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Léa das Gragas Camargos Anastasiou e Leonir Pessate Alves (Orgs.) .Processos de Ensinagem na Universidade Pressupostos para as estratégias de trabalho em aula neu m= an tant UNVIll Bw EDITORA univille PRODUGAO EDITORIAL Editora Uni Coordenagio geral Andrea Lima dos Santos Schneicler Revisi0 Cristina Aleintara Viviane Rodrigues Projeto grafico e diagramacio Raphael Schmitz. Impressio Sociedade Vicente Pallotti ‘Tiragem 1.000 exemplares Imagem da capa ‘A Escola de Atenas (Rafael Sanzio, afresco, 1508-1511) Reservados todos os direitos ce publicacao em lingua portuguesa a EDITORA UNIVILLE, Campus Universitario, s/n°~ Bom Retiro ‘CEP 89219.905 - Joinville - SC - Brasil ‘Telefones: (47) 3461-9110 / 3461-9141 - Fax: (47) 3461-9027 ‘e-mail editora@univille br ISBN - 978-85-87977-15-1 Catalogacao na fonte pela Biblioteca Universitaria da Univille Processos de ensinagem na universidade: pressupostos para as estratégias de trabalho em P963 aula / organizadoras Léa das Gragas Camargos Anastasiou e Leonit Pessate Alves — 10. ed. ~ Joinville, SC: Editora Univille, 2015, 155 p. 1. Processos de ensinagem. 2. Ensino superior. 3. Organizagdo curricular. 4, Ensino — Aprendizagem. 5. Universidades — Processos de ensinagem. 6. Avaliagao curricular. 7. Professores ~ Educagio continuada. I. Anastasiou, Léa das Gragas Camargos (org.). II. Alves, Leonir Pessate (org.). CPD 370.1523 SUMARIO APRESENTACAO. Terezinha Azerédo Rios INTRODUGAO... ‘Léa das Gracas Camargos Anastasiou ~ Leonir Pessate Alves 1 ENSINAR, APRENDER, APREENDER E PROCESSOS DE ENSINAGEM. ai Léa das Gragas Camargos Anastasiow 11 Ensinar... 1.2 Aprender e aprender... 1.3. Processo de ensinagem 14 Processo de ensinagem: 0 movimento necessario 23 1.5. O movimento e o método dialético: breve incursio.... 1.6 As operacées de pensamento. 1.7. Dos passos aos momentos. 18 Na busca de uma sintese posstvel van 40 Referencias 2DA VISAO DE CIENCIA A ORGANIZACAO CURRICULAR... Léa das Gragas Camargos Anastasiow 2A IntrodUcdo....n 2.2 Aciéncia ea organizacao curricular. 2.3. O conhecimento e o saber escolar curricular 24 Oconhecimento ea estrutura globalizante do currieulo 2.5 Planos de ensino e programas de aprendizagem.... 2.6 Da acao docente individual para a compartilhada.. 2.7 Das condicées de trabalho: a atuacao do coletivo docente 28 Da questo da mudanga...... ” Qneees Referéncias 1 ENSINAR, APRENDER, APREENDER E PROCESSOS DE ENSINAGEM Léa das Gragas Camargos Anastasiou ea.anastasiou@gmail.com ENSINAR, APRENDER, APREENDER E PROCESSOS DE ENSINAGEM ‘1Para um maior aprofundamento acerca do modelo jesuitico de ensino e sua influencia atual, do Ratio Stutionum e dos passos previstos na agao docente ¢ discente, vide ANASTASIOU, Ldas G. C, Metadotogia do ensino superior: da pratica docente a ‘uma possivel teoria pedagogica. (Curitiba: IBPEX, 1998. 1.1 ENSINAR Um dos elementos basicos de discussao da acao docente refere-se ao ensinar, ao aprender e ao aprender. Essas aces $40 muitas vezes consideradas e executadas como aces disjuntas, ouvindo-se até de professores afirmacoes do tipo: ae Isso decorre da ideia de que ensinar € apresentar ou explicaro contetido numa exposicao, 0 que a grande maioria dos docentes procura fazer coma maxima habilidade de que disp6e; daia busca por técnicas de exposi¢ao ou oratéria, como elementos essenciais para a competéncia docente, Historicamente, sabe-se que 0 modelo jesuitico, presente desde o inicio da colonizacao do Brasil pelos portugueses, apresentava em seu manual, Ratio Studiorum ~ datado de 1599' -, os trés passos basicos de uma ‘Nessa visao de ensino, a aula é 0 espaco em que o professor fala, diz, explica o contetido, e compete ao aluno ano! fo pare depois memerz4 lc eee eae eR SESE fesse caso, mesmo numa situacao que tradicionalmente seja considerada wma boa aula, em geral explicita-se 0 contetido da disciplina com suas definigdes ou sinteses, desconsiderando- se os elementos histéricos e contextuais, muitas vezes tomando suas sinteses tempordrias como definitivas, desconectando- as