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Responsabilidade social e
desenvolvimento sustentável
1ª Edição
Brasília/DF - 2020
Autores
Verônica Brito Aguiar
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e
Editoração
Sumário
Organização do Livro Didático........................................................................................................................................5
Introdução...............................................................................................................................................................................7
Capítulo 1
Um olhar sobre a contemporaneidade: contextualizando a discussão.......................................................9
Capítulo 2
Para entender o desenvolvimento sustentável................................................................................................. 19
Capítulo 3
Responsabilidade social: primeiras aproximações.......................................................................................... 28
Capítulo 4
Gestão de responsabilidade social: estratégias e possibilidades............................................................... 42
Capítulo 5
Educação ambiental e desenvolvimento sustentável.................................................................................... 61
Referências........................................................................................................................................................................... 89
4
Organização do Livro Didático
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e
coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros
recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também,
fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático.
Atenção
Cuidado
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
Importante
Observe a Lei
Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem,
a fonte primária sobre um determinado assunto.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.
5
Organização do Livro Didático
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Saiba mais
Gotas de Conhecimento
Sintetizando
Posicionamento do autor
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
6
Introdução
Como o próprio nome diz, neste Livro Didático, vamos nos dedicar ao estudo, reflexão e
problematização sobre questões ligadas à ética, à responsabilidade social e ao
desenvolvimento sustentável. O que é ética? Por que temos ouvido falar, de forma
recorrente, desse termo? O que está sendo chamado de responsabilidade social? Em
que sentido as discussões sobre ética e responsabilidade social afetam nossa vida
pessoal e/ou profissional? Como podemos inserir os princípios do desenvolvimento
sustentável em nossos processos de gestão? Essas são algumas das principais
reflexões que serão desenvolvidas neste Livro Didático.
Objetivos
7
8
CAPÍTULO
UM OLHAR SOBRE A
CONTEMPORANEIDADE:
CONTEXTUALIZANDO A DISCUSSÃO 1
Introdução
Objetivos
9
CAPÍTULO 1 • Um olhar sobre a contemporaneidade: contextualizando a discussão
Estamos imersos em uma realidade histórica e, por vezes, não nos damos conta de
que muitas mudanças têm acontecido neste contexto, pois a produção moderna nos
impõe um ritmo acelerado de trabalho e as mudanças tecnológicas acontecem de
modo tão natural e sutil que não podemos notar a proporção que tomam em escala
global.
Saiba mais
Filosofia é um termo que vem do grego Philos-sophia e significa amizade pela sabedoria. Já o conceito de reflexão
vem do latim reflectere e quer dizer fazer retroceder, voltar atrás, revelar, pensar, espelhar.
Ou seja, o trabalho filosófico-científico que estamos fazendo implica uma reflexão profunda do mundo, que requer
necessariamente o entendimento dos fatos históricos e da conjuntura posta na atualidade.
Isso significa que a Filosofia parte de um entendimento de mundo prévio para a ação pragmática.
É muito comum, nos dias de hoje, ouvirmos falar que estamos vivendo um momento de
crise: social, de valores, de identidade, na família, na educação... Entretanto, ao olharmos
ao longo do tempo, de forma mais minuciosa, perceberemos que a noção de crise faz
parte da história da humanidade.
10
Um olhar sobre a contemporaneidade: contextualizando a discussão • CAPÍTULO 1
Importante
Entenda! Crise é um estado em que a dúvida, a incerteza e o declínio se sobrepõem, temporariamente ou não, ao que
estava estabelecido como ordem econômica, ideológica, política etc. Perpassa pela ideia de ausência ou deficiência
de algo; carência, escassez, falta. Ou seja, significa decisão, sentença, juízo, separação, e envolve distintos campos de
análise, tais como Sociologia, Política, Economia, Medicina, Psicopatologia, entre outras.
11
CAPÍTULO 1 • Um olhar sobre a contemporaneidade: contextualizando a discussão
Segundo Capra (2006), tudo isso é reflexo de uma crise de percepção que leva o
indivíduo a pensar de forma linear e, assim, acreditar que, para cada ação, há somente
uma reação. Dete modo, o sujeito não compreende as demais consequências oriundas
de seu consumo em massa.
Logo, neste capítulo queremos desenvolver o olhar crítico do aprendiz. Vamos pensar,
em linhas gerais, o que vem gerando as crises sociais e ecológicas nas últimas cinco
ou seis décadas e sensibilizar você para o fato de que ações éticas e responsáveis são
o meio para superar tais questões.
Figura 1. Globo.
12
Um olhar sobre a contemporaneidade: contextualizando a discussão • CAPÍTULO 1
» a falta de valores morais que balizariam as decisões humanas pode fazer com que os
tomadores de grande decisões desprezem valores de justiça.
13
CAPÍTULO 1 • Um olhar sobre a contemporaneidade: contextualizando a discussão
Sugestão de estudo
Sugerimos, neste ponto, duas leituras complementares que serão fundamentais à ampliação e consolidação desse
panorama inicial apresentado. Uma primeira leitura recomendada é o livro Terra-pátria, de Edgar Morin e Anne
Kern. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/307749/mod_resource/content/1/LIVRO%20-%20
Terra%20P%C3%A1tria%20-%20EDGAR%20MORIN.pdf Acesso em 28 abr. 2020.
Destacamos, ainda, o livro Educação. Um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da Comissão Internacional
sobre Educação para o século XXI, organizado por Jacques Delors. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/
ark:/48223/pf0000109590_por Acesso em: 28 abr. 2020.
Ambos os livros trazem importantes elementos para auxiliar a nossa compreensão desta virada de século e os
impactos, desafios e perspectivas colocadas.
Salientamos apenas que o segundo tem um foco maior sobre o campo da educação – trata-se, enfim, do Relatório
da Unesco sobre o tema – mas pelas próprias características dessa área e suas múltiplas interfaces com os demais
campos de atuação profissional, acreditamos tratar-se igualmente de uma publicação de grande interesse e
relevância.
14
Um olhar sobre a contemporaneidade: contextualizando a discussão • CAPÍTULO 1
Saiba mais
No que se trata do caráter da vida humana, alterações no nível de expectativa de vida estão associadas a diversas
oportunidades sociais que são cruciais como serviços de saúde, desempenho educacional, liberdades políticas
que fomentam uma melhor qualidade de vida para a população (VEIGA, 2010). Esse conceito caracteriza o
Desenvolvimento Humano.
Importante
Atenção
O crescimento econômico não se traduz necessariamente em qualidade de vida, pois depende que conquistas reais
sejam alcançadas, tais como: promoção de saúde, oferta de educação de qualidade, ampliação da participação
política dos cidadãos, preservação ambiental.
15
CAPÍTULO 1 • Um olhar sobre a contemporaneidade: contextualizando a discussão
» Padrão de vida decente: incluindo a análise da Renda Nacional Bruta (RNB) per
capita e corrigindo o poder de compra da moeda de cada país pela Paridade de
Poder de Compra (PPC);
Figura 2. O IDH.
Expectativa de
Saúde
Vida
Anos Médios de
Escolaridade
Novo IDH Conhecimento
Anos Esperados
de Escolaridade
Padrão de Vida
decente RNB pc
Fonte: Nota técnica de Apoio ao Lançamento do Relatório de Desenvolvimento Humano 2010 –“A verdadeira riqueza das
nações”.
16
Um olhar sobre a contemporaneidade: contextualizando a discussão • CAPÍTULO 1
Oriundo, dessa análise, está o fato histórico de 27 de novembro de 2007 o PNUD ter
incluído o Brasil, pela primeira vez, no grupo de países de Alto Desenvolvimento
Humano. Essa notícia veio com a divulgação do Relatório de Desenvolvimento
Humano (RDH) 2007/2008.
Tal documento permite a compreensão de que entre 1990 e 2018, o Brasil apresentou
um crescimento de 24% no seu IDH e, atualmente, se mantém no grupo de países
com Alto Desenvolvimento Humano. Em 2018, sua posição no ranking de 189 países
é a 79ª, juntamente com a Colômbia (PNUD, 2020).
A esta altura, é provável que você esteja se perguntando: “o que eu tenho a ver com
tudo isso? Por que tenho que estudar essas ‘coisas’”?
Para refletir
Apenas com esse olhar as sociedades podem falar de um desenvolvimento real, em que a concepção humana
é plenamente respeitada e as condições mínimas de sobrevivência e de sustentabilidade são respeitadas. E, em
breve, será sua oportunidade, como profissional no mercado de trabalho, de agir, ainda que em escolhas pontuais e
regionais, de modo a sanar demandas sociais por dignidade e ética corporativa!
O mais importante para nossa reflexão, neste momento, é pensar sobre as consequências e
desdobramentos dos dados coletados.
Os estudos mais recentes sobre o Brasil apontam que crianças e adolescentes, entre cinco e 17
anos, recebem incentivos de políticas públicas para o acesso e frequência às escolas. No
entanto, brechas de acesso ainda são observadas nos níveis finais dos ensinos fundamental
e médio.
17
CAPÍTULO 1 • Um olhar sobre a contemporaneidade: contextualizando a discussão
Observe a lei
É importante lembrar que o Artigo 26 da Declaração Universal dos Direitos Humanos estabelece:
Toda pessoa tem direito à educação (...) A educação terá por finalidade o pleno
desenvolvimento da personalidade humana e o fortalecimento do respeito aos
direitos humanos e às liberdades fundamentais; favorecerá a compreensão, a
tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos étnicos ou religiosos...
(ASSEMBLEIA GERAL DA ONU, 1948).
