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. EUCLIDES SEM LÁGRIMAS 121 .

meio milênio antes dos gregos, êles lá haviam descobertd regras gerai'
importantíssimas relativas às figuds. Também sôbre os números,
descobriram muitas causas interessantes misturadas, porém, com bo1
dose de bobagens. Parec~ provável que já conhecessem as famílias nu-
CAPITULO IV merais, tão importantes na moderna estatística. Lamentàvelmentc,
apenas uma pequena parcela de seus conhecimentos chegou até nós. ú
~UCLIDES SEM LÁGRIMAS resto se perdeu. Como as duas bibliotecas de Alexandria, as primitivas
bibliotecas chinesas foram incendiadas. Esta calamidade não foi obr&
(
ou da guerra. O incêndio foi propositado, tal como a destruição da
cultura alemã pelo chanceler Hitler. Ordenou-o um imperador que
'Q Q_ue se F_oâe Fazer com a Geometria acreditava, como Bernard Shaw, que os homens haveriam de escreve!
melhor se lessem um pouco ·menos.
'Nos cat)ífulos anteriores, esforçamo-nos por fazer uma .recóns· · A princípio os chineses gozavam de pelo menos uma vantagem
tifitlção, em parte imaginada, do mundo de antanho, o mundo em que sôbre as primeiras civilizações européias. Os sc'us o rganizadores d~
os homens começavam apenas a balbuciar a linguagem das grandezas. calendários constituíam uma casta cerimonial menos fechada. :Ries
Até cêrca de 2000 a. C., muito pouco se fêz no sentido de inventar eram tipos mais leigos. Não sabemos porque os chineses não cumpri·
princípios gerais relativos à contagem e me.diçiio das coisas. A lite· ram as suas promessas mais antigas; potlcmos apenas conjeturar sõbre
ratura matemática ainda não existia. As realizações arquitetônicas alguns dos seus obstáculos, Uma das razões, pode ter sido o fato da
de nossos antepassados impressionam-nos bem mais que as poucas
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I sua educação ter começado cedo demais. Além di sto, êles estavam
tabuletas de aritmética comercial desenterradas em Nippur, ou o papiro ·~ l carregados com uma complicada escrita de hicroglifos, imprópria para
que encerra hHlo quanto conhecemos :acêrca da sabedoria sacerdotal exprimir coisas simples de maneira simples. Por isso, êles llão foram
da civilização do Nilo. A grande pirâmide de Queops foi o grande adiante.
monumento que êles ergueram àquelas momentosas verdades sôbrc Qs gregos que, possivelmente, aprenderam muito dêles, não tinham
triângulos, que transmitiam de bôca em bôca, sacerdotes a noviço~. nem o obstáculo da casta sacerdotal, nem o de uma educação custosa.
mestres rle obras a aprendizes , escravos artífices aos seus filhos. Por- Enquanto os chineses escreviam seus primeiros livros de matemática, C'
tentoso monumento! Talvez ainda exista, no dia em que deixarmos de continente grego era invadido por certas tribos nômades provindas
• aprender como os gregos construíram a sua grande pirâmide de lógica, do norte. :Rsses invasores arianos eram originários de desoladas es-
tepes, de raras noites estreladas. Não conheciam a arte de escrever.
não menos rígida e inabalável!... Não resta a menor dúvida que
ns mquitctos dos templos e os coletores de impostos já haviam adquirida Ignoravam as artes da construção e do comércio. Não dispunham
a prEltica de traçar modelos na areia para orientá-los na arte de medir de pesos e medidas. Só o que sabiam fazer era assolar as costas da
sombras e dimensões, muito antes de aparecerem os primeiros homens Asia Menor, onde fundaram pequeninos reinos, como a Lidia, insig-
que colecionaram as figuras traçadas e tentaram formular os princí- nificantes cidades-estados, como Mileto, bem no ex t remo da grantl~
pios fundamentais das artes construtivas. O traçado na areia con- cadeia de portos comerciais fundados pelos maiores comerciantes c
tinuou a ser, por séculos e séculos, o único método resolutivo do :; navegadores da antiguidade. Foi por intermédio dos fenícios-semitas
problemas geométricos. Arquimedes, o maior matemático da anti- que o homem nórdico contraiu a sua primeira divida para com os
guidade, estava a fazer desenhos na areia, quando foi massacrado pela> judeus. Dívida, esta, d!! aluno para professor. Com êles aprendeu
legiões romanas. Os métodos pelos quais os homens fizeram as a . ler, a escrever, a contar. Sua própria ignorância facilitou-lhe re·
primeiras construções geométricas, com o auxílio de cordas e cavilhas, nunciar à complicada escrita pictórica .e aos ideogramas que embar-
tio de prumo e nivel d'água, são bem mais notáveis que os livros gavam o progresso das primitivas civilizações do Egito e da China.
sôbrc êles escritos. Lançou mão dos velhos símbolos, para representar a,s sonoridades de
Aos chineses cabe a glória de terem sido os primeiros a lançar sua língua mais simples. Adotou um bom alfabeto, com que começou
as bases ele uma literatura de grandezas. A medida que o tempo passa, a compor frases claras e simples. Como não o esmagassem tradiçõe'
mais 11os capacitamos do quanto lhes devemos. A ilustração que de ~er.imoniais complicados, podia sondar os segredos sacerdotais com
reprocluzi!l~os na Fig. 19, basta para justificar a nosr-a crença de <Jue, !=\lr!qsgl!l9.e, ~ll! :vez de 9 fa:zer · ~on~ ~eyer§nci!J., Ningu~~ !he~ cns~
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nara que "no princípio era o Verbo". No princípio era o Caos. ·p;, r'"' Não é de admirar qüe Platão - para quem a geometria era um
ordem, fê-la êle, depois de se familiarizar com o caos. éXercício do intelecto desencarnado - desejasse ver incendiadas tôdas
Não sabemos se êstes selvagens nórdicos que ocuparam o nor- as obras de Demócrito. 'Eernard Shaw elogiou a sabeDoria do César
deste mediterrâneo tinham olhos azuis e cabelos louros. Só sabemos Fascista que assistiu, sem pestanejar, ao incêndio da Biblioteca de
r1ue nada, em absoluto, justifica a crença que as realizações científicas j\Jexandria e à conseqüente destruição dos sessenta traraclos de De-
ela civiliza~ão grega eram fruto de seu equipamento racial. Os dois mócrito e de tôdas as realizações astronômicas dos alexandrinos. O
famosos funclàdores da geometria grega, Tales (640-549 a. C.) e mesmo fogo destruiu, por certo, também, muita conversa-fiada inútil
Pitágoras ( 587-507 a. C.) eram -ambos de origem fenícia . A ciência e prejudicial. Os males do intelectualismo grego, êstes, porém, so-
e a matemática só penetraram no continente grego, quando êste já se breviveram à destruição das chamas. Os bens, ficaram nas cinzas.
encontra~ no fim de seu período de formação. Introdl)ziu-as na 'As únicas realizações substanciais que nos restaram foram a ciência
côrte de Péricles, Aspásia, sua amante, cidadã de Mileto, cidade do corrompida de Aristóteles e a geometria platônica, levada por E ucli-
litoral da Ásia Menor. Mileto era a pátria de: Tales. Foi a convite des para Alex-andria.
da favorita que Anaxágoras transpôs o mar Jônio e pisou o continente Foi êste Euclides quem declarou, certo dia, não haver est rada
grego. Pitágoras e Empédocles, os primeiros que estudaram o vácuo, real para a matemátic-a. Disse-o a um rei, mas é provável que também
viviam na Itália e na Sicília. Demócrito, o especulador do átomo, o dissesse a seus alunos. E quando um dêles lhe perguntou para
morava em Abclera, entre a Ási-a Menor e o continente grego. A que servia a geometria, o mestre mandou um escravo dar-lhe uma
cstrêla da ciência grega já se punha no horizonte, qua·ndo o culto da moeda a fim de que êle tivesse uma compensação pelo seu trabalho.
filosof ia começou. Grega nunca fôra, no sentido continental da pa- Não obstante a opinião de Euclides, a ativa sociedade cosmopolita ele
lavra. E a princípio, nem sequer o fôra no sentido racial. Alexandria não tardou a encontrar uma utilidade para a sua geometria.
A origem tiriana de Pitágoras talvez explique os sinais evi- Outro tanto faremo~ nós.
'1entes de influência chinesa encontrados em seus escritos, objeto do
próximo capítulo. Pitágoras muito viajara pela Ásia. Nos dia~ AS LIMITAÇOES DE EUCLIDES
de st1a mocidade, entrara em contato com a grande comunidade co-
mercial, portão das rotas comerciais do interior asiático. Quanto a Nossa geração presenciou uma verdadeira revol11ção no conceito
fales que viveu numa ilha ou numa comunidade costeira, sem castas clássico doa geometria. Hoje, associâmo-la principalmente aos nomes
viajado, conhecera o Egito; aplicara os pri~cípios que imaginara à me- de Ernst Ma ch e Einstein. Já sabemos que a geometria de Euclides
dição da altura da Grande Pirâmide; predissera o eclipse ocorrido a 28 não é a que melhor nos faculta a medição do espaço. Isto não quer
de maio de 585 a. C.; fizera experiências com o âmbar; foi o primeirn dizer que não seja, ainda, um conhecimento útil. Sempre o foi e
a observar as atrações magnéticas e estudara o Íman. Não cultiva\·a ainda o é. As novas descobertas mostraram apen-as que ela tem suas
a matemática como instrumento de perfeição espiritual. Provàvel- limitações. Julgo conveniente mencionar, desde logo, algumas, ao
mente ficaria muito surpreendido se lhe dissessem que ela poJia servir invés de relegá-las tôdas para o fim do livro. Para muitos propósitos,
~ara isto. A situação gc<Jgráfica valeu a êsses gregos jônios (como a geometria grega ainda é o melhor instrumento à nossa disposição.
Tales que viveu numa ilha ou numa comunidade costeira, sem casta~ Qualquer balança de venda é de mais serventia, no lar, que uma ba-
preexistentes de comissários eclesiásticos), uma grande vantagem sô- lança química. A própria delicadeza desta, que lhe permite estimar
hre seus contemporâneos chineses. Bem a podemos vislumbrar num as dimensões do átomo, torna-a inconveniente para usos domésticos.
fr:~gnwnto do primeiro grande materialista sôbre o qual K-arl Marx Pois bem, aprendemos, ainda hoje, a geometria de E11clides, para usos
escreveu a sua tese doutoral. Eis as palavras de Demócrito: domésticos. A geometria dos seus mestres jônios fundava-se, origi-
"De todos os meus contemporâneos, fui o que mais viajou, o nàriamente, na observação de como os homens construíam casas e
que mais conhecett a terra; visitei as regiões mais remotas, estudei loteavam a terra. Ela cessa de ser útii , quando se trata de determi-
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os clima·s mais diversos, os mais variados países, ouvi mais ge·nte. nar a posiçãl) da mais distante nebulosa ila constelação da Ursa Maior.
~inguém me venceu em construções e demonstrações geométricas, Essas nebulosas distam de nós mais de trezentos anos luz. A luz,
uem mesmo os geÔI!_letras do Egito, entre os quais passei cinco longos com sua velocidade de dezoito milhões de quilômetros por minuto, leva
anos". . . . t~ez,eptos !l!lOS para percorrer q espaço que delas nos se).lara.

i. . )

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Não nos surpreenderão essas limitações, se levarmos em c<Jnta ovelhas e reses pôr a pastar. Foi apenas quando tiveram de construir
o fato de ser a geometria grega circunscrita pelo seu ambiente social. cercados para proteger seus rebanhos, vinhas e templos - onde
Já vimos que a aritmética grega não lograva descobrir o resultado propiciavam os deuses, senhores da chuva, das estações, do sol -
da corrida de Aquiles e da tartaruga. A geometria grega tampouco. ~ue de.P"lraram com um novo problema. A Figura 28 mostra como
Originária da prática de desenhar na areia e de construir .coisas per- um cercado do . mesmo tamanho pode circunscrever dois terrenos ou
manentes, tais como edifícios e navios, esta geometria não levava em. lotes de áreas diferentes. No primeiro, o número de grãos que se
consideração a existência do tempo. Suas linhas, ângulos e figuras, podem semear, ou o número de ovelhas que se podem tosquiar, é um
uam todos fixos. Porisso, quando recorremos a suas figuras imu- têrço maior que nd segundo. Quando medimos comprimentos, des-
táveis para orientar-nos na medição de um mundo eminentemente prezamos esta particularidade, que em nada afeta a construção do
mutável, temos de recolher, às pressas, aquilo que os gregos expur- cercado. O comprimento é a dimensão que interessa ao construtor
garam das figuras. Nada há de tão sólido que possa permanecer de muros. A área, a dimensão que interessa aos semeadores. O
exatamente tal corno é. Quando afirmamos que a superfície do volume, a dimensão que interessa aos que trocam leite e vinho. O inte-
Brasil é de 8 500 000 quilômetros quadrados, admitimos que suas lectual grego não percebia a relatividade que existia entre a dimensão t
fronteiras não se alterarão, pelo menos durante o período em que a utilização social. . Os anatomistas das figuras criam haver chegado ao
pretendemos usar esta in formação, como também que o volume da extremo limite da dissecação, quando isolaram a linha, o ângulo e o
terra permaneça inalterável. Na realidade, o mundo encolhe à mé· ponto (isto é, a posição de onde partem as linhas). Eram êstes os
dida que vai esfriando. Seu encolhimento é sensível num período de elementos imutáveis, exteriores ao tempo, e pois, eternos. A partir
várias eras geológicas. desta base inabalável, bem podia a razão alçar seu vôo e conquistar.
.,. aôzinha, o resto da verdade. A linha era o comprimento, na sua
I
I
pureza e simplicidade. O ponto, a posição, na sua pureza e simpli-
I
I cidade.
I Area
I +
I Bem outra é nossa atitude. Para nós - conforme observou
: 200x200 Area- 100x300 unidades I
6 Oscar Wilde - nunca a verdade é simples, e raramente pura. Os
g unidades quadradas. quadradas o gregos estudavam a anatomia dos objetos mortos. A anatomia sur-
1:<1 I
I Perímetro- 800 unidade' I giu antes que o homem pudesse c<Jnceber a fisi<Jiogia do corpo vivo,
Perímetro -
I
I
I
I
800 unidad•s ':...:-.-__-_-_- __-_-__-_-_-:-3~0~0------_-__-_-_-__-_-_-
__-_- __-.J
.. + móvel, mutável. E' ela que nos ensina a localização dos órgãos do
I
I corpo, e que nos diz como orientar-nos dentro dêste corpo. A geo·
"' . . .-.-_-__-_-_-__....,z'"'o'"'o~-------_-_----.-~ metria das figuras planas ensina-nos a orientar-nos por entre as fi-
guras planas. A anatomia expõe a natureza do cadáver dissecando-o.
Fir. 28 - A RELATIVIDADE DO TAMANHO E A S!I!RVENTIA SOOIAL. A geometria expõe a natureza das figuras planas dissecando-as. Nem
todos os liv.ros de anatomia partem do mesmo ponto. Tampouco o~
Quando afirmamos que determinada cabca tem um certo volume, de ~eometr!a. Observa·ndo-.s~ como os órgãos das figuras planas
referimo-nos a u'a medida suposta invariável entre a ocasião de sua - hnhas, angulos e superf1c1es - são reunidos entre si, p<Jdemos
manufatura e a de sua destruição. Como o fator tempo não interessa começar de onde nos aprouver, isto é, de acôrdo com o que admiti-
na utilização particular que daremos a esta informação, ou desprezâ- mos como es.tabelecido. Não existem verdades eternas, das quais
mo-Io, ou isolàmo-lo do es.P"lço. Quando asseveramos que determi- devemos part1r. As regras enunciadas sôbre as figuras planas, co-
nado terreno tem tal superfície (ou área), não levamos em considera- mo sô?re as figura.s sólidas, são tôdas verdades aproximadas, quan-
ção o fato de a terra encolher-se p<Jr resfriamento. Nem mesmo as do aplicadas à med1ção de um mundo em mutação. São tôdas exce-
pessoas interessadas na exploração do subsolo, por bem saberem que lentes modelos para orientar-nos nas obras de construção e de di-
não se pode cavar até o centro da terra, muito menos interferir com visão da terra. Até certo ponto, prestam-se muito bem para a
os antípodas, levam em conta a profundidade dos terrenos que adqui- d~scrição do macrocosmo das estrêlas. Demócrito não perdeu os
rem. Os primeiros homens que procuraram medir áreas não estavam cmco anos que passou entre os egípcios, observando a sua maneira
inte.ressados em explorar o subsolo; sim em saber quantos grãQs po- de construir e de dividir o ~erreno, para transmitir os princípios a
denam semear em seus campos, quantos poderiam colhêr, ou quantas seus concidadãos.
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A geometria, objeto dêste capítulo, é a que trata das figuras que em que êstes usavam figuras planas, como os gregos, para reproduzir
se podem traçar com régua e compasso, seguncjo a prescrição platô- em escala os objetos de seus problemas de cálculo, não tardaram a
nica . Assim sendo, a perfeita igualdade encontrada entre os números observar uma curiosa discrepância. Os modelos que traçavam só
inteiros, machos ou fêmeas, da aritmética grega, não tem cabimento. eram capazes de dar urna resposta a cada pergunta. Mas há pergun-
Os ângulos, áreas e linhas que aqui figuram, só podem ser represen- tas que admitem várias respostas e os árabes conheciam suficiente-
tados por números esticáveis, isto é, pelos números que se aplicam mente os números para saber que, em muitos casos, dois e mais clêles
a medições reais. A expressão AB = CD não significa "a linha AB podem ser respostas igualmente satisfatórias a determinadas perguntas.
é exatamente igual à linha CD", pois que não se podem fazer linha~ A discrepância observada era devida a uma razão muito simples: não
exat<nnente iguais a régua e a compasso. Sua tradução correta é terem as figuras de Euclides, posição determinada. Com efeito, a
a seguinte: "Medi AB para obterdes o comprimento de CD com geometria grega considerava idênticas, coisas evidentemente diversas .
a precisão necessária". Não desprezava apenas o tempo, também a posição. Foi só quando
Os gregos não estavam acostumados a presenciar variações radi- a determinação do ponto de um navio no mar inspirou uma nova
cais e rápidas de costumes. Contavam o tempo com relógios solare~ geometria, que o fator tempo se incorporou definitivamente à ciência
~ ampulhetas. Não possuíam nenhum aparelho físico, capaz de medir geométrica. Mostra-nos a Fig. 26 que Aquiles só · alcançou a tarta-
mtervalos de tempo in feri ores àquele que leva um ôvo para cozinhar . ruga quando êste fator "tempo" entrou nas cogitações geométricas.
Era, pois , natural que julgassem a medição do espaço completamente O estudo desta limitação leva-nos às primeiras definições usadas
independente da medição do tempo. A arquitetura, a agrimensura na dissecação das figuras planas, isto é, às instruções que nos ensinam
e o comércio, haviam secularizado o espaço nos países que os mate- oomo deitar o cadáver e aplicar o escalpêlo. A geometria de Eu-
máticos gregos visitavam, mas o registro do tempo ainda era, em
grande parte, prerrogativa da casta sacerdotal. E a geometria grega
.não se ressentia desta usurpação. O próprio Arquimedes, que apren·
dera geometria no Egito e aplicava-a à construção de rodas e alavan-
cas, cria que a reta é necessàriamente reta por ser o caminho m:üs
curto entre dois pontos . Isto, que é verdade para a mor parte das
finalidades práticas, não é uma verdade inevitável, eterna. E por
que não o é, diz-nos o biologista. Há uma parte de nosso ouvido
interno sensível à influência da gravidade. Graças a ela o gato cai sem·
pre, exatame·nte, sôbre as quatro patas e o peixe se mantém de barriga
para baixo. Se agitarmos o fluído que enche o nosso ouvido interno
- como quando giramos ràpidamente o corpo - ficaremos tontos, sem
Enfado
saber se o teto é ch!l.o ou se o chão é teto. O camarã~;~ possui um
órgão idêntico. Se o enchormos de limalha de aço, o camarão obede-
cerá à atração de um magneto, ao invés de à gravidade. Se as linhas
do campo magnético forem curvas, jamais o camarão poderá nadar
segundo uma reta. Para êle, o caminho mais curto entre dois pontos
será uma curva. As mais simples estimativas sôbre o comprimento
de uma linha, envolvem movimentação dos músculos dos olhos. De· .~
-~ :»>---·--··-···---~
pendem, pois, do tempo e elo espaço . Tôdas as ilusões óticas sôbre
distâncias provém do fato de elas nos obrigarem a forçar os olhos a Dcsnslre
fazer um movimento a que não estão afeitos. No mundo real da Flr. 29
biologia, tamanho e movimento são entidades inseparáveis. !IM OIMA. - Dolo trilnculOI podem ••• eemelhont" quonto A Iom• ( l•to 6,
Ao abandono do fator tempo deve o método de Euclides uma. ler- 01 trh lnguloo eqnlvolenlea) e, no enlanto, dlverooo qnonto ao t•m•nho.
outra limit>ação, a que só seremos sensíveis quando estudarmos, como EM BAIXO. - Doh triAnruloa podem t-er a. mesm& fo11na e o mo!mo t:uu&ohoj
alo o~n~, IÓ t&rlo completamente equir.lon\u .., livorom a moomo podçll.o,
os. ár~bes, a compor sentenças em linguagem matemática. Na época
llll MARAVILHAS DA :MATEMATICA EUCLIDES SEM LÁGRIMAS
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clides admitia que as figuras podiam ser análog-as quanto à forma, triângulos, a menos que nos informem qual a posição desejada. 'A
ao tamanho ou a ambos. Quando análogas em forma e tamanho, Fig. 30(a) apresenta dois dêsses triângulos PQ.Ssíveis, de que os outros
Euclides as considerava completamente iguais. Figuras limitadas por dois não são mais que inversões. A anatomia doas figuras planas,
retas são análogas quanto à forma, ou semelhantes (observe-se o uso segundo a geometria grega, é útil como modêlo do mundo real, porque
desta palavra) quando têm os ângulos equivalentes. São análogas revela a equivalência de ângulos, linhas e superfícies fàcilmente m.e-
em tamanho quando, tanto seus lados como seus ângulos, são equi- díveis, com ângulos, linhas e superfícies, difíceis de med ir. As verdades
valentes e encerram superfícies equivalentes. Dois triângulos Podem aproximadas que apresenta, não são mais que processos de se medir
encerrar áreas equivalentes, sem que por isso tenham os lados e ân- quantidades insuscetíveis de medição direta. Para descobrir essas
gulos equivalentes. A Fig. 29 mostra-nos que, se quisermos usar verdades aproximadas, o grego se valia de verdadeiros truques de
as figuras comQ modelos do mundo real, devemos atentar para outra dissecação, tais como dividir a figura em triângulos, reconhecer quais
característica importante, além do tamanho e da forma. os completamente iguais, e deduzir, dêsses, quais as -linhas e ângulos
· Não perderemos tempo em discutir a utilidade das tentativas eu- equivalentes. Pelas razõ:es apresC'!ltadas "na página 77, é impossível
clideanas de demonstrar quando dois triângulos têm o mesmo tamanho. descobrir quais os elementos exatamente iguais das figuras traçadas
Euclides começou a sua dissecação pelo ponto mais difícil. O pro- a régua e compasso. Contornamos êste obstáculo esquecendo a frase
cedimento mais lógico é principiar por inquirir de que dados preci- "completamente iguais, ou iguais em todos os respeitos", e passaremos
samos para . traçar um triângulo, uma vez decidida a sua posição. a classificar os triângulos em semelhantes (angulos iguais) e não-
Mesmo f!artmdo de Un:t !ll.!l9. !ixo _(Fig. 30) 1 ~ possíy:e! traçai: gu.at!o semelhantes, equivalentes em área ou não equivalentes em área, equi-
valentes em tamanho (lados, ângulos e áreas equivalentes) e não
equivalentes em tamanho. Para serem iguais em todos os respeitos,
os triângulos precisam de ter outra característica comum: a posição.
Dois triângulos equivalentes quanto à forma, à área, ao tamanho e
à posição, são perfeitamente idênticos, isto é, se con fundem. Triân-
gulos equivalentes em tamanho, distintos e diversos em posição, po-
dem diferir de duas maneiras, conforme sejam ou não invertidos, um
em relação ao outro, como reflexos num espelho.
O contôrno de dois triângulos que sejam imagens refletidas, I»'
dem coincidir, se êlcs forem de vidro ou de tecido estampado, com o
mesmo padrão, de ambos os lados. Se porém, o pad rão fôr diferente
COMO BK TRACA. UM TRIANGULO
nos dois lados do tecido, ou se o vidro fôr espelhado num loado só, os
(o) Oonheeem ·Jo os eomprimentoa doa trila Ladoo. contôrnos não mais coincidirão.
,.) Conhe.·.•m·IO OI comprimenl<>a do doi• lodos • o tamanho do an~to e-.
preendtdo entre êlo1. .. .. Uma vez decidida a posição do triângulo, fácil será traçá-lo, desde
(•) Conhecem -se _o comprimento tle um lado e os tamanhoa doa dois &nruJ 01 q,u
" ~~lroa do11 Jadoo formam com o Lado oonhocldo, que se tenha uma das três informações já indicadas (Fig. 30).
A primeira informação é o comprimento dos três lados. Conhecidos
............. --\~f - os t~ês !ados de um triângulo, para construí-lo, começa-se por traçar
------------------ C '41 I, o pnmetro, depois, com a abertura do compasso igual ao comprimento
--~·-~ . de cada um dos outros, traçam-se dois arcos de círculo em tôrnú das
·-·--- ti

