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Marli Hatje
Luciana Erina Palma
Amauri Aparecido Bassoli de Oliveira
Ijuí
2020
2020, Editora Unijuí
Editor
Rua do Comércio, 3000
Fernando Jaime González
Bairro Universitário
Diretor Administrativo 98700-000 – Ijuí – RS – Brasil
Anderson Konagevski
Capa
Alexandre Sadi Dallepiane (55) 3332-0217
Responsabilidade Editorial, Gráfica e Administrativa
Editora Unijuí da Universidade Regional
do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul editora@unijui.edu.br
(Unijuí; Ijuí, RS, Brasil)
Conselho Editorial
• Airton Adelar Mueller www.editoraunijui.com.br
• Daniel Rubens Cenci
• Evelise Moraes Berlezi
• Paulo Sérgio Sausen
• Sandra Beatriz Vicenzi Fernandes fb.com/unijuieditora/
• Vania Lisa Cossetin
Catalogação na Publicação:
Biblioteca Universitária Mario Osorio Marques – Unijuí
C976
Currículo modularizado à formação inicial em educa-
ção física [recurso impresso e eletrônico]: uma proposta em
discussão / Reiner Hildebrandt-Stramann ...[et al.]. – Ijuí: Ed.
Unijuí, 2020. – 220 p. -
Formato impresso e digital.
ISBN: 978-65-86074-26-0 (impresso)
ISBN: 978-65-86074-25-3 (digital)
1. Currículo. 2. Educação Física. 3. Pedagogia. 4. Estu-
dantes de Educação Física. I. Hildebrandt-Stramann, Reiner.
CDU: 37:796
Bibliotecário Responsável
Ginamara de Oliveira Lima
CRB10/1204
SUMÁRIO
PREFÁCIO........................................................................ 9
APRESENTAÇÃO................................................................ 13
CAPÍTULO 1
O CURRÍCULO DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA UNIVERSIDADE
TÉCNICA DE BRAUNSCHWEIG (TU-BS) — ALEMANHA...................... 17
Desenvolvimento histórico.................................................. 17
O desenvolvimento estrutural da formação
de professores de Educação Física......................................... 18
A estrutura curricular do curso de Educação Física da TU-BS.......... 19
A profissionalização na formação universitária
de estudantes de Educação Física.......................................... 20
Os módulos do curso de Educação Física
— etapa Bacharelado......................................................... 22
Os módulos do curso de Educação Física
— etapa do Mestrado......................................................... 24
CAPÍTULO 2
COMPETÊNCIAS PEDAGÓGICAS BÁSICAS PARA ESTUDANTES DE
EDUCAÇÃO FÍSICA............................................................. 31
Competências gerais......................................................... 31
A dimensão da competência de ação
pedagógica de movimento .................................................. 33
A dimensão da competência de ação de ensino.......................... 34
A dimensão da competência de ação esportiva crítica................. 34
A dimensão da competência da ação científica.......................... 35
A dimensão da competência de ação política............................ 35
CAPÍTULO 3
PROPOSTA DE CURRÍCULO MODULARIZADO AO CURSO
DE EDUCAÇÃO FÍSICA LICENCIATURA DO CEFD DA UFSM................. 37
Desenho da proposta curricular modularizada........................... 39
Descrição de módulos ..................................................................................46
Módulo 1 (B e L):
O assunto do estudo — Teorias de Movimentar-se....................... 47
A visão científica natural do movimento............................. 48
A visão fenomenológica do movimento............................... 49
Módulo 2 (B e L): Movimento, educação e inclusão .................... 53
Inclusão por meio de relações de movimento....................... 54
O que é uma relação de movimento e como ela funciona?........ 56
Inclusão no âmbito do raciocínio didático de movimento......... 57
“Juntos solitários”. Referente à desqualificação do desporto
e da Educação Física para processos de inclusão.................... 57
Comunhão bem-sucedida por
“heterogeneidade praticada”.......................................... 59
O que existe de comum nesses exemplos?............................ 62
Princípios para o êxito de relações de movimento................. 63
Conteúdos apropriados para uma didática da
heterogeneidade praticante............................................ 65
Da diferenciação interna à autônoma................................. 65
Da diferença igualitária à igualdade diferente...................... 66
O que significa mais uma vez comunhão bem-sucedida
numa perspectiva fenomenológica corporal?........................ 67
Inclusão, movimento humano e deficiência: diferentes
contextos de aprendizagem e experiências na UFSM............... 68
A formação para a Inclusão no CEFD-UFSM
por intermédio do Naeefa.............................................. 69
Inclusão por meio das relações de movimento:
experiências no Naeefa/CEFD/UFSM.................................. 72
Concluindo... porém não finalizando!!!!............................. 81
Módulo 3 (B e L): Movimento e saúde ..................................... 82
As concepções científicas de saúde.................................... 82
A relação entre salutogênese e movimento.......................... 85
A compreensão de movimento numa definição
de saúde salutogenética................................................. 87
O conceito de uma prática de movimento salutogenético......... 89
Competências que os alunos devem adquirir
neste módulo.............................................................. 97
Módulo 4 (B e L): Movimento e sociedade................................ 98
O esporte como fenômeno social...................................... 99
Análise do sistema de esporte sob a teoria de sistema...........100
Análise do sentido de uma modalidade esportiva:
o atletismo...............................................................102
O jogo com as regras constitutivas da realidade
esportiva no exemplo do correr.......................................106
Módulo 5 (L) — Aprendizagem digital, educação e movimento.......109
Mídias digitais no contexto social e educacional...................109
A controvérsia envolvendo a mídia digital na escola..............111
A mídia digital na formação de estudantes do curso
de Educação Física — Licenciatura....................................114
Mídia digital, educação e movimento nas aulas de Educação
Física no Ensino Fundamental — Campo de
movimento:“Movimentar-se com e sem aparelhos”...............118
A experiência desenvolvida em uma escola alemã.................118
A experiência desenvolvida em uma escola brasileira............130
Reflexões sobre as competências didático-pedagógicas...........144
Reflexões teóricas sobre movimento
e mídias pedagógicas...................................................147
Módulo 5 (B e L): Movimento e desenvolvimento infantil,
juvenil, humano e aprendizagem motora................................153
A concepção do desenvolvimento.....................................154
A concepção de movimentar-se.......................................155
Criança, movimentar-se e desenvolvimento........................155
Tarefas de desenvolvimento ..........................................156
Jovens, movimentar-se e desenvolvimento.........................158
Quais são as consequências resultantes
daí para uma educação?................................................160
Módulo 9 (B) e módulo 4 (L ):
Abordagens, métodos e técnicas de pesquisa...........................160
Métodos qualitativos e quantitativos
na pesquisa empírica...................................................160
Caraterização dos métodos qualitativos
para o levantamento dos dados.......................................162
Módulo 6 (B) e Módulo 3 (L):
Campos de experiência e de aprendizagem.............................167
Módulo 6 (B e L):
Campo de experiência e de aprendizagem .............................168
Seminário 6 (B e L):
Campo de movimento “Correr, saltar, lançar”..........................168
Possibilidades elementares de movimento..........................168
O movimento saltar como tema na formação
inicial em Educação Física.............................................170
A atual discussão didática sobre o saltar
na Educação Física......................................................172
Saltar como uma ação de movimento................................173
Como o saltar deve ser ensinado.....................................177
Capacidades que estudantes adquirem durante
uma Oficina de Movimento............................................187
Módulo 6 (B e L):
Campo de experiência e de aprendizagem .............................188
Seminário 1 (B e L):
Campo de movimento “Movimentar-se com e sem aparelhos”.............188
Competências no campo de experiência e aprendizagem
“se-movimentar com e sem aparelhos” .............................189
“Reversão para a frente”
— um exemplo para uma transformação didática..................191
Resenha didática........................................................192
Módulo 6 (B e L):
Campo de experiência e de aprendizagem .............................195
Seminário 5 (B e L):
Campo de Movimento “Movimentar-se na água”.......................195
Sentido de movimento na água — para o núcleo do
campo de movimento “movimentar-se na água” ..................195
Etapas do encontro do movimentar-se com
o elemento da água ....................................................196
Noções básicas para um conceito de mediação.....................202
Exemplo: “Homem e água”
— um exemplo para uma transformação didática..................204
CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................209
REFERÊNCIAS.................................................................213
PREFÁCIO
Escrever um prefácio para um livro é uma tarefa de certa respon-
sabilidade que me causa uma sensação de alegria e angústia, ao mesmo
tempo. Também não deixa de ser uma honra, pois se resume em confron-
tar-se e conhecer uma obra em sua versão primeira, antes de ser sociali-
zada mediante sua devida publicação. Ainda mais quando os autores são
colegas e amigos, e os temas desenvolvidos na obra são próximos de meus
interesses de estudo e das minhas “crenças” acadêmicas.
