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Coma

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 Nota: Para outros significados, veja Coma (desambiguação).

Coma

É importante mudar o paciente de posição a cada 2-4 horas para evitar ulcerações e problemas
vasculares.

Especialidade neurologia, medicina intensiva

Classificação e recursos externos

CID-10 R40.2

CID-9 780.01

DiseasesDB 16940

MeSH D003128

 Leia o aviso médico 

Coma (do grego κῶμα, "sono profundo") é um estado de inconsciência do qual a pessoa


não pode ser despertada.[1][2]
A manutenção da consciência depende de dois componentes neurológicos importantes:
o córtex, a matéria cinzenta cerebral da camada mais externa do cérebro, e o sistema de
ativação reticular ascendente (SARA).[3]

Índice

 1Introdução
 2Diagnóstico
 3Condições semelhantes
o 3.1Síndrome do encarceramento ou síndrome do locked-in
o 3.2Estado vegetativo
o 3.3Abulia
o 3.4Catatonia
 4Causas
 5Avaliação do coma
 6Prognóstico
 7Cultura e sociedade
 8Ver também
 9Referências
Introdução[editar | editar código-fonte]
A consciência é o estado de alerta que permite ao indivíduo a percepção de si e do meio.
Alterações da consciência são definidas como quantitativas e qualitativas. Alterações
qualitativas modificam o conteúdo da consciência, como delírios, alucinações e
perturbações que não afetam o estado de alerta.
Alterações quantitativas, também conhecidas como nível de consciência, variam em
um continuum entre o coma e o estado de alerta normal. Neste continuum descrevem-se o
alerta, letárgico, estuporoso e o comatoso. Alerta é o indivíduo no estado de despertar
normal. Estuporoso é o indivíduo irresponsivo, que pode ser desperto por estímulo
vigoroso, e o comatoso é o estado vegetativo do qual o indivíduo não pode ser desperto
mediante estimulação externa. Letárgico é o estado de lentificação psicomotora
intermediário entre o estupor e o alerta. [1]

Diagnóstico[editar | editar código-fonte]
O diagnóstico de coma deve ser realizado por um profissional médico. Ele envolve causas
reversíveis de perturbação da consciência (infecciosas, metabólicas, tóxicas, convulsivas).
O exame clínico, testes laboratoriais, eletrofisiológicos e de imagem são importantes e
devem ser realizados conforme o julgamento médico. São importantes também na
definição de morte encefálica: uma condição irreversível. A legislação brasileira permite a
doação de órgãos de indivíduos nessa circunstância.

Condições semelhantes[editar | editar código-fonte]


Síndrome do encarceramento ou síndrome do locked-in[editar | editar
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Ver artigo principal: síndrome do encarceramento
Nessa situação o indivíduo está acordado e alerta, porém quadriplégico (sem movimentos
de braços e pernas) e com paralisia dos nervos cranianos inferiores (responsáveis pela
fala e deglutição, por exemplo). Subtipos de síndrome do locked-in são descritos na
literatura médica.
Estado vegetativo[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: estado vegetativo
Esses indivíduos preservam as funções vegetativas, embora não possuam consciência. As
funções vegetativas compreendem: ciclo sono-vigília e variações autonômicas simpáticas
e parassimpáticas, regidas pelo ciclo circadiano. O estado vegetativo persistente também
é conhecido como síndrome apática, coma vígil cerebral cortical.
Abulia[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: abulia
A abulia, também conhecida como mutismo acinético, compreende um complexo
neurospsiquiátrico de ausência de iniciativa para o movimento e interação com o meio
ambiente. Nessa condição o indivíduo está alerta e desperto, porém apático e indiferente
ao ambiente, não movendo-se espontaneamente.
Catatonia[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: catatonia
A catatonia é uma síndrome psiquiátrica composta por mutismo e acentuada redução da
psicomotricidade. É uma condição normalmente psicogênica (sem lesão neurológica),
porém é eventualmente causada por drogas ou mesmo lesão neurológica estrutural.
Causas[editar | editar código-fonte]

O Coma é causado pela perturbação grave do funcionamento cerebral devido a traumas


crânio-encefálicos, acidentes vasculares cerebrais, tumores, distúrbios
metabólicos, envenenamentos ou asfixia.

 No traumatismo crânio-encefálico, o coma pode ser induzido seja pelo efeito


de concussão cerebral, quando o cérebro recebe um impacto forte e é jogado contra
as paredes do crânio, causando lesão difusa, ou mesmo por lesão direta, com perda
de massa encefálica como nos casos de ferimentos por armas de fogo.
 Os acidentes vasculares cerebrais (comumente chamados de "derrame"), podem
ser do tipo hemorrágico, quando ocorre a ruptura e vazamento de algum vaso
sanguíneo cerebral ou do tipo isquêmicos, quando ocorre a obstrução da circulação
sanguínea. A interrupção do fluxo sanguíneo em porções do encéfalo irrigadas leva a
lesões mais rápidas das células nervosas que hemorragia. Quanto mais rápido o
tratamento menor o dano.
 Os tumores encefálicos podem causar o coma por destruição de células cerebrais
ou por efeito de compressão, pelo seu crescimento expansivo e irrefreado, que leva à
obstrução da circulação sanguínea, a isquemia.
 Diversos distúrbios do metabolismo podem induzir o estado de coma, como
o diabetes mellitus, o hipotireoidismo, a insuficiência hepática, seja pelo acúmulo de
substâncias que impedem o correto funcionamento cerebral, como
alguns aminoácidos e amônia, pelo desequilíbrio do metabolismo do hidrogênio
sanguíneo, causando alteração de pH ou pelas disfunções orgânicas causadas por
estas doenças, que levam à hipoventilação, hipotermia, hipotensão e bradicardia.
 Os envenenamentos acidentais ou provocados introduzem no organismo humano
drogas que podem induzir ao coma, como os organofosforados, cocaína, álcool, etc.
 A asfixia traumática, por afogamento ou por qualquer outra condição que conduza
à interrupção do fluxo nas vias respiratórias pode gerar falta de oxigenação cerebral e
conduzir a pessoa ao estado de coma.

Avaliação do coma[editar | editar código-fonte]


A avaliação do coma é de suma importância. Em situações de emergência ou de coma de
instalação, a avaliação súbita permite ao médico basear suas medidas terapêuticas em
protocolos de tratamento e saber da evolução do quadro pela piora ou melhora do estado
de coma. A profundidade do coma pode ser classificada por diversas escalas onde o
avaliador através de uma padronização de exame quantifica o grau do coma, desde uma
leve confusão mental até o coma profundo. Uma das escalas mais utilizadas no mundo,
conhecida como Escala de Coma de Glasgow, somando a pontuação pelos seguintes
critérios:

1 2 3 4 5 6

Abre os
Abre os olhos Abre os olhos
Ocula Não abre olhos em
em resposta a espontaneamen N/A N/A
r os olhos resposta a
estímulo de dor te
um chamado

Verba Emudecid Emite sons Pronuncia Confuso, Orientado, N/A


l o incompreensíve palavras conversa
normalment
is desconexas desorientado
e

Flexão
Flexão
inespecífica
Extensão a anormal a Obedece
Não se (normal)/ Localiza
estímulos estímulos a
Motor moviment Reflexo de estímulos
dolorosos dolorosos comando
a retirada a dolorosos
(descerebração) (decorticaçã s
estímulos
o)
dolorosos

Resultado:

 3 a 6 = Coma profundo; (85% de probabilidade de morte; estado vegetativo)


 7 a 10 = Coma intermediário;
 11 a 14 = Coma leve;
 15 = Normalidade.