As informações compiladas entre 2012 e 2017 revelam, ainda, uma desigualdade racial:
Comparando os dados do IDH para a população branca e negra no Brasil, sabe-se que
o IDH dos negros em 2010 se equiparou ao IDHM dos brancos em 2000. Ou seja, a
diferença entre o IDH de negros e brancos reduziu-se significativamente. Além disso,
em 2017 o IDH dos negros apresentou mais um avanço, apesar de ainda estar 10%
menor que o IDH da população branca. (ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
NO BRASIL, 2020).
Diante desses fatos, entre outros pontos a desenvolver indicados nestes relatórios,
é importante pensar “até quando nossa sociedade poderá suportar esses alarmantes
índices de desigualdade social?”. Por isso, para o aprendiz, profissional em formação e
futuro gestores, é preciso a formação de consciência e sensibilização para a importância
da ação ética e socialmente responsável.
Por isso, neste primeiro capítulo, não nos propusemos a dar respostas, mas, sobretudo
a exercitar reflexões. Encerramos, assim, essa primeira etapa de nossos estudos: cheios
de questões e esperançosos por plantar boas sementes para os frutos dos capítulos que
virão.
Sintetizando
» Algumas aproximações em direção à importância de se estudar a relação entre ética, responsabilidade social e
desenvolvimento sustentável.
» Buscamos ainda compreender que as noções de crise e de mudança fazem parte da própria história da
humanidade e devem, assim, ser incorporadas à análise que fazemos da realidade.
» Alguns dados e informações atuais que nos ajudam a compreender, de forma mais ampliada, o atual contexto em
que estamos vivendo.
» A noção de Desenvolvimento Humano, apontando como essa perspectiva amplia o entendimento sobre o que é
desenvolvimento, indo além do critério econômico.
18
CAPÍTULO
PARA ENTENDER O
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 2
Introdução
Objetivos
19
CAPÍTULO 2 • Para entender o desenvolvimento sustentável
Desenvolvimental Econômica
Social
20
Para entender o desenvolvimento sustentável • CAPÍTULO 2
Su s t e n t a b i l i d a d e d e n o m i n a a “t e n d ê n c i a d o s e c o s s i s t e m a s à e s t a b i l i d a d e,
à h o m e o s t a s e , a o e q u i l í b r i o d i n â m i c o, b a s e a d o n a i n t e r d e p e n d ê n c i a e
complementaridade das formas vivas diversificadas” (HERCULANO, 2013). Existem
diversas definições de sustentabilidade, contribuindo sensivelmente para uma
dificuldade operacional do conceito. Assim sendo, examinemos suas origens.
Importante
O conceito de sustentabilidade é complexo e pode ser desmembrado em seis dimensões: social, ecológica, espacial,
cultural, político-institucional e econômica. Vale ressaltar que existe uma íntima relação entre elas, de maneira que
ao promover intervenções em uma, estamos ajudando na promoção da outra.
Quando o conceito surgiu, algumas críticas foram dirigidas à ideia de uma sustentabilidade
como “manutenção” de ecosistemas e de modelos socioeconômicos. Assim sendo, lutar pela
sustentabilidade social implicaria lutar para manter o quadro social atual em que os países
ricos continuam cada vez mais ricos e os países pobres, cada vez mais pobres. Surgiu, assim,
a necessidade de explicitar os diferentes sentidos do termo e as dimensões a ele atreladas.
Comecemos pelo estudo de suas dimensões:
21
CAPÍTULO 2 • Para entender o desenvolvimento sustentável
Sugestão de estudo
Em sua obra, Vilson Carvalho analisa a importância da cultura local como elemento fundamental para a valorização
da memória local e, consequentemente, da identidade daqueles que vivem ali, bem como para a mobilização
de forças em prol de uma causa comum. A valorização de elementos culturais representa mais do que a mera
preservação do passado, mas a possibilidade de construir um futuro valorizando o que as gerações passadas fizeram
e evitando cometer com elas os mesmos erros.
Saiba mais
Fonte: http://amazonia.org.br/2012/07/ignacy-sachs-desenvolvimento-sustent%C3%A1vel-s%C3%B3-%C3%A9-
poss%C3%ADvel-com-interven%C3%A7%C3%A3o-do-estado-no-mercado/. Acesso em: 5 abr. 2020.
Sachs foi pioneiro ao pensar as diferentes dimensões da sustentabilidade. Original da Polônia e naturalizado francês,
Ignacy Sachs é um dos sociólogos mais respeitados da atualidade. O estudioso foi Assessor especial da ONU, durante
a Rio-92, e atua, hoje, como professor da École des Hautes Études Sociales de Paris.
Convém citar que das seis dimensões adotadas pelo Ministério do Meio Ambiente brasileiro, cinco delas foram
propostas por Sachs, tendo sido incluída apenas a dimensão político-institucional.
22
Para entender o desenvolvimento sustentável • CAPÍTULO 2
Em seus estudos, Tarté (1995, p. 49) indica que: “a ideia de sustentabilidade induz a
uma ótica de desenvolvimento por si só, uma vez que trata de dimensões econômicas
e sociais orientadas a satisfazer as necessidades e aspirações humanas essenciais”.
Dando força à noção de que “desenvolvimento sustentável” não é uma ideia moderna,
pois os fatos históricos, citados por Meadows et al. (1972, p. 98), demonstram que
“o Clube de Roma, em 1972, já havia utilizado o termo sustentável, ao defender a
importância do desenvolvimento de um sistema mundial sustentável capaz de satisfazer
as necessidades materiais básicas de todos os habitantes do planeta”.
23
CAPÍTULO 2 • Para entender o desenvolvimento sustentável
Importante
Entenda! O Clube de Roma é um grupo que se reúne para debater assuntos relacionados a política, economia
internacional, meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Tal grupo tornou-se mais conhecido a partir de 1972,
ao publicar o relatório “Os Limites do Crescimento” ou “Relatório do Clube de Roma” ou “Relatório Meadows”.
Esse documento trata de problemas cruciais para o futuro desenvolvimento da humanidade, tais como energia,
poluição, saneamento, saúde, ambiente, tecnologia e crescimento populacional. Após publicado, vendeu mais de 30
milhões de cópias em 30 idiomas, tornando-se o livro sobre ambiente mais vendido da história.
Além do grupo citado, outra instituição de relevância na história do tema é o Conselho de desenvolvimento
sustentável (CDS) – da Organização das Nações Unidas (ONU). Essa comissão foi criada em 1992, visando assegurar
continuidade da Conferência das Nações Unidas para Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92). Por isso, é
responsável por acompanhar o processo de implementação da Agenda 21 e a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento.
A Comissão encontra-se, atualmente, sediada em Nova Iorque e, de dois em dois anos, reúne líderes mundiais e
organizações não governamentais para tentar trazer soluções para a degradação ambiental.
Saiba mais
Para saber mais, leia o artigo de Gómez, W.: “Desenvolvimento Sustentável, Agricultura e Capitalismo” (p. 95-116) no
livro de BECKER, D. Desenvolvimento sustentável: necessidade e/ou possibilidade. Santa Cruz do Sul: EDUNISC,
1999.
24
Para entender o desenvolvimento sustentável • CAPÍTULO 2
Atenção
Figura 5. Sustentabilidade.
O Tripé da Sustentabilidade
25
CAPÍTULO 2 • Para entender o desenvolvimento sustentável
Foi deliberado, assim, que entre 2015 e 2030, haverá um esforço internacional para
dar fim à pobreza e à fome. Além disso, nos países signatários visam-se combater
as desigualdades; construir sociedades pacíficas, justas e inclusivas; proteger os
direitos humanos e promover a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres
e meninas; e assegurar a proteção duradoura do planeta e seus recursos naturais.
Segundo a ONU (2015), a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável “é um
plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade. Ela também
busca fortalecer a paz universal com mais liberdade”.
Saiba mais
Para conhecer todos os objetivos elencados pela Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável visite o site da
ONU: https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/.
É importante citar que, além das questões sobre a dignidade humana, os países
participantes da Rio+20 demonstraram preocupação com a produção e o consumo
sustentável. Segundo Pimenta e Nardelli (2015), foi adotado, então, um quadro de
programas sobre produção e consumo sustentável estabelecido com o objetivo de guiar
os países nos próximos dez anos para tornar seus padrões mais sustentáveis. Além
disso, há um incentivo ao fortalecimento de pesquisas sobre as melhores tecnologias
para uma produção mais limpa.
26
Para entender o desenvolvimento sustentável • CAPÍTULO 2
Com essa reflexão encerramos mais este capítulo. Em breve nos aprofundaremos
sobre as ações que podemos tomar, como gestores e colaboradores institucionais,
para colaborar e para ancorar nossas atuações em um padrão ético e responsável.
Sintetizando
» O desenvolvimento sustentável possui seis aspectos prioritários que devem ser entendidos como metas: 1) a
satisfação das necessidades básicas da população (educação, alimentação, saúde, lazer); 2) a solidariedade para
com as gerações futuras (preservação da realidade ambiente para elas); 3) a participação da população envolvida
(conscientização da necessidade de conservar o ambiente e fazer cada um a parte que lhe cabe para tal); 4) a
preservação dos recursos naturais (água, oxigênio); 5) a elaboração de um sistema social garantindo emprego,
segurança social e respeito a outras culturas (erradicação da miséria, do preconceito e do massacre de populações
oprimidas como, por exemplo, os índios); 6) a efetivação dos programas educativos (viabilização de sua criação e
continuidade).
» Para aplicação, pelo menos parcial, de uma política de desenvolvimento sustentável, é preciso que diferentes
setores se comprometam com sua aplicabilidade no cotidiano.
27
CAPÍTULO
RESPONSABILIDADE SOCIAL:
PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES 3
Introdução
Neste capítulo, vamos nos aprofundar um pouco mais. Para isso, vamos reunir
alguns conceitos e discutir os vieses de cada definição sob os prismas da ética e da
responsabilidade social. Vale dizer que vamos fazer essa análise sempre de forma
contextualizada.
