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O interculturalismo ultrapassa a igualdade de oportunidades e o respeito pelas

diferenças culturais, englobando igualmente uma transformação pluralista do espaço


público, das instituições e da cultura cívica (Bloomfield & Bianchini, 2004).

Atualmente, no mundo globalizado a diversidade intercultural, as relações


interculturais e a gestão da interculturalidade, são objeto de preocupação dos vários
organismos e instituições internacionais. Ramos, N. (2011). A cultura implica um
processo permanente de construção e reconstrução, o qual, dados os crescentes
movimentos migratórios atuais e contactos interculturais, têm tornado este processo
extremamente dinâmico e interativo. O confronto com a diversidade e a alteridade, o
encontro intercultural, as relações entre o Eu e o Outro, são influenciados por
representações sociais, por estereótipos, preconceitos, projeções culturais, ideológicas
e políticas. Estes elementos vão ter importância, quer na aceitação ou inclusão do
Outro, quer na discriminação e na exclusão da diferença, do estrangeiro, na anulação
ou valorização da identidade do Outro e da alteridade. Tal como descrito por Ramos,
N. (2011), as relações entre indivíduos e grupos culturalmente diferentes originam um
conjunto complexo de representações e processos psicológicos e sociais, levando ao
ponto de ser de difícil aceitação do Outro em relação ao Eu, só porque este tem um
tipo de cultura completamente diferente, os membros de uma cultura tendem a
considerá-la e ás suas práticas e símbolos, superiores aos das outras culturas. Para os
cidadãos residentes, a primeira figura do Outro e da diversidade cultural é o Migrante,
aquele para quem a migração poderá aumentar a liberdade, as oportunidades de
escolha, e melhorar as condições de vida, alargar o acesso aos serviços básicos, à
escolaridade, à saúde e à participação e constituir um fator importante de
desenvolvimento, se lhe for proporcionado acolhimento e contextos social,
educacional e político adequados. Ramos, N. (2011). Todavia, este Outro é,
frequentemente, ignorado ou discriminado, sobretudo o migrante pobre, objeto de
medos e exclusão, símbolo de ameaça e da diversidade cultural recusada na prática.
Este Outro, é visto como uma potencial ameaça ao Eu, pois irá ocupar postos de
trabalho, receber habitações e apoio social, educacional e de saúde sem nunca ter
contribuído com os seus impostos para aquele país que o acolhe, sendo também
interpretadas de forma critica as manifestações de cultura. Ramos, N. (2011)

Outra figura de diversidade cultural e do Outro são os cerca de 300 milhões de


pessoas, distribuídas por mais de 70 países, que pertencem a grupos indígenas,
representando cerca de 4 000 línguas. Ramos, N. (2011) Também, a União Europeia,
projeto político que envolve 27 países e 500 milhões de habitantes com história e
língua diferentes (26 línguas) e com identidades sociais e culturais fortes, constitui um
grande desafio político, cultural, educacional, comunicacional e, em particular, um
desafio à diversidade cultural, ao diálogo intercultural e à coabitação cultural. Ramos,
N. (2011)
O etnocentrismo tem influência na comunicação intercultural.
Explique resumidamente a relação entre etnocentrismo e e conflitos interculturais.

O etnocentrismo, é a tendência a interpretar a realidade a partir dos nossos próprios


critérios e modelos culturais, o etnocentrismo é a visão demonstrada por alguém que
considera o seu grupo étnico ou a sua cultura o centro de tudo, sendo mais importante
que as outras culturas ou as outras sociedades. Ramos, N. (2003). Um indivíduo
etnocêntrico considera as normas e valores da sua própria cultura melhores do que as
das outras culturas. Isso pode representar um problema, porque frequentemente dá
origem a preconceitos e ideias infundamentadas, levando ao desrespeito, depreciação
e intolerância por quem é diferente. Ramos, N. (2003). Em alguns casos mais
extremos, origina atitudes preconceituosas, racistas e xenófobas. O etnocentrismo, tal
como os estereótipos e os preconceitos, constituem barreiras, filtros culturais à
comunicação intercultural e estão na origem de conflitos e incompreensão entre os
grupos existentes numa sociedade, criando deste modo dificuldades comunicacionais.
Ramos, N. (2003).
Para desenvolver competências no domínio intercultural, e combater o etnocentrismo,
nas relações interculturais e na comunicação entre indivíduos e culturas, é muito
importante aprender a conhecer-se a si mesmo e à sua própria cultura, e sobretudo
aprender a conhecer e a compreender o sentido de normas e valores, e os códigos
culturais do Outro, e tomar consciência das diferenças e especificidades culturais.
Ramos, N. (2003). Desenvolver atitudes como abertura de espírito, empatia,
criatividade, flexibilidade, autoconfiança, curiosidade e interesse pela cultura,
costumes e tradições do Outro, capacidade para gerir as emoções e conflitos e para
estabelecer a confiança, a cooperação e a negociação, pois só assim se poderá
combater as dificuldades comunicacionais e desenvolver a consciencialização cultural.
Ramos, N. (2003).

