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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE LINGUAGEM, EDUCAÇÃO E CIÊNCIA - DALTEC
CAMPUS FLORIANÓPOLIS

Padronização de solução de NaOH e determinação da acidez no vinho


branco.(1)
Bruno Joukoski Jalowski(2), Eduardo da Costa Ilha(3) e Luana Krause Ferretti(4).

Resumo Expandido

(1) Trabalho executado com recursos do Curso Técnico em Química. (2) Estudante; Instituto Federal de Santa Catarina;
Florianópolis, Santa Catarina; bruno.jalowski@gmai.com; (3) Estudante; Instituto Federal de Santa Catarina;
Florianópolis, Santa Catarina; eduardoilha2010@gmail.com; (4) Estudante; Instituto Federal de Santa Catarina;
Florianópolis, Santa Catarina; ferrettiluana12@gmail.com.

O ácido tartárico está diretamente


I. INTRODUÇÃO relacionado ao potássio encontrado na uva,
principalmente, pelo mesmo reagir com o íon
A acidez do vinho é um de seus parâmetros formando cristais de bitartarato de potássio (DAUDT;
mais importantes. Ela que dará frescor e vivacidade, FOGAÇA, 2008). Essa precipitação gera uma
além de ser responsável pela harmonização com diminuição da concentração do ácido no vinho,
diversos pratos e servir como um dos principais voltando assim a elevar o pH e comprometer a
conservantes naturais do vinho (SIMÕES, 2018). conservação do mesmo (DAUDT; FOGAÇA, 2008).
Vinhos que possuem altos valores de pH, Para a determinação da quantidade de
geralmente, são provenientes de uvas com elevadas ácido tartárico no vinho, é realizada a titulação de
quantidades de potássio, “principal nutriente neutralização com NaOH, que acontece segundo a
utilizado pela videira para seu desenvolvimento” equação 1.
(SIMÕES, 2018), porém isso pode ser prejudicial a
sua conservação (DAUDT; FOGAÇA, 2008). Por C4H6O6(Aq)+2NaOH(aq)→C4H4O4Na2(aq)+2H2O(l) Eq.1
isso, mostos que apresentam pH muito elevado
recebem a adição de ácido tartárico (𝐶4𝐻6𝑂6) para a Devido a sua tendência de absorver água,
correção da acidez (DAUDT; FOGAÇA, 2008). mudando assim sua composição química, o NaOH
O ácido tartárico é um composto orgânico, deve ser padronizado periodicamente para garantir
natural da uva, que diminui de concentração sua composição (MAIA, 2009). Essa padronização
conforme a maturação da fruta (SIMÕES, 2018). O envolve um padrão primário, como o biftalato de
ácido tartárico é diprótico (RODRIGUES, 2014), potássio (KHC8H4O4,) que é uma substância que
sofrendo dupla ionização. Ele é um dos três possui grande solubilidade em água, estabilidade ao
principais compostos responsáveis pela acidez do ar livre, massa molar alta (204,22 g/mol), e é de fácil
vinho, juntamente com os ácidos málico e cítrico, obtenção, purificação e secagem (MAIA, 2009); e o
sendo o tartárico o mais abundante nas uvas, padrão secundário, que é a substância da qual se
matéria-prima dessa bebida (SIMÕES, 2018). quer saber a concentração.
O ácido tartárico é um acidulante, ou seja, Este experimento visa à determinação da
diminui o pH do vinho tornando-o mais ácido, sendo acidez de uma amostra de vinho branco comercial
