10, 30 )
uxv
2
(-15) + 10 + 30 2 2 1225 35

æ 3 2 6 ÷ö
= çç - , , ÷
è 7 7 7 ÷ø

AULA 3 TÓPICO 1 49
® ®
® v x u æ 3 2 6 ö÷
b= = çç ,- , ÷
®
vxu
®
è 7 7 7 ø÷
® ®
Observe que os vetores a e b são unitários.
Vimos que o produto vetorial de dois vetores é representado por um terceiro
vetor simultaneamente ortogonal a esses dois vetores e que possui sentido de um
triedro positivo. No próximo tópico, estudaremos um tipo de produto que envolve
o escalar e o vetorial numa mesma expressão.

50 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
TÓPICO 2 Produto misto
O bjetivos
• Introduzir a noção de produto misto do ponto de vista
analítico
• Descrever algumas propriedades e aplicações do produto
misto

O produto misto é uma espécie de produto que envolve o produto


interno (estudado na aula 2) e o vetorial numa única expressão.
Tendo em vista que o produto vetorial é representado por um
vetor e o produto interno por um número real, podemos concluir que o produto
misto também é representado por um número real.

DEFINIÇÃO
→ ® ®
Chama-se produto misto dos vetores u , v e w , tomados nesta ordem e rep-
® ® ® → ® ®
resentado por ( u, v, w ) , o número real u . ( v x w ).

® → ® ® ® ® ® ®
Se u = x1 i + y1 j + z1 k , v= x2 i + y2 j + z2 k e
® ® ® ®
w = x3 i + y3 j + z3 k , temos:

® ® ®
i j k
→ ® ®
u . ( v x w ) = (x1 , y1 , z1 ) . x2 y2 z2
x3 y3 z3

→ ® → æ y z x z x y ö
u . ( v x w ) = (x1 , y1 , z1 ) . ççç 2 2 , - 2 2 , 2 2 ÷÷÷
èç y3 z3 x3 z3 x3 y3 ø÷

AULA 3 TÓPICO 2 51
→ ® ® y2 z2 x2 z2 x2 y2
u . ( v x w ) = x1 . - y1 .
x3 z3
+ z1 .
x3 y3
y3 z3

De acordo com o Teorema de Laplace, temos:


x1 y1 z1
→ ® ®
u . ( v x w ) = x2 y2 z2
x3 y3 z3

Exercícios resolvidos
→ ® ®
1. Sejam os vetores u = ( 2, 1, -1 ), v = ( 2, 0, 4 ) e w = ( 1, 1, -2 ), calcule:
→ ® ® ® ® →
a) ( u , v , w ) b) ( v , w , u )
Solução:
2 1 -1
→ ® ® 0 4 2 4 2 0
a) ( u , v , w ) = 2 0 4 = 2 . -1. + (-1) .
1 -2 1 -2 1 1
1 1 -2
→ ® ®
(u ,v ,w) = - 8 + 8 – 2 = - 2
2 0 4 →
® ® 1 -2 1 -2 1 1
b) ( v , w , u ) = 1 1 -2 = 2 . -0. + 4.
1 -1 2 -1 2 1
2 1 -1
® ® →
(v ,w,u ) = 2 – 0 – 4 = - 2
2. Dados os pontos A (1, 2, 3), B (-1, 0, 3) e C (4, 2, -1), calcule
® ® ®
( AB , BC , AC ).
Solução:
®
AB = B – A = (-1, 0, 3) – (1, 2, 3) = (-2, -2, 0)
®
BC = C – B = (4, 2, -1) – (-1, 0, 3) = (5, 2, -4)
®
AC = C – A = (4, 2, -1) – (1, 2, 3) = (3, 2, -4)
-2 -2 0
® ® ® 2 -4 5 -4 5 2
( AB , BC , AC ) = 5 2 -4 =-2. - ( - 2) . +0.
0 -4 3 -4 3 0
3 0 -4

2.1 PROPRIEDADES
→ ® ®
1. ( u , v , w ) = 0 se:
a) um dos vetores for nulo.
b) nenhum dos vetores é nulo, mas dois são colineares.

52 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
c) os três são coplanares (cf. figura 5 ).

→ → →
Figura 5 - v× w e u são coplanares
→ ® ®
2. A ordem cíclica dos vetores não altera o produto misto. Assim, ( u , v , w )
® ® → ® → ®
= ( v , w , u ) = ( w , u , v ).
→ ® ® ® → ® ® → ® ®
3. ( u , v , w + r ) = ( u , v , w ) + ( u , v , r ) (propriedade dos determinantes).

Exercício resolvido

1. Utilize o produto misto para mostrar que os vetores u = (1, 4, -7),
® ®
v = (2, -1, 4) e w = (0, -9, 18) são coplanares.
Solução:
Tendo em vista que dois vetores não são colineares (não possuem coordenadas
→ ® ® → ® →
correspondentes proporcionais), se ( u , v , w ) = 0 , então u , v e w são coplanares.


1 4 -7
® ® -1 4 2 4 2 -1
Se ( u , v , w ) = 2 -1 4 = 1 . -4. -7.
-9 18 0 18 0 -9
0 -9 18
→ ® ®
( u , v , w ) = 1 . (18) – 4 (36) – 7 (-18) = 0.
→ ® ®
Isso significa dizer que u , v e w são coplanares.
® ® ®
Determine o volume do paralelepípedo cujas arestas são AB , AC , AD ,
considerando A (1, 3, 4), B (-1, 2, 0), C (1, 1, 2).
Solução:

Figura 6 – Paralelepípedo para cálculo de volume

®
AB = B – A = (-1, 2, 0) – (1, 3, 4) = (-2, -1, -4)
®
AC = C – A = (1, 1, 2) – (1, 3, 4) = (0, -2, -2)
®
AD = D – A = (-1, 2, 3) – (1, 3, 4) = (-2, -1, -1)

AULA 3 TÓPICO 2 53
(AB , AC , AD)
® ® ®
Volume =
-2 -1 -4
® ® ® -2 -2 0 -2 0 -2
( AB , AC , AD ) = 0 -2 -2 = - 2 . - (-1) . + (-4) .
-1 -1 -2 -1 -2 -1
-2 -1 -1

® ® ®
( AB , AC , AD ) = -2 . 0 – 4 + 16 = 12
® ® ®
( AB , AC , AD ) = 12 = 12

2.2 INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA DO MÓDULO DO PRODUTO MISTO


→ ® ®
Geometricamente, o módulo do produto misto ( u , v , w ) é igual ao volume
→ ® ®
de um paralelepípedo cujas arestas são representadas pelos vetores u , v e w ,
conforme figura 7.

  
Figura 7 - Paralelepípedo cujos lados são os vetores u, v e w

Sabemos que o volume de um paralelepípedo é dado pela expressão:


V = (área da base) ⋅ (altura) ou V = Ab . h
® ®
mas: Ab = v x u
® ® ®
sendo q o ângulo entre os vetores u e v x w , a altura do paralelepípedo
é dada por:
®
h = u . cos q .
É necessário considerar o valor absoluto de cos q , pois q pode ser obtuso.
Assim, o volume do paralelepípedo é:
® ® ®
V= u . v x w . cos q
® ® ® ® ®
Fazendo v x w = a , temos: V = u . a . cos q (I)
mas, de acordo com a definição de produto interno:
® ® ® ® ® ® ® ®
u .a = u . a . cos q Þ u.a = u . a . cos q (II)

54 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
® ® ® ® ®
Comparando I e II, temos V = u. a ou V = u . ( v x w) ou
® ® ®
V= ( u, v, w ) .
Vimos neste tópico que o produto misto é uma espécie de mistura (daí o
nome) de um produto escalar (interno) com o produto vetorial e tem como resultado
uma escalar. Vimos ainda que este tipo de produto é igual, em valor absoluto, ao
volume de um paralelepípedo, cujas arestas são os vetores que compõem o produto.

AULA 3 TÓPICO 2 55
TÓPICO 3
Demonstrações das
propriedades
O bjetivo
• Realizar as demonstrações de algumas propriedades dos
produtos vetorial e misto

R
Considerando
eservamos este tópico para as demonstrações de algumas
propriedades dos produtos vetorial e misto considerando o grau
de sua importância.

que propriedades do
produto vetorial e produto misto estão
intimamente relacionadas com as propriedades
dos determinantes, utilizaremos, em algumas sai b a mai s !
ocasiões, os princípios do Teorema de Laplace Faça uma revisão da Regra de Sarrus,
(pela sua praticidade), muito embora o acessando o site https://www.youtube.com/
determinante de 3ª ordem possa ser resolvido watch?v=zp7726v2sfo.
pela regra de Sarrus.

3.1 PROPRIEDADES DO PRODUTO VETORIAL (DEMONSTRAÇÕES)


® → ® ® ® ® ® ®
Sejam os vetores u = x1 i + y1 j + z1 k , v = x2 i + y2 j + z2 k e
® ® ® ®
w = x3 i + y3 j + z3 k e “m” um número real diferente de zero.
 
1. u x u = 0
® ® ®

®
i ®
j k
u x u = x y1 z1 = 0 (propriedade dos determinantes: duas filas
1

x2 y2 z2
® ® ® ® ® ®
paralelas iguais) consequências: i x i = 0, j x j = 0 e k x k = 0

56 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
 
2. u x v = 0
® ®
a) u = 0 ou v = 0
® ® ® ®
b) u e v são colineares. Assim u = m v

® ® ® ® ® ®
i j k i j k
® ®
u x v = mx2 my2 mz2 = m x y2 z2 = m.0 = 0
2
x2 y2 z2 x2 y2 z2

   
3. u x v = −v x u

® ® ® ® ® ®
i j k i j k
® ® ® ®
u x v = x1 y1 z1 = - x2 y2 z2 = -v x u
x2 y2 z2 x1 y1 z1

Consequência:
® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ®
i x j = - j x i , i xk= - kx i e j xk= - kx j .
   
4. (m u ) x v = m ( u x v )=
®
(m u ) = (m x1 , m y1 , m z 1 )
® ® ®
i j k
® ®
(m u ) x v = mx1 my1 mz1
x2 y2 z2
De acordo com a propriedade dos determinantes:

® ® ® ® ® ®
i j k i j k
® ® ® ®
(m u ) x v = mx1 my1 mz1 = m . x1 y1 z1 = m ( u x v )
x2 y2 z2 x2 y2 z2

5. O comentário sobre a propriedade 5 se encontra no tópico 1 desta aula.


      
( )
6. u x v + w = u x v + u x w
® ®
Tendo em vista que ( v + w) = ( x2 + x3 , y2 + y3 , z2 + z3 )

® ® ®
i j k
® ® ®
u x ( v+ w ) = x1 y1 z1
x2 + x3 y2 + y3 z2 + z3

AULA 3 TÓPICO 3 57
De acordo com a propriedade dos determinantes:
® ® ® ® ® ® ® ® ®
i j k i j k i j k
x1 y1 z1 = x1 y1 z1 + x1 y1 z1
x2 + x3 y2 + y3 z2 + z3 x2 y2 z2 x3 y3 z3
® ® ® ® ® ® ®
Assim, u x ( v+ w ) = u x v + u x w .
   
7. u x v =
é ortogonal simultaneamente a u e v
® ® ® ® ® ®
u x v é ortogonal a v . Assim v . ( u x v ) = 0
® ® ®

®
i j k
® ®
v . ( u x v ) = ( x2 , y2 , z2 ) . x1 y1 z1 =
x2 y2 z2
æ y1 z1 x1 z1 x1 y1 ö÷
( x2 , y2 , z2 ) . çç ,- , ÷÷
èçç y2 z2 x2 z2 x2 y2 ø÷
® ® ® y1 z1 x1 z1 x1 y1
Þ v .( u x v ) = x2 - y2 + z2
y2 z2 x2 z2 x2 y2

De acordo com o Teorema de Laplace, temos:


x2 y2 z2
® ® ®
v .( u x v ) = x1 y1 z1 = 0
x2 y2 z2
® ® ® ® ® ®
b) u x v é ortogonal a u . Assim u . ( u x v ) = 0
® ® ®
i j k
® ® ®
u . ( u x v ) = ( x1 , y1 , z 1 ) . x1 y1 z1 =
x2 y2 z2

æ y1 z1 x1 z1 x1 y1 ö÷
( x1 , y1 , z 1 ) . ççç ,- , ÷÷
èç y2 z2 x2 z2 x2 y2 ø÷
® ® ® y1 z1 x1 z1 x1 y1 ® ® ®
Þ u . ( u x v ) = x1 - y1 + z1 Þ u .( u x v )
y2 z2 x2 z2 x2 y2
x1 y1 z1
= x1 y1 z1 = 0
x2 y2 z2
   
8. u x v = u ⋅ v ⋅ sen q
® ® ®
i j k
® ® æ y1 z1 x1 z1 x1 y1 ö÷
u x v = x1 y1 z1 = ççç ,- , ÷÷
èç y2 z2 x2 z2 x2 y2 ø÷
x2 y2 z2

58 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
® ®
u x v = ( y1z2 - y2 z1 ) - ( x1z2 - x2 z1 ) + (x1y2 - x2 y1 )
→ →
2 2
(y1z2 - y2 z1 ) + ( x1z2 - x2 z1 ) + ( x1y2 - x2 y1 )
2
uxv =
® ®
2 2 2
u x v = ( y1z2 - y2 z1 ) + ( x1z2 - x2 z1 )2 + (x1y2 - x2 y1 )
Desenvolvendo os quadrados, somando e subtraindo x12 y12 ,
x22 y22 e z12 z22 no segundo membro, e considerando a relação
2
( a + b + c ) = a + b + c + 2ac + 2bc + 2ab , temos:
2 2 2

® ®
uxv
2
= ( x1 + y1 + z1 ) .
2 2 2
( x22 + y 2 2 + z2 2 ) - ( x1x2 + y1y2 + z1z2 ) ,
2

® ® ® ®
mas u
2
. v
2
= ( x12 + y12 + z12 ) . ( x22 + y 2 2 + z2 2 ) e (u.v)2
2
= ( x1x2 + y1y2 + z1z2 ) , então:
® ® ® ® ® ®
2 2 2 2
uxv = u . v - ( u . v ) . (esta última
ate nção! relação é conhecida como Identidade de
Legrange).
→ → → → ® ® ® ® ® ®
2 2 2
A relação uxv = u . v − ( u . v )² é Observe que u . v = u . v . cos a .
conhecida como Identidade de Lagrange. Essa Assim,
identidade é gerada a partir do produto interno
    2
dos vetores u x v e u x v , ou seja: ® ® ® æ ® ® ® ö
= u . v - èçç u . v - cos a ø÷÷÷
2 2 2
   uxv
   u,u u,v
u × v,u × v =    = ® ® ® ®
2
v,u v,v uxv
2
= u . v
2 2
( 1 - cos a )
    ® ® ® ®
u ² . v ² - u,v . v,u = uxv = u . v
2 2 2
. sen a e finalmente
  
u ² . v ² - (u.v ) ² ® ® ® ®
u x v = u . v . sen q .

