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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA - UNIR

CAMPUS ROLIM DE MOURA


DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINÁRIA
JAQUELINE MENEZES FRISSO

USO DA OZONIOTERAPIA PARA O TRATAMENTO DE FERIDAS E AFECÇÕES NA


MEDICINA VETERINÁRIA

Rolim de Moura – RO
2020
JAQUELINE MENEZES FRISSO

USO DA OZONIOTERAPIA PARA O TRATAMENTO DE FERIDAS E AFECÇÕES NA


MEDICINA VETERINÁRIA

Trabalho de Conclusão de Curso,


apresentado como exigência em
graduação no curso de Bacharel em
Medicina Veterinária na Universidade
Federal de Rondônia.

Orientador: Igor Mansur Muniz.

Rolim de Moura – RO
2020
JAQUELINE MENEZES FRISSO

USO DA OZONIOTERAPIA PARA O TRATAMENTOS DE FERIDAS E AFECÇÕES


SISTÊMICAS NA MEDICINA VETERINÁRIA

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como exigência em graduação


no curso de Bacharel em Medicina Veterinária na Universidade Federal de
Rondônia.

Rolim de Moura, ______de_______________de__________.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________

Professor Igor Mansur Muniz (Orientador)

Universidade Federal de Rondônia

___________________________________________

Professor

Universidade Federal de Rondônia

___________________________________________

Professor

Universidade Federal de Rondônia


“Dedico principalmente a Deus por todos os
dias me presentear com dádivas e graça de
poder completar está graduação e agradecer a
minha família pela dedicação, apoio e
compreensão, nunca nós deixando perder o
foco dos meus sonhos e objetivos ao longo do
curso”.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por seu imenso amor e misericórdia. Por ter
sustentado a minha fé até aqui, sempre me amparando em momentos de
dificuldades e fortalecendo minhas esperanças. Por todas as vitórias já
conquistadas, por poder me capacitar durante o decorrer desses 6 anos e meio de
curso e por mostrar que meus objetivos podem ser alcançados se crer, com esforço
e total dedicação.
Agradeço aos meus familiares, que sempre estiveram ao meu lado,
acreditando na nossa capacidade, apoiando minhas escolhas e se esforçando ao
máximo para que tudo caminhasse da maneira mais correta, não me deixando faltar
absolutamente nada referente aos estudos. Por terem permanecidos ao meu lado
nos momentos mais difíceis. Por não terem desistido em nenhum segundo e por
saberem ser fortes o suficiente para enfrentarem qualquer situação me transmitindo
todo amor, proteção, força e ensinamentos.
Agradeço aos colegas de curso os quais fizemos fortes amizades, e estiveram
ao meu lado durante esses 6 anos e meio, vivendo momentos de extrema felicidade
aos momentos de extrema dificuldades. Cada um, da sua forma, me ajudando com
conselhos e palavras amigas em momentos precisos.

Agradeço a todos os professores que me acompanharam durante esses 6 anos e


meio de graduação, mas especialmente ao meu orientador que disponibilizou parte
do seu tempo para que esta monografia fosse concluída e aos ensinamentos
passados para que conseguisse chegar até o final dessa etapa.
RESUMO

O ozônio tem como princípios aumentar a oxigenação tecidual e consequentemente


vem sendo estudado de forma mais profunda e científica, a fim de propor novos
protocolos de tratamentos complementares nas mais diversas patologias.
Hodiernamente, tem apresentando uma ação positiva em doenças infecciosas
agudas e crônicas causadas por vírus, bactérias e fungos, em queimaduras, úlceras,
além de outras. A ozonioterapia vem sendo cada vez mais estudada e aplicada com
intuito de auxiliar nos diversos tratamentos de enfermidades na medicina veterinária.
Este trabalho teve como principal objetivo, descrever o uso do ozônio na
Medicina Veterinária, sua indicação terapêutica, mecanismo de ação, métodos de
aplicação, efeitos colaterais e contraindicações. E utilizou-se como metodologia de
revisão de literatura, envolvendo uma extensa revisão de artigos científicos,
objetivando descrever as novas descobertas nas formas de utilização da
ozonioterapia. Por meio de busca eletrônica em banco de dados de biblioteca
científica, especificadamente, SCIELO (Scientific Eletronic Library Online), MedLine
Literatura Internacional em Ciências da Saúde, Sciencedirect, Pubmed e Google
Acadêmico. Conclui-se que ainda se necessita de estudos mais detalhados para
discutir sobre a ozonioterapia, esclarecendo assim mais detalhes de sua forma de
ação e comprovar mais benefícios. Contudo, observou-se que a ozonioterapia é uma
ótima alternativa na veterinária para a cicatrização de feridas e tratamento de
diversas patologias.

Palavras-Chave: Ozônio. Tratamento. Ozonioterapia. Medicina Veterinária.


Containdicações.
ABSTRACT

The principles of ozone are to increase tissue oxygenation and, consequently, it has
been studied in a deeper and more scientific way, in order to propose new protocols
for complementary treatments in the most diverse pathologies. Today, it has shown a
positive action in acute and chronic infectious diseases caused by viruses, bacteria
and fungi, in burns, ulcers, among others. Ozone therapy has been increasingly
studied and applied in order to assist in the treatment of various diseases in
veterinary medicine. This work had as main objective, to describe the use of ozone in
the Veterinary Medicine, its therapeutic indication, mechanism of action, application
methods, side effects and contraindications. And it was used as a literature review
methodology, involving an extensive review of scientific articles, aiming to describe
the new discoveries in the ways of using ozone therapy. Through electronic search in
scientific library database, specifically, SCIELO (Scientific Electronic Library Online),
MedLine International Literature in Health Sciences, Sciencedirect, Pubmed and
Google Scholar. It is concluded that more detailed studies are still needed to discuss
ozone therapy, thus clarifying more details of its form of action and proving more
benefits. However, it was observed that ozone therapy is a great alternative in the
veterinary for the healing of wounds and treatment of several pathologies.

Keywords: Ozone. Treatment. Ozone therapy. Veterinary Medicine.