Prognóstico[editar | editar código-fonte]
O conhecimento médico atual não permite predizer de forma confiável o prognóstico de um
indivíduo em coma, a não ser que esse indivíduo preencha critérios para morte encefálica.
Certamente a causa (lesão estrutural e sua extensão, toxinas, hipoxemia e outros) e a
duração do coma, bem como a idade e antecedentes patológicos do paciente influenciam
na definição prognóstica do indivíduo.
A maioria das pessoas em coma permanecem assim entre duas a quatro semanas.
Raramente um indivíduo pode permanecer nesse estado por mais tempo na ausência de
drogas sedativas. Normalmente o paciente em coma evolui para melhora do nível de
consciência ou para a morte encefálica.
Em um estudo com 34 pacientes em coma por falta de oxigenação, 79% dos pacientes
nunca se recuperaram e 21% tiveram boa recuperação. Análise
clínica, eletroencefalograma e dos potenciais somatossensoriais evocados (PSE)
permitirem uma avaliação com 90% de acerto da possibilidade de recuperação do paciente
a partir do terceiro dia na maior parte dos casos. Alguns, porém, levaram mais de uma
semana antes de um prognóstico mais definitivo. [4] Em outro estudo com 131 casos de
coma profundo, a análise dos potenciais somatossensoriais evocados e do córtex, permitiu
acerto 100% do prognóstico. Nenhum paciente com redução do córtex e sem potenciais
somatossensoriais evocados se recuperou. [5] Estudo com pacientes com traumatismo
encefálico tiveram resultados similares, no qual a avaliação dos potenciais
somatossensoriais evocados foi o critério mais eficiente de prognóstico. [6] Uma revisão de
25 estudos também chegou a conclusão de que os PSE são os melhores preditores de
recuperação.[7]

Cultura e sociedade[editar | editar código-fonte]


Uma pesquisa, que analisou 30 filmes feitos entre 1970 e 2004 que retratavam
personagem em comas prolongados, concluiu que apenas dois deles retratavam com
precisão o estado de uma vítima de coma e a agonia de esperar por um paciente a
despertar: O Reverso da Fortuna (1990) e A Vida Sonhada dos Anjos (1998). Os outros 28
foram criticados por retratar despertares milagrosos, sem efeitos colaterais duradouros,
representações irrealistas de tratamentos com equipamentos desnecessários, sem perda
muscular e até mesmo mantendo a pele bronzeada. [8]
Córtex cerebral
O córtex cerebral corresponde à camada mais externa do cérebro dos vertebrados,
sendo rico em neurônios e o local do processamento neuronal mais sofisticado e distinto.
O córtex humano tem 2-4 mm de espessura, com uma área de 0,22 m² (se fosse disposto
num plano) e desempenha um papel central em funções complexas do cérebro como
na memória, atenção, consciência, linguagem, percepção
Em animais com capacidade cerebral mais desenvolvida, o córtex forma sulcos para
aumentar a área de processamento neuronal, minimizando a necessidade de aumento
de volume. É constituído por cerca de 20 bilhões de neurônios, que parecem organizados
em agrupamentos chamados microcolunas. É formado por massa cinzenta e é
responsável pela realização dos movimentos no corpo humano.
O córtex é o local de representações simbólicas, o que ele recebe é processado e
integrado, respondendo com uma ação.
É a sede do entendimento, da razão. Se não houvesse córtex não haveria linguagem,
percepção, emoção, cognição e memória. No homem, o desenvolvimento do córtex
permitiu o desenvolvimento da cultura que, por sua vez, serviu de estimulo ao
desenvolvimento cortical.

Localização do córtex cerebral.

Fatia de um córtex cerebral.

O córtex cerebral corresponde à camada mais externa do cérebro dos vertebrados,


sendo rico em neurônios e o local do processamento neuronal mais sofisticado e distinto.
O córtex humano tem 2-4 mm de espessura, com uma área de 0,22 m² (se fosse disposto
num plano) e desempenha um papel central em funções complexas do cérebro como
na memória, atenção, consciência, linguagem, percepção
Em animais com capacidade cerebral mais desenvolvida, o córtex forma sulcos para
aumentar a área de processamento neuronal, minimizando a necessidade de aumento
de volume. É constituído por cerca de 20 bilhões de neurônios, que parecem organizados
em agrupamentos chamados microcolunas. É formado por massa cinzenta e é
responsável pela realização dos movimentos no corpo humano.
O córtex é o local de representações simbólicas, o que ele recebe é processado e
integrado, respondendo com uma ação.
É a sede do entendimento, da razão. Se não houvesse córtex não haveria linguagem,
percepção, emoção, cognição e memória. No homem, o desenvolvimento do córtex
permitiu o desenvolvimento da cultura que, por sua vez, serviu de estimulo ao
desenvolvimento cortical.

Índice

 1Aspectos gerais
o 1.1Tipos de córtices
o 1.2Tipos de células
o 1.3Tipos de fibras
 2Anatomia
o 2.1Principais sulcos
o 2.2Lobos
 3Organização cortical
o 3.1Organização laminar do Córtex
 3.1.1Diferentes áreas neocorticais apresentam conexões distintas
o 3.2Organização Colunar do Neocórtex
 4Referências

Aspectos gerais[editar | editar código-fonte]


Uma das maiores mudanças que ocorreu durante o curso da evolução na
escala filogenética do sistema nervoso dos vertebrados foi o grande aumento em tamanho
relativo dos hemisférios cerebrais. Este facto justifica-se porque o córtex cerebral
desempenha um papel fundamental em numerosas atividades algumas das quais de alto
nível, acontecendo no ser humano – como a linguagem e o pensamento abstracto.
De um modo geral, o córtex cerebral desempenha várias funções, nomeadamente:

 Aspectos básicos da percepção, movimento e resposta adaptativa ao mundo


exterior;
 Atividades de alto nível como a linguagem e o pensamento abstracto.
Tipos de córtices[editar | editar código-fonte]
O córtex cerebral não apresenta sempre a mesma estrutura. Existem pois três tipos de
córtices:

 Paleocórtex – está maioritariamente presente em áreas restritas da base do


telencéfalo. Relacionado com o sistema olfactivo.
 Arquicórtex – está compreendido no hipocampo.
 Neocórtex – quase toda a superfície do córtex cerebral é designada de neocórtex
(o que apareceu mais tardiamente na escala filogenética); Desenvolve-se interposto
entre o arquicórtex e o paleocórtex e separa-se destes por zonas de transição cortical
com estruturas intermédias (zonas de justalocortex).
Alguns mamíferos apresentam o neocórtex relativamente pequeno, mas este
desenvolve-se muito nos primatas e representa na espécie humana cerca de 95%
da área cortical. Esta expansão do neocórtex leva á rotação aparente dos
hemisférios cerebrais em forma de C, com o paleocórtex e o arquicórtex a terminar
nas duas pontas do C.
Todas as áreas neocorticais no decurso do seu período de desenvolvimento
apresentam uma organização estrutural em seis camadas. No entanto, no cérebro
adulto esta estrutura em seis camadas vai sendo alterada em algumas áreas, pelo que
se vão distinguir no córtex homogenético, córtices homotípicos e heterotípicos.
Basicamente existem:

 Córtex homogenético ou isocórtex – córtex inicial e áreas do córtex adulto que


mantêm ainda as seis camadas
 Cortex heterogenético ou alocórtex – O paleocórtex e o arquicórtex nunca
apresentam estas camadas também.
Tipos de células[editar | editar código-fonte]
Células piramidais: As células piramidais são as células que se apresentam em
maior número no neocórtex. O seu diâmetro pode variar muito (de 10 micrómetros a
70 ou até mesmo 100 micrómetros – células piramidais gigantes de Betz do córtex
motor).
Estas células apresentam um corpo celular do forma cónica do qual saem numerosos
dendritos ricos em espinhas, entre elas um dendrito apical, muito longa e que
abandona o corpo celular para ascender verticalmente pela superfície cortical,
denominando-se os restantes dendritos de dendritos basais que emergem de perto
da base da célula e se espalham horizontalmente. De notar que após
o nascimento verifica-se um crescimento acentuado da árvore dendrítica e o aumento
das espinhas dendríticas. O seu axónio é longo atingindo outras áreas corticais ou até
mesmo áreas subcorticais, e utilizam como neuromediador o glutamato (ou o
aspartato) – são por isso excitatórias.
Células não piramidais As restantes células presentes no córtex cerebral são
designadas colectivamente de células não piramidais e podem ser:
Células estreladas (ou granulares) – são multipolares
Com algumas excepções, as células não piramidais apresentam axónios curtos e que
permanecem no córtex (interneurónios). Algumas recebem inputs excitatórios do
tálamo mas a sua maioria possui eferências inibitórias que utiliza como neuromediador
o GABA.
Deste modo as células piramidais são o principal output do cérebro e as não
piramidais os principais interneurónios.
Outros tipos de células:

 Células em cesto do córtex – estendem-se no plano horizontal, cujo axónio


é curto e vertical e se divide em diversos colaterais horizontais. Fazem
sinapse com os corpos celulares e dendritos das células piramidais;
 Células em candelabro – os seus terminais axónicos apresentam-se
dispostos verticalmente (área de sombra é vertical), o que pronuncia o arranjo
colunar do cortex;
 Células de Martinotti – existem na maioria das lâminas, sendo pequenas,
multipolares, com campos dendríticos localizados e axónios longos (células
pequenas cujos axónios se estendem da lamina VI à lamina I);
 Células fusiformes;
 Células neurogligormes;
Tipos de fibras[editar | editar código-fonte]
 Fibras de associação – estabelecem a comunicação entre áreas do
mesmo hemisfério. Podem ser:
 Fibras arqueadas curtas – ligam circunvoluções adjacentes;
 Fibras arqueadas longas – ligam circunvoluções distantes (podendo ir do
pólo frontal para o pólo occipital);

 Fibras de projecção – ligam o córtex cerebral e as partes inferiores


do encéfalo e medula espinhal. Convergem para o corpo estriado formando
parte da coroa radiada. Podem ser:
 Fibras Corticofugas;
 Fibras Corticopetas;

 Fibras comissurais – interligam os hemisférios cerebrais esquerdo e direito.

Anatomia[editar | editar código-fonte]
Os hemisférios cerebrais humanos apresentam inúmeras circunvoluções. A cada
circunvolução dá-se o nome de giro, e a cada depressão entre giros denomina-se
de sulco. Os sulcos particularmente profundos podem ainda ser chamados
de fissuras. Este mecanismo de sulcos e giros é um modo de aumentar a área
cerebral sem no entanto aumentar o seu volume de tal forma que cerca de dois
terços da superfície está oculta.
Existem 4 tipos de sulcos principais:

 Sulcos axiais – surgem devido ao crescimento exagerado do córtex


 Sulcos limitantes – a separar áreas caracteristicamente diferentes
 Sulcos operculados – é o seu lábio e não o seu pavimento a estabelecer a
divisão. Pode surgir uma terceira área nas paredes do sulco, não visível à
superfície – cobrem partes do córtex.
 Sulcos completos – quando são suficientemente profundos de tal modo que
produzem elevações nas paredes dos ventrículos laterais (por exemplo, o
sulco calcarino)
Quanto ao seu desenvolvimento os sulcos podem ser:

 Sulcos primários – estavam já geneticamente programados.


 Sulcos secundários – surgem como consequência do desenvolvimento não
exuberante das áreas adjacentes.
 Sulco lateral
 Sulco parieto-occipital
Cada hemisfério apresenta:

 Três Pólos:
 Pólo frontal
 Pólo occipital
 Pólo temporal
 Três faces:
 Superfície supero-lateral
 Superfície medial
 Superfície inferior
 Três margens:
 Margem superomedial
 Margem inferolateral
 Margem superciliar
Principais sulcos[editar | editar código-fonte]
Existem dois sulcos principais que no seu conjunto delimitam os lobos frontal,
temporal e parietal:

 Sulco central ou sulco de Rolando – sulco anatómica e funcionalmente


importante que surge na superfície superolateral de cada hemisfério. Começa
medial ao bordo superior do hemisfério e dirige-se obliquamente, anterior e
inferiormente até quase alcançar o sulco lateral. Constitui o limite dos lobo
frontal e lobo parietal e representa a zona de transição entre o córtex motor
primário e o córtex somatossensorial primário, respectivamente – Constitui
por isso um sulco limitante.
 Sulco lateral ou fissura de Sylvius – constitui um sulco longo e profundo na
superfície superolateral de cada hemisfério e resulta do não desenvolvimento
da ínsula e da expansão do lobo temporal aquando do desenvolvimento
embrionário. A ínsula esconde-se na profundidade deste sulco, que separa os
lobos frontal, temporal e parietal. A artéria cerebral média percorre este sulco
e consegue aceder desta forma à convexidade lateral.
Este sulco é constituído por um tronco e três ramos:

 Tronco – Começa na superfície perfurada anterior e estende-se


posteriormente, separando a superfície orbitária do lobo frontal do pólo
anterior do lobo temporal. O pavimento é o lobo da ínsula. O tronco
alcançando a superfície lateral divide-se em três ramos.
 Ramo anterior ou horizontal – corre anteriormente na circunvolução frontal
inferior
 Ramo ascendente ou vertical – corre superiormente na circunvolução frontal
inferior
 Ramo posterior – corre superior e posteriormente para terminar no lobo
parietal
Os ramos anterior e ascendente delimitam as três porções da circunvolução
frontal inferior (de anterior para posterior: orbital, triangular e opercular).