    
9. Observe na figura abaixo que u x (v x w ) é coplanar com v e w , e
          
( )
u x v x w é coplanar com u e v . Assim u x v x w ≠ u x v x w . ( ) ( )

    
Figura 8 - u x (v x w) é coplanar a v e w

AULA 3 TÓPICO 3 59
3.2 PROPRIEDADES DO PRODUTO MISTO (DEMONSTRAÇÕES)
® ® ®
1. ( u ,=v0 e w ) = 0, se:
a) um dos vetores for nulo
b) dois deles forem colineares
c) os três forem coplanares.
®
a) Se u = 0 então:
0 0 0
® ® ®
( u ,=v0 e w ) = x2 y2 z 2 = 0 (propriedades do determinante: fila nula)
x3 y3 z3
® ®
b) Supondo u =
e 0v colineares, então:
® ®
= 0m v ou ( x1 , y1 , z 1 ) = (m x2 , m y2 , m z2 )
u=
mx2 my2 mz2 x2 y2 z2
® ® ®
( u, v, w ) = x2 y2 z2 = m . x2 y2 z2 = m . 0 = 0
x3 y3 z3 x3 y3 z3
c) Os três são coplanares
® ® ® ®
Observe na figura 5 que ( v x w ) é ortogonal a v e w (segundo a definição
® ® ® ® ® ®
de produto vetorial). Se u =
. ( 0v x w ) = ( u =
, v0, w ) = 0, concluímos, pela definição
® ® ® ®
de produto interno, que u =
e 0v x w são ortogonais. Assim u =
está
0 no mesmo plano
® ®
que v e w .
Com essas demonstrações, chegamos ao final do estudo de vetores. Alguns
conceitos e propriedades estudados nas aulas 1, 2 e 3 servirão como base para o
desenvolvimento do estudo de elementos abordados nas aulas subsequentes, como
reta, plano e superfícies.

60 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
AULA 4 Reta
Caro(a) aluno(a),

O conhecimento que obtivemos sobre vetores nas aulas anteriores constitui parte
fundamental para o estudo das aulas subsequentes. Nesta aula iremos estudar
as equações da reta no espaço tridimensional, bem como as características e
particularidades de cada uma delas.

Objetivos

• Reconhecer, interpretar e operar com cada tipo de equação de reta no


espaço bem como analisar suas posições relativas
• Resolver problemas relacionados a retas no espaço tridimensional

AULA 4 61
TÓPICO 1 Equações da reta
O bjetivos
• Determinar as equações vetoriais, paramétricas e simétricas de
uma reta do espaço
• Conhecer, interpretar e operar com cada formato de equação da
reta no espaço

A s curvas no espaço ou no plano estão associadas a uma equação que


relaciona as coordenadas (x, y) no plano ou (x, y, z) no espaço. Tal
equação pode se apresentar sob diversos formatos e cada um com
suas características próprias. Na geometria analítica, no plano, por exemplo, vimos
que uma reta pode ser representada pelas equações reduzida, geral segmentária ou
paramétrica, porém cada uma com sua particularidade. O coeficiente angular a,
por exemplo, aparece de forma explícita no formato y = ax + b (equação reduzida
da reta no plano). Porém, se pretendemos conhecer a ordenada do ponto em que a
x y
reta intercepta o eixo 0y, podemos recorrer à equação segmentária + = 1 em
p q
que q é o elemento procurado.
No espaço, equações da reta vêm configuradas para três variáveis x, y e z.
São elas: equação vetorial, equações simétricas, equações paramétricas e equações
reduzidas. Construiremos os formatos das equações baseados no conhecimento de
vetores estudados na aula anterior.

1.1 EQUAÇÃO VETORIAL DA RETA


Considere uma reta r que contém o ponto A(x1 , y1 , z1 ) e tem a direção de
®
um vetor v = (a,b, c) . Para que um ponto P(x,y,z) do espaço pertença à reta r,
® ®
é necessário e suficiente que os vetores AP e v sejam colineares, como mostra a
figura a seguir:

62 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
®
Figura 1 – Reta AP com ponto A e direção do vetor v

Assim,
® ® ® ® ®
AP = t v ou P - A = t v (t Î R) Þ P = A + t v ou (x,y,z) = (x1 , y1 , z1 ) + t v
®
onde o vetor v = (a,b, c) é chamado vetor diretor da reta r e t é chamado parâmetro.
Observe que existe uma correspondência biunívoca entre cada número real t e um
ponto da reta, ou seja, para cada número atribuído a t, temos um ponto da reta.

Exemplo:
Vamos determinar a equação vetorial da reta que passa pelo ponto
® ® ® ®
A(2, -1, 3) e possui a direção do vetor v = i + 2 j -4 k .
Considerando que P(x,y,z) é um ponto qualquer dessa reta, temos:
® ®
AP = t v Þ (x,y,z) = (2, - 1, 3) + t.(1, 2 ,-4)
Para cada valor de t, temos um ponto da reta. Assim, para t = 2 , temos:
(x,y,z) = (2, - 1, 3) + 2.(1, 2 ,-4) Þ (x,y,z) = (2, - 1, 3) + (2, 4 ,-8)
Þ (x,y,z) = (2, - 1, 3)
O ponto P (2, - 1, 3) é um ponto da reta r.

1.2 EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS DA RETA


® ® ® ®
Sejam P(x,y,z) , A(x1 , y1 , z1 ) e v = a i + b j + c k um ponto genérico, um
ponto conhecido e o vetor diretor da reta r, respectivamente.
® ®
Da equação vetorial de r AP = t v ou (x,y,z) = (x1 , y1 , z1 ) + t.(a, b, c) ,
ïìï x = x1 + at
ï
temos: (x,y,z) = (x1 , y1 , z1 ) + (at, bt, ct) Þ ïíy = y1 + bt
ïï
ïïî z = z1 + ct
Estas equações, nas quais a, b e c não são todos nulos, são chamadas equações
paramétricas da reta.

AULA 4 TÓPICO 1 63
Exemplos:
As equações paramétricas da reta r, que contém o ponto A(2, - 1, 3) e
® ® ® ®
possui a direção do vetor v = 2i + 2 j -5k , são dadas por:
ìï x = 2 + 2.t
ïï
ïíy = -1 + 2.t
ïï
ïîï z = 3 - 5.t
Para se obter um ponto da reta r atribui-se um valor real para t. Assim, para
t=3, temos:
ïìï x = 8
ïï
í y=5 ou seja, (8, 5, - 12) é um ponto da reta r.
ïï
ïïîz = -12

1.3 EQUAÇÕES SIMÉTRICAS DA RETA


Uma outra maneira de descrever uma reta é eliminar o parâmetro t das
equações paramétricas. Se nenhum dos números a, b ou c é 0, podemos resolver
cada uma das equações para t
x - x1 y-y1 z-z
t= , t= e t= 1
a b c
e igualar o resultado, obtendo
x - x1 y-y1 z-z1
= =
a b c
Estas equações são chamadas equações simétricas da reta que contém o ponto
®
A(x1 , y1 , z1 ) e a direção do vetor v = (a,b, c) . Mesmo que um dos componentes
desse vetor seja nulo, podemos eliminar o parâmetro t. Por exemplo, se a = 0 ,
podemos escrever as equações da reta como:
y-y1 z-z1
x = x1 =
b c
Isso indica que a reta é paralela ao plano yz, tendo em vista que o vetor
®
v = (O,b, c) é paralelo ao plano coordenado yz (veja figura 2 )

Figura 2 – Reta paralela ao plano yz

64 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
®
Assim, se a reta é paralela ao plano xz, seu vetor diretor é do tipo v = (a, o b)
e suas equações simétricas ficam:
ìï z = z 1
ïï
x-x1 z-z1 ï
r1 = e ïí se a reta for paralela ao plano
a c ïï x - x1 y - y1
ïï =
ïî a b
coordenado xy, como mostram as figuras seguintes.

Figura 3 – Reta paralela ao plano xz Figura 4 – Reta paralela ao plano xy

Seguindo esse raciocínio, não é difícil concluir que, se a reta é paralela a


um dos eixos coordenados, o vetor diretor dessa reta possui duas componentes
nulas. Assim, por exemplo, se a reta for paralela ao eixo x, seu vetor é do tipo
®
v = (a, 0, 0 ) e suas equações ficam:

ïìï y = y 1
ïï
í z=z1
ïï
ïïî x = x1 + at

Exercícios resolvidos
1. Determine as equações paramétricas e simétricas da reta que passa pelo
ponto A( 2, 4, - 3) e A( 3,-1, 1) .

Solução:
Não nos foi dado de forma explícita o vetor paralelo à reta (vetor diretor
® ®
da reta), mas observe que o vetor v com representação AB é paralelo à reta e
® ®
v = (3 - 2, -1-4, 1-(-3)) ou v = ( 1, -5, 4 ) .
Então os componentes do vetor diretor são a = 1, b = -5 e c = 4 . Assim,
®
tomando o ponto A( 2, 4, - 3) e o vetor v = ( 1, -5, 4 ) , as equações paramétricas
ficam:
ïìï x = 2 + t
ïï
í y = 4 - 5t
ïï
ïïî z = -3 + 4 t

AULA 4 TÓPICO 1 65
e as equações simétricas são:
x -2 y-4 z+3
= =
1 -5 4
2. Qual a interseção dessa reta com o plano xy?
Solução:
A reta intercepta o plano xy quando z = 0 . Tomando z = 0 nas equações
simétricas obtemos:
x -2 y-4 3
= =
1 -5 4 11 1
Resolvendo as equações, temos x = e y = . Portanto a reta intercepta
4 4
o plano xy no ponto æçç11 , 1 , 0ö÷÷ . ìï x = 3 + t
è 4 4 ø÷ ïï
3. Calcule o ângulo entre as retas r : ïí y = t e
ïï
x+2 y-3 z. ïïî z = -1 - 2t
s: = =
-2 1 1

Solução:
Os vetores que definem as direções de r e s são, respectivamente,
® ®
v 1 = ( 1, 1, -2 ) e v 2 = (-2, 1, 1) . Tendo em vista que o ângulo entre as retas é o
mesmo ângulo entre os vetores diretores, chegamos a:
→ →
v1 . v2 (1, 1, -2 ) . ( -2, 1, 1 )
cos θ = → →
= =1,
v1 . v2 1 + 1 + (-2) x
2 2 2
(-2) + 1 + 1
2 2
2 2

1
logo θ = arc cos   .
2
Vimos que cada reta no espaço está relacionada a um conjunto de equações
em que figuram as variáveis x, y e z, e que traz consigo informações importantes
da reta. No próximo tópico, estudaremos as posições particulares que duas retas
assumem no espaço.

66 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
TÓPICO 2 Posições relativas
entre duas retas
O bjetivo
• Conhecer e determinar as diversas posições
relativas entre duas retas no espaço

U ma vez que já estudamos as equações das retas, veremos, neste


tópico, como usá-las para que possamos determinar as posições
relativas que duas retas podem assumir no espaço.

2.1 CONDIÇÃO DE PARALELISMO DE DUAS RETAS


® ®
Sejam duas retas v1 e v2 cujos
®
vetores diretores são v 1 = ( a1 , b1 , c1 ) e
®
v 2 = ( a 2 , b2 , c2 ) respectivamente. Se r e s são
paralelas, seus vetores diretores são colineares.
ate nção! ® ® a b c
Assim, v1 = k v2 ou 1 = 1 = 1 = k .
a 2 b2 c2
Seja uma reta r 1 , que contém o ponto
A 1( x 1, y1, z 1 ) e possui a direção de um Exemplo:

vetor v 1 = ( a1, b1, c1 ) , representada pelas A reta r1 , que passa pelos pontos
x − x1 y-y1 z-z1
equações = = . A1 (2, 2, - 1) e B1 (4, 3, 2) , e a reta r2 que passa
a1 b1 c1
Qualquer reta r2 , paralela a r 1 , tem parâmetros pelos pontos A2 (-6, 1, - 5) e B2 (-2, 3, 1) são
diretores a2 , b2 , c 2 proporcionais aos paralelas. De fato:
parâmetros diretores a1, b1, c1 . Dessa forma, a) A direção de r 1 é dada pelo vetor
® 
a1, b1, c1 são parâmetros diretores de qualquer v1 = A1B1 = (2, 1, 3);
® ®
reta paralela a r 1 . Assim, se A 2 ( x 2 , y 2 , z2 ) b) A direção de v2 é dada pelo vetor v2 =
® ®
é um ponto qualquer do espaço, as equações A2 B2 = (4, 2, 6);
da reta paralela à r 1 , que passa por A 2 , são: c) De acordo com a condição de paralelismo
a b c
x − x2 y-y 2 z-z2 . de duas retas 1 = 1 = 1 , as retas r 1 e r2
= = a2 b2 c2
a1 b1 c1
2 1 3
são paralelas, pois = = .
4 2 6

AULA 4 TÓPICO 2 67
2.2 CONDIÇÃO DE ORTOGONALIDADE DE DUAS RETAS
® ®
Duas retas r e s de direções v1 = ( a1 , b1 , c1 ) e v2 =( a 2 , b2 , c2 ),
® ®
respectivamente, são ortogonais se os vetores v1 e v2 também o forem, ou seja, r
® ®
e s são ortogonais se v1 .v 2 = 0 ou a1 . a 2 + b1 . b2 + c1 . c2 = 0 .

Exercícios resolvidos
ïìïx = 3t ìïy = 3
ï ïï
1. Verifique se as retas r1 : ïíy = -1 + 5t e s: í x-3 t + 1 são ortogonais.
ïï ïï =
Solução: ïïîz = 3 + 4t ïî 8 -6
®
A direção de r é v1 = (3, 5, 4);
®
A direção de s é v2 = (8, 0, -6);
A condição de ortogonalidade de duas retas é: a1 b2 + b1 b2 + c1 c2 = 0.
Neste caso:
3 . 8 + 5 . 0 + 9 ( -6 ) = 0, que prova serem ortogonais as retas r e s.
ìïx = 1 + 3t
ìïïy = kx + 1 ïï
2. Calcule o valor de k para que as retas r: í e s: ïíy = 2-2t
ïïîz = -2x ïï
sejam ortogonais. ïïîz = 5t
Solução:
® ®
Os vetores v1 = ( 1, k, -2 ) e v2 = ( 3, -2, 5 ) são vetores diretores de r e s,
respectivamente.
A condição de ortogonalidade permite escrever:
7
1 . 3 + k . (-2 ) + ( -2) . 5 = 0, daí -2k = 10 – 3 Þ k = - .
2

2.3 CONDIÇÃO DE COOPLANARIDADE DE DUAS RETAS


®
Duas retas r1 que contêm um ponto A1 ( x1 , y1 , z1 ) e têm a direção de um
® ®
vetor v 1 = ( a1 , b1 , c1 ) e r2 que contém o ponto A2 ( x2 , y2 , z2 ) e a direção
® ® ® ®
de um v 2 = ( a 2 , b2 , c2 ) são cooplanares se os vetores v1 , v2 e A 1 A2 forem
cooplanares, ou seja:

a1 b1 c1
® ® ® ®
( v1 , v2 , A1 , A2 ) = a2 b2 c2 =0
x2 - x1 y2 - y1 z2 - z1

Figura 5 – Retas r1 e r2 cooplanares (pertencem ao mesmo plano)

68 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
Exercícios resolvidos
1. Verifique se r1 e r2 são cooplanares, sendo r 1 :
ìï x = -5 - t
{ x1- 1 = y 2+ 1 = z1- 3
ïï
e r2 : íïy = -3 + t
ïï
ïïîz = 6 + 3t
Solução:
® ®
1. A reta r1 passa pelo ponto A1 ( 2, -1, 3 ) e possui a direção do vetor v1 =
( 2, 2, 1);
® ®
2. A reta r2 passa pelo ponto A2 ( -5, -3, 6 ) e o vetor diretor é v2 = ( -1, 1, 3 );
® ® ® ®
3. O vetor A1 A2 = A2 - A1 = ( -5, -3, 6 ) – ( 1, -1, 3 ) ou A1 A2 = ( -6, -2, 3);
4. A condição de cooplanaridade das retas r1 e r2 é que seja nulo o produto
® ® ® ®
misto ( v1 , v2 , A1 , A2 ).
1 2 1
® ® ® ®
Assim, ( v1 , v2 , A1 , A2 ) = -1 1 3 = -13 ¹ 0 , o que prova não
-6 -2 3
serem cooplanares as retas r 1 e r2 .