O Paradigma Intercultural vem desafiar os paradigmas tradicionais e implica várias


constatações e perspetivas. Refira e caracterize brevemente essas constatações e
perspetivas.

A crescente mobilidade populacional e cooperação transnacional proporcionam o


contacto de grande diversidade de culturas e identidades, vindo colocar desafios às
populações autóctones e migrantes e às relações interculturais e exigir um novo
paradigma na pesquisa e intervenção. Ramos, N. (2011) Como referido por Ramos, N.
(2011) citando vários autores, a reflexão sobre a diversidade cultural, através do
paradigma intercultural, implica processos dinâmicos e multidimensionais e reenvia
aos conceitos de reciprocidade, de complexidade de complementaridade e de facto
social total. As constatações e perspetivas do Paradigma Intercultural são:
• uma constatação de ordem sociológica, tendo em conta que a maioria das nossas
sociedades são e serão cada vez mais multiculturais;
• uma opção de ordem ideológica, já que a multi/interculturalidade é, potencialmente,
uma riqueza para o conjunto da sociedade;
• uma visão estratégica, tendo em conta que para passar do multiculturalismo ao
interculturalismo, torna-se necessário promover a relação entre as culturas, sem, no
entanto, anular a identidade de cada uma delas;
• uma perspetiva multi/interdisciplinar, na medida em que os objetos do domínio
intercultural são objetos complexos, plurais, heterogéneos e pluridimensionais, que
não podem ser reduzidos a uma única abordagem disciplinar;
• uma perspetiva sistémica e multidimensional, necessária a uma visão global,
integrativa e interacionista da complexidade e da diversidade e à construção de um
pluralismo comum, implicando, ao mesmo tempo, o reconhecimento dos indivíduos e
das culturas e a integração das representações, práticas, políticas e contextos;
• um processo dinâmico e dialético, onde o intercultural exige a tomada de consciência
da alteridade e da diversidade, das identidades individuais e coletivas, das interações
entre os indivíduos e os grupos e, ainda, das relações entre o Eu e o Outro;
• uma perspetiva psicossocial e pedagógica, visto que as problemáticas interculturais
implicam o desenvolvimento de competências culturais, sociais, pedagógicas,
comunicacionais, de competências individuais e de cidadania, que permitam
interações sociais harmoniosas entre os indivíduos e as culturas e que promovam a
consciencialização cultural, a comunicação intercultural e o funcionamento
democrático das sociedades;
• uma perspetiva sociopolítica, tendo em conta, que o interculturalismo não é
somente um objetivo em si, mas, também, um instrumento para promover a coesão
social, o exercício da cidadania, a igualdade de oportunidades e uma integração
adequada da diversidade cultural e das minorias.

Tendo em conta os textos fornecidos na UC e a matéria lecionada, elabore um


pequeno texto explicando por palavras suas a importância e contributos da
comunicação intercultural na sociedade contemporânea, e destacando algumas
competências a desenvolver neste âmbito.