Containdindications.
LISTA DE SIGLAS

DNA - Ácido desoxirribonucléico

CFC – Clorofluorcarbono

pH - Potencial Hidrogeniônico

Ca2+ - Cálcio

GSH - Glutationa reduzida

G6PD - Glicose 6- fosfato desidrogenase

H2O2 - Peróxido de hidrogênio

NADPH - Fosfato de dinucleótido de nicotinamida e adenina

O3 – Ozônio

UFC - Unidade Formadora de Colônia

UV-A - Raio ultravioleta tipo A


SUMÁRIO

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2
13
3
3.13
13
14
14
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6
6
7
7
7
8
8
8
2
22
23
5
6
28
6. 30
31
11

1. INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, a Ozonioterapia vem sendo estudada de forma


mais profunda e científica, a fim de propor novos protocolos de tratamentos
complementares nas mais diversas patologias (IMHOF et al., 2019). A
Ozonioterapia já é reconhecida mundo afora pelos sistemas de saúde de muitos
países por ser um tratamento auxiliar eficiente de baixo custo, o qual vem
ganhando seu espaço tanto na medicina humana como na medicina veterinária
(IVALDO et al., 2019). Entretanto no Brasil ainda é uma terapia considerada de
modo experimental, desprovida de comprovação cientifica pelos conselhos de
saúde (FITZPATRICK, 2018).
A ozonioterapia é uma técnica que utiliza o ozônio como método
terapêutico para diversas doenças e como agente de desinfecção (AWADE,
2012). Tem sido amplamente aplicado, principalmente devido ao seu grande
potencial oxidativo, alta atividade antimicrobiana, antifúngica e etc., porém pouco
se sabe sobre os mecanismos celulares (AWADE, 2012). É baseada
na pseudociência, por isso até hoje o uso da ozonioterapia é discutido entre os
pesquisadores (CLAVO et al., 2018).
O ozônio, forma alotrópica do oxigênio, é um gás instável, incolor e de
odor
característico em temperatura ambiente. Este gás possui um grande poder
oxidante, bem como propriedades bactericidas, fungicida e virucidas (RIEGEL,
2017). Na medicina veterinária e humana adquire grande relevância devido à
sua eficácia contra doenças infecciosas de origem bacteriana ou viral, patologias
do sistema imunológico, além daquelas onde há pobre oferta de oxigênio nos
tecidos, bem como patologias associadas ao déficit de defesas antioxidantes e
doenças degenerativas (FITZPATRICK, 2018).
O ozônio possui também ação imunomoduladora quando aplicado sob a
forma sistêmica. De acordo com a dose, é capaz de aumentar a produção de
antioxidantes endógenos e liberar substâncias que atuam como mensageiras
para sistema imune (IVALDO et al., 2019).
12

Pode-se dizer que as propriedades terapêuticas e biológicas do Ozônio


permitem sua aplicação num amplo campo de especialidades, não sendo
considerado um tratamento livre de contraindicações e efeitos adversos, mas
quando utilizado de forma a respeitar suas concentrações adequadas e vias de
aplicação, é seguro e não tóxico (RIEGEL, 2017).
Atualmente nas literaturas veterinárias a ozonioterapia é descrita em
vários tipos de tratamentos com ótimos resultados, tanto nos tratamentos de
pele, mastites, feridas e inclusive em casos de TVT, permitindo um menor
número de aplicações de sulfato de vincristina (TIZAOUI, 2020). E vem sendo
divulgado que a ozonioterapia e capaz de restabelecer a saúde animal,
principalmente em doenças inflamatórias ou degenerativas, úlceras e infecções
cutâneas por vários agentes etiológicos. A questão que se impõe é se a
ozonioterapia está dentro dos preceitos éticos da medicina veterinária
(VILARINDO, 2013).
Ainda há muita resistência, controvérsias e rejeição a utilização da
ozonioterapia por parte dos profissionais de medicina veterinária no Brasil.
Tendo como uma grande causa o desconhecimento do próprio ozônio e de seu
uso terapêutico, outra é a falta de estudos que reúnam evidências suficientes
para oferecer ajuda a essa prática (CLAVO et al., 2018). É possível também que
por ter um baixo custo há pouco interesse das indústrias em seu
desenvolvimento e divulgação, em consequência da pressão comercial de
outros que oferecem um lucro maior (TIZAOUI, 2020).
O presente estudo tem como objetivo descrever o uso do ozônio na
Medicina Veterinária, sua indicação terapêutica, mecanismo de ação, métodos
de aplicação, efeitos colaterais e contraindicações.
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2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

 Descrever o uso do ozônio na Medicina Veterinária, sua indicação


terapêutica, mecanismo de ação, métodos de aplicação e efeitos colaterais e
contraindicações.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Identificar os benefícios e os malefícios da utilização da ozonioterapia na


medicina veterinária;
 Observar os resultados que se tem obtido na prática da clínica veterinária.
 Investigar os efeitos do uso de ozônio no organismo animal, e sua
aplicabilidade na medicina veterinária.
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3. METODOLOGIA

3.1 TIPO DE ESTUDO

É um estudo do tipo revisão de literatura, envolvendo uma extensa


revisão de artigos científicos, objetivando descrever as novas descobertas nas
formas de utilização da ozonioterapia.

3.2 LOCAL E COLETA DE DADOS

Os textos utilizados neste estudo foram coletados por meio de busca


eletrônica em banco de dados de biblioteca científica, especificadamente,
SCIELO (Scientific Eletronic Library Online), MedLine Literatura Internacional em
Ciências da Saúde, Sciencedirect, Pubmed e Google Acadêmico.
Os dados foram coletados entre os períodos de julho a outubro de 2020,
momento em que os autores intensificaram a busca nas bibliotecas virtuais,
objetivando capturar os artigos que subsidiaram o estudo.
Após a leitura detalhada de cada artigo, os autores construíram as suas
sínteses, a partir das características e da análise da essência de cada um deles,
conforme explicado no instrumento de coleta de dados.