2. Calcule o valor de k para que as retas r : x = y - 2 = z + 1 e s:


1 k 3
ìï x=t
ïï
ïí
y = 1 + 2t sejam cooplanares.
ïï
z = -2t
ïïî
Solução:
®
1. A reta r é definida pelo ponto A1 ( 0, 2, -1 ) e pelo vetor v1 = ( 1, k, 3 ) ;
®
2. A reta s é definida pelo ponto A2 ( 0, 1, 0 ) e pelo vetor v2 = ( 1, 2, -2 ) ;
¾¾
®
3. O vetor A1A 2 = ( 0, -1, 1 ) ;
® ® ¾¾
®
4. De acordo com a condição de cooplanaridade ( v1 , v2 , A1A2 ) = 0 .
1 k 3
Assim, 1 2 -2 =0 Þ k = -3 .
0 -1 1
Para que as retas r e s sejam coplanares,
k= -3.

ate nção! 2.4 POSIÇÕES RELATIVAS DE DUAS RETAS


Duas retas são concorrentes se elas têm um ponto Duas retas r e s, no espaço podem ser:
em comum. As retas perpendiculares são retas a) cooplanares, quando estão situadas no
concorrentes que formam entre si um ângulo reto. mesmo plano. Neste caso elas ainda podem ser:

AULA 4 TÓPICO 2 69
i) concorrentes, quando existe um único ponto em comum;
ii) paralelas, quando não possuem ponto comum.

Figura 6 – Retas r1 e r2 concorrentes. Figura 7 – Retas r1 e r2 paralelas

b) reversas, quando não pertencem ao mesmo plano.

Figura 8 - Retas r1 e r2 reversas

Duas retas são ditas reversas quando


uma não tem interseção com a outra e elas não
sai b a mai s !
são paralelas. Isto significa que elas estão em
planos diferentes. Pode-se pensar de uma reta r - Uma reta r é paralela a um plano no espaço ³,

desenhada no chão de uma casa e uma reta s, se existe uma reta s inteiramente contida no plano

não paralela a r, desenhada no teto dessa mesma que é paralela à reta dada.

casa. - Uma reta é perpendicular a um plano no espaço


³, se ela intersecta o plano em um ponto P e
Exercícios resolvidos todo segmento de reta contido no plano que tem P
1. Estude a posição relativa das retas r: como uma de suas extremidades é perpendicular
ìï x = 2t à reta.
ïï x-2 y z-1
ïí y = 1-t e s: = =
ïï -4 2 -2
ïïî z = t
Solução:
® ®
v 1 = ( 2, -1, 1 ) e v 2 = ( -4, 2, -2 ) são vetores de r e s, respectivamente.
® ®
Observe que as componentes são proporcionais, daí v 1 // v2 e r // s .
ìï x = 2 + 2t
ïï
2. Estude a posição relativa das retas r: ïí y = 3 t e
ïï
x -5 y -2 z -7 ïïî z = 5 + 4t
s: = =
1 -1 -2

Solução:
®
Tendo em vista que os vetores diretores de r e s são v 1 = ( 2, 3, 4 ) e

70 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
®
1 -1 -2
v 2 = ( 1, -1, -2 ) , as retas não são paralelas, pois
¹ ¹ .
2 3 4
® ® ® ®
Calculemos o produto misto ( v1 , v2 , A1 , A2 ), sendo A 1 ( 2, 0, 5 ) e
A 2 ( 5, 2, 7 ) .
Assim,
2 3 4
® ® ® ®
( v1 , v2 , A1 , A2 ) = 1 -1 -2 = 0 , o que quer dizer que as retas são
3 2 2
coplanares e, portanto, concorrentes.

Vimos nesta aula que, assim como no plano, no espaço tridimensional, as


retas são representadas por equações (neste caso com três variáveis) que trazem
todas as informações da reta, como, por exemplo, direção e posição no espaço.

AULA 4 TÓPICO 2 71
AULA 5 Plano

Caro(a) aluno(a),

Na aula anterior (aula 4 – Retas), estudamos retas no espaço tridimensional e


vimos que qualquer reta pode ser representada por um conjunto de equações que
relaciona as coordenadas x, y e z de cada ponto da reta, possibilitando utilizarmos
métodos algébricos na resolução de problemas geométricos.

Nesta aula, vamos usar o mesmo raciocínio no estudo do plano no espaço


tridimensional. Veremos que qualquer plano pode, também, ser representado por
uma equação. Isso vai nos permitir, assim como no estudo das retas, analisar
e interpretar o plano através dessa equação, determinando ângulos entre dois
planos, conhecendo as posições particulares que dois planos podem assumir no
espaço tridimensional e calculando ângulo entre reta e plano.

Objetivos

• Conhecer, interpretar e analisar as equações de um plano


• Resolver problemas que envolvem retas e planos

72 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
TÓPICO 1 Equações do plano
O bjetivos
• Conhecer os vários meios de determinação de equações
do plano
• Interpretar geometricamente equações do plano quando
estes assumem posições particulares no espaço

V imos, na aula 4, que a direção de uma reta fica perfeitamente fixada


por um vetor que indica sua direção (vetor diretor). Em relação
ao plano, um vetor paralelo a esse plano não é suficiente para
fixar a direção de um plano, tendo em vista que existem infinitos planos paralelos
a um determinado vetor, porém um vetor perpendicular a esse plano define de
modo completo sua direção. Dessa forma, um plano no espaço fica determinado se
conhecermos um ponto desse plano e um vetor que seja ortogonal ao plano.

1.1 EQUAÇÃO GERAL DO PLANO


Seja A= ( x1 , y1 , z1 ) um ponto conhecido
® ®
de um plano l e n = (a, b, c), n ¹ ( 0, 0, 0 ) ,
você sa b i a? um vetor normal (ortogonal) ao plano. Podemos
Um vetor é ortogonal a um plano quando forma definir o plano l como sendo o conjunto de
com esse um ângulo reto. todos os pontos P (x, y, z) do espaço tais que
® ®
AP. n = 0 (cf. figura 1).

®
Figura 1 - O vetor n é ortogonal ao plano

AULA 5 TÓPICO 1 73
® ®
Tendo em vista que n = (a, b, c) e AP = P-A = (x- x1 , y- y1 , z- z1 ), a equação
® ®
AP.n = 0 fica:
(a, b, c) . (x- x1 , y- y1 , z- z1 ) = 0 ou ax + by + cz - a x1 - b y1 - c z1 = 0.
Tomando d = - a x1 - b y1 - c z1 , vem:
ax + by + cz + d = 0.
Esta é a equação do plano que contém o ponto A(x1 , y1 , z1 ) e é ortogonal ao
®
vetor n = (a, b, c) .

Exercícios resolvidos
1. Determine a equação geral do plano l
®
que passa pelo ponto A(3, -1, 2), sendo n = (2,
1, 5) um vetor normal a p .
guar de b e m i s s o !
Solução:
®
Se n = (2, 1, 5) é normal aos planos l , sua ®
a) Se um vetor n = (a, b, c) é normal (ortogonal) a
equação é do tipo: 2x + y 5z + d = 0. l , kn, k Î IR*, é também ortogonal a esse plano.
®
Tendo em vista que o ponto A = (3, -1, Assim qualquer vetor do tipo kn = (ak, bk, ck)
2. pertence ao plano, suas coordenadas devem com k ¹ 0 é normal desse plano.
verificar a equação, ou seja: 2(3) + (-1) + 5(2) + d b) É importante observar, também, que
= 0 Þ 2 – 1 + 10 + d = 0 Þ d = -11. os três coeficientes a, b, c da equação
Assim, a equação do plano fica: ax + by + cz + d = 0 representam as
2x + y + 5z – 11 = 0 componentes de um vetor normal ao plano.
Por exemplo: Se um plano l é dado por
2. Escreva a equação geral do plano p1 2x + 5y − 4z + 1 = 0 , uma de suas normais é

que contém o ponto A(-2, 1, 4) e é paralelo ao o vetor n = ( 2, 5, 4 ) e qualquer vetor do tipo
plano ðp22 : 3x + 2y - 4z + 1 = 0 (2k, 5k, -4k), K Î IR* é também normal a l .

Solução:
®
Sendo p1 // p2 , o vetor n2 = (3, 2, -4)
normal a p1 é também normal a p2 . Assim a equação de p1 é do tipo:
3x + 2y – 4z + d = 0
Se A(-2, 1, 4) pertence a p1 , devemos ter 3(-2) + 2(1) – 4(4) + d = 0 Þ d =
20
Assim a equação do plano p1 fica 3x + 2y – 4z + 20 = 0
3. Determine a equação geral do plano p que passa pelo ponto A = (2, 1, -2)
ïìïx = -4 + 3t
ï
e é perpendicular a reta r: ïíy = 1 + 2t
ïï
ïïîz = t

74 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
Solução:
Um vetor normal a esse plano é o próprio
®
vetor diretor v (3, 2, 1) desta reta. Logo, a
sa i ba ma i s!
equação do plano p é do tipo 3x + 2y + z +
Para se obter pontos de um plano, basta atribuir
d = 0. Considerando que o ponto A(2, 1, -2)
valores arbitrários a duas variáveis e calcular
pertence ao plano, então 3(2) + 2(1) + (-2) + d
a terceira na equação. Por exemplo, considere
= 0 Þ d = -6. Assim, a equação fica 3x + y +
x = 2 e y = 4. Calculando z na equação
z–6=0
3x + 2y + z + d = 0 , temos 3 .(2 ) + 2 .(4) +
z – 6 = 0; z = -8. Assim, o ponto (2, 4, - 8)
pertence ao plano 3x + y + z – 6 = 0. 4. Determine a equação geral do plano que
passa pelo ponto A = (2, 1, 3) e é paralelo aos
® ®
vetores v1 = (3, 1, 0) e v 2 = (-1, 3, 2).
Solução:
® ®
Os vetores-base do plano são v1 e v 2 , então um vetor normal ao plano é
® ® ®
n = v1 x v 2 .

® ® ®
i j k
® ®
v1 x v 2 = 3 1 0 = (2, -6, 10)
-1 3 2

A equação do plano é do tipo 2x – 6y + 10z + d = 0.


O ponto A(2, 1, 3) pertence ao plano, assim 2(2) - 6(1) + 10(3) + d = 0 Þ
d = -28. A equação do plano fica 2x – 6y + 10z – 28 = 0.

5. Estabeleça a equação geral do plano determinado pelos pontos A( 3, 1, 2 ) ,


B( -1, 4, 0 ) e C( 2, 1 , -3) .
Solução:
Observe que, de acordo com a figura 2 abaixo, um ponto P(x, y, z) pertence
  ®
ao plano l se os vetores, AB , AC e AP forem cooplanares. Na aula 4, vimos que
três vetores são coplanares se o produto misto desses vetores for nulo.

® ® ®
Figura 2 - Os vetores AB , AC e AP são coplanares

AULA 5 TÓPICO 1 75

Considerando que AB = B - A = (-4, 3, -2), = C – A = (-1, 0, -5),
-4 3 -2
®   ®
AP = P - A = (x-3, y-1, z-2 ) e fazendo ( AB , AC e AP ) = -1 0 -5
x - 3 y -1 z - 2
= 0 chegamos à equação -15x-18y + 3z + 57 = 0 .
x -1 y+2
6. Estabeleça a equação geral do plano que contém a reta r: =
z-3 2 3
= e o ponto B(-1, 3, 1).
2
Solução:
®
A reta tem direção v = (2, 3, 2) e contém
®
o ponto A(1, -2, 3). Assim a normal n do plano
®
é um vetor simultaneamente ortogonal a v e A,
® ®
ou seja, n = v x A (cf. figura 3). vo c ê sab i a?

Dessa forma, se AB = B – A = (-2, 5, -2) e Existe uma analogia entre a reta no plano e o
i j k plano no espaço. No plano, a equação de uma
® ® ®
n = v x A = 2 3 2 Þ n = (-16, 0, 16). A
reta pode ser determinada se conhecermos sua
-2 5 -2
inclinação e um ponto dessa reta. No espaço,
equação do plano é do tipo -16x+0y+16z+d=0,
a inclinação de um plano é dada por um vetor
o ponto B(-1, 3, 1) pertence ao plano. Assim, -16
ortogonal a ele (normal), e a equação de um plano
(-1) + 0(3) + 16(1) + d = 0 Þ d = -32. A equação
pode ser determinada se forem dados a normal e
fica -16x + 16z – 32 = 0.
um de seus pontos.
Observe que a variável y não figura na
equação, o que significa dizer que esse plano é
paralelo ao plano coordenado xz.

® ® ®
Figura 3 – A normal n é ortogonal simultaneamente a v e AB

1.2 CASO PARTICULAR


A equação ax + by + cz + d = 0 na qual a, b e c não são todos nulos
®
representa a equação de um plano p cuja normal é o vetor n = ( a, b, c ). Quando
®
uma ou duas componentes de n são nulas ou d = 0 , estamos diante de casos
particulares descritos a seguir.

76 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
1.2.1 Plano que passa pela origem
Se o plano lð:ax + by + cz + d = 0 passa pela origem, então contém o ponto
(0, 0, 0). Assim a.0 + b.0 + c.0 + d = 0 Þ d = 0. A equação fica ax + by + cz = 0 ,
que representa a equação de um plano que passa pela origem.

1.3 PLANOS PARALELOS A EIXOS COORDENADOS


®
Se apenas uma das componentes de n for nula, o vetor é ortogonal a um
dos eixos coordenados, e, portanto, o plano l é paralelo ao mesmo eixo. Se a = 0,
® ®
n =(o, b, c), que é ortogonal ao eixo ox. Assim o plano cuja normal é n é paralelo
ao eixo ox. Veja alguns exemplos:
® ®
10y + 6z – 30 = 0; observe que n = (0, 10, 6), logo n é ortogonal a ox e o
plano é paralelo a ox. (cf. figura 4)
®
2x + 3y + 5 = 0; neste caso n = (2, 3, 0) é um vetor ortogonal ao eixo oz.
Assim o plano p é paralelo a oz.
®
3y + 4x = 0; neste caso n = (4, 3, 0) e além disso d = 0 , portanto o plano é
paralelo ao eixo oz e passa pela origem.
Concluímos, dessa forma, que a variável ausente na equação indica que o
plano é paralelo ao eixo dessa variável.

Figura 4 – Plano π é paralelo ao eixo x

1.4 PLANOS PARALELOS A PLANOS COORDENADOS


® ®
Se duas componentes de n forem nulas, o vetor n é ortogonal a um plano
®
coordenado. Assim o plano cuja normal é n é paralelo a esse eixo coordenado.
®
Observe que, se a = b = 0, n = (0, 0, c) é ortogonal ao plano xy. Assim o
®
plano cuja normal é n é paralelo ao plano xy.
Exemplo:
®
3y -15 = 0 ou y = 5; note que n = (0, 2, 0) é um vetor ortogonal ao plano
xz. Assim o plano l é paralelo ao plano coordenado xz e intercepta o eixo ox no
ponto (0, 5, 0). (cf. figura 5)

AULA 5 TÓPICO 1 77
®
2x + 8 = 0 ou x = -4; neste caso n = (2, 0, 0 ) representa um vetor ortogonal
ao plano coordenado yz. Assim o plano l é paralelo ao plano coordenado yz e
intercepta o eixo 0x no ponto (-4, 0, 0).