Como anuncia o título da obra: é uma proposta em discussão, um
outro olhar sobre os caminhos da formação inicial em Educação Física,
centralizada nas questões e em propostas para a organização e estruturação
do currículo.
Há um tema geral, que se faz presente praticamente em todos os
capítulos, que é a questão da estrutura curricular. Os assuntos específicos
de alguns capítulos procuram exemplificar, analisar e refletir sobre ques-
tões que impactam na sistematização dos diferentes caminhos a serem
percorridos, como: competências pedagógicas, modularização do currí-
culo, movimento, educação e inclusão, movimento e saúde, movimento
e sociedade, aprendizagem digital, educação e movimento, entre outros.
Também são tratados, no contexto da obra, os diferentes métodos e téc-
nicas em pesquisas na área em questão e os campos de experiências e de
aprendizagens.
Diferentes autores em diferentes áreas de estudos estão e se
colocam a favor de uma necessária e profunda revisão nas estruturas da
educação, do ensinar e do aprender. Há no ensino uma clara mudança de
paradigmas (ver outros lados) em curso, que coloca a necessária atualiza-
ção do conhecimento, e mais, uma atualização para toda a vida (formação
permanente). Essa mudança requer mais ênfase à importância das meta-
cognições (aprender a aprender) e o fim das disciplinas curriculares fixas,
ou seja, será inevitável outro tipo de formação dos futuros profissionais
da educação.
10 We n c e s l a u L e ã e s F i l h o
1
Universidade Federal de Santa Maria.
Apresentação
15
Boa leitura!
CAPÍTULO 1
Desenvolvimento histórico
Exercícios físicos têm uma tradição de séculos em universidades
alemãs. Nos séculos 17 e 18 foram empregados nas antigas universidades
mestres de equitação, de esgrima e de jogos de bola, alguns dos quais
possuíam escolas de balé, instalações em sítios para trabalhos equestres
de formação e torneios.
Na esteira do movimento ginástico de Jahn (1778-1852), a linha
elitista foi substituída ou completada, no início da década de 20 do século
19, pelas “praças de ginástica” (Turnplätze), que eram ocupadas pelos estu-
dantes. Na década de 30 foram fundados centros de ginástica ou centros
universitários de ginástica. Uma intenção foi – entre outras – controlar
melhor os estudantes rebeldes. Nessa época também foram empregados os
primeiros mestres universitários de ginástica. Uma formação acadêmica,
porém, tanto para mestres na universidade quando para professores nas
escolas, não existiu, nem mesmo durante o regime nazista. Com a fun-
dação da Universidade do Esporte Alemão em Colônia, na Alemanha,
começou a institucionalização da ciência do esporte, e com ela a oficiali-
zação da formação dos estudantes de Educação Física.
O reconhecimento da ciência do esporte como disciplina aca-
dêmica e com ela o reconhecimento da formação dos estudantes de
Educação Física como formação acadêmica só ocorreu no final dos anos
1960. Isso, no entanto, mudou na década de 60, quando começou a
expansão das universidades e com ela o restabelecimento dos institutos
de ciência do esporte. Houve duas razões principais para o fato: 1ª) O
esporte tornou-se um fenômeno de massa; 2ª) A instrumentalização
política do esporte como resultado do conflito Leste-Oeste levou à
promoção de esporte de rendimento usando praticamente todos os
18 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Aparecido Bassoli de Oliveira
M 1: Movimento
e ed ucação I
M 2: Movimento M 5: Movimento
e saúd e e sociedad e
Competências
científicas
d e ação
M 3: Movimento e M 4: Campos d e
d es envolvimento das experiência e d e
crianças e jovens ap rendizagem
Mód ulo 5:
Mód ulo 2: O ficina Diss ertação
d e Movimento d e Mest rado
Competência d e ação
pedagógica d e movimento
e competência d e ação
d e ensino
Conteúdos do Módulo 1:
Movimento e Educação II: movimento, aula, escola
Neste módulo os estudantes devem aprender que movimento não
deve ser restringido ao ensino da Educação Física, pois é parte funda-
mental da configuração da escola e do ensino. Na teoria, esta concepção
é chamada de concepção das escolas móveis.2 Na escola móvel o movi-
mento tem papel significativo na aprendizagem interdisciplinar. Assim,
por exemplo, as disciplinas de Matemática, Língua, Filosofia ou Física
são combinadas com movimento. Na teoria, esse tipo de aprendizagem
é denominado também como “aprendizagem por meio do movimento”.
O movimento também ganha importância em relação à configuração
dos espaços escolares como áreas de movimento. Isso atinge a sala de
aula,3 os corredores, a área do pátio e do ginásio. Nesse sentido, a função
central deste módulo é aperfeiçoar o entendimento e a compreensão de
movimento por parte dos estudantes.4
Quais as capacidades que os estudantes de Educação Física neces-
sitam para participar na configuração de uma escola móvel?
1) Capacidade de adquirir conhecimentos por meio da literatura cien-
tífica/pedagógica. Para legitimar uma reforma escolar por meio do
movimento o professor de Educação Física necessita de conhecimen-
tos fundamentais sobre teorias antropológicas, fenomenológicas e
pedagógicas de movimento e conhecimentos sobre a relação entre
movimento e aprendizagem. Esses conhecimentos ele adquire com
estudos da literatura científica na área da Educação Física e de áreas
interdisciplinares ou afins.
2) Capacidade de inovação ligada a um conhecimento específico. Exemplo:
a uma escola móvel pertence uma “sala de aula móvel”. Para cons-
truir, por exemplo, móveis removíveis ou aparelhos de movimento,
os estudantes devem ter a capacidade de construir uma conexão entre
pensar e fazer (Hildebrandt-Stramann, 2016b). Os estudantes têm
de pensar no modo da construção de móveis que correspondam às
exigências teóricas e didáticas. Além disso, necessitam da capacidade
2
Ver o artigo do Hildebrandt-Stramann (2009a, p. 57-76).