Lobos[editar | editar código-fonte]
De um modo mais geral, cada hemisfério contém cinco lobos cerebrais – Frontal,
Parietal, Temporal, Occipital e Límbico. Existem também
quatro sulcos principais – Central, Lateral, Paraoccipital e Cingulato e ainda
uma incisura Preoccipital.
Então existem:

 Lobo frontal
 Lobo parietal
 Lobo temporal
 Lobo occipital
 Lobo límbico
 Lobo da ínsula

Cognição
Cognição é uma função psicológica atuante na aquisição do conhecimento e se dá
através de alguns processos, como a percepção,
a atenção, associação, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem.
A palavra Cognitione tem origem nos escritos de Platão e Aristóteles.
É o conjunto de processos psicológicos usados no pensamento que realizam o
reconhecimento, a organização e a compreensão das informações provenientes dos
sentidos, para que posteriormente o julgamento através do raciocínio os disponibilize
ao aprendizado de determinados sistemas e soluções de problemas.
De uma maneira mais simples, podemos dizer que cognição é a forma como
o cérebro percebe, aprende, recorda e pensa sobre toda informação captada através
dos cinco sentidos, bem como as informações que são disponibilizadas pelo
armazenamento da memória, isto é, a cognição processa as informações sensoriais que
vem dos estímulos do ambiente que estamos e também processsa o conteúdo que
retemos em relação às nossas experiências vividas.
Mas a cognição é mais do que simplesmente a aquisição de conhecimento e
consequentemente, a nossa melhor adaptação ao meio - é também um mecanismo de
conversão do que é captado para o nosso modo de ser interno. Ela é um processo pelo
qual o ser humano interage com os seus semelhantes e com o meio em que vive, sem
perder a sua identidade existencial. Ela começa com a captação dos sentidos e logo em
seguida ocorre a percepção. É, portanto, um processo de conhecimento, que tem como
material a informação do meio em que vivemos e o que já está registrado na nossa
memória.
Leia o texto completo de nosso comunicado.

Percepção
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Psicologia

Tópicos[Expandir]

Psicologia aplicada[Expandir]

Listas[Expandir]

Portal

 v
 d
 e
A percepção de cores: um dos aspectos da percepção visual.

Percepção (AO 1990: percepção[1] ou perceção)[2] é,
em psicologia, neurociência e ciências cognitivas, a função cerebral que
atribui significado a estímulos sensoriais, a partir de histórico de vivências passadas.
Através da percepção um indivíduo organiza e interpreta as suas impressões sensoriais
para atribuir significado ao seu meio. Consiste na aquisição, interpretação, seleção e
organização das informações obtidas pelos sentidos. A percepção pode ser estudada do
ponto de vista estritamente biológico ou fisiológico, envolvendo estímulos elétricos
evocados pelos estímulos nos órgãos dos sentidos. Do ponto de vista psicológico ou
cognitivo, a percepção envolve também os processos mentais, a memória e outros
aspectos que podem influenciar na interpretação dos dados percebidos.

Índice

 1O estudo da percepção
 2Percepção e realidade
 3Fatores que influenciam a percepção
o 3.1Fatores externos
o 3.2Fatores internos
o 3.3Princípios da percepção
o 3.4Outros fatores
 4Tipos de percepção
o 4.1Percepção visual
o 4.2Percepção auditiva
o 4.3Percepção olfactiva
o 4.4Percepção gustativa
o 4.5Percepção tátil
o 4.6Percepção temporal
o 4.7Percepção espacial
o 4.8Propriocepção
 5Intensidade da percepção
o 5.1Lei de Weber-Fechner
 6Percepção Social
 7Ver também
 8Referências
O estudo da percepção[editar | editar código-fonte]
A percepção é um dos campos mais antigos dos processos fisiológicos e cognitivos
envolvidos. Os primeiros a estudar com profundidade a percepção foram Hermann von
Helmholtz, Gustav Theodor Fechner e Ernst Heinrich Weber, A Lei de Weber-Fechner é
uma das mais antigas relações quantitativas da psicologia experimental e quantifica a
relação entre a magnitude do estímulo físico (mensurável por instrumentos) e o seu efeito
percebido (relatado). Mais adiante Wilhelm Wundt fundou o primeiro laboratório de
psicologia experimental em Leipzig em 1879.
Na filosofia, a percepção e seu efeito no conhecimento e aquisição de informações do
mundo é objeto de estudo da filosofia do conhecimento ou epistemologia. Em geral a
percepção visual foi base para diversas teorias científicas ou
filosóficas. Newton e Goethe estudaram a percepção de cores e algumas escolas, como
a Gestalt, surgida no Século XIX e escolas mais recentes, como a fenomenologia e
o existencialismobaseiam toda a sua teoria na percepção do mundo.
Para a psicologia a percepção é o processo ou resultado de se tornar consciente de
objetos, relacionamentos e eventos por meio dos sentidos, que inclui atividades como
reconhecer, observar e discriminar. Essas atividades permitem que os organismos se
organizem e interpretem os estímulos .A percepção de figura-fundo é a capacidade de
distinguir adequadamente objeto e fundo em uma apresentação do campo visual. Um
enfraquecimento nessa capacidade pode prejudicar seriamente a capacidade de aprender
de uma criança. (APA, 2010, p. 696).

Percepção e realidade[editar | editar código-fonte]

Imagem ambígua. O animal da figura pode ser um coelho ou um pato. Um exemplo de "percepção
mutável"

Na psicologia, o estudo da percepção é de extrema importância porque o comportamento