Objetivos
Como vimos anteriormente, o progresso científico e o avanço tecnológico não são elementos
suficientes para assegurar o bem-estar e o desenvolvimento social. Por isso, é necessária a
28
Responsabilidade social: primeiras aproximações • CAPÍTULO 3
Importante
Figura 6. Ditadura.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/vector-propaganda-poster-obey-style-follow-1102336421.
Acesso em: 29 abr. 2020.
Entre 1o de abril de 1964 e 15 de março de 1985, a nação viveu sob comando de governos militares, de caráter
autoritário. Esse regime assumiu as diretrizes do poder através de um golpe, com o discurso de que faria uma
intervenção breve em prol do desenvolvimento do País. Entretanto, mediante o empoderamento de classes
favorecidas, o regime antidemocrático pôs em prática vários Atos Institucionais e afastou o processo democrático de
mudança de governo.
Diante disso, a redemocratização só teve início em 1985 e atingiu seu ponto alto com a Constituição de 1988, quando
foi devolvido aos cidadãos direitos e liberdades civis e passaram a combater as injustiças e desigualdades sociais.
29
CAPÍTULO 3 • Responsabilidade social: primeiras aproximações
A nova legislação prevê que, além do Estado, a iniciativa privada também deve assumir
um papel ativo no desenvolvimento social. Assim, a sociedade civil e as empresas do
mercado produtivo estão imbuídas de responsabilidades no que tange à manutenção
e à promoção da responsabilidade social, conjuntamente, do desenvolvimento.
Essa postura vai ao encontro dos achados de Oliveira (1984, p. 205), um dos primeiros
estudiosos do tema responsabilidade social no Brasil, que afirmam que há uma
“capacidade da empresa de colaborar com a sociedade, considerando seus valores,
normas e expectativas para o alcance de seus objetivos” e que ao aplicar práticas
de responsabilidade social, empresas e sociedade podem atingir seus objetivos com
maior efetividade.
Atua como fonte de políticas públicas e regulador de ações privadas, e orienta o destino
econômico e desenvolvimentista da nação na busca do bem-estar de todos. Para tanto,
em nome da finalidade pública e com respeito aos princípios da universalização e da
impessoalidade, interfere no meio social a partir de recursos públicos.
30
Responsabilidade social: primeiras aproximações • CAPÍTULO 3
Por isso, o setor primário está relacionado aos recursos naturais, uma vez que estes
pertencem a todos os cidadãos da nação.
São os geradores de riquezas. Para tanto, usam recursos privados para fins privados.
Neste setor estão as indústrias que compram recursos naturais para transformá-los em
produtos.
Isso significa que países com bom grau de desenvolvimento possuem uma expressiva base
econômica concentrada no setor secundário.
Neste setor estão as instituições que não são públicas, por não pertencerem à
Administração direta estatal, nem privada, por não visarem essencialmente ao lucro.
Em outros termos, nesse grupo estão as organizações com capital privado que possuem
objetivos sociais ou públicos.
Ou seja, tal ramo de atuação é composto pelas organizações com fins não econômicos
que trabalham pela transformação social e buscam beneficiar grupos ou coletividades.
São as organizações não governamentais (ONGs), as associações comunitárias,
os movimentos sociais, as entidades filantrópicas, as fundações e os institutos
empresariais.
Atenção
Para compreender melhor a diferença entre os três setores, observe a tabela comparativa a seguir:
A figura a seguir exemplifica as fontes dos recursos que financiam o terceiro setor.
31
CAPÍTULO 3 • Responsabilidade social: primeiras aproximações
Financiam o
Terceiro Setor
Entenda que os três setores coexistem e são complementares entre si. O Estado
organiza, a iniciativa privada produz riquezas e o terceiro setor apoia a sociedade
em demandas não alcançadas pela mão ampla do estado. Logo, não há que se pensar
em oposição entre surgimento do terceiro setor e o Governo ou a iniciativa privada.
Pois a organização da sociedade civil, sem fins econômicos, surge dos movimentos
sociais e populares e vem complementar e fortalecer estratégias desenvolvidas pelo
Poder Público e pelas empresas. Assim, segundo Moreira e Carvalho (2018, p. 35), são
reunidas “iniciativas e possibilidades de participação de toda a sociedade em ações
coletivas de transformação social”, o que “inclui e oportuniza a participação de todos
os cidadãos e cidadãs na construção de uma ‘sociedade livre, justa e solidária’.”
Porém, vale destacar a importância do terceiro setor, uma vez que as instituições
que o integram compõem um híbrido de interesses entre o bem-estar social e o
desenvolvimento econômico. Além disso, enquanto o primeiro setor abarca políticas
amplas e extensivas a todos, o terceiro setor tem a oportunidade de estar próximo
das comunidades, e, assim, pode direcionar esforços para transformar realidades
específicas. Um exemplo são as ONGs que trabalham com a recuperação de jovens
nas comunidades carentes do Brasil. Estas instituições possuem grande capacidade de
recuperação desses adolescentes, pois podem mitigar as desigualdades promovendo
saúde mental e educação nas esferas em que o Estado é ausente em cada uma das
comunidades.
32
Responsabilidade social: primeiras aproximações • CAPÍTULO 3
Vale explicar que a expressão terceiro setor sugere uma forma de propriedade que se
encontra entre a natureza privada e a estatal; é a terceira via da gestão organizacional.
Essa terminologia sociológica inclui as iniciativas privadas de utilidade pública.
Segundo Brandão et al. (2014), delimitar o vasto espectro de atuação do terceiro
setor não é tarefa fácil. Parte das dificuldades reside no fato de que a divisão da
realidade social em três setores distintos, é artifício precário. Até porque suas ações
são customizadas a cada região que atendem.
Segundo Peter Drucker (1994), o terceiro setor é, atualmente, o setor que mais cresce,
gerando emprego e mobilizando recursos de forma progressiva. No Brasil, segundo
dados do IBGE de 2018, o terceiro setor já gera mais de 2 milhões de empregos e se
distribui nas seguintes atividades:
9%
9%
36%
25%
6%
15%
33
CAPÍTULO 3 • Responsabilidade social: primeiras aproximações
Por não trabalharem com recursos públicos, a prestação de contas das organizações
sociais é simplificada. Portanto, essas instituições são mais ágeis do que as organizações
públicas no atendimento às demandas sociais, fator que as colocam como ferramentas
aplicadas na promoção de desenvolvimento.
Além disso, não há dúvida de que o serviço social brasileiro avançou muito nas últimas
décadas. As ONGs, com o objetivo de diminuir as vulnerabilidades e de providenciar
uma vida social mais satisfatória se profissionalizaram. Suas atuações, atualmente,
contribuem para a formatação de uma ordem social, política e econômica menos
desigual. Segundo Brandão et al. (2014, p. 9), as organizações sociais “são muito mais
do que pessoas unidas em prol de uma causa, são organizações dispostas a transformar
realidades, dar novas oportunidades, mudar paisagens”.
34
Responsabilidade social: primeiras aproximações • CAPÍTULO 3
Importante
O Dicionário Online de Português assim define filantropia: Caridade; demonstração de generosidade; tendência
para ajudar os mais necessitados.
Isso significa que as ações sociais filantrópicas são pautadas pelo assistencialismo e pela abnegação.
No que tange à responsabilidade social há uma ação estratégica corporativa no sentido de apropriar-se do seu
potencial para promover uma ação estratégica na qual a instituição e a comunidade sejam beneficiadas. Neste caso, o
foco está na cidadania e não na caridade.
Foi pioneira ao propor a noção de Balanço Social, um relatório anual que reúne
informações sobre os projetos, benefícios e ações sociais dirigidas aos empregados,
investidores, analistas de mercado, acionistas e à comunidade.
Considera-se que esse instrumento estratégico “teve como principal função tornar
pública a responsabilidade social empresarial, construindo maiores vínculos entre a
empresa, a sociedade e o meio ambiente” (IBASE, 2020). E, além disso, a ferramenta
serviu de base publicitária relevante para multiplicar o exercício da responsabilidade
social corporativa.
35
CAPÍTULO 3 • Responsabilidade social: primeiras aproximações
Importante
Note que nos últimos tempos a economia mundial opera integrada em um contexto mundial. Portanto, há integração
de mercados e queda das barreiras comerciais que favorecem as trocas comerciais e aceleram o fluxo produtivo. Essa
revolução tecnológica e de perspectiva comercial exige das corporações uma competição por insumos e clientela em
escala mundial. Portanto, essas instituições precisam ser reativas às mudanças e estar preparadas para adaptar suas
estratégias de negócio e seus padrões gerenciais para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades decorrentes
da ampliação de seus mercados potenciais.
36
Responsabilidade social: primeiras aproximações • CAPÍTULO 3
Também se constituem modalidades inovadoras de defesa dos direitos coletivos, tais quais
os diversos modos de cuidado com o meio ambiente – exercidos pelo consumo consciente
e pelos modelos de reflorestamento de biomas – ou as defesas dos grupos LGBT – incluindo
representatividade em publicidades. Há, também, o fortalecimento do terceiro setor,
por meio de mídias sociais e pela disseminação de informações e da cultura de
corresponsabilidade.
37
CAPÍTULO 3 • Responsabilidade social: primeiras aproximações
Saiba mais
Bradesco
A instituição bancária lançou o projeto no Morro Dona Marta, no Rio de Janeiro, com a proposta de levar educação
financeira à população carente e reduzir o endividamento. Além disso, a corporação foi a primeira a oferecer seguro
residencial a moradores dessa comunidade. O cuidado com o programa inclui os preços da apólice em valores
populares e as indenizações chegam a R$10 mil. Além disso, o Banco investe em uma parceria com a Fundação
Amazônia Sustentável e contribui para a preservação de milhões de hectares de mata.