3
Ver a proposta da configuração da sala de classe como uma sala móvel com um inventário
móvel (Hildebrandt-Stramann, 2009a, p. 62-63).
4
Ver o projeto científico sobre escolas integrais (Hildebrandt-Stramann; Laging; Teubner,
2014; Hildebrandt-Stramann; Faustino, 2013).
CAPÍTULO 1
O Currículo do Curso de Educação Física da Universidade Técnica de Braunschweig (TU-BS) – Alemanha
27
Competências gerais
Resumimos essas qualificações e competências com o conceito de
uma “competência para a ação pedagógica de movimento”. Por “compe-
tência para a ação pedagógica de movimento” entendemos a capacidade
de poder constatar, sistematizar, analisar, compreender, refletir teorica-
mente e planejar, executar e avaliar, de maneira educativa e pedagógica
de movimento a Educação Física, o esporte escolar e o mundo de vida
das crianças e adolescentes brasileiros. Seguindo essa determinação do
1
Nosso foco, nesta obra, está na configuração de um currículo modularizado completo
para o curso de Educação Física Licenciatura. Considerando, no entanto, a legislação
brasileira atual, que exige um “núcleo comum” à formação em Educação Física nos dois
primeiros anos, sugerimos 10 módulos ao núcleo comum, cujos conteúdos formam
a base da formação profissional, tanto do licenciado quanto do bacharel. Propor um
currículo completo modularizado e fundamentado ao Bacharelado demanda mais
estudos e pesquisas, o que neste momento não é possível.
32 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Bassoli de Oliveira
Competência d e Competência d e
ação científica ação política
Ação Pedagógica
nas aulas
e fora das
aulas d e
Ed ucação Física
2
Em comparação com a proposta elaborada na Universidade Federal da Bahia (Hilde-
brandt-Stramann; Taffarel, 2017, p. 25), as Dimensão da Competência de ação ética
e da Competência de ação estética não integram a proposta da UFSM em forma de
dimensões específicas. Esses conteúdos integram a Dimensão da ação pedagógica das
aulas de Educação Física, em função da realidade local.
CAPÍTULO 2
Competências Pedagógicas Básicas Para Estudantes de Educação Física
33
3
Esta denominação inclui sempre igualmente ambos os sexos, contanto que estes não sejam
considerados explicitamente separados. Correspondentemente, isto vale também para as
denominações “professor” e “colega”.
34 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Bassoli de Oliveira
Competências Competências
Competências Competências
Competências Competências
Módulo 10 Estágio 1 e 2
BeL
1. Descrição da instituição
2. Planejamento Das atividades de movimento
3. Realização das atividades de movimento
4. Análise das atividades de movimento
Competências
Fonte: Os autores.
40 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Bassoli de Oliveira
Competências Competências
Competências Competências
Módulo 7L Estágio
1. Planejamento do ensino;
2. Execução dos planos de ensino na escola;
3. Avaliação do ensino e do processo/atividades
Competências
Fonte: Os autores.
CAPÍTULO 3
Proposta de Currículo Modularizado ao Curso de Educação Física Licenciatura do CEFD da UFSM
41
1
Também seria possível trocar a ordem dos seminários deste módulo: Os estudos no quinto
semestre podem começar com um seminário titulado “Escola Móvel” e “Aprendizagem
Móvel” e depois os estudantes realizam o seminário “Oficina de Movimento”, vinculado
a um Campo de Movimento. Isto é, a ordem dos seminários poderia ser flexível, pois
altera a ordem de oferta.
2
Possibilidades de conteúdos e as teorias dos seminários “Oficina de Movimento”, “Escola
Móvel” e “Movimento e Aprendizagem” são descritos detalhadamente no livro Hilde-
brandt-Stramann; Taffarel, 2017. “Oficina de Movimento” (p. 51-65), “Escola Móvel”
(p. 35-51) e “Movimento e Aprendizagem” (p. 66-79).
CAPÍTULO 3
Proposta de Currículo Modularizado ao Curso de Educação Física Licenciatura do CEFD da UFSM
43
8.
7.
6.
5.
escola
-escolar
M10 /
extra-
M10 /
M9 / 1, 2, 3
4.
M5 / 1, 2, 3
M8 / 1, 2, 3
M7 / 1, 2, 3, 4, 5
M6 / 1, 1, 2
M3 / 1, 2, 3, 4, 5, 6
M2 / 1, 2, 3, 4
M4 / 1, 2, 3, 4
3.
M1 / 1, 2, 3
2.
1.
Fonte: Os autores.
CAPÍTULO 3
Proposta de Currículo Modularizado ao Curso de Educação Física Licenciatura do CEFD da UFSM
45
M6 / 1, 2, 3, 4
M4 / 1, 2, 3
M3 / 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7,..
M1L /2, 3
ou 1, 4
8.
M2L / 1, 2, 3, 4, 5
M7 / 1, 2,
3, 4, 5
7.
M5 / 1, 2, 3
M1L / 1, 4
ou 2, 3
6.
5.
4.
3.
2.
1.
Fonte: Os autores.
Descrição de módulos
A seguir, a título de exemplo, descreveremos os conteúdos dos
seguintes módulos dos cursos de Educação Física – Licenciatura e Bacha-
relado – estruturados durante o desenvolvimento do projeto em agosto
3
O Núcleo Docente Estruturante (NDE) de um curso de Graduação foi instituído por
meio da Resolução nº 01 de 17/06/2010, e constitui-se de um grupo de docentes com atri-
buições acadêmicas de acompanhamento, atuante no processo de concepção, consolidação
e contínua atualização do projeto pedagógico de curso. Acesso em: 26 de maio de 2020.
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=6885-
-resolucao1-2010-conae&Itemid=30192
CAPÍTULO 3
Proposta de Currículo Modularizado ao Curso de Educação Física Licenciatura do CEFD da UFSM
47
Módulo 1 (B e L):
O assunto do estudo — Teorias de Movimentar-se
Os estudantes geralmente optam por um curso universitário de
Educação Física devido a sua própria prática esportiva bem-sucecida.
Para a maioria dos estudantes o objeto de estudo é claro: vão estudar
“esportes” e em muitos cursos universitários de Educação Física real-
mente o fio condutor é o “esporte”. Um curso universitário de Educação
Física, no entanto, deve tratar menos da melhoria do rendimento atléti-
co individual (que a maioria dos estudantes busca), e focar a formação
na ciência do esporte, que vai prepará-los, de forma teórica e prática,
para a função de professor de Educação Física escolar e de treinador.
O professor de Educação Física e o treinador devem adquirir a capaci-
dade de configurar o processo de treinamento e das aulas de Educação
Física cientificamente fundamentadas e autônomas. Em outras palavras,
trata-se do desenvolvimento da competência de ação pedagógica de
movimento e da competência de ação de ensino.
Nesse contexto pedagógico o objeto de estudo não é mais o
esporte, mas sim o movimento humano. Segundo Buytendijk (1956),
na teoria de movimento são identificados dois paradigmas:
1) o das Ciências Naturais e
2) o da Reflexão Fenomenológica de Movimento (Trebels, 1992, p. 338-
344).
