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Universidade Federal de São Carlos

Nome: Maiara Inês Varize Silvestrini RA:791418

Disciplina: Filosofia da Educação II

Síntese 6

Educação e Emancipação

Theodor W. Adorno, é considerado um dos intelectuais mais influentes do século, e uma das
principais questões que ele traz é como este mundo, tão desenvolvido científica e
tecnologicamente pode ter ao mesmo tempo tanta miséria?

No texto 6 ‘’ Educação e Emancipação ‘’ de Adorno, são reunidos vários textos do autor onde
ele analisa diversas questões sobre o efeito das mídias na educação da população e sua
importância para a formação de uma sociedade mais livre, pensando sobre o papel dos
professores nesse processo e indicando como estratégias de educação podem levar a um
caminho de barbárie.

 EDUCAÇÃO PARA QUÊ?

Adorno, diz nessa passagem que no instante em que indagamos: "Educação — para quê?",
onde este "para quê" não é mais compreensível por si mesmo, ingenuamente presente, tudo
se torna inseguro e requer reflexões complicadas. E sobretudo uma vez perdido este "para
quê", ele não pode ser simplesmente restituído por um ato de vontade, erigindo um objetivo
educacional a partir do seu exterior. Logo a seguir, o autor assume o risco de apresentar a sua
concepção inicial de educação: ‘’ Evidentemente não a assim chamada modelagem de pessoas,
porque não temos o direito de modelar pessoas a partir do seu exterior; mas também não a
mera transmissão de conhecimentos, cuja característica de coisa morta já foi mais do que
destacada, mas a produção de uma consciência verdadeira. Isto seria inclusive da maior
importância política; sua ideia, se é permitido dizer assim, é uma exigência política. Isto é: uma
democracia com o dever de não apenas funcionar, mas operar conforme seu conceito,
demanda pessoas emancipadas. Uma democracia efetiva só pode ser imaginada enquanto
uma sociedade de quem é emancipado. Numa democracia, quem defende ideais contrários à
emancipação, e, portanto, contrários à decisão consciente independente de cada pessoa em
particular, é um antidemocrata.’’

Becker concorda com as afirmações de Adorno e completa: ‘’ Gostaria de enfatizar apenas que
também no que se refere ao conceito do "homem emancipado" é preciso tomar cuidado para
não convertê-lo em um ideal orientador. Poderia apresentar ainda um argumento que talvez
muitos professores apresentariam a partir de sua prática. Eles diriam: a juventude não deseja
uma consciência crítica. A juventude quer modelos ideais, quer exatamente aquilo que o
senhor criticou há pouco, e eles lhes trariam uma grande quantidade de exemplos concretos
da sua prática cotidiana que aparentemente lhes dariam razão. Existe um estágio no
desenvolvimento humano em que todos os modelos ideais se encontram ameaçados. ‘’

Becker chama a educação de um equipar-se para orientar-se no mundo, referindo-se assim


esta relação de dialética. Evidentemente para ele, a aptidão para se orientar no mundo é
impensável sem adaptações. Mas ao mesmo tempo impõe-se equipar o indivíduo de um modo
tal que mantenha suas qualidades pessoais. Enfatiza que a adaptação não deve conduzir à
perda da individualidade em um conformismo uniformizador. Esta tarefa é tão complicada
porque, segundo ele, precisamos nos libertar deum sistema educacional referido apenas ao
indivíduo.

O autor, acredita que os mesmos elementos que influenciaram os grandes conflitos do


passado, ainda perduram em nossa sociedade e devem ser combatidos prontamente, e a
melhor forma para isso, é direcionar a educação no sentido de estabelecer ao individuo uma
auto-reflexão, demonstrando sua importância numa coletividade para bem comum da
humanização.

 A EDUCAÇÃO CONTRA A BARBÁRIE

Adorno afirma que existe uma razão objetiva da barbárie. Ele diz que a perpetuação da
barbárie na educação é mediada essencialmente pelo princípio da autoridade, que se encontra
nesta cultura ela própria. A tolerância frente às agressões, colocada com muita razão por
Becker durante a discussão, como pressuposto para que essas agressões renunciem seu
caráter bárbaro, pressupõe por sua vez a renúncia ao comportamento autoritário e à formação
de um superego rigoroso, estável e ao mesmo tempo exteriorizado. Por isto a dissolução de
qualquer tipo de autoridade não esclarecida, principalmente na primeira infância, constitui um
dos pressupostos mais importantes para uma desbarbarização. Mas Adorno diz que seria o
último a minimizar essas questões, pois os pais com que tem de lidar são, por sua vez, também
produtos desta cultura e são tão bárbaros como é esta cultura. O direito de punição continua
sabidamente a ser, (em terras alemãs), um recurso sagrado, de que as pessoas dificilmente
abrem mão, tal como a pena de morte e outros dispositivos igualmente bárbaros.

Seguindo o raciocínio, Becker afirma que: ‘’ Se concordamos acerca de como é decisiva a


educação na primeira infância, então provavelmente também concordamos em relação a que
a autoridade esclarecida, tal como o senhor a formula, não representa uma substituição da
autoridade pelo esclarecimento, mas que neste âmbito e justamente na primeira infância
precisa haver também manifestações de autoridade.’’

Adorno completa que as crianças que são anêmicas no sentido das concepções vigentes dos
adultos e também dos pedagogos, (as chamadas plantas de estufa, com as quais foi exitosa já
precocemente como que uma sublimação da agressão) serão também como adultos ou como
adolescentes aqueles que são relativamente imunes em face das agressões da barbárie. O
importante é precisamente isto. Acredito ser importante para a educação que se supere este
tabu acerca da diferenciação, da intelectualização, da espiritualidade, que vigora em nome do
menino saudável e da menina espontânea, de modo que consigamos diferenciar e tornar tão
delicadas as pessoas no processo educacional que elas sintam aquela vergonha acerca de cuja
importância havíamos concordado.

 CONSIDERAÇÕES FINAIS:

O pensamento de Adorno em relação à Educação, parte das críticas que ele faz à indústria
cultural, vista como a responsável por prejudicar a capacidade humana de agir com
autonomia, onde à consciência humana é dominada pela comercialização e banalização dos
bens culturais - fenômeno batizado posteriormente de "semiformação" (Adorno afirma que há
um processo real na sociedade capitalista capaz de alienar o homem das suas condições de
vida). À primeira vista, pode parecer que Adorno era contra a Educação. Pelo contrário.
As críticas ao processo pedagógico são consequências do reconhecimento pelo autor da
capacidade que ela tem de transformar as relações sociais. Fica evidente em sua obra a defesa
de um projeto de libertação do homem por meio da formação acadêmica, porém uma
formação de amplitude humanística. Para Adorno, o ensino deve ser uma arma de resistência
à indústria cultural na medida em que contribui para a formação da consciência crítica e
permite que o indivíduo desvende as contradições da coletividade. 

Referências:

ADORNO, Theodor W, (2003). In: Educação e Emancipação. 3ª Ed. São Paulo: Paz e Terra.
Tradução de Wolfgang Leo Maar p. 1-87.

Link: ADORNO, Theodor - Educação e Emancipação.pdf - Google Drive

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