Natura
A corporação voltada à produção de cosméticos educa trabalhadores locais para extração sustentável de óleos
vegetais, evitando queimadas. A ação, além de favorecer a comunidade local, preserva um bioma rico e deixa de
derrubar milhares de palmeiras amazonenses. Além disso, é pago às famílias extratoras de matérias-primas uma
espécie de royalty pelo conhecimento local sobre plantas que favorecem a cultura e os valores dos povos ribeirinhos.
38
Responsabilidade social: primeiras aproximações • CAPÍTULO 3
Melo Neto e Froes (2001) afirmam que a responsabilidade social pode ser compreendida por
diversas acepções, entre elas:
» Diretriz de capacitação;
Entretanto, é importante que a corporação defina claramente sob que viés entende a
responsabilidade social. Para isso, é necessário definir o foco e as estratégias de atuação,
além de explicar o seu papel social dentro desta visão. A partir de então, é possível
desenhar as ações a serem implementadas e os resultados esperados. Para isso, são
essenciais a capacitação e a colaboração dos gestores e da equipe do trabalho.
Entretanto, além das diversas acepções conceituais do quem vem a ser a responsabilidade
social, é relevante compreender que a ética também não é uma ideia pronta e fechada,
39
CAPÍTULO 3 • Responsabilidade social: primeiras aproximações
pois sua implementação depende de uma análise conjuntural, a qual inclui fatores
como cultura local, condições situacionais, impactos oriundos das ações etc.
Destaca-se que no universo das ações éticas é básico, antes de mais nada, conhecer
a intenção de uma ação. Logo, no caso do exercício laboral, a motivação de cada
organização para desenvolver ações sociais é um primeiro ponto de análise para que
possamos discutir a perspectiva ética.
Nesse sentido, mais uma vez cresce o valor do terceiro setor como modulador entre
o enrijecimento estatal e a prática da iniciativa privada com fins lucrativos, pois
a organização social, próxima à sociedade, gera conhecimento regionalizado e
especializado que pode contribuir com o próprio repensar da atuação dos demais
setores.
O que nos importa nesse instante é salientar a intrínseca relação que deve haver
entre responsabilidade social e ética. Além disso, é importante pensar a ética em
uma conjuntura aplicada antes de pesar o valor da ação social, uma vez que cada
momento socioeconômico conta com demandas próprias e capacidades de respostas
institucionais distintas.
Figura 12. Ética.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/ethics-business-concept-colorful-wooden-blocks-1108182914.
Acesso em: 1o mai. 2020.
40
Responsabilidade social: primeiras aproximações • CAPÍTULO 3
Falar em ética implica a busca do bem coletivo, por meio da análise do menor
dano e maior ganho para todos. O equilíbrio entre a ação econômica e o emprenho
socioambiental deve ser a meta maior. Assim sendo, Moreira e Carvalho (2018, p. 42)
defendem que:
Essa ideia de integralidade na ação, tanto em nível micro quanto no contexto global,
remete à própria concepção de ética de que o bem é seguramente desejável quando
interessa a um único sujeito. Mas seu valor se reveste de um caráter ainda mais belo,
mais profundo e mais divino quando interessa a um povo ou a um estado inteiro.
Sintetizando
» Quanto é amplo e complexo o nosso tema de estudos, conhecendo algumas das principais visões que se têm
atualmente de responsabilidade social.
41
CAPÍTULO
GESTÃO DE RESPONSABILIDADE
SOCIAL: ESTRATÉGIAS E
POSSIBILIDADES 4
Introdução
A ideia central é aprender o caminho para implementar uma ação ética e respeitosa.
Agora, nossa proposta é acompanhar algumas práticas de responsabilidade social,
reunindo ferramentas, estratégias e possibilidades de gestão.
Esperamos que este capítulo seja inspirador de novas reflexões e de novas práticas,
pautadas pelo exercício da ética e da responsabilidade social.
Objetivos
» Desenvolver olhar estratégico frente aos potenciais da corporação, de modo a ser capaz
de definir ações de responsabilidade social nos processos de gestão.
Para ampliar nossa trajetória no campo do saber, apontaremos algumas das principais
tendências na gestão da responsabilidade social atuais. Já sabemos que a proposta
da responsabilidade social difere das práticas assistencialistas e caritativas e requer
planejamento, avaliação e resultados.
42
Gestão de responsabilidade social: estratégias e possibilidades • CAPÍTULO 4
Por isso, não há como negar que a responsabilidade social exige gestão. E essa gestão
deve ser consciente e competente. Logo, nosso ponto de partida deve ser compreender
o que vem a ser gestão.
A gestão não é uma prática moderna, muito pelo contrário. Fazer gestão é prática
intrínseca a ação humana, uma vez que a manutenção da vida depende do controle
de recursos. Além disso, a vida coletiva dos nossos ancestrais favoreceu a manutenção
da espécie. Logo, a figura do líder sempre foi necessária e instintiva.
Após Taylor, a Administração voltou seu olhar à gestão e aos modelos de liderança, de
modo a impactar o comportamento dos trabalhadores de modo a alcançar o melhor
potencial da corporação. Entre os estudos da temática, podemos destacar algumas
definições de gestão:
43
CAPÍTULO 4 • Gestão de responsabilidade social: estratégias e possibilidades
» função gerencial que objetiva o relacionamento entre as pessoas que atuam nas
empresas em busca dos objetivos das organizações e dos indivíduos. (GIL, 2009,
p. 17).
Importante
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/image-tangram-puzzle-blocks-people-icons-1149593039.
Acesso em: 1o mai. 2020.
A gestão define o modo como os diálogos são conduzidos e gerenciados dentro de uma instituição. Refere-se à
direção em que os trabalhos se organizam e às metas que se deseja alcançar. Essa prática inclui todos os processos
relevantes ao trabalho: divisão de tarefas, atribuição de responsabilidades, planejamento do tempo, modelo de
produção e prioridades de ação.
Esse passo rompe com o modelo de atuação retrógrado que as empresas brasileiras
vinham adotando, uma vez que as instituições, no âmbito de colaborar socialmente,
44
Gestão de responsabilidade social: estratégias e possibilidades • CAPÍTULO 4
Para refletir
É importante pensar que uma empresa que não possui ações de responsabilidade social não se torna necessária e
automaticamente irresponsável.
A implementação de ações de responsabilidade social demanda uma maturidade institucional ou podem acontecer
em um modelo de cumprimento às leis.
Outro fator a ser ponderar é que, por vezes, a finalidade de algumas instituições não impacta negativamente o
ambiente e a sociedade, por isso a postura ativa quanto a programas de redução de danos ou impulsão social não é
essencial.
Porém, as relações de consumo modernas e o mercado globalizado desvelam a interdependência das corporações
com o sistema econômico internacional. Por isso, é muito razoável pensar a vantagem estratégica através da
responsabilidade social, da ética e do desenvolvimento sustentável.
Deste modo, convém conhecer como acontece a evolução da responsabilidade social dentro
das instituições.
De forma didática, Melo Neto (2011, p. 80 e ss.) propõe a existência de três estágios
contínuos e sucessivos na gestão da responsabilidade social empresarial:
45
CAPÍTULO 4 • Gestão de responsabilidade social: estratégias e possibilidades
Estão neste nível inseridas, também, ações para minimizar os impactos de degradação
ambiental e para contribuir para a garantia do exercício de direitos pelas comunidades
locais. Além disso, atos como a contratação de mão de obra local e promoção cultural
favorecem o exercício da cidadania do público-alvo. A responsabilidade social,
então, extrapola o ambiente interno da empresa e incorpora o ambiente externo e
suas múltiplas variáveis.
Tempo
Gestão Social Gestão Social Gestão Social
Interna Externa Cidadã
46
Gestão de responsabilidade social: estratégias e possibilidades • CAPÍTULO 4
Cuidado
Ao tratarmos de responsabilidade social aplicada, as ações são implementadas de acordo com os modelos de gestão
e os interesses da instituição. Por isso não podemos falar em um padrão ideal ou determinar a implementação de
programas específicos como fatores necessários e essenciais de sucesso.
Há instituições que começam seus trabalhos pelos cuidados com a comunidade no entorno, de modo a influenciar os
valores e atitudes cidadãs de seus próprios funcionários, através do exemplo dado pela empresa. Ou seja, a atuação
pode, sem restrições, ser efetiva, mesmo tendo início no mesocontexto, desde que seja estruturada para isso. O
que queremos salientar é que não há um “caminho” mais correto, mas, sim, que mais se adéqua às reflexões e às
demandas oriundas da conjuntura social vigente.
Por isso vamos nos aprofundar na diferenciação entre a responsabilidade social interna
e externa.
Atenção
Os talentos internos de uma empresa são considerados seu capital intelectual. O conjunto de saberes e
comportamentos dos colaboradores são diretamente influenciados pelas normas internas e padrões de trabalho
da empresa. Mas, também, agregam diferencial e soluções criativas, o que gera diferencial estratégico e maior
possibilidade nas ações da instituição.
Por isso, é extremamente relevante que os funcionários se sintam parte das ações de responsabilidade social e sejam
incentivados a apresentarem comportamentos colaborativos, éticos e transparentes.
47
CAPÍTULO 4 • Gestão de responsabilidade social: estratégias e possibilidades
Saiba mais
Você pode estar se perguntando que tipo de ação pode alcançar os familiares e parentes de um colaborador, quando
o tema é responsabilidade social interna. Conheça alguns exemplos:
» Creche no ambiente corporativo: este tipo de espaço permite que as recém mães e pais possam trabalhar com
mais tranquilidade e estar mais assíduos no contexto de trabalho. Atrasos são reduzidos. Além disso, é promovida
uma oportunidade de interação entre funcionários de diferentes níveis na hierarquia da empresa.