4
A fundamentação teórica de outros módulos e seminários podem ser encontrados em
Hildebrandt-Stramann e Taffarel (2017).
48 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Bassoli de Oliveira
5
Tamboer chama esta concepção do corpo como “relacional” (Ver Trebels, 1992, p. 341).
CAPÍTULO 3
Proposta de Currículo Modularizado ao Curso de Educação Física Licenciatura do CEFD da UFSM
51
6
Pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo Relatório Mundial sobre Deficiência
(2011) e adotada pela Lei Brasileira de Inclusão (2015), a definição de Pessoa com
Deficiência é: “Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de
longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com
uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em
igualdade de condições com as demais pessoas.” Por isso, aquelas que não possuem tais
impedimentos são denominadas de Pessoas sem Deficiência.
56 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Bassoli de Oliveira
7
Não conhecemos estudos semelhantes no Brasil. Por isso referimo-nos a investigações
feitas na Alemanha.
58 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Bassoli de Oliveira
8
Este conceito vale não só para a Educação Física, mas para a escola toda. É um critério
fundamental da escola móvel, por que “estar em movimento” é um direito de todas as
crianças (com e sem deficiência) (Hildebrandt-Stramann, 2005, 2011).
60 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Bassoli de Oliveira
– Shared: equilíbrio de parceiros (foto 6 e 7), remo (foto 8), balanço (foto 9)
Foto 6 Foto 7
Foto 8 Foto 9
9
Trata-se de um exemplo clássico da teoria dialógica de se-movimentar, que é uma base
da concepção didática das aulas abertas às experiências (Hildebrandt-Stramann, 2009c).
CAPÍTULO 3
Proposta de Currículo Modularizado ao Curso de Educação Física Licenciatura do CEFD da UFSM
65
A ideia do jogo: Duas equipes, meninas e meninos jogam juntos em uma equipe. Um
ponto é marcado por qualquer pessoa que arremessa a bola pela cesta de cima. No final,
o time com mais cestas vence. A palavra “Korf” é holandesa e significa cesta.
66 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Bassoli de Oliveira
11
Na língua alemã compreender significa “verstehen” = um ato mais cognitivo.
68 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Bassoli de Oliveira
Fotos 22 e 23
Representam os relacionamentos cuidadosos ou “mutualidade” — caring
Fotos 24 e 25
Representam as relações “conjuntas” — shared
76 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Bassoli de Oliveira
Fotos 46 e 47 (...)
CAPÍTULO 3
Proposta de Currículo Modularizado ao Curso de Educação Física Licenciatura do CEFD da UFSM
81
Isso nos faz entender que na inclusão, e nos apropriando das pala-
vras de Gil (2005), deve-se “considerar a deficiência de uma criança ou
de um jovem como mais uma das muitas características diferentes que os
alunos podem ter”, e que a efetivação da inclusão por meio das relações de
movimento acontecerá quando considerarmos a diferença humana como
identidade, reconhecendo que cada pessoa é única, com seus limites, com
suas possibilidades e necessidades, como também com grandes potencia-
lidades.
Em relação à formação em Educação Física, é necessário com-
preender que a inclusão se faz pela mutualidade, pela cooperação. Que
a inclusão por si só é um processo e que necessita de remoção de muitas
barreiras (pedagógica, atitudinal, arquitetônica, etc.), mas para acontecer a
inclusão por meio das relações de movimento na Educação Física é indis-
pensável a participação de todos. Independentemente de suas condições,
deve-se seguir descobrindo e ampliando as possibilidades de movimento
de todos, pois não existem limites quando as pessoas estão dispostas a
descobrir juntas a melhor forma de alcançar o que desejam.
Entender que formar e educar não é somente ensinar e ajudar a
fazer um movimento (Teixeira, 1993), mas entender e compreender a
necessidade e a importância do movimento para a aprendizagem e para a
vida e que todos têm o direito de conviver e participar juntos.
12
Ver aqui o texto sobre o Módulo 4 (B) “Movimento e sociedade”.
84 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Bassoli de Oliveira
Manu tenção
e melhoramento das
capacidad es físicas,
psíquicas e sociais
Fonte: Os autores.
Fonte: Os autores.
13
Ver o exemplo com o tema “Saber treinar a si mesmo” em (Hildebrandt-Stramann;
Taffarel, 2017, p. 217-238).
CAPÍTULO 3
Proposta de Currículo Modularizado ao Curso de Educação Física Licenciatura do CEFD da UFSM
97
14
A controvérsia de Niklas Luhmann com Jürgen Habermas é conhecida neste contexto
(1971).
100 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Bassoli de Oliveira
15
Também encontramos exemplos práticos em relatórios das Oficinas de Movimento
(comp. Beckmann; Hildebrandt-Stramann, 2009c, p. 45-56; Hildebrandt-Stramann;
Taffarel, 2017, p. 51-65; neste livro ver o texto sobre a Oficina de Movimento no Campo
de Movimento “lançar”).
106 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Bassoli de Oliveira
maioria das aulas é presencial. Por mais que integrem a “geração digital”,
os estudantes ainda preferem as aulas presenciais, especialmente pela pos-
sibilidade de contato professor-aluno.
O mesmo ocorre nas escolas de ensino básico, que neste
período de crise humanitária também passaram a ofertar aulas on-line
aos alunos, sem que houvesse um preparo didático-pedagógico, tanto
por parte do professor quanto por parte do aluno.16 Em reportagens
veiculadas pela televisão sobre “inovações virtuais” no processo de
ensino e aprendizagem, desde que as escolas cancelaram as aulas pre-
senciais é comum ouvir depoimentos de crianças e adolescentes implo-
rando pela volta das aulas presenciais. Além de não disporem de toda
tecnologia necessária em casa (Internet), de espaços adequados às aulas
e/ou de pessoas que lhes auxiliem em tarefas virtuais, sentem falta,
sobretudo, do contato pessoal com os professores, colegas e amigos
da escola.17
Quando, porém, falamos em mídias digitais no processo edu-
cacional, temos de ter em mente que elas podem ser empregadas como
recurso educacional, sem a necessidade de vinculação com a Internet,
embora conectados a ela, as mídias digitais cumprem de forma mais
abrangente seu papel social e educacional. Se integradas ampliam os recur-
sos comunicacionais por intermédio de dispositivos móveis e oportunizam
16
No RS duas situações, em particular, chamam atenção em relação ao uso das mídias
digitais nas escolas estaduais, considerando o contexto atual: a primeira refere-se à Lei nº
12.884, de 3 de janeiro de 2008, que determina: “Fica proibida a utilização de aparelhos
de telefonia celular dentro das salas de aula, nos estabelecimentos de ensino do Estado do
Rio Grande do Sul. Os telefones celulares deverão ser mantidos desligados, enquanto as
aulas estiverem sendo ministradas”; a segunda diz respeito a normas internas das escolas
que possuem Internet: “proibido veicular a senha da Internet aos alunos”.
17
Entre as inúmeras consequências que a pandemia da Covid-19 deverá trazer à sociedade
está uma alteração profunda na formação profissional nas universidades brasileiras. As
mídias e tecnologias deverão ganhar novo e definitivo protagonismo em todas as áreas.
