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Como analisar obras de Arte
A leitura de uma obra é uma atividade tão importante quanto a produção artística, pois
possibilita a interpretação das imagens, compreensão e apreensão de informações, fatores
fundamentais para quem vai fazer o PAS. Afinal, como sempre digo, infelizmente ninguém vai
colorir na prova!
Pra falar a verdade o título da postagem não está correto! Vimos em Estética e Arte que uma
mesma obra pode despertar diferentes sensações em cada pessoa. Então não existe uma receita
de como ler uma obra de arte. Mas é possível levar em consideração a época, a técnica, o tema e
os recursos usados pelo artista para melhor compreender sua função. Eu gosto de seguir alguns
passos básicos ao analisar uma obra:
PRIMEIRO: leia as informações do rodapé da obra (os créditos): título, autor, época, dimensão
e técnica. O título quase sempre já é uma indicação do tema da obra, mas muitas obras
simplesmente não tem título (lê-se Sem Título), justamente pra não influenciar sua
interpretação,e aí é preciso pesquisar um pouco mais.
SEGUNDO: analise o objetivo da execução da obra (sua função). Para isso, busque informações
sobre o artista, sua época e características do seu trabalho. Em algumas obras é preciso decifrar
códigos e significados de símbolos apresentados, e isso só é possível por meio de pesquisa.
Função artística: através da organização dos elementos que compõem a sintaxe artística, cria
composições que atraem a atenção do espectador.
Função pragmática: apresenta um caráter educacional. visa transmitir conhecimentos de todas
as ordens: científicos, espirituais, políticos e culturais através da produção artística.
Função religiosa: objetiva divulgar preceitos, dogmas e eventos de uma determinada religião,
para referenciar os fiéis da mesma.
Função ambiental: visa exaltar e/ou denunciar aspectos relacionados com o meio ambiente: sua
beleza, preservação e, também, sua exploração.
Função individual: através da produção artística, o compositor, motivado pelos acontecimentos
que o rodeiam, expressa seus sentimentos.
Função histórica: registra e retrata fatos relacionados com uma determinada época relevantes
para uma civilização.
Função política: tem objetivo social ao representar eventos da ação política de uma comunidade,
um povo ou nação.
Observação: além dessas funções existem outras, e todas podem coexistir em uma só obra ou
projeto artístico.
TERCEIRO: perceba os elementos que a compõem (as cores, linhas, texturas, etc) e examine o
direcionamento da luz. Já falei sobre os elementos básicos da composição visual aqui. Sabemos
que esses elementos são capazes de comunicar sentimentos, e isso ajuda na interpretação da
obra.
OBJETIVA (ou visual): descreva o que todo mundo vê, sem especulações.
SUBJETIVA (ou simbólica): descreva o que você sente ao visualizá-la.
FORMAL (ou estética): analise a composição visual – a sintaxe visual -, seu contexto histórico,
seu tema, sua organização. Envolve um pouco mais de pesquisa.
Para ficar mais claro, vou usar como exemplo a obra A Criação do Homem (ou O nascimento de
Adão), de Michelangelo. Escolhi essa pintura por tratar-se de um tema que ainda veremos esse
ano: Renascimento. Essa obra é cheia de características que marcam o estilo da época e do
artista.
2) ANÁLISE SUBJETIVA
Certamente se trata de uma passagem bíblica, no caso, como indica o nome da obra, o
nascimento de Adão, por isso a obra tem função, predominantemente, religiosa. O homem que
toca o dedo de Adão és Deus rodeado por seus anjos. Ele flutua no Céu, enquanto Adão repousa
na Terra. Para mim permeia na obra um clima de tristeza por que vejo poucas expressões no
rosto deles e as cores suaves transmitem delicadeza, como que para não competir com o tema.
Eu sinto que os personagens forma cuidadosamente arranjados na obra pois não parecem estar
em posições muito naturais e confortáveis.
3) ANÁLISE FORMAL
Trata-se da cena do livro bíblico de Gênesis “A Criação do Homem”. O detalhe do dedo de Adão
encostado ao dedo de Deus é, ao mesmo tempo, suave e forte, pois transmite o poder da criação,
o momento em que Deus dá sua força divina, seu espirito santo, para o homem. O artista era um
perfeito anatomista, algo muito comum no Renascimento. Por isso Deus esta sobre a figura de
um cérebro, como “o cabeça” de tudo, “a mente criadora”. As formas perfeitas do corpo de Adão,
evidenciadas pelo uso da luz e da sombra, indicam sua perfeição, também característica comum
nas obras racionais do Renascimento. Esse racionalismo se traduzia em poucas emoções
humanas, cores neutras, muito equilíbrio e simetrismo.
Cada pessoa tem seu jeito de analisar uma obra e muitas vezes o gosto pelo artista ou pelo
movimento artístico influenciam a interpretação da obra. No entanto para determinadas obras,
em especial do período clássico até a modernidade, essas regrinhas ajudam bastante. Claro que,
em se tratando de arte contemporânea a coisa muda bastante. Seja como for, o mais importante
sempre será estudar e pesquisar sobre o artista e sua época para melhor compreender seu
trabalho, mesmo que você não goste.
Bibliografia usada: Estudo Dirigido de Artes; Ensino Médio. Volume único. Borges e Ribeiro.
Brasília, DF: Editora do Centro. 2011.