~~:~:~---:~~~-----------------·-
extremidades do primeiro lado traçado. A intersecção dos dois arcos

~~
B J
-·------------------Lt-h!:::r:~!:!"
de círculo é a única extremidade possível dos outros dois lados. Se
a soma dos dois lados fôr menor que o primeiro, os dois arcos não

----
--=-~ ~~~---===~~----~~~~~~----~~~~~
- --=- -=----
se cortarão e o triângulo será impossível. 1hte método se baseia
no fato de ser a distância de qualquer ponto de uma circunferência
a seu centro, igual à distância de qualquer outro ponto ao centro
Uli! DAS PRIMlllinAS MANEinAS Dlll UTILIZAR O O.A.SO (~),
ATRIBUJDA A '!'ALES comum. Esta definição da circunferência outra coisa não é senão a
Fi~. 30 exposição de CQWO, !J.pr~ncípio, o homem 'traçava círculos 11a' areia -
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com duas hastes de madeira (uma das quais era fixada), - unidas A causa dêste retardamento é fácil de compreender. Euclides tinha
por um pedaço de corda (Fig. 18) . os movimentos embaraçados pela · cultura social em que vivia. O
A segunda in formação necessária ao traçado de um triângulo ~ mun~~ dos g~eg.os não era um mundo de juros, consumos de gasolina,
a do comprimento de dois lados e do ângulo por êles formado. Co- e analtses qmm1cas. As razões não eram entidades familiares. Re-
nhecidos êstes dados, fácil é traçar o triângulo, sendo para isto bas- presentavam um processo de divisão comumente efetuado num apa-
tante unir por uma reta a extremidade dos dois lados conhecidos . Se relho muito rígido, o ábaco. Os alunos de Euclides não podiam
o ângulo fôr maior que dois ângulos retos, não será possível construir compreendê-las como nós.
um triângulo que o contenha como elemento seu . Sua dificuldade é, aliás, bem desculpável. Suponha-se que saibamos
A terceira in formação que possibilita o traçado de um triângulo que o consumo de gasolina de um automóvel é de um litro por 8 qui-
é o conhecimento de um dos lados e dos dois ângulos a êle adjacentes. lômetros. Para obter o número de quilômetros que se pod-em percorrer
O triângulo será possível se a soma dos dois ângulos conhecidos não sem reabastecimento, basta.multiplicar o número de litros existentes
exceder dois retos . Traçados os ângulos, será o bastante prolongar no tanque, por 8. Para obter o número de litros necessários a uma
as retas que os limitam até se encontrarem. A Fig. 30 mostra como viagem, basta dividir o número de quilômetros que se pretende per-
êste processo serviu, desde longa data, para a determinação gráfica da correr por 8. Ambos os processos são extremamente fáceis, em nossa
distância de um navio a um ponto da c.osta. · aritmética. Mas a aritmética do ábaco era diferente. A multiplica-
Vistos os três processos de se construir um triângulo a partir de ção de um número próprio por outro dá sempre um resultado exato,
tres espécie ele informações, podemos enunciar três regras que ex· obtível por adições reiteradas (Fig. 6). Dividir um número próprio
põem as conexões existentes entre os elementos de uma figura, uma por outro equivale a achar quantas vêzes se pode tirar um do outro.
vez . dissecada em triângulos: No efetuar desta operação, sobravam, em geral, algumas contas no '•
Abaco. Raramente se encontrava uma resposta exata. Por isso a
R egra N .• 1 dos Trin11g11los. - Triângulos de lados equivalentea, divisão era uma operação muito mais difícil de se compreender na-
·são equivalentes em tamanho. queles tempos, em que os homens julgavam que um número, para ser
Regra N .0 2 dos TrilÍ11gulos . - Dois triângulos são equivalentes ~ai, precisava ser próprio. O próprio Euclides viu-se obrigado a
em tamanho se, em um dêles, dois lados e o ângulo com- consagrar todo um livro (o Livro V) , à ilustração daquelas regras
preendido entre êles, forem equivalentes aos do outro triân- tão simples de proporção que, no capítulo precedente, condensamos
gulo. na chamada regra diagonal. Se desenhardes dois triângulos retân-
Regra N.• 3 dos Triângulos. - Dois triângulos serão equiva-
lentes em tamanho se um lado e os dois ângulos adjacentes
I
do primeiro forem equivalentes a um lado e aos dois ângulos I
I
I
adjacentes do segundo. I
' de
Alrura
'A geometria euclideana tem uma terceira limitação que a toma 50 m~rros
I
I
dcsnecessàriamente complicada. O geômetra jônio Tales demonstrou I 25
que a relação existente entre os lados correspondentes de dois triân- 'II
I
gulos semelhantes é sempre a mesma, independente do compri· <---·--· 75 melros-----·-,.
mento dêsses lados. Em capítulo posterior veremos como êste teorema
~- --··---···-·--------\5O melros·-···--···----~---~
permitiu a determinação da altura da Grande Pirâmide. Não nos Plano do horizonre (base l .
deve surpreender, aliás , o fato de ter sido esta verdade descoberta
em época tão remota. Muito embora ainda não a houvesse formulado, . E'J,. 81. - DECLIVIDADE DE UM POR TRts.
o homem de antanho já -agia como se a conhecesse, sempre que usava Bo õ lnrulo formado pela utroda eom o nlvol do horl<On\o 6 A, t..nrenl<l do A c:: . :. )
a geometria para fazer figuras em escala. Reconhecida a veracidade 8
.. A flrura 6 também um hlero~ll!o da dlvlsllo por B. Para ulilid.·l• eomo hl,
do teorema, não é di ficil deduzir de seu enunciado corolários de muque o ndmero de unldadea a dl;idlr a6bre a lioh ·ba•• o moça a porpoodicular.
grnnde utilidade. A razão principal da complexidade de Euclides é 'I' elaro que a perpondicukr valorl - do nlor Npruentado na bau,
!lº
tei: ' co!~ca~() as r_azões no f!m ~e seu ljyro, il,~ i!lY~S ~e pri!lcípio, • ·-'
I
.d EUCLIDES SEM LAGRIMAS 133
\ ~2 MARAVILHAS !DA MATEMÁTICA
fo.TODO DE EUCLIDES
gulas, o primeiro com 4 centímetros de base por 3 de altura, o segtmdo
com 8 centímetros por 6 de altura e se os comparardes, percebereis, Se eu fôsse o Doutor Watson, e Sherlock Holmes, como era seu
sem dificuldade, que dois triângulos com lados correspondentes na costume, me dissesse: "~ ccê conhece os meus métodos, Watson",
mesma razão, não é fenômeno menos compreensível que o de uma retrucaria, incontinenti: - "Ignoro-os, meu senhor. Faça o favor
motocicleta ter o mesmo consumo de gasol!na, 11a Sexta-~~i!a ~ de mos explicar". Euclides, como ·vimos, valia-se de um truque para
Paixão e num dia de Carnaval. descobrir as conexões existentes entre os vários órgãos (linhas, ângu-
Uma das relações existentes entre os lados de um triângulo 'é, los e superfícies) das figuras mortas: dissecava-as em triângulos. Co-
na vida moderna, quantidade mui familiar. Encontrâmo-la escrita nhecidos um ou dois lados de cada, não precisava veri ficar a equiva-
à margem das vias férreas e das estradas de rodagem nas imediações lência dos ângulos para declarar a equivalência dos triângulos. O
<las rampas perigosas. Uma declividade de 1 por 10 quer dizer grau pastoril, baseado no calendário das estações, não tem o menor
que se desenhardes em escala, um triângulo retângulo, um lado re- 'r,J.lor para o reconhecimento da equivalência dos ângulos. Os geô-
presentando o declive da estrada ou da montanha (hipotenusa), outro metras das cidades-estados usavam, para .comparar o tamanho dos
representando o nível do horizonte (base), ~ Q ~~!~Ç!~g, perpe!!~9J!!I>r ângulos, o chamado ângulo urbano dos construtores de templos. ( Fig.
a altura é um décimo da base, ou: · · ~2): A 4e.HJ1ÍS~Q de ângulo reto proposta por Euclides equivale a

altura 1 fio de prumo

base 10

Em matemática, costuma-se chamar esta razllo, tangente (to ân-


gulo (A) formado pelo declive com o plano do horizonte, e repre-
sentá-la pel~ abreviatura tg A, que significa: "Procurai o número
correspondente a A na tábua das tangentes" (1). Há dois ramos
da matemática particularmente interessados em declividades. 'A tri·
gonometria as tabula, de modo que é sempre possível calcular o valor Nível
de bô/ha
de uma distância difícil ou impossível de medir diretamente (como,
por exemplo, a distância da terra à lua) desde que se possa medir o Horizonle
ângulo ~ e alguma outra distância (por exemplo, a distância
l'lr. 82. - OOMO BE APRENDE A SOMAR !NGUL09,
entre dms pontos da terra). Isto equivale a utilizar o conhecimento
d.o consumo de gasolina de um automóvel para calcular quantos qui-
lometros se pode percorrer sem reabastecimento, ou de qu'3.1ltOS litros dizer que o espaço compreendido entre o fio de prumo e o nível do ho-
se precisa para percorrer determinada distância, . · . rizonte é o mesmo em qualquer direção. Não é preciso passar cinco anos
entre os sábios do Egito para descobrir esta verdade. Dois ângul-os
. .O ramo d~ mate_m.ática denominado cálculo diferencial, especia-
perfazem um ângulo reto (900) se um representa a inclinação de uma
hza-se em med1r declividades que vergam; é comparável a uma arit-
estaca oblíqua sôbre o horizonte, e o outro a inclinação da mesma
mética especializada em calcular distâncias, a partir do consumo de
estaca em relação a um fio de prumo. Se estudardes as legendas da
gasolina de um automóvel que tem o tanque :vasàndo. Se Euclides
Fig. 33, pouca dificuldade tereis em apreender as duas regras que a
fizesse uma idéia da importância que as razões assumiriam no futuro
de certo faria mais por inseri-las - !=<)mo .fazemos. ,......, nas primei~
geometria aplica ao reconhecimento da equivalência dos ângulos. Ei-las:
págin~ Qe se\! C!l~SQ ~e geo!J1e~r!a. - ----
Regra N.• 1 dos A11gulos. - Quando duas retas ·se encontram
sôbre o mesmo ponto de uma terceira, a soma dos três ân-
gulos formados é igual a dois retos, ou 180>.
(1) Se consultarmos uma tAbua de linhas trlgonomêtrlcaa naturnla, '~egra N.• 2 dos A1tgulos. - Quando duas retas se c;ortam, os
veremos que a tangente de 6'7' ê quase en.tamente 0,1, Assim a ramp~ ângulos o~ostos pelo y~rtice são iguais.
de 1 po~ 10, co~responde a um~ decllyl~a!!e !!~ §.'1'1 .. · · · · ' -· -
MARAVILHAS DA MATEMÁTICA EUCLIDES SEM LlGRIM~B 135
.. \
Duas outras regr as aplicáveis ao reconhecimento da equivalência e comparando-a com a Fig. 33, vereis que êste é o princípio em que se
de dois ângulos, evocam ao espírito uma quarta limitação da geometria baseia a utilização do astrolábio, na medição do ângulo que uma colina
ou uma estréia fazem com o horizonte. A REGRA N .• 2 DOS ÂN-
de Euclides. Euclides definia as paralelas como retas que, por mais
GULOS in forma-nos que também os ângulos alternos inten1os (a e c
que se prolonguem, j amais se encontrarão. Esta definição, depois
na Fig. 33) são equivalentes, o que nos dá duas ·n ovas regras sôbre
ele conduzir-nos ao sétimo céu, abandona-nos, como Platão, no espaço.
~ngulos equivalentes:
Porque a verdade é que não conhecemos nenhuma superfície tão plana
que nos permita prolongar indefinidamente duas linhas, conservan- Regra N .• 1 do Paralelismo. - Quando uma reta corta duas
do -as retas. Nossos desenhos são feitos em pedaços tão reduzidos paralelas, os ângulos correspondc11les que forma são equi-
da terra que, em compa ração com o restante, nos parecem realmente valentes.
planos. A moderna astronomia ensina-nos que não . seriam as para- Reg'T'a N .• 2 do Paralelismo. - Quando uma reta corta duas
lelas euclideanas o gênero de linhas capazes de alcançar as mais remotas paralelas, forma ângulos altcrnos-intemos equivalentes.
estrêlas, se êste emprêgo lhes déssemos. Muito mais lógico é começar
por itHluirir como se pode reconhecer quando duas linhas são paralelas. Quanto à equivalência de duas linhas - evidente qua ndo se
Uma das maneiras de se fazer êste reconhecimento é fixar trata de lados correspondentes de triângulos equivalentes, ou de la-
que duas vigas são paralelas , quando igualmente inclinadas ~ôbre uma dos do mesmo quadrado, ou de lados equivalentes de um triângulo
te rceira em que ambas se apóiam, ou, em linguagem técnica, quando os isósceles - há u'a maneira de descobri-la, já usada neste livro. Uma
ângulos con:espondentes são equivalentes (Fig. 33). :Voltando à Fig. 12 segu·nda regra, aliás, existe, que nem mencionaríamos, se não nos aju-
das~ a safar-nos de uma grande dificuldade. Para verificar a equi-
valência de dois triângulos, é indispensável reconhecer ao menos um
lado equivalente. Se dissecamos uma figura, em que somos incapazes de
reconhecer um lado equivalente sequer, cumpre-nos desmembrá-la em
dois triângulos, por meio de uma reta qualquer. Os dois triângulos for -
mados terão necessàriamente um lado em comum, o que quer dizer
que um dos lados do primeiro triângulo será equivalente a um dos
lados do sugundo. '
Euclides usava um terceiro truque, para nós desnecessário. Po-
demos contr.ntar-nos com as duas regras que daremos a seguir. A
que um dos lados do primeiro triângulo será equivalente a um dos lados
(I) REGRA N.• 1 DOS ANGUJ ·OB. (11) REGRA N.• 2 DOS ANGUL09,
do segundo.
O Anrulo do melo 6 90• -o+ UO•- • .A. IIJuro foi deunh•4• duu Yh.. l'
ou 180° - a - c. <:omp&rando·as TemM que: · Regra N .• 1 das Retas. - Duas retas são equivalentes, quando
Os tt·h &nrulo• junto& perfazem
(180'- c- •> + " + c = 180°
180°- a= 180°- c ,' , a = c.
raios do mesmo círculo.
P:s lngnloe a e c l&o chamado• &a..
• iuloo opoo\oo pelo y611loo.
Regro N .• 2 das Retas. - Se unirdes por uma reta dois dos
vértices de uma figura, dividi-la-eis em 2 figuras tendo um
lado comum: a reta. que traçastes. Haverá, assim, ao menos
um lado da primeira figura, equivalente a um lado da se-
gunda.

