Você está na página 1de 7

FACULDADE PITÁGORAS DE BETIM

BACHARELADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL E


SANITÁRIA
SAÚDE AMBIENTAL

BRUNA MOREIRA SILVA


CAMILA STHEFANI MOREIRA DE OLIVEIRA
GABRIELA DE CASTRO VASCONCELLOS
LENISE FERREIRA DOS REIS
MARIA LUÍZA BARBOSA ANDRADE
MAYLA DE PINHO SILVA

ESTUDO DE EPIDEMIOLOGIA AMBIENTAL

BETIM
2016
1
1. Aplicação da Epidemiologia Ambiental

1.1 Situação Problema

Bairro periférico com população aproximada de 1.500 pessoas, que tem como
principal provedor de água um poço, a montante do bairro, no qual 80% da população não
recebe saneamento básico, acarretando uma contaminação em massa pelo protozoário Giardia
ssp.

2. Considerações para a prática da Epidemiologia Ambiental

2.1 Toxicologia

A avaliação toxicológica é responsável pelo estabelecimento de níveis seguros de


exposição a substâncias. A Giárdia sendo um agente biológico, não há níveis de exposição a
serem considerados.

2.2 Avaliação da Exposição

A avaliação da exposição tem como objetivo identificar fatores ou condições que


favorecem a exposição, o aparecimento de efeitos adversos e disseminação de agentes
patógenos.

A situação problema anteriormente apresentada, facilita consideravelmente a


contaminação da população, uma vez que a falta de saneamento básico é uma das principais
causas da disseminação de doenças de veiculação hídrica, como a giardíase.

A Giardia ssp. é um protozoário, ou seja, um agente biológico que parasita o intestino


dos seres humanos.

A transmissão da Giárdia é fecal-oral, ocorre pela ingestão dos cistos de Giardia que
saem nas fezes de humanos ou outros mamíferos. Através da ingestão ou banho em águas
contaminadas, ingestão de alimentos contaminados, contato com fezes de cães e gatos
contaminados, manuseio de solo contaminado sem a devida limpeza posterior das mãos.

2
Quanto piores forem as condições de saneamento de um local, maior o risco de
epidemias de giardíase.

A susceptibilidade individual da giárdia afeta principalmente crianças, devido a grande


possibilidade delas brincarem em parques, nas ruas, entre outros lugares que possam conter o
cisto, manterem contatos com animais domésticos sem preocupação da higienização das mãos
ou a própria ingestão de alimentos contaminados.

2.3 Efeitos Adversos na Saúde

Processo responsável por identificar as manifestações e as consequências adversas na


saúde, devido à exposição a agentes patógenos.

Grande parte da população contaminada pela Giardia ssp. não apresentará sintomas.
Naqueles que terão sintomas, os mais comuns são: diarreia, normalmente bem líquida, mas
por vezes gordurosa, chamada de esteatorreia, cólicas abdominais, mal-estar, flatulência,
náuseas, vômitos e emagrecimento. Febre é um sintoma menos comum e ocorre em menos de
15% dos casos.

Um dos principais problemas da infecção pela Giárdia é a síndrome de má absorção,


caracterizada clinicamente pela perda de peso e esteatorreia. O paciente com giardíase
apresenta dificuldade em digerir gorduras, carboidratos e vitaminas. Até 40% dos pacientes
desenvolvem intolerância a lactose. O processo da doença dura uma média de 2 a 4 semanas.
Após uma fase aguda, cerca de 2/3 dos pacientes que tiveram sintomas apresentam melhoras.

1/3, porém, desenvolvem a infecção crônica pela Giárdia, mantendo-se infectados e


sintomáticos por longos períodos.

O tratamento da infecção pela Giardia tem dois objetivos: eliminar os sintomas nos
pacientes sintomáticos e interromper a eliminação dos cistos pelas fezes, quebrando a cadeia
de transmissão. Ele é feito com medicamentos antiparasitários, e pode ser realizado na rede
pública de saúde, pelo SUS.

2.4 Tipos de População

As populações habitualmente estudadas na epidemiologia ambiental são: a população


trabalhadora, ocupacionalmente exposta às variáveis independentes que interessam no
ambiente de trabalho. E a população geral, exposta a múltiplos agentes presentes no ambiente.

3
Levando-se em conta o fato de tratar-se da população de um bairro, trata-se de
população geral.

2.5 Investigação epidemiológica

O caso apresentado ocorreu em ambiente urbano, com nivelação socioeconômica


considerada de classe baixa. A Portaria 518/2004, do Ministério da Saúde, no Capítulo IV,
sobre padrões de potabilidade, diz que:

“§8.º Em complementação, recomenda-se a inclusão de pesquisa de


organismos patogênicos, com o objetivo de atingir, como meta, um padrão de
ausência, dentre outros, de enterovírus, cistos de Giardia spp e oocistos de
Cryptosporidium sp.