Figura 5 - O plano é paralelo ao plano coordenado xz

Em síntese:
d
ax + d = 0 ou x = -é equação de um plano paralelo ao plano coordenado
a
yz e intercepta o eixo ox no ponto (- d , 0 , 0 ) ( a ¹ 0) (cf. figura 5).
a
by + d = 0 ou y = - d representa a equação de um plano paralelo ao plano
b
coordenado xz e intercepta o eixo oy no ponto ( 0, - d , 0 ) ( b ¹ 0 ) (cf. figura 5).
b
Cz + d = 0 ou z = - d ( c ¹ 0 ) representa a equação de um plano paralelo ao
c
plano coordenado xy e intercepta o eixo oz no ponto ( 0, 0, - d )
c
Podemos concluir que os planos coordenados xy, yz, xz têm equações z = 0,
x = 0 e y = 0 respectivamente.

Exercício resolvido
1. Determine a equação de um plano l que é perpendicular ao eixo z e que
contém o ponto A(2, - 1, 3) .
Solução:
Se o plano é perpendicular ao eixo oz, a normal é colinear ao vetor
® ®
k = (0, 0, 1 ). Assim qualquer vetor do tipo v = ( 0, 0, k) é normal de p . Em
®
particular, seja n = ( 0, 0, 2 ), a equação de p é do tipo ax + by + cz + d = 0. Assim:
0 . 2 + 0 .(-1) + 2 . 3 + d = 0 Þ d = -6, então a equação fica 0x + 0y + 2z + (-6) = 0
Þ 2z – 6 = 0 ou z = 3, que representa um plano paralelo ao plano coordenado
xoy e que intercepta o eixo ou no ponto ( 0, 0, 3 ).

2. Determine a equação de um plano que contém o ponto A( 2, 3, 4 ) e


®
normal n = (2, 3, 0).

78 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
Solução:
®
Substituindo as componentes de n e as coordenadas de A na forma
ax + by + cz + d = 0, temos: 2.2 + 3.3 + 0.4 + d = 0 Þ d = -13. Assim a equação
fica 2x + 3y – 13 = 0, que representa um plano paralelo ao eixo oz.

Neste tópico, estudamos as condições necessárias e suficientes para


determinação da equação de um plano no espaço, além de mostrar, através de suas
equações, as posições particulares que eles podem assumir no espaço. No próximo
tópico, completaremos nosso estudo sobre plano deduzindo fórmulas que nos
permitirão calcular ângulo entre reta e plano e ângulo entre dois planos.

AULA 5 TÓPICO 1 79
TÓPICO 2 Complemento sobre planos
O bjetivos
• Calcular o ângulo entre dois planos e entre reta e plano
• Determinar a interseção de dois planos

U
interseção de dois planos.
ma vez que já conhecemos as equações de um plano, focaremos, neste
tópico, alguns elementos que complementarão nosso estudo sobre
plano que são: ângulo entre dois planos, ângulo entre reta e plano e

2.1 ÂNGULO DE DOIS PLANOS


Consideremos dois planos quaisquer p1 e p2 de equações
a1x + b1y + c1z + d1 = 0 e a 2 x + b2 y + c2 z + d2 = 0 , respectivamente. Dessa forma
® ®
n1 = ( a1, b1 , c1 ) e n2 = ( a 2, b2 , c2 ) são suas normais. O ângulo entre p1 e p2 é zero
® ®
se eles forem paralelos ou coincidentes. Caso contrário, sejam q o ângulo entre n1 e n 2 e
g ângulo entre os planos p1 e p2 . De acordo com a figura 6, β + θ = 90 º e γ + β = 90 º,
isto é, α = θ . Assim, o ângulo entre dois planos é igual ao ângulo entre suas normais,
ou seja:
→ →
n1 .n2 (a1 , b1 , c1 ). (a2 , b2 , c2 )
cos θ = → →
ou cos θ = ou ainda
a + b12 + c12 . a 22 + b22 + c22
2
n1 . n2 1

a1 a 2 + b1 + b2 + c1c2
cos θ =
a + b12 + c12 . a 22 + b22 + c22
1
2

80 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
Figura 6 – O ângulo entre os planos é o mesmo entre suas normais

Exercício resolvido
1. Determine o ângulo entre os planos p1 e
p2 de equações 2x + 3y + 2z – 1 = 0 e x + 2y – 4z
ate nção!
= 0, respectivamente.
A condição de paralelismo e perpendicularismo Solução:
® ®
de dois planos são as mesmas de seus respectivos Suas normais são: n1 = ( 2, 3, 2 ) e n 2 = (1,
vetores normais, ou seja, considerando que
→ → 2, -4),
n1 = ( a1, b1, c1 ) e n2 = ( a2 , b2 , c2 ) , vetores
então, se q é o ângulo entre as normais,
normais de p1 e p2 , respectivamente). → →
a b c n1 .n2 Þ
Se p1 // p2 Þ 1 = 1 = 1 cos θ = → →
a2 b2 c2
b) Se p1 ^ p2 : n1 . n2
Þ a 1 ⋅ a 2 + b1 ⋅ b 2 + c 1 ⋅ c 2 = 0 (2, 3, 2 ).( 1, 2, − 4)
Þ
cos θ =
c) Se, além da igualdade do item a, d1 = d2 , p1 e 2 + 32 + 22 . 12 + 22 + (−4)2
2

p2 são coincidentes. π
cos θ = 0 , ou seja, θ = . Assim, os planos p1 e
2

p2 são ortogonais.
2. Determine o ângulo entre os planos pð11 :2x + y - 3z + 1 = 0 e
ð2 : 4x + 2y - 6z + 3 = 0 .
p
Solução:
® ®
As normais de p1 e p2 são n 1 = (2, 1, - 3) e n 2 = (4, 2, - 6) ,
2.4 + 1.2 + (-3).(-6) 28
respectivamente. Portanto, cos θ = = =1,
2 + 1 + (−3) . 4 + 2 + (−6)
2 2 2 2 2 2
784
ou seja, θ = arc cos 1 = 0 , o que significa que os planos são paralelos, ou seja, se uma
o
¾¾
®
reta perpendicular aos planos p1 e p2 intercepta-os nos pontos A1 e A2 , então A1A2
representa a distância entre esses planos. Mas esse é um assunto para próxima aula.

AULA 5 TÓPICO 2 81
2.2 ÂNGULO ENTRE RETA E PLANO
® ®
Considere uma reta r com direção do vetor v e um plano p , sendo n um vetor
normal a p conforme mostra a figura 7.

Figura 7 - q é o ângulo entre a reta e o plano

O ângulo de reta r com plano p é o complemento do ângulo a que a reta forma


p
com a normal do plano. Tendo em vista que q + a = , então cosa = sena . Assim,
® ® → → 2
v.n v . n π
se cos a = ® ®
, então sen θ = → → , 0≤θ≤ .
v . n v . n 2

Exercício resolvido
x -1 y z-3
Determine o ângulo que a reta r: = = forma com o plano
-2 -1 1
p : x + y – 5 = 0.
Solução:
® ®
A reta r tem direção do vetor v (-2, -1, 1) e n = (1, 1, 0) é um vetor de p . Assim,
→ →
v.n (-2, -1, 1 ) (1, 1, 0 ) Þ
sen θ = → →
Þ sen q =
v . n (-2) + (-1) + 1 .
2 2 2
1 +12 2

3 3
sen θ = Þ θ = arc sen Þ q= p .
2 2 3

2.3 INTERSEÇÃO DE DOIS PLANOS


Sabemos que a intersecção de dois planos não paralelos é uma reta. Um ponto
pertence à reta intersecção se suas coordenadas satisfazem simultaneamente a equação
dos dois planos. Assim, a intersecção de dois planos π1 = a1x + b1y + c1z + d1 = 0
e π2 = a 2 x + b2 y + c2 z + d2 = 0 é o conjunto de todos os pontos do tipo
ïìïx = x1 + at
ï
(x, y, z ) em que ïíy = y1 + bt (t ∈  ) , o que representa a solução do sistema
ïï
ïïîz = z1 + ct
ìïïa1x + b1y + c1z + d1 = 0
í
ïîïa 2 x + b2 y + c2 z + d2 = 0

82 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
Exercício resolvido
1. Determine a intersecção dos planos p1 e p2 de equações 2x - 5y - 7z + 1 = 0
e x-4y + z + 2 = 0 , respectivamente.
Solução
ïì2x-5y - 7z + 1 = 0
Vamos resolver o sistema ïí
ïïî x - 4y + z + 2 = 0
Observe que o sistema é indeterminado, ou seja, possui infinitas soluções e
cada solução representa um ponto da reta interseção. Assim, tomando z = t com tÎ IR,
chegamos a:
ìïï 2x -5 y = 7t - 1 (I)
í
ïïî x - 4y = -t-2 (II)
Multiplicando a equação (II) por (-2) e somando com a equação (I), chegamos a:
3y = 9t + 3 Þ y = 1 + 3 t
Da equação (II) temos:
x-4.(1 + 3t) = -t - 2 ou x = 2 + 11t ìïx = 2 + 11t
ïï
Assim, a interseção dos planos p1 e p2 é a reta de equação ïíy = 1 + 3t
ïï
ïîïz = t
®
Logo, a reta interseção dos planos p1 e p2 tem direção v = (11, 3, 1) e contém
o ponto A( 2, 1, 0 ) . Observe que o ponto A( 2, 1, 0 ) satisfaz as duas equações
2x - 5y - 7z + 1 = 0 e x-4y + z + 2 = 0 .

Aprendemos nesta aula como encontrar a equação de um plano que satisfaz certas
condições geométricas e resolver problemas usando simultaneamente retas e planas no
espaço tridimensional através das técnicas estudadas.
Na próxima aula nos restringiremos ao espaço bidimensional para o estudo de
algumas curvas planas como circulo, elipse parábola e hipérbole que terá um papel
fundamental nas aulas subsequentes.

AULA 5 TÓPICO 2 83
AULA 6 Distâncias

Caro(a) aluno(a),

Após termos estudado as principais equações de reta e plano, vamos procurar,


nesta aula, utilizar nosso conhecimento sobre vetores e desenvolver fórmulas que
nos permitam calcular distâncias que envolvam pontos retas e planos no espaço.

Objetivo

• Calcular distâncias relacionadas a ponto reta e plano

84 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
TÓPICO 1 Distância envolvendo
ponto e reta
O bjetivos
• Obter distâncias entre ponto e reta
• Obter distâncias entre retas paralelas e distâncias entre
retas reversas

N este tópico abordaremos as demonstrações e aplicações de


algumas fórmulas que nos permitem calcular distâncias entre
ponto e reta e distância entre retas reversas.

1.1 DISTÂNCIA DE UM PONTO P A UMA RETA R


Dados um ponto P e uma reta r, a distância
do ponto P à reta é o menor comprimento do
segmento PQ onde Q é um ponto da reta r.
sa i ba ma i s!
Esse menor comprimento é atingido quando o
Para saber mais sobre distâncias entre ponto ¾¾
®
vetor PQ é ortogonal ao vetor diretor da reta
e reta, acesse o site disponível em http://
r. Observe que, neste caso, considerando um
mundoeducacao.bol.uol.com.br/matematica/
ponto R da reta r, os pontos P, Q e R formam
distancia-entre-ponto-reta.htm.
um triângulo retângulo em que PQ e RQ são os
catetos. Assim, se q é o ângulo entre RQ e RP ,
temos:


PQ ou ¾¾® ¾¾
®
sen θ = PQ = RP . sen q


RP
¾¾
® ¾¾
®
Tendo em vista que sen q £ 1 , então PQ £ RP , o que prova nossa
afirmação.
Vejamos agora como determinar a distância entre um ponto e uma reta no
espaço. Para tanto consideremos uma reta r que contém o ponto R ( x1 , y1 , z1 )

AULA 6 TÓPICO 1 85
®
e direção do vetor v = ( a, b, c ) e seja P ( x 0 , y 0 , z0 ) um ponto qualquer do
® ®
espaço. Observe na figura 1 que os vetores v e RP representam os lados de um
paralelogramo cuja altura é a distância do ponto P à reta r.


Figura 1 – PQ representa a distância entre o ponto P e a reta r

Tendo em vista que a área do paralelogramo


é dada pelo produto da base pela altura:
®
( I ) Área = v .d sai b a mai s !
Vimos na aula 4 que a área do paralelogramo
Relembre os conceito de paralelogramo, acessando
pode ser representada pelo módulo do produto
o site https://brasilescola.uol.com.br/matematica/
vetorial dos vetores que representam os lados
paralelogramos.htm
desse polígono. Assim:
® ®
( II ) Área = v x RP
Comparando as expressões ( I ) e ( II ):
® ® ® ®
® ® ® v x RP ou d ( P, r ) = v x RP
v .d = v x RP Þ d = ® ®
v v

Exercícios resolvidos
1. Calcule a distância ente o ponto P ( 2, -3, 1 ) e a reta r de equação:
ìïx = 2 + t
ïï
ïíy = 1 - 2t
ïï
ïïîz = 4
Solução:
®
Considere R ( 2, 1, 4 ) um ponto da reta r e v = ( 1, -2, 0 ) sua direção.
®
RP = P - R = ( 0, -4, -3 )
i j k
® ®
v x RP = 1 -2 0 = ( 6, 3, -4 )
0 -4 -3

86 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
Assim,
( 6, 3, -4 ) 61 61
d ( P, r ) = = =
( 1, -2, 0 ) 5 5

2. Calcule a área do triângulo cujos vértices são os pontos


A ( 1, 2, 3 ) , B ( -2, 0, 5 ) e C ( 2, 4, 1 ).
Solução:
___ ®
A reta suporte do lado BC tem direção do vetor BC = C - B = ( 4, 4, -4 ) .
___
Assim, a equação da reta BC que passa pelo ponto B e tem direção do vetor
®
ïìïx = -2 + 4t
BC = ( 4, 4, -4 ) e ïïíy = 4t
ïï
ïïîz = 5 - 4t
___
A altura h do triângulo ABC, relativa ao lado BC , é a distância do ponto A
___
à reta BC , ou seja:
® ®
« BC x BA
h = d ( A, BC ) = ®
BC
®
Considerando que BA = A - B = ( 3, 2, -2 ) :
i j k
® ®
BC x BA = 4 4 -4 = ( 0, -4, -4 )
3 2 -2
« ( 0, -4, -4 ) 32 2
Assim, h = d ( A, BC ) = = =
( 4, 4, -4 )) 48 3

A área do triângulo é a metade do produto da base pela altura. Considerando


2 ®
a altura h = e a base BC = 48 , temos:
3

2 2
48 . 4 3.
Área = = 3 = 2 2 3
2 2
Uma outra maneira de resolver esse problema é dividir por 2 o módulo do
® ®
produto vetorial dos vetores AB e AC , ou seja:
® ®
AB x AC , tendo em vista
Área D =
® ®
2
que AB x AC nos dá a área do paralelogramo
® ®
ate nção! de lados AB e AC .
Sendo:
A distância entre dois pontos A e B corresponde ao ®
→ →
AB = B - A = ( -3, -2, 2 ) ,
módulo do vetor AB , ou seja: d ( A,B) = AB . ®
AC = C - A = ( 1, 2, -2 ) , temos:

AULA 6 TÓPICO 1 87
i j k
® ®
AB x AC = -3 -2 2 = ( 0, -4, -4 )
1 2 -2
® ®
AB x AC
Substituindo na fórmula Área D = , chega-se a:
2
( 0, -4, -4 ) 16 + 16 32
Área D = = = = 2 2
2 2 2

1.2 DISTÂNCIA ENTRE DUAS RETAS


® ®
Sejam P e Q pontos das retas r e s, respectivamente, e u e v os vetores
diretores de r e s, respectivamente.
Suponhamos, inicialmente, que as retas r e s sejam paralelas. Neste caso a
distância d entre elas é igual à distância de um ponto qualquer P de uma delas a
outra reta, isto é:
d (r, s) = d (P, s ) se P Î r ou d (r, s) = d (P, r) se P Î s
Observe que o cálculo da distância entre duas retas paralelas se reduz ao
cálculo de um ponto a uma reta.