das pessoas é baseado na interpretação que fazem da realidade e não na realidade em si.
Por este motivo, a percepção do mundo é diferente para cada um de nós, cada pessoa
percebe um objeto ou uma situação de acordo com os aspectos que têm especial
importância para si própria.
Muitos psicólogos cognitivos e filósofos de diversas escolas, sustentam a tese de que, ao
transitar pelo mundo, as pessoas criam um modelo mental de como o mundo funciona
(paradigma. Ou seja, elas sentem o mundo real, mas o mapa sensorial que isso provoca
na mente é provisório, da mesma forma que uma hipótese científica é provisória até ser
comprovada ou refutada ou novas informações serem acrescentadas ao modelo
(v. Método científico).
À medida que adquirimos novas informações, nossa percepção se altera. Diversos
experimentos com percepção visual demonstram que é possível notar a mudança na
percepção ao adquirir novas informações. As ilusões de óptica e alguns jogos, como o
dos sete erros se baseiam nesse fato. Algumas imagens ambíguas são exemplares ao
permitir ver objetos diferentes de acordo com a interpretação que se faz. Em uma "imagem
mutável", não é o estímulo visual que muda, mas apenas a interpretação que se faz desse
estímulo.
Assim como um objeto pode dar margem a múltiplas percepções, também pode ocorrer de
um objeto não gerar percepção nenhuma: Se o objeto percebido não tem embasamento
na realidade de uma pessoa, ela pode, literalmente, não percebê-lo. Os primeiros relatos
dos colonizadores da América relataram que os índios da América Central não viram a
frota naval dos colonizadores que se aproximavam em sua primeira chegada. Como os
navios não faziam parte da realidade desses povos, eles simplesmente não eram capazes
de percebê-los no horizonte e eles se misturavam à paisagem sem que isso fosse
interpretado como uma informação a considerar. Somente quando as frotas estavam mais
próximas é que passaram a ser visíveis. Qualquer pessoa nos dias atuais, de pé em uma
praia espera encontrar barcos no mar. Eles se tornam, portanto, imediatamente visíveis,
mesmo que sejam apenas pontos no horizonte.
Passa-se a considerar cada vez mais a importância da pessoa que percebe, durante o ato
da percepção. A presença e a condição do observador modificam o fenômeno.
As percepções são normais se realmente correspondem àquilo que o observando vê, ouve
e sente. Contudo, podem ser deficientes, se houver ilusões dos sentidos ou mesmo
alucinações. Esta ambiguidade da percepção é explorada em tecnologias humanas como
a camuflagem, mas também no mimetismo apresentado em diversas espécies animais e
vegetais, como algumas borboletas que apresentam desenhos que se assemelham a
olhos de pássaros, que assustam os predadores potenciais. Algumas flores também
possuem seus órgão sexuais em formatos atraentes para os insetos polinizadores.
Teorias cognitivas da percepção assumem que há uma pobreza de estímulos. Isto significa
(em referência à percepção) que as sensações, sozinhas, não são capazes de prover uma
descrição única do mundo. As sensações necessitam de enriquecimento, que é papel
do modelo mental. Um tipo diferente de teoria é a ecologia perceptual, abordagem
de James J. Gibson. Gibson rejeita a tese da pobreza de estímulos ao mesmo tempo que
rejeita que a percepção seja o resultado das sensações. Ao invés disso, ele investigou
quais informações são efetivamente apresentadas aos sistemas perceptivos. Ele e outros
psicólogos que trabalham com esse paradigma explicam como o mundo pode ser
explicado como um organismo móvel através de leis de projeção da informação sobre o
mundo em matrizes de energia. A especificação é um mapeamento 1:1 de alguns
aspectos do mundo em uma matriz de percepção; dado um mapa deste tipo, nenhum
enriquecimento é necessário e a percepção é direta.

Fatores que influenciam a percepção[editar | editar código-fonte]

Os olhos são os órgãos responsáveis pela visão, um dos sentidos que fazem parte da percepção do
mundo.

O processo de percepção tem início com a atenção que não é mais do que um processo
de observação seletiva, ou seja, das observações por nós efetuadas. Este processo faz
com que nós percebamos alguns elementos em desfavor de outros. Deste modo, são
vários os fatores que influenciam a atenção e que se encontram agrupados em duas
categorias: a dos fatores externos (próprios do meio ambiente) e a dos fatores internos
(próprios do nosso organismo).
Fatores externos[editar | editar código-fonte]
Os fatores externos mais importantes da atenção são a intensidade (pois a nossa atenção
é particularmente despertada por estímulos que se apresentam com grande intensidade e,
é por isso, que as sirenes das ambulâncias possuem um som insistente e alto);
o contraste (a atenção será muito mais despertada quanto mais contraste existir entre os
estímulos, tal como acontece com os sinais de trânsito pintados em cores vivas e
contrastantes); o movimento que constitui um elemento principal no despertar da atenção
(por exemplo, as crianças e os gatos reagem mais facilmente a brinquedos que se movem
do que estando parados); e a incongruência, ou seja, prestamos muito mais atenção às
coisas absurdas e bizarras do que ao que é normal (por exemplo, na praia num dia verão
prestamos mais atenção a uma pessoa que apanhe sol usando um cachecol do que a uma
pessoa usando um traje de banho normal).
Fatores internos[editar | editar código-fonte]
Os fatores internos que mais influenciam a atenção são a motivação (prestamos muito
mais atenção a tudo que nos motiva e nos dá prazer do que às coisas que não nos
interessam); a experiência anterior ou, por outras palavras, a força do hábito faz com que
prestemos mais atenção ao que já conhecemos e entendemos; e o fenómeno social que
explica que a nossa natureza social faz com que pessoas de contextos sociais diferentes
não prestem igual atenção aos mesmos objetos (por exemplo, os livros e os filmes a que
se dá mais importância em Portugal não despertam a mesma atenção no Japão).
Princípios da percepção[editar | editar código-fonte]

Princípio da figura e fundo. Percebemos um vaso ou duas faces se entreolhando, dependendo da


escolha do que é figura (o tema da imagem) e o que é fundo.

Na percepção das formas, as teorias da percepção reconhecem quatro princípios básicos


que a influenciam:

 a tendência à estruturação ou princípio do fechamento - tendemos a organizar


elementos que se encontram próximos uns dos outros ou que sejam semelhantes;
 segregação figura-fundo - explica que percebemos mais facilmente as figuras
bem definidas e salientes que se inscrevem em fundos indefinidos e mal contornados
(por exemplo, um cálice branco pintado num fundo preto);
 pregnância das formas ou boa forma - qualidade que determina a facilidade com
que percebemos figuras bem formadas. Percebemos mais facilmente as formas
simples, regulares, simétricas e equilibradas;
 constância perceptiva - se traduz na estabilidade da percepção (os seres
humanos possuem uma resistência acentuada à mudança).
Outros fatores[editar | editar código-fonte]
Em relação à percepção da profundidade, sabe-se que esta advém da interacção de
factores orgânicos (características do nosso corpo) com factores ambientais
(características do meio ambiente). São exemplos dos factores orgânicos: a acomodação
do cristalino que é uma espécie de lente natural de que dispomos para focar
convenientemente os objectos; e a convergência das linhas de visão (a posição das linhas
altera-se sempre que olhamos para objectos situados a diferentes distâncias).
Para exemplificar os factores ambientais temos o princípio do contraste luz-sombra (as
partes salientes dos objectos são mais claras que as restantes, em função da iluminação
recebida) e a grandeza relativa (a profundidade pode ser representada variando o
tamanho e a distância dos objectos pintados. Os objectos mais distantes parecem-nos
mais pequenos do que aqueles que estão mais próximos).

Tipos de percepção[editar | editar código-fonte]


O estudo da percepção distingue alguns tipos principais de percepção. Nos seres
humanos, as formas mais desenvolvidas são a percepção visual e auditiva, pois durante
muito tempo foram fundamentais à sobrevivência da espécie (A visão e a audição eram os
sentidos mais utilizados na caça e na proteção contra predadores). Também é por essa
razão que as artes plásticas e a música foram as primeiras formas de arte a serem
desenvolvidas por todas as civilizações, antes mesmo da invenção da escrita. As demais
formas de percepção, como a olfativa, gustativa e tátil, embora não associadas às
necessidades básicas, têm importante papel na afetividade e na reprodução.
Além da percepção ligada aos cinco sentidos, os humanos também possuem capacidade
de percepção temporal e espacial.
Percepção visual[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Percepção visual

O triângulo de Kaniza demonstra o princípio do fechamento. Tendemos a ver um triângulo branco


sobreposto à figura, como uma figura completa e fechada, embora ele só seja sugerido por falhas
nas demais formas que compõem a figura.

