Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
É uma realidade o poder que a comunicação nas suas mais variadas vertentes e
tipologias, bem como nos meios tradicionais e nos mídia sociais da era digital exercem
na sociedade contemporânea. Neste sentido, percebe-se que a comunicação tem que
ser considerada como um processo social básico e como um fenômeno. A
comunicação intercultural pode ser entendida sob vários ângulos, tanto no âmbito
global da sociedade, como naquele mais focalizado em ambientes específicos como a
comunicação que acontece entre instituições e organizações pelos diversos países.
Essa comunicação adquire um papel cada vez mais importante no contexto da
globalização e das transformações mundiais que caracterizam a nossa realidade de
hoje. As sociedades contemporâneas são confrontadas por um número cada vez maior
de populações estrangeiras, originárias de diferentes culturas e portadoras de outros
costumes e línguas, que afluem, sobretudo às cidades e que partilham espaços,
atividades e o quotidiano do dia a dia. Ramos, N. (2009) O aumento da globalização,
dos fluxos migratórios e da multiculturalidade faz com que os Estados e as diferentes
instâncias sociais sejam confrontados com uma grande heterogeneidade linguística e
cultural dos seus utentes, profissionais e cidadãos, e que exige destas a adoção de
práticas, de estratégias e de políticas adequadas para atender a essa nova realidade
social, cultural, educacional, comunicacional e política. Ramos, N. (2009). Com a
globalização surgem mudanças na nossa cultura material, surge a sociedade da
informação das inovações tecnológicas, nas quais o avanço do processamento, do
armazenamento e da transmissão de informação resulta no uso dessas tecnologias em
todas as esferas da sociedade. A informação passa a ter valor econômico pois as
sociedades que mais acesso tiverem a este tipo de tecnologias mais preparas e mais
qualificadas estão, o que leva a permitir qualificar e quantificar as sociedades,
conforme o seu acesso à informação e o seu uso. Atendendo a isto, os fatores culturais
sofrem transformações visíveis nas vivências cotidianas, pelo aumento da circulação da
informação, ou da influência dos mídia nessas sociedades, daí afirmar-se que
atualmente quem tem a informação detém o poder. O Pluralismo cultural não pode
ignorar a diversidade e as relações entre os diferentes indivíduos e grupos, sejam estes
contactos estruturados ou não, conflituosos ou pacíficos. A problemática intercultural
está relacionada com o diálogo e a comunicação, com a abertura ao outro, às culturas,
ás línguas, ás relações interpessoais, implicando uma abordagem global,
multidimensional. A migração implica, a adaptação, mas também a incorporação pelo
indivíduo de uma cultura, língua, regras culturais e sociais diferentes, á nova realidade
cultural para onde se vai tentar inserir, tendo o imigrante de desenvolver estratégias
de adaptação que lhe permitem resolver as dificuldades relacionadas com a condição
de imigrante e de aculturação, ou seja a aculturação implica a aprendizagem de uma
nova cultura, assim como escolhas por vezes difíceis entre o que o imigrante gostaria
de manter e o que tem de abandonar dos hábitos e da cultura de origem, ao mesmo
tempo, os indivíduos do país de acolhimento, terão que ter uma mente aberta e um
espirito aberto ao diálogo, afim de evitar tal como os estereótipos e os preconceitos,
que constituem barreiras, filtros culturais à comunicação intercultural e estão na
origem de conflitos e incompreensão entre os grupos existentes numa sociedade,
criando deste modo dificuldades comunicacionais. E é aqui que a comunicação
intercultural tem um papel fundamental, pois através de uma boa comunicação
atenua-se o choque cultural inicial, facilita-se uma introspeção mais profunda sobre o
que nos rodeia e permite uma interação mais eficaz entre as dissemelhantes
nacionalidades. A comunicação intercultural é um processo simbólico através do qual
pessoas de diferentes culturas criam significados partilhados, pode dizer-se que é a
habilidade que os indivíduos têm de bem comunicar com pessoas de outras culturas.
Esta capacidade pode ser inata ao indivíduo ou melhorada com o tempo. Uma pessoa
para desenvolver uma boa comunicação intercultural deve ser, primeiro que tudo,
sensível e emotivo, de maneira a captar e entender, em interação com as outras
culturas, os seus modos de pensar, sentir e agir, para além disso deve ter o
entendimento da sua própria cultura e evitar etnocentrismos.
Essas novas realidades sociais, culturais e urbanas exigem novos modelos conceptuais
e novas políticas e estratégias de intervenção, baseados numa perspetiva global e
multi/interdisciplinar centrada nos indivíduos, nas relações sociais e nos processos
ambientais, culturais e políticos, capazes de gerir a diversidade cultural e de promover
e harmonizar os direitos humanos e culturais, com as necessidades, qualidade de vida
e bem-estar psicológico e social dos indivíduos, das famílias e dos grupos, maioritários
ou minoritários, nacionais ou migrantes. Ramos, N. (2009).
A escola de Palo Alto, de Bateson, propôs uma teoria que através de uma abordagem
sistémica, se baseia em alguns princípios fundamentais:
1. A comunicação é um fenómeno interativo, assente na relação que se
estabelece entre os indivíduos;
2. Não se reduz a mensagens verbais, mas também as não verbais, pois todo o
comportamento social tem um valor comunicativo;
3. Toda a mensagem comporta dois níveis de significação, pois transmite um
conteúdo informativo e também exprime algo sobre a relação que une os
interlocutores;
4. A relação entre interlocutores é estruturada segundo dois grandes modelos: o
modelo simétrico (a relação é definida como igualitária e os protagonistas tem
comportamentos simétricos) e o modelo complementar (os protagonistas
adotam comportamentos opostos, ajustando-se um ao outro);
5. A comunicação é determinada pelo contexto no qual ela se inscreve, o qual
envolve as relações que unem as pessoas que comunicam, o espaço no qual se
situa a interação e a situação que coloca em relação os protagonistas, constitui
também um espaço simbólico portador de normas, de regras, de modelos e
rituais de interação;
Parte dos disfuncionamentos, ao nível psicopatológico, estão relacionados com
problemas de comunicação.