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Após inserida uma norma jurídica costumeira/ positiva, o ideal é que haja a prestação, ou
melhor, a não prestação, a depender do caso. Em determinados momentos, a não prestação pode
ensejar uma sanção e, a partir dessa sanção é que há a lógica de responsabilidade. Essa
responsabilidade no direito interno pode-se dar em uma ótica cível, criminal, administrativa
etc., mas no presente estudo será vista em uma ótica internacional.
Francisco Rezek: Se o direito não está funcionando, regulamentado, ele é quebrado por uma
sanção. A sanção funciona como uma quebra, uma forma de restituir aquela situação jurídica
ao status quo, ao estado original.
Alain Pellet: Sem a relação internacional não há direito internacional. Não há que se falar que
só norma de Soft Law (se é que é norma – há divergências) são tendências de direito
internacional.
São normas cogentes, normas importantes para o direito internacional que delas não se admite
nenhuma derrogação. Nãos se pode sobrepor as normas cogentes sobre o risco de a própria
comunidade internacional como um todo ser lesada.
Três pontos que o professor quer que retenha:
Papel da CDI;
Cronologia das Relações Internacionais;
O que a ONU representa para responsabilidade internacional dos Estados.
Quando fala em proteção internacional dos direitos humanos, um novo espaço apareceu. A ótica
ativa por meio dos Tribunais Internacionais de Direitos Humanos e a passiva por meio dos
Tribunais Internacionais na lógica penal.
Artigo 5º, §4º, CR/88.
Depois da criação da ONU, as ideias de proteção aos direitos humanos passaram a ser mais
desenvolvida. Alguns Tribunais Internacionais de Direitos Humanos passaram a ser, inclusive,
aconselhados. Há Organizações Internacionais no âmbito global, e nesse âmbito a ONU não
permite que isso aconteça, que os indivíduos sejam partes ativas dos processos internacionais.
Mas a ONU tinha suas limitações. Apesar de ser uma Organização Global, tem suas limitações.
Quando se fala de responsabilidade internacional, não está se falando de direito internacional
material, mas procedimental, no que acontece quando o Estado viola uma norma internacional.
As normas relativas a responsabilidade internacional dos Estados determina as consequências
de uma violação ao direito internacional.
Quando há uma violação de direito inernacional, o Estado violador é processado na CIJ e virá
a ser condenado. Essa condenação é uma snação ou uma punição, ou é uma sanção que pode
vir a ser punição eventualmente?
Muitos autores dizem que a responsabilidade é civil porque ela tendencia para cível. Mas Pellet
diz que não é civel , nem penal, mas internacional. Basicamente, o argumento de Pellet para
dizer que não é civel é por achar que não pode haver um dano punitivo, ainda que esteja falando
de violação de normas cogentes (não há nada regulando uma sanção punitiva no plano
internacional). Não é cível, nem admistrativa, mas ampla.
Quando se fala em crime de Estado (algo que não persistiu no novo projeto de artigos), está se
falando de uma sanção punitiva. Ou seja, a violação de uma norma dá/ gera uma sanção.
Violações mais gravosas tem punições mais gravosas.
O artigo 1º do projeto de artigos sobre Responsabilidade Internacional dos Estados diz que todo
ato internacionalmente ilícito acarreta o dever de reparar. Esse é o fundamento do direito da
responsabilidade internacional dos Estados depois de 1970.
Para a maioria dos internacionalistas e para a CDI não tem necessidade de ter dano, nexo de
causalidade, sendo necessário que o Estado tenha cometido um ato internacionalmente ilícito.
Não basta um ato internacionalmente ilícito. O ato tem que ser atribuível ao Estado.
Duas perguntas são muito comuns sobre essa matéria: Dano e culpa, ou melhor, a questão do
dano e sobre a objetividade ou subjetividade da norma internacional.
Há duas correntes doutrinárias (slides a seguir).
Responsabilidade Subjetiva:
Responsabilidade Objetiva: A partir do momento que se fala do direito internacional, a
violação de uma norma não interessava se fosse por dolo ou culpa, violação é violação.
No plano interno, há questões interessantes de se quetionar se houve ou não houve dolo, se
houve culpa, para saber o tipo de condenação que aquela parte teria em direito interno. Mas,
quando parte do plano internacional, qualquer violação é violação.
Exemplo: Não há Tratado internaciona sem valor jurídico, todos são importantes, senão
não era Tratado internacional.
Caso Guerrilha do Araguaia: A omissão estatal pode gerar uma responsabilidade
internacional.
A mesma coisa ocorre dentro do sistema global. A ação ou omissão do Estado pode gerar a sua
responsabilização, desde que viole uma norma internacional. Não importa se é uma norma
costumeira, de um tratado, ou de um princípio geral, de um ato unilateral do Estado, ainda assim
gera uma responsabilização adversa.
Elemento Material: Ação ou omissão que viola as obrigações assumidas por um Estado.
