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FITOTERÁPICOS
Efeitos adversos
O uso indiscriminado de plantas medicinais gera grande preocupação para a
saúde, pois o conhecimento que se tem sobre a toxicologia delas é baixo (HOCAYEN et
al., 2012). São várias as causas dos efeitos adversos provenientes do uso de plantas
medicinais, principalmente as interações com os constituintes do próprio derivado
vegetal, fitoterápicos ou outros medicamentos. Ainda podem ocorrer problemas como
superdosagem e ineficácia terapêutica, decorrentes da identificação errônea e preparo
inadequado empregado a essas plantas, levando sérios danos aos usuários, podendo
comprometer a recuperação da saúde (BALBINO; DIAS, 2010; WHO, 2004).
Por isso, a utilização dessas substâncias para a promoção da saúde deve ser
cautelosa, pois, para a maioria delas, o perfil tóxico do princípio ativo e o modo de
preparo, posologia (doses, intervalos e tempo de tratamento) ainda não foram
elucidados (CAPASSO et al., 2000; VEIGA JUNIOR, 2008). Sem conhecer exatamente
seus efeitos, podem ocorrer reações adversas, inefetividade terapêutica (IT),
superdosagem ou intoxicação, interações medicamentosas (OPAS, 2005),
contraindicações e potencialização ou redução do efeito de tratamentos convencionais
(CAPASSO et al., 2000). Além disso, os efeitos adversos também podem decorrer da
contaminação por agrotóxicos, metais pesados e micro-organismos (WHO, 2004).
A obtenção de informações relacionadas ao desenvolvimento de eventos
adversos associados à terapia, bem como o controle de qualidade desses produtos são
parâmetros importantes para a regulamentação do mercado fitoterápico e para a
promoção do uso correto e seguro pelos usuários. Assim, questões como desvios de
qualidade, erros de medicação, uso de plantas para indicações não aprovadas,
notificações de intoxicações agudas e crônicas, avaliação de mortalidade, abuso e
interações são alvo de estudo da fitovigilância (WHO, 2002).
Os efeitos adversos relacionados a plantas medicinais e fitoterápicos podem ser
classificados de duas formas, sendo eles intrínsecos ou extrínsecos. O primeiro está
relacionado à constituição química da planta, podendo ser do tipo A (toxicidade
previsível, overdose ou interação medicamentosa) ou do tipo B (reação idiossincrática).
O segundo grupo de classificação refere-se às reações ocorridas durante a manufatura
do produto, como a falta de padronização, contaminação, adulteração, entre outras
(DREW; MYERS, 1997).
Um dos grandes problemas para o rastreamento dessas reações associadas às
plantas medicinais são as diferentes nomenclaturas aplicadas para uma mesma espécie.
A identificação incorreta, seja na colheita ou na compra do material vegetal pelos
grandes fabricantes, poderá resultar em muitos problemas de saúde para a população
que for consumi-lo. Diferenças entre formas de cultivo, solo, época de colheita,
processos de secagem e estabilização afetam diretamente a concentração de princípios
ativos e, consequentemente, a efetividade e a segurança do produto. Essa variação da
concentração do princípio ativo pode resultar em possíveis quadros de intoxicação, bem
como na inefetividade de tratamento (DREW; MYERS, 1997).
A adulteração é outro fator que contribui para a ocorrência de reações adversas e
pode ser realizada misturando-se drogas vegetais da mesma planta, espécies
semelhantes de plantas medicinais e também adicionando-se medicamentos alopáticos.
Nesse último exemplo, cita-se a presença de anti-inflamatórios não esteroidais,
diuréticos tiazídicos, ansiolíticos e corticosteroides (PINN, 2001).
Ademais, parte dessa dificuldade em identificar esses casos de efeitos adversos
deve-se à falta de conhecimento do usuário e profissional de saúde sobre a importância
do questionamento aos pacientes sobre o uso de fitoterápicos e de plantas medicinais. A
orientação dos profissionais aos pacientes sobre a notificação das reações adversas ao
Sistema Nacional de Farmacovigilância é de extrema importância, para que,
eventualmente, a informação possa chegar a Anvisa (BALBINO & DIAS, 2010).
Pré-registro
Para a obtenção do registro (BRASIL, 2014), a empresa farmacêutica
responsável pelo desenvolvimento e/ou pela manipulação do fitoterápico deverá
fornecer um dossiê a Anvisa com as seguintes informações:
Relatório técnico: Nesse documento é necessário conter as informações
referentes à nomenclatura botânica completa, parte da planta utilizada,
local de fabricação, dados da produção, controle de qualidade, dados
sobre segurança e eficácia, além de layout da bula, do rótulo e da
embalagem.
Relatório de produção: Deve conter informações sobre a forma
farmacêutica, descrição detalhada da fórmula completa designando a
nomenclatura botânica oficial, o excipiente, conforme a Denominação
Comum Brasileira (DCB) ou, em sua ausência, a Denominação Comum
Internacional (DCI), ou a denominação citada no Chemical Abstract
Service (CAS) respeitando-se a ordem de prioridade; descrição da
quantidade de cada substância expressa no sistema internacional de
unidades (SI) ou unidade padrão indicando sua função na fórmula;
tamanhos mínimo e máximo dos lotes industriais a serem produzidos;
descrição de todas as etapas do processo de produção contemplando os
equipamentos utilizados; metodologia de controle do processo produtivo;
descrição dos critérios de identificação do lote industrial.
Relatório de controle de qualidade: Deve conter informações referentes à
droga vegetal, informações referentes ao derivado da droga vegetal e
controle de qualidade do produto final. Resultados do estudo de
estabilidade acelerada e acompanhados dos estudos de estabilidade de
longa duração em andamento.
Relatório de eficácia e segurança: Um critério de importância é a
comprovação da eficácia e segurança do produto. Para isso, de acordo
com a RDC 48/04, as empresas podem usar três alternativas. Uma delas é
apresentar estudos farmacológicos e toxicológicos com base na literatura
descrita na “Lista de Referências Bibliográficas para Avaliação de
Segurança e Eficácia de Fitoterápicos”. Outra forma é apresentar um
levantamento bibliográfico etnofarmacológico o qual mostre a eficácia e
segurança do produto efetivado por um período de 20 anos ou mais. A
terceira e última alternativa é realizar testes pré-clínicos e clínicos até a
terceira fase.