» Ações para receber os familiares na empresa em um dia comemorativo: ao conhecer o ambiente e a importância
de cada trabalhador, os familiares podem apoiar a corporação e divulgar o trabalho desenvolvido internamente.
Além disso, os trabalhadores se sentem acolhidos e desenvolve-se um sentimento de reconhecimento.
Segundo Pontes et al. (2016), ações que visam à adoção de sistemas de remuneração,
benefícios e carreiras se apresentam como um dos principais mecanismos para
efetivar o vínculo produtivo entre a organização e seu público interno.
Moreira e Car valho (2018, p. 48) afir mam que ao tratar mos de responsabilidade
social interna, há de se considerar a gestão de benefícios nas áreas de
a l i m e n t a ç ã o, s a ú d e, s e g u r i d a d e s o c i a l – t a n t o n o q u e c o n c e r n e à a s s i s t ê n c i a
c o m o e m p re v i d ê n c i a s o c i a l – t ra n s p o r t e, c u l t u ra , l a z e r, e s p o r t e, a s s i m c o m o
os investimentos em qualificação e formação profissional. Esses autores
a f i r m a m , a i n d a , q u e, c o n f o r m e o s a c h a d o s d e Me l o Ne t o ( 2 0 1 1 ) , a a v a l i a ç ã o
do alcan ce e da qua l idade da res p o ns a b ilid a d e s o cia l p re s t a d a d e ve co ns id e rar
a s s e g u i n t e s e s f e ra s :
48
Gestão de responsabilidade social: estratégias e possibilidades • CAPÍTULO 4
Para que fique claro, a tabela a seguir detalha cada um dos indicadores de gestão citados:
49
CAPÍTULO 4 • Gestão de responsabilidade social: estratégias e possibilidades
Cuidado
Saiba que a gestão da responsabilidade social interna abrange uma complexidade de ações e objetivos que extrapola
os limites da gestão de pessoal pura. É importante pensar que se trata de uma tentativa de promover cidadania
e perpetuar a mentalidade de apoio social, por isso é mais amplo que pensar nas condições de trabalho ou no
desenvolvimento profissional.
É importante citar que para que se torne realmente efetiva, a responsabilidade social
interna exige uma sensibilização de toda a organização e, necessariamente, uma
aquisição de compromisso de seus dirigentes com a proposta. Para que, em sequência,
os colaboradores apreendam esse ideal e passem a replicar essas ações e esse cuidado
social em diversos outros meios. A proposta é ampliar a rede de operação para que o
meio se torne mais equânime e as ações internas possam ter a maior dispersão possível.
França (2009) afirma que o ser humano é o principal fator no desempenho organizacional.
Por isso, ao se comprometer com a proposta de responsabilidade social, adiciona um
olhar desperto e inovador à produção e à redução de danos ambientais, propiciando
uma vantagem competitiva para organização, por isso, a importância da valorização
dos esforços. A autora afirma ainda, que, apesar da variedade de componentes de um
sistema de recompensas (promoções, oportunidades de capacitação, entre outros), o
mais relevante é a remuneração.
No mesmo sentido aponta o Instituto Ethos (2013) que a valorização das competências
dos funcionários abarca planos de remuneração e desenvolvimento profissional justos
e adequados.
Nesta frente de ação há um olhar para o exterior dos limites institucionais. O foco está
voltado, assim, para a relação empresa-comunidade. Entretanto, há de se ressaltar que
também há a expectativa de que propiciem elevação da autoconfiança dos funcionários
e favoreçam a postura de cidadania corporativa.
50
Gestão de responsabilidade social: estratégias e possibilidades • CAPÍTULO 4
Processo de Avaliação da
Avaliação do tipo
certificação social natureza das
e da natureza da
relação relações
Avaliação do
Avaliação do
escopo da relação
impacto das ações
Fonte: Melo Neto (2011, p. 124).
» Código de Ética;
» Programa de Voluntariado.
51
CAPÍTULO 4 • Gestão de responsabilidade social: estratégias e possibilidades
Saiba mais
Certificado social é um processo em que a corporação busca uma avaliação de terceira parte (a empresa
certificadora), com o intuito de comprovar que o sistema de gestão atende aos princípios da responsabilidade
social. A função maior desse atestado é comprovar à sociedade que a corporação atende aos requisitos. Além disso, a
própria preparação para a aquisição do certificado abarca linhas de condutas que guiam os objetivos institucionais e
promovem a melhoria dos processos.
Lançado nos anos 90, o Balanço Social Ibase teve como principal função
tornar pública a responsabilidade social empresarial, construindo
maiores vínculos entre a empresa, a sociedade e o meio ambiente.
Publicado anualmente pelas organizações que escolhem esse modelo,
o Balanço Social reúne um conjunto de informações sobre os projetos,
benefícios e ações sociais dirigidas aos empregados, investidores, analistas
de mercado, acionistas e à comunidade. É também um instrumento
estratégico para avaliar e multiplicar o exercício da responsabilidade
social corporativa. (IBASE, s/d)
52
Gestão de responsabilidade social: estratégias e possibilidades • CAPÍTULO 4
Esse demonstrativo compila dados sobre projetos, benefícios e ações sociais dirigidas aos
empregados e demais parceiros da instituição sob análise. É também um instrumento
estratégico para avaliar, direcionar e ampliar o exercício da responsabilidade social.
Vale ressaltar que esses demonstrativos tornam públicas as ações de responsabilidade social
empresarial, construindo um compromisso da corporação e uma ferramenta de apoio e
controle social.
Saiba mais
É importante ressaltar que o Ibase, além de gerar um compromisso público com a sociedade, serve também como
base para a boa gestão e para a produção responsável. Logo, ser uma empresa que apesenta bons resultados no
Balanço Social auxilia:
» Na afirmação da ética como um valor corporativo importante: e esse modelo de ação promove justiça interna e a
certeza de que está agindo pelo bem de si e da sociedade;
» A agregar valor, uma vez que a imagem da empresa é valorizada e associada a boas práticas;
» Atrai investidores;
» Reduz os riscos e instabilidades do mercado ao colocar a instituição em evidência para o modelo de consumo
consciente;
» Na modernização da gestão;
» No controle dos processos internos e melhoria da qualidade dos serviços e produtos oferecidos ao mercado;
» Na avaliação de analistas de mercado, investidores e órgãos de financiamento, que podem vir a fazer aportes e
conceder fomentos à empresa;
Além disso, o Balanço Social favorece todos que interagem com a empresa (interna
ou externamente), pois fornece informações úteis aos dirigentes que amparam a
tomada de decisões; estimula a participação dos funcionários nas ações e projetos
sociais e os sensibiliza para a importância do trabalho ético e cuidadoso; fortalece a
comunicação entre dirigentes e o corpo funcional. Além disso, informa aos fornecedores
e investidores, o modo como a corporação faz a gestão de recursos humanos e dos
recursos ambientais; demonstra aos consumidores a postura dos dirigentes frente
à qualidade do produto ou serviço oferecido; e ajuda o Estado na identificação de
demandas da sociedade e formulação de políticas públicas.
O Balanço Social é a fonte básica para a emissão do Selo Balanço Social Ibase/Betinho.
O selo é uma marca visual, conferida anualmente a todas as empresas que publicam
o Balanço Social e cumprem a metodologia e os critérios propostos.
53
CAPÍTULO 4 • Gestão de responsabilidade social: estratégias e possibilidades
Entre os dados que o Ibase trabalha para gerar esse relatório estão fatores como:
Logo, essa é uma ferramenta de gestão que tem por objetivo apoiar as empresas
na condução efetiva das ações de sustentabilidade e de responsabilidade social
empresarial. Ou seja, tais indicadores permitem um diagnóstico corporativo, por
meio do qual é possível fazer o planejamento e a gestão de metas para o avanço
da gestão.
A ferramenta é composta por quatro dimensões de análise, dentre as quais o gestor pode
escolher para avaliar sua instituição. São as dimensões: Visão e Estratégia, Governança
e Gestão, Social e Ambiental. Os resultados do questionário selecionado permitem
que a instituição desenhe objetivos e metas conforme a gestão e estratégica e,
assim, possa acompanhar o desenvolvimento das ações de responsabilidade social
da corporação.
54
Gestão de responsabilidade social: estratégias e possibilidades • CAPÍTULO 4
Saiba mais
Sugestão de estudo
Para saber mais sobre os indicadores Ethos e, inclusive, se informar sobre como a corporação pode responder ao
questionário, acesse o site do Instituto e explore:
https://www.ethos.org.br/conteudo/indicadores-ethos-publicacoes/#.WXkBCoQrKUl.
Essa normatização segue o padrão das normas ISO 9000 e ISO 14000 (que são
certificações de gestão de qualidade e de gestão ambiental, respectivamente). Isso
porque as normas ISO já são amplamente utilizadas no Brasil e seguem um padrão
de análise confiável. Logo, essa condição facilita a adesão das empresas que já se
amparam em tais guias de gestão.