assim, é fundamental para o processo de vinificação fazendo o uso de uma solução de NaOH
(SIMÕES, 2018). Ele modifica a composição do previamente padronizada.
vinho, fazendo com que os riscos de oxidação e
contaminação diminuam, “evitando reações II. METODOLOGIA
químicas indesejadas” (SIMÕES, 2018). Ele
também é responsável por realçar o sabor e Reagentes
intensificar o brilho da bebida (SIMÕES, 2018).
Segundo Maia (2010), os vinhos brancos ● NaOH 0,1000 mol/L;
dentro do padrão comercial possuem entre 0,6 e ● Amostras de vinho;
0,9% de ácido tartárico. ● Azul de bromotimol;
● Fenolftaleína (0,1% em etanol);
● Biftalato de potássio (KHC8H4O4).
Procedimento – Padronização do NaOH
Materiais
Amostras previamente secas e de massas
● 3 buretas de 25 mL; conhecidas do padrão primário escolhido, o
● Suporte universal; KHC8H4O4, foram tituladas com NaOH de
● 3 erlenmeyers de 125 mL; molaridade próxima de 0,100 mol/L e, através da
● Pipetas volumétricas 1 mL e 15 mL; equação 3, calcularam-se seis molaridades para a
● 2 provetas de 50 mL. solução (Tabela 1). Em sequência, a realização do
teste Q confirmou, com grau de confiança de 95%,
Padronização do NaOH que nenhum dado se encontrava discrepante.
Utilizando-se dos resultados desse
Calculou-se a massa de biftalato de procedimento, calculou-se a molaridade média da
potássio necessária para neutralizar 15 mL de solução de NaOH, assim como seu respectivo
NaOH, sendo essa massa então pesada, posta em desvio padrão (Tabela 1).
um erlenmeyer e dissolvida com cerca de 50 mL de
água deionizada em um erlenmeyer de 125 mL. Tabela 1 – Resultados da padronização de NaOH.
Foram adicionadas duas gotas de fenolftaleína e a
KHC8H4O4 (g) VNaOH (mL) MNaOH (mol/L)
titulação foi feita até o ponto final, indicado pela
coloração rosa. A partir do volume gasto na bureta,
1 0,3080 16,50 0,09140
foi calculada a molaridade do titulante.
2 0,3094 16,24 0,09329
Determinação de ácido tartárico
3 0,3062 16,11 0,09307
Previamente à análise da amostra de vinho,
foi feita a pré-titulação, na qual 1,0 mL da amostra 4 0,3090 16,11 0,09392
foi pipetado em um erlenmeyer de 125 mL, com
adição de seis gotas de azul de bromotimol. 5 0,3350 17,75 0,09242
Titulou-se com NaOH até o assentamento da
coloração azul e foi então calculado o volume de 6 0,3063 17,12 0,08761
amostra necessário para gastar 15 mL de titulante.
Com esse valor, pipetou-se 15 mL de 𝑀 = 0, 09195 ± 0, 00229 𝑚𝑜𝑙/𝐿
amostra em um erlenmeyer de 125 mL e
Fonte: Autores.
adicionou-se 25 mL de água destilada e 6 gotas de
azul de bromotimol. Titulou-se até o O 𝑀 encontrado é cerca de 0,00805
estabelecimento da cor azul e calculou-se a massa unidades menor que o M esperado, não condizendo
de ácido tartárico na alíquota de 15 mL, inferindo-se com a informação registrada no frasco do reagente,
posteriormente a massa em 100 mL de amostra. de 0,100 mol/L. Isso mostra como o NaOH varia de
composição ao longo do tempo, tendo que ser
III. RESULTADOS E DISCUSSÃO padronizado periodicamente.