§9.º Em amostras individuais procedentes de poços, fontes, nascentes e outras


formas de abastecimento sem distribuição canalizada, tolera-se a presença de
coliformes totais, na ausência de Escherichia coli e/ou coliformes
termotolerantes, nesta situação devendo ser investigada a origem da ocorrência,
tomadas as providências imediatas de caráter corretivo e preventivo e realizada
nova análise de coliformes.”

Sistemáticos registros médicos indicam contaminação por Giardia spp. e análise


ambiental da água do poço em laboratório especializado confirma a presença de Giardia
lamblia.

2.6 Vigilância epidemiológica

Após constatada a contaminação do aquífero e viabilizados caminhões-pipa para o


abastecimento da comunidade, a ocorrência médica de casos de infecção por Giardia lamblia
diminuiu gradativamente, num período de dois messes de acompanhamento da comunidade
em questão.

A vigilância ambiental é concebida como instrumento de apoio importantíssimo aos


programas de controle e prevenção de doenças e epidemias. Nessa condição, o engenheiro
ambiental tem um papel fundamental: desenvolver um Sistema de Gestão Ambiental (SGA),
para que problemas como os relatados nesta comunidade não voltem a ocorrer.

4
2.6.1 Implantação de um SGA

Etapas:

1) Avaliação Inicial: trata-se de aquífero contaminado, inexistindo saneamento básico


ao seu derredor, cuja população não possui educação ambiental e sanitária.

2) Objetivos: construir uma comunidade com ambiente harmonioso ambientalmente,


com cooperação entre as secretarias de saúde, meio ambiente e educação, promovendo a
melhoria contínua da saúde dos habitantes.

3) Planejamento, Implantação e Operação: implantação de sistemas sanitários de


esgotamento, com concessão municipal para a implantação de redes de abastecimento de água
potável, educar a população quanto à importância da assepsia das mãos e alimentos e demais
práticas para uma vida saudável.

2.7 Aspectos de apoio operativo e estratégico

Além dos elementos relativos à investigação epidemiológica, existem alguns aspectos


operacionais que devem ser levados em consideração para a prática da epidemiologia
ambiental, como:

 Infraestrutura de laboratório toxicológico suficientemente desenvolvida e confiável;

 Um apoio de estudos de ecotoxicologia e toxicologia ambiental das substâncias


catalogadas como prioritárias pelas autoridades sanitárias;

 Uma coordenação com outros setores no ajuste de monitoramento ambiental, entre


outros.

3. Conclusão

A Epidemiologia Ambiental é um ramo da saúde ambiental que estuda em populações,


as características de suas doenças e o que as acarreta.

Uma vez que é cada vez mais frequente uma explicação etiopatogênica (estudo do que
provoca uma patologia) nos agentes presentes no ambiente, a epidemiologia tem uma
considerável participação de variáveis ambientais tanto em suas investigações causais como
em suas propostas de prevenção e controle.

5
Um aspecto importante na epidemiologia, é que as melhores medidas de proteção aos
indivíduos atualmente, são complexas e de efeitos a longo prazo. Isso leva necessariamente a
concentrar esforços em medidas de prevenção primária.

Casos como o da situação problema citada, são controláveis quando há saneamento


básico para todos e populações informadas e conscientes do risco de doenças. Quanto mais
cedo se constate que contaminações e danos ambientais estão intimamente ligados a níveis
elevados de morbidade e mortalidade, mais claro ficará a necessidade de tratar a
epidemiologia ambiental e os aspectos de prevenção primária como prioridades.

6
4. Referências Bibliográficas

Doenças de Veiculação Hídrica. COPASA. Disponível em: <http://www.copasa.com.br/


media2/P esquisaEscolar/COPASA_Doen%C3%A7as.pdf>. Acesso em 21/08/2016.

LOPES, Sônia. ROSSO, Sérgio. Biologia: Introdução a Biologia e origem da vida. 2.ed. São
Paulo: Saraiva, 2006. Pg. 216 e 217.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilânica em Saúde. Coordenação Geral de


Vigilância em Saúde Ambiental. Portaria MS n.º 518/2004 / Ministério da Saúde, Secretaria
de Vigilância em Saúde, Coordenação- Geral de Vigilância em Saúde Ambiental – Brasília:
Editora do Ministério da Saúde, 2005.

NETO, Romeu Cantunísio. Protozoários Patogênicos em Amostras Ambientais: Ocorrência e


Métodos de Detecção. Disponível em <https://www.google.com.br/url sa=t&rct=j&q=&esrc=
s&source=web&cd=3&ved=0ahUKEwiXytT8vtfOAhUBHZAKHV0vAgIQFggoMAI&url=h
ttp%3A%2F%2Fwww2.ib.unicamp.br%2Fbranco%2Fparasit%2Fspp%2Fv%2520forum%2F
Forum%2520%2520Protozoarios%2520Final.pdf&usg=AFQjCNHxg-kEgkUqtJEDcwhYLFo
d9wMQkQ&sig2=PnmNbqIO1Y1hHxIBt3c1yw> Acesso em 19/08/2016.

Você também pode gostar