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Índice

1. Introdução..............................................................................................................................2

2. Conceptualização da Assistência Social................................................................................4

3. Evolução do evolvimento da igreja na assistência social.......................................................4

4. Assistência social da igreja em Moçambique........................................................................6

4.1. Igreja Zione.........................................................................................................................6

4.3. Discussão teórica das práticas das igrejas Católica e Zione em Moçambique...................8

5. Considerações finais.............................................................................................................10

6. Referências bibliográficas....................................................................................................11

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1. Introdução

O ensaio que se apresenta a seguir tem como tema Políticas de proteção social e segurança
social em Moçambique: o papel da igreja na assistência social. Este ensaio se insere na
cadeira da política social lecionado no âmbito do curso de sociologia. A temática da
assistência social se insere no quadro mais amplo da proteção social levada a cabo em vários
países sejam estes desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento. Não obstante o Estado
aparecer como o agente que garante a assistência social dos cidadãos, existe um conjunto de
instituições sociais que paralelamente ou parceiramente tem desempenhado a mesma função.

Este ensaio pretende explorar especificamente a instituição igreja, procurando analisar o


papel que tem desempenhado no âmbito da assistência social no contexto moçambicano. Para
o efeito da análise que se densevolve toma-se como caso especifico o das igrejas Ziones,
destacando suas diversas formas de actuação junto das comunidades. Esta igreja é
selecionada como forma de mostrar que mesmo aquelas igrejas que não aparecem
constantemente divulgando suas acções nos vários meios de comunicação, a sua maneira e no
seu espaço desenvolvem suas acções junto das comunidades prestando-as assistência.

O ensaio é realizado com o objectivo geral de analisar práticas de diferentes igrejas que
podem ser consideradas como estando inseridas no âmbito da assistência social na sociedade
moçambicana. Este objectivo incorpora dois específicos que consistem em identificar e
descrever práticas de igrejas que podem ser incorporadas no âmbito da assistência social; e,
descrever a partir destas práticas o papel que estas igrejas têm desempenhado na satisfação
das necessidades das populações por meio de uma explicação teórica.

Para a consecução dos objectivos traçados, recorre-se ao suporte teórico dos culturalistas
sociológicos especificamente o de Malinowski. Sem tentar aprofundar os princípios teóricos
apresentados por Malinowski pode-se afirmar que este quadro teórico tem como ponto fulcral
a relação entre a natureza e a cultura, na qual uma actua sobre a outra, sendo que a natureza
define logo a prior as necessidades dos seres humanos e harmonia com o ambiente cultural. E
neste sentido que as instituições sociais aparecem a partir de suas práticas como agentes de
satisfação destas Nec necessidades, cumprindo com sua função.

Este quadro teórico mostra-se apropriado para o nosso estudo, na medida em que permite
construir o argumento do ensaio segundo o qual as igrejas na qualidade de instituições sociais
assumem o papel de satisfazer as necessidades básicas dos indivíduos a partir de um conjunto

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de práticas que pela sua natureza são incorporadas no âmbito da assistência social em
Moçambique. Deste modo, associado a este argumento está o que assume que as igrejas têm
o papel fundamental de indirectamente auxiliar o estado no que tange a cobertura e da
assistência social em Moçambique, uma vez que, o Estado moçambicano apresenta-se muito
limitado em oferecer uma maior cobertura e condições que realmente aumentem o padrão de
vida dos beneficentes.

No que tange a metodologia utilizada recorre-se a busca bibliográfica. A busca bibliográfica


consistindo na recolha de informação junto de obras, artigos ou fontes secundarias permite
retratar o papel das igrejas no âmbito da assistência social em Moçambique a partir de um
conjunto de estudos realizado sobre esta realidade, assim como noticias que acompanham e
retratam de perto esta realidade.

