R A U L G R E C O J U N I O R
A importância
das metodologias
ativas para o
ensino de
filosofia durante
a pandemia
organizadores
Bibliografia.
ISBN: ----
https://doi.org/./----...
ISBN 978-65-89499-98-5
www.editorabagai.com.br /editorabagai
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A IMPORTÂNCIA DAS METODOLOGIAS
ATIVAS PARA O ENSINO DE FILOSOFIA
DURANTE A PANDEMIA
INTRODUÇÃO
A filosofia é mais que uma mera disciplina escolar, é uma prática voraz
das reflexões acerca dos pensamentos e conhecimentos humanos. É uma ciên-
cia que utiliza quase todas as competências pessoais para encontrar respostas
que o mundo, sozinho, não nos entregou. Diferentes autores tentaram definir
o conceito de filosofia ao longo do tempo, mas não há um consenso pontual
ou uma acepção exata do que é, fundamentalmente, a Filosofia. Porém, uma
afirmação de Immanuel Kant em sua obra Manual dos cursos de Lógica Geral
define, exatamente, como funciona a prática do saber filosófico “Não se ensina
filosofia; ensina-se a filosofar”.
Partindo desse pressuposto, dedicamos nosso tempo a analisar as possi-
bilidades do ensinar a filosofar utilizando tanto as ferramentas e metodologias
mais modernas com que temos contato, quanto a tecnologia digital e as metodo-
logias ativas, e tudo isso com uma variável importante que é a incursão histórica
em que estamos inseridos, uma pandemia mortal que leva a reconfigurar toda
a ideia de sociedade e educação. Ela surge no Brasil no primeiro trimestre de
2020 deixando-nos reféns de nossos próprios atos e impelidos a desenvolver
soluções para problemas nunca antes vistos na educação nacional.
A prática da filosofia, que tanto necessita da interação humana e do
debate, estava, praticamente, dificultada devido às condições a nós impostas,
mas a criatividade e a vontade de continuar desenvolvendo o melhor do saber
filosófico nos dignificou a perseverar na arte do ensinar, do aprender e do
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Doutor em Filosofia (PUC-PR). Professor (UTFPR-LD e SEED-PR).
CV: http://lattes.cnpq.br/
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Mestre em Ensino de Ciências Humanas, Sociais e da Natureza (UTFPR). Professor do curso
de extensão “Formação Docente Digital” (UTFPR).CV: http://lattes.cnpq.br/
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ressignificar a educação. Todo esse movimento pela busca de uma luz no final
do túnel nos motivou a desenvolver novas práticas educacionais.
Nossa pesquisa busca contemplar uma área dentro do campo do ensino
de filosofia que é a sua inserção no tecnológico e nas metodologias ativas, as
quais podem ser compreendidas como um conjunto de processos amplos que
têm como característica central a inclusão do estudante como agente prota-
gonista e responsável pela sua aprendizagem. Essas metodologias facilitam o
aprendizado, já que são impulsionadas pela superação de desafios, a resolução
de problemas e a construção de novos conhecimentos a partir daquilo que os
sujeitos já conhecem.
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Conforme o dicionário Etimológico da Língua portuguesa o verbete Método vem do grego:
“méthodos: caminho para chegar a um fim” (NASCENTES, , p. ).
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Tiago Eurico de Lacerda | Raul Greco Junior (orgs.)
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egípcia, por isso o egipcianismo dos filósofos consiste em seu ódio à ideia do
devir. Por isso Nietzsche faz uma alusão às ideias-múmias75, ou aos conceitos
mumificados, aqueles que não se vislumbram em processos históricos, mas que
permanecem sempre os mesmos.
Por isso, ensinar não é uma tarefa fácil, nem mesmo a definição do que
seja a própria filosofia é clara, quanto mais a melhor forma de comunicá-la.
Para Cerletti “haveria uma espécie de ‘senso comum’ constituído em torno do
ensinar filosofia” (2009, p. 15). Até mesmo porque o senso comum acredita que
para passar um saber basta ter algum conhecimento e comunicá-lo. Para isso, o
aprendiz vai acumulando o conteúdo ofertado segundo o programa e ao final
convencionamos que ele também sabe filosofia, mas não é tão simples assim.
É possível comunicar por uma didática semelhante algum conteúdo, mas não
necessariamente de forma filosófica com seu método próprio. Não podemos tratar
o método filosófico como tratamos as outras ciências, com constatações empí-
ricas, mas buscar uma compreensão racional dos princípios de toda a realidade.
O escopo da filosofia repousa no desejo de conhecer e contemplar a
verdade, ou seja, filosofia está intrinsecamente ligada ao ato de filosofar, do fazer
filosofia. Ambas deveriam caminhar sempre juntas. À medida em que ensino, faço
acontecer o procedimento criativo de possibilitar ao outro uma fusão de mundos.