Exercício resolvido ïïì x = 3 + 2t ïìï x = 1 + 4t


ïï ï
Calcule a distância entre as retas r í y = 1 + 3t e s ïí y = 2 + 6t
ïï ïï
ïïî z = 4- t ïïî z = -1 - 2t
Solução:
®
As retas são paralelas, pois um vetor diretor de r é u = (2, 3, - 1) e um vetor
 ® ®
diretor de s é v = (4, 6,−2) . Assim, v = 2u .
Calculemos a distância entre r e s por d (r, s) = d (P, s ) .
Um ponto de r é P ( 3, 1, 4 ) e s passa por Q ( 1, 2,- 1 ) e tem direção do

vetor v = (4, 6,−2) . Assim:
® ®
v x QP
d ( P,s ) = ®
, como mostra a figura 2.
v
®
Tendo em vista que QP = P - Q = (-2, 1, -5) , temos:
(4, 6, -2) x (-2, 1, -5) (-28, 16, 16) 36
d ( P,s ) = = =
(4, 6, -2) (4, 6, -2) 2 14
9 14
ou d ( P,s ) =
7

88 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
Figura 2 – Distância do ponto P à reta s

Suponhamos agora que as retas r e s sejam reversas. Seja r definida por um


®
ponto Q1 (x1 , y1 , z1 ) e pelo vetor v1 = (a1 , b1 , c1 ) e a reta s definida pelo ponto
®
Q2 (x2 , y2 , z2 ) e pelo vetor diretor v2 = (a 2 , b2 , c2 ) . Observe na figura 3 que
® ® ¾¾
®
os vetores v1 , v2 e Q1Q2 determinam um paralelepípedo cuja base é definida
® ®
pelos vetores v1 , v2 e a altura corresponde à
distância d entre as retas r e s ou entre os planos
paralelos que as contêm.
você sa b i a?
Duas retas são ditas reversas quando uma não tem
interseção com a outra e elas não são paralelas.
Neste caso elas estão em planos diferentes.
Podemos pensar em uma reta r desenhada no
chão de uma casa e uma reta s, não paralela a r,
desenhada no teto dessa mesma casa.

Figura 3 - d representa a distância entre as retas reversas r e s

O volume V do paralelepípedo da figura 3 é dado por:


I ) V = (Área da abase) . ( altura )
® ® ¾¾
®
II ) V = v1 , v2 , Q1Q 2 (veja na aula 4)
® ®
Tendo em vista que (Área da abase) . ( altura ) = v1 x v2 . d e comparando
® ® ¾¾
®
® ® ® ® ¾¾
® v1 , v2 , Q1Q 2
I e II, chega-se a: v1 x v2 . d = v1 , v2 , Q1Q 2 ou d = ® ®
v1 x v2

Exercício resolvido ïïì x = 1-3t ïïì x = -2 + 5t


ï ï
Calcule a distância entre as retas r ïí y = 3-6t e s ïí y = 2 - t
ïï ïï
ïïî z = 3-4t ïïî z = -1 + 3t

AULA 6 TÓPICO 1 89
Solução:
A reta r passa pelo ponto Q1 ( 1, 3, 3 )
®
e tem direção do vetor v1 = (-3, - 6, - 4)
vo c ê sab i a?
, e a reta s passa pelo ponto Q2 ( -2, 2, -1 ) e
®
tem direção do vetor v2 = ( 5, - 1, 3 ) . Assim, Se calcularmos a distância entre duas retas
¾¾
® concorrentes, o resultado será zero, pois a
Q1Q2 = Q2 - Q1 = (-3, -1, -4) .
menor distância entre duas retas concorrentes é
i j k
® ® calculada no ponto de concorrência.
v1 x v2 = -3 -6 -4 = (-22, 11, 33)
5 -1 3

i j k
® ®
(I) v x v = -3 -6 -4 = (-22, 11, 33)
1 2

5 -1 3

= (-22)2 + 112 + 332 = 1694 = 11 14 (II)

-3 -6 -4
® ® ¾¾
®
v1 , v2 , Q1Q2 = 5 -1 3 = -55 = 55 ( III )
-3 -1 -4
® ® ¾¾
®
v1 , v2 , Q1Q 2
Substituindo (I), ( II ), e ( III ) na fórmula d (r,s) = ® ®
, temos:
v1 x v2
55 5 5 14
d (r,s) = = =
11 1 4 14 14

Este problema também pode ser resolvido calculando-se a distância de um


ponto qualquer de uma das retas ao plano que contém a outra reta, tendo em vista
que os planos que contêm cada uma delas são paralelos.
No caso apresentado no exercício anterior, estaríamos calculando a distância
entre ponto e reta, assunto do nosso próximo tópico.

90 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
TÓPICO 2 Distância envolvendo
ponto e plano
O bjetivos
• Obter distâncias entre ponto e plano
• Obter distâncias entre retas e planos

N este tópico focaremos nosso estudo em distâncias relacionadas a


ponto e planos e retas e planos quando os mesmos são paralelos.

2. 1 DISTÂNCIA DE UM PONTO P A UM PLANO


Considere um plano p , um ponto P fora desse plano e um vetor ortogonal
a esse plano (vetor normal ao plano). A distância entre o ponto P e o plano p é
a menor das distâncias entre P e Q, onde Q é
um ponto desse plano. Assim como no caso da
distância de um ponto a uma reta (tópico 1), essa
¾¾
®
menor distância ocorre quando o vetor QP é
você sa b i a? ¾¾
®
ortogonal ao plano, ou seja, quando o vetor QP
A geodésica é uma curva de comprimento mínimo
é paralelo a normal do plano p .
que une dois pontos. No espaço euclidiano
Assim, sejam P (x1 , y1 , z1 ) , A (x, y, z)
(geometria plana), essa curva é um segmento de ®
e n = ( a, b, c ) um ponto conhecido, um ponto
reta, mas, na geometria riemaniana, a curva de
qualquer e a normal do plano, respectivamente,
menor distância entre dois pontos pode não ser
a distância d (P, p) entre o ponto P e o plano p é
uma reta.
representada pelo módulo da projeção ortogonal
® ®
de AP na direção de n , como mostra a figura 4.

AULA 6 TÓPICO 2 91
®
Figura 4 - PQ representa a distância do ponto ao plano

Assim, temos: ® ®
®
d (P, p) = proj ® AP = AP . n
®
,
n
n
®
com AP = P - A = ( x1 - x, y1 - y, z1 - z ) .
® ®
Substituindo AP = ( x1 - x, y1 - y, z1 - z 1 ) e n = ( a, b, c ) na equação
acima, temos:
(x1 -x, y1 - y, z1 - z ). ( a, b, c )
d (P, p) =
(a, b, c )
a.( x1 -x ) + b ( y1 - y) + c ( z1 - z )
d (P, p) =
a 2 + b2 + c2
ax1 + by1 + cz1 - ax - by - cz
d (P, p) =
a 2 + b2 + c2
ax1 + by1 + cz1 + d
Mas ax - by - cz = d , assim d (P, p) = .
a 2 + b2 + c2
Observe que o numerador é o módulo do número que se obtém substituindo
x, y e z, na equação do plano, por x1 , y1 , e z1 e o denominador é o módulo do
®
vetor n (normal do plano).

Exercícios resolvidos
1 Calcule a distância do ponto P ( -4, -2, 5 ) ao plano de equação
2 x-y +2 z +8 = 0 .
Solução:
Neste caso temos:
a) As coordenadas do ponto P são: x1 = -4 , y1 = -2 e z1 = 5
®
b) As componentes da normal n são: a = 2 , b = -1 e c = 2
ax1 + by1 + cz1 + d
Substituindo esses números na equação d (P, p) = ,
a 2 + b2 + c2
temos:

92 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
2.(-4) + (-1).(-2) + 2.5 + 8
d (P, p) =
22 + (-1)2 + 22
ate nção! -8 + 2 + 10 + 8 12
d (P, p) = =
4 +1 + 4 3
Qualquer uma das alturas de um tetraedro pode
d (P, p) = 4
ser obtida calculando-se a distância de um dos
2. Calcule a distância da origem ( 0, 0, 0)
seus vértices ao plano da face oposta.
ao plano de equação 2x + 3y - z + 5 = 0 .
Solução:
De modo semelhante ao exemplo anterior, temos:
a.0 + b.0 + c.0 + d
d (0, p) =
22 + 32 + (-1)2
5 5
d (0, p) = =
14 14
Observe que, se o ponto P for a origem ( 0, 0, 0) , a fórmula da distancia se
d
resume a d (P, p) = .
a + b2 + c2
2

2.2 DISTÂNCIA DE UMA RETA A UM PLANO


A distância entre uma reta e um plano somente é definida quando a reta é
paralela ao plano. Assim, se uma reta é paralela a um plano, a distância d da reta
ao plano corresponde à distância de um ponto dessa reta ao plano. Dessa forma:
d (r, p ) = d(P, p ) quando P Î r ( cf. figura 5 )

Figura 5 – A distância da reta r ao plano é a distância de P ao plano

Exercício resolvido
ïïì x = 1 + 2t
ï
Calcule a distância da reta r ïí y = t
você sa bi a? ïï
ïïî z = -2 + 4t
Se calcularmos a distância entre uma reta e um e o plano p : 3x-2y-z + 3 = 0
plano não paralelos, o resultado será zero, pois a
menor distância entre uma reta e um plano não Solução:
paralelos é calculada no ponto de interseção. Observe que a reta r é paralela ao
plano dado, já que o vetor diretor da reta

AULA 6 TÓPICO 2 93
® ® ® ®
v = ( 2, 1, 4 ) é ortogonal à normal n = ( 3, - 2, - 1 ) , ou seja, n . v = 0 .
Um ponto da reta é P (1, 0, -2 ) . Assim, calculando a distância do ponto P
ao plano p , temos:
3 . (1) + (-2 ).(0) + (-1).(-2) + 3
d (P, p) =
32 + (-2)2 + (-1)2
3 + 0 + 2 + 3 , d (P, p) = 8 = 4 14
d (P, p) =
9 + 4 +1 14 7
Observe que, se tomarmos um outro ponto da reta, o resultado será o mesmo.
Veja:
Substituindo t =1 , na equação da reta, encontramos um
'
outro ponto P ( 3, 1, 2 ) que, quando substituído na equação
3.(3)
3.x + (( -
+ − 2)y
2).(1)++(- (−1)z
1).(2+) +
3 3, nos dá:
dd(P(P,’, π
p)) =
= 1 1 1

332 ++(-(−2)22) ++(-(−1)12)


2 2 2

3.(3) + ( − 2).(1) + (−1).(2) + 3


d (P ’, π) =
32 + (−2)2 + (−1)2
9 −2−2 + 3 8 4. 14
d (P ’, π) = = =
9 + 4 +1 14 7

2.3 DISTÂNCIA ENTRE DOIS PLANOS


A distância entre dois planos paralelos p1 e p2 é igual à distância de um
ponto qualquer de um dos planos ao outro. Dessa forma a distância entre dois
planos se reduz à distância de um ponto a um plano. Assim:
d (p1 , p2 ) = d(P1 , p2 ) quando P1 Î p1 ou
d (p1 , p2 ) = d(P2 , p1 ) quando P2 Î p2 ( cf. figura 6 )

Figura 6 – A distância entre dois planos é definida apenas para planos paralelos

Exercícios resolvidos
1. Calcule a distância entre os planos:
p1 : 2x - y + 3z + 1 = 0
p2 : 6 x - 3y + 9z - 5 = 0

94 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
Solução:
Veja que os planos p1 e p2 são paralelos,
® ®
pois n2 = 3.n1 .
sa i ba ma i s!
Para escolher um ponto de um dos
Leia o texto Retas e planos, da Universidade
planos (digamos do plano p1 ), atribuímos dois
Federal de Minas Gerais, e obtenha mais
valores a duas variáveis quaisquer na equação
informações sobre este assunto no site em http://
p1 : 2x - y + 3z + 1 = 0 e encontramos a
www.mat.ufmg.br/~rodney/notas_de_aula/
terceira coordenada.
retas_e_planos.pdf.
Tomando, por exemplo, x = 2 e z = -3
e substituindo na equação do plano p1 ,
encontramos y = -4. Assim o ponto P1 ( 2,-4, - 3 ) pertence a p1 .
Calculando d (p1 , p2 ) = d(P1 , p2 ) , temos:
6 . (2) + (-3 ).(-4) + 9(-3) - 5
d (P1 , p2 ) =
62 + (-3)2 + 92
12 + 12 - 27 - 5
d (P1 , p2 ) =
36 + 9 + 81
12 + 12 - 27 - 5
d (P1 , p2 ) =
36 + 9 + 81

8 8
d (P1 , p2 ) = =
126 3 14

Nesse tópico estudamos e conhecemos as fórmulas e conceitos necessários


para o cálculo das distâncias entre ponto e reta, reta e plano. Em nossa próxima
aula, estudaremos as curvas planas.

AULA 6 TÓPICO 2 95
AULA 7 Cônicas

Caro(a) aluno(a),

Todas as equações que estudamos nas aulas anteriores envolvem termos do


primeiro grau nas variáveis x, y e z. Nesta aula, estudaremos as curvas planas,
representadas por equações do segundo grau apenas nas variáveis x e y,
denominadas: círculo, elipse, parábola e hipérbole.

Objetivo

• Identificar, interpretar e analisar as cônicas através de suas equações

96 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
TÓPICO 1 Elipse e círculo
O bjetivos
• Descrever a elipse e o círculo como lugar geométrico
• Esboçar o gráfico do círculo e da elipse a partir de suas
equações
• Identificar os parâmetros a, b e c, da elipse, e a sua
excentricidade
• Determinar as coordenadas dos focos e dos vértices de
uma elipse a partir de sua equação

você sa bi a?
N este tópico estudaremos as
elipses e os círculos, através
de suas equações, quando
possuírem centro na origem do plano cartesiano.