Em termo de estrutura o trabalho apresenta uma organização simples composta por secções,
contando com esta que referente à introdução onde são apresentados os pontos básicos que
alicerçam a sua elaboração. Na segunda secção apresenta-se a conceptualização da assistência
social. Na terceira secção se apresenta a contextualização histórica na qual se realiza uma
apresentação retrospectiva da relação que a igreja vem desde muito estabelecendo com as
práticas da assistência social. Na quarta secção realiza-se a exposição descritiva das praticas
religiosas levada a cabo junto das comunidades. Ainda nesta secção realiza-se uma
explicação teórica dos dados concretos identificados referentes às práticas das igrejas Zione
no âmbito da assistência social. Na quinta e ultima parte apresentam-se as considerações
finais onde se faz uma confrontação entre as ilações e argumentos de modo a constatar até
que pontos estes foram comprovados.

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2. Conceptualização da Assistência Social

O conceito de assistência social esta directamente ligado ao de proteção social constituindo


uma das dimensões deste, colocado em paralelo com outras dimensões da proteção social
apresentando suas próprias formas de existência e operacionalização. Podendo ser
diferentemente colocada em diversos países o conceito apresenta grandes proximidades.

De acordo com Nigro (2010), a Assistência Social é prestada em diferentes países a pessoas
que necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, com objectivo de
“proteger a família, a maternidade, a infância, a adolescência, a velhice; amparar as crianças e
adolescentes carentes; promover a integração ao mercado de trabalho; habilitar e reabilitar as
pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; e, por
fim, garantir um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao
idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida
por sua família” (Nigro, 2010: 23)

Seguindo este raciocínio de operacionalização, Nigro (2010) afirma que Assistência Social
constitui um conjunto de acções e serviços que se destinam a proteger a família, a velhice,
aos carentes, além de promover políticas públicas com o escopo de integração ao mercado de
trabalho, habilitação de portadores de deficiências e, principalmente, a garantia de um salário
mínimo mensal àqueles portadores de deficiência e/ou aos idosos que não possuam meios de
prover sua própria subsistência e de sua família. Estas todas práticas protecionistas são
aplicadas a pessoas que realmente necessitam.

Esta perspectiva apresenta uma definição de Assistência Social susceptível de ser aplicada em
diferentes países ou contextos, contudo, atentando a especificidades concretas de cada
contexto. Em Moçambique a Assistência social é definida dentro da lei, que em simultâneo
apresenta os critérios a partir dos quais os indivíduos necessitados podem ter acesso a esta
forma de proteção.

3. Evolução do envolvimento da igreja na assistência social

É comum na literatura internacional se atribui a paternidade da intervenção da igreja em


questões de assistência social a judaico-cristã, contudo, importa que não se pode cair neste
reducionismo que coloca de fora outras congregações não cristas. De acordo com Sposati

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(1985: 41), “a solidariedade social diante dos pobres, dos viajantes, dos doentes, dos
incapacitados, dos mais frágeis, se inscreve sob diversas formas nas normas morais de
diferentes sociedades”.

No mesmo diapasão Silva et al (sd) afirma que uma incursão histórica sobre os modos de
vida de diferentes povos e em conjunturas diferenciadas, encontrará a presença de grupos
filantrópicos e religiosos que desenvolvem ou desenvolveram práticas de ajuda e apoio ao
próximo assumido especificamente como carente, desprovidos de recursos de bens de
subsistência, assim como de outros recursos necessários a existência humana. Contudo, do
mesmo modo que cada igreja levou a cabo o seu assistencialismo de forma especifica a forma
como esta assistência social se configurou variou de tempo para tempo.

Segundo Silva et al (sd), num primeiro momento esse sentimento de ajuda era guiado pela
crença fatalista de que sempre haveriam necessitados e que estes eram incapazes de por si
próprios buscar os meios para a sua sobrevivência, e portanto precisariam da ajuda dos outros
e era um princípio que norteava a conduta moral da época, garantir o atendimento as suas
necessidades. É baseado nesse ideário político conservador que desde a idade média foram
constituídas as instituições de caridade, tanto pelas companhias religiosas como pela ação
voluntária de grupos leigos. Esta atitude moral de criar iniciativas de proteção e tutela aos
grupos sociais mais fragilizados se constituiu posteriormente em práticas de dominação e de
controle desta parcela da população suprimindo a possibilidade de compreensão da
assistência enquanto direito.