A visão é a percepção de raios luminosos pelo sistema visual. Esta é a forma de


percepção mais estudada pela psicologia da percepção. A maioria dos princípios gerais da
percepção foram desenvolvidos a partir de teorias especificamente elaboradas para a
percepção visual. Todos os princípios da percepção citados acima, embora possam ser
extrapolados a outras formas de percepção, fazem muito mais sentido em relação à
percepção visual. Por exemplo, o princípio do fechamento (ver figura ao lado) é melhor
compreendido em relação a imagens do que a outras formas de percepção.
A percepção visual compreende, entre outras coisas:

 Percepção de formas;
 Percepção de relações espaciais, como profundidade. Relacionado à percepção
espacial;
 Percepção de cores;
 Percepção de intensidade luminosa.
 Percepção de movimentos
Percepção auditiva[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Percepção auditiva
A audição é a percepção de sons pelos ouvidos. A psicologia, a acústica e
a psicoacústica estudam a forma como percebemos os fenômenos sonoros. Uma
aplicação particularmente importante da percepção auditiva é a música. Os princípios
gerais da percepção estão presentes na música. Em geral, ela possui estruturação, boa-
forma, figura e fundo (representada pela melodia e acompanhamento) e os gêneros e
formas musicais permitem estabelecer uma constância perceptiva.
Entre os fatores considerados no estudo da percepção auditiva estão:

 Percepção de timbres;
 Percepção de alturas ou frequências;
 Percepção de intensidade sonora ou volume;
 Percepção rítmica, que na verdade é uma forma de percepção temporal;
 Localização auditiva, um aspecto da percepção espacial, que permite distinguir o
local de origem de um som.
Percepção olfactiva[editar | editar código-fonte]

Expositor de perfumes

O olfacto é a percepção de odores pelo nariz. Este sentido é relativamente tênue nos
humanos, mas é importante para a alimentação. A memória olfactiva também tem uma
grande importância afetiva. A perfumaria e a enologia são aplicações dos conhecimentos
de percepção olfactiva. Entre outros fatores a percepção olfactiva engloba:

 Discriminação de odores, que estuda o que diferencia um odor de outros e o efeito


de sua combinação;
 O alcance olfactivo.
Em alguns animais, como os cães, a percepção olfactiva é muito mais desenvolvida e tem
uma capacidade de discriminação e alcance muito maior que nos humanos.
Percepção gustativa[editar | editar código-fonte]
O paladar é o sentido de sabores pela língua. Importante para a alimentação. Embora seja
um dos sentidos menos desenvolvidos nos humanos, o paladar é geralmente associado
ao prazer e a sociedade contemporânea muitas vezes valoriza o paladar sobre os
aspectos nutritivos dos alimentos. A arte culinária e a enologia são aplicações importantes
da percepção gustativa. O principal fator desta modalidade de percepção é a
discriminação de sabores.
Percepção tátil[editar | editar código-fonte]

Uma placa de sinalização em Braille

O tato é sentido pela pele em todo o corpo. Permite reconhecer a presença, forma e
tamanho de objetos em contato com o corpo e também sua temperatura. Além disso o tato
é importante para o posicionamento do corpo e a proteção física.
O tato não é distribuído uniformemente pelo corpo. Os dedos da mão possuem uma
discriminação muito maior que as demais partes, enquanto algumas partes são mais
sensíveis ao calor. O tato tem papel importante na afetividade e no sexo. Entre os fatores
presentes na percepção tátil estão:

 Discriminação tátil, ou a capacidade de distinguir objetos de pequenos tamanhos.


(Importante, por exemplo, para a leitura em Braille);
 Percepção de calor;
 A percepção da dor.
Percepção temporal[editar | editar código-fonte]
Não existem órgãos específicos para a percepção do tempo, no entanto é certo que as
pessoas são capazes de sentir a passagem do tempo. A percepção temporal esbarra no
próprio conceito da natureza do tempo, assunto controverso e tema de estudos filosóficos,
cognitivos e físicos, bem como o conhecimento do funcionamento
do cérebro (neurociência).
A percepção temporal já foi objeto de diversos estudos desde o século XIX até os dias de
hoje, quando é estudado por técnicas de imagem como a ressonância magnética. Os
experimentos destinam-se a distinguir diferentes tipos de fenômenos relevantes à
percepção temporal:

 a percepção das durações;


 a percepção e a produção de ritmos;
 a percepção da ordem temporal e da simultaneidade.
Resta saber se estes diferentes domínios da percepção temporal procedem dos mesmos
mecanismos ou não e também algumas novas considerações que decorrem da escala de
tempo utilizada. Segundo o psicólogo francês Paul Fraisse, é preciso distinguir
a percepção temporal (para durações relativamente curtas, até alguns segundos) e
a estimativa temporal que é designada como a apreensão de longas durações (desde
alguns segundos até algumas horas). Estes fatores envolvem ainda os ciclos biológicos,
como o ritmo circadiano.
Percepção espacial[editar | editar código-fonte]
Assim como as durações, não possuímos um órgão específico para a percepção espacial,
mas as distâncias entre os objetos podem ser efetivamente estimadas. Isso envolve a
percepção da distância e do tamanho relativo dos objetos. A razão para separar a
percepção espacial das outras modalidades repousa no fato de que aparentemente a
percepção espacial é supra-modal, ou seja, é compartilhada pelas demais modalidades e
utiliza elementos da percepção auditiva, visual e temporal. Assim, é possível distinguir se
um som procede especificamente de um objeto visto e se esse objeto (ou o som) está
aproximando-se ou afastando-se. O lobo parietal do cérebro representa um papel
importante neste tipo de percepção.
Propriocepção[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Propriocepção
Propriocepção é a capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, sua
posição e orientação, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo
em relação às demais, sem utilizar a visão. Este tipo específico de percepção permite a
manutenção do equilíbrio e a realização de diversas atividades práticas. Resulta da
interação das fibras musculares que trabalham para manter o corpo na sua base de
sustentação, de informações táteis e do sistema vestibular, localizado no ouvido interno e
responsável pelo equilíbrio.
O conjunto das informações dadas por esses receptores permitem, por exemplo, desviar a
cabeça de um galho, mesmo que que não se saiba precisamente a distância segura para
se passar, ou mesmo o simples fato de poder tocar os dedos do pé e o calcanhar com os
olhos vendados, além de permitir atividades importantes como andar, coordenar os
movimentos responsáveis pela fala, segurar e manipular objetos, manter-se em pé ou
posicionar-se para realizar alguma atividade.