A tendência será de um maior aproveitamento das diferentes ferramentas, inclusive nas
escolas de ensino básico. Por isso, a formação de professores, por exemplo, deverá estar
centrada em dois aspectos principais: a) na formação técnica (domínio das ferramentas)
para utilizar os diferentes recursos da informática no desenvolvimento dos conteúdos;
b) na criatividade (no sentido de o professor se tornar autônomo – para pensar a partir
de seus referenciais e situações reais – na criação de propostas afins). É fundamental que
o professor aprenda a “dominar” as ferramentas tecnológicas, no âmbito pedagógico,
conforme as seguintes realidades: equipamentos disponíveis, espaços escolares e sociais
e níveis de aprendizagem.
CAPÍTULO 3
Proposta de Currículo Modularizado ao Curso de Educação Física Licenciatura do CEFD da UFSM
111
18
Como a tarefa fundamental da escola é a educação, também a tarefa fundamental da
Educação Física é educar e ensinar (comp. Dieckert; Hildebrandt-Stramann, 2004, p.
15, 21).
CAPÍTULO 3
Proposta de Currículo Modularizado ao Curso de Educação Física Licenciatura do CEFD da UFSM
113
19
A partir do conceito de “mídia-educação” surge a “mídia-educação (física)”, criada ao
contexto específico da Educação Física, com o objetivo de pensar questões da mídia na
área, escolar e não escolar, por pesquisadores do Laboratório e Observatório da Mídia
Esportiva (LaboMidia), da Universidade Federal de Santa Catarina (Pires; Lazzarotti
Filho; Lisboa, 2012).
CAPÍTULO 3
Proposta de Currículo Modularizado ao Curso de Educação Física Licenciatura do CEFD da UFSM
117
20
Essas concepções didáticas estão descritas nos livros “Concepções abertas no ensino da
Educação Física” (Hildebrandt-Stramann, 2009c) e “Textos pedagógicos sobre ensino da
Educação Física” (Hildebrandt-Stramann, 2013c).
118 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Bassoli de Oliveira
21
Este projeto integra as atividades desenvolvidas pela professora titular Marli Hatje,
do Centro de Educação Física e Desportos da UFSM, durante seu Pós-Doutorado
no Institut für Sportwissenschaft und Bewegunspädagogik da Technische Universität
Braunschweig, Alemanha, em 2017.
CAPÍTULO 3
Proposta de Currículo Modularizado ao Curso de Educação Física Licenciatura do CEFD da UFSM
119
22
A área de experiência e aprendizagem “Ginástica e artes do movimento” é um conteúdo
de aula obrigatório no currículo básico da Baixa Saxônia (Niedersächsisches..., 2006).
120 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Bassoli de Oliveira
23
Os grupos se formaram a partir das respostas de duas perguntas básicas: o que você mais
gosta de fazer?; e o que você mais sabe fazer?
CAPÍTULO 3
Proposta de Currículo Modularizado ao Curso de Educação Física Licenciatura do CEFD da UFSM
121
24
De acordo com o Regimento Escolar da Escola Estadual de Educação Básica Irmão José
Otão, o objetivo da Educação Física do 2º ao 5º anos do Ensino Fundamental (anos iniciais),
é desenvolver atividades que proporcionem aos alunos uma maior compreensão das atividades
desportivas, enfatizando a sua importância como atividade permanente, respeitando a cultura
e o meio em que vivem. São objetivos específicos do 3º e 4º anos, público-alvo da pesquisa,
a promoção de diferentes atividades corporais, estimulando atitudes cooperativas e solidárias
sem discriminação; desenvolver qualidades físicas básicas; conhecer possibilidades e limitações
corporais; proporcionar o conhecimento do próprio corpo e da necessidade de movimentos
adequados ao desenvolvimento harmônico e reconhecer a agilidade, a destreza, a força e a
atenção como elementos necessários para uma vida saudável.
CAPÍTULO 3
Proposta de Currículo Modularizado ao Curso de Educação Física Licenciatura do CEFD da UFSM
131
25
O desenvolvimento do projeto teve a participação dos acadêmicos do CEFD/UFSM e
profissionais de Educação Física Geovana Júlia Mundt, Carlos Miguel Moreira Iensen,
Juliana de Fátima Ienssen Sortica, André de Mello Azevedo e Elean Matias Dumke.
132 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Bassoli de Oliveira
A SEQUÊNCIA DE AULAS
Primeira aula: geração de temas
A primeira aula foi teórica (Foto 65), sendo ministrada em uma
sala de aula, quando foram reunidos os alunos do 3º e 4º anos (Foto 66).
Os pesquisadores explicaram o plano de aula, apresentaram e dialoga-
ram sobre os movimentos da ginástica e mostraram pequenos vídeos de
ensino/aprendizagem sobre a modalidade, considerando que os alunos
não possuíam um conhecimento sistematizado da ginástica.
Em resposta à questão de quais movimentos ocorrem na ginásti-
ca, os alunos geralmente respondem com termos de movimento que já
conhecem pelas brincadeiras que fazem no dia a dia ou mesmo de ações
envolvendo atividades esportivas vivenciadas na escola (Alberts; Hatje;
Hildebrandt-Stramann, 2019). Uma das pesquisadoras anotou (Foto 67)
no quadro:
Fotos 65 e 66 — Aula teórica sobre os movimentos da ginástica
Foto 82 — Execução da
Foto 81 — Exibição dos vídeos ao 5º ano “parada de mãos” pelo
5º ano
26
Embora os estudantes tenham mencionado a correta sequência pedagógica do movimento
“Parada de Mãos” no vídeo sobre os passos para chegar ao objetivo (ficar de cabeça para
baixo), a maioria deles executou corretamente a atividade pela experiência que já tinham
com este movimento, ou seja, conseguiriam realizar a atividade mesmo sem o vídeo.
144 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Bassoli de Oliveira
A concepção do desenvolvimento
Na Psicologia do Desenvolvimento existem posicionamentos e
pontos de vista bem distintos sobre este tema. Eram e ainda são divulga-
das as chamadas teorias das fases de desenvolvimento. Elas partem amiúde
da suposição de que o decurso do desenvolvimento seja conduzido por
meio de programas biogenéticos e que se realizam, por assim dizer, como
crescimento natural e num processo de amadurecimento em determinadas
sequências. Nisso o desenvolvimento psíquico está estreitamente ligado ao
desenvolvimento físico, tanto assim que o nível de desenvolvimento psi-
cofísico, em suma, parece ser determinado sobretudo biogeneticamente.
Outras interpretações partem da energia marcante da influência
do meio ambiente. De acordo com isso, o desenvolvimento do corpo e
do movimento realiza-se, sobretudo, como um processo de socialização,
portanto dependente e também como resultado das respectivas condições
de vida real e social em que o indivíduo se desenvolve.
Nossa posição é intermediária e ao mesmo tempo sobreposta.
Partimos da suposição antropológica-social de que o indivíduo gera seu
desenvolvimento no próprio agir, isto é, no confronto com a realidade
interior, biopsíquica, de um lado, e com a realidade externa, ecológica-
-social, de outro. Segundo essa posição, o desenvolvimento realiza-se
como história de ação além do currículo de vida. E no currículo de vida
o desenvolvimento da pessoa e o desenvolvimento de suas situações de
vida estão mutuamente relacionados entre si.