Pode constatar que ao longo nesta fase inicial de transição das formas de assistência social, as
práticas e acções deste campo apareciam como um acto de benevolência para com os
desfavorecido, sendo que estes deviam obediência a aqueles que os assistiam. Esta forma de
ver a assistência social ainda persiste nos países subdesenvolvidos nos dias de hoje.

A entrada na sociedade capitalista vai dar novas configurações a assistência social que são
marcadas pela intervenção esmagadora do Estado. Contudo, Silva et al (sd) defendem que
estas ações do Estado não vão superar as situações de emergência “tratando o social como
resíduo dependente da matriz econômica, cujos recursos para esta área são quase sempre
escassos e insuficientes diante da grande demanda que caracterizou a denominada dívida
social dos sucessivos governantes para com a população crescentemente pauperizada.” (Silva
et al, sd: 6 )

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Pode-se perceber que é esta atitude de desresponsabilização social do poder político
constituído que abre espaço para a ação quotidiana de uma rede de solidariedade social
presente na sociedade civil, com destaque para aquelas ligadas às diferentes igrejas de
diferentes credos, que vem ganhando destaque até os dias actuais. Assim, tem lugar projeto
de acções de emergenciais de atendimento aos carecimentos sociais de grupos fragilizados e
o apoio à luta libertária de situações de opressão e de desigualdades tão profundas que
atentam contra um dos mais preciosos direitos humanos que é o direito à vida.

Neste aspecto a igreja Católica ocupa sim um ligar de destaque, visto que, de acordo com
Mestriner (2001), a igreja Católica sempre desenvolveu um conjunto de activdades
missionárias em povos de diferentes sociedades, onde procurava amenizar os efeitos dos
sistemas políticos europeus em expansão, que era seu aliado paralelo. Foi neste curso
histórico que a igreja Católica se fez emergir no contexto moçambicano. Porém, do mesmo
modo que, de acordo com Pelissiér (1994), os portugueses encontram no território
moçambicano os Árabes Persas, a igreja católica também encontrou outras congregações
protestantes, que já vinham operando junto das comunidades e com quem teve de concorrer
na actividade religiosa.

Uma das igrejas já existentes em Moçambique foi a Zione, de acordo com Mahumane (2010),
A igreja do Zione existe em Moçambique associadas aos movimentos protestantes
envagélicos cuja característica principal era a conversão pessoal e salvação pela fé. É ainda
de acordo com Mahumane (2004), conseqüência indirecta da penetração das igrejas
Missionárias Protestantes e posterior processo de cristão no seu seio e por volta dos sec. XIX
influencia das migrações dos povos locais para os países vizinhos, com especial destaque
para África do Sul de onde traziam experiências religiosas.

4. Assistência social da igreja em Moçambique

4.1. Igrejas Zione

Ao lado de outras congregações as igrejas Zione enfrentam grandes dificuldades decorrentes


da actuação do Governo colonial em conivência com os lideres locais como defende Serra
(1997) e viveram ainda a precariedade, destruição e empobrecimento decorrentes da guerra
de libertação, assim como do posterior conflito entre a força da REMANO e da Frelimo.
Dentro deste contexto, as igrejas católicas iniciaram um conjunto de praticas social diante das

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suas comunidades religiosas, que visavam minimizar os danos da guerra, a deficiente
reconstrução do país, que deu continuidade as exclusão e precariedade produzidas pela
colonização.

De acordo com Mahumane (2004), a igreja Zione no sul de Moçambique desde o período
pós-guerra vem desenvolvendo um conjunto ações com vista ajudar as pessoas em situações
de guerra, fome, seca. Estas ações visam garantir um nível de vida básico e de distribuição de
recursos equilibrado e foram sendo levadas a cabo dentro de um conjunto de programas
existentes até os dias de hoje.