Por volta do ano 200 a.C., o matemático grego


Apolônio deixou registrado o primeiro estudo a
1.1 ELIPSE
respeito das propriedades da elipse, hipérbole e
Definição
parábola em seu trabalho chamado As cônicas.
Elipse é o lugar geométrico de todos
Apolônio chamou de cônicas as curvas que
os pontos p ( x, y ) do plano cuja soma das
podem ser obtidas quando um plano intercepta
distâncias a dois pontos fixos F 1 e F 2 do mesmo
um cone reto duplo. Apolônio estudou as cônicas
plano é constante. Assim, se 2c for a distância
apenas pelo simples prazer de pesquisa. Durante
entre F 1 e F 1 e considerando P um ponto
aproximadamente 18 séculos, não houve estudos
detalhado sobre aplicações das cônicas no mundo qualquer do plano, a desigualdade triangular nos
¾¾
® ¾¾
® ¾¾
®

físico. Porém, pesquisas de físicos e astrônomos garante que F 1F 2 £ F 1P + F2 P (veja figura


¾¾
® ¾¾
®

foram mostrando aplicações do estudo de 1). Dessa forma a equação F 1P + F2 P = 2a é


Apolônio no mundo em que vivemos. a equação de uma elipse com focos nos pontos
F 1 e F 1 se, e somente se, a > c .

AULA 7 TÓPICO 1 97
sai b a mai s !
Acesse o site disponível em http://www.
rc.unesp.br/tmelo/aula3.pdf e saiba mais sobre
as figuras geométricas que representam um lugar
geométrico.

Figura 1- Elipse de focos F1 e F2

F 1 e F 2 são os focos
®
sai b a mai s !
F1 F2 = 2c é a distância focal
Conheça mais sobre as Leis de Kepler acessando
A1A2 = 2a é o eixo maior
o site disponível em https://www.sofisica.com.
B1B2 = 2b é o eixo menor
br/conteudos/Mecanica/GravitacaoUniversal/
A1 ,A2 , B1 e B2, são os vértices
lk.php.
c
e = é a excentricidade ( 0 < e < 1 )
a
a = b + c2 (triângulo F1 0B )
2 2

® ®
F1 P e F2 P são os raios focais.
vo c ê sab i a?

1.2 EQUAÇÕES DA ELIPSE COM EIXOS A elipse está associada à órbita dos planetas em

CONTIDOS NOS EIXOS COORDENADOS E O torno do Sol. Essa figura se relaciona com as três

CENTRO NA ORIGEM leis da Astronomia, as leis dos movimentos dos

Determinaremos uma equação para elipse planetas, que revolucionaram o pensamento


científico da época e permitiram, inclusive,
no caso particular em que os eixos estão contidos
o desenvolvimento da Teoria da Gravitação
nos eixos coordenados.
Universal por Izaac Newton. Essas leis foram
Neste caso temos duas possibilidades:
descobertas pelo matemático, físico e astrônomo
a) O eixo maior está contido no eixo 0x
alemão Johannes Kepler (1571-1727).
(cf. figura 2)

Figura 2 – Elipse com focos no eixo 0x

98 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
® ®
Dessa forma F 1 ( - c, 0) e F 2 ( c, 0) , e a equação F1 P + F2 P = 2a
pode ser escrita como (x + c) + y + (x - c) + y = 2a
2 2 2 2
ou
(x + c) + y = 2a - (x - c) + y .
2 2 2 2

Elevando ao quadrado os dois membros da equação, temos:


(x + c)2 + y2 = 4a 2 - 4a (x - c)2 + y2 + (x - c)2 + y2 .
Simplificando, chegamos a:
4 cx - 4a 2 = -4 a (x - c)2 + y2 .
Dividindo os dois membros da equação por 4, elevando ao quadrado
novamente e considerando que a 2 = b2 + c2 ou b = a 2 - c2 , chegamos a
x2 y2
b2 x2 + a 2 y2 = a 2b2 ou 2 + 2 = 1 , que representa a equação da elipse.
a b
Examinando esta equação, concluímos que:
i) A elipse de focos nos pontos ( - c , 0 ) , ( c , 0 ) é simétrica em relação
aos eixos 0x e 0y , ou seja, se (x , y) pertence à elipse, então os pontos (-x , y) ,
(x , -y) e (-x ,- y) pertencem também à elipse;
ii) Os eixos 0x e 0y interceptam a elipse nos pontos A1 ( -a , 0 ) , A2 ( a , 0 ) ,
B1 ( 0 , -b ) e B2 ( 0 , b ) , respectivamente, que são os vértices da elipse;
iii) Se F1 = F2 = C , então a elipse reduz-se ao círculo de centro no ponto C e
raio a. Além disso, a excentricidade e = 0 .

b) O eixo maior está contido no eixo 0y .


Neste caso os focos F 1 e F 2 pertencem ao eixo 0y . Assim, F 1 (0, - c) e
F 2 ( 0, c) .
De modo análogo ao
anterior, substituindo F 1 e F 2 em
® ®
x2 y2
F1 P + F2 P = 2a , chegamos a 2 + = 1.
b a2
Note que a > b, pois a 2 = b2 + c2 .

1.3 CÍRCULO
gua rde be m isso !
Definição
2 2
c
Na elipse, a equação x + y se b = = 0 , O círculo (ou circunferência) de raio r e
a 2
b2 a
então c = 0 . Assim a = b , e a equação centro c ( a, b ) é o lugar geométrico dos pontos
x2 y2 x2 y2
+ = 1 fica + =1 ou p ( x, y ) do plano que satisfazem a equação
a2 b2 a2 a2 ®

x 2 + y 2 = a2 , que representa a equação de um pc = r , ou seja:


círculo de raio a. ( x - a, y - b ) = r

AULA 7 TÓPICO 1 99
ou
2
( x - a ) + ( y - b ) = r2 .
2

Se o centro é o ponto ( 0, 0 ) , a equação fica x2 + y2 = r2 .

Se o centro do círculo é o ponto C(h, k), por meio de uma translação de eixos
(tema abordado na aula 8) chegamos à equação (x - h)2 + (y - k)2 = r2 .

Exercícios resolvidos
1. Encontre os centros e o raio dos seguintes círculos:
a) x2 + y2 + 6x - 8y = 0
b) x2 + y2 - 6y = 0
Solução:
a)xx2 2 ++yy2 2 ++6x Þ ( (xx2 ++6x
8y==00 Þ 6x++99) )++( (yy2- -8y
8y++1616) ) ==2525
2 2
6x- -8y
y2 - 8y + 16 ) = 25
Fatorando os trinômios, temos:
( x + 3 )2 + ( y - 4 )2 = 52 .
Portanto o centro é o ponto ( -3, 4 ) e raio r = 5 .
b) x2 + y2 - 6y = 0 Þ x2 + ( y2 - 6x + 9 ) = 9
A equação acima fatorada tem a forma:
( x2 - 0 ) + ( y2 - 3 ) = 32 , que representa a equação de um círculo de
centro no ponto ( 0, 3 ) e raio r = 3 .
2. Seja a elipse de focos F1 ( 6, 0 ) e F2 ( -6, 0 ) e eixo menor de comprimento
10, obtenha a equação da elipse.
Solução:
A elipse tem equação x
2
y2
+ = 1.
a2 b2
2 b = 10 Þ b = 5
®
2c = F1F2 Þ c = 12
Tendo em vista que b2 = c2 - a 2 ou a 2 = b2 + c2 , temos
a 2 = 52 + 122 Þ a = -13 ou a = + 13 ( -13 não serve, pois a > 0 ).
Então fica:
x2 y2 x2 y2
+ = 1 ou + = 1
132 52 169 25

3. Seja a elipse com eixo maior de extremidade A1 ( 0, 10 ) e A2 ( 0, -10 )


e eixo menor de extremidade B1 ( 8, 0 ) e B2 (- 8, 0 ) , determine a equação dessa
elipse.

100 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
Solução:
A1A2 é o eixo y. Assim a elipse tem equação x
2
y2
+ = 1
® b2 a2
2a = A1A2 Þ 2a = 20 Þ a = 10
®
2b = B1B2 Þ 2b = 16 Þ b = 8
2 2
Então a equação da elipse é x + y = 1.
64 100

Neste tópico focamos nosso estudo nas elipses com centro na origem do
plano cartesiano e eixos (eixo maior e eixo menor) paralelos aos eixos coordenados.
Na aula 8, veremos que podemos obter, por meio de uma translação ou rotação de
eixos, a equação de uma elipse com centro fora da origem do plano cartesiano e
eixos oblíquos aos eixos coordenados, onde suas equações se apresentam de uma
forma mais completa.

AULA 7 TÓPICO 1 101


TÓPICO 2 Hipérbole e parábola
O bjetivos
• Descrever a hipérbole e a parábola como lugar geomé-
trico
• Esboçar o gráfico da hipérbole e parábola a partir de
suas equações
• Determinar as coordenadas dos focos e dos vértices de
uma hipérbole a partir de sua equação

N este tópico estudaremos as parábolas e hipérboles, através


de suas equações nas formas mais simples, ou seja, quando
possuírem centro na origem do plano cartesiano. A forma
completa da equação do segundo grau representa uma cônica com centro fora da
origem do plano cartesiano e cujo eixo de simetria não é paralelo a nenhum dos
eixos coordenados, mas esse assunto deixaremos para próxima aula.

2.1 HIPÉRBOLE
Chama-se hipérbole com focos F 1 e F 2 o lugar geométrico dos pontos P do
¾¾
® ¾¾
®
plano, tais que F1P - F2 P é uma constante (veja figura 3).
No triângulo F1PF2 (figura 3), a desigualdade triangular nos permite concluir
¾¾
® ¾¾
® ¾¾
® ¾¾
® ¾¾
® ¾¾
®
que F2 P + F1F2 ³ F1P ou F1P - F2 P £ F1F2 .
¾¾
® ¾¾
® ¾¾
®
Fazendo F1F2 = 2c , então F1P - F2 P = ±2a é a equação da hipérbole
com focos F 1 e F 2 se, e somente se, 0 < a < c .

102 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
ate nção!
A hipérbole, ao rodar em torno de um dos eixos
de simetria, gera uma superfície que tem o nome
de hiperboloide de revolução.
Figura 3 – Hipérbole de focos F1 e F2
Acesse o site https://www.youtube.com/
watch?v=IpHU_hxlvKE e obtenha mais
informações sobre as principais superfícies de Os elementos da hipérbole são:
revolução. F 1 e F 2 são os focos
¾¾
®
F1F2 é a distância focal
A1 ,A2 , B1 e B2, são os vértices
A1A2 = 2a é o eixo real
B1B2 = 2b é o eixo imaginário se, e somente se, c2 = a 2 + b2
O ponto médio de F1F2 é o centro da hipérbole
c
e = é a excentricidade ( c > a \ e > 1 )
a
¾¾
® ¾¾
®
F1P e F2 P são os raios focais.

2.2 EQUAÇÕES DA HIPÉRBOLE COM EIXOS CONTIDOS NOS EIXOS


COORDENADOS E CENTRO NA ORIGEM
Temos dois casos a considerar:
a) Os focos estão sobre o eixo 0x (cf. figura 3)
Neste caso F1 ( - c , 0 ) , F2 ( c , 0 ) e P( x , y ) um ponto qualquer do plano.
¾¾
® ¾¾
®
A equação F1P - F2 P = ±2a nos dá (x + c)2 + y2 - (x - c)2 + y2 = ± 2a .

Efetuando os cálculos semelhantes aos da dedução da equação da elipse e


x2 y2
considerando que c2 = a 2 + b2 , chegamos à equação 2 - 2 = 1 .
a b
Examinando esta equação, concluímos que:
i) A hipérbole de focos nos pontos ( - c , 0 ) , ( c , 0 ) é simétrica em relação
aos eixos 0x e 0y , ou seja, se (x , y) pertence à hipérbole, então os pontos (-x , y) ,
(x , -y) e (-x ,- y) pertencem também à hipérbole;
ii) O eixo 0x intercepta a hipérbole nos pontos A1 ( -a , 0 ) e A2 ( a , 0 ) ,
que são os vértices da hipérbole. O eixo 0y não intercepta a cônica, pois a equação
nos diz que x2 ³ a 2 .

AULA 7 TÓPICO 2 103


O eixo maior está contido no eixo 0y
Neste caso, os focos F 1 e F 2 pertencem ao eixo 0y . Assim F 1 (0, - c) e
F 2 ( 0, c) .
De modo análogo
item a, substituindo ao F1 e F 2 em
® ®
y2 x2
F1 P - F2 P = ± 2a , chegamos a 2 - 2 = 10.
a b

2.3 ASSÍNTOTAS DA HIPÉRBOLE


Considere um retângulo com centro na origem do plano cartesiano e lados
de comprimentos 2a e 2b. As retas que contêm as diagonais desse retângulo são
chamadas de assìntotas da hipérbole (veja figura 4).

guar de b e m i s s o !
A excentricidade da hipérbole está diretamente
relacionada com a sua abertura, ou seja, quanto
maior a excentricidade, mais abertos estarão os
Figura 4 – Representação das assíntotas da hipérbole ramos da hipérbole.
À medida que x cresce, a hipérbole se
aproxima de suas assíntotas, ou seja, os ramos
da hipérbole se aproximam dessas retas, mas sem tangenciá-las ou interceptá-las.
b b
As assíntotas são retas representadas pelas equações y = x e y = - x .
a a

Exercícios resolvidos
1. Seja a hipérbole de focos F 1 (-5, 0 ) e F 2 ( 5, 0 ) e eixo real de
comprimento 8,
a) Determine a equação dessa hipérbole;
b) Esboce a hipérbole e obtenha os extremos dos eixos real e imaginário.
Solução:
x2 y2
A hipérbole tem equação do tipo - = 1 , pois os focos estão
a2 b2
contidos no eixo 0x .
Assim,
¾¾
®
2c = F1F2 = 10 Þ c = 5
2a = 8 Þ a = 4
Substituindo c = 5 e a = 4 em c2 = a 2 + b2 , encontramos b = -3 (não
serve, pois b > 0 ) ou b = 3 .

104 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
x2 y2
Logo, a hipérbole tem equação - = 1.
16 9

Figura 5 – O eixo real mede 8 e o imaginário mede 6

Observe na figura que o eixo real tem extremos A1 (-4, 0) e A2 (4, 0) e o eixo
imaginário tem extremos B1 (-3, 0) e B2 (3, 0) .
2. Seja a hipérbole de equação 9x2 - 7y2 - 63 = 0 , determine:
a) a medida dos semieixos.
b) os vértices
c) os focos
d) a excentricidade
e) as equações das assíntotas
Solução:
2 2
Inicialmente vamos colocar a equação na forma x - y = 1
y2 x2 a2 b2
ou - = 1 . Para isso dividimos todos os termos da equação
a2 b2
9x2 - 7y2 - 63 = 0 por 63.
9x2 7y2 63 x2 y2
- - = 0 ou - = 1 , que representa a equação de uma
63 63 63 7 9
hipérbole com eixo real sobre o eixo x e centro na origem.
a) cálculo das medidas dos semieixos
a2 = 7 \ a= 7
b =9
2
\ b=3
b) vértices
A1 ( -a , 0 ) , A2 ( a , 0 ) , B1 ( 0 , -b ) e B2 ( 0 , b ) ou A1 ( - 7 , 0 ) ,
A2 ( 7, 0 ) , B1 ( 0 , -3 ) e B2 ( 0 , 3 )
c) focos
Para determinar os focos, precisamos do valor de c:
c2 = a 2 + b2 Þ c2 = 7 + 9 ou c = 4

AULA 7 TÓPICO 2 105


Logo, os focos são F 1 (-4, 0 ) e F 2 ( 4, 0 )
d) excentricidade
c 4
e= =
a 7
e) equação da assíntota
b b 3
y = x e y =- x \ y =± x ou ±3x - 7y = 0
a a 7

2.4 PARÁBOLA
Seja uma reta r e F um ponto não situado sobre r, ambos no mesmo plano.
Chama-se parábola com diretriz r e foco F o lugar geométrico dos pontos P
equidistantes de r e F (veja figura 6). Assim, um ponto P pertence à parábola se, e
¾¾
® ¾¾
®
somente se, PF = PD .

guar de b e m i s s o !
A parábola, ao rodar em torno do seu eixo de

Figura 6 – Parábola de foco F e vértice V


simetria, gera uma superfície parabólica ou
paraboloide.