Para compldar o nosso estu(lo sôbre a dissecação, só nos ·falta


saber dissecar o círculo. O círculo pode ser dissecado, ou em setores
(i ii)
'(o que se faz traçando-se os raios), ou em segmet~los circulares
(111) AS DUAS REGRAS DAS PARALELAS. (o que se faz unindo-se por uma reta dois pontos da circunferên-
(o) Vorlflt11ndo o poralcllomo do duu vl,oo. cia). A face curva dos setores e segmentos circulares chama-se
!bl Moolrando quaio oo lnrulo• equivalent.eo, qulaquer quó tolam tu&l poaloen.
Fie. sa arco, Uma reta que, partindo de um ponto da circunferênc\a; passa
186 MARAVILHAS DA MATEMÁTICA EUCLIDES SEM LÃGRIMAS 131

pelo centro do círculo_e vai terminar no outro extremo da drcunferên· . São muito poucas as regras geométricas que permitiram aos su-
cia, chama-se díâm~tro; sua propriedade é dividir o círculo em duas ~essores dos gregos inventar linguagens de grandezas mais úteis e·
partes iguais, os semi-círculos. menos trabalhosas tais como a trigonometria e a álgebra. Para nós,
Até agora, ainda não falamos sôbre o retângulo. Nãd obstante, ~ i 1erá suficiente uma dúzia delas. Dispo-las-emos em três classes, se-
um elemento imprescindível na dissecação das figuras. Para traçá-lo, gundo o contexto social em que se originaram. Euclides denominava
( é suficiente saber que é uma figura fechada, limitada por quatro retas teorema a apresentação de uma regra acêrca de figuras. Segundo ·o.
paralelas duas a duas, e que possui um ângulo reto. · A Regra N.• materialista Demócrito, chama-la-emas demonstração. Grupa-las-emcs.
1 do Paralelismo mostra-nos, porém, que, nos quadriláteros desta ;egundo o modo pelo qual foram primeiro usadas e reconhecidas, assim:
natureza, se :Uill ângu!o ~ reto, os outros três ~a!llb~U1 Q ~er!o. {~J:· Quatro demonstrações de agrimensura, quatro demonstrações de medi--
34, (f)) .
. -- -~
'ões de sombras, com propósitos arquitetônicos e quatro demonstraçõe!
óe astronomia, ou de ciência calendária. Antes, porém, cumpre apren-
/ Arco '\
der a aplicar as três regras sôbre triângulos, para que possamos com-
(b)
preender os três métodos de dissecação que essas demonstrações tn·
~olvem. Não .s~ P?de ser anatomista sem antes aprender a usar ~'
mstrumentos Cirurg1cos.

REGRAS DE DISSECAÇÃO

(a) Como dissecar 11111 tmgulo ém 'dois ri11gulos equivalentes.


(d) ( Bissecção).
,Vimos, no Capítul_o 2, que êste problema surgiu quando os
arqtutetos de templos tiveram de traçar o meridiano sôbre a areia
p~ra que o templo ficasse ~orretamente orientado. Comparai a Fig:
J:J (a) com a F1g. 9. A F1g. 35 mostra-nos como êles determinavam
k li~~a Leste-Oest~, _in_dicadora _do poente no dia da grandt: festa da
lertii1dade: o Equmocw da Pnmavera. Os dois triângulos BOP e-
t\OP são eq~ivalentes porque os três lados do primeiro são equiva-
lentes aos tres lados do segundo. Como os raios dos três círculos
traçados em tôrno dos pontos A, B e O são equivalentes (pois gue
I:(rrr)
... Faça llt-1!! :I desenhados Com o mesmo pedaço de corda), · ·
:para ter DC !
r·-, paralela a AB:--..
r.P Paralela a c I d ' . -~· • . I C\ BP = AP}
(Regra N. 0 1 das Relns)
o
1:1.3
AH '(ii)""[]""(;;)·-- BO =AO
.,"t> Meça AD · Faça lb-l'l OP = OP (Regra N. 0 2 das Retas)
~::!. perpen- para ter CB
o 3
ª
0
t---
a\90°
A Compnmento B
di cu lar a AB •,
·····-- a ,
'
l (i) Meça AB
..
•, paralela
b'
1
..L~.fi._Q
.

Assim, ~s dois triângulos BOP e AOP sendo equivalentes em
~manho, o angulo BOP formado por BO e OP é equivalente a<>
dado
(e) ! <'> I a~gulo A_?P for,mado pelos lados correspondentes AO e OP. Na
figura o angulo e de 85°, mas, para qualquer ângulo, o método seria
Fie. H. - ANATOMIA DO OIIÚJULO !I DO RBlTANGULO. D mesmo.
LF.I ASNOTA. - Paro to-açar o• lados parel<loo utlllu a REGRA n • 1 DAS PARJ. , ( b) Com~ baixar mna perpendiwlar sôbre Ht.tla reta. _ O
1~ 'r&~l.oomcçaodo por h16r 4 "" ~o•. P•rllodo dhtt modo, TOl'il qu~ lodo• 01 &o~;ulo; ~e~odo se ba~e1a ua observação do oscilar do fio de prumo. O fio
md1ca a vertical quando na posição média de suas os~la_~>_\iíes. Na
EUCLIDES SEM L!GRlMAS I 13,
138 MARAVILHAS DA MATEM1TICA
Segundo a Regra N.• 2 dos Triângulos, os dois triângulos são
figura 35 (b), P é o ponto de que se deseja baixar uma perpendicular r.quivalentes em tamanho, portanto, o ângulo POB, formado por PO e
sâbre a reta CD . Em primeiro lugar, traça-se um círculo qualquer,. OB, é equivalente ao ângulo POA formado pelos lados correspon-
com centro em P , que corte a reta CD nos pontos A e B . Depois, dentes PO e OA. Quando uma reta incide sôbre outra forman do
acha-se a bissetriz (isto é, faz-se a bissecção) do ângulo PAB me· dois ângulos equivalentes, êsses dois ângulos são necessàri amente
diante o primeiro método de bis secção: traça-se, assim, PO. E' retos . Assim sendo, PO é perpendicular a CD, isto é, forma com
claro que os ângulos OPB e OPA s~:rão equivalentes. Comparando- CD um ângulo reto.
os dois triângulos BOP e AOP vemos que: (c) Como levantar, de um ponto de uma reta, uma perpendi-
cular a ela. - O problema consiste em achar o ponto de suspensão
PA PB (Rrgra N.• 1 das Retas) do fio de prumo que, em sua posição vertical, passaria pelo ponto do
.-qual se quer levantar a perpendicular. Na • figura 35 (c) P é o
PO PO (Regra N .' 2 das Retas)
ponto de onde se deseja levantar a perpendicular à reta AB, isto é,
Angulo APO == Ângulo OPB levantar uma reta que forme com AB um ângulo reto. Começa-se
por traçar, com centro em P, um círculo de raio r que corte AB em
C e D. Depois, com centro em C, traça-se um círculo maior, de raio R,
e o mesmo círculo, com centro em D . Os triângulos COP e DOP
terão, em virtude da Regra N .• 1 dos Trrongulos, equivalentes pois:
CO- R= DO
CP- r = DP
OP- OP
Nestes dois triângulos equivalentes, os ângulos OPD e OPC são
eorrespondentes, e pois, equivalentes. Assim sendo, OP forma com
AB um ângulo reto. . ·
Antes de darmos início às nossas demonstrações o leitor dcvt!
decorar as nove regras que enunciamos : as 3 regras dos triângulos,
as 2 dos ângulos, as 2 de ·paralelismo e as 2 das retas.

QUATRO DEMONSTRAÇOIDS DE AGRIMENSURA


p As três primeiras . demonstrações apresentadas por Euclides nos
livros I, II e VI, já eram conhecidas pelos Egípcios e Sumerianos
I

;x
)o
;;""' há dois mil anos. A última, apresentada no II Livro, é, provàvel-
I I
I
rnente, de origem greg-a e muito mais recente. Referem-se tôdas il·
,/
,/
medição das áreas e naturalmente foram inspiradas pelo cálculo da
superffcie de tratos de terra. Partindo da primitiva unidade de me-
I
I dida, o espaço plano contido num quadrado, podemos mostrar como
I I
C .__.A................. _
I se calcula a área de um retângulo , pela soma de uma trama de
~uadrados e, também, como obter um retângulo duas vêzes maior
que um triângulo retângulo dado. Isto nos permite calcular a área
Cle qualquer triângulo retângulo. A seg'Uir demonstramos que qual-
quer triângulo pode ser subdividido em dois triângulos retângulos.
Isto nos permite calcular a área de qualquer triângt:lo. Qualquer
~·J Bolu ndo , do ponto P, nma (o) Leftnt&ndo, do ponto P 41
porpend icullu. uma Teta , uma perpendicular. 'f igura limira.da por lados retos pode ser subdividida em triângulos
Fi(. 35. - REGRAS DE BISSECÇ.lO.
EUCLIDES SEM LÁGRIMAS 141
HO MARAVILHAS DA MATEMÁTICA

valentes. Podemos ainda exprimir a mesma conclusão dizendo que:


. 36) . Com êste conhecimento podemos medir a superfície de
(F lg. •SabetJdo calcular a área de um retângulo, poderemos calcular a área de
qualquer terreno, seja qual fôr a sua fonm, desde que tenha lados q1wlq11er triângulo retângulo, construi11do o retângulo, wjo comprimen-
retos, 9. tru9.ue de Eucli<:les, é, P:9is, o método do agrimensor. to e largura, sejam equivaletltes aos dois catetos. Desta demonstração
decorrem do is corolários muito importantes:
(a) Os lados opostos de um retâ11gulo são equivalentes. - Como
os dois triângulos são equivalentes em tamanho, os lados correspon-
dentes AB, AC e DC (AC sendo lado comum aos dois ângulos equi-
valentes CAB e ACD) são equivalentes. Quanto aos lados corres-
pondentes, AD e BC, também são iguais.
(b) As perpmdiculares que mmn duas paralelas são equivalentes.
- A figura 37 (vi) mostra porque AB e DE são paralelas. Sendo
AD e BC perpendiculares, fqrmam ângulos correspondentes equiva-
lentes (Regra N .• 1 de Paralelismo), e são, pois, paralelas. Assim
sendo, ABCD tem lados opostos paralelos, e como tem também um
!'Ir. B~ ângulo reto, é um retângulo. Portanto os lados opostos 1\P. e BC
Sabendo oaleular a &ru dt 11m \riln(ulo qulquer, :POdtmOI medir • 111plll'llole 44 ~o equivalentes. ·
•••1quer terreno, deidfl QUI llmlt.ad.o por ltnbu re\11.
(i) (ii)

~AoB A~B
Além de modelos de medição de terra, essas demonstrações são
modelos do modo de se efetuar cálculos. A segunda e última, por
exemplo, sugerem algumas maneiras de abreviar o trabalho no ábaco. .. u
Mais tarde, essas mesmas demonstrações levaram os Arabes a inventar ~CQ
Q,
as regras de cálculo que hoje usamos. Chamâmo-las de Algebra.
Conquanto poss-a parecer mais lógico partir da conexão existente entre D Paralela a C D C
AB A dissecção consiste'
o retângulo e o quadrado, começaremos por estudar a relação entre em traçar a diagona(
o triângulo retângulo e o retângulo, porque para demonstrar como

::,~---"
se calcula a área do retângulo, precisaremos de algo que depende da
referida relação.
Demonstração 1
"A diagonal do retângulo divide-o em dois triângulos retângulos
D (iii) C',,
equivalentes".
Na Fig. 37, AC é,a diagonal do retângulo ABCD. Vimos que
todos os ângulos do retângulo são retos. (Fig. 34). Assim sendo, os
triângulos ABC e ADC são retân:;:ulos, e nêles:
(i v) o
= d = AC (Regra N.• 2 das Retas) ..A
Iu "'\. ' ..
,..

·.. . ·~'.J ••
(I) AC
{II) ângulo CAB = ângulo ACD (Regra N.• 2 de Paralelismo, vide . ·-o·b·
Fig. 33) (iii)
{III) ângulo BCA = ângulo CAD (Regrq N.• 2 de Paralelismo, vide ..... ...,
Fig. 33) (iii) ·-- a' cf_\.41
: (uii) ;
Comparando (v) da Fig. 37 com (c) da Fig. 30, vemos, pela
Regra N.• 3 de Triâ11gulos que os triângulos ABC (! ADC são equi.. Fi,. 37, - DEMONSTRA.CAO 1,
142 MARAVILHAS DA MATEM.lTICA
EUCLIDES SEM L.tGRI.MAS 141
Demonstração 2
Imaginemo-nos egípcios ou sumerianos. Cumpre-nos descobrir
"Se se divide um lado de um retângulo em dois segmentos quais- l nossa própria custa que a palavra "por" significa o mesmo que
quer, sua área total será equivalente à soma das áreas dos retângulm "multiplicar". Para descobri-lo desenhamos um retângulo em es-
formados pelo lado não-dividido e cada segmento do lado dividido'' . cala (Fig. 38 (iii)) e dividimos um dos lados em x unidades de com-
O lado AB de comprimento B, do retângulo representado na Fig primento e o outro em y unidades de comprimento (compare-se a
38 (i) é dividido em três segmentos AP, PQ e QB, com l, m e " uni- Fig. 24, em que x = 4 e y = 3) . Se atentardes nas figuras 38 (iv,
dades de comprimento, respectivamente. A Fig. 38 (ii) mostra romo s~ v e vi), vereis que podemos escrever :
faz a dissecação, baixando dos pontos P e Q perpendiculares ao lado
oposto. Isto divide a figura em três retângulos. Como os ladm HB unidades de área = (Hl + Hm + Hn) unidades de área,
opostos do retângulo são equivalentes (Demonstração 1 (a)), as per- e. como
pendiculares são equivalentes a H, lado inteiro do retângulo. E'
evidente, pois, que:
A área de todo o retângulo H por B = Soma das áreas doe podemos, ainda, escrever :
retângulos H por l, H por m e H por tt.
H (I+ m + n) = Hl + Hm + Hn
A P Q B ----- . ·--- -
Se subtrairmos o pequeno retângulo h por a em (vii) do retân-
t
I
I rtlângulo completo
'
I
I
I
I
cuJo h por b, obteremos, do mesmo modo:
H por I H por Hporn H
H
'j H por B
m I
I
I
h (b- a) = hb - ha {fi)

t Lê--,-_-__-.• -.----.-_-;8::---.-----------------._, ,I
I
Essas duas conclusões podem ser usadas para abri:viar o trabalho
de multiplicação no ábaco. A princípio, multipli~ar 36 por 25 si~i­
(i i) fica.va rontar 25 vêzes 36, sem recolocar as mtssangas na postçao
primitiva. Na Idade Média, quando já se começava a usar os n~­
(i v) meros arábicos, mas ainda r:ão era hábito decorar a tabuada de multt-
l'\ Area da wângulo I plieação, a tábua de multiplicação por 2 já era sabida de cor e
-.~-·tt unidades-----• const1tuida dt IJ faixaa usada na efetuação de uma multiplicação muito simples, a chamada