Aqui há uma questão. Poderia responsabilizar um Estado por uma norma a qual ele não tenha
prestado atenção? Em tese não, mas quando se fala de norma cogente poderia.
As normas cogentes são hierarquicamente superiores. Uma violação de norma de Jus Cogens
significa um retrocesso internacional e, nesse sentido, por mais que os Estados sejam contrários
as normas cogentes, são obrigados a seguir essas normas, mesmo que de forma implícita tem
que aceitar.
O mais convencional são os atos não contínuos, violações convencionais.
Atos de violação contínua, se perpetra no tempo (por exemplo, caso Adolf Eichmann).
Atos compostos, tem que haver atos preparatórios que também são delitos (por exemplo, o
genocídio).
Filme: Operação Final (Caso Adolf Eichmann).
Sobre os atos ilicitos, há excludentes de ilicitude (se o ato ilicito é excluido, logo não há
responsabilidade internacional).
Determinado Estado aceita que tropas militares adentre em seu território por algum motivo
(geralmente são por questoes humanitárias).
Não chega a ser uma legitima defesa, não tem carater bélico. Tem arater de resposta contra uma
ilicitude cometida, mas numa lógica cível.
Exemplo: reotrções por questões comerciais.
As contramedidas são muito utilizadas.
Era uma barragem que foi construida entre a Hungria e a Eslováquia.
Acordo para a construção e administração da barragem no rio Danúbio.
Uma das partes queria revogar o acordo por causa dos possíveis impactos ambientais.
Eslováquia fez um desvio no rio que prejudicou a Hungria.
Hungria: Estado de necessidade ecológica
Eslováquia: Contramedidas
A força maior pode ser utilizada, desde que haja a ocorrencia de uma força irresistível ou de
um acontecimento imprevisivel (fortuito), além do controle do Estado, que torne a obrigação
materialmente impossível de ser concretizada.
A diferença maior entre a força maior e o perigo extremo é que o perigo extremo é uma medida
materialmente possível (pode ou tem a oportunidade de se explicar/ justificar em um momento
posterior), ao passo que, a força maior é uma medida materialmente impossível (não pode haver
possibilidade de cumprir a obrigação).
Se assumiu o risco de cometer o ilícito internacional, não há que se falar em excludente
de ilicitude.
Como o Estado não pode praticar os atos dele propriamente dito, algumas figuras de poder
dentro do Estado acabam praticando. A conduta de orgãos e de agentes de Estado, que são
chamados de Órgãos de Jure. São aqueles órgãos que estão dentro da administração do Estado
de alguma forma, seja autoridades de um Estado ou não e, qualquer tipo de violações que esses
indivíduos tenham a normas inernacionais atribuirá um ato internacionalmente ilícito a um
Estado.
Não tem aquela lógica de nexo de causalidade entre um ato ilícito e um dano, mas existe uma
espécie de nexo entre quem foi que efetuou o ato em nome do Estado e o ato internacionalmente
ilícito.
Exemplo: Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário de um país. O
Legislativo legisla de forma contrária a uma obrigação internacional que o Estado tenha
manifestado adesão. Isso pode gerar uma responsabilização para o Estado. O ato de um
Poder Legislativo legislar de forma contrária, o ato do Poder Judiciário julgar de forma
contrária, o ato do Poder Executivo que seja contrário a uma obrigação internacional
pode gerar uma responsabilização para o Estado.
Exemplo: Ministro de Estado da Defesa do Brasil ordena uma guerra contra o Paraguai,
contudo não tinha as autorizações (artigo 4º), OU; Ministro de Estado tivesse recebido
a ordem para ameaçar um conflito armado, mas que não chegasse efetivamente a um
conflito armado e, o Ministro estrapolasse as funções das quais lhe fora designado
(artigo 7º).
O Ministro de Estado pode ser responsabilizado e será julgado pelo Tribunal Penal
Internacional (TPI). O Estado pode ser responsabilizado pelo ato desse Ministro e
poderá ser julgado pela Corte Internacional de Justiça (CIJ). Os dois podem ser
julgados pelo mesmo fato.
Órgãos de Jure.
Em 1945, foi convencionado o que havia trabalho em 1928 com o Pacto..., que tentava instituir
de algum modo que o recurso a um conflito armado, a guerra, a força em direito internacional
se tornaria um ato ilícito. Está institucionalizado no artigo 2º, paragráfo 4º da Carta das Nações
Unidas. Foi convencionado no referdo artigo que as soluções de conflito devem ser pacificas,
se basear nos meios políticos, diplomáticos e jurídicos. Essa é a norma primária.
Existem alguns órgãos que não são propriamente de direito mas tem as suas ações encampadas
pelo Estado, que são órgão de facto.
Um agente do Estado que atua de forma contrária com a obrigação internacional que o Estado
tenha manifestado adesão, ajuda o Estado a cometer um ilícito internacional.