de afirmacées técnicas das pesquisas cientificas que as originaram. segundo Not (1993), 1ss0 pode provocar uma adocao da estrutura do outro, e quando se fala ao outro utiliza-se até a mesma linguagem, com as mesmas palavras, principalmente na hora da prova. Como afirma Reboul (1982, p. 27): Process de Ensinagent na Universidade -17 ENSINAR, APRENDER, APREENDER E PROCESSOS DE ENSINAGEM O aluno registra palavras ou formulas sem compreendt-tas. Repete-as simplesmente para conseguir boas classificagées ou para agradarao professor [..habitua-se a crer que existe uma "lingua do professor” , que tem de aceitar sem acompreender, meus oro amiscaem atin. iD terce-so ste do aatomdticay pode-se paso avida ienasem saber Por que ¢ que se faz um transporte numa operacio; aprendeu-se ‘mas nao se compreendeu; contenta-se em saber aplicar uma formula magica. Nesse processo, ficam excluidas as historicidades, os determinantes, os nexos internos, a rede teérica, enfim, os elementos que possibilitaram aquela sintese obtida; a auséncia dlesses aspectos cientificos, sociais e hist6ricos deixa os contetidos Embora esse tenha sido o modelo que nés, professores atuais, vivenciamos como alunos e com 0 qual conseguimos efetivar sinteses que nos possibilitaram prosseguir em nossa caminhada académica, temos hoje dados de pesquisas que nos permitem um caminhar cientifico relacionado ao quadro tebrico- pratico atual que a Pedagogia coloca a disposicdo. A compreensao do que seja ensinar é um elemento fundamental nesse processo! pode ocorrer a compreensio, ou nao, do contetido pretendido, a adesio, ou nao, a formas de pensamento mais evoluidas, a mobilizacao, ou nao, para outras acées de estudo e de aprendizagem. ‘Como outros verbos de acdo, ensinar contém, em si, duas dimensoes apropriou dele, posso dizer que ensinei ow apenas cumpri uma parte do processo? Mesmo tendo uma sincera intencao de ensinar, se a meta (a apreensdo, a apropriagao do conteado por parte do aluno) nao se efetivou plenamente, como seria necessario ou esperado para prosseguir 0 caminho escolar do aluno, posso dizer que ensinei? Terei cumprido as duas dimensies pretendidas na acdo de ensinar? 18 ~ Processos de Ensinagem wa Universidade 2 Segundo Morin (2005, p. 69- 70), apreender & um processo evolutivo em espiral, no qual 6s termos inato/adquirido se encadeiam, se permutam e se produzem, desenvolvendo a carebralizagao e, por intermédio disso, as compeléncias inatas aptas a adquirir conhecimento, © desenvolvimento das competéncias inatas avanga em paralelo com o desenvolvimento das aptiddes para adquirir, ‘memorizare tratar conhecimento, ‘nam aprimoramento em espiral que nos permite compreender € interferirno processo,0 gual inclu ‘a conjuncao clo reconhecimento & dda descoberta © desenvolvimento cerebral necessita do estimulo do meio para operar e desenvolver-se, situando-se af 0 papel mediador do docente. ENSINAR, APRENDER, APREENDER E PROCESSOS DE ENSINAGEM 1.2 APRENDER E APREENDER Existe também uma diferenca entre aprender e apreender, embora nos dois verbos exista a relacdo entre os svjstoseo contr ec EE ‘Nao se trata de um verbo DaSsive par exerts, informar- Saeeen enon emo E preciso distinguir quais agdes esto presentes na meta que estabelecemos ao ensinar. Se for apenas receber « informagio de, bastard passi-la por meio da exposicdo oral. Nessa perspectiva, uma boa palestra é 0 suficiente para a transmissio da informacio. To ton, se nossa meta se refer 8 apropriasto do _mentalmente, entender ecompreende Dai a necessidade atual de revisar o “assistir a aulas”, pois a acao de apreender nao é passiva®. O agarrar por parte do estudante exige aco constante e consciente: informar- se, exercitar-se, instruir-sc. Qiao aaa sess GGG RETIN yier MD. Nese fazer aus 6 que surgem as necessarias formas de atuacio do professor com 0 estudante sobre o objeto de estudo e a definicao, escolha € efetivacdo de estratégias diferenciadas que facilitem esse novo fazer. rocessos de Ensinagemt na Universidade ~ 19

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