De um lado as teorias filosóficas de seus respectivos autores e do outro nós, que
não somos simples espectadores, mas protagonistas no sentido de recriação de
tais teorias. O professor não é um repetidor, tampouco um comunicador de suas
teorias específicas e forma de pensar a filosofia, mas um mediador do processo
de pensar, criar conceitos diante das problemáticas filosóficas em geral. Assim,
ele poderá ensinar tanto os clássicos, quanto a forma que eles puderam chegar
ao conteúdo filosófico, ou seja, a metodologia de se fazer filosofia simplesmente
filosofando sem perder o escopo do desejo constante de saber.
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“Vocês me perguntam o que é idiossincrasia nos filósofos?... Por exemplo, sua falta de sentido
histórico, seu ódio à noção mesma do vir-a-ser, seu egipcismo. Eles acreditam fazer uma honra a
uma coisa quando a des-historicizam, sub specie aeterni [sob a perspectiva da eternidade] — quando
fazem dela uma múmia. Tudo o que os filósofos manejaram, por milênios, foram conceitos-múmias;
nada realmente vivo saiu de suas mãos (NIETZSCHE, ; CI, A “razão” na filosofia, ).
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Assim o aluno pode ter contato com o conteúdo e algumas análises de forma
antecipada, otimizando o tempo, tornando-o portador desse conhecimento prévio
sobre o conteúdo e, deste modo, possa interagir com os companheiros de sala a
fim de para realizar debates e propor novas óticas acerca dos temas. É importante
lembrar que, a partir deste método, o aluno pode se beneficiar com uma melhor
idealização expositiva da aula e com o emprego de incrementos variados, como
vídeos, imagens, músicas, filmes e textos nos mais diversos formatos.
Podemos, também, trabalhar com a aprendizagem baseada em problemas,
também chamada de problem based learning. Esse modelo objetiva fazer que os
estudantes possam aprender através da busca de soluções de problemas propos-
tos pelo professor de uma forma colaborativa. O professor pode oferecer um
problema filosófico que tenham muitas variantes, isso irá estimular o educando
a pesquisar e a amalgamar o máximo de conhecimento para essa resolução.
Ao incentivar esse método exploratório, muitas soluções irão surgir dentro
de um contexto específico do saber filosófico, podendo usar da tecnologia ou
qual outro recurso que possa ajudar na busca de respostas às indagações, ficando
aparente o incentivo a competência de investigação e pesquisa, a reflexão diante
dos temas e a inventividade diante de uma situação problema. O mais interessante
é que tal metodologia pode ser aplicada a partir da realidade do estudante, o
que o instigará ainda mais a pensar a vida e a filosofia a partir de suas próprias
vivências proporcionando um aumento da própria flexibilidade cognitiva.
Aprendemos também de muitas maneiras, com diversas
técnicas e procedimentos, mais ou menos eficazes para
conseguir os objetivos desejados. A aprendizagem ativa
aumenta a nossa flexibilidade cognitiva, que é a capaci-
dade de alternar e realizar diferentes tarefas, operações
mentais ou objetivos e de adaptar-nos a situações inespe-
radas, superando modelos mentais rígidos e automatismos
pouco eficientes (MORAN, , p. ).
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estava perdido, era hora de colocar a mais antiga das competências humanas, a
filosofia, frente a frente com a mais recente delas, a tecnologia.
Os melhores professores e professoras serão aqueles que
possam ensinar em condições diversas, e não só porque
terão que idear estratégias didáticas alternativas, mas
também porque deverão ser capazes de repensar, no
dia a dia, os próprios conhecimentos, sua relação com a
filosofia e o marco em que pretendem ensiná-la. Trata-se,
muito mais do que de ocasionais desafios pedagógicos,
de verdadeiros questionamentos filosóficos e políticos
(CERLETTI, , p. ).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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situar que as metodologias ativas não eram exclusividade das tecnologias, mas
se constituem como procedimentos criativos que podem auxiliar os professores
a motivarem seus estudantes e os aproximam da realidade filosófica.
Por isso nosso artigo trouxe autores e reflexões que fazem parte desse
novo mundo e paradigmas hoje vivenciados, a fim de elucidar uma educação
empática e humanizadora a partir de novas formas de se pensar a tradição
filosófica, agora, no entanto, engajada aos movimentos hodiernos e à sociedade
em rede que estamos inseridos.
REFERÊNCIAS
ASPIS, Renata Lima; GALLO, Sílvio. Ensinar Filosofia: um livro para professores.
São Paulo: Atta Mídia e Educação, .
ASSMANN, Hugo. Reencantar a educação: rumo à sociedade aprendente. Petrópolis:
Vozes, .
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