É um período meio parado do direito internacional e ainda assim é um período em que
as normas relativas aos direitos humanos, por exemplo, tem o âmbito dos direitos
humanos específicos.
Conduta de Superiores: Um superior está fazendo ou o superior está mandando um inferior
fazer (primeiro exemplo). Quando o inferior tem uma ordem superior para fazer/cumprir e
estrapola/abusa, ou seja, ultrapassa o que deveria fazer – o Estado, em tese, não tem nada a ver
com isso, mas para o direito da responsabilidade internacional o Estado tem a ver com isso pelo
simples fato daquele inferior ser parte integrante do Estado (segundo exemplo – policial abusar
do seu poder) – Atos Ultra Vires.
O ato Ultra Vires é a conduta de um agente de estado ou de um indivíduo privado que está
munido nessa função que estrapola as funções de Estado/ por ele mencionadas.
O ato de um particular pode gerar uma responsabilização para o Estado em que é
nacional?
Depende. No geral, não pode, pois é muito difícil, no caso concreto, um particular poderia gerar
a responsabilidade do Estado por um ato cometido individualmente por ele, sem ser uma ordem
direta do Estado. Não é comum, mas se tiver a disposção na norma primária especificando de
maneira expressa que um ato de particular pode gerar responsabilidade para o Estado, nesses
casos o Estado pode ser responsabilizado.
Depende se o ato pode ser atribuivél ao Estado, depende do individuo/ particular estar em uma
função que permitisse aquela tomada de decisão, que apesar de não ser um órgão de Estado, era
um órgão de fato daquele Estado.
O James Carwford trata sobre ato internacional ilícito (Projeto de artigo sobre
responsabilidade dos Estados por ato internacionalmente ilícito).
O Estado pode ser responsabilizado pelo cometimento de um ato lícito? Segundo Pellet
depende.
Quando se fala de atividades de alto risco, como, por exemplo, testes nucleares etc., é entendido
por alguns autores que há a possibilidade de responsabilização por ato lícito. Por mais que o ato
seja lícito, mas pela sua natureza ser de alto risco, pode gerar responsabilidade internacional,
no caso concreto. No entanto, deve reconhecer que não é uma lógica global, mas uma lógica
mais entre Estados/ entre pequenas posições.
Segundo o professor, é mais nítido em uma ótica bilateral.
A luz da tese de Pellet, uma atividade de alto risco poderia gerar algum tipo de violação
no plano internacional?
Segundo o professor, não. Se não há norma costumeira, norma positivada ou outra fonte de
direito internacional plenamente reconhecida, não deveria haver. Mas, Pellet e outros
internacionalistas entendem que há essa possibilidade, mas não está adstrita a responsabilidade
internacional dos Estados, ou melhor, ao projeto de artigo sobre responsabilidade dos Estados.
Ausência de políticas públicas que deveriam ser internalizadas por conta de mandamentos
ratificados em Tratados Internacionais, pode haver um ato ilícito.
Uma conduta dirigida ou controlada por um Estado (onde falará de: Controle Efetivo, Controle
Global e Controle Último).
Adoção de conduta e a questão de controle.
Essa situação pode ser vista por três viés diferentes. O Estado pode estar controlando
determinada parte da população de outro Estado.
Exemplo: Estados Unidos controlando parte da população da Nicarágua para ocasionar
uma guerra civil e as pessoas que está apoiando tomem o poder. Precisaria saber o grau
de controle que os Estados Unidos precisaria ter sobre a população para ensejar a sua
responsabilidade internacional.
Os Estados Unidos poderia ser responsabilizado no plano internacional, desde que ficasse
configurado/ comprovado o controle efetivo de determinado grupo armado/ parte da população.
O controle efetivo para a Corte é bastante rígido/ estrito. Teria que ser algo, talvez, mais público
ou que tivesse uma participação cada vez maior dos Estados Unidos.
A tese principal dele é de que haveria 2 tipos de responabilização para o Estado. Uma
responsabiização convencional por uma violação de uma norma que ensejaria um delito
internacional. E, se essa norma fosse das mais importantes de direito internacional, como as
normas de Jus Cogens, por exemplo, cometeria um crime internacional. Sob a lógica da tese
dele, o Estado poderia ser considerado um criminoso internacional.
Toda norma de Jus Cogens possui uma obrigação erga omnes, mas nem toda brigação erga
omnes consiste em uma norma de Jus Cogens.
Esse caso reconheceu, basicamente, o que era normas Jus Cogens e o que era obrigações erga
omnes, mais precisamente obrigações erga omnes.
Nesse sentido (do conceito de obrigações erga omnes), ainda não seja uma norma de Jus
Cogens, o Estado outro que não seja o lesado, se estiver falando de obrigações erga omnes,
pode pleitear a responsabilização internacional, inclusive, pedir para si a reparação dos danos
(não acontece na prática, mas não há impedimento).