Em relação ao ensino, isso significa: crianças e jovens acolhem
ofertas de aprendizagem não apenas receptivamente, porém apropriam-se
da matéria de aprendizagem ativamente e produzem, assim, sua própria
realidade de aprendizado. Os permanentes processos de busca, de experi-
mentação e de exploração de espaços e possibilidades de conduta, busca de
ressonância e da influência do meio ambiente social e ecológico, são con-
dições e ao mesmo tempo objetivos de promoção do empenho educativo.
No conceito das tarefas de desenvolvimento é levada em conta
a relação dialética entre o currículo e as condições de vida. As tarefas de
desenvolvimento encontram-se na área de tensão entre a capacidade indi-
vidual e as exigências socioculturais. Em geral elas podem ser relacionadas
a três fases de vida: infantil, juvenil e a fase do adulto. Inicialmente entra-
remos em pormenores de algumas tarefas essenciais de desenvolvimento
destas fases de vida questionando: Como o movimento pode influenciar e
apoiar a realização das tarefas de desenvolvimento? Para tanto precisamos
explicar a compreensão de movimento.
CAPÍTULO 3
Proposta de Currículo Modularizado ao Curso de Educação Física Licenciatura do CEFD da UFSM
155
A concepção de movimentar-se
A concepção de movimentar-se está fundamentada teoricamente
no paradigma fenomenológico de movimento. Movimento é visto como
um meio para ganhar conhecimento. Neste sentido o movimento tem uma
função epistemológica. Para ganhar conhecimentos sobre o mundo o ser
humano entra em contato com o mundo por meio de movimento. Este
contato tem o caráter de um diálogo, a linguagem é o movimento. Deno-
minamos o papel de contatar o mundo como diálogo. Por isso entendemos
o movimento humano como um diálogo entre o homem e o mundo.
Tarefas de desenvolvimento
A autopercepção e de seu meio ambiente a criança obtém por meio
de seus sentidos, destacando-se que ao sentido próximo (tato, sentido do
movimento) compete inicialmente um significado prioritário em relação
aos sentidos distantes (ouvir, ver). Por meio do tato e do movimento é
criada a condição de assimilar o som e a visão e consolidá-los como expe-
riência. As experiências corporais formam o fundamento para as apren-
dizagens de relacionamento pessoal e com o mundo real. A confiança
emocional básica constrói-se por meio de experiências positivas por parte
das pessoas nos relacionamentos pessoais e no domínio das exigências
do meio ambiente. Para o desenvolvimento do seu próprio “eu”, emo-
cionalmente fortalecido, a autoeficiência experimentada é de significado
decisivo, portanto de ressonância positiva às atividades próprias.
O desenvolvimento infantil realiza-se gradualmente na prospecção
e controle do mundo próximo ao corpo até o meio ambiente social-real e,
ao mesmo tempo, também sua fundamentação emocional é intermediada
por movimento e corporalmente assimilado.
Já Piaget (1982) elucidou a maneira inteligente como crianças
e jovens apropriam-se de seu meio ambiente. Para isso são básicos os
processos mutuamente complementares de assimilação e de acomoda-
ção. Se uma pessoa procura dominar uma tarefa ou exigência, ela pode
recorrer também ao seu patrimônio de experiências, a esquemas de ações
comprovados. Ela vai encarar, portanto, as tarefas à luz das possibilida-
des de solução disponíveis e tentará resolvê-las. Com isso ela adapta a
CAPÍTULO 3
Proposta de Currículo Modularizado ao Curso de Educação Física Licenciatura do CEFD da UFSM
157
27
Estas reflexões têm também consequências para uma configuração pedagógica da escola
e da Educação Física escolar. Uma consequência é a configuração da escola como uma
“Escola Móvel” (Hildebrandt-Stramann, 2009a, p. 57-76). Um aspecto fundamental de
uma “Escola Móvel” são as aulas da Educação Física, que devem ser configuradas didati-
camente como “aulas abertas à experiência” (Hildebrandt-Stramann, 2009c).
CAPÍTULO 3
Proposta de Currículo Modularizado ao Curso de Educação Física Licenciatura do CEFD da UFSM
161
empírico leva aos dados de duas maneiras diferentes: por um lado, com
a ajuda de métodos quantitativos e, por outro, com métodos qualita-
tivos.
Tradicionalmente, a Psicologia e as Ciências Sociais tomaram
como modelo a exatidão das Ciências da Natureza, dando atenção espe-
cial ao desenvolvimento de métodos quantitativos e padronizados.
Foram definidos princípios orientadores da investigação e do seu
planejamento, tendo em vista os seguintes objetivos: isolar claramen-
te causa e efeitos, operacionalizar adequadamente as relações teóricas,
medir e quantificar os fenômenos, conceber planos de investigação que
permitam a generalização dos resultados e formular leis gerais. São esco-
lhidas, por exemplo, amostras aleatórias da população para garantir a sua
representatividade. As proposições gerais são formuladas com a maior
independência possível em relação aos casos concretos que se estudaram.
Os fenômenos observados são classificados em termos de frequência e
distribuição.
As situações em que os fenômenos e as relações estudadas
ocorrem são controladas até o limite do possível, a fim de determinar
com o máximo de clareza as relações casuais e sua validade. Os estudos
são desenhados de forma a excluir, na medida do possível, a influência
do investigador (entrevistador, observador, etc.). Essas medidas deve-
riam assegurar a objetividade do estudo, uma vez que são, em larga
medida, eliminadas tanto a visão subjetiva do investigador como as dos
sujeitos do estudo. Foram formulados padrões gerais obrigatórios para
a realização e avaliação da pesquisa empírica nas Ciências Sociais e pro-
cedimentos como a produção de questionários, a elaboração dos planos
de pesquisa, a análise estatística dos dados ganharam um refinamento
crescente (Flick, 2002, p. 2-3).
As ideias centrais orientadas à investigação qualitativa são dife-
rentes das da investigação quantitativa. Segundo Flick (2002, p. 4),
os seus traços essenciais são: “a correta escolha de métodos e teorias
apropriadas; o reconhecimento e análise de diferentes perspectivas; a
reflexão do investigador sobre a investigação, como parte do processo
de produção do saber; a variedade dos métodos e perspectivas”.
Obviamente, a decisão de fazer uma investigação quantitativa
ou qualitativa depende, fundamentalmente, da colocação da questão
e da reivindicação de representatividade. Atualmente os pesquisadores
162 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Bassoli de Oliveira
ginal. Esse texto entendemos como um novo tipo de dado, que é a base
para a interpretação. “A interpretação dos dados é o cerne da investigação
qualitativa” (Flick, 2002, p. 179).
28
Ministrar duas horas/aulas por semana, significa uma carga horária de 30 horas por
semestre, considerando que um semestre letivo na UFSM dura 15 semanas.