I
:~aL--~~--~~--t
retangulares, dt~plicação. Graças a (a) podemos escrever:
c
36 X 25 = 36 (16 + 8 + 1)
E efetuar a operação por partes, assim:
36 X 2= 36 + 36 72
~~~ 36 X 4= 72+ 72 144
(iii) (v)
Cada faixa rem , de largura, 1
36 X 8 = 144 + 144 288
·--------- b ________ __.. untdade, e é dividida em x 36 X 16 = 288 + 288 = 576
t ~--a---,..~--- (b -a)---~ quadrados de unidade de lado.
I
I 36 X 16 = 576
h
·I
36 X 8 288
II (vr) Perfazendo ao~
rodo y "vézes" x ~ 36 X 1 - 36
t~~-+--------~
unidades quadradas
(vii) de nrcn.
900
i'lr, SB, - DlliMONSTRAÇl.O I,
EUCLIDI!lS SEM LÁGRIMAS HG
144 MARAVILHAS DA MATEMA.TICA
(ii) Se um dos ângulos fôr maior que 90", baixa-se uma per-
Na antiguidade, outro método de multiplicar parece ter encon- pendicular sôbre o prolongamento da base (como na Fig. 39(ii)).
trado. alguma aceitação, pois que os povos primitivos, - como as Teremos:
de N1ppur o demonstram - deram-se ao trabalho de compilar tábua&
de quadrados. E' lícito escrever:
A = ! p (b +
x) - ! px =
= !(Jb + ! px - t px
25 X 36 = 25 (25 + 11) ou A = ! pb
E, da mesma maneira:
(a) Além de ensinar a medir a área de um triângulo, esta
25 X 36 = 25 + 11 · (25) = 25' + 11 · (11 + 14)
2 demonstração contribui para a descoberta de um princípio importan-
tíssimo de "medição de sombras" (Dem. 7). Se um triângulo (área
- 25 + 1p + 11 . (14) = 25 + 1P + 11 . (11 + 3)
2 2
A) tem por base B unidades de comprim<!nto e por altura p, e outro
25 + 1p + 1p + 3 ( 11)
2 triângulo (área a) tem por lYase b unidades de comprimento e a
mesma altura p, a relação existente entre suas áreas pode ser expressa
- 25• + 1J2 + 1J2 + 3 ( 3 + 3 + 3 + 2) dêste modo_:
A B
- 25 2 + 11' + 1)2 + 3• +3 +3 +
2 2
3 . (2)
a b
E, consult-ando a tábua de quadrados, teríamos:
Isto e, a razão 'das 'áreas Cle triângulos de meS11W aliura, 'é iguaL
625 + 121 + 121 + 9 + 9 + 9 + 6 d razão de suas bases. Para a importa·ntíssima demonstração a que
sendo a última operação efetuada de cabeça. nos referimos, precisamos saber reconhecer quando dois triângulos
A arlição final, feita no ábaco, daria o re&ultado correto 900. têm a mesma altura. Para isto existem duas regras:
(b) TriâtJglllos com base sôbre a mesma ,-ela e v~rtices 110
mesmo ponto, têm necessàriamet1te a mesma altura.
E' o que se pode ver na Fig. 39 (iv). Os triângulos ABC, ABE,
"A área de um triângulo é a mel'ade do produto de um lado pela AED, ADC, AEC e ABD têm todos a mesma altura.
perpendicular baixada do vértice oposto", (c) Os triâllgJtlos de base comum terão trecessàriametJte a mes-
, Partindo do espaço plano encerrado num quadrado, oomo medida tna altura, se os se11s vértices se acharem todos sôbre uma mesm<1 l-inha,
da area, aprendemos a calcular a área de um - retângulo e a de um paralela d base.
triângulo retângulo. Vamos agora aprender a calcular a área (A) E' o que se vê na Fig. 39 (iii). Vimos, na Demonstração 1 (b)
de um triângulo qualquer. A dissecação · a fazer é muito simple, que as perpendiculares que unem duas paralelas são equivalentes.
(Fig. 39).
(i) Se nenhum dos ângulos é maior que 90", baixa-se uma per- Demonstração 4 (Como dissecar um quadrado)
pendicular do vértice sôbre a base. Isto subdivide o triângulo em 2
triângulos retângulos. Cada um dêles, em virtude da Demonstração 1, "Se se divide o lado de um quadrado em dois segmentos, a área
equi vale a metade da área de um retângulo. E como a área de um rio quadrado será equivalente à soma das áreas el os quadrados cujos
retângulo, em virtude da Demonstração 2, é igual ao produto dos lados lados são os dois segmentos, mais duas vêzes a área do retângulo de
lados iguais aos dois segmentos".

Mas, v1mos que


A= !px + !PY Um quadrado é um retângulo de lados equival entes (o que seria
imediatamente perceptível , não fôsse a confusão dos têrmos). Na
Fig. 40 (i), dividiu-se o lado AB do quadrado grande em dois seg-
-! flx + ! PY = 1- p (x + y) Dem. 2(a)' mentos, AP (d e y unidades de comprimento) e PB (de .t' uniclaclcs
A -- H (;r+ y) de comprimento) . Portanto, o comprimento AB é (.t' +
y). O
mesmo se fêz ao lado BC. Dos pontos P e Q, baixaram-se perpen-
ou A-- Hb
lU MARAVILHAS DA MATEM·ATICA

EUCLIDES SEM LÃGnTMAS H'l

Por l1J1Ya demonstração iemelhante (Fig. 40 (ii)), chega-se a;

IJ x•- y• = (x-y) x + (x-y) y

-.-x--,.. ------1}----- Aplicando-se a Demonstração 2 (a):

(i) x1 - y' = (x- y) (x + y)


Veremos no capítulo 7 que as espécies de multiplicação repre-
sentadas hieroglificamente por estas figuras desempenharam um papel
muito importante na descoberta da Algebra. Será conveniente para
o leitor conferir pessoalmente essas regras de multiplicação, efe-
p tuando-as em exemplos numéricos, verbi gratia:

(a) (3 + 4)3 = 7• = 3' + 2 (3 X 4) + 4 1

- (9 + 24 + 16) = 49
.-----· b+Jf ,,_.,,. ~-···Jf·•·,.
(i i) (b) 71 - 4' = 33 - (7- 4) (7 + 4)

Esta demonstração não é mais que simples aplicação da regra d(


calcular a área de um retângulo. Ignora-se se, em outros tempos,
o homem a utilizou em seus trabalhos de agrimensura. Utilizavam-na
os antigos para abreviar o trabalho de · multiplicação no ábaco, ins-

8 c
(i ii) (i v)
INr. Si. - DElfONSTRAOlO 8,

di~ulares aos lados opostos. Cada uma delas aivide o quadrado em


d_01s retângulos. Fácil é deduzir o comprimento dos lados das quatro xz =
f1gurás formadas, atendendo-se ao fato de que os lados opostos de um x( x-y)
retângulo são equivalentes. ~

'
A áre~ do quadrado maior é AB X BA, ou .(x y)•. ~os- + ~
I
I
.__ ...... ___ ___ . X--·-·- . . ·--·~

tra-!_105 a !1gura que: ·


(i) (i i)
(x + y) unidades de área =
2

(x• + 2.-ry + y') das mesmas unidades


!1'11. (0, - DEMONSTRAQlO (.
~ de área,

isto é: Erumento imprescindível enquanto não se inventou uma: e5crita. nu·


mera! que possi·bilitasse os cálculos diretos. Nicômaco de Alexan-
dria (100 d. _C J explica com() se utilizava a dernogs!ralãp, 9uan.do
EUCLIDES SEM LAGRIMAS 149
148 MARAVILHA~ DA MATEMATICA

QUATRO DEMONSTRAÇOES DE MEDl?ÃO DE SOMBRAS


os matemáticos (que dizer do homem do povo?) ainda não sabiam
a tábua de multiplicar. Vejamos dois exemplos: Para nós, produtos urbanos da civilização nórdica, habi~uados a
(a) Para multiplicar 37 por 25, achava-se o número eqüidis- morar em casas de grandes janelas, dotadas de todo o conforto mo-
tante de ambos (isto é, o número do meio) - ~1, no caso em aprêço derno, com gás, luz elétrica, relógios e até m.esmo (ao me~os p~ra os
- e depois escrevia-se: · · · mais felizes) geladeiras e aspiradores de po, be"_1 .c.usta_ Ima~mar a
importância que tinham luz e sombra, ~as velh~s ciVIh~açoes c;Iadoras
37 X 25 = (31-6)(31+6) das primeiras cidades de pedra. .~oJe em dm, precisamos mventa~
experiências que mostrem aos menmos que a luz, atravess.ando uma
Isto feito, o único trabalho é procurar o quadrado de 31 e o (te 6 fresta caminha segundo uma trajetória reta, e que os raws do sol
nas velhas tábuas de quadrados - como as encontradas em Nippur são p~ralelos. Os primeiros habitantes de cidades, que tinham apena~
(2000 a. C.) - e subtrair o segundo do primeiro, o qne é muito mais por janelas estreitos orifícios pelos quais a luz .d? sol e o lu~r ~e
simples que os métodos apresentados para ilustrar o uso da Demons- coavam fazendo cintilar a poeira 'em suspensão, vivtam na abundancta
tração 2. 37X25=3l2-6"=925 (Confira o resultado). Agora, da luz ~olar que projetava sombras lon~as e nítidas, bem.,defit~idas na
vamos proceder à multiplicação de 36 por 25. Não existe número areia. Não precisavam de quem lhes dtssesse que a luz cammh~ se-
inteiro eqüidistante dos dois fatôres, de modo que se tem de usar o gundo trajetórias retas" ou que. ~aios de ~uz provindos de objetos
número mais próximo de 36, como por exemplo: muito distantes formam entre st angulos tao pequenos que bem se
pode considerá-los paralelos. P.odiam. percebê-lo à própria custa,
36 X 25 = (37 -1) 25 = (37 X 25) - 25 (Dem. 2 (b)) a qnalquer hora do dia ou da nmte (Ftg. 41).
Quando Tales visitou o Egito e calculou a altura da Gran~e
= 3p - 6·· - 25 = 900 Pirâmide meuindo-lhe a sombra, a velha civilização do Nilo já havia
sucumbido, sucessivamente, aos assírios e .aos hitita~ . Conquant? ~os
O número eqüidistante de dois outros dados é denominado médw afirmem as crônicas de seu tempo ter e~e. marav1l~ado os egipctos
aritmética. · Não há quantidade, em tôda a linguagem de grandezas, com êste proceder, não resta a menor duvida que ele empregara o
mais mal empregada pelos políticos, do que ela. Se a e b são doi~
números, sua média aritmética é ! (a+ b); se a= 37 e b = 25, a
média aritmética será ! (37 +
25) =! (62) = 31. Para os valores
36 e 25 a média aritmética será 30 !.
( b) Esta form a de abreviar o trabalho no ábaco acentuou a
necessidade de boas tábuas de quadrados. O interessante é que a
mesma fórmula pode simplificar-lhes o cômputo. Suponha-se, por ·
exemplo, que já conhecemos os quadrados dos números de 1 a 100,
e queremos estender a tabela até valores maiores, segundo a reco-
mendação do próprio Nicômaco. Para obter o quadrado de wn nú-
mero maior de 100, por exemplo, 118, procede-se assim:

(118) 2 (18) 2 = (118-18) (118 + 18)


(118) 2 - .(100) (136) + (18) 2 = 13 924
FI ~ U
Multiplicar por dez, cem, mil ou qualquer outro múltiplo de dez,
no ábaco, é muito mais simples que multiplicar por outro número Quanto nuta dhh.nto um corpo celeste, menor .o ln~ln. f o r ~11'LilD ~los niM. .d•
kla proveniente& de auns extremidades. Quando a du;tnn cll\ c 111 1\ lln granüe, os I ~ 10 '
qualquer, pelo menos para os que adotam a escrita decimal. Assim paruom 'P&taleloa. O l.ngulo existente entre o.a doi! pontos . ma ia a{a!.tad~s do d1~~
sendo, o processo que acabamos de apresentar permite o)lte1: !esul- aolar, ou lnnr.r (t.&l com, 6 ob!ervado da t&rra) é de npcna! .me10 grau, llpro~tme.damente.
O .par•tellamo doa raios do a.ol ou da lua .ora um conh e ctmen~o comunisstmo para. o•
tados <:O!l} uma rapidez muilo maior. llomen. quo .' iriam an\o~ da invenç~o do ndro, em easa• de 1anolas alt.aa • oalr&Jkt.
EUOLIDES SEM LAGR'J.MAS l bl
160 MARAVILHAS DA MATEMJTICA
- ·- - - - - -
oposto fique paralelo à barra. Na Fig. 42 (i), (ii) e (iii), as legen
mesmo pnnCJpiO de medição arquitetôniL-a adotado pelos construtores d:u esclarecem o processo, que se pode resumir como segue:
das pirâmides. A arte de medir sombras era uma das grandes arte!
da antiguidade. A geometria do triângulo resultou da prática da A. + B +
C = D +
C + E (Regra N.• 2 de Paralelismo)
medição da sombra para fins arquitetônicos, clo mesmo modo que a
geometria do retângulo resultou da prática de medir a superfície dos 1
I
I
D +C+ E= 180" (Regra N.• 1 dos Angnlos- Fig. 33 (i)).

terrenos, com o fito de taxar o pequeno lavrador. A geometria es· A demonstração é tão simples que aproveitaremos o ensejo pa1a
tava em pleno florescer, no Egito e na Mesopotâmia, quando oo povot
nórrl icos erigiram aquêles drculos e avenidas de pedra que ainda hoje
se podem ver em Devon f'. Cornwall, províncias a que aportavam GS
l
i
aplicar como é usada para ilustrar os princípios da medição de som-
bras, expostos nas três demonstrações que seguem.
(a) Dois triâng~tl os séW equivalentes quat1do I êtn 14tn lado '
navios fenícios em busca de estanho. Aliás, em tôdas as regiões em dois â11gulos equit•alet1tes.
que êste metal era abundante, encontram-se ruínas de inúmeras aldeias A regra confere com a que aprendemos páginas atrás, a chamada
totalmente constituídas de choupanas de pedra. Os nórdicos, como Regra N .• j dos Triângulos, que afirma que se pode traçar um triân-
os bantus, jamais construíram templos ou cidades por iniciativa prÓ· gulo, conhecidos o lado a e os ângulos B e C. E, se ~o invés de .B. r
pria. O atraso dos habitantes da Europa setentrional não era devido C se conhecesse A (ângulo oposto ao lado a, conhecido) e B, facii·
à sua estupidez - como cria Aristóteles, o apóstolo da escravatura, - mente se calcularia o ângulo C da maneira seguinte:
ou como ensinava o culto Said de Toledo na época em que os mouros
construíam m~gníficos lYalneários destinados a serem destmídos pelos A+ B +C= 180•
mesmos conquistadores nórdicos que, expulsan{lo os judeus, introdu-
dram na arte espanhola o odor de santidade que ela até hoje conserva.
'' C = 18()<> - (A+ B)

Aristóteles e Said tinham tanta razão em desprezar o nórdico, quanto


os civili zados modernos que espezinham os bantus. Todos êsses cri·
ticos severos esquecem-se de tomar em consideração as condições ma-
teriais que possibilitaram o advento das civilizações. Todo progresso
era impossível. antes de se descobrir a arte de registrar o tempo.
Nas regiões em que o quadrante solar não podia ser mais que um
enfeite de jarrlim, a vida metropolitana e a lavoura pouco progrediram
tté o dia em que uma casta sacerdotal estrangeira introduziu um
relógio-de-vela, destinado a marcar a hora das matinas e das vésperas.
As quatro demonstrações que seguem figuram, respedivamen·
le, no I ( 5, 6, 8) e sexto (7) livros de Euclides. As três primeiras1
conhecia-as o fenício Tales. A última ainda hoje se acha associada
ao nome de Pitágoras, outro fenício, conqüanto não nos faltem motivoa
para crer que êle a aprendeu dos chineses. Ao explicá-las, preten·
demos dar exemplos de sua utilização na arquitetura e na agrimensura
e mostrar como, mais tarde, os alexandrinos aplicaram-nas à repre-
sentação dos céus. A primeira - de tôdas a mais simples - .não
tem aplicação direta. Sua importância reside no fato de contribuir
para a compreensão das outras três.

Demo11stra.ção 5
"A soma dos três ângulos de um triângulo é igual a dois ângulos
retos". rir. 62. - DElÚ)NBTRAO.lO ~.
Para rlemonstrar esta verdade, tudo o que temos a fazer é apoiar .J
o vértice de um triângulo numa barra reta e ~?:irá-lo até que o lado
151 MARAVILHAS DA MATEMATICA EUCLIDES SEM LÁGRIMAS 153

isto é, se A fôr 600 e B = 60•, C será 180•- (600 +


600) ou C= 60". (d) Triâ11g1úos retângulos que, coloc~dos vértice sôbre vértice
Se A fôr 45• e B =
900, C será igual a 1800- ( 45• 900), isto é, + (como na Fig. 43 (i i)), ficarem com as lnpote1111sas e um .dos lados
=
45•. Se A fôr 3Ü" e B 900, C será igual a 6()<>, Reciprocamente, tm li11ha, são semelhantes, isto á, eqiiiângulos (Fig. 43 (1~).
conhecidos A e C, podemos calcular B. Por exemplo, se A fôr fJ:J' (e) A perpendicular, baixada d~ ângulo reto. !ôbre a lup~tenusa,
e C= 900, B =
1800- (A+ C), isto é, 30•. divide o triângulo retângulo em do1s outros trtangulos retangulos,
( b) Conhecido um dos ângulos não-retos de um triângulo r~- semelhantes entre si e ao triângulo primitivo. .
18t~gulo, (A), conhece-se, ipso-facto, o outro ângulo não-reto (90•-A). Eis o que apresenta a Fig. 43 (iii) e (iv). E' êste um dos ma1s
Isto, aliás, não é novidade. Se os três ângulos de um triângulo importantes truques para a dissccaçã.o de triângulos.
valem respe<:tj_va.mente A, 900 e (90•- A), sua soma vale 1~ •. ist9 ~
·i
A AA
A + 900 + 90• - A = 1800 A

Os três lados do triângulo .retângulo têm denominações especiai!.


O lado maior, oposto ao ângulo reto, chama-se hipotenusa. Sendo A
um dos ângulos não-retos, o lado que lhe é oposto se chama altura.
O terceiro lado se chama base. E' evidente que as denominações
base e alt11ra dependem da posição do triângulo e que a altura, com
referência ao ângulo 90•- A, é a base com referência a A, e vice-
versa. (Fig. 42 (iv), (v) e (vi)).
(c) Triângulos t·ctâ11gulos ccrm o mesmo ângttlo agudo são se-
tndha1.1t_es, isto ~~ equiâug_u[os ~Fig:. 43 _(i))_.

(i) (i i)

90

[(a) O Triângulo Eqt~ilátao (b) O Triângulo


Retângulo isósceles

90'~
~se
(i v)

lhê,-A
rir. 43 Flr. U. - DEMONSTRAÇÃO .5.
154 MARAVILHAS DA MATEMÁTICA
EUCLIDES SEM LÁGRIMAS 155

Demonstração 6
Como se mede a a!cum
"Se dois lados de um triângulo são equiva'lentes, os ângulos que de um barranco
lhes são opostos, também são equivalentes; e, se dois ângulos são
equivalentes, os lados opostos também o serão".
A demonstração enuncia, pois, uma dupla verdade, mas a rlis~e­
cação é a mesma para ambas . Disseca-se o triângulo em dois, divi- \
dindo-se o ângulo formado pelos lados equivalentes (isto é, o ângulo r
não-equivalente do triângulo) pela sua bissetriz, segundo a primeira I
regra de dissecação.
(i) Se nos afiançam que AB =I= AC {Fig. 44 (i)), com•
parando os triângulos ADP e APC verificamos que:

AB = l = AC
Ângulo BA P - !- a = Ângulo CAP l'lr. • !. - MEDINDO A SOMBRA PARA OALOULAR A. ALTURA.
AP - AP (elemento comum) O elroulo que rodtia o ~qusno obal~oo 1nlar, te.m como ra;o o comprimento ct.
tr6prlo obelisco, de maneira que, qul\ndo o 8ol atinro a alLura de 4.5• aôbre o h ori110nk,
• 1ombra tanrenci1 a circunferência tracada,
Portanto, segundo a Regra N.• 2 de Triâ11gulos, os dois triân·
gulos são equivalentes. Isto quer dizer que seus lados e ângulos
correspondentes são equivalentes. Assim sendo, o ângulo ACB, opos· fazem 1800, cada um dêles é igual a um têrço de 1800, isto é, flY'.