Os elementos da parábola são:


F é o foco;
D é a diretriz (reta fixa);
¾¾
®
DV é o eixo de simetria;
V é o vértice (ponto médio de FV , FV / / r ).

2.5 EQUAÇÕES DA PARÁBOLA COM FOCO NO EIXO COORDENADO


Determinaremos uma equação no caso particular em que o eixo da parábola
está contido no eixo coordenado.Temos, então, duas possibilidades:
a) O eixo de simetria da parábola está contido no eixo 0x e o vértice é o
ponto V(0, 0), como mostra a figura 7.

106 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
Figura 7 – Parábola de vértice na origem e foco no eixo 0x

¾¾
® ¾¾
®
Neste caso, F( a, 0 ), P(x, y) e D( - a, y ) (figura 5). Da equação FP = DP ,
temos:
(x - a)2 + (y - 0)2 = (x + a)2 + (y - y)2
x2 - 2ax + a 2 + y2 = x2 + 2ax + a 2
Reduzindo os termos semelhantes, chegamos à equação:
y2 = 4ax
Examinando esta equação, concluímos que:
i) Se o foco está à direita da diretriz, então a > 0 e, portanto, x ³ 0 . Dessa
forma a parábola está situada à direita do eixo y;
ii) Se o foco está à esquerda da diretriz, então a < 0 e, portanto, x £ 0 .
Dessa forma a parábola está situada à esquerda do eixo y;
iii) O eixo x corta a parábola em seu vértice C(0, 0).

b) O eixo de simetria da parábola está contido no eixo 0y e o vértice é o


ponto V(0, 0), como mostra a figura 8.

Figura 8 – Parábola com vértice na origem e foco no eixo 0y


¾¾
® ¾¾
®
Neste caso F( 0, a ) , P(x, y) e D( x, -a ) (figura 8). Da equação FP = DP ,
temos (x - x)2 + (y + a 2
= (x - 0)2 + (y - a)2 .
Simplificando a equação, chegamos a x2 = 4ay .

AULA 7 TÓPICO 2 107


Exercícios resolvidos
1. Determine o foco e a equação da diretriz das parábolas x2 = 8y e
y2 = -2x .
Solução:
a) x2 = 8y
A equação é da forma x2 = 4ay . Assim 4a = 8 ou a = 2 , portanto se F(0, a) ,
então F(0, 2)
diretriz: x = -2
b) y2 = -4x
A equação é da forma y2 = 4ax . Assim 4a = -4 ou a = -1, portanto se
F(a, 0) , então F(-1, 0) .
diretriz: x = 1
Observe que a equação da diretriz da
parábola com vértice na origem é do tipo x = -a
ou y = -a com eixo de simetria no eixo 0x e 0y, sai b a mai s !
respectivamente. Para aprender um pouco mais sobre as cônicas
2. Determine a equação de cada uma das que estudamos nesta aula, consulte o site
parábolas. disponível em https://www.youtube.com/
a) Vértice V(0, 0) e foco F(2, 0) watch?v=TSQI49vA35g.
b) Vértice V(0, 0) e diretriz y = 3
c) Vértice V(0, 0) , passa pelo ponto P(-2, 5) e concavidade voltada para
cima.
Solução:
a) A equação, por ter foco no eixo 0x, é do tipo y2 = 4ax
Sendo a = 2 , a equação y2 = 4ax fica y2 = 8x .
b) A equação é do tipo x2 = 4ay .
Se a = -3 , então a equação x2 = 4ay fica x2 = -12y .
c) A concavidade é voltada para cima, assim a equação é do tipo x2 = 4ay .
O ponto P(-2, 5) pertence à cônica. Dessa forma, substituindo x = -2 e
y = 5 na equação x2 = 4ay , temos ( - 2)2 = 4a(5) . Resolvendo esta última equação,
1 æ1ö
chegamos a a = . Portanto a equação desejada é x2 = 4 çç ÷÷÷ y ou 5x2 - 4y = 0 .
5 è5ø

108 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
AULA 8 Transformação de
coordenadas

Caro(a) aluno(a),

À medida que estudamos as propriedades e configurações geométricas das


curvas, suas equações se tornam mais complexas e menos fáceis de serem
analisadas. Assim, se faz cada vez mais necessária, em alguns casos, a utilização
de novos mecanismos que tornem menos difícil o estudo dessas curvas. Pensando
assim, introduziremos a noção de transformação de coordenadas, que consiste
em mecanismos utilizados na simplificação de equações de algumas curvas, sem,
no entanto, modificar suas características geométricas.

Objetivo

• Utilizar de forma correta as equações de rotação e translação de eixos para


simplificar equações de curvas

AULA 8 109
TÓPICO 1 Translação de eixos de
coordenadas
O bjetivos
• Simplificar equação de segundo grau usando translação de
eixos coordenados
• Usar a translação de eixos para construção de gráficos de
curvas

U ma translação
deslocamento de figuras do
plano, nas direções horizontal
e/ ou vertical, que tem a finalidade de simplificar
suas equações. Obviamente esse deslocamento
é um

ate n ç ão !
O processo de translação consiste em definir um
novo sistema cartesiano mudando a origem e
não mudará a estrutura geométrica de uma
conservando as direções e os sentidos dos eixos
curva, e sim da equação, tornando-a mais simples coordenados.
de ser manipulada. Por exemplo: as equações
x2 + y2 = 9 e x2 + y2 - 4x - 2y - 4 = 0 ,
embora tenham aspectos distintos, representam uma mesma curva, que consiste
numa circunferência de raio 3. É evidente que ambas têm as mesmas propriedades
geométricas e é mais interessante trabalhar com a primeira equação pela sua
simplicidade.

1.1 EQUAÇÕES DE TRANSLAÇÃO


Considere dois sistemas de coordenadas x 0 y e x 0 y , de modo que os
eixos 0 x e 0 y tenham mesma direção e sentido de 0x e 0y , respectivamente
(ver figura 1).

110 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
gua rde be m isso !
Conhecendo-se a curva dada pela equação
y = f (x) , um bom recurso para construção do
gráfico de curvas do tipo y − k = f (x − h) é a
translação de eixos.

Figura 1- Sistemas x0y e x0y


Observe que:
a) O ponto 0 (h , k) do sistema x 0 y é a
origem do sistema x 0 y ;
ate nção! b) O ponto P tem coordenadas ( x, y ) em
relação ao sistema x 0 y e ( x, y ) em relação ao
As características geométricas ou forma de
sistema x 0 y .
uma curva não são afetadas pela posição dos
Podemos observar na figura 1 que:
eixos coordenados, no entanto sua equação é
modificada. x = x + h e y = y + k ou x = x-h e
y = y-k
Assim,
ìïx = x + h
ï
í é a fórmula de mudanças do sistema xoy para x 0 y .
ï
îïy = y + k
ìï x = x - h
ï é a fórmula de mudança do sistema x 0 y para x 0 y .
í
ïï y = y - k
î

Exercícios resolvidos
1. Transforme a equação 7xy - 14x - 21y - 13 = 0 em outra equação sem os termos
do 1º grau e sem, obviamente, alterar a estrutura da curva, usando uma translação
de eixos.
Solução:
Substituindo x = x + h e y = y + k na equação 7xy - 14x - 21y - 13 = 0 ,
chegamos a:
7( x + h )( y + k ) - 14 ( x + h ) - 21( y + k ) - 13 = 0
7( x y + k x + h y + h k ) - 14 x - 14 h - 21 y- 21 k - 13 = 0
7 x y + 7 k x + 7 h y + 7 h k - 14 x- 14 h - 21x- 21 k - 13 = 0 .

AULA 8 TÓPICO 1 111


Pondo em evidência x e y nos termos do 1º grau:
7 x y + x ( 7k - 14) + y ( 7h- 21 ) + 7hk- 14h -21k - 13 = 0 .
Para que a equação não configure os termos do 1º grau, é necessário que:
7k - 14 = 0 e 7h- 21 = 0 . Assim,
ìïï7h - 21 = 0
í Þ h = 3 e k = 2 ou 0 ( 3 , 2 ) .
ïïî7k - 14 = 0
Substituindo h = 3 e k = 2 na equação:
7 x y + x ( 7k - 14) + y ( 7h- 21 ) + 7hk- 14h -21k - 13 = 0 , temos
7x y - 55 = 0 .
2. Elimine os termos do 1º grau da equação x2 + y2 -4x - 2y + 4 = 0
Solução:
Observe que a equação x2 + y2 -4x - 2y + 4 = 0 corresponde a
(x- 2 ) + ( y - 1 ) = 1 , ou seja, representa uma circunferência de centro no
2 2

ponto ( 2, 1 ) e raio r = 1 .
Substituindo x = x + h e y = y + k na equação
x2 + y2 -4x - 2y + 4 = 0 , temos:
( x + h )2 + ( y + k )2 -4 ( x + h ) - 2 ( y + k ) + 4 = 0
x 2 + 2 h x + h2 + y 2 + 2 k y + k2 - 4 x - 4 h - 2 y - 2 k + 4 = 0 .
Pondo os termos do 1º grau em evidência, temos:
x 2 + y 2 + x ( 2 h -4 ) + y ( 2 k - 2 ) + h2 + k2 - 4 h - 2 k + 4 = 0
ì2 h - 4 = 0
Fazendo ïïí Þ h = 2 e k = 1 e substituindo
ïïî2 k - 2 = 0
h = 2 e k = 1 na equação acima, encontramos:
x2 + y 2
= 1, que representa a mesma circunferência da equação
(x- 2 )2 + ( y - 1 )2 = 1 , porém com centro no ponto ( 0 , 0 ) .

Figura 2 – Centro da circunferência no sistema x 0 y ( 2, 1)

Observe que, no sistema x o y , o centro é o ponto ( 2, 1 ) ; e, no sistema


x 0 y , o centro é a origem do sistema.
3. Dada a equação y + 2 - x - 1 = 0 , encontre a equação da curva em relação
ao sistema x 0 y , após uma translação de eixos em que a nova origem é o ponto

112 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
0 = ( 1 , - 2 ) e esboce o gráfico.
Solução:
x = x + h = x + 1 e y = y + k = y-2
Substituindo na equação dada, temos:
y-2 + 2 - x + 1 - 1 = 0 ou y = x , como mostra a figura 3.

Figura 3 – Representação da curva x 0 y no sistema x 0 y

4. Obtenha a equação da curva y = x + 1 em relação ao sistema x 0 y cuja


origem é o ponto 0 (-1, 0 ).
Solução:
Substituindo x = x + h = x - 1 e y = y + h = y + 0 na equação y = x + 1 ,
temos:
y + 0 = x-1 + 1 Þ y = x (veja figura 4).

Figura 4 – Representação da curva y = x +1 no sistema xoy

Vimos neste tópico que podemos usar o recurso translação de eixos


coordenados para simplificar equações de curvas. Observamos que, geometricamente
esse processo é realizado a partir de um deslocamento de figuras do plano, nas
direções horizontal e/ ou vertical. A seguir estudaremos outro mecanismo que
também pode ser usado para simplificar equações de curvas, conhecido como
rotação de eixos coordenados.

AULA 8 TÓPICO 1 113


TÓPICO 2 Rotação de eixos de
coordenadas
O bjetivos
• Simplificar equações do 2º grau completas eliminando o termo
cruzado por meio de uma rotação de eixos
• Utilizar a rotação de eixos para construir gráficos de curvas

U ma rotação de
plano significa uma rotação
de figuras do plano, de um
ângulo q , em torno da origem do sistema. Por
meio de uma rotação, podemos fazer com que
eixos no

ate n ç ão !
os eixos de elipses, parábolas e hipérboles O processo de rotação é realizado mudando a

fiquem paralelos aos eixos coordenados e, direção dos eixos coordenados e mantendo fixa

desta forma, simplificamos suas equações. a origem.


2 2
Por exemplo: as equações x + y = 1 e
16 1
17x2 + 17y2 - 30xy - 32 = 0 representam a
mesma curva que consiste numa elipse. No primeiro caso, os eixos da elipse são
paralelos aos eixos coordenados; no segundo caso, os eixos da cônica formam um
ângulo de 45º no sentido anti-horário com os eixos coordenados.

114 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
2.1 EQUAÇÕES DE ROTAÇÃO
Considere dois sistemas cartesianos x 0 y e x 0 y com a mesma origem, com
o sistemas x 0 y passando a ser obtido pela rotação do sistema x 0 y no sentido
anti-horário em torno da origem de um ângulo q (cf. figura 5).

Figura 5 – Sistema x 0 y obtido a partir de x 0 y por uma rotação

Se ( x, y ) são as coordenadas do sistema x 0 y e ( x, y ) são as coordenadas


do mesmo ponto no sistema x 0 y , então:

x = x cos θ - y sen θ



y = x sen θ + y cos θ

sa i ba ma i s!
Relembre o assunto de adição e subtração de Demonstração:
arcos, acessando o site disponível em Considere o sistema x 0 y determinado a
https://www.youtube.com/watch?v=-ltpt_ partir do sistema x 0 y por meio de uma rotação
pPP7c. de q 0 em torno da origem e b ângulo entre o
«
eixo 0 x e a reta OP . Considere, ainda, um
ponto P de coordenadas (x , y) no sistema x 0 y e ( x, y ) no sistema x 0 y , como
mostra a figura 5.
 x
 cos (θ + β) =
 OP

x
Assim, ( I )  cos β =
 OP

 y
 sen β = OP

Da trigonometria, sabemos que cos (θ + β) = cosθ . cosβ - senθ . senβ ( II )
Substituindo ( I ) em ( II ), encontramos:

x x y .
= cos θ . - sen θ .
OP OP OP

AULA 8 TÓPICO 2 115


Multiplicando os dois lados da equação por OP , chegamos à equação
x = x . cosθ - y . senθ .
De modo semelhante, usando a relação:
sen (θ + β) = sen θ . cos β + sen β . cos θ em ( I ) e tendo em vista que
y
sen (θ + β) = , concluímos que y = x . senθ + cosβ , ou, determinando x e
OP
y em função de x e y, temos:

x = x . cos θ + y . senθ




y = - x . sen θ + y . cosθ

Exercícios resolvidos
x2 y2
1. Determine a equação da elipse + = 1 após uma rotação de 45º no
4 1
sentido anti-horário em torno da origem:
Solução:
As equações de rotação ficam:
ìï 2
ïïx = .(x + y)
ìïx = x . cos 45º + y . sen 45º ï
ï ou ïí 2
í
ïïy = - x . sen 45º + y . sen 45º ïï 2
î ïïy = . ( -x + y )
ïî 2
2
Substituindo estas equações na equação x + y2
= 1 , chega-se a:
4 1
2 2
é 2 ù é 2 ù
ê ( x + y )ú ê ( - x + y )ú
ê 2 ú ê 2 ú
ë û + ë û = 1
4 1

1 é 2 ù
( x2 + 2xy + y2 ) + 4 ê ( x2 - 2xy + y2 )ú = 4
2 ëê 4 ûú
1
( x2 + 2xy + y2 ) + 2 ( x2 - 2xy + y2 ) = 4
2
x2 + 2xy + y2 + 4x2 - 8xy + 4y2 = 8
5x2 + 5y2 - 6xy - 8 = 0 .
Observe que o termo cruzado xy aparece na equação quando o eixo de
simetria da cônica não é paralelo a nenhum eixo coordenado (ver figura 6).