O aprender genético tem três princípios:
29
Módulo 6 (B e L):
Campo de experiência e de aprendizagem
Seminário 6 (B e L):
Campo de movimento “Correr, saltar, lançar”
Possibilidades elementares de movimento
Correr, saltar e lançar são possibilidades elementares de movimen-
to do homem e são a base de muitas disciplinas esportivas e da cultura
diária de movimento e de jogo. Nesse sentido, as diferentes formas de
correr, saltar e lançar não devem ser ensinadas somente como disciplinas
esportivas de atletismo, mas sim em suas múltiplas possibilidades para
um se-movimentar orientado à saúde e também para o rendimento. Os
movimentos de correr, saltar e lançar devem ser ensinados, na formação
universitária, nas seguintes perspectivas:
1ª) Histórica: os estudantes devem reconhecer e entender que as formas de
movimento de correr, saltar e lançar, assim como a modalidade espor-
tiva de atletismo no seu desenvolvimento histórico, tiveram diferentes
sentidos e foram realizadas em distintos tipos de movimento. A refle-
xão sobre esses processos históricos devem elucidar uma compreensão
para os desenvolvimentos culturais e, assim, para a complexidade das
possíveis definições de sentido – também para atuais habilidades de
movimento/movimentos técnicas (Coletivo de Autores, 1992).
CAPÍTULO 3
Proposta de Currículo Modularizado ao Curso de Educação Física Licenciatura do CEFD da UFSM
169
movimento. Mas isso não acontece. Não são corpos que correm, saltam,
lançam. São crianças que fazem isso” (Tamboer, 1985, p. 389). Assim,
não enxergamos nenhuma forma de movimento como Fosbury Flop,
reversão para a frente, salto de lançamento, etc., mas pessoas que se
movem de uma maneira específica. Este se movimentar, para o obser-
vador, faz sentido. Uma teoria do movimento útil deve referir-se ao se
movimentar, para a ação do movimento, e não ao “movimento” abstrato.
A tentativa de compreender pessoas em movimento, principal-
mente como corpos no entendimento anatômico-fisiológico (Tamboer,
1985, p. 389) do ponto de vista da mecânica do movimento, deve
falhar. Já Buytendijk (1956) debruçou-se sobre um conceito de movi-
mento humano. Para ele, o movimento humano não deve ser entendido
como uma modificação local de um corpo no espaço e no tempo. É
sempre um sujeito que se movimenta, uma situação em que há movi-
mento e um significado que é seguido pelo movimento.
Com base nessas considerações, Gordijn desenvolveu seu concei-
to de movimento humano, seu conceito de “compreensão dialógica do
movimento”. O movimento humano é um diálogo entre o homem e o
mundo. O termo “mundo” significa a totalidade de pessoas e coisas e
como elas se relacionam umas com as outras. De acordo com Gordijn,
a pessoa pode falar sobre comportamento quando um sujeito responde
para algo que está fora dele e assim responde ao que ele aborda (anspre-
chen) no mundo externo. Essa resposta é perceptível como uma resposta
de movimento, tem uma forma (Gestalt) e configura uma “forma de
significados subjetivos e objetivos” (Tamboer, 1985, p. 392).
O movimento, portanto, é compreendido como não sendo do
homem e nem do mundo, mas sim somente do seu relacionamento. Com
isso Gordijn quer expressar que ele não aceita uma separação das instân-
cias diferentes dentro do acontecimento; por exemplo, uma separação
do corpo e do espírito, do motriz e da intenção. A intenção, o sentido,
que preconfiguramos em relação à avaliação do resultado final, não pode
e não deve ser separada do que acontece nas modificações da posição do
corpo pelo movimento. O se movimentar sempre está cheio de inten-
ções, sempre é um homem que se movimenta. Esse movimento tem um
produto individual e especial. Dentro do diálogo, dentro desse jogo da
pergunta e resposta, o homem identifica significados motrizes das coisas
e dos outros homens. Ele projeta os significados na pergunta: “O que
poderia ser isso?”, e recebe o significado na resposta e no processo global
do diálogo (ver textos sobre o módulo 1 (B e L).
CAPÍTULO 3
Proposta de Currículo Modularizado ao Curso de Educação Física Licenciatura do CEFD da UFSM
175
30
Para entender o processo de aprendizagem motora, recomenda-se a Teoria do “stimulus-
response-effect-relations” (estímulo-resposta-efeito-relações), que é a base da explicação
científica do controle motor e da aprendizagem motora (Scherer, 2018, p. 197)
31
Ao procedimento didático nos guiamos pela concepção problematizadora (Beckmann;
Hildebrandt-Stramann; Wichmann, 2009, p. 31-44).
180 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Bassoli de Oliveira
32
Sobre a teoria da “oficina de movimento” ver Hildebrandt-Stramann e Taffarel (2017,
p. 51-66).
CAPÍTULO 3
Proposta de Currículo Modularizado ao Curso de Educação Física Licenciatura do CEFD da UFSM
185
Módulo 6 (B e L):
Campo de experiência e de aprendizagem
Seminário 1 (B e L):
Campo de movimento “Movimentar-se com e sem aparelhos”
A ginástica tradicional é dividida em cinco áreas olímpicas: barra
paralela, barra fixa, ginástica de argola, ginástica de solo e cavalo. Em
contraste, há uma classificação de tais movimentos que são caracterís-
ticos da ginástica: saltar, balançar, oscilar, escalar, girar, dobrar e equili-
brar. Na linguagem da fenomenologia, esses movimentos também são
denominados como “áreas de significado da ginástica”. Na Educação
Física é importante ensinar essas áreas de significado para que os alunos
também possam “chamar” os significados em termos de atividade física.
Para que isso seja bem-sucedido o professor deve ser capaz de transfor-
mar as áreas de significado didaticamente. Isso será explicado usando o
exemplo do campo de significado “balancar/oscilar”. Para que os alunos
explorem a área do significado “balançar/oscilar” eles devem:
– iniciar a balançar/oscilar
– ficar balançando/oscilando
– saber aumentar o balançar/oscilar
– saber terminar o balançar/oscilar.
CAPÍTULO 3
Proposta de Currículo Modularizado ao Curso de Educação Física Licenciatura do CEFD da UFSM
189
33
Todas as competências dos pontos 1, 2 e 3 podemos resumir sob a competência da
“transformação didática”.
CAPÍTULO 3
Proposta de Currículo Modularizado ao Curso de Educação Física Licenciatura do CEFD da UFSM
191
34
A base teórica para este procedimento didático são as teorias da aprendizagem motora e
aqui as teorias da percepção com as explicações de assimilação e acomodação e na base da
teoria sobre Ação – Efeito – Realizações (Scherer; Bietz, 2013, p. 129-147).
192 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Bassoli de Oliveira
Resenha didática
A característica para esta aula não é uma forma linear de procedi-
mento, mas sim uma maneira concêntrica. Um exemplo típico para um
procedimento linear são séries metódicas de exercícios que devem levar o
CAPÍTULO 3
Proposta de Currículo Modularizado ao Curso de Educação Física Licenciatura do CEFD da UFSM
193
T = Tarefa
M = meta, objetivo
TT1
T1
Fonte: Os autores.
Fonte: Hildebrandt-Stramann.
CAPÍTULO 3
Proposta de Currículo Modularizado ao Curso de Educação Física Licenciatura do CEFD da UFSM
195
Módulo 6 (B e L):
Campo de experiência e de aprendizagem
Seminário 5 (B e L):
Campo de Movimento “Movimentar-se na água”
As aulas de natação na escola auxiliam as crianças e adolescentes
no processo de aprender a nadar e de usar a água de várias maneiras. O
objetivo é que as crianças e jovens desenvolvam neste processo confiança
na e com a água.