O programa Mpfunane foi elaborado com vista criar uma forma de cooperação agrícola
caracterizada pela ajuda mútua entre vizinhos e amigos como forma de facultar mecanismos
de produção aqueles que não dispõem de condições para o efeito. O programa Ntsima visou
desde a sua origem promover trabalho voluntário entre os membros da igreja com vista a
construção de casas, casas de banho, curais, celeiros, e no fim a igreja faculta uma refeição
geral e alguns artigos básicos distribuídos entre os membros da comunidade. Mahumane
(2004) afirma que estes princípios são satisfeitos com base na cooperação e solidariedade
promovidos entre os membros da igreja Zione.

Neste sentido, cooperação e solidariedade são formas de comunidade sociais que garantem
reprodução social e econômica através de desenvolvimento de mecanismos solidariedade e de
redes de reciprocidade entre os membros. Ntsiname aparece como um espaço de concessão
de lugares para construção (talhão) e material de construção a indivíduos vulnerais e
desprovidos de condições e cuja condição foi afectada pela guerra ou pela calamidade
naturais. Existe ainda o programa Kuthekela, que consiste no Kutxintxa (troca) ou Kuxava
(comprar) que resulta das trocas comerciais entre as populações. Esta prática sugere uma
variante entre os crentes que consiste na troca directa de produtos em situações de escassez
ou falta numa determinada situação. Leva-se a cabo ainda o recolhimento de famílias em
casas de membros em situações de destruição de residência, de guerra, de perseguição ou de
carência.

Esta igreja desenvolve ainda práticas religiosas que tem em vista a reinserção de crianças
abandonadas nas comunidades religiosas como forma de facultar meios de subsistência,
dando a este não só condições econômicas, mas também uma família onde todos são irmãos.
O principio de solidariedade é também valido em situações de morte, visto que, muitos dos
membros das comunidades são desprovidos de condições financeiras e econômicas. Aqui

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criam-se fundos de funerárias dentro dos quais se acumulam valores que servem para dar esta
assistência nestas situações que aparecem de forma eventual. Normalmente a congregação é
que se encarrega pelas despesas fúnebres como a aquisição de urnas, isto no meio urbano e
produtos alimentares no meio rural.

Em função do dito acima se verifica como a satisfação das necessidades básicas por parte das
igrejas Zione em forma de assistência garante que os indivíduos procurem aderir a ela,
justificando o porquê de muitos dos novos crentes serem indivíduos sem condições, sem
posses e mesmo sem um emprego informal, isto é, são pessoas que se encontram na situação
de vulneráveis que deveriam ser beneficentes da assistência social por parte do Estado.

Diferente do que é concedido pelo Estado, a assistência social das igrejas não se limita aos
bens matérias. Neste caso, a igreja é muito forte nos esforços psicossociais que garantem a
recuperação da auto-estima das pessoas sofridas, actos de recuperação de pessoas que sofrem
de traumas vividos durantes períodos de anomia caracterizados por calamidades naturais,
guerras, etc. é assim, que pessoas directamente envolvidas, militares, crianças, velhos e
mulheres, aderem com muita facilidade os rituais e cerimônias da igreja Zione.

4.3. Discussão teórica das práticas das igrejas Ziones em Moçambique

A igreja Zione assim como outra congregação religiosa constitui uma instituição social
dotada de um conjunto de princípios, valores, crenças cuja confirmação empírica garante a
sua permanência no tempo. Esta igreja situa-se dentro de um contexto onde entra em relação
de interdependência com outros elementos, factores, condicionamento da sociedade
moçambicana cuja existência não lhe passa desapercebia. É dentro desta relação reconhecida
que estas igrejas Zione vêm desempenhando um conjunto de actividades, práticas que tem
condicionado a existência dos membros de suas comunidades.

O papel das igrejas Zione é desempenhado em forma de uma função social que consiste em
identificar um conjunto de necessidades das quais padecem os membros da comunidade e
criar meio para a sua satisfação. Os programas Mpfunane, Ntsima, Ntsiname e Kuthekela
satisfazem um conjunto de necessidades dos membros da comunidade. Na perspectiva de
Malinowski (apud Faleiros, 1991) este o papel que cabe as instituições sociais dentro das
práticas da assistência social.