3.3 CRITÉRIOS PARA INCLUSÃO

Os seguintes critérios foram estabelecidos para nortear a inclusão dos


artigos:
 Artigos científicos que abordaram a temática o uso da ozonioterapia para o
tratamento de feridas e afecções na medicina veterinária;
 Artigos publicados em periódicos nacionais;
 Artigos publicados na língua portuguesa.
 Artigos que continham texto completo disponível.
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3.4 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Os seguintes critérios foram estabelecidos para nortear a exclusão dos


artigos:
 Artigos científicos que não abordavam a temática o uso da ozonioterapia
para o tratamento de feridas e afecções na medicina veterinária;
 Artigos publicados com outro idioma que não fosse o português (línguas
estrangeiras).
 Artigos que não disponibilizavam textos completos.

3.5 INSTRUMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

O instrumento para a coleta de dados foi composto pelas características


de identificação dos artigos, as quais citam-se: o título da obra, o ano da
publicação, o periódico indexado, o número dos autores, a titulação do primeiro
autor e os descritores. Os dados coletados neste estudo foram apresentados em
duas seções.
A primeira expõe as características dos artigos capturados, tais como ano
de publicação, número de autores e os títulos dos periódicos consultados, a
segunda seção apresenta a síntese de cada um dos artigos pesquisados,
contendo tipo do estudo, objetivo, amostra, local da sua realização, tipo de
instrumento utilizado bem como seus principais resultados e conclusões.
Como a pesquisa é uma Monografia com base em estudo bibliográfico, e
pesquisa com enfoque em revisão integrativa da literatura, cujo objetivo é a
análise secundaria de dados, não envolvendo, portanto, seres humanos, não
houve necessidade de apreciação/aprovação submetida ao Comitê de Ética em
Pesquisa (CEP) local, principalmente por não se enquadrar à legislação da
Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), nem nas Resoluções
466/2012 e 347/2005.
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4. REVISÃO DE LITERATURA

4.1 OZÔNIO

O gás ozônio (O3) é uma substância instável formada por três átomos de
oxigênio, que existe naturalmente na atmosfera, capaz de filtrar os raios
ultravioletas, e pode ser produzido artificialmente através de um aparelho
gerador de ozônio que transforma o oxigênio puro em ozônio através de
descarga elétrica de alta tensão e frequência. A terapia com o ozônio é usada
para tratar principalmente processos infecciosos, inflamatórios e isquemia
(IVALDO et al., 2019).
Possui a capacidade de oxidar componentes orgânicos e inorgânicos e
age como precipitante de metais pesados, através da formação das espécies
reativas do oxigênio (TIZAOUI, 2020). O ozônio, após ter a sua estrutura
química descoberta, passou a ser produzido com finalidade de desinfecção de
água; com o tempo possibilitou com que outras funções também lhe fossem
atribuídas como a utilização médica. É considerado o segundo elemento da
natureza com maior poder oxidativo perdendo apenas para o flúor (VILARINDO,
2013).
Para formar o ozônio, o oxigênio (O 2) é ligado a um dispositivo é
descarregado através do cilindro de gás e convertido em duas moléculas
atômicas de oxigênio (O), e então combinado com as moléculas de oxigênio
para produzir O3. (VILARINDO, 2013)
O ozônio pode ser produzido por processos naturais de duas formas, uma
delas é quando ocorrem descargas elétricas de tempestades, de forma que uma
molécula de oxigênio (O2) é quebrado em dois átomos de oxigênio (O + O), este
reage com o O2 formando o ozônio (O3) e através da radiação ultravioleta (UV)
que também realiza descargas elétricas sobre o O2 presente na estratosfera.
Dessa forma é feita a camada de ozônio, que absorve a grande parte da
radiação. Outra forma de gerar O3 é através de fótons do sol, quebrando o óxido
nitroso (NOx) (PENIDO, 2010).
Atualmente com a preocupação em formação de organoclorados a
utilização do ozônio ganhou força, além de evitar gastos excessivos com a
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decloração da água. Além disso, possui poder de desinfecção 10 vezes maior


que o cloro. Por isso são destaques fatores como: a rapidez e eficiência na
inativação dos microrganismos, além de baixa toxicidade nos efluentes que
sofreram processo de ozonização (VILARINDO, 2013).

4.2 INDICAÇÕES E BENEFÍCIOS DO OZÔNIO

O ozônio é utilizado há séculos por países desenvolvidos, e tem seus


benefícios comprovados por inúmeros estudos (TIZAOUI, 2020). O ozônio tem
importantes propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e antissépticas, além
de ter um efeito de melhora da oxigenação dos tecidos, assim como
fortalecimento do sistema imune (HAYASHI, 2018). Devido às suas
propriedades, esta é uma terapia que pode ser sugerida no tratamento de
problemas crônicos, como artrite, dor crônica, feridas infectadas e atraso da
cicatrização (HAYASHI, 2018).
A terapia com ozônio funciona interrompendo processos não
saudáveis no corpo, como o crescimento de bactérias patogênicas se houver
uma infecção, ou impedindo alguns processos oxidativos, podendo por isso ser
usado para melhorar diversos problemas de saúde (RIEGEL, 2017). Entre os
seus principais benefícios, estão: combate das dores, estímulo do
metabolismo, aumento da imunidade corporal, retardamento do envelhecimento,
melhoria da circulação, tratamento de alergias, recuperação de tecidos,
eliminação de infecções, ação contra invasores e combate de células doentes
(BORGES et al., 2017).

4.2.1 Ozônio no tratamento de infecções

O ozônio leva também à inativação de parasitas, vírus, bactérias e


fungos. Nos fungos, o ozônio inibe o crescimento celular em certos estágios e
em vírus danifica o capsídeo viral e perturba o ciclo reprodutivo ao interromper o
contato entre o vírus e a célula com a peroxidação (FREITAS, 2011). Nas
bactérias atua através de um mecanismo que interrompe a integridade do
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envelope celular bacteriano, levando à oxidação dos fosfolipídios e lipoproteínas.