116 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
x2 y2
Figura 6 – Elipse de equação + = 1 após uma rotação de 45º
4 1
x2 y2
2. Determine a equação da cônica + = 1 após um giro de 30º no sentido
4 1
anti-horário em torno da origem do sistema de coordenadas.

Solução:
x2 y2
A nova equação é do tipo + = 1 no sistema x 0 y cujo eixo 0 x
4 1
forma 30º com o eixo coordenado 0x .

 x = x cos θ + y sen θ
Aplicando as fórmulas de rotação de eixos  , temos:
 y = −x sen θ + y cos θ

ìï x = x cos 30º + y sen 30º 3 1 1 3
ï ou x = x+ y e y =- x+ y.
í
ïï y = -x sen 30º + y cos 30º 2 2 2 2
î

Substituindo estas equações em x2 y2


+ = 1 , encontramos:
4 1
2 2
æ 3 1 ö÷ æ 1 3 ö÷
çç ÷ çç- x + y÷
çè 2 x + 2 yø÷÷ èç 2 2 ø÷÷
+ = 1 ou
4 1
2 2
æ 3 1 ö÷ æ 1 3 ö÷
çç ÷ çç- x + y÷ = 4
ççè 2 x + 2 yø÷÷ + 4 èçç 2 2 ø÷÷

Desenvolvendo os quadrados, chegamos à equação:


3 2 1 1
x + 3 xy + y2 + x2 - 2 3 xy + 3y2 = 4 ou
4 2 4
3x2 + 2 3 xy + y2 + 4x2 - 8 3 xy + 12y2 = 16
E finalmente, reduzindo os termos semelhantes, chegamos à equação:

AULA 8 TÓPICO 2 117


7x2 - 6 3 xy + 13y2 - 16 = 0

2.2 SIMPLIFICANDO UMA EQUAÇÃO DO


SEGUNDO GRAU MEDIANTE ROTAÇÃO DE EIXOS
Na equação do segundo grau Ax2 + Bxy + Cy2 + Dx + Ey + F = 0 em que
1 1
A, B, C, D, E e F são constantes, observe que, se A = 2 , B = 0 , C = 2 , D = 0 ,
2 2 a b
E = 0 e F = -1 , obtemos x + y = 1 , que representa a equação de uma elipse.
a 2 b2
1 1
De modo semelhante, se A = 2 , B = 0 , C = - 2 , D = 0 , E = 0 e F = -1
a b
2 2
, obtém-se x y
- = 1 , que é a equação de
a 2 b2
uma hipérbole. E, finalmente, fazendo A = 1 ,

B = 0 , C = 0 , D = 0 , E = -4p e F = 0 , obtém- guar de b e m i s s o !


se x2 = 4py , que representa a equação de uma Uma equação do tipo
2 2
parábola. Ax + Bxy + Cy + Dx + Ey + F = 0

Assim, a equação de uma cônica dependendo dos valores que os coeficientes

é um caso específico da equação A, B, C, D, E ou F assumem, pode representar


um conjunto vazio, ou uma reta, ou uma
Ax2 + Bxy + Cy2 + Dx + Ey + F = 0 . (*)
circunferência, ou uma parábola, ou uma elipse,
Quando o termo cruzado xy aparece
ou uma hipérbole.
na equação do segundo grau (*) ( B ¹ 0 ),
um conjunto vazio: x 2 + 1 = 0 , 3x 2 + 1 = 0 ,
o eixo de simetria da cônica é oblíquo aos
x 2 − 2x + y 2 − 6y + 15 = 0 ;
eixos coordenados. Mostraremos a seguir que é
possível eliminar o termo cruzado xy mediante uma reta: x + y − 1 = 0 , x + 2 = 0 , x − 3 = 0 ,
2 2
uma rotação de eixos coordenados. x 2 − 2x + 1 = 0 , x + y + 2xy = 0 ;
2 2
uma circunferência: x + y − 2x-2y = 0 ;

2.3 ELIMINANDO O TERMO CRUZADO uma hipérbole: x 2 − y 2 − 2x-2y-1 = 0 ;

Se um sistema de coordenadas xy é uma elipse: x 2 + 4y 2 − 2x + 16y + 13 = 0 ;


girado, em torno de sua origem, de um ângulo uma parábola: x 2 -y = 0 .
q para se obter um sistema x 0 y , então a curva
Para sabermos que tipo de curva representa
de equação Ax2 + Bxy + Cy2 + Dx + Ey + F = 0 as equações acima, efetuamos uma rotação ou
terá uma nova equação translação de eixos a fim de obtermos a forma
Ax + B x y + C y + D.x + Ey + F = 0 em que
2 2
mais simples da equação.
B
B = 0 se, e somente se, tg 2q = .
A-C

118 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
Demonstração:
ìï x = x cos q - y sen q
Substituindo as fórmulas de rotação ï em
í
ïï y = x sen q + y cos q
î
Ax2 + Bxy + Cy2 + Dx + Ey + F = 0 , obtém-se:
A( x cos q - y sen q )2 +
B( x cos q - y sen q ).(x sen q + y cos q ) + C (x sen q + y cos q )2 +
D( x cos q - y sen q ) + E( x sen q + y cos q ) + F = 0 .

Desenvolvendo os produtos acima e tendo em vista que:


2 sen q cos q = sen 2 q e cos2 q - sen2 q = cos 2q , temos:
A ( x 2cos2 q - 2 x y sen q cos q + y 2sen2 q ) +
B ( x 2 sen q cos q + x y cos 2q - y 2sen q cos q ) +
C ( x 2sen2 q + x y sen 2q + y 2cos2 q ) +
D( x cos q - y sen q ) + E( x sen q + y cos q ) + F = 0 .

Efetuando os produtos acima, pondo xy em evidência e considerando que a


nova equação é do tipo Ax 2 + B x y + C y 2 + D.x + Ey + F = 0 , chegamos a:
B x y = (-A sen 2q + B cos 2q + C sen 2q ) x y .

Para que o termo cruzado seja eliminado, devemos ter B = 0 , ou seja:


-A sen 2q + B cos 2q + C sen 2q = 0 ou (A - C) sen 2q = B cos 2q .
Dividindo os dois membros por cos 2q , encontramos:
sen 2q B B
= ou tg 2q = .
cos 2q A - C A-C

Exercícios resolvidos
1. Elimine o termo cruzado da equação 5x2 + 5y2 - 6xy - 8 = 0 por meio de uma
rotação de eixos conveniente.
Solução:
O termo cruzado xy pode ser eliminado por uma rotação do sistema, de um
p BB A-C
ângulo q (0 < q < ) de modo que tg tg22qq=
= ou cotg 2q = .
2 A-C
A-C B
5-5
Considerando que A = 5, B = -6 e C = 5 , então cotg 2 q = =0 .
p p -6
Assim 2q = ou q = .
2 4 ìï x = x cos q - y sen q
Pelas equações de rotação ï , temos
í
ïï y = x sen q + y cos q
î
ìï ìï
ïï x = 2 x - 2 y ïï x = 2
(x - y )
ïï 2 2 ïï 2
í ou í . Substituindo estas expressões na
ïï 2 2 ïï 2
ïï y = x+ y ïï y = (x + y )
ïî 2 2 ïî 2

AULA 8 TÓPICO 2 119


equação 5x2 + 5y2 - 6xy - 8 = 0 , temos:
2 2
é 2 ù é 2 ù é 2 ù é 2 ù
5 ê (x - y )ú + 5 ê (x + y)ú - 6 ê ( x - y)ú . ê (x + y)ú - 8 = 0 .
ê 2 ú ê 2 ú ê 2 ú ê 2 ú
ë û ë û ë û ë û
Simplificando a equação acima, encontramos:
5 5
( x - y )2 + ( x + y )2 - 3 ( x - y ).( x + y ) - 8 = 0 .
2 2
Desenvolvendo os produtos e reduzindo os termos semelhantes, chegamos a:
4x 2
+ 16y 2 - 16 = 0 ou 4 x 2 + 16 y 2 = 16 .
Dividindo os dois membros da equação acima por 16, encontramos
x2 y2
+ = 1 , que representa a equação de uma elipse de semi-eixos 2 e 1, como
4 1
mostra a figura 7.

Figura 7 - Cônica após uma rotação de 45º no sentido anti-horário


guar de b e m i s s o !

Observe que, em relação ao sistema x0y, Para visualizar uma rotação ou translação de

a equação da cônica é 5x2 + 5y2 - 6xy - 8 = 0 eixos coordenados, você pode recorrer o software
winplot, que pode ser baixado diretamente do
e, em relação ao sistema x0y , a equação é
site http://www.mat.ufpb.br/sergio/winplot/
x2 y2
+ =1. vetorial/conicas.html.
4 1

2. Esboce o gráfico da cônica de equação


x + 4xy + y2 - 6 = 0 .
2

Solução:
Precisamos saber de que cônica se trata, para tanto é necessário eliminar o
termo cruzado.
A-C 1 - 1 p p
cotg 2q = = = 0 ,ou seja, 2q = ou q = .
B 4 2 4

120 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
ìï
ïï x = 2 (x - y)
ìï x = x cos q - y sen q ï
Pelas equações de rotação ïí ou ïí 2
ïï y = x sen q + y cos q ïï 2
î ïï y = (x + y)
ïî 2

Substituindo estas expressões por x e y na equação x2 + 4xy + y2 - 6 = 0 ,


2 2
é 2 ù é 2 ù é 2 ù é 2 ù
temos ê (x - y )ú - 4 ê (x - y )ú . ê x + y)ú + ê ( x + y )ú - 6 = 0 .
ê 2 ú ê 2 ú ê 2 ( ú ê 2 ú
ë û ë û ë û ë û

Simplificando a equação acima, encontramos:


1 2 1 2
( x - y ) - 2 ( x - y ) ( x + y ) + (x + y ) = 6 ou
2 2
1 1
( x 2 - 2 x y + y 2 ) - 2 ( x 2 -y 2 ) + ( x 2 +2 x y+y 2 )
2
=6.
2 2

Reduzindo os
termos semelhantes da equação acima, obtemos
2 2
-x 2 + 3 y 2 = 6 ou y - x = 1 , que é uma hipérbole cuja representação
2 6
geométrica encontra-se representada na figura 8:

Figura 8 – Hipérbole após uma rotação de 45º no sentido anti-horário

Observe que, em relação ao sistema x0y, a equação da cônica é


y2 x2
x2 + 4xy + y2 - 6 = 0 e, em relação ao sistema x 0 y , a equação é - = 1 4.
2 6

3. Gire os eixos coordenados para eliminar o termo cruzado da cônica de equação


8x2 - 4xy + 5y2 = 144 .
Solução:
A-C 8 - 5 3
cotg 2q = = = - . Assim, da trigonometria, temos:
B -4 4

AULA 8 TÓPICO 2 121


3 3 3
cotg 2q - - -
cos 2q = 4 4 4 3
= = = =-
cotg 2q + 12
æ 3 ö÷
2
9 5 5
ç- ÷ + 1 +1
çè 4 ÷ø 16 4

æqö 1 - cosq
Tendo em vista as fórmulas do arco metade: sen çç ÷÷÷ = e
è2ø 2
æqö 1 + cosq , temos:
cos çç ÷÷÷ =
è2ø 2
3
1-
1 + cos 2q 5= 2 1 5
cos q = = = = e
2 2 10 5 5

3
1-cos 2q 1+
5= 8 4 2 5
sen q = = = =
2 2 10 5 5
5 2 5 2 5 5
Substituindo x = x - y e y= x + y na equação
5 5 5 5
8x2 - 4xy + 5y2 = 144 , temos:
2
 5 2 5   5 2 5  2 5 5 
8  x - y − 4  x - y 
 5 x + y
 5 5   5 5  5 
2
2 5 5 
+5  x + y = 144
 5 5 

Simplificando esta equação, chegamos a 4 x 2 + 9 y 2


= 144 . Dividindo os
2 2
y x
dois membros por 144, temos a equação + = 1 , que representa uma elipse.
36 16

Neste tópico, vimos que o termo kxy (k ¹ 0) aparece na equação do segundo


grau quando o eixo de simetria da cônica representada por essa equação, não é
paralelo a nenhum eixo coordenado, porém tal termo pode ser eliminado mediante
uma rotação de eixos no sentido anti-horário. Como podemos observar, a equação
sofre uma alteração, mas as características geométricas da curva bem como a relação
entre as coordenadas de cada ponto dessa curva, é mantida.

122 G e o m e t r i a A n a l í t i c a Ve t o r i a l
REFERÊNCIAS
BOULOS, P. Geometria analítica: Um tratamento vetorial, 3. ed. Pearson Education do
Brasil, São Paulo, 2005.
BOULOS, P.; OLIVEIRA, I. C. Geometria analítica: um tratamento vetorial. 2.ed. São Paulo:
MacGraw-Hill, 2000.
IEZZI, G. Fundamentos de matemática elementar. Vol. 7. São Paulo: Atual, 1985. v.7.
MUNEM, M. A. Cálculo. Rio de Janeiro. São Paulo: LTC, 1982.
SANTOS, N. M. Vetores e matrizes: uma introdução a álgebra linear. 4. ed. rev. e amp. São
Paulo: Editora Thomson, 2007.
SANTOS, R. J. Matrizes vetores e geometria analítica. Belo Horizonte: Imprensa
Universitária da UFMG, 2006.
SCHWAB, C. e MIGLIANO, A. C. Geometria analítica. Disponível em: <http://www2.
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em: 17 jun. 2009.
SILVA, V. E REIS, G.L. Geometria analítica. Livros Técnicos e Científicos. Rio de Janeiro,
1985.
STEINBRUCH, A.; WINTERLE, P. Geometria analítica. 2. ed. São Paulo: Mc Graw-Hill, 1987.
VENTURI, J. J. Álgebra Vetorial e Geometria analítica. 8. ed. Curitiba.

REFERÊNCIAS 123
CURRÍCULO
Marcos Antônio de Macedo

Possui graduação em ciências pela Universidade Regional do cariri-URCA (1997),


graduação em matemática (Licenciatura plena) pela Universidade Regional do Cariri-URCA
(2001), concluiu em 2002 especialização “Lato Sensu” (Turma I) em Matemática aplicada
pela Universidade Regional do Cariri-URCA. Atualmente é professor substituto do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia-IFETCE onde leciona no curso de matemática
desde agosto de 2004 e servidor público estadual pela 19ª Coordenadoria Regional de
Desenvolvimento e Educação- 19ª CREDE, onde leciona a disciplina de Matemática no
ensino médio desde 1998. Tem experiência na área de matemática, com ênfase em Cálculo
Diferencial Integral, Geometria Analítica Espacial e Álgebra Linear. Tem atuado principlamente
nos seguintes disciplinas: Calculo I, Calculo II, Álgebra Linear, Geometria Analítica e Vetores,
Geometria Descritiva, Construções Geométricas e Geometria Euclidiana.

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