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As igrejas Zione satisfazem tanto as necessidade decorrente da natureza humana como a
habitação ou abrigo, a alimentação, a convivência, assim como as necessidades da própria
necessidade cultural como é o caso da recuperação da auto-estima. Estas acções ocorrem de
forma colectiva, na qual a solidariedade aparece como o elemento central para que a
satisfação das necessidades seja uma realidade concreta na vida das populações.

Não obstante as igrejas Ziones actuarem numa sociedade onde o Estado igualmente
desenvolve ações de assistência social, é fundamental sublinhar que este não pode em
nenhum momento substituir a função daquela, visto que, existe um conjunto de necessidades
que só podem ser satisfeitas pelas práticas específicas de congregações religiosas, neste caso
específico das igrejas Zione. A satisfação espiritual, o equilíbrio existencial, o tratamento
psicossocial, a recuperação da auto-estima entre outras necessidades são decorrentes da
combinação entre a cultura e natureza ou primeira e segunda natureza para usar os termos de
Mgoenha (1994), são podem ser e são satisfeitas pelas igrejas.

Neste ponto, mais uma vez as igrejas Zione têm cumprido com a sua função. De acordo com
Mahumane (2004), as igrejas Zione têm desenvolvido um conjunto de cerimônias e rituais
que visa garantir a recuperação das populações dos traumas decorrentes da guerra, das cheias,
de situações traumatizantes.

Deste modo, se a assistência sócia das igrejas Zione têm como fundamento a satisfação dos
princípios religiosos, esta só pode ser alcançada pela satisfação das necessidades dos
indivíduos. Deste modo, verifica-se uma relação de interdependência. É finalidade da igreja
prestar assistência social, satisfazer as necessidades dos actores sociais. A igreja não pode
negar satisfazer estas necessidades sem negar a si mesma como instituição social. De acordo
com Malinowski (apud Faleiros, 1991), é finalidade das instituições satisfazer as
necessidades dos indivíduos.

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5. Considerações finais

As idéias apresentadas e discutidas ao longo do trabalho no que se refere à actuação da igreja


Zione que serviu de caso representante para se apurar o papel das igrejas na assistência social
revelam que estas tem um contributo fundamental para o melhoramento das condições de
vida das populações beneficentes, na sua maioria compostos por crianças, velhos e mulheres,
que são normalmente assumidas como categorias sociais desfavorecidas e desprovidas.

A igreja Zione na sua actuação assume formas especificas que podem ser diferentes das
formas de outras igrejas e que são naturalmente diferentes da forma do Estado prestar
assistência social, contudo, assume um papel importante na satisfação das necessidades das
populações decorrentes da própria existência humana e do contexto cultural e social que
impõem necessidade que variam com as dinâmicas temporais.

Deste modo, torna-se plausível reiterar o argumento segundo o qual as igrejas desempenham
um papel relevante na assistência social ao satisfazer as necessidades básicas e substanciais
das populações. Porém, a forma como desenrolam as suas formas de prestação não remetem
necessariamente ao auxilio do Estado na prestação da assistência social, visto que, esta igreja
não tem estabelece uma relação directa com este.

A igreja Zione leva a inferência segundo a qual a actuação da igreja no âmbito da assistência
social se dá em forma de uma relação directa entre igreja-beneficiante sem a interferência de
outras instancia, estando assim a ocorrer a margem da actuação do Estado. Deste modo, a
igreja não poderia ser concebida como auxiliar do estado na assistência social, colocando a
baixo o segundo argumento formulado. Contudo, casos de outras igrejas levam a não cair no
erro de falsa generalização para o qual Bobbie (1997) sempre chamou atenção, visto que, de
acordo com Betto (1986), a igreja Católica tem actuando no sentido de pressionar e
sugestionar ao Estado forma de prestar assistência aos cidadãos vulneráveis.

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6. Referências bibliográficas

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