Alguns estudos já demonstraram sua eficácia em infecções como a doença de
Lyme, infecções vaginais e até candidíase vaginal ou intestinal (FREITAS,
2011).

4.2.2 Ozônio no tratamento de feridas

O ozônio pode ainda ser usado para o tratamento de feridas, aplicando o


gás diretamente na região afetada. Em um estudo in vitro, observou-se que o
ozônio é muito eficaz na redução das concentrações de Acinetobacter
baumannii, Clostridium difficile e Staphylococcus aureus (PENIDO, 2010).O
ozônio pode também ser usado para tratar doenças inflamatórias, como artrite,
reumatismo, degeneração macular, hernia de disco, problemas circulatórios,
síndrome respiratória aguda grave, em sintomas hipóxicos e isquêmicos e para
diminuir o colesterol no sangue. Além disso, tem também sido usado em
odontologia, no tratamento de cáries dentárias (BORGES et al., 2017).

4.2.3 Ozônio no tratamento do câncer

Alguns estudos comprovam também que o ozônio administrado em uma


concentração entre 30 e 55 μg/cc causa aumento na produção de interferon, que
é uma proteína produzida para, entre outros mecanismos, interferir na replicação
de células tumorais e estimular a atividade de defesa de outras células
(GONÇALVES, 2020). Além disso, leva também ao aumento do fator de necrose
tumoral e interleucina-2, que por sua vez estimula uma cascata de reações
imunológicas subsequentes. A terapia com ozônio pode ainda ser usada
juntamente com a radioterapia e a quimioterapia para reduzir o risco de
complicações e aumentar sua eficácia (GONÇALVES, 2020).

4.2.4 Ozônio no tratamento de problemas respiratórios


19

O ozônio é uma boa opção para aliviar os sintomas de pessoas com


problemas respiratórios, como asma, bronquite e DPOC (BORGES et al., 2017).
Isso acontece porque a entrada de maior quantidade de oxigênio no
sangue, provocando um aumento na taxa de glicólise dos glóbulos vermelhos,
aumento também a quantidade de oxigênio liberado para os tecidos. Além disso,
aumenta significativamente a resistência das vias aéreas e a frequência
respiratória (SPADEA et al.,2018).
O ozônio medicinal também melhora a respiração, ajudando a
recuperação das células afetadas e contribuindo para a reconstrução de
tecidos, como é o caso dos tubos bronquiais (SPADEA et al.,2018).

4.2.5 Ozônio no controle da diabetes

Algumas complicações na diabetes podem ser atribuídas ao estresse


oxidativo no corpo e estudos demonstram que o ozônio ativa o sistema
antioxidante que afeta o nível de glicemia (BOCCI, 2011).  Além disso, como
esta terapia ajuda com a circulação sanguínea, pode permitir a melhora da
vascularização de tecidos afetados pela falta de oxigênio produzida pela
diabetes. Assim, e embora ainda não existam estudos com resultados bem
comprovados, este tipo de terapia pode também ser experimentado para
melhorar a cicatrização de úlceras em pessoas com diabetes (BOCCI, 2011). 

4.2.6 Ozônio no tratamento de distúrbios do sistema imune

A terapia com ozônio também pode trazer benefícios para pessoas com o
sistema imunológico debilitado e ajudar a tratar doenças como esclerose
múltipla, artrite reumatoide ou miastenia gravis, por exemplo, já que estimula e
reforça o sistema imune, aumentando o número de moléculas envolvidas na
emissão de sinais entre as células durante o desencadeamento das
respostas imunes. Ao estimular a ação do sistema imunológico, o gás atua na
eliminação completa dos eventuais antígenos que podem estar provocando a
doença (TIZAOUI, 2020). 
20

4.3 OZONIOTERAPIA

A ozonioterapia é uma técnica que utiliza O 2 e O3 de forma tópica a fim de


promover ação bactericida, viricida e fungicida, e na forma sistêmica possui ação
analgésica, anti-inflamatória e imunomoduladora. Melhora a oxigenação e o
metabolismo do corpo dos animais, e promove ações anti-inflamatórias,
antissépticas e modulação do estresse oxidativo (ACKERMANN, 2018). O
estresse oxidativo provocado pelo ozônio no organismo, gera uma resposta
inflamatória positiva e estimula a formação de tecido de granulação e
angiogênese (IVALDO et al., 2019).
Embora a ozonioterapia seja extensivamente aplicada, pouco se sabe
sobre o processo dos mecanismos celulares. Borges et al. (2017), realizaram um
estudo de avaliação in vitro da cicatrização de feridas e do potencial
antimicrobiano, que confirmou o potencial da terapia com ozônio, mas afirmam
que apresenta a necessidade de estudos para esclarecer os mecanismos pelos
quais exerce tais efeitos biológicos (BORGES et al., 2017).
A forma mais utilizada pelos geradores médicos na produção do ozônio é
pela descarga corona. Onde ocorre uma descarga elétrica pela diferença de
potencial de dois eletrodos em um fluxo gasoso de oxigênio medicinal
(ACKERMANN, 2018). O campo elétrico fornece energia suficiente aos elétrons
para que ocorra o rompimento das duplas ligações da molécula de oxigênio (O 2),
gerando dois átomos isolados. Esses átomos de oxigênio reagem com outra
molécula de O2 formando o O3. Quando a produção é feita a partir do ar
comprimido, este precisa ser submetido a um pré-tratamento como filtração,
compressão, resfriamento e desumidificação. Com a utilização de oxigênio
líquido precedido de um evaporador, o custo é reduzido e de fácil manipulação
(CARVALHO et al., 2015).
O estudo mais recente relacionado ao uso da ozonioterapia, foi publicado
em 2020, onde o ozônio é sugerido como um agente oxidante que pode
potencialmente inativar e destruir SARS-CoV-2 (COVID-19) (GONÇALVES,
2020). Isso é justificado não apenas pelo fato de que o ozônio é um forte agente
21

oxidante, mas também por o fato de que o SARS-CoV-2 é um vírus envelopado,


que é particularmente vulnerável ao ataque de oxidação (TIZAOUI, 2020). 
O Ozônio pode atacam vírus em vários pontos de sua estrutura, causando
danos à integridade do vírus ao torná-los permitem a reprodução por meio da
oxidação do capsídeo viral e o material genético. Embora qualquer um dos vírus
estrutura poderia ser potencialmente atacada pelo ozônio, a estrutura que tem a
maioria das ligações duplas ou grupos com alta densidade eletrônica serão mais
vulneráveis a oxidação do ozônio. Este estudo fornece estado de conhecimento
na inativação do ozônio de vírus, enfatizando o potencial do ozônio como um
oxidante forte para inativar e destruir SARS-COV-2. (TIZAOUI, 2020).