to a AB, é equivalente ao ângulo ABC, oposto ao lado equivalente AC. Se atentardes para a Fig. 44 (i), vereis que, como os triângulos ABP
(ii) Se nos afianç-am (Fig. 44 (ii)), que os ângulos B (ABC) é ACP são equivalentes, o lado BP é equivalente ao lado correspon-
e C (ACB) são equivalentes, teremos : dente, PC, isto é, P divide BC em duas partes equh'alen.tes. No
I triângulo eqi.tiláter<> dissecado similarmente na parte inferior da fi.
ABC ACB (segundo nos informam) I gura, vemos que os lados opostos aos ângulos de 30•, valem !-I. Basta
I pois unir o vértice .de um triângulo equilátero ao meio do lado oposto,
DAP !a= CAP I
I para se obter um ângulo de 300. Os dois ângulos formados sôbre
AP AP (elemento comum) o lado oposto, de cada lado desta bissetriz, valem 90". (Demonstra-
ção 5).
Mas, vimos na Demonstração 5 (n) que dois triângulos são equi·
valentes quando têm um lado e dois ângulos correspondentes equiva-
lentes. Assim sendo, os triângulos APB e APC são equivalentes.
I ;
(b) Como traçar âng11los de 45•. - A demonstração 5 (b)
mostrou-nos que, se um dos ângulos de um triângulo retângulo, vale
45•, o outro também vale 45•. Assim sendo, todo o triângulo retâQ-
Portanto, o lado AB oposto ao ângulo ACB é equivalente ao lado
correspondente AC, oposto ao ângulo equivalente ABC. Antes de
mostrarmos como se poclc utilizar êstc conhecimento para calcular a
altma de um barranco pela somhra projetada, ou para dar a um
I I
!
gulo com um ângulo agudo de 45•, tem necessàriamente dois ângulos
equivalentes e, pois , dois lados equivalentes. Uma vez traçado um
ângulo reto, para obter um ângulo de 45•, basta medir distâncias equi-
valentes (l), aplicá-las sôbre a altura e sôbre a base e unir as extre-
e<li fício a altura que se deseja, vejamos como esta demonstração nos midades. Os geômetras e arquitetos egípcios faziam o mesmo com
fornece um método mui simples de traçar ângulos de 300, f:JJ' e 45• bastonetes e cordas sôbre a areia. Nós outros, fazêmo-lo com tachi-
(Vide Fig. 44, na sua parte inferior). nhas e barbante, sôbre a pranche-ta de desenho.
(a) Como traçar ât~gulos d'e 30• e 60•. - Podemos construir A utilidade desta demonstração (outrora chamada, a Pons Asi-
um triângulo equilátero (triângulo que tem os três lados iguais), norum, isto é, a ponte dos burros - porque os burros que a ensina-
dobrando uma corda dividida por nós, em três segmentos iguais. Pelo vam davam-se a todos os cuidados para destruir a ponte que a liga
que acabamos de aprender, se os três lados são equivalentes (com· ao mundo real) - vêmo-la na Fig. 45. Quando o sol alcança a
primento l), os três ângulos também o serão. E como os três per- altura de ~5· sôbre o horizoote (a 45• do zen ite, por conseguinte),
i
EUCLIDES SEM LÁGRIMAS !57
MARAVILHAS DA MATEMATICA
156
des demasiado longa, consolai-vos pensando no tempo que, graças
os raios "de luz, 0 barranco e a sombra, o~.'o raio de .luz, a s.o~bra e a · ela, economizareis mais tarde.
qualquer objeto elevado, formam um tnangul~ retangulo 1sosceles. A Fig. 46 é o projeto de um quadrante solar que qualquer pessoa
Isto quer dizer que, neste momento, ~ compnmento da sombra ~ pode construir num terraço ou num quintal e que lhe permitirá -
equivalente à altura do barranco. p;>mo mais tarde vereis - calcular a altura da casa, sua latitude ~

Um processo dt medir L s o
a altura da grande Pirãmidt,

i . IS) parafuso
Nível de
',.
; bõlha
(• Sombra
... , · ~aescac!&
__ _
············p-r,-
l ... ..
-- ... )

l'ir. 46. - PROJETO DE UM QUADRANTE IMPROVISADO.

longitude, a hora e o quanto a terra parece oscilar em seu eixo du-


· Qtiii>~õ i iõmliri tõõft ii blrõuli rante o ano (isto é, a inclinação da órbita em relação aos polos,
de~ r a. lo icual à ai tu ra da. est..1ca.;
a altura (h) da pil·nmide é obtida chamada, pelos astrônomos, - obliqüidade da eclíptica).
aomando o con1prim'!n la da som.1
ora (8) ~ IIIOIWO da !>Ali (b) 1
DemoJJslração 7
"A relação dos lados correspondentes dos triângulos semelhantes
lll n+S é a mesma".
c h
A dissecação que vamos fazer é manhosa e em três est{tgios. A
Fir. 's .l esquerda da Fig. 47, traçaram-se dois triângulos semelhãntes, ABC e
Quondo 0 col ~11& i 45' ,abrii o borizonh, a jlllura d!! plr&mlde I lcuol aõ DEF, de modo que se pudesse observar a equivalência dos ângulos .
õomp>im•!!lo d~ •ombn m6ia ~ !l'•l•d~ da buo, Quando queremos demonstrar algo de novo, a primeira coisa que deve-
mos fazer é perguntar-nos o que já sabemos sôbre o objeto de nossa
Para: calctâ~i~-.~tiirii{ altura: por êste métod~ indireto, finca-se demonstração. No caso em aprêço, êste objeto são as relações, ou ra-
um bastonete na areia e espera-se oaté que o compnmento da sombra zões. Até então, a única coisa que sôbre elas sabemos é que as áreas de
seja igual à altura· · ~o bastonete·. Neste momento, mede-se a som?ra triângulos da mesma altura estão na mesma razão que suas respec-
do barranco, e ipso-facto, obtém-se a s~":. a~tura. Ac01~tece, porem; tivas bases (Demonstração 3). Assim sendo, temos de achar triân-
que na região em que se edificaram as ptramtdes, o sol so alcança ~5 gulos cujas bases sejam lados correspondentes nos dois triângulos que
de altura ao meio-dia, em dois dias do ano. Naturalmente era Im- estamos oa comparar. Para isto, comecemos colocando os dois triân-
possível esperar estas duas raras ocasiões, para to~ar a altura . das gulos na mesma figura.
pirâmides. E' muito mais incômod? e demorado f~car espera~do a (i) Figura da direita: Aplica-se o comprimento DF sôbrc AC,
data propícia, que aprender a segumte demonstraçao, que ensma a a partir de A, e obtém-se assim AH, equivalente a DF. Em seguida
usa~ () process() para quall!U!!.!: ~ngu!<:l 9o ~Q\. ~e ~orycntura ~ ach~.r·
15S ~IAil.AVILHAS DA MATEMÁTICA
EUCLIDES SEM LÁGRIMAS
151

A o A A

ti
E F
(i)

(i i)

E'ir. '7. - DEMONSTRAQAO 1.

traça-se GH, paralela a BC. Comparando os triângulos AGH e A


ABC. verificamos que os ângulos:
GAH = BAC
GAH = EDF
AHG = ACB
AGH = ABC
L
(·.·os triângulos ABC e DEF são semelhante!)

f Regra N.• 1 de Paralelismo


:A A~
B G A
G

AHG = DFE; e AGH = DEF (·: os triângulos ABC e Flc. 48. - DEMONSTllAQÃO 1 (Coc!.lnuaç!lo).
DEF são semelhantes).
(iii) Na Demonstração 3 aprendemos, também, que os triângu-
Assim, comparando os triângulos DEF e AGH temos; los cujos bases estão sôbre uma reta e cujos vértices opostos, coinci-
dam, terã?~ necessàriamente, a mesma altura. Podemos obter dois pa-
ângulo EDF = ângulo GAH res de trtangulos nestas condições, incorporando o triângulo AGH,
DF = AH (por construção) primeiro ao triângulo GHB e depois ao triângulo GCH. E' claro que:
ângulo DFE = ângulo AHG Área dos triângulos AGH+BGH =Área dos triângulos AGH+GCH
Em virtude da Regra N.• 3 dos Triângulos, DEF ~ AGH slio ou Área do triângulo AHB =Área do triângulo AGC (c)
equivalentes,
Os triângulos AHB e AGH, assim como AGH e AGC, têm a
GH = EF e AG =DE (o) mesma altura (Demonstração 3 (b)). Assim sendo, e em virtude da
Demonstração 3 (a) - que afirma que as áreas dos triângulos de
(ii) Na Demonstração 3 aprendemos que triângulos que têm mesma altura estão na mesma razão que as suas bases - podemos
base sôbre a mesma reta e o vértice oposto sôbre uma paralela à base, escrever:
terão necessàriamente a mesma altura. Dêste fato nos valeremos, para
darmos o próximo passo. Traçando as lin~as que unem os pontos Área AHB AB Área AGC AC
GC e HB (Fig. 47, à direita) e pondo a figura de cabeça para baixo Área AGH
= e
AG Área AGH AH
(como na Fig. 48 (ii), percebe-se imediatamente que (Demonstração

3 (c) Fig. 39 (iii)): Como as áreas de AHB e AGC são equivalentes,
Área do Triângulo BGH = Área do Triângulo GCH ,(b) AB AC
A~ AH
MARAVILHAS DA MATEJMATICA EUCLIDES SEM. LAGRIMAS 161
160

;Em yjrtude de .(a), (pág. 157),

. AB AC
-DE
- = -DF
-

Ou. em virtude ~a regra diagonal (pág. 105).

AB DE
AC DF
Dissecação semelhante, permite demonstrar que:

BC EF BC EF
ou
AC DF AB DE
vara de medir
A Fig. 49 mostra-nos como Thales utilizou esta relação para
medir a altura da Grande Pirâmide de Queops, evitando esperar um
dos dias em que o sol meridiano atingisse a altura de 4So sôbre o hori·
zonte. Fincou um bastão no solo, bem na extremidade da sombra
da pirâmide. Bastão, raio de sol e sombra formavam um triângulo,
de ângulos iguais a 90°, A e 90° - A. A altura da pirâmide, os raios
de sol e a sombra acrescida da metade da base formavam outro, de
ângulos equivalentes. Como os dois triângulos são semelhantes, os
lados corrcspond.entes estão entre s1 na mesma razão, isto ~_;

H p Plr. 40. - OOMO TALES MEDIU A ALTURA DA GRANDE PI!l.AMIDE.

!b +s s mew>~
O Anruto A 6 a lnclinaçlio do ool oObre
para amboa oa lrillogulo!,
o horizonte ao meio ·dia o ê, poio, e

Aplicando a regra diagonal, obtém-se para a altura da ~irâmide: j


I
t Consiste em se organizar, de uma vez para tôdas, uma tabela das
1 razões entre o bastão e ~ somiJra, para vários ângulos de inclinação. Se
voltardes à Fig. 31, vereis que a relação entre bastão e sombra para
um ângulo de inclinação, A, é o que, na linguagem dicionária da tri-
A altura do bastão (p), a base (b) e as duas sombras ·(s e S) gonometria, se denomina tg A. Isto significa: "Procurai um nú-
podem ser fàciimentc medidas ao meio-dia de qualquer data. mero num dicionário (tábua de tangentes) organizado de uma vez para
O mesmo método pode servir para determinar a altura de qualquer tôdas, ao invés de vos dar ao trabalho de fazer uma figuro em escala
objeto inacessível. Também podemos calcular a distância a que s~ cada vez que quiserdes estimar uma altura ou uma distància". Se
encontra de nós, desde que possamos medir o ângulo que o seu tôpo volt'<lrdes à Fig. 43 (i), recordareis que todos os triângulos retângulos
faz com o horizonte (usando para isto um teodolito como o da Fig. 12). que têm o mesmo ângulo . A são semelhantes. Assim sendo, a razão
entre altura e base (isto é, bastão e sombra, t'ambém chamada
·• A maneira mais rudimentar de determinar êsses elementos é fazer uma
figura em escala. Era êste o método displicente dos ~regos. Mas declividade) é sempre a mesma, desde que A seja o mesmo. Só existe
existe um método melhor que o precedente: o da geometria socializada um número que a representa para cada valor particular de A. A De·
011 trigonometria _(ta! ~om~ a costu!lla!110S chamar) dos ~exandrinos: monstração 7 nos mostra que, quando A é fixo, também o é a razão
~e suaisqucr )aºgs ~or~es~11~cntes !)Um !riªn~ulo ~~tân~UlQ.
IGZ MARAVILHAS DA MATEMÁTICA
-------------------- EUCLIDES SIDM L1GR:lM('\S
,I
163
Os gregos, porém, foram incapazes de dar êste passo decisivo que Partida da Esta-
tran sportou a matemática de uma fase de displicência para a de uma çlio de Waverley Chegada a
economia colet iva de fi guras. Em páginas posteriores, veremos como
o d eram os alexandrinos, quando o utilizarmos para medir a distância
da terra à lua , com muito mais facilidade do que se tivéssemos de medir
a distância de Londres a Edimburgo. Encontraremos menor dificul-
dade em compreender o processo se nos formos, desde Jogo, familia-
(Edlmburgu)
P. M.
--
Newcaatle
I y,,. J Londres

rizando com os nomes dos três dicionários usados. Chamam-se, res-


pect ivamente, tábua de tangentes, de senos e de co-senos. As razões 3.0 - 6.45 -
entre os lados do triângulo retângulo, mais comume·nte usadas são a.s 4.30 6.30 - -
seguintes: ' 5.15 - - 11.58
altura
hase
= tgA
~e compara~des os desenhos da Fig. 50 com os da part~ in feri ar
altura da F'fr· 44, vere~s que bem se pode organizar uma tabela semelhante,
----- - seu A assim:
hipotenusa
lngulG (A)
base (Gre.\18)
- cosA Tg A Sen A Coa A
hipotenusa

Os inversos d estas razões denoniinani-se: ·co.lg A. êosec A e


sec ·A, respetivamente. Assim, a cotrr A é igual à base dividida pela
altura, a cosec A, à hipotenusa dividida pela altura, e a secA, à hi-
potenusa dividid-a pela base.
Existe uma tabela para cada uma dessas razões. Tão fácil ~ ObservarGis, também, duas coisas que muito facilitam a confecção
consultá-las, quanto a um horário de trens. Na tábua de senos, uma das tábuas:
coluna, tal como a coluna dos horários de trens, dá a hora da partida,
aliás, o ângulo A . Outra coluna, tal como a coluna da "hora da (1) sen A = cos (90'>- A) Vide demonstração 5 ( b)
chegada" - dá o número desejado, sen A. Quanto à constru~ão
dessas tábuas, será objeto de outro capítulo. Por hora, limit-ar-nos-emos cosA = sen (90"- A)
a dar uma idéia do processo. Um dos métodos possíveis seria traçar
um grande número de triângulos retângulos, cada um com um ângulo
agudo dif·eren.te (diversos valores de A)" e medir, cuidadosamente, os
tg ~= :: ~(: =~ z ~ - _!_
h
X
b
!:..)
lados, anotando os resultados. Mas o processo, além de trabalhoso e
demorado, não seria suficientemente preciso, porque, neste mundo im- Denwnitração 8
perfeito, todo o cuidadô é pouco e nunca a primeira tentativa é a
mais perfeita. Ademais, já sabemos o suficiente para obter os mes- · "O quadrado da hipotenusa: de um triângulo retângulo ·é igual à
mos resultados, com maior rapidez e precisão. Conquanto sr.m a 1oma dos quadrados da base e da altura".
intenção expressa de fazê-lo , já coletivizamos as razões de alguns 1\. dissecação 'necessária a esta demonstração já ·roi explicada na
ângulos, embora muitos nos faltem para completar a tabela. Demonstração 5 (e) e na Fig. 43. A altura bai xada dô ângulo reto
Podemos apreciar o nosso progresso, atentando para uma fubela sôbre a hipotenusa divide o triângulo retângulo em dois outros tam-
muito comum, conl<! a que regi!ltra as várias etapas de wna :viagem bém re~ângulos, semelhantes entre si e ao triângulo primitiv~. Só
de trel!l- · P gue f.!zemos na Fig. 51 fo~ dispô-los de maneira a q,ue se ~ossa ~r-
164 MARAVILHAB DA MATEMATICA EUCLIDES SEM LÁGRIMAS 165
J
+ y, vemos ,que:
I
Combinando os dois resultados, e como c = x

a2 + b' = ex + cy
.J
~

"
'· a• + b' c (x + y) (Demonstração 2).
·:. a~ = b' .+ c•

(i)

·;

jl '
:· .

(i i i) (i li)

I
/ ·
; 60"
---·Ijz-·-- •
cos. 60 o= 1/z

l!'lr. so
Fi~. 51. - DEMONSTRAÇÃO 8,

cetier, à primeira vista, qüais os ladós e ângulos corres(>Ondenfes. Em


virtude de _(iii) na Fig. 51: J'ambém se observa, na figura, que

c a
,(l)emonstração n fJ
X
-
y
-p
e pois
a' = ex (Regra diagonal, pág. 104)~
pt = xy ou p
3' \lxy
Em virtude fle (iv), e por motivos análogos~
Nesta última expressão, p se denomina média geomftrica ou mé-
b y dia proporcio11al de x e y. Assim, a média geométrica de 3 e 27 é
-=- - I
c b y3 X 27, isto é, y 81 = 9. A média aritmética dos mesmos números
b 2
= cy seria: ! (3 27) + =
15. Em noventa e nove por cento das vêzes em
que os políticos útdem a médias, esquecem de dizer a qual se referem.
Há muitas espécies de médias, cada uma C(Jm u~11 cmprêg:o particular.

I,
166 MARAVILHAS DA MATJiJMATICA
ElUCLIDlllS SEM LAGRIMAS 161
E sta demonstração é ela maior importância na determinação das
razões dos ângulos. Deveis lembrar-vos (e, se já esquecestes, recor- base do barranc~ representado na Fig. 45, até avistar 0 cume do mesmo,
d:~i-o na Fig. 44) que quando os ângulos de um triângulo valem 300, a 300 de elevaçao. Chamando h a altura do barranco,
60' ou 90", a hipotenusa (c) é o dôbro do lado (a) oposto ao ângulo h 1 ;ç
de 3()". Para obter o terceiro lado ( b), atribuímos à hipotenusa 9 -=--· ou h=--
valor 1, e ao invés de escrevermos: v3

ou então
c• = a' +b 2 Se o observador volrn a aproximar-se do barranco, e caminha y
metros até avistar-lhe o cume a 60°,

escrevemos: -yh = v -3 ou h =y . yl
p- 0·)· = b•
1- t =t = b' Nem são essas as únicas utilizações da tabela trigonométrica.
Suponha-se que não se pode subir ao cume do barranco nem aproxi-

b =V! mar-se de sua base. Isto não impede que se calcule a sua altura.
Para fazê-lo, basta obter a distância horizontal entre os dois pont~
dos quais se visa o cume do barranco aos 30° e 6()<> respectivamente.
Num iriângulo retângulo de 45°. a base e a altura são equivalentes. (Vide Fig. 53).
Assim sendo, para obtermos a hipotenusa (c) podemos escrever:

,. = 1' + p = 2
, = vz
Poclemos, pois, encher os espaços em branco do nosso "horário" de
tangentes, senos e co-senos (Fig. 52) :

!ngulo· ~angcnte Seno 00-aeno


i
1 1 V3 /
~ 'J
\v . 2 2 /
1 1 .f
I
45•
\/2 -~/2 /
/
\/3 1 I
~ 6 o
2 2
"Os geõrnehas gregos nunca tiveram a idéia de organizar 1tma
tábua como esta, e menos ainda de estendê-la a todos os graus. Assim l 1
sendo, deixaremos para mais tarde a explicação de como se pode Ir U• = 1 i oen 46• = -; ooa 45• =-
v"'i .../1
organizar uma tábua. Entrementes, é importante observar que nada
mais nos amarra ao ohelisco solar. Os geômetras gregos dispunham
vã l
lc 80• =Vã: Hn GO• = -: OM 60• =-
de meios de medir alturas sem recorrer ~ sombra. Quando se possui ~ 2
um simples teodolito (vide Fig. 12), pode-se afastar-se~~~ metros da l l "ã
Lc SO• ;: - ; UD 80• .;:::: - j COA 8UO :::. -
vã a
168 MARAVILHAS DA MATEMÁTICA TI:UCLIDES SEM LÁGRIMAS lU .

No fim dêste capítulo inquiriremos porque os gregos, podendo altura do barranco - é necessário conhecer um pouco melhor a fig1,1ra,