Intensidade da percepção[editar | editar código-fonte]


Lei de Weber-Fechner[editar | editar código-fonte]
Pierre Bouguer (1760) e depois Ernst Heinrich Weber (1831) estudaram a menor variação
perceptível para determinados estímulos. Para isso apresentaram estímulos variáveis a
diversos indivíduos para determinar o funcionamento quantitativo de diversos tipos de
percepção. A lei de Bouguer-Weber estipulava que o limiar sensorial (a menor diferença
perceptível entre dois valores de um estímulo) aumenta linearmente com o valor do
estímulo de referência. O médico Gustav Fechner (inventor do termo psicofísica) modificou
essa lei, para que ela se tornasse válida aos valores extremos do estímulo: "a sensação
varia como o logaritmo da excitação".
Esta lei pode ser aplicada a diversas formas de percepção. Não se sabe ao certo a causa
neurológica dessa lei, mas ela pode ser percebida em diversos fenômenos da percepção.
Por exemplo, na percepção de alturas, as pessoas percebem intervalos iguais, quando
suas frequências variam exponencialmente. Por exemplo, a relação entre as frequências
de 220 Hz e 440 Hz é percebida como um intervalo de uma oitava. A relação entre 440 Hz
e 880 Hz é percebida como um intervalo igual de uma oitava, mesmo que a distância real
entre as frequências não seja igual. Relações semelhantes se aplicam à percepção de
intensidade sonora, intensidade luminosa, cores e diversos outros aspectos da percepção.

Percepção Social[editar | editar código-fonte]


Um último aspecto a ser considerado é o fato de que a percepção de certos aspectos
relacionados a características humanas, ou mesmo a "construção da percepção" de certas
características humanas, também pode ser constituída socialmente. Questões de gênero,
raça, nacionalidade, sexualidade e outras, também podem ser interferidas por uma forma
de percepção que é construída socialmente.
Um dos estudos recentes mais significativos sobre estes aspectos foi desenvolvido pelo
historiador brasileiro José D'Assunção Barros (1967) que examinou a construção social da
percepção relativamente a certos aspectos como as diferenças de sexualidade ou as
diferenças étnicas (http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aso/n175/n175a05.pdf)
A obra mais densa deste autor sobre o assunto foi o livro A Construção Social da Cor
(Petrópolis: Vozes, 2009). Neste livro, José D'Assunção Barros procura mostrar que as
chamadas "diferenças de cor" também são construídas socialmente e historicamente. Ele
procura examinar a história da construção e atualização de noções como "raça negra",
"identidade negra", e "raça" de maneira geral. D'Assunção Barros mostra como, à época
da montagem do tráfico de escravos que introduziu a Escravidão Moderna, começou a ser
construída uma "identidade negra" (sob o signo de "raça negra") às custas da
desconstrução de outras identidades que já existiam na África do período que precede a
implantação da escravatura colonial.
A esta interessava paradoxalmente conservar e dissolver as identidades étnicas africanas
ancestrais (zulus, ibos, nueres, axântis, tekes, e inúmeras outras). Como os traficantes de
escravos obtinham seus suprimentos de cativos das guerras intertribais africanas, eles se
interessavam em conservar bem vivas, na África, as hostilidades recíprocas entre etnias
africanas. Isto porque, quando as diferentes tribos étnicas guerreavam entre si, os
vencidos eram vendidos como escravos para os europeus. Contudo, uma vez enviados
para o Novo Mundo, para o trabalho compulsório no Sistema Colonial (séculos XVII ao
XIX), já interessava aos colonizadores dissolver as identidades étnicas africanas em uma
única e nova identidade, a "raça negra".
Então, as etnias eram misturadas e se favorecia a percepção de que todos os africanos
eram negros (em detrimento da percepção de que eram nueres, ibos, zulus, tekes, e assim
por diante). Em suma: para o trabalho escravo na América - a outra ponta do sistema
escravista - já não interessavam mais as antigas identidades étnicas americanas, e sim
uma única identidade negra indiferenciada. Com isto, as pessoas de origem europeia
passavam a ser ensinadas a perceberem os africanos como "negros", e os africanos
transplantados para o Brasil também eram ensinados a se autoperceberem como "negros"
(eram levados, portanto, ao esquecimento de suas identidades ancestrais na África). Da
mesma forma, "europeus" e "africanos" aprendiam a se enxergar como "brancos" e
"negros", a se perceberem como "raças" diferenciadas. É a isto que José D'Assunção
Barros pretende se referir quando fala em uma "Construção Social da Cor", ou em uma
construção social da percepção étnica (http://publique.rdc.puc-
rio.br/desigualdadediversidade/media/Barros_desdiv_n3.pdf).
O mesmo raciocínio pode ser aplicado a outros aspectos, tal como as diferenças
relacionadas à sexualidade, conforme postula José D'Assunção Barros em um artigo
publicado na revista Análise Social
(http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aso/n175/n175a05.pdf) A maneira como percebemos
o que é "se homem" ou "ser mulher" é também uma construção social, assim como
constituem também uma construção social as formas como as sociedades percebem os
diferentes modos humanos de vivenciar a sexualidade.
A percepção social, é, no entanto, uma classificação discutível, visto que as competências
sociais são de tal gama variadas que confundiriam o conceito de percepção com outros
conceitos cognitivos, como a lógica e a emoção, por exemplo. Podemos verificar isso
numa situação social em que precisássemos selecionar o melhor candidato à vaga
disponível de emprego: a nossa suposta "percepção social" requeria de nós uma
"percepção" lógica, emotiva, de memória e de atenção a um só tempo para realizarmos
esta simples tarefa. Isto posto, a ideia de "percepção social" deixa transparecer um uso
inadequado do termo, que poderia ser substituído por outro mais abrangente, como
"competência" ou "habilidade" social, por exemplo.

Emoção
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Emoção é uma reação a um estímulo ambiental que produz tanto experiências subjetivas,


quanto alterações neurobiológicas significativas, e são associadas
ao temperamento, personalidade e motivação.[1][2] A palavra deriva do latim emovere, onde
o e- (variante de ex-) significa "fora" e movere significa "movimento". [3] Seja para lidar com
estímulos ambientais, seja para comunicar informações sociais biologicamente relevantes,
as emoções apresentam diversos componentes adaptativos para mamíferos com
comportamento social complexo, sendo cruciais, até mesmo, para a sua sobrevivência. [4]
[5]
 Não existe uma taxionomia ou teoria para as emoções que seja geral ou aceite de forma
universal. Várias têm sido propostas, como:

Tristeza (litografia de Vincent van Gogh, 1882).

 Cognitiva versus não cognitiva;
 Emoções intuitivas (vindas da amígdala) versus emoções cognitivas (vindas
do córtex pré-frontal);
 Básicas versus complexas, onde emoções básicas em conjunto constituem as
mais complexas;
 Categorias baseadas na duração: algumas emoções ocorrem em segundos (por
exemplo: surpresa) e outras duram anos (por exemplo: amor).
Existe uma distinção entre a emoção e os resultados da emoção, principalmente os
comportamentos gerados e as expressões emocionais. [5] As pessoas frequentemente se
comportam de certo modo como um resultado direto de seus estados emocionais, como
chorando, lutando ou fugindo. Ainda assim, se se pode ter a emoção sem o seu
correspondente comportamento, então nós podemos considerar que a emoção não é
apenas o seu comportamento e muito menos que o comportamento seja a parte essencial
da emoção. A Teoria de James-Lange propõe que as experiências emocionais são
consequência de alterações corporais. A abordagem funcionalista das emoções (como a
de Nico Frijda) sustenta que as emoções estão relacionadas a finalidades específicas,
como fugir de uma pessoa ou objeto para obter segurança.