4.4 MECANISMO DE AÇÃO

Quando em contato com compostos orgânicos como a linfa, urina, saliva


ou o plasma, reage imediatamente e deixa de existir (TRALDI, 2019). Devido à
capacidade antioxidante potente do sangue, parte da dose de ozônio dissolvido
no plasma é imediatamente neutralizado por antioxidantes livres (ácido úrico,
ácido ascórbico, glutationa reduzida - GSH, cisteína e albumina), enquanto o
restante do ozônio reage com os ácidos graxos poliinsaturados (AGPI),
continuando a reação do ozônio com o sangue (SCHLACHTER, 2016). Já Traldi
(2019) afirma que, o ozônio reage com ácidos graxos poli-insaturados, depois
com antioxidantes (Vitamina C) e por último com compostos Tiol (albumina e a
cisteína). Além disso, reage com carboidratos, DNA e RNA dependendo de sua
concentração e tempo de exposição (TRALDI, 2019).
O ozônio causa danos irreversíveis ao DNA viral e bacteriano, atuando na
parede celular, oxidando as lipoproteínas e fosfolipídios dos patógenos. O
mesmo se dissocia no sangue atuando nos radicais livres formando EROS
(Espécies Reativas ao Oxigênio), incluindo radical aniônico superóxido, radical
hidroxila e óxido nítrico. Estes podem atuar como vasodilatadores. Porém, os
níveis de EROS devem ser mantidos em quantidades aceitáveis para evitar
toxicidade  (FITZPATRICK et al., 2018).
Portanto, além de possuir ação antioxidante, o ozônio melhora a perfusão
tecidual, e sua ação analgésica e moduladora do sistema imune possibilitam
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uma reparação tecidual mais rápida e eficiente. Por estimular a vasodilatação de


arteríolas, aumentando assim o fluxo sanguíneo, gera uma maior disponibilidade
de nutrientes, oxigênio e componentes imunológicos. Outra ação relevante do
ozônio é o aumento de fibrinogênio, que é importante nos processos de
cicatrização (SCHLACHTER, 2016).
O ozônio tem a capacidade de se difundir para os tecidos, causando
vasodilatação das arteríolas, estimulando o fluxo sanguíneo para os tecidos,
gerando uma maior disponibilidade de nutrientes, oxigênio e de componentes
imunológicos (CARLOS, 2012).
O mecanismo de ação do ozônio terapêutico, no animal, está relacionado
à sua característica oxidativa, este reage com os ácidos graxos insaturados
presentes nas membranas das células, originando peróxidos, dentre eles, o mais
conhecido é o peróxido de hidrogênio (H₂O₂), que estimulam a liberação de
substâncias antioxidantes pelo organismo, gerando assim uma estimulação do
sistema imunológico (HAYASHI, 2018).
A migração celular é um evento-chave no processo de cicatrização de
feridas e a migração de fibroblastos é especialmente importante durante o
segundo estágio da cicatrização, quando o tecido de granulação é formado e
fibroblastos são recrutados por fatores de crescimento produzidos por
macrófagos (BORGES et al., 2017).
Quando o uso do O3 é feito de forma sistêmica, principalmente por auto-
hemoterapia ou insuflação retal, assim que o ozônio entra na circulação
sanguínea não é capaz de atingir o tumor, lesão ou infecção diretamente, seus
efeitos são indiretos. O sistema imunológico desempenha um papel primordial
na defesa do organismo. A modulação imune produzida por O3 é inespecífica.
(CLAVO et al., 2018).
O ozônio, portanto, entra nas células bacterianas e oxida todos os
componentes essenciais: enzimas, proteínas, DNA e RNA. É o oxidante mais
poderoso disponível e, justamente pelo controle do seu potencial oxidativo, pode
ser utilizado com sucesso na indústria, agricultura e medicina, obviamente
monitorando e adaptando o nível de oxidação utilizado (CARLOS, 2012).
Devido à potente capacidade antioxidante do sangue devido aos seus
antioxidantes hidrofílicos, lipofílicos e celulares, parte da dose de ozônio
dissolvida na água do plasma é extinto instantaneamente por antioxidantes livres
23

(principalmente ácido úrico, ácido ascórbico, glutationa reduzida - GSH, cisteína


e albumina), enquanto o ozônio restante reage com ácido graxo poli-insaturado
principalmente presente nas três tarefas hidrofóbicas da albumina (HAYASHI,
2018).

4.5 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO

O médico veterinário habilitado irá avaliar o quadro clínico do animal e


realizar a técnica e calcular a dose e melhor via de administração conforme a
sua necessidade (BOCCI et al., 2011). Os métodos de aplicação do ozônio
podem ser classificados em: via subcutânea; intramuscular; Intradiscal;
intracavitaria (espaço peritoneal); intravaginal, intrauretral e vesical, tópica e
auto-hemoterapia ozonizada (BOCCI et al., 2011).
No método de insuflação retal a mistura de O 2 e O3 é feita com o uso de
uma sonda retal e seringa siliconada, e o resultado é o aumento da pressão e
absorção de O2 na parede intestinal e vasos mesentéricos (HAYASHI, 2018).
Na auto-hemoterapia maior, são retirados do paciente de 50 a 100ml de sangue
venoso, que são armazenados em um recipiente a vácuo ou bolsa de transfusão
de silicone com citrato de sódio, e em seguida faz-se a mistura de O 2 e O3 obtida
através do gerador de ozônio e então homogeneíza por cinco minutos e
reinfunde-se o sangue no paciente (HAYASHI, 2018).
O tratamento tópico, com bolsa, bag ou touca, consiste em um método
muito eficiente para o tratamento de lesões, úlceras, escaras, feridas abertas e
lesões pós-operatórias localizadas nos membros dos animais. Necessita de um
sistema fechado, para limitar a área de atuação do gás. O membro é revestido
por um material ozônio- resistente para restringir a concentração do gás apenas
no interior deste material. Utiliza- se por cerca de 20 a 30 minutos, e os
resultados após algumas seções são muitos satisfatórios (VILARINDO, 2013).