organizar um dicionário de ângulos, não o f~zeram. Cum~r~ observar, chamada círculo. A geometria do círculo é obra dos fazedores de
a êste respeito, que, na confecção de úma tabua desta espec1e, o mate· calendários. Não se sabe, com certeza, o quanto os gregos lhes dev~m.
A segunda demonstração, que segue, é atribuída a Tales... As
mático esbarra inevitàvelmente com quantidade!: como e ..J2 V3 três primeiras são objeto do 3.• Livro de Euclides, e a quarta, do livro
(aproximadamente 1,414 e 1,7~~), inexprimíveis co~ os nú~eros de 8-
.. •M; I
12•. O princípio, em que esta se baseia, era certamente conhecid()
que dispunham. O homem pratico - que quando nao tem .cao, caça
desde a mais remota antiguidade, ou, pelo me·nos, desde que os homens
com 0 gato - tinha de resolver o problem~, ou bem com f1guras. ~a
começaram a fazer rodas para carros de boi e carros de· guerra. Os
areia ( Fig. 55), ou com outro gênero de f1guras baseadas na med1a sacerdotes e artífices egípcios já o conheciam em 1500 a. C.
geométrica. Explicá-las-emos mais tarde.
Quando o fenício Tales descobriu como se inscreve um triângulo
QU~TRO DEMONSTRAÇOES DE ASTRONOMIA retângulo num semicírculo, sacrificou um novilho aos deuses. Foi,
certamente, um mau negócio para o novil·ho e, em tlltima análise, foi
Para aperfeiçoar o método de . medir distâncias inaces~ívei~ por também um mau négócio para os deuses. A navegação sem terra
meio de ângulos e distâncias C()!lhecJdos - como na determmaçao 4a à vista só se tot"nou possível quando os homens começaram a orientar
os seus navios pela órbita das estréias. Foram os fenícios que tra.ru!~
formaram a estréia Polar dos sacerdotes na estréia Polar dos mari-
nheiros. Foram êles que começaram -a secularização do calendário. Os
homens já mediam a latitude e a longitude da esfera celeste das estré-
Ias, antes de sa·berem representar, em mapas, a superfície esférica da
·;""·,. ,,.· ~~... .-·- _ç--,.,... .
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~' -- - ~-
· ''1/(Ít~~~ ~
o(t1r1{,/lt,ví ~
Jl'r 63 - OOMO SE MEDE A ALTURA DE UM BARRANCO QUANDO lt,lftt111 tr11 ~
' . . NAO SE TEM ACESSO A. SUA BASE.
''·.. lllq
N&o 18 pode madir ::a; ou ti, mu pode-se ms.dir d = (~ - u).
: . (o:- d) = ~

h - h I·
~·. -h = --
1
OU
-
b · \j 8 = Xj -=v'BouJ=-- I
Fir. ~4 . - OOMO SE MEDE A IoAROURA DE UM RIO,
( '" vã 7 v8 t Pôde~ taur um inatrumento muito dmples fixando uma
eentro de um. traneferidor, dBixando·n girar livremente .
T~g11a de madeira • .,
F ixa -se nas dues extrornidadu
- h da drua , &!!lm como n~ base! do .transferidor, quatro ganchos (como os usado.a para
Do t:~onto A de
b·'l/3-d=-
luatenh.r O! JI&Ua de cortina), que llrvam de ocularu pa.ra a visada
vã nma daa marrenJ , eaeolhe·se. um objeto (uma A.r vore, por exemplo). na' margem opos.~ O,
Pondo o hroço móvel • 90•, lr•ça·se um, reh·hese porpcn<liculnr • AO eslicando um•
Multipli cando ambo1 os membros pol' va temo1: eorda no P_'Oiongam•nto do tunoferidor. Cnminh&·se sôhr" c•ln r ei• •t6'
0
ponto B, de
onde •• aviSte O oegundo um ângulo de 30•. Mede-se AB. liDO é, pois um iriAngulo
3 " - d va =h reU.ngulo em qne: •
~h= ·t vs
= ,vs
1
Ao=- no • AB 80
v' 3 2
b = -·- . ~ 2
2 AR
Auim, AO, t•rrura do rio, é Igual o
E ' êsto, em ossência, o método de so medir • dlsl~nci• d& lua A lerra. va
170 MARAVILHAS DA MATEMÁTJiCA
\ EUCLIDID9 9IDM L!OJI.lMAS 171
terra. Sistematizando a medição do círculo, os gregos jônios lançaram
as Wa.ses da geografià alexandrina e separaram, de um golpe, a astro- labor manual refletia~ a estratifi<:ação das classes sociais. Justamente
logia da astronomia. quan~o acabara de cr.lar um novo J~strumento para o homem conquistat:
A crença na esfericidade da terra era, de longa data, muito po- o un.. verso _em que VI V~, a gco~n~~na degenerou num mero passatempo.
pular entre aquêles povos navegadores. Figurava, como assunto de E so depo1~ de destru~f!a a 9Y!!!z,ação grega, os !.rutos da geometria
primeira importância, nos ensinamentos do fenício Pitágoras. Os
g:reg:a g:~m)!laram, ·
fazedores de calendários o sabiam, pois estavam acostumados a ver o
disco circular- sombm da terra - nos eclipses tu·nares. Os povos na- Qemcnstra,ão 2
vegadores não" tardaram a perceber que a esfericidade terráquea explica
muito hem algo que todos os marinheiros viam quando se aproxima- ''Q~alquer ret~ que apenas toca a circunferência '(tange'nte)', ·é
vam ou se afastavam da costa. Viam as montanhas emergirem da.< perpendtcu~~r a~ ~él!O _que une. Q ~entro 9q cít:Cl)lo aq pontq em que a
águas, quando demandavam o pôrto. Viam o teto dos edifícios mer- re~ 9 toca • · ·
gulharem no mar, quando se afastavam (Fig. 59). Naqueles tempos . 'A ~a~eira mais simples de se demonstmr a veracidade dêste pos-
remotos em que a luz artificial era um luxo. bastava uma viagem pel(l tulad~ e a t!u;trada na _F1g. 56.• Quando o fio de prumo roça, apenas,
Mediterrâneo, pam convencer àqueles intrépidos marujos que, no verãn o honzonte, e perpendtcular a ele. Se o fizermos oscilar (ou oscilar
os dias se alongam e as noites encurtam, o contrário do que sucede um pêndulo de comprimento equivalente, fixo no mesmo ponto de
no inverno. Muito antes das naus fenícias se afoitarem pam além suspensão) êle descreverá o arco de um círculo que apenas roça o
do Báltico e das costas de Devon, Bion, discípulo do materialista De· horizonte. O raio de uma roda, cujo terminal está em contato com
mócrito, falava a seus alunos numa terra em que o sol jart1ais se punha o chão, descreve um ângulo reto até o momento em que atinge uma
A geometria explorou o Círculo Artico muito antes QUe os navios ;JOsi_ção pa_ralela ao solo. A Fig. 57 apresenta a demonstração mate-
levassem o civilizado a apreciar o sol da meia-noite na região polar. mática mats comumente encontrada nos livros de geometria elementar.
Nesl'a época, porém, a geometria grega já se transformara em passa- -'~ por êste motivo a incluímos aqui. Se o leitor não simpatiza com ela,
tempo de uma classe privilegiada e escravagista. ~bor cerebral e detx~-a de lado.. A ver?.ad: é q~e. a demonstraçãq ~ rimitq Jll(!'!QS
CO!J:Y!!.l<;;eQte ~ue ~ ~:KP.e.f!~!1~!a çQt!qtana.

I
!
)

Flr. 55 . - MtTODO GRAFIOO DE OALCULAR RAIZES QUADRADAS, I

Enquanlo um dos eatel.<>s do trilngulo rotlngulo 6 Igual • 1, o outro nle, nooonol·


~
"amonh, 1, .,;2; y3, vT, v&, ele • . A8Sim, pela recra • 1 <= 111 cl ll<a: +
•• = 11 + Jl = ~ :. • c: .,;3 ri,. 50, - .0 . PRIN01PIO DA TANG~';!WIA ILUSTRADO PELO FIO Dll
l'UU.M,Q lil l'h:LO l'~NDULO, ..
••• ::: + ('1/Z)' = 8 .'. = '1/B
11

v•
AI

a,S = 1' + ('1/S)I = 4 :. •• = '(i)' Na Fig. 57 (a), OP é uma perpendicular baixada do ct:ntro
... = 1 + cv•l'
1 5 ,', •• <: v& ato,
1:
~a circ~f1Je.t:ência s§b.t:e. a CO!~a f\J?... J:'ios t!lâng:u!~:.; AOP ~ B0f
1
i
.· MARAVILHAS DA MATEMATICÁ EUCLIDES SEM LÁGRIMAS 173
17Z

AO =r::::: BO. Em virtude da Demonstração 6, o ângulo OA~ ~ precedentes. Já é difícil distinguit A, P e B. 'A re:fa AB quaSe
= x =ângulo OBP. Comparando os dois triângulos, temos_! roça o círculo. Quando ela o roç-ar, apenas, OP se confundirá com OA
e OB. Assim sendo, o ângulo OAP será indestinguível de um ângulo
~ngul~ ,OPA = 900 = ângul() ,OPB . reto, pois confundir-se-á com o ângulo OPB, e o ângulo OAC será,
pois, um ângulo reto. Também o ângulo OBP, que se aproxima do
·i 1 ,OP = ,OP, ângulo OPA, idênticamente, confundir-se-á com um ângulo reto. O
ângulo BOP. = (90•- x) = ãngulo AOP, mesmo sucederá com o ângulo OBD.
Em virtude da Regra N.• 3 rjos Triâ11gttlos, os dois triângulos Inúmeras são as aplicações desta demonstração. Duas aelas me-
recem referência especial. A primeira, fundada no fato da luz cami-
são equivalentes, e AP = PB .
(ii) ,Vejamos a Fig. 57 (b}. AB, agora, é evidentemente menor t~ªt: e!TI !\~1ha reta, é a seguinte :1 SuJ>onha-sc um obsc~va~ot: situa4,q
e mais próximo da circunferência. OA e OB são ainda equivalentes,
mas OP não muito menor que OA ou OB, Também os ângulos OAP, .Estrêla no zênite ác A
e OBP são equivalentes e mais próximos de um ângulo reto. • · ·· · ~(distância zenítal__:;;; O~)

· .(iii). .Na Fig. ~Z. ic)_ h:. f! estªQ mtJ!tQ ~!~l? pról{imos ~ue r.as il
; (a) · tb) (c) ~

"

------~
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/'" ''
I . \
I
I J\" o P
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', ......... ____ ..,..... "" ,/
I

Fie. 58 <•>
Flr. 87. - DE~fONSTRA.CXO O.
no nível aó rríar; a re'ta que liga o observa'dor a qftalqfier Jioitto 'í:lo
POR QUE A TANGENTE DE UM J.NGULO TEM 1.:STE NO.MI!I. horizonte, é perpendicular d reta qtte o liga ao centro da terra. Dal
A palav l'a tangenl5 vt~m do Terbo iatlno tangue, tocar. A fi~:un moalra por
motivo ê a valnvro. uuda, tanto para de11ign1r uma ra.a:4o angular, como para de '> i~nar
qtll o fato de zênite, observador e centro da terra, estarem sempre sôbre
quahauer rl)ta quo aven·aa Wque o circulo. uma mesma reta (Fig. 58) . Pelo mesma razão, o fio de prumo, em
PQ qualquer ponto da superfície da terra, dponta para o seu centro.
tg A = -
OQ
Bc o drculo Liver como raio a unids.Je (OQ = 1 unido.de de comprlmonto) ( t~\ /\o pen etrarem ft fttmosfcra tenoe.he, O! Talos dt\ 1n~ 111\o ~e !Tiados htô 6
nlfratndos, do modo quo o distAncia nnita.l verda1lelra da estrêla a.o na.st:er ~ a~ "& pôr'
~ A:= PQ
·i n!io 6 ex-atament-e goa! •
l \
174 MARAVIJsHAS DA MATEMáTICA EUCLiDES SEM LáGRIMAS m
,. " ~L1de-se uiil~zar esta demonstração para calcular a distância a que E como AO e DC são ambos raios da terra, AD = r = DC
se _av1sta um obJeto de altura conhecida, e pois, entre outras coisas.
estimar a que distância ~a costa ~e (!ncontra um navio. · AB 2 + AD 2
= AD• + 2DC • CB + CBa
Q.istât1cia ao li orizo11k
AB" = ZDC • CB + CB•
. 'Otamand~ AB - ~ distância do objeto no momento eni que
'.''·-r Na Figura ~9
o observador está eni ');, e BC é ri objefõ éliJfante desaparece aba1xo do honzonte - d, e BC (sua altura se fôsse com-
Jp?r exemplo, u a montanha ou um navio), de que apenas se pode pletamênte :visível) h, temos: ' · ·
aY.Is~a,t: ~ .bor)a 9o g1astro, B, estando () restante abaixq !!~ H~ ~o
d2 = 2rh + la 1

=h (2r.+ 11)

Como as mais altas montanhas têm cêrca de 8 000 metros de altura


e o raio da circunferência da terra cêrca de 6 300 quilômetros o valor
BC-altura áo
navro (~
.(r+ h) não pode diferir de r p<ir mais de 1 por mil. Natu~almente
• altura h do navio é extremamente pequena, comparada. çpm r, !le
.. DlogO !J,UC rodemos djzer qUe _(2r +h)= 2r, e pois

d' = 2hr
Isto mostra a que distância deve estar uma elevação de 600 metros
-~~ cqj~ d~ !!!~~ :<rr=QA de altura, no momento em que se afunda para um observador situa~W
no níve! do mar, · . ····· · · . · ·
' 600
d" == 2 X - - X 6 300
1000
- 1,2 X 6 300
d = V,l,Z X 6 300 = 87 {aproximadamente).

'd = 8~ quilômetros
centro da terr!l
D ;& drcunferêtlcia aa terra
!'l1:, fi~. - A TANGENTlll DA LINHA DO HORIZONTm. A. R. Wallace, nome associado ad de Oarwin na grande contra·
vérsia evolucionista, come~ou a vida como agrimensor e sugeriu um
horizonte ÀB. Como a luz caminha segundo linhas retas, reta é a método muito simples de se inedir o raio da circunferência terrestre.
linha que, partindo de B, roça a circunferência da terra em A. Assim Duas. estacas (Fig. 60), com as extremidades superiores, A e B, se-
sendo, o ângulo BAD é um ângulo reto. Aplicando a Demonstra~~Q 8, paradas por uma distância medida AB num canal reto, são fincadas
tem-se:1 no solo até ficarem ambas à mesma altura h sôbre o nível das águas.
Exatamente a meio das rluas estacas, finca-se uma terceira, de maneira
~~2 :f-. f..D, = DB2 · . que sua extremidade superior, D, fique sôbre a linha de visada de A
== +
(DC CB)• para B. Como a superflcie da terra e, pois, a das águas do canal, é,
· ~e lato, encur:vada, ll al~urll ;H. de R pôbre o níyel ~as águas será um
;:::: DC2 .+ ZDC • CB +: CBa ,.
' -· .
178 MARAVILHAS DA MATEM!TICA EUCLIDES SEM LAGRIMAS 177

Como a distância DB é muito gf ande, comparada com a altura


das estacas, podemos desprezar (H 2 - h2 ) e fazer_;

r - ! DB 2 (h-H)
- t AB• ~:- (h- H).

-j{;j: Esrrêla Polar


' i. I I I I
I I I
I
I
I
I
:
I l
I I
I I

I I I i I
II I
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*'!:. \ II I
Q. I
I

I! ~; l \I
.,j I
I I ! 'oª- I I
I !2..~ I ! I Q 0
I

Flr. 80. - "MtTODO DO OANA.L" DE MEDIR A. OIROUNB'ERflNOIA DA TERR.t.



I
1
,4
IIi! i ! I !I
i I I I I I
pouco menor que h. Medindo-se li, H e BD, fncil será achar o raio
.,' Paio N. i : )--"-

da circunferência da terra aplicando as Demonstrações ~ ~ Como ª· I


a- r~ ....
900-:
d.zl
d.z.
'._

'AC = .(r+ 11) = BC Larirud~ L


o tri~ngul~ fi:B.C ~ um triângulo isósceles, em que

:AQ = !AB = DB
~,
''
-9QOI
~•."ssirri
sendo, CD é perpendicular a AB (Demonstração 6)" e õ 1
90° L -d.z. \
triângulo J2BC é um triângulo retângulo. ~ortat}t(1 fQe~nonstração, ~) Equador

DB' + DC' = BC 2 .,
•i
!'Ir. ~1. - DETERli!INAQAO DA. LATITUDE PELA ESTRI'!T,A POT, A'R
(HEMISF'l':R.IO NORTE) .
DB• + (r+H) 2
= .(r+h)'
..... DB• + r• + 2rH + lP = r• . + 2rll + !~' j
. A a!Jura (&or;ulo aôbre o horizonte) da .. trêla Polar ê Igu al ~ lalilude do ob .. .-
Tadorl pou qu o ambos equiv:~.l~w a goo,

l•t
pn• .+ H2 - h2 = 2rh - 2rH - I 'Delerm'inação ila LatiiHde
= 2r (h-H) Tôdas as estrêlas parecem g1 rar, de leste para oeste, segundo
DB• + H'- h' círculos concêntricos a um eixo que passa por um ponto chamado pólo
celeste. Hoje, explicamos êste fato dizendo que a terra gira em tôrno
2 (h-H).
de um eixo que passa pelo seu centro, ·seus pólos, e pelo pólo celeste,
\.
178 MARAVILHAS DA)fATEMATICA
!I
EUCLIDES SEM LAGRIMAS 179

etri direção oposta à do movimento aparente dos corpos celestes. W


maior parte das estrêlas põem-se abaixo do horizonte, e só são visíveis
à noite durante parte do ano, mas as estrêlas mui próximas do pólo,
I
i
luz das estréias são paralelos, os raios que nos envia a Sigma do
Oitante são paralelos ao eixo da terra. Nas Figs. 61 e 61 A, podeis
obserwr que a latitude de um lugar é o ângulo (altura) que o pólo ce-
leste forma cor:1 o horizonte. Assim sendo, fácil é descobrir, nas noites
como as constelações do Cruzeiro do Sul, Triângulo Austral, Ave do límpidas, qual a latitude da casa em que morais: ba·sta ir ao jardim
Paraíso ~ Oitante. nunca se oõem ~-~ latitu<!l! sul, p<;pnam:~!.lº-Q yJ•
I e med:r a "aJ.turn" da Sigma do Oitante com um astrolábio (Fig. 12).
Atualmente a estrêla Sigma do Oitante (que figura na Bandeira Bra-
l sileira, representando o Distrito Federal) gira em um círculo de apenas
1• de raio, jsto _é, nunca se afasta mais ~e 1o do pólo s~ ~leste.
(Tri6ngufo ~
/Lu,lra/ ~ .. y
(l .. Zênite

o do

'Zênict

P. Sul

1
J

\
I
/'-
1900
t
•j
P'ir. 81 A. - DETERMINAÇÃO DA LATITUDE PEJ,O CRUZEIRO DO SUL 111 P'ZLJI
SHlMA DO OlTANTE. (HEMISFtRIO BUL).

A iJUuri (ln~lo ollbre o horizonte) da eatrêl~ Slgmi do Oltanto, "" ck ponU


11lnado no "Pro1nn~-a.mento do braço ms,or do Oruuiro e a qu-atro vlus f.at.& oomprf.
mento - 6 • l•titudo do nbso1'Vr.dor. A latitude 6 I(Ull a 90• wenoa • dlol&ncl& IIUltal
da SiilllA do Oit...n.te.
Assim sendo sua altura nunca será mais de 1° maior, ou meno.J de t•
menor que a 'vossa latitude. Sendo a circunferência da terra ?e 40 000
slveís qtiase a noite inteira, acima do pólo em algumas estações, abaixo, quilômetros, 0 processo que acabamos de descr~ver fornecer-a a. v.ossa
em outras. No hemisfério sul, a Sigma do Oitante, acha-se tão pró- distância ao Equador com um êrro não .supenor a 40 000 qut.lome-
xima do pólo celeste que parece não muda.r de lugar. Fica quase no t os _,_ 360" isto é 111 quilômetros aproxanadamente. Se deseJar~es
(lrO~On~ntq do ~Ó(o SU~ com O centro da terra. Çomo OS raios dê .:Wor. preci~ão,. tomai a ~édia aritmética de duas obserya~ões !e!tas
{
i
180 MARAVILHAS DA MATEMÁTICA EUCLIDES SEl\1 LÃGRIMAS 1St

à m:sma h_ora, poré~ distanciJdas de seis meses, pois que, nesta ou a terra girado mais 15° para leste, entre os dois meio-dias . Esta-
ocasta.o a S1gma do Ottante ocupará um local oposto, mas na mesma i mos, pois, 15° a Oeste de Greenwich. Os povos da antiguidade des-
quantidade, da primeira observação. · Se não souberdes achar 0 pólo i cobriram que a hora do quadrante solar não coincide com a de outros
sul celeste pela Sigma do Oitante, utilizai o Cruzeiro do Sul. Eis 0 l pontos da terra, observando a ocorrência dos eclipses ou a ocasião em
processo. -:- Acha-se o pólo súl celeste, aproximadamente, prolongando que um planeta passava por sôbre o disco lunar. Os babilônios tinham

~ lado mat~r da cruz ( e?trêlas ~I f a e gama) e tomando quatro vêzes relógios de areia,· ou ampulhetas, e podiam, pois, observar o tempo
este c_ompnmento, a partir d? pe (~ama). A altura dêste ponto, com transcorrido entre o meio-dia de unia certa data e o princípio ou fim
o honzonte de vosso lugar, e a Latitude procurada (Fig. 61 A). ) de um ecl ipse, ou ocultação. Antes da invenção dos cronômetros, êste