Crianças e jovens devem vivenciar o “se-movimentar na água”
como uma ação prazerosa. No ponto central desse objetivo está o desen-
volvimento do “sentimento de movimento na água” (Lange; Volck, 1999,
p. 21). Refere-se à capacidade de “reagir apropriadamente às condições da
água, percebê-la com sensibilidade no movimento e aprimorar o movi-
mento” (Lange; Volck, 1999, p. 21). Este objetivo vale para todos os
estágios do processo da disputa motora do homem com o elemento água.
A seguir serão discutidas as condições pedagógicas e didáticas fun-
damentais para o desenvolvimento do “sentimento de movimento na
água”. Para esse fim, dividimos nossas considerações da seguinte maneira:
em um primeiro passo é esclarecida a compreensão do “sentimento de
movimento na água”. No segundo passo o campo de movimento “Movi-
mentar-se na água” é dividido didaticamente em três etapas do confronto
motor com a água, ou seja: o confronto exploratório (1º nível), o con-
fronto de nadar (2º nível) e o confronto criativo (3º nível). Na terceira são
apresentadas as principais características de um conceito de mediação.35
35
Este procedimento didático foi a base para o curso na CM “Movimentar se na água”
com os estudantes de Licenciatura. Um dos objetivos era que os alunos adquirissem a
“capacidade de transformação didática”.
196 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Bassoli de Oliveira
Fonte: Hildebrandt-Stramann.
forma inventiva (Tamboer, 1979; Kunz, 2010, p. 123). O que isso signi-
fica no contexto do campo da experiência e aprendizagem “movimentar
se na água” é esclarecido na sequência.
1. A forma correta de “transcender limites”
ou a transcendência exploratória
As mencionadas condições físicas da água, por um lado, e as
experiências corporais ligadas com estas condições físicas, por outro, são
circunstâncias importantes para a estruturação dos processos de aprendi-
zagem nesta etapa do encontro exploratório com o elemento água. Ilus-
tramos isso com o seguinte exemplo: muitas vezes observamos crianças
que se movem nadando peito, fazendo uma forte inclinação do corpo na
água. Uma das principais causas nos parece ser que essas crianças ainda
não ganharam confiança na carga da flutuação da água e, portanto, levam
a cabeça contraída no pescoço e colocam a cabeça bem contraída sobre
a água, bem como procuram com os pés um contato seguro com o solo.
Para aqueles que ainda não tiveram qualquer experiência de flutuação
(veja o ponto 1 na Figura 8) a água não tem o significado de ser um
elemento de suporte de carga.
Então ela não perceberá a água como tal elemento, pelo menos
não até que tenha tido essas experiências. As ações nas quais percepções
transmitem diretamente significados estão sob a influência de sistemas
psíquicos superiores de motivação e emoção. Por isso, para os alunos
observados não é possível entregar-se pela capacidade de suporte da água,
por que têm medo de afundar nesse elemento. O quadro de referência
superordenado “afundandar na água e estar sem ar” marca o fato para
possíveis percepções. Em tais casos, primeiramente é necessário mudar
o sistema de referência superordenado, a fim de abrir caminho para o
aprendiz ter percepções relevantes. Deve ser considerado, no entanto, que
as capacidades de flutuação da água só podem ser percebidas na interação
ativa com ela. Para essas crianças, assim como para aqueles que não preci-
sam voltar a esse quadro de referência, oferecemos situações experienciais
nas quais elas podem experimentar fisicamente a capacidade de suporte/
carga da água com tais materiais para que possam se sentar, ficar em pé,
deitar sem afundar. Somente uma reestruturação fundamental dos esque-
mas de percepção existentes – no exemplo dos esquemas disfuncionais
– leva à realização do objetivo deste passo: mover-se livremente na água e
ser capaz de desenvolver as primeiras formas de movimento do nadador.
198 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Bassoli de Oliveira
Sentido d e movimento da ág ua
Capacidad e
Mover-s e d eitado
Puxar-s e at ravés
na ág ua/numa Emp u rr ar-s e da ág ua
da ág ua
posição horizontal
Fonte: Hildebrandt-Stramann.
200 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Bassoli de Oliveira
Sentido d e movimento da ág ua
Combinação
Natação Natação Nadar Config u rar
dos
orientada Natação orientada Natação
diferentes em saltar
para d esportiva para a meditativa
estilos g ru pos na ág ua
fitness avent u ra
d e nadar
Fonte: Hildebrandt-Stramann.
36
“Tarefa de movimento” é um método para encenar processos de ensino/aprendizagem.
Uma “tarefa de movimento” descreve claramente o que a gente deve fazer, mas não como,
isto é, não determina a ação motora do aprendiz, como ele deve realizar o movimento.
Em contraste com isso está a instrução de movimento, que descreve exatamente como
o aluno deve se mover. Na concepção didática das aulas abertas à experiência a “tarefa
de movimento” é um método básico para encenar processos de aprendizagem.
204 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Bassoli de Oliveira
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de formação em Educação Física e, portanto, a reestru-
turação curricular, é um processo teórico complexo que requer a partici-
pação efetiva de docentes, estudantes, técnicos em assuntos educacionais
(TAEs) e das instituições receptoras, por intermédio de um diálogo acadê-
mico-científico. Embora, historicamente, essa aproximação nunca tenha
sido tarefa fácil no Brasil e o processo de formação tenha sempre estado
longe de uma unanimidade teórica, o CEFD da UFSM se propôs, a partir
de um Acordo de Cooperação Internacional entre a UFSM e a Univer-
sidade Técnica de Braunschweig (Alemanha) – 2019 a 2024 – discutir a
possibilidade de uma formação profissional diferenciada da atual, a partir
da Base Nacional Curricular Comum (Brasil, 2018) e da Resolução nº 4
de 2018, considerando a proposta de currículo modularizado, elaborado
pelo professor Reiner Hildebrandt-Stramann e um grupo de docentes do
CEFD. Com a reforma curricular em curso no CEFD, está em discus-
são a incorporação de um Módulo nos novos projetos pedagógicos dos
cursos de Educação Física – Licenciatura e Bacharelado (2019-2020), na
chamada fase de formação comum (Res. nº 4, 2018), como experiência,
a ser acompanhada e avaliada pelo Núcleo Docente Estruturante (NDE).
O processo de formação no Brasil esteve imobilizado por muito
tempo, contudo, com o clamor da área consubstanciado pelo processo
de formação continuada dos profissionais em atividade na década de 80
do século 20, ensejou-se uma revolução que culminou com a decretação
da Resolução 03/87 CES/CFE/MEC. Foi então que a formação passou
a ganhar um novo patamar, assim como estreou um novo modelo de
formação acadêmica no país, um processo que não mais exigia currículo
mínimo e abria possibilidades para que as diversas instituições pudessem
elaborar seus desenhos curriculares.
A Educação Física foi a primeira área a ter essa liberdade de elabo-
ração curricular sem a exigência de se cumprir um currículo mínimo esti-
pulado pelo Ministério da Educação. Esta Resolução determinava apenas
210 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Bassoli de Oliveira
REFERÊNCIAS
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nen drehen einen Lernfilm. Lehrhilfen des Sportunterrichts, 68 (2), p. 31-35,
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214 Reiner Hildebrandt-Stramann – Marli Hatje – Luciana Erina Palma – Amauri Bassoli de Oliveira