4.6 INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS


24

A ozonioterapia é o uso de ozônio como medicamento ativo, no


tratamento das mais variadas doenças. O ozônio medicinal é sempre uma
mistura de ozônio com oxigênio, em quantidades e concentrações que variam
conforme a doença a ser tratada (FREITAS, 2011).
Embora antigamente o O3 tenha sido utilizado apenas com a finalidade
de desinfecção da água, hoje em dia o gás também é utilizado na esterilização
desta, sendo que ainda outras funções foram-lhe conferidas, como redução de
cor, odor e sabor da água. Além disso, o O3 é um oxidante, muito mais forte do
que outros desinfetantes comuns, como cloro ou hipoclorito (PENIDO, 2010).
Sabe-se que numerosos compostos industriais de desinfecção, além de
provocarem mutações, deixam resíduos enquanto que no processo de
ozonização realizado através de práticas, dosagens e tempo de exposição
adequados, não se encontram resíduos e a ação é muito mais eficaz (FREITAS,
2011). Na clínica de equinos tem-se conhecimento acerca do seu efeito protetivo
do trato gastrointestinal (MARQUES, 2017), sua aplicação em afecções
locomotoras como osteoartrites, tratamento de processos isquêmicos, na
diminuição dos efeitos negativos do metabolismo aeróbico/anaeróbico em
condições de máximo esforço em animais de corrida e também uma possível
alternativa no tratamento de equinos acometidos por abdome agudo, já que as
propriedades bioquímicas do ozônio induzem à modulação de enzimas
antioxidantes, o que leva a um efeito conservador do trato gastrintestinal
(HAYASHI, 2018).
Na bovinocultura de leite a ozonioterapia tem sido relatada como
tratamento de mastites subclínicas, como descrito por Moreira (et al., 2014), bem
como em mastite em ovinos. As indicações clínicas para o uso tópico do O3 nas
infecções de pele são: de etiologia viral, bacteriana, fúngica, por protozoários e
parasitas. Além de condições multifatoriais da pele (acne, psoríases, eritemas,
pênfigo e dermatites) e inflamações (dermatite por contato, atópica, seborreia e
etc.), reações cutâneas à drogas, desordens proliferativas da pele, úlceras e
feridas, queimaduras, reações por radiações, tumores de pele malignos, lesões
de pele pigmentadas e queratoses associadas com malignidade (FREITAS,
2011).
25

4.7 USO DA OZONIOTERAPIA NA MEDICINA VETERINÁRIA

Na medicina veterinária, o ozônio vem sendo utilizado com eficiência


significativa no tratamento de diversas enfermidades como infecções
bacterianas, cicatrização de feridas, alívio de dores crônicas, tratamento de
insuficiência renal, diminuição de radicais livres, alívio de dores em tratamentos
de câncer, paresias, alergias diversas, reabilitação fisioterápica, infecções de
repetição (SPADEA et al.,2018). Além disso, a terapia com ozônio também se
mostra muito eficaz em dermatomicoses, erlichiose canina, osteomielites,
feridas infectadas, doenças de úbere de bovinos e equinos e habronemose
cutânea em equinos (VILARINDO, 2013).
A ozonioterapia é uma modalidade terapêutica auxiliar aos métodos
convencionais, possui baixo custo e fácil aplicação, características que justificam
o incentivo da sua utilização na rotina do médico veterinário. Entretanto, estudos
aprofundados devem ser feitos para eliminar as dúvidas e divergências ainda
existentes a respeito do mecanismo de ação e posologia (IVALDO et al., 2019).
Apesar de não ser uma modalidade terapêutica reconhecida pelos
conselhos de medicina e medicina veterinária no Brasil, a ozonioterapia pode ser
utilizada como uma abordagem terapêutica complementar no tratamento de
diversas doenças. Entretanto, mais estudos sobre o tema devem ser realizados,
principalmente na medicina veterinária, onde a literatura cientifica sobre o tema
é escassa (HAYASHI, 2018).
O uso da ozonioterapia em periostite infecciosa crônica em um equino.
Após o debridamento cirúrgico para remoção do tecido desvitalizado presente na
ferida, foi feito o uso tópico do óleo ozonizado e aliado a isso, “Bagging”, que
consiste em um circuito fechado para insuflação direta do gás ozônio na lesão, o
qual demonstrou resultado eficaz com melhora do aspecto e redução
considerável da extensão da lesão em cinco aplicações (RIEGEL, 2017).
Outra situação em que é muito utilizada a ozonioterapia, é no tratamento
de afecções oculares. O uso de ozônio em certas patologias do segmento
anterior do olho pode ser providencial devido a anti-inflamatória e bactericida,
além de promover a reparação tecidual adequada, como na conjuntivite,
ceratoconjuntivite seca e úlceras de córnea são os distúrbios oculares mais
comuns que acomete os animais (RIEGEL, 2017). Infelizmente, o óleo
26