55
CAPÍTULO 4 • Gestão de responsabilidade social: estratégias e possibilidades
A AS 8000 está ancorada nos princípios e normas da Organização das Nações Unidas
(ONU) e das convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT ) e, por isso,
reúne nove diretrizes principais:
» Combate à discriminação;
A norma é regulada pelo Institute of Social and Ethical Accountability e demanda que
as organizações definam seus valores, suas metas e seus procedimentos em torno
da ética e da transparência. Para tanto, são avaliados oito princípios de qualidade,
agrupados em três grandes blocos, quais sejam:
56
Gestão de responsabilidade social: estratégias e possibilidades • CAPÍTULO 4
Significação da informação:
Qualidade da informação:
Global compact
57
CAPÍTULO 4 • Gestão de responsabilidade social: estratégias e possibilidades
Direitos Humanos
Trabalho
Meio Ambiente
58
Gestão de responsabilidade social: estratégias e possibilidades • CAPÍTULO 4
Para facilitar a comparação e promover uma visão global das normas apresentadas,
Moreira e Carvalho (2018, p. 66) elaboraram um quadro esquemático que compila os
dados de cada sistema de avaliação e controle da responsabilidade social e discrimina
seus focos de análise. A compreensão desse quadro facilita, na prática de atuação, a
escolha do melhor modelo a ser aplicado na corporação:
BALANÇO SOCIAL Abrange seis indicadores sociais principais: internos, externos, ambientais, do corpo
funcional, informações relevantes quanto ao exercício da cidadania empresarial e
outras informações. Além disso, dá publicidade aos valores monetários investidos em
responsabilidade social.
Busca homogeneizar conceitos de Responsabilidade Social Empresarial,
possibilitando uma autoavaliação das empresas.
Permite ainda a comparação com outras empresas (e o posicionamento
INDICADORES ETHOS DE
organizacional) identificando pontos fortes e oportunidades. É formado por um
RESPONSABILIDADE SOCIAL conjunto de sete indicadores principais: valores, transparência e
59
CAPÍTULO 4 • Gestão de responsabilidade social: estratégias e possibilidades
Sintetizando
» A relação entre responsabilidade social e ética: conhecendo e discutindo algumas das principais tendências e
ferramentas de gestão na área.
» As principais tendências na gestão da responsabilidade social interna e externa, incluindo normas e diretrizes
modernas.
60
CAPÍTULO
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 5
Introdução
Neste capítulo, você poderá refletir sobre a Educação Ambiental como uma dimensão
essencial e inseparável da gestão corporativa, uma vez que esse é um campo de
estudo de impacto em toda esfera social, inclusive nos programas de capacitação
das instituições.
Além disso, você aprenderá um pouco mais sobre os níveis de ensino da Educação
Corporativa: Formal, Não Formal e Informal. Finalmente, estudaremos juntos sobre
algumas ideias conexas à educação ambiental como sustentabilidade, cuidado, ética
e cidadania planetária.
Objetivos
» Definir o que é educação ambiental a partir da ideia de que toda educação não deixa
de ser, também, ambiental.
61
CAPÍTULO 5 • Educação ambiental e desenvolvimento sustentável
Kupper (2020) cita que a educação, por si mesma, é o “processo pelo qual se procura
desenvolver as potencialidades da pessoa e integrá-la na comunidade à qual pertença”.
Carvalho (2008, p. 36) também contribui com a reflexão ao dizer que a educação,
quando desconexa da dimensão ambiental, “perde parte de sua essência e pouco
pode contribuir para a continuidade da vida humana”. Importante notar que o
objetivo primário da educação é o desenvolvimento humano e olhar para o contexto
social no qual os sujeitos estão inseridos.
Saiba mais
Não há educação fora das sociedades humanas e não há homens isolados (...) o
homem é um ser de raízes espaço-temporais. A instrumentação da educação (...)
depende da harmonia que se consiga entre a vocação (...) e as condições especiais
desta temporalidade e desta situacionalidade.
62
Educação ambiental e desenvolvimento sustentável • CAPÍTULO 5
Essa ideia converge, inclusive, com as acepções de gestão nos ambientes escolares, a
qual pressupõe a uma análise da realidade com foco na interatividade social. (LÜCK,
2007, p. 55). Isso significa que, mesmo nos ambientes profissionais, a educação é o
meio de interferir no cotidiano para mudar as relações de comunicação, economia
e cidadania.
Logo, não devemos pensar a educação ambiental como uma modalidade dissociada
do processo educacional global, pois a educação já é o meio pelo qual se confere
dignidade e formação de pensamento crítico aos sujeitos, o que naturalmente requer
a reflexão ambiental. Assim, não há que se faze recortes, ou assumir uma visão
compartimentalizada referente a conteúdos ambientais (BRÜGGER, 1994), mas,
sim, enfatizar dimensões que já se encontram presentes na educação em geral
(GADOTTI, 1993).
Logo, a educação foi e continua sendo pensada pelas políticas municipais e estaduais
de ensino, em que mal se consegue preparar o cidadão para o pleno exercício de
sua cidadania, quanto mais permitir que esse exercício seja acompanhado de uma
consciência ambiental. Tanto a educação ambiental como a educação geral (formal
e informal) são formas educativas que surgiram justamente pelos inúmeros vazios
deixados pelo sistema educacional clássico em não conseguir cumprir esse papel
básico que lhe cabia.
Saiba mais
É notável que a temática da educação socioambiental tomou importância nos últimos anos. Porém, saiba que o
tema ganhou proporção, não apenas em razão de reflexos alarmantes no ambiente em si, mas, também, pela própria
crise da modernidade em que o homem, num processo de individualismo cada vez mais intenso, se isolou do meio e
tornou-se indiferente frente a situações de extrema pobreza, marginalidade e corrupção. (CARVALHO, 2008).
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/woman-quarantine-coronavirus-wearing-protective-
mask-1660879444. Acesso em: 26 mai. 2020.
63
CAPÍTULO 5 • Educação ambiental e desenvolvimento sustentável
Por isso, vale pensar a educação como um dos meios pelos quais a gestão corporativa pode
se valer para transformar a consciência social e promover o desenvolvimento humano,
uma vez que a educação explora, necessariamente, pensamentos sobre a interferência
humana no contexto socioambiental e permite que os aprendizes correlacionem
questões profissionalizantes diversas à responsabilidade socioambiental.
Fazendo com que pensemos nossa atuação no meio profissional de modo mais
estratégico e direcionado, cabe definir educação ambiental:
Importante
Já sabemos que a proposta da responsabilidade social difere das práticas assistencialistas e caritativas e requer
planejamento, avaliação e resultados. Segundo Melo Neto e Froes (2001), o exercício da responsabilidade social tem
dois eixos: os projetos sociais e as ações comunitárias. Diante dos projetos sociais, a empresa programa ações que
contribuam para o desenvolvimento da comunidade e a formação de um meio equilibrado. São pensadas ações que
atendam diretamente às necessidades da comunidade e dos parceiros envolvidos diretamente com a corporação.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/invest-fund-concept-businessman-hand-holding-338731004.
Acesso em: 26 mai. 2020.
64
Educação ambiental e desenvolvimento sustentável • CAPÍTULO 5
Já ao participar de ações comunitárias, a empresa adere a programas e campanhas realizadas pelo governo ou
por entidades filantrópicas ou comunitárias. Logo, empresas fazem doações, ações de apoio e sensibilizam seus
empregados para o trabalho voluntário. Ou seja, na filantropia, a participação institucional se dá de forma indireta.
Por isso, não são feitas ações de comunicação e marketing. E, em geral, há um retorno de natureza tributária para a
empresa que colabora. (MELO NETO; FROES, 2001).
No primeiro caso, a educação corporativa com viés ambiental e estratégica é necessária para o sucesso do programa,
pois requer mudança de postura da equipe de trabalho. Já no segundo caso, a educação ambiental serve apenas de
meio sensibilizador para que as pessoas façam adesão à caridade.
Assim, entenda que a educação ambiental abarca a reflexão sobre culturas, sobre
o papel da mulher na sociedade e sobre os direitos humanos. Ramos et al. (2020)
acrescenta, ainda, que o tema permeia todas as disciplinas e deve ser contextualizado
com a realidade da comunidade. Para isso, é papel do educador promover uma visão
holística, ou seja, integral do mundo em que o aprendiz vive e interage.
Na medida em que a educação ambiental procura dar conta desse amplo universo
biossocial, integrando diferentes disciplinas e estratégias de trabalho na busca por
uma aproximação mais equilibrada entre homem e meio ambiente, ela pode,
também, contribuir para um exercício mais consciente e efetivo da cidadania e
possibilitar ao educando a utilização dos conteúdos aprendidos em seu cotidiano,
visando melhorar sua qualidade de vida.
Para ampliar nossa visão sobre a aplicação dos saberes no campo prático, em breve,
apontaremos algumas das principais tendências na gestão da responsabilidade
social atuais.
65
CAPÍTULO 5 • Educação ambiental e desenvolvimento sustentável
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/eco-friendly-recyclation-concept-3d-rendering-1090075589.
Acesso em: 26 mai. 2020.
A ideia de processo implica que o ciclo de ensino requer um período de tempo para a
transmissão e a assimilação dos conhecimentos. Além disso, diversas outras variáveis
devem ser consideradas, tais quais: as origens e culturas de cada aluno, a gradação no
ensino formal, a idade, o material didático a ser trabalhado etc. O que torna complexo
o controle da aquisição do conhecimento, uma vez que alguns fatores não dependem
apenas da qualidade do ensino, mas da predisposição do aluno para aprender.
66
Educação ambiental e desenvolvimento sustentável • CAPÍTULO 5
O conhecimento nos torna não apenas conscientes – o que, por si só, já representa
uma mudança de postura frente a uma realidade – mas, também, nos torna mais
responsáveis sobre o objeto de estudo.
67
CAPÍTULO 5 • Educação ambiental e desenvolvimento sustentável
Saiba mais
A palavra ética é oriunda do grego ethos e significa costume ou caráter. Trata-se da disciplina da Filosofia que
investiga os princípios que motivam, disciplinam ou orientam o comportamento humano.