Provàvelmente gostareis de saber determinar também a vossa lon- era o melhor processo de determinar a longitude. Se, num certo lugar,
~tu~e (Fig. 63~ .. . Hoje em dia, isto é muito simples, porque os navios se observava o início de um eclipse lunar, oito horas depois do meio-dia
chspoem ~e relogws de precisão, capazes de manter a hora de Green. klcal, e em outro, 9! horas depois, o meio-dia, no segundo lugar,
ocorria f t horas mais cedo que no primeiro. (Vide Fig. 116 A) .
Logo, o segundo lugar achava-se a 1 t X 15° = 22 to a Leste do pri-
meiro.
Os gregos jamais lograram construir mapas baseados em latitude
e longitude. Isto só foi conseguido quando a geometria grega se
transferiu para o grande centro navegador do mundo clássico, a cidade
de Alexandria.

Demonstração 10
"As retas que unem as extremidades de um diâmetro a qualquer
ponto da circunferência, formam um ângulo reto" .
As Figs. 64 ( b), (c) e ( d) mostram como fazer a dissecção. O
raio do semicírculo. na Fig. 64, tem r unidades de comprimento. A
marcha da demonstração é a seguinte:

a +b+c 180•
r
_, • + b + (.t" + y) 180•
i
(x + y) + (x + y) 180•
Flr. 68. - Dll:TI':RMlNACõ.O DA LONGITUDE J.! Zc 180•
nl 4 ~o _melo-di~ o aol ae ach·a cxataoaenLa a6bro a l-i nha que une oa ponto• norte
pr&H:tl on~ont:.,b 11to ê, s~bre o meridie.no de lonl'hndo do oburvador. Na firura , ..
1
c 90•
mo- o lv re o meradiano de Greenwich , portanto ao melo-dia em Gre.enwlch' S.
0
~sarv:dor •e encontra o. 30° ~ le~te de Greenwi-ch, 8 te.rra girou de soo d-68de Qu 1 •
Jlu~lon:O~P~::r Jo~l mti&rcou deJO"<iJa.. Completcu, po~s, ~ vir6sima p~r.te de 1ue reTo·
4 Esta demonstração nos ensina a determinar grà ficamente (isto é,
eo}ar marce 14 he Sar-as, e tne.nean~ quo, ao meto-dJ& de Greeuwich, o qn&dr&n.&t
60 • ora!, o o obse1 va?o.r est6. a 60° e. oeste, a terra ter i ainda de liru por meio de uma figura), a média geométrica de dois números quais-
&nt&s qui!! (J eol corte o ecu mend1~uo (o merldi-&no J.ocal) ia:to é um aexto da IUe
tefolucAo de 24 boraa; o quadrante &olar do observador m1uo.arÀ, pols, 's ht'ru da m•nhi . quer (Fig. 64 (e)). Podemos, pois, utilizá-la como hi erogli f o para
a obtenção de raízes quadradas, com mais precisão que pelo método
da Fig. 55. Na Demonstração 8 (Vide Fig. 51) achamos que:
wich d~r~nte a viagem inteira, e podem a qualquer momento, escutá-la
pelo_ ~ad10. Chama-se meio -dia o momento em que o sol corta 0
mendtano e alc~nça~ pois, a sua maior altura. Se o nosso quadrante P = \Jxy
solar ~ar~a. mew-cha uma !1~ra após ser meio-dia em Greenwich, 0
SOJ ter a VIajado - COillO diZJa111 OS antigos - mais 15° para oeste, Para acharmos v.-ry (Vide Fig. 51) precisamos construir um
ângulo reto, cuja altura, baixada do ângulo réto! .CP. unidades de com·
,
182 !liA TI.AVILIL\S DA .li IA TE:~I.í '\'fCA
. EUCLIDES SEM LA.GRIMAS 183

(b) que o círculo corta a perpend\cular. Qbten)lQ assim llm ân~lo !eto,
.e !) yalor ~e p_.

~
r
OC une C oo rt!Hrl»
. .· ~ \ ..
.

~
--.t~"!"~~·r-:-·--~~-----r·-----.,..

J'ic. 55. - DEMONSTRAQ!O 11,

~
(d) ... O = 180' - a (D em. 5)
= c (l>em . 6)

~
b
:. ~ + c = 2.
Demcnslração 11
C A B C· "Se construímos dois triângulos retângulos do mesmo lado de
A Dem, 6 mostra porque R • d A Dem . 6 .mourq uma perpendicular baixada sôbre o diâmetro de um semicírculo, unindo
porque O·b
Q ponto em que ela toca a circunferência ao centro e à extremidade

·lO diâmetro, o ângulo no centro é duas vêzes o ângulo da extremidade


(e) lo diâmetro".
A Fig. 65 ilustra perfeitamente a marcha das operações. . Pbser·
;ando .que C = 180"- a e que:

a+ b +c 180•
b+ c - 180• -a
x- 2 y•l ,.... 2c - 180" - a
'Raio do Círculo -1/Z ( x + IJ) ou I 1/Z
2c - c
Poro oehor .. o i mêdio geom6trlco do 1 e 2 (lato 6 v2J, lofteren ·•• am tr!Anrül c - tC
ret.lorulo num H>mi-dreulo cujo T&io A a mêdia arlt.mMloa ( 1+2
i.8to 6, - - c:: 1 -
1) •
I I Esta demonstração é muito importante, pois que serviu - com?
P.oro ochor yB por êate m6todo, to~o·oo: veremos adiante - para a cqnstrução do primeiro dicionário alexand~L­
1
::z:::B: 11=2; r=2- no de senos. A Fig. 66 mostra-nos como traçar, na plancha do quadran-
2 te solar (Fig. 46) círculos correspondentes a um grande número de ân-
Fi~r. 64 , - DE'MONSTRAQ!O 10. 6"los, a partir daqueles que já sabemos traçar (ex.: 60•, 30• ou 45•). A
Fig. 65 A ~ndica outros ângulos, a partir dos quais se podem traçar
primenfo)' divida a hipotenusa em x e y unidades de comprimento. outra série de ~Írculos, prÓprtOS pat:ª ffi<!~Í[ Q ~!JgU!Çl p~oj.eta<!o )?.cio
obelisco. ·· · · · ·· -·
Suponha-se que desejamos determinar o valor de 7. Se x = 7 e v
~ = =
l, xy 7. Assim, traço uma linha de 8 unidades de compri- D.mwn.rlração 12
mento e levanto uma perpendicular a 1 unidade de um dos extremos,
ou a 7 do outro . Fazendo centro no meio da reta, traço um semicírculo "A relação entre a circunferência e seu diâmetro é a mesma em
de 4 unidades de raio, e ligo os extremos da reta-base aos pontos em ~º~ ~s círculos".
18t I\IARAVILHAS DA MATEMÁTICA EUCLIDES S-EM LAGRIMAS 185

Isto equivale a dizer que a circunferência é "tantas vêzes" o Observando a Fig. 67, nota-se , imediatamente, t rês coisas: (a)
diâmetro, seja qual fôr o tamanho do círculo. A relação, aliás, é 'A circunferê-ncia e a área de um círculo são, a um tempo, menores
um número esticável, como yZ, e como êle se porta na medição. que o perímetro e a área do polígono que a circunsc reve, e maiores
Como não pode ser representado na mesma forma sumária que um que as de um polígono nela inscrito. ( b) Um polígono que circuns-
decimal repetido (dízima periódica), representamo-lo pelo pronome n. ~!l !J!!! ç!~culo .(lados tangentes ao círculo), ou um polígo~10 ~i!:-
Mais tarde veremos que seu valor é proximàmente 3 A demons· t.

Fir. 65 A. - OOMO SE OllTtM AKGULOS de 67 li • e 76•,


O o doi o &nguloa A. oiln equivalenlec na o duu fiiUUI (Demonolraçno O), Aebam·
11 a.eua "T&Iorot pela l.Jemonf\Lratlo 6.

tração que a êle nos conduz, relaciona a medida do triângulo com a


do círculo. Ensina a calcular a circunferência de u:na roda, conhecido .,
o seu raio, ou que comprimento precisamos dar a êstc para construir
uma roda que gire tantas vêzes por quilômetro. Nela se baseia o
/
"I
ciclümetro (o primeiro modêlo de ciclômdro apareceu em Alexandria,
cêrca de 100 a. C.) e o indicador de velocidade, ou velocímetro. A ela '\
se deve, também, o fundamento de tôdas as grandes medições da terra,
do sal e da lua. Conhecida a circunferência da t~lTa (calculada pelo
processo tão simples exposto na pág. 247), esta demonstração nos
permite calcula r-lhe o raio e também a circunferência de qualquer ,1,
círculo de latitude. Sem o n, não haveria Colombo nem George Ste- ~I;
phenson. I,
Tudo nos leva a crer que a medição da círculo foi sugerida pelas r
figuras poligonais ou pelos círculos traçados (pois que são tão fáceis ~;
de fazer) na superfície convexa da argila, na mesa da ceramista.
As figuras como as representadas na ú7, sugerindo luz e sombra, sol
e lua, eclipse e claridade meridiana, realidades sempre presentes de
l,_, !'ir. ee. - COMO SE CALIBRA O qUADRANTE SOLAR.

l'•nindo doa hruloo de 67 'h • e 75• (obtidos n& lig, 65 A) pod6111oa olilift
labor e devoção no mundo de antanho, são reminiscências dos padrões 67 1/.,•; ss :Y.• . ••
geométricos qu e adornavam os vasos antigos (coma os famosos vasos
de Chipre, cêrca 1 000 a. C.). Outra possibilidade, é, porém, que a
medição do círculo tenha provindo do método babilônico de inscrever eunscrito por um círculo (vértices sôbre a circunfer ência)" pode ser
um hexágono na circunferência, provàvelmente para dividir a faixa ílecomposto em tantos triâng-ulos retângulos quantos são os seL1s lados
da eclíptica nas seis primitivas constelações do zodíaco. ·· - vêzes do is; (c) A soma dos ângulos centrais de tod as êsses triângulos
retângulos, perfaz 36~.
. ...
· EUCLIDES SEM LÃGRIMAb . 181
186 MARAVILHAS DA MATEMÁTICA .,.
. Observemos agorã a: Fig. 69. 0'em os, a a
esquerda:, ois círculos
Observando a Fig. 68, vereis como se pode traçar um polígono circunscrevendo dois poligonos de lados equivalentes. A direita, dois
de n lados iguais, inscrito num círculo de raio r (unidades de compri- polígonos de lados equivalentes circunscrevendo dois círculos concên-
mento) ou circunscrito a um círculo de raio R (unidades de comprimen- tricos. Na figura, t1 é igual a 6. Em cada figura, traçaram-se os
to). Começamos por colocar o ângulo A no centro; depois, vamos dois polígonos de modo ,que 95 !loze triângulos retângulos em que
~ocan~o 1 I~ o a lado, 211 triângulos equivalentes, . ora encostados .eela 1- podem ser dissecados fiquem com os mesmos ângulos agudos. Como
J<Kfo~ os triângulos re~â.ngl!)Qs g~ me!!mq ~ngu)o agudq ~~o seD-!e!hant~

Como sr comtrôi
um polígono dt r • hlporenusà
?nl!r<>no <!e c hc!oe a lados inscrito ~ 360"
lr;uaia, oon.tl~u!do do . ·a
t.riAnv;uloa reUn-:ulos de
O~lã
áola
iiie6rridõ eiitri
quorlrn•lo• (pollronOI
nu111 círculo dr raio !. A·ZI]
360'
do ' ll.do• irWiil), .
..
l :..: gulo ;:- !)ntr.al - o : : 4.5•,

(li) Como , consrr6i um · poligono de n lado$ drcunJmlo


tJ um círculo dt raio R

Circulo oncorri4o ont.ri


pol!<onOI oil I l&d.N
eq\liVflilliUl~ j•

i
I i'lr. u
Pol!tona do 8 loodaa eqnl•
.~~.lc.ntu, eonatituldo de 15 Ofreulõ êiieomc!õ iiitri
.I
triingulo3 rct&ngulo• ooa 1 1J01I&onoa do I 1&<101 (Demonstração S (c)), a razão dos lados correspondentes do! triân-
Anruloa cr.ntrl\i! rle
sno•
•quiul.e~ gulos maior e menor é a mesma. (Demonstração 7). Chamando r o
-16·- = 22 ~·. raio do círculo pe_queno, e R o ~o círculo granQe! a !iB:U!.a ga ~~u~~~a
Ul()stra-nos que_;
PB OB
pb, - .o~
PB R
Fi1. &7. - DA RODA DO OLEIRO AO VALOR DI!: IC. P"-

pb - t:
hipotenusa, ora pela base, até retornarmos ao ponto de onde partimos. Zn X PB ZR
Como os ângulos centrais perfazem 360•, e são todos equtvalentes,
2t' X pb_ f!: . .
'podemos escreyer_;
3600
2u
MARAVILHAS DA MATBlMATlCA EUCLIDES SEM LÁGRIMAS 189
18S

Como os polígonos circunscritos são ambos con:tituídos de Z~ Assim, chamando C' e c' os perímetros dos dois polígonos cir-
triângulos retângulos, os seus perímetros valem. Zn ve;_es pb, isto é, Çttnscrevedores, teremos;
PB. Assim, chamando C" o perímetro do maiOr e c o do. mct~or, c c
I

o. 0 diâmetro do círculo maior e do do menor, podemos esc~evcr ..


D d
c~ D C' c"
,.. d
ou
D d Tamh<:\m é eX'ato, pois, que a razão do perímetro de um poligono
(!e 11 lados iguais para o diâmetro do círculo inscrito , é a mesma em
todos os círculos.
Voltando à Fig. 67 vereis que, se se aumentar o número de
lados, o perímetro (e a área) do polígono de dentro aproximar-se-ão
'do perímetro (e da área) ~lo polígono de fom, e amhos diferirão
menos do perímetro (ou área) do círculo que passa entre ambos. Se
se continuar a fazer polígonos insc-;·itos. e circunscritos com um número
de lados cada vez maior, chega~-se-á mais e mais a uma figura cada
vez mais indistinguível do círctlo. Como a razão entre o perímetro de
polígonos semelhantes , circ•,nscritos c o diâmetro, é a mesma em
todos os círculos, e a razão ent~e o perímetro ele po.Jígonos inscritos se-
melhantes e o diâmetro é a mesma em todos os círcnlos, a rnzão,
entre a circnnferência (pedmetro) (c) rlo círculo c o seu diâmetro, é a
mesma em todos os círculos. Chamando esta razão , x, teremos:

c
ou c m! Zm::
ri

Só depois de e~tud:1:· mos a utilização ele :t:, procuraremos um meio


de obter-lhe um valot· preci~o. Não obstante, para sati sfazer a cu-
riosidade do leitor, depois de tanto trabalho , apre sentaremos o método
mais simples e menos aproximado. Euclides nunca o utilizou, con-
quanto. já em 1 500 a. C., os egípcios tivessem obtido para rc o valor
F' e~ - A FIGUitA ILUSTRA A REJ,AÇAO Jl'lXA EXISTENTE ENTRE O Pl!l• 3,16. assaz satisfatório para operações qur. admitam n'a margem de
itl~Ú:·i·iw OU l'OLIGONO INSCRITO (é o que inscreve) E O DJ,\Ml!:'J'RO DO. CIRCULO.
1 % de êrro. Se lhe tivéssei s perguntado qual a vantag-em em conhe-
cer êste valor. êle vos teria oferecido uma moeda, pelo vosso incômo-
isto é, a razão do diâmetro do círcu:o circunscrevedor para o perímetr~ do. Ao ui e~tá a mo ~ rl~ .
dos polígonos de 11 lados equ ivalentes, é sempre a mesma, quando 11 ~ O 'perím etro de ttlll quadrado que inscreve um círculo de diâmetro
\) lll ~smo . d é igunl a 4d . Rasta traçá-lo para ver por que . Conseqüentemente,
Da figura da direita, tiramos: a circunferência do circulo é men c,r CJUe 4d. O polígono de seis lados
PA equivalentes ~ constituído ele clc ze triângulos retângulos de 300. Vimo;
pa PA PO
ou
pO
- pa
que a altura dêsses triângulos é metade da hipotenu sa (Demonstração
pO PO 6). Para um polígono circunscrito nutm circunferência de raio ~ d,
ZR D a hipotenusa (Vide Fig. 68. metade superior) é igual ao raio. Por-
211 X (PA)
= tanto, a alturn, em relação ao ângulo central, é igual a 1 d. O perÍ·
211 X lPa) 2r d metro do polígono de seis lados equivalentes é 12 vêzes êste valor,
.
100 MARAVILHAS DA MATEMÁTICA
... EUCLIDES BEM LAGRIJ;\.s lU
isto é, 3d. 'A circunferência <lo circulo é, pois, i11enoi' que 4d e maior
que 3d. O que equivale a dizer que :rc fica entre 3 e ;\. '(:rc = 3,5 ± 0,5), insuscetíveis de representação nos números próprios (ovelhas e reses)
Basta olhar a figura para ver que a circunferência: ao círculo é mais de sua herança social, os gregos viam-se num dilema. Para cont01·-
próxima do polígono hexagonal inscrito do que do quadrado que a na-lo, poderiam, ou bem aumentar o seu vocabulário numeral - que
circunscreve. :rc é, pois, maior do que 3 e mais próximo de 3 que de foi o que Arquimedes tentou; mais tarde- tornando-o mais adequado
~. Em outras palavras , fica entre 3 e 3,5 ·(lt =
3,25 ± 0,25). à função de representar as imperfeições do conhecimento humano, ou
O btido um valor para lt, fácil é calcular a área de qualquer cir- bem refugiar-se dentro de uma perfeição abstrata, banindo a medição
cul ei. Observando a Fig. 68 (metade inferior), vê-se que a área do da geometria. Escolheram a última. Euclides jamais se refere, como
,polí~O!l Q Qe n lados que inscreve a circun!erência é: · nós outros, a lados e áreas, ou a quadrados de números representativos
de comprimentos. Refere-se a lados, linhas e figuras. Não utiliza
2n vêzes ! R (altura) {Demonstração 3): números abstrat<~s , como nós outros, para representar "tantas" uni -
dades de medida. Só usava as letras como rótulos para linhas e fi-
1R vêzes o perímetro
guras, e os números, como representações dos resultados dos cálculos
feitos no ábaco.
E quando 11 é tão grande que mal se poâe 'disUnguir o poligot:to
A doutrina platônica de que régua e compasso eram os únicos
Üci círculo,
E como D = 2R ·.·~ '
~ =ll._t.. itP.
· ''
instrumentos que o geômetra devia usar no traçado de suas figuras ,
é perfeitamente concorde com o conceito de matemática do grande
- ----- -1 ' W·::: ~tK"' filósofo. Cie<linetria, para Platão, era um instrumento de perfeição
·espiritual. Não se pode esperar atingir a perfeição espiritual e di-
C onhecido o raio oà tétrã:, n nos faculta calcular-lhe a magnifuife vertir-se, ao mesmo tempo. Portanto, nada mais natural, para os
'A Euclides devemos a demonstração que nos permite fazê-lo. Nestr adeptos desta estranha teoria, que tornar a geometria tão difícil e
capítulo, omitimos qualquer referência à geometria das figuras sólida! sensaborona quantq a acharam muitas gerações de colegiais. A geo-
por uma única ra zão: podem-se obter os mesmo! resultados, com muito metria era a ocupação mais sublime dos Jazeres intelectU'ais. A graça
menos trabalho, com outras espécies de matemática que soprepujaram do jôgo estava ·em tornar-lhe a:s regras o mais complicadas possíveis.
a geometria grega. O que aprendemos basta para fazermos uma idéia
Da-mas e bridg·11 de leilão eram diversões reputad~ demasiado banais
por aquêles intelectuais desempregados que adotavam o platonismo.
das origens dêsses desenvolvimentos posteriores. Se podemos deter·
rues desejavam xadr.ez e bridge de contrato. Homens que, como o ate-
minar a distância da terra à lua, pelo método a que já nos referimm
niense Arquitas, inventavam novos instrumentos para traçar curvas,
e que examinaremos, detalhadamente, mais adiante, podemos, tam-
não eram bem recebidos, e muit.'as iniciativas interessantes foram bar-
bém, pelo mesmo processo, determinar o raio da lua e calcular a sua
radas por êste desfavor das classes superiores .
magni t ude. Dor:~.va.n.(.e l i tr.d. parte ativa em. todos os cálculos celeste.•
Tôda essa anarquia matemática, dissimula uma contradição fun-
(Capítulo 6).
damental. As figuras são, no fim de contas, coisas que têm de ser
O CLíMAX D.A GEOMETRIA GREGA
traçadas por sêres humanos imperfeitos com instrumentos não menQs
imperfeitos, e o próprio Euclides ensinava que só se deviam usar
'A geometria grega que, em 300 a. C. , Euclid es levou para Alexan- construções (aliás, dissecções, tal como as chamamos) uma vez de-
