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BRASILEIRO1
Resumo: Direito Penal é um setor do ordenamento jurídico que, mediante um conjunto de normas,
estabelece as condutas criminosas que vinculam as consequências jurídicas, à fim de que evite a
prática de eventos socialmente danosos. Com o crescente aumento da criminalização e reincidências,
é legal a admissão do Direito Penal do Inimigo nas normas jurídicas brasileiras como forma de barrar
a criminalidade? Esse artigo reflete o aumento da criminalidade no Brasil, desta forma analisamos o
Sistema Jurídico Penal Brasileiro e apontamos o DPI como melhor forma de conter a reincidência de
crimes e suas organizações.
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Recebido em 07/08/2017.
Avaliado em 29/09/2020.
Revista da Escola Judiciária do Piauí, Teresina, PI, Vol.2, N.1, jul/dez, 2020. ISSN: 2526-7817
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1 INTRODUÇÃO
2 DIREITO PENAL
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Dessa forma, pode-se afirmar que o direito penal é uma forma de controle
social, controle este que não pode, todavia, ser ilimitado, devendo ser devidamente
regulamentado, principalmente pelo fato de consistir em uma forma de invasão do
Estado no direito de liberdade de cada indivíduo.
Fala-se muito sobre se o autor de uma conduta delituosa deve ser punido
pelo que é (direito penal do autor), pelo que fez (direito penal do fato ou da culpa),
pelos dois motivos concomitantemente ou, até mesmo, ora por um, ora por outro. Eis
o tema.
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devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, por meios lícitos, provar
cabalmente o seu envolvimento.
Então, pode-se dizer que o direito penal do autor consiste na norma penal
que se preocupa com quem o agente é, e não com o fato por ele praticado. Exemplo
flagrante é o fato contravencional da mendicância e da vadiagem que pune o agente
por quem é e não pela conduta tipificada como contravenção.
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O Direito Penal do Inimigo esta inserido como uma terceira velocidade. Seria,
portanto, uma velocidade híbrida, ou seja, com a finalidade de aplicar penas privativas
de liberdade (primeira velocidade), com uma minimização das garantias necessárias
a esse fim (segunda velocidade).“ Assim, pode-se afirmar que as duas teorias
possuem o mesmo fim, qual seja: dar um tratamento diferenciado aos indivíduos tidos
como mais perigosos, suprimindo algumas de suas garantias fundamentais em
beneficio da sociedade.
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Jakobs faz um paralelo entre esses dois pensadores. Haja vista que, para
Kant, esse inimigo não merece ser tratado como pessoa quando se recusa a integrar
um "estado comunitário-legal", da mesma forma que Hobbes despersonaliza o réu de
alta traição. Ambos reconhecem um Direito Penal do cidadão e um Direito Penal do
inimigo.
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Para Jakobs o inimigo não pode ser punido com pena, sim, com medida de
segurança, não deve ser punido de acordo com sua culpabilidade, senão consoante
sua periculosidade, as medidas contra o inimigo não olham prioritariamente o passado
(o que ele fez), sim, o futuro (o que ele representa de perigo futuro), não é um Direito
penal retrospectivo, sim, prospectivo, o inimigo não é um sujeito de direito, sim, objeto
de coação, o cidadão, mesmo depois de delinquir, continua com o status de pessoa,
já o inimigo perde esse status (importante só sua periculosidade) o Direito penal do
cidadão mantém a vigência da norma, o Direito penal do inimigo combate
preponderantemente perigos, o Direito penal do inimigo deve adiantar o âmbito de
proteção da norma (antecipação da tutela penal), para alcançar os atos preparatórios,
mesmo que a pena seja intensa (e desproporcional), ainda assim, justifica-se a
antecipação da proteção penal, quanto ao cidadão (autor de um homicídio ocasional),
espera-se que ele exteriorize um fato para que incida a reação (que vem confirmar a
vigência da norma), em relação ao inimigo (terrorista, por exemplo), deve ser
interceptado prontamente, no estágio prévio, em razão de sua periculosidade.
Por fim, podemos concluir que o intuito principal da teoria do Direito Penal
do Inimigo é atuar de maneira preventiva contra aquelas pessoas que demonstram,
de maneira inequívoca, que se afastaram do Direito e que não mais aderem ao
contrato social (Rousseau). Essas pessoas configuram uma ameaça para o Estado,
submetendo-se, assim, a um tratamento diferenciado, com o fim de preservar o
equilíbrio e a paz social.
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Não se pune por que se cometeu um delito, mas por fazer parte de alguma
maneira, ser um deles. Isso se dá porque ao inimigo é negada a aplicação do
postulado da proporcionalidade, além de muitas outras normas de ordem
constitucional.
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5. CONCLUSÃO
Certos de que não se pode admitir é que se coloque em risco a paz social
e até a segurança daqueles que tem a função de garantir a segurança da comunidade
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maior rigidez, protegendo-se, assim, aqueles que atuam conforme o Direito e que não
romperam com o contrato social.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
____, MELIÁ, Cancio. Direito Penal do Inimigo – Noções e Críticas. 4. ed., trad. de
André Luís Callegari e Nereu José Giacomolli. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2009.
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