É a reflexão sobre a essência das normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social em
busca do bem-comum. Pode, ainda, ser definida como a ciência que estuda a conduta humana e a qualidade desta
conduta.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/compass-needle-pointing-word-ethics-conceptual-509699569.
Acesso em: 26 mai. 2020.
Vale destacar, segundo Moreira e Car valho (2018), que o objetivo da educação
ambiental não se resume a disseminar infor mações sobre o meio ambiente e
sensibilizar para a importância do tema. Há de se promover uma mudança de
postura diante da vida, na qual o ser humano se responsabilize por seus atos. Essa
postura ética deve se dedicar não apenas a situações referentes ao esgotamento e
deterioração dos recursos naturais pela poluição ou a extinção de espécies, mas
pela igualdade social e o respeito a outras espécies. Trata-se, ainda, de uma nova
postura diante das injustiças sociais, do empobrecimento sociocultural, e da má
distribuição de renda (CARVALHO, 2008).
68
Educação ambiental e desenvolvimento sustentável • CAPÍTULO 5
Entenda que a educação ambiental não é a única ferramenta que pode ser utilizada
p e l a s c o r p o ra ç õ e s e p e l a s i n s t i t u i ç õ e s d e e n s i n o p a ra m u d a r a re a l i d a d e d o
ambiente ou da humanidade, mas esse certamente é um instrumento de mitigação
da degradação gerada. Além disso, a disseminação desse conhecimento requer
rigor com a verdade para não gerar falsas interpretações ou um estado de alarme
irreal. É preciso que a ciência seja tratada com respeito e credibilidade para que
não sir va de massa de manobra para a população escolher entre determinados
produtos, empresas ou governos. Ou seja, mais uma vez, é preciso uma formação
ética profunda, inclusive no que se trata dos formadores de opinião.
Sugestão de estudo
Para se aprofundar mais sobre o tema, assista ao vídeo de Leonardo Boff, teólogo, escritor, filósofo e professor
universitário brasileiro, conhecido internacionalmente por sua defesa dos direitos dos pobres e excluídos. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=kzrfKd0FE7c.
Conheça, também, o trabalho da ONG Grupo de Defesa Ecológica (Grude) e da Rede Brasileira de Educação
Ambiental. Disponível em: http://www.grude.org.br – ONG Grude
Devido à importância que a Educação Ambiental alcança hoje, no País, o tema é parte
do ensino fundamental e médio do programa de ensino nacional. Compõe, assim, a
grade do ensino formal de educação. Dias (2004) afirma que as diretrizes do ensino
das questões ambientais tiveram grande impulso com os seguintes eventos:
69
CAPÍTULO 5 • Educação ambiental e desenvolvimento sustentável
Além disso, podemos citar que em 1994 houve a criação do Programa Nacional de
Educação Ambiental e, em 1999, a elaboração e sanção da Política Nacional de
Educação Ambiental (Lei n o 9.795/1999).
Além disso, vale destacar que o Programa Nacional de Meio Ambiente (BRASIL,
1999) determinou os âmbitos da educação ambiental e a segmentou em três níveis
operacionais, são eles:
Formal
Educação
Ambiental
Não
Informal
Formal
70
Educação ambiental e desenvolvimento sustentável • CAPÍTULO 5
É aquela que se processa no âmbito escolar oficial. Neste nível, a Educação Ambiental
é repassada em um modelo planejado de ensino, no qual há diretrizes e programas
didáticos organizados com fins específicos. Ou seja, trata-se da educação de “sala de
aula”.
I. Educação Básica;
V. Educação Superior;
Refere-se aos processos de sensibilização que ocorrem no âmbito não formal, nos
cursos planejados pelas próprias comunidades e corporações. São:
71
CAPÍTULO 5 • Educação ambiental e desenvolvimento sustentável
Ne s s e â m b i t o, o p ro c e s s o d e e n s i n o n ã o e s t á e s t r u t u ra d o n a s a va l i a ç õ e s o u
no progresso sistematizado do aprendiz. Trata-se de uma sér ie de atividades
desenvolvidas como a promoção de campanhas, palestras, encontros, congressos,
reuniões etc.
Educação informal
Segundo Silva e Joia (2008), esse nível de ensino é exercido nos mais diversos espaços
da vida social (grupos de amigos, reuniões temáticas, pensamentos filosóficos,
discussões em redes sociais, repasse de informações eletrônicas, entre outros). As
informações permeiam e confundem-se com o cotidiano. Por exemplo, os meios de
comunicação escrita e falada têm enfatizado atualmente os temas ambientais, mas
com objetivo informativo.
Po r i s s o, n ã o n e c e s s a r i a m e n t e e s s e n í v e l d o p r o c e s s o e d u c a c i o n a l p o s s u i
compromisso com a sua continuidade ou com uma formação seriada. A proposta
é utilizar as mídias para sensibilizar a população em uma escala macro, por meio
de anúncios, programas televisivos, reportagens etc. Abordagens implementadas
pelo setor privado e público (federal, estadual, municipal).
Córdula (2014) afirma que para que os educadores possam atuar na temática é
preciso que conheçam e dominem as concepções e os níveis da educação ambiental.
Deste modo, é possível aliar a teoria à prática. Portanto, é necessário ampliar
conhecimentos, buscar informações diversificadas e evoluir ao longo do tempo
frente às novas problemáticas que surgem.
Marshall (2002, p. 24) define o conceito como o “status concedido àqueles que são
membros integrais de uma comunidade. Todos aqueles que possuem o status são
iguais”. Coutinho (2005), de modo conexo, define cidadania como o direito conquistado
por alguns indivíduos de se apropriarem dos bens sociais que permitam a expressão
dos potenciais humanos.
72
Educação ambiental e desenvolvimento sustentável • CAPÍTULO 5
Diante desse contexto é mister que a educação nacional assuma também a formação
dos sujeitos para a preservação da vida pelo intermédio da ética. Para isso, a educação
ambiental visa fundamentalmente “fazer um resgate do que é inerente ao homem”,
devolvendo-lhe “a consciência de sua unidade com o meio ambiente ao mesmo tempo
em que o conscientiza, sensibilizando para o direito à vida” (MATTOS, 1997, p. 5).
Va l e c i t a r q u e m u i t a s d e n o s s a s a ç õ e s v ã o i m p a c t a r c o n s e q u ê n c i a s d e l o n g o
prazo, por isso, é basilar que a educação ambiental de fato gere um compromisso
comportamental que promova significativas respostas por parte da comunidade
sensibilizada.
73
CAPÍTULO 5 • Educação ambiental e desenvolvimento sustentável
Saiba mais
A relação entre o homem e a natureza foi se conformando ao longo da história, mas não se pode negar a importância
da evolução animal neste processo, pois a partir do momento em que o homem deixou de ser movido apenas por
seus instintos e tomou consciência de sua racionalidade foi possível pensar e ponderar o modo como o sujeito
humano se coloca no ambiente e na relação com outros animais.
Logo, o desenvolvimento da autoconsciência traz conjuntamente o conflito, já que a espécie humana deve refletir se
é ou não superior às outras espécies animais, se sua alimentação, ou sua cultura explora o meio, se suas ações geram
a degradação de outros humanos etc.
Esse paradoxo é parte inerente à existência humana e será tratada na filosofia por meio da ética e da moral.
74
Educação ambiental e desenvolvimento sustentável • CAPÍTULO 5
Saiba mais
É a população mundial nascida entre o período da década de 1980 até o começo dos anos 2000, a qual se desenvolveu
em uma época de extremo desenvolvimento tecnológico e presenciaram as mudanças econômicas oriundas da
internet.
Além disso, diante do fácil acesso a informações e da educação reflexiva, esses atores sociais passaram a ter
consciência do impacto do consumo individual no meio ambiente. Por isso, consomem menos, pesquisam o
custo-benefício e preferem adquirir experiências a acumular patrimônio. Ainda, acreditam que a vida e o trabalho
devem ter significado.
Esses jovens adultos vêm revolucionando as práticas de consumo e ensinando ao mundo valores éticos que podem
salvar o planeta.
É preciso entender que a educação ambiental deve ser compreendida como uma educação politizada, que reivindica
e prepara os cidadãos para exigir justiça social, e cidadania planetária, além da ética. O anseio deve ser ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, essencial à qualidade de vida do homem.
Logo, a proposta de toda essa reflexão e da promoção da consciência ambiental pelo estado e palas corporações
centra-se no fato de que é relevante criar a concepção de cidadãos planetários: responsáveis pela manutenção da
vida desta e das próximas gerações.
75
CAPÍTULO 5 • Educação ambiental e desenvolvimento sustentável
Sintetizando
» A educação ambiental procura dar conta de um amplo universo biossocial e integra diferentes disciplinas e
estratégias de trabalho, na busca por uma aproximação mais equilibrada entre homem e meio ambiente.
» O homem é parte do ambiente e precisa dele para sobreviver. Por isso, é preciso refletir sobre as práticas humanas
que degradam o meio ambiente e social.
» A educação ambiental pode ser entendida como um processo crítico transformador capaz de promover um
questionamento e mudança de comportamentos.
» A busca da educação ambiental é o respeito mútuo para com o meio ambiente do qual os seres humanos fazem
parte.
» A crise socioambiental com a qual o homem se depara em pleno século XXI é, também, um reflexo de uma grave
crise de ética.
» A educação ambiental possui três níveis operacionais: formal, não formal e informal.
» A educação ambiental é um processo de conscientização ambiental amplo que se concretiza por meio de projetos
e programas realizáveis de educação, visando aproximar o homem do meio ambiente em busca de melhores
condições de vida, devendo estar intimamente ligado aos processos de gestão.
76
CAPÍTULO
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
VOLUNTARIADO 6
Introdução
Objetivos
77
CAPÍTULO 6 • Responsabilidade social e voluntariado
e econômico. Esse olhar zeloso permeia todas as nossas esferas de vida: pessoal,
social, de consumo e profissional.