ozonizado é altamente irritante para o tecido da córnea; assim, uma fórmula


específica recentemente desenvolvida para uso oftalmológico, à base de
girassol lipossômico ozonizado óleo mais hipromelose, que é extremamente
biocompatível com o delicado tecido da superfície ocular (SPADEA et al., 2018).
A terapia médica com ozônio é uma alternativa eficaz como ao uso de
antibióticos, que são restritos ao uso clínico, e foram retirados do uso não clínico
como promotores de crescimento na alimentação, produção animal e eficiência
reprodutiva em vacas leiteiras (RIEGEL, 2017). Em particular, as aplicações de
ozônio foram testadas no tratamento do trato reprodutivo, urovagina e
pneumovagina, metrite, endometrite, retenção da membrana fetal e mastite, bem
como na restauração funcional do endométrio em vacas leiteiras e cabras
(AWADE, 2012). No entanto, existem certas limitações no uso de ozônio na
medicina veterinária/buiatria. Apesar de extremamente forte atividade de
desinfecção, o ozônio não é capaz de inativar bactérias e vírus intracelulares,
mas podem estimular o sistema imunológico ativando neutrófilos e melhorando a
liberação de citocinas (AWADE, 2012).
Além disso, o uso da ozonioterapia já foi relatado no tratamento da
retenção de membranas fetais em bovinos.  A terapia de rotina, que consiste em
bolus intrauterinos de tetraciclina foi comparada com a administração de espuma
de ozônio, ambas as terapias intrauterinas sem a tentativa de remover
manualmente a placenta (AWADE, 2012). Com base nos resultados do presente
estudo, o ozônio é recomendado como tratamento intrauterino não antibiótico
para bovinos com retenção de membrana fetal. O ozônio tem um efeito
germicida através da oxidação de fosfolipídios e lipoproteínas e um efeito
fungicida através da inibição do crescimento e estimula imunidade através da
produção induzida de citocinas (IMHOF et al., 2019)
Por se tratar de uma terapia complementar, segundo relatos da literatura,
tem auxiliado em muitos tratamentos, evitando amputações, promovendo a
cicatrização de feridas extensas e proporcionando melhor qualidade de vida aos
animais, devido à melhora da oxigenação tecidual, imunomodulação, e
propriedades antibacterianas e antifúngicas (CARLOS, 2012).

4.8 EFEITOS NOCIVOS DO OZÔNIO


27

A concentração do ozônio pode variar de 1 a 100 mcg por ml de gás, e é


determinada de acordo com a doença a ser tratada. Este coeficiente terapêutico
é definindo através da concentração, o volume e a via de administração,
distinguindo um tratamento eficaz de uma dose tóxica (TRALDI, 2019).
O ozônio é um poluente do ar capaz causar efeitos nocivos ao sistema
respiratório de humanos e outros animais em concentrações tão baixas quanto
0,12mg/m³ (0,06 ppm). É um forte agente oxidante que pode induzir danos
diretos e indiretos a membranas alveolares e endoteliais, aumento da
permeabilidade vascular, inflamação pulmonar e hipersensibilidade das vias
aéreas (CAUDAL et al., 2018).
A inalação direta do gás ozônio (0,1 a 1ppm) pode causar toxicidade ao
trato respiratório superior, causando irritação das vias aéreas superiores, rinite,
dores de cabeça e, ocasionalmente, náusea e vomito (NAKAO et al., 2009).
Quando exposto durante cerca de 2 h a uma dosagem de ozônio no ar da ordem
de 2 mg dm-3, o ser humano sente secura na boca e na garganta, dores no
peito, perda de habilidade mental, dificuldade de coordenação e articulação,
tosse e perda de 13% da capacidade vital (CARLOS, 2012).
Efeitos adversos secundários a prática que foi reportada geralmente estão
ligados com mala práxis, técnica de administração, via de administração,
concentração da mistura oxigênio-ozônio, tempo de exposição, dentre outros
(TRALDI, 2019).
Em função da utilização da ozonioterapia em patologias muito diversas, é
preciso que haja análise de alguns fatores previamente à terapia, uma vez que
existem algumas situações em que ela é contraindicada, como nos casos de
gestação, deficiência de glicose-6-fosfato-dihidrogenase, hipertireoidismo,
anemia severa, miastenia severa e hemorragia ativa. No caso de eventual
intoxicação, o paciente deverá ser mantido em posição supina, inalando O2 e
tomar vitamina E, ácido ascórbico e n-acetilcisteína (PENIDO, 2010).
O uso em procedimentos terapêuticos, devido à atividade biológica do
Ozônio, permite sua aplicação num amplo campo de especialidades. Apesar de
não ser considerado um tratamento livre de contraindicações e efeitos adversos,
quando utilizado de forma correta, respeitando suas concentrações adequadas e
vias de aplicação, é seguro e não tóxico (CARLOS, 2012).
28

4.9 EFEITOS COLATERAIS E CONTRAINDICAÇÕES

São raros os efeitos colaterais registrados em humanos. Porém em altas


concentrações, acima de 0,3 ppm, é irritante aos olhos e mucosas, após
exposições superiores a trinta minutos. Alterações no trato respiratório como
fadiga, bronquite, além de distúrbios visuais, febre, fibrose, perda de memória,
aumento da excitabilidade muscular, podem ocorrer quando em exposições
prolongadas, porém, sem relato de casos fatais (FREITAS, 2011).
É contraindicada a utilização do ozônio associado à solução salina (NaCL
0,9%), por formar ácido hipocloroso (HOCL), que pode provocar inflamação local
como vasculites (IVALDO et al., 2019). A principal contraindicação para a
realização da ozonioterapia é a deficiência da enzima Glicose-6-Fosfato
Desidrogenase (G6PD), conhecida como favismo, em função do risco de
hemólise, bem como é contraindicada em casos de hipertireoidismo
descompensado, diabetes mellitus descompensado, hipertensão arterial severa
descompensada e anemia grave, pois é necessário que a estabilização clínica
dessas situações previamente à aplicação da ozonioterapia (IVALDO et al.,
2019).
Os efeitos tóxicos da inalação do ozônio sobre a forma de gás vão desde
lacrimejamento excessivo e irritação das vias aéreas. Em doses superiores a
morte, que pode acontecer em horas ou minutos (BOCCI, 2011). O tratamento
instituído para os casos de intoxicação é a inalação de oxigênio umedecido.
Administrações endovenosas de ácido ascórbico ou glutationa reduzida em
soluções de glicose a 5% (BOCCI, 2011).
29