É uma realidade o poder que a comunicação nas suas mais variadas vertentes e
tipologias, bem como nos meios tradicionais e nos mídia sociais da era digital exercem
na sociedade contemporânea. Neste sentido, percebe-se que a comunicação tem que
ser considerada como um processo social básico e como um fenômeno. A
comunicação intercultural pode ser entendida sob vários ângulos, tanto no âmbito
global da sociedade, como naquele mais focalizado em ambientes específicos como a
comunicação que acontece entre instituições e organizações pelos diversos países.
Essa comunicação adquire um papel cada vez mais importante no contexto da
globalização e das transformações mundiais que caracterizam a nossa realidade de
hoje. As sociedades contemporâneas são confrontadas por um número cada vez maior
de populações estrangeiras, originárias de diferentes culturas e portadoras de outros
costumes e línguas, que afluem, sobretudo às cidades e que partilham espaços,
atividades e o quotidiano do dia a dia. Ramos, N. (2009) O aumento da globalização,
dos fluxos migratórios e da multiculturalidade faz com que os Estados e as diferentes
instâncias sociais sejam confrontados com uma grande heterogeneidade linguística e
cultural dos seus utentes, profissionais e cidadãos, e que exige destas a adoção de
práticas, de estratégias e de políticas adequadas para atender a essa nova realidade
social, cultural, educacional, comunicacional e política. Ramos, N. (2009). Com a
globalização surgem mudanças na nossa cultura material, surge a sociedade da
informação das inovações tecnológicas, nas quais o avanço do processamento, do
armazenamento e da transmissão de informação resulta no uso dessas tecnologias em
todas as esferas da sociedade. A informação passa a ter valor econômico pois as
sociedades que mais acesso tiverem a este tipo de tecnologias mais preparas e mais
qualificadas estão, o que leva a permitir qualificar e quantificar as sociedades,
conforme o seu acesso à informação e o seu uso. Atendendo a isto, os fatores culturais
sofrem transformações visíveis nas vivências cotidianas, pelo aumento da circulação da
informação, ou da influência dos mídia nessas sociedades, daí afirmar-se que
atualmente quem tem a informação detém o poder. O Pluralismo cultural não pode
ignorar a diversidade e as relações entre os diferentes indivíduos e grupos, sejam estes
contactos estruturados ou não, conflituosos ou pacíficos. A problemática intercultural
está relacionada com o diálogo e a comunicação, com a abertura ao outro, às culturas,
ás línguas, ás relações interpessoais, implicando uma abordagem global,
multidimensional. A migração implica, a adaptação, mas também a incorporação pelo
indivíduo de uma cultura, língua, regras culturais e sociais diferentes, á nova realidade
cultural para onde se vai tentar inserir, tendo o imigrante de desenvolver estratégias
de adaptação que lhe permitem resolver as dificuldades relacionadas com a condição
de imigrante e de aculturação, ou seja a aculturação implica a aprendizagem de uma
nova cultura, assim como escolhas por vezes difíceis entre o que o imigrante gostaria
de manter e o que tem de abandonar dos hábitos e da cultura de origem, ao mesmo
tempo, os indivíduos do país de acolhimento, terão que ter uma mente aberta e um
espirito aberto ao diálogo, afim de evitar tal como os estereótipos e os preconceitos,
que constituem barreiras, filtros culturais à comunicação intercultural e estão na
origem de conflitos e incompreensão entre os grupos existentes numa sociedade,
criando deste modo dificuldades comunicacionais. E é aqui que a comunicação
intercultural tem um papel fundamental, pois através de uma boa comunicação
atenua-se o choque cultural inicial, facilita-se uma introspeção mais profunda sobre o
que nos rodeia e permite uma interação mais eficaz entre as dissemelhantes
nacionalidades. A comunicação intercultural é um processo simbólico através do qual
pessoas de diferentes culturas criam significados partilhados, pode dizer-se que é a
habilidade que os indivíduos têm de bem comunicar com pessoas de outras culturas.
Esta capacidade pode ser inata ao indivíduo ou melhorada com o tempo. Uma pessoa
para desenvolver uma boa comunicação intercultural deve ser, primeiro que tudo,
sensível e emotivo, de maneira a captar e entender, em interação com as outras
culturas, os seus modos de pensar, sentir e agir, para além disso deve ter o
entendimento da sua própria cultura e evitar etnocentrismos.
Essas novas realidades sociais, culturais e urbanas exigem novos modelos conceptuais
e novas políticas e estratégias de intervenção, baseados numa perspetiva global e
multi/interdisciplinar centrada nos indivíduos, nas relações sociais e nos processos
ambientais, culturais e políticos, capazes de gerir a diversidade cultural e de promover
e harmonizar os direitos humanos e culturais, com as necessidades, qualidade de vida
e bem-estar psicológico e social dos indivíduos, das famílias e dos grupos, maioritários
ou minoritários, nacionais ou migrantes. Ramos, N. (2009).

 A escola de Palo Alto, de Bateson, propôs uma teoria que através de uma abordagem
sistémica, se baseia em alguns princípios fundamentais:
1. A comunicação é um fenómeno interativo, assente na relação que se
estabelece entre os indivíduos;
2. Não se reduz a mensagens verbais, mas também as não verbais, pois todo o
comportamento social tem um valor comunicativo;
3. Toda a mensagem comporta dois níveis de significação, pois transmite um
conteúdo informativo e também exprime algo sobre a relação que une os
interlocutores;
4. A relação entre interlocutores é estruturada segundo dois grandes modelos: o
modelo simétrico (a relação é definida como igualitária e os protagonistas tem
comportamentos simétricos) e o modelo complementar (os protagonistas
adotam comportamentos opostos, ajustando-se um ao outro);
5. A comunicação é determinada pelo contexto no qual ela se inscreve, o qual
envolve as relações que unem as pessoas que comunicam, o espaço no qual se
situa a interação e a situação que coloca em relação os protagonistas, constitui
também um espaço simbólico portador de normas, de regras, de modelos e
rituais de interação;
Parte dos disfuncionamentos, ao nível psicopatológico, estão relacionados com
problemas de comunicação.

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