Procedimento – Determinação de ácido tartárico


Para o cálculo das massas obtidas nos
procedimentos, partiu-se da equação 2, de relação
Neste procedimento, foi realizada a titulação
entre o número de mols (n) do analito (A) e do
da solução de NaOH padronizada contra 40 mL de
titulante (t) no ponto final da titulação. Dela é
uma diluição de uma alíquota de 15 mL de amostra.
derivada a equação 3, na qual M é a molaridade;
A partir do volume de titulante gasto foi realizado o
MM, a massa molar; V, o volume; 𝑚, a massa; e A/t,
cálculo da massa de ácido tartárico presente em
a razão estequiométrica entre analito e titulante.
solução, atentando para a estequiometria 1:2,
conforme a equação 1, ao empregar a equação 3.
𝐴
η𝑎 = η𝑡 × Eq. 2 A massa obtida foi atribuída aos 15 mL
𝑡 aliquotados, e assim foi feita uma inferência para
100 mL por meio da equação 4, sendo mÁcid= massa
𝑚𝐴 de ácido e m% = porcentagem de ácido na amostra.
𝐴
𝑀𝑀
= 𝑀𝑡× 𝑉𝑡 × 𝑡
15 mL --------------- m Ácid Eq. 4
Eq. 3 100 mL-------------- m%
Os dados utilizados e resultados obtidos na
titulação, assim como a média das porcentagens de V. REFERÊNCIAS
ácido tartárico e seu respectivo desvio padrão, estão
dispostos na tabela 2. DAUDT, Carlos Eugenio; FOGAÇA, Aline de Oliveira.
Efeito do ácido tartárico nos valores de potássio, acidez
Tabela 2 – Resultados da determinação de ácido titulável e pH durante a vinificação de uvas Cabernet
tartárico no vinho branco. Sauvignon. Ciência Rural, [s.l.], v. 38, n. 8, p.2345-2350,
nov. 2008. FapUNIFESP (SciELO).
VAmostra (mL) VNaOH (mL) C2H4O4(COOH)2(%) http://dx.doi.org/10.1590/s0103-84782008000800039.
Disponível em:
1 10 6,72 0,4637 <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S
0103-84782008000800039>. Acesso em: 28 jun. 2019
2 15 10,60 0,4876
MAIA, Thiago Silva. Padronização de uma solução
de HCl 0,1 mol.L-1 a partir de uma solução
3 15 10,22 0,4701
padronizada de NaOH.Juazeiro: Fundação Universidade
Federal do Vale do São Francisco, 2009. Disponível em:
4 15 13,10 0,6026 <https://www.ebah.com.br/content/ABAAABIAYAA/padron
izacao-solucao-hcl-0-1-mol-l-1-a-partir-solucao-padroniza
5 15 10,20 0,4692 da-naoh>. Acesso em: 28 jun. 2019.

6 25 16,65 0,4596 MAIA, Thiago Silva. Determinação da acidez total


de vinhos .Juazeiro: Fundação Universidade Federal do
Vale do São Francisco, 2010. Disponível em:
% = 0, 4700 ± 0, 0107% <https://www.ebah.com.br/content/ABAAABICEAB/deter
Fonte: Autores. minacao-acidez-total-dos-vinhos>. Acesso em: 28 jun.
2019.
Comparando com os valores teóricos
RODRIQUES, João. Ácido Tartárico. 2014.
acerca da acidez do vinho branco, encontra-se que
Disponível em:
as amostras analisadas neste experimento estão <https://www.fciencias.com/2014/09/11/acido-tartarico-mo
fora do padrão (entre 0,6 e 0,9% de ácido tartárico), lecula-da-semana/>. Acesso em: 28 jun. 2019.
definido por Maia (2010).
Um possível motivo encontrado para a SIMÕES, Lucas. O que é o ácido tartárico e qual a
diminuição da acidez pode ser a presença de sua relação com o vinho? 2018. Disponível em:
potássio. Esse íon encontrado em abundância na <https://blog.famigliavalduga.com.br/o-que-e-o-acido-tart
arico-e-qual-a-sua-relacao-com-o-vinho/>. Acesso em: 28
uva, reage com o ácido tartárico formando
jun. 2019.
bitartarato de potássio, diminuindo,
consequentemente, a acidez do vinho. Isso pode
explicar a presença insuficiente do ácido tartárico na
amostra de vinho analisada.

IV. CONCLUSÕES

Nesse experimento, é possível constatar


através da padronização da solução de NaOH, que
a molaridade encontrada não condiz com a
esperada, sendo 0,09195 mol/L em vez de 0,100
mol/L. Esse resultado corrobora com a afirmação de
que padrões secundários, como o NaOH, devem ser
constantemente padronizados, devido a frequente
variação na sua composição química.
A porcentagem de ácido tartárico
encontrada foi de (0,4700±0,0107)%, valor abaixo
do padrão mínimo definido, entre 0,6 e 0,9%.
Encontrou-se que um possível motivo para essa
insuficiência de ácido tartárico é a presença de
potássio encontrado nas uvas, que diminui a
quantidade desse ácido, devido a formação de
bitartarato de potássio.

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