5. DISCUSSÃO

Para Borges et al (2017), o bem-estar animal possui um peso muito


grande, tanto nas criações de animais de produção como nos animais de
companhia, com isso a busca por terapias alternativas vem crescendo
rapidamente, sempre levando em conta o custo-benefício e dentre as terapias
alternativas a ozônioterapia vem sendo muito utilizada (BORGES, 2017).
De acordo com Gonçalves (2020), a ozonioterapia tem se mostrado
eficiente no tratamento de feridas extensas e de difícil cicatrização, em
processos isquêmicos, alérgicos e outros. apresenta atuação na desinfecção, no
qual ainda há campo para ser esclarecido (GONÇALVES, 2020). Trata-se de
terapia que tem promovido a atenção de pesquisadores em diversos países, por
apresentar-se como alternativa de baixo custo e bons resultados. Existem
muitas referências da ozonioterapia sendo utilizada na medicina, mas na
medicina veterinária ainda este é um campo em expansão (IMHOF et al., 2019).
Diversos autores têm ainda ratificado a capacidade do ozônio (O3) em
atuar como agente modulador da resposta imune do hospedeiro. Neste contexto,
têm
demonstrado a indução de síntese de várias classes de citocinas e
imunoglobulinas,
bem como a ativação de linfócitos T, a partir do ozônio medicinal, possibilitando
o
paciente eliminar possíveis agentes patogênicos (IMHOF et al., 2019).
Já o autor Marques (2017),descreve que por se tratar de uma terapia
complementar, segundo relatos da literatura principalmente humana, tem
auxiliado em muitos tratamentos, evitando amputações, promovendo a
cicatrização de feridas extensas e proporcionando melhor qualidade de vida aos
pacientes, devido à melhora da oxigenação tecidual, imunomodulação, e
propriedades antibacterianas e antifúngicas (MARQUES,2017).
Freitas 2011 afirma que atualmente, tal procedimento tem despertado o
interesse da medicina veterinária em muitos países da América Latina e nos
Estados Unidos, como uma alternativa ou complemento dos protocolos
terapêuticos tradicionais, devido sua eficiência e baixo custo (FREITAS, 2011).
30

Entretanto, existem vários artigos relatando curas de diversas


enfermidades como as doenças infecciosas agudas e crônicas, queimadura,
escaras de decúbito, herpes zoster, úlceras diabetogênicas, infecções hepáticas,
peritonite, candidíase, vírus, papiloma vírus, bactérias, fungos, parasitas e vários
outros tratamentos no homem e em animais utilizando a terapia por ozônio ou
em conjunto com outros métodos terapêuticos (IMHOF et al., 2019).
De acordo com Ackermann (2018), a utilização do ozônio para fins
medicinais requer a presença de oxigênio medicinal (oxigênio puro), evitando
assim a presença de outros gases potencialmente tóxicos. Ao gerar o ozônio,
tem-se variação na concentração estabelecida entre oxigênio e ozônio, sendo de
até 95% de oxigênio e 5% de ozônio. (ACKERMANN, 2018).
Contudo, o autor Bocci 2011, alerta que à grande instabilidade da
molécula de ozônio, deve-se produzi apenas no momento da sua aplicação. O
médico veterinário deve possuir um aparelho confiável que consiga medir a
concentração de ozônio por meio de fotômetro, assim gerando um ozônio
seguro e atóxico. Sempre utilizando materiais resistentes ao ozônio como o aço
inoxidável, titânio ou teflon e nunca usar matérias à base de poliuretano (BOCCI,
2011).
Hayashi (2018) diz que mesmo com tantos benefícios, a administração do
O3 em excesso mostra-se nociva ao paciente, gerando desordens circulatórias,
principalmente relacionadas à ocorrência de embolias pulmonares, e celulares
em decorrências danos impostos aos ácidos nucléicos (HAYASHI, 2018).
Portanto, desse modo e como qualquer outro protocolo terapêutico com
ozônio, deverá ter sua execução realizada com cautela, se atentando as doses
recomendadas e ao monitoramento clínico do paciente (IMHOF et al., 2019). A
ozonioterapia necessita de dedicação e esforço do proprietário e também do
médico veterinário, devido ao protocolo terapêutico necessitar de várias
aplicações, provocando uma oxidação terapêutica adequada, gerando assim um
bom resultado (PENIDO et al., 2010).
31

6. CONCLUSÃO

Vários estudos tanto na medicina veterinária demonstram a eficácia da


ozonioterapia em diversos tratamentos. Nos últimos anos, a ozonioterapia
mostra-se bastante difundida em diversas áreas, demonstrando potencial
analgésico, anti-inflamatório, bactericida, fungicida, viricida e parasiticida.
Podendo ser utilizadas em diversas patologias como dermatomicoses, infecções
bacterianas, osteomielites, doença do úbere de bovinos e equinos, feridas
infectadas, habronemose cutânea em equinos, entre outras.
Com vista nos trabalhos aqui agrupados, a ozonioterapia pode ser
considerada como uma alternativa eficiente e de baixo custo, com aplicação
relativamente menos trabalhosa quando comparada a outros tratamentos, o que
desperta um interesse maior por parte dos médicos veterinários que conhecem o
ozônio.
Contudo é muito importante salientar que o gás ozônio deve ser
produzido a partir de equipamentos confiáveis, para que não se produza ozônio
de má qualidade, que poderá prejudicar o paciente ou não ter o resultado
desejado. A ozonioterapia constitui então uma proposta coadjuvante altamente
promissora diante da necessidade do controle da infecção. Sugere-se que novas
pesquisas agora, voltadas a essa área possa ser desenvolvida, principalmente
no que visa a sua biocompatibilidade a possível ação antiinflamatória.
Conclui-se que ainda se necessita de estudos mais detalhados para
discutir sobre a ozonioterapia, esclarecendo assim mais detalhes de sua forma
de ação e comprovar mais benefícios. Contudo, observou-se que a
ozonioterapia é uma ótima alternativa na veterinária para a cicatrização de
feridas e tratamento de diversas patologias.
32

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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