dria, já atingira o seu clímax. Constituíam-na todos os princípios de monstrada a possibilidade de efetuá-las com os dois instrumentos per-
que árabes e alexandrinos extrairiam as regras de cálculo e métOdm mitidos (a régua e o compasso). Foi o que fizemos nas nossas regras
mai·s econômicos de cartografia, astronomia , geografia, arquitetut'l\ preliminares de dissecção. E' exato dizer que não se pode dividir
e domésticos. A incapacidade dos gregos em fazerem descobertas no- uma reta nwn número inteiro de unidades exatamente iguais . .Também
't áveis, seguindo a luminosa trilha de Anaxágoras ou desenvolvend~ .\ exato afirmar (pgs. 75-85) que os materiais de experimentação da
as brilhantes medições de Aristarco e Eratóstenes (Capítulo 6), fo: geometria grega, marcas no papel ou rabiscos na cêra e na areia, não
devida ao fato de a geometria se · ter transformado num passatempo
I eram precisamente o material ideal pam representar algo exatame'nte
9e intelectuais, desinteressados nas realizações sociais de artesãos r
rnari nhejros. Quando def. rontados com quantidades como v3 ou n. I igual a outra coisa. · ·
·Depois da fundação da Universidade de Alex-andria ( cêrca 320

I
i
I•
~ Ç..)_, ~ m~!;ç~.Ml<:Qª g~egqs pquço P.rog:ressQ !izt:ra.JII. N_ossº ger·

I.
I
EUCLIDES SEM LáGRIMAS 193
------------------------------~~~------------
192 MARAVILHAS DA MATEMATICA
4. Traçai t:m triânc-ulo isósceles com um ângu lo de 12Ü". Se
radeiro olhar à matemática no continente grego, antes da queda de os dois lados iguais têm, cada um. 1 unidade ele comprimento, achai
Constantinopla, conquistada pelos turcos, revela o culto do quadrado uma expressão para a área do triângulo. Qual a área, se os lados
mágico (Fig. 70) que o bizantino Moschopoulos levou para a Itália no iguais têm a m~idacles de comprimento?
décimo-_quinto século da nossa era. A gramática dos númer:º~ ~cr.!!l!nou 5. Traçai gráficos que ilustrem as seguintes equações:

(2a + 3b) = 4a + 2 2
12ab + 9b 2

1 15 14 4 (3a- 2b) = 9a 2 2
- I2ab + 4b 1

(2a + 3b) (3a- 2b) = 6a + Sal'


2
- 6ú'
(2a + 3b) (2a- 3b) = 4n' - 9ú 2
i' 12 6 7 9
6. No últimp capítulo o leitor aprendeu a desenvolver expressõ.es
como (a+ b)' e (a- ú)2. Estas identidades podem servir para ele-
11 5 var ao quadrado muitas outras expressões, como, por exemplo:
8 10

(!x + Y! + 1)' = 1-t' + Yl + 2 2


+ Yi + 1· 1' ~ 7

3 2 16
13 = .t'
2
+ 2xy + y• + 2.-r + 2y + 1
~ue, em geral, se escreve assim·:
Fie. 70. - O QUADRADO MAGIOO.
Vifflllco••l• que qualquer lililia, O<liun• ou alaconal, ..ma u ;--InoonliO- numii- uln·- - - - - - -1- - - - - - - - -[-(x ~•=--
y)~r-:-t-] t _ x2-=-!=-2xy ~,v_ !~t~2x'=t~z- · -------
y L'~l~
• prata Uo sér.ulo XVI, lh:t..e quadrado protegia o 1eu pouuidor oont.ra a p&lt.e. t:at..e mêt.odo T I T I I r I
t.arapêutit:o nilo ae confin.ave a enfermidade.a de óri,em microbi•n6, 'ramb6m tdnha pre--
tençõ&.S psioanaUticss. Hl um qua-drado m'(ico numa plr'I'ed4 de uma d•a mai.l famoa.u
rravur. . da Albrochl DUrer.
N ate-se que quando é mister empregar parêntesis uns dentro dos
outros. suhsti tu em-se os externos por colchêtes. para evitar confusão.
Achai , por êste processo, o valor das seguintes expressões:
por onde começara, num misto de superstição e de palavras cruzadas.
N10 capítulo seguinte, veremos que os intelectuais gregos, defrontados (.t' + y + 2)2 (x -1- I )2
com a crise de sua cultura social, já se entregavam às palavras-cruza-
das, muito antes de abolirem os números da geometria.
(x + y - 2) 2 (x - I )2
(2a 2
+ 3y 2
)
2
(4a - Sb)'
DESCOBERTAS E PERGUNTAS SOBRE O CAPtTULO •
(x• + y•)• (xy- !)•
l. Dua.s retas se cortam, formando os ângulos A, B, C e D. Re-
presentai, gràficamente, os outros três ângulos, quando A fôr igual (i)
a 3Ü", (ii) a 6Ü", (iii) a 45•. 7. Basta inverter o processo para calcular as raízes das expres·
2. Um triângulo tem três lados de comprimento a, b, c, opostos sões elo tipo
aos três ângulos A, B e C. Prolongai o lado a até o ponto E, traçai a• ± 2ab + b2
a figuro e achai o valor do ângulo ACE quando (i) A= 30•, B 45• i = Achai, pois, as raízes elas seguintes expressões:
(ii) A= 45•, l3 = 75•. Chamando o ângulo ACE de ângulo externo
em C, qual a regra geral que exprime a relação existente entre o
ângulo exterior de um triângulo c os dois ângulos internos opostos?
9.-r 2 + 42xy + 49y" a• + 6a + 9
3. Traçai um triângulo eqüilátero de 1 unidade de lado. Baixai 4a 2
- 20ab + 125b 1
.t' 2
- 2.t' + 1
uma perpendicular de um vértice sôbre o lado oposto. Exprimí a l6a 2 - 72ab + 8lb .:r + 2x + 2 2

.:r + 24xy + 144y•


a área do triângulo em tênnos de (a) sen 60" (b) cos 30•. Se o 2
comprimento do lado _íôr a unidades, qual a sua área?
'
r.
194 MARAVILHAS DA MATEMÁTICA
EUCLIDES SEM LlORIMAS 195
8. Val endo-vos da identidade (a+ b) (a- b) = a 1 ,._. b', achai '
o valor das seguintes expressões: -· .14. Traçai quatro triângulos retângulos, com ângulos agudos de
I
t()ô, 300, 45• e 75• respectivamente. Em cada triângulo baixai uma
"(.r + 1) (x - 1) ·ex + 3) (x - 3)
perpendicular do vértice sôbre a hipotenusa. Em cada caso, em que
(ab + 1) (ab - 1) (a' - b') (a• + P) ª!lgulos a perpendicular divide o ângulo reto? ·
(x +
y - 2) (x + + y 2) -· 15. :Uma escada, encostada a um muro vertical
ângulo de 30•. .Os pés da escada ficam a 3 metros da parede. Que
faz com êle um

9. E' de grande utilidade saber decompor em fatôres uma ex· ~i!,!ra da parede alcança a escada e qual o seu comprimento?
pressão complicada. Já sabeis decompor em fatôres expressões do e; .16. .Um guarda-roupa de 1,80 m de altura, fica num recinto cujo
tipo : a2 +
2ab + b2 • A identidade a'- b2 =(a- b) (a+ b) pres-- Edo é inclinado. A distância mínima a que se pode co!oc~-lo ~ ~e
ta-se para a decomposição em fatôres, de expressões "diferc·nç~ de Q,§Q m da parede, Qual a inclinação do teto? ·
dois .q uadrados", como por exemplo": .fi , ,17. ,Um telhado tem uma inclinação de 60•. Termina a 4,50 m
(Iõ solo.. ,Constrói-se uma extensão, até o telhado ~is!ar apen(l~ 1,5Q m
(8x 2 ) 2 - (9y)' clQ sold. Qual o comprimento da extensão? ·
- (8x 2 - 9y) (8x 2 9y)+ · 18. 'AQ meio-dia, um poste telegráfico de Sm projeta uma sombra
P odeis, pois, decompor em fatôres, as seguintes expressões;
de 500 c!.l}, Ql!a! a .ilis~ª!!cia ~mit<l! go âR!l .Clise a, ~ªbua cJas ~an­
gentes).
x• - 1 a' - (b + c)' .-. 19. 'Ao trieio-ôia, quando a distância zenital do sol era 300, a
(a +
b)2 _ c• (x + y)2 _ 1 sõinbra de um poste de iluminação tangenciava a base de uma escada de
-------------,=----.-.--~.....------.-------.---------------l------~ 3,50 m, a êle encostada, bem no teu tôllQ,__Quanto mais long-= a o--=s:.::e:...:
ri7a-'a= - - - - - - - - -
ro - (b - c)' 8
.1: - y8 sombra do poste, se a distância ~e1;1jtal ~o so! f!)sse 9Q• _(Traça! a
a• - b• a• + 2nb+ b' - 1 ~igura. Pispensam-se cálculos).
-· 20. As cinco horas da tarde, a sombra de um marco de lm ele
81 - x' x• + 2xy + y' - 2 1
altura media 5m. Ao mesmo tempo, a sombra d!! um bª!:~a.I}CO 111edia
(x +
2)'- (x- 1)• óO !:11· . Qual a altura do barranco? .
1O. Achai o v-alor do terceiro ângulo de um triângulo, quan(lo 21. :Um agrimensor deseja medir a largura de um rio que não
os dois outros têm os ·seguintes valores: pode atravessar. Há, na margem oposta, um objeto bem visível, P.
De um ponto A, de sua margem, à esquerda de P, o agrimensor mede
(I) 15•, 75• (II) 30•, 90" o ângulo entre a margem e a direção de P e acha 30•. De um
.(III) 49•, 81• "(IV) 1100, 60" outro ponto, B, à direita de P, o agrimensor faz o mesmo e acha 45•,
Depois mede AB e acha 20 metros. :rraçai uma figura representativa
(V) 90•, 12• da situação e achai a largura do rio. (Chave: Achai as relações entre
11. Se voltardes à Fig. 13, vereis o que se entende por distân- a altura baixadª ~~ r_ !iQ~)::C! b,I3_ e os segmentos ~e f>,B - e somai
cia zenital (z) e altura (a) de um corpo celeste. Explicai por que QS ~>egmentos).
_a =
90• - z e z =
90• - a. 22. Um~ moeda de Cr$ 0,50 (0,02 m de diâmetro)', colocada
12. Se a altura da Sigma do Oitante é de 23• S. no Rio de a
distânci~ de 0,50 m do ólho, encobrirá exatamente o disco solar ou
Janeiro, 26•! S. em Curitiba e 30'S. em Pôr to Alegre, qual a sua da lua. Adotando, para distância da terra ao sol, o valor 1 50 milhões
distância zen ital em cada um dêstes lugares? de quilômetros, calculai o seu diâmetro. Adotando para Qiâme!rQ ga
13. A estrêla Procion (alfa da Cão Menor) dista 9Sb! do pólo ~; ~ Yl1!9~ ~. SQQ ~uilõmetros, calculai a sua ~istª~çi<!-
sul (medidos sôbre o meridiano). Traçai figuras que mostrem sua
posição em relação ao pólo sul , em cada um dos três lugares citados Se sen A =
cos 60", quanto vale A?,
no problema precedente. Qual a sua distância zenital e a altura em Se sen A =
cos 45•, quanto vale A?
cada caso? Se cos A = sen 15•, quanto vale A?
§e 91s ô ,:::: ~~!! _qua~to 'ta!e b:l ª",
196 MARAVILHAS DA MATEMÁTICA EUCLIDES SEM LAGniMAS 197

- I
34. Da borla do mastro âe i.tiii navio - a 20 metros sôbre o
- - \1 3 - - 1 - · t • "l t
_S~ sen ~ ·= - - ~ çºs :r. ; 2' ~ttªº-º ya_e a g -t"l
,
nh·el do mar - pode-se avistar o cume de um promont~r~o?de 30
2
metros de altura. Qual a distância do navio ao promonton?. _
Se sen x =0,4 e cos x = 0,9, quanto vale a tg x ?. 35. Ao meio-dia de determinada data, as sombras de dms postes
Se cos .-r = 0,8 e sen x = 0,6, quanto vale a tg x ?. yerHcais, A e B de 1,50 m de altura, medem 0,974 m e 0,93~ m, respec;
~(! gg ~ =. 0,!?. ~ ~9s ,!
'.'1 1
=
0,~! sua!!l;Q yª\e

tg xl,
iI
ª tiYamente, A fica 110 quilômetros ao norte de B. Qu~l o ralO da terra,-
36. Traçai um quadrado circunscrito a um Circulo ue 1 deCI•
25. ,Us-ai as tábuas âe ·quadrados e raízes quadradas para achai: r. 1'2tro de raio e mostrai que o seu perímetro é igual a 8 tg_ 45•.
Q Jercc[~o la~Q go tr.!~n15ulo !:~!ªn~u!9. ~uj_os lados conhecidos mc4en~ :J D ~'pois, traçai um qu-adrado inscrito no mesmo_ círc~tlo, e mostra! que
Mostrai, analogamente, que _o
;c ar .1~ trictrõs, 5 metros
0 seu perímetro é igual a 8 sen 45•.
perímetro do hexágono circunscrito é 12 tg ~O·, c que o do ~exa­
,(ú): 3 centímetros, 1 ~.c!ltÍttle~ro~ g-ono inscrito é 12 sen 300. Descobri qual o ~r~met~o de u';l octog~no
~(c)~ Q,Ol~, 91!.?.!!! in~crito e circunscrito, e de um dodecágono mscnto e c1rcunscnto.
(12 lados). , . _. , . . . .
Qtiantos \ra\º!:C? (lj~~!:~()S ~ª() p{ls.s!~eis pã~ª () terceiro )acici, CJtl 37. Calculai os valores numencos dos penmetros ~c um ~ua·
~aga triângulo?,- ·- - · .
(1r~(lo, hexágono, octógono e dodecágono, inscri~os e circtmscnto;.
26. Construí duas figuras, com escalas rigorosas, que Y9ê P,e~!!!i~.
Tabulai os diversos valores, para ver entre quais f1ca n:, usando as ta-
~!\!:!.1 tabular os quadrados dos números inteiros de 1 a 7. i
Luas de senos e tangentes.
, 27. Fazei construções geométricas que vos permitam ea!~!l!ª!l
ªs méuias aritméticas e geométricas de, 2 e 8, l e 9, 4 e 16.
28. Qual a distância zen ital de uma estrêla razando o horizonte~
38. Mostrai que a área do quadrado circunscrito é 4 lg 45",
e :1 '<1 0 quadrado inscrito 4 sen 45• cos 45•. Quais as úrcas do b:xá-
Quando na passagem meridim.1a, Canopus - depois de Sirius, a estrêlaj gnno inscrito e circunscrito? Achai uma exprcss_i\o geral p-ara a area
mais brilhante do céu - está 7•! acima do ponto Sul do horizonte, na~ ce figuras inscritas e circunscritas de 11 lados equivalentes, observanuo
imediações dà Grande Pirâmide (Latitude, 30•). Qual o ângulo entrq 360•
sue, no caso do quadrado, a área é 4 tg -8- ..
Canopus e a Polar? Supondo fixo o ângulo formado por duas estrê~
las, quando ambas sôbre o mcri!!ia!lo, <JUal ~ )íl,ti~\IQ~ !Tia!~ ~C!C~tú9~ 39. Como a área ue um círculo de unidade de raio .é n: ·cm·
2
= lt
e!Jl que· ~anopus é visível?. , qtmndo r= 1), usai as expressõe~ gerais que acabastes de ob.tcr para
· 29. 'A 21 de dezembro o sol acha-se sôbre o Trópico do Cá· achar os limites entre os quais f1ca :t, supondo-o entre as arcas do
pricórnio (Latitude 23 !"S.), Mostrai, com o auxílio de uma figura. polígono inscrito e circunscrito de 180 1-auos iguais.
análoga às 61 e 62, qual a sua altura e sua distância zenital em Buenos 4D. Adotando para o raio da terra o valor de 6 300 quilômetros,
Aires ( Lat. 34• 1 S.), no instante da su-a passagem meridiana, isto é, oual a distância entre dois lugares de mesma longitude, separados por
a.o meio-dia. Qual a latituqe ~nais setentr!onal, <la qua! Q so! .~ yi~!~<.;~ io de latitude?
ao meio-dia desta data? 1 41. Qual a distância de dois pontos, ambos sôbre o Equador,
- ··· · 30. · Qual a altura do sol meridiano a 23 de sete':nb~Q em N?Y<!,•
mas separados por 1• de longitude? _ •_
Iorque (Lat. 41• N.) e Rio de Janeiro (23• S.). 42. Depois de navegar 320 quilômetros par:t oeste, um naviO
· 31: Numa ilha do Brasil, a sombr-a de um poste telegráfico ·~ veri fica que sua longitude se alterou de S•. Qual a sua latitude~
mais curta no instante em que o rádio dá, para hora de .Gree!!:'!."'!c~. 43. No dia do solstício do verão, o sol se acha exatamente sobre
14 horas e 14 minutos. - Qual é esta ilha e sua longitude? o Trópico do Capricórnio (Latitude 2~ !"S.); no solstício do inverno,
--- 32. Dividí um polígono de x lados equivalentes em ,-r triângulo9 ~ôbre o Trópico do Câncer (23 !" N.). Fazei uma figura mostrando
equivalentes 1 p-ara !!!()Slf.éJ..~ .<ll!C Q ~n~!,!\Q ~11~~~ Q~ !ªdo~ ~
2x-4
ª fras_~g qual a inclinação do sol meridiano sôbre o horizonte de Pôrto Alerrre
- - - do ângulo reto. (Latitude 30• 2' S.) a 21 de dezembro e 21 de junho.
.t· 44. Mostrai, por meio de figuras, que a sombra <lo nicio-<li~ ser.l-
31 Qual a altura de um faro! cuja !u~ ~ y!síye! à º-i~tânc!ª !!~ pre apont-a para o sul em Curitiba (Lat. 25• 25' S.) ; em Florianópolis
g gujlÜ.!!l<!~IQS_?. ,(Lat ... ~l" .J~' ~-).e Pôr~o Alegre (3Q• 2' S.).
1V8 MARAVILHAS DA MATEMÁTICA:
' Se B
EUCLIDES SEM LÁGRIMAS
------ 199

45. Como sa·beríeis, observando 'à sombra: solar áo fueio-:dia, aü~ (I) C = 90"- A
ran.le o correr. d() ano, ser a yossa situaçãq geográ fie~_; A=90"-C
(li) b' = + a•
c•
'(a)~ r.J\.o sul de .66 !ó de I.:atitude Sul?,
( b)' Entre os 66 !o e os 23 !o de Latitude Sul?. (UI) sen A = -ab = cos C
'(c)' Entre os 23 !o de Latitude Su! e º J!:qua~o!l
(d)" No Polo Sul exatamente? cosA c _ sen C
{e)' Sôbre o Círculo Antártico? b
(f)' Exatamente sôbre o Trópico do _Capri<:órniÚ.~
= - = -tg-c-
(g rExatamente sôbre o Equador?.
tgA
c

~6. Eni qtie latitudes ser·á a sombra solar ão meio-(1ia igt!at l 2. Num círculo de raio r (diâmetro d)
altura do obelisco que a projeta (a) ' a 21 de junho, (b) ·a 21 9e
março, (c) a 21 de dezembro? . Ciréunferência = Znr (ou rul)_
47. A 23 de setembro. o cronômetro de um navio marcava · .;
Area = nr2
lioras e 44 minutos (Hora de Greenwich), no momento em que o sol
cortava o meridiano, formando um ângulo de 56° com ·o ponto norte
3. Dois triângulos são equivale~tes:
do horizonte. Que pôr to dem"·1dava êste navio? (Usa i o mapa}.
. (I) Se têm os três lados eqmvalentes. . - . .. .
48. Se Rio de Janeiro está no meridiano de 43• de Longituae . '(li) . Se dois lados e o ângulo compn~endtdo de um sao eqm·
Oeste e Moscou no de 37 • de Longitude Leste, qual será a )tora valentes aos dois lados e ângulo compreendtdo do outro. - .
!ocal nestas cidades quando em Greenwich forem 21 horas? . (III) Se um lado e os dois ângul~s adjacentes de um sao ~ut·
49. ,Valendo-vos da Demonstração 9 e da definição do círculo yalentes a um lado e os dois ângulos adJacentes do outro.
(figura constituÍda por pontos eqüidistantes do Celllro), mostrai que
o centro é também o ponto de cruzamento das perpendiculares levan· OBSERVAÇÃO AOS LEITORES BRASILEIROS
(<).4as do meio de duas cordas quaisquer do· círculo.
Lembramos aos leitores brasileiros, moradores e·ntre o Tr~pi~
50. Como usaríeis êste conhecimento se quiséss·eis fazer a t>ase
do Ca ricórnio e o Equador (2Ü" 30' S. e oo) I que a sombra soar ~
ae üm teodolito, como o representado na Figura 12, com a tampa
projet~da para o Sul durante seis meses e para o Norte ~u~an~ osa.d~
çir~ular ·d e um banquinho ou determinar o centro de uma lata circular?
tros seis meses, conforme o sol se ache ao norte ou ao su o u. à
A nossa adaptação para o Hemisfério Sul é, normalmente, ~:efen.da
i' 51. Prolongai o lado BC do triângulo 'ABC até um ponto D
ê fuostrai que o ângulo ACD = -<
CAB +
<:: ABC. Quando dois
observadores, em B e C, visam um objeto em 'A, o ângulo CAB cha· latitude de ;P.ôrto Alegre. Nº-l_a 4a. Edilôra.·
ma-se ·paralaxe em relação aos dois observadores. Explicai, partindo
da Demonstração 5, porque a paralaxe de um objeto é a diferença
e·n tre suas elevações medidas de B e de C, se A tiver Q mesmo ~z.imute
pa!<l !JS 9,ois observadores.

FóRMULAS PARA DECORAn

1'. Num triângulo de k.lle b (lado oposto ao ãngillõ B)', um


laôo a (oposto ao ângulo A) e outro c (oposto ao ângulo q
e. ª!~\!P~ li
_(perpe ndicular baixada do ponto B sôbre a base b)': . :
~(IX '8, Aréa = j-lrb _(II) A :+: ~ .~ Ç .'-'-" _1800

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