D i a n t e d e s s e o l h a r, f o i p o s s í v e l t r a t a r m o s d a s f e r r a m e n t a s d e g e s t ã o d a
responsabilidade social. Deste modo, é possível que as instituições alcancem
re s u l t a d o s s o c i o a m b i e n t a i s, c o m m a i o r e f i c i ê n c i a , m e n o s c u s t o s e m e l h o re s
resultados. Ou seja, as empresas podem organizar suas ações e impulsionar o
fortalecimento social para que, conjuntamente, cresçam.
Além dos modelos de gestão mais praticados no mercado, vamos tratar das ferramentas
que as corporações podem se valer para promover a consciência da comunidade e de
seus trabalhadores. Uma delas, falamos no capítulo anterior, é a educação ambiental,
e outra é o trabalho voluntário, sobre o qual nos aprofundaremos nesta leitura que se
segue.
Figura 26. Coletivo.
78
Responsabilidade social e voluntariado • CAPÍTULO 6
Assim, vale dizer que ambas as ferramentas não são um fim em si mesmas, mas um
meio de formar o olhar crítico de educandos, trabalhadores, parceiros, consumidores
e comunidade em geral para a importância do papel de cada um na construção de
um mundo melhor e para a necessidade de continuidade das práticas éticas fora dos
limites das corporações.
Importante
Saiba que quando uma empresa decide desenvolver um Programa de Voluntariado, ela pode promover ações sociais
e convidar seus colaboradores para apoiar voluntariamente. Além disso, a corporação pode apoiar ou fomentar
práticas já articuladas por iniciativas dos próprios colaboradores.
» Ações promovidas e executadas pela empresa, dentro ou fora do horário de trabalho. Estas ações podem ou não
contar com a participação de parentes e amigos convidados pelos colaboradores;
» Concessão do horário de trabalho, para que os funcionários executem ações sociais (planejadas pela própria
organização ou pelos próprios colaboradores);
» Concessão de apoio institucional (financeiro, de logística etc.) para a realização de ações promovidas pelos
colaboradores. Essas práticas podem acontecer dentro ou fora do horário de trabalho ou do ambiente corporativo.
Mas observe que ações voluntárias promovidas e organizadas pelos colaboradores que não contem com nenhum
apoio da empresa, mas com a mera consciência dos trabalhadores, não podem ser consideradas como ações de
promoção do trabalho voluntário. Essas ações podem, no máximo, serem avaliadas como resultados desenvolvidos
pela educação ambiental e a formação ética dos trabalhadores.
79
CAPÍTULO 6 • Responsabilidade social e voluntariado
Saiba mais
A empresa oferece apoio para voluntários interessados, governo e empresas privadas. Neste último caso, há até o
compromisso em avaliar o programa corporativo para propor soluções e sugestões de gestão eficiente.
80
Responsabilidade social e voluntariado • CAPÍTULO 6
Para refletir
No ano de 2020 vivemos uma grande crise mundial, na qual milhares de humanos em diversos países do mundo
foram vitimados pelo Coronavírus. E, no Brasil, diversas instituições se dedicaram a fortalecer a sociedade e colaborar
com o combate à doença e diversas outras mazelas nacionais.
Um grande exemplo de atuação veio das lojas Magazine Luiza que implementaram as entregas a custo zero e
lançaram um programa de apoio às vítimas de violência doméstica:
Ei, moça!
Finja que vai fazer
compra no APP Magalu.
Lá tem um botão para
denunciar a violência
contra a mulher.
É importante que você entenda que essas ações colocaram a empresa em posição de destaque nas mídias sociais e
aproximaram a comunidade e os consumidores.
Por isso, é importante pensarmos que tipo de ações tomaríamos como líderes corporativos para apoiar a comunidade
em tempos de crise salvando empregos e vidas.
Conceituar o que é trabalho voluntário enriquece nossos estudos, uma vez que nos
p e r m i t e c o n h e c e r a s o r i e n t a ç õ e s p a ra c o m a s q u a i s o e s f o r ç o s e g u i a . A l é m
d i s s o, é p o s s í v e l d e t e r m i n a r o s l i m i t e s d o s e j a o v o l u n t a r i a d o e d o q u e é
t r a b a l h o f i l a n t r ó p i c o e m s e n t i d o m a i s a m p l o. O t e r m o p o d e s e r c o n c e i t u a d o
de di ve r sas m a neiras, a dep end e r d o e nfo q u e co m o q u a l s e p re t e nd a t ra b a l h ar
n o m e i o s o c i a l . D e t o d o m o d o, a p re s e n t a m o s a s d e f i n i ç õ e s q u e i n s t i t u i ç õ e s
d e re f e r ê n c i a u s a m :
81
CAPÍTULO 6 • Responsabilidade social e voluntariado
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/volunteer-voluntary-volunteering-aid-assisstant-
concept-380682880. Acesso em: 2 jun. 2020.
Porém, segundo a norma, para ser considerado voluntariado, o trabalho deve ter as
características a seguir:
» Ser livremente dedicado. Isso significa que deve partir da intenção do trabalhador
em doar as horas e o labor em si. Ou seja, não pode ser imposto ou exigido como
contrapartida de algum benefício concedido pela entidade ao indivíduo ou à sua
família;
» Ser gratuito;
82
Responsabilidade social e voluntariado • CAPÍTULO 6
» Ser prestado para uma entidade governamental ou privada sem fins lucrativos e
com objetivos públicos.
Paes de Carvalho e Oliveira (s/d) afirmam que é necessário entender que o voluntariado
não se trata apenas de trabalho assistencial aos grupos mais vulneráveis, pois inclui
as múltiplas iniciativas nas áreas de educação, saúde, cultura, meio ambiente e lazer.
O trabalho voluntário é um fim em si mesmo, pois promove a generosidade, mas,
também, a troca de conhecimento e a solidez na confiança entre as partes envolvidas.
83
CAPÍTULO 6 • Responsabilidade social e voluntariado
e s p a ç o d e t ra b a l h a d o re s d e s e m p re g a d o s e m a n t e r o d e s e q u i l í b r i o e c o n ô m i c o.
Pe l o contrário, a ideia é acumular conhecimentos, formar os que já trabalham e
agregar competências e laços sociais.
Por isso, o voluntariado exige gestão, isso significa que sua atuação deve ser planejada
e acompanhada, de forma integrada à política, programa e projetos institucionais
(Ethos, 2012). O Instituto Ethos afirma, ainda:
Deste modo, entenda que não há a substituição da equipe técnica ou do poder estatal.
O processo de cidadania visa complementar essas esferas de atuação em prol do
bem maior.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/brazilian-italian-passport-on-wooden-
table-1528857314. Acesso em: 4 jun. 2020.
84
Responsabilidade social e voluntariado • CAPÍTULO 6
Logo, em 1998 foi promulgada a Lei n o 9.608, que define o trabalho voluntário (não
re m u n e ra d o e c o m f i n s s o c i a i s ) e e s t a b e l e c e l i m i t a ç õ e s n o v í n c u l o e n t re a s
corporações e a equipe voluntariada. Isso significa que direitos e liberdades dos
trabalhadores devem ser respeitados, mas, também, não há que se falar em vínculo
e m p re g a t í c i o o u a ç õ e s a n t i é t i c a s p o r p a r t e d a q u e l e s q u e d e c i d e m t ra b a l h a r
n e s s e s projetos.
A mesma lei informa que o serviço voluntário não pode ser considerado uma forma
de estágio. Logo, as empresas não estão autorizadas a oferecer certificados para esses
fins. Ou seja, não é possível que o serviço prestado componha o currículo escolar
(de qualquer nível) daquele que faz a doação de seu tempo, pois a entrega deve ser
totalmente em razão das causas da comunidade e, além disso, essa regulamentação
defende as vagas de estágio vigentes no mercado.
Atenção
Saiba que a Lei no 9.608, citada, autoriza o ressarcimento de despesas feitas pelo voluntário.
Além disso, essa mesma lei orienta que as corporações firmem um contrato, por escrito, o “Termo de Adesão ao
Serviço Voluntário”, para que ambas as partes (instituição e cidadão) sejam preservados. Neste caso, é importante
que se estabeleçam a carga horária a ser prestada; o grau de compromisso e as entregas esperadas; e os deveres e
responsabilidades de cada parte. Assim, há transparência na gestão e potencial de maior respeito e valorização do
serviço prestado.
» Ajuda recíproca;
» Compromisso.
85
CAPÍTULO 6 • Responsabilidade social e voluntariado
Atenção
Citamos os princípios que guiam o trabalho voluntário, mas, de modo prático, como isso se traduz em atitudes e
desempenhos esperados?
» Desenvolvimento da proatividade;
» Melhoria na comunicação;
86
Responsabilidade social e voluntariado • CAPÍTULO 6
87
CAPÍTULO 6 • Responsabilidade social e voluntariado
atividade. Também é possível citar, além do reforço com o compromisso ético por
parte dos colaboradores e do compromisso com a comunidade.
Vale citar, por fim, que voluntários possuem a oportunidade de conhecer ainda
mais de per to os valores das corporações e operam como disseminadores do
consumo dos produtos e serviços gerados no mercado econômico pela instituição
que colabora com o meio social. Assim, todas as empresas que se empenham em
criar estratégias para estruturar o voluntariado dentro de suas equipes percebem os
resultados em diversos âmbitos. Dessa forma, lucratividade, reputação e melhora
no ambiente de trabalho são apenas alguns dos benefícios.
Sintetizando
» Conhecemos algumas definições de voluntário e uma breve contextualização histórica desta proposta no Brasil.
88
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