Índice

 1Classificação
o 1.1Teoria das Emoções Básicas
 2Teorias
o 2.1Teorias somáticas
o 2.2Teoria de Joseph LeDoux
o 2.3Teoria de James-Lange
o 2.4Teorias neurobiológicas
 2.4.1Córtex pré-frontal
 2.4.2Emoção Homeostática
o 2.5Outras definições
 3Etimologia
 4Emoção cognitiva
 5Abordagens interdisciplinares
o 5.1Ciência da Computação
 6Teóricos notáveis
 7Ver também
 8Referências
 9Ligações externas

Classificação[editar | editar código-fonte]
As emoções complexas constroem-se sobre condições culturais ou associações
combinadas com as emoções básicas. Analogamente ao modo como as cores
primárias são combinadas, as emoções primárias podem ser combinadas gerando um
espectro das emoções humanas. Como, por exemplo, raiva e desgosto podem ser
combinadas em desprezo. [carece  de fontes]
Robert Plutchik propôs o modelo tridimensional circumplexo para descrever a relação entre
as emoções. Este modelo é similar à roda de cor. A dimensão vertical representa a
intensidade, enquanto que o círculo representa a similaridade entre as emoções. Ele
determina oito emoções primárias dispostas em quatro pares de opostos.
Outro importante significado sobre classificação das emoções refere-se a sua ocorrência
no tempo. Algumas emoções ocorrem sobre o período de segundos (por exemplo,
a surpresa) e outros demoram anos (por exemplo, o amor). O último poderia ser
considerado como uma tendência de longo tempo para ter uma emoção em relação a um
certo objeto ao invés de ter uma emoção característica (entretanto, isto pode ser
contestado). Uma distinção é então feita entre episódios emocionais e disposições
emocionais. Disposições são comparáveis a peculiaridades do indivíduo (ou
características da personalidade), onde quando alguma coisa ocorre, serve de gatilho para
a experiência de certas emoções, mesmo sobre diferentes objetos. Por exemplo, uma
pessoa irritável é geralmente disposta a sentir irritação mais facilmente que outras. Alguns
estudiosos (por exemplo, Armindo Freitas-Magalhães[6] 2009 e Klaus Scherer, 2005)
colocam a emoção como uma categoria mais geral de "estados afetivos". Onde estados
afetivos podem também incluir fenômenos relacionados, como o prazer e a dor, estados
motivacionais (por exemplo, fome e curiosidade), temperamentos, disposições e
peculiaridades do indivíduo.
Ilustração de Charles Darwin The Expression of the Emotions in Man and Animals.

Há, ainda, a relação entre processos neurais e emoções: através de processos fMRI, já é


possível investigar a emoção 'ódio' e sua manifestação neural. Neste experimento, a
pessoa teve seu cérebro escaneado (examinado) enquanto via imagens de pessoas que
ela odiava. Os resultado mostraram incremento da atividade no médio giro
frontal, putâmen direito, bilateralmente no córtex pré-motor, no polo frontal, e
bilateralmente no médio lobo da ínsula. Os pesquisadores concluíram que existe um
padrão distinto da atividade cerebral quando a pessoa experimenta o ódio.[5]
Outro estudo colocou ainda em questão qual de três grandes teorias de estudo da emoção
(modelo circumplexo, teoria das emoções básicas ou Appraisal Theory) é capaz de
corresponder melhor aos padrões de ativação cerebral. [7][8] Neste caso, os participantes
atribuíam uma determinada emoção a vários contos pequenos enquanto os seus cérebros
eram examinados por fMRI.[7][8] De facto, os dados obtidos neste estudo revelaram que
possivelmente (e de acordo com as condições em que o estudo foi realizado) as emoções
atribuídas a terceiros poderão ser descodificadas através dos padrões neuronais e que o
nosso conhecimento dessas emoções é abstrato e dividido em diversas dimensões
(dimensional).[7] Consequentemente, os dados sugeriram que o modelo que melhor se
adequa aos padrões neuronais poderá ser o da Appraisal Theory,[7] tendo em conta as
condições em que o estudo foi realizado.
Teoria das Emoções Básicas[editar | editar código-fonte]
As emoções básicas são as emoções mais elementares, distintas e mais contínuas no
tempo entre as diversas espécies das emoções discretas, mas também podem ser
consideradas as mais relacionadas com funções de sobrevivência. [2] Estas emoções são
assim designadas uma vez que não podem ser decompostas em termos semânticos ainda
mais simples,[9] e, segundo esta teoria, são diversas combinações entre as emoções
básicas (associadas a expressões faciais) que permitem compreender as emoções mais
complexas [2][9][4]

Teorias[editar | editar código-fonte]
Há teorias sobre emoção desde a Grécia antiga (estoicismo), as teorias de
(Platão e Aristóteles etc.). Encontram-se teorias sofisticadas nos trabalhos de filósofos
como René Descartes,[10] Baruch Spinoza[11] e David Hume. Posteriormente, as teorias das
emoções ganharam força com os avanços da pesquisa empírica. Frequentemente, as
teorias não são excludentes entre si e vários pesquisadores incorporam múltiplas
perspectivas nos seus trabalhos.
Teorias somáticas[editar | editar código-fonte]
Teorias somáticas da emoção consideram que as respostas corporais são mais
importantes que os julgamentos no fenômeno da emoção. A primeira versão moderna
dessas teorias foi a de Willian James, em 1880, que perdeu valor no século XX mas que
ganhou popularidade mais recentemente devido às teorias de John Cacioppo, António
Damásio, Joseph E. LeDoux e Robert Zajonc, que conseguiram obter evidências
neurológicas.
Teoria de Joseph LeDoux[editar | editar código-fonte]
Joseph E. LeDoux é um neurocientista americano que, durante duas décadas, dedicou a
sua investigação a uma teoria pioneira, na área das emoções. LeDoux propôs o conceito
de circuito de sobrevivência como base para entender processos emocionais comuns a
humanos e outros animais.[12]
Tendo em conta que algumas semelhanças neurológicas entre humanos e outros animais
incluem funções cerebrais utilizadas na sobrevivência animal, LeDoux foca-se em circuitos
que estão associados a essas funções que permitem aos organismos sobreviverem e
prosperarem diariamente, quando confrontados com desafios ou oportunidades – os
circuitos de sobrevivência – e acredita que, através deles, os investigadores poderão
ganhar conhecimentos na área da emoção, quer humana, quer animal. Este conjunto de
circuitos é constituído por circuitos relacionados com defesa, manutenção de fontes de
energia e nutrição, regulação de fluidos, termoregulação, reprodução, entre outros. [12]
Os circuitos de sobrevivência têm a sua origem em mecanismos primordiais que estavam
presentes em seres vivos mais primitivos. Com o avanço na escala evolutiva, as
capacidades de sobrevivência aumentam em complexidade e sofisticação, devido à
presença de receptores sensoriais e órgãos efectores especializados, e um sistema
nervoso central capaz de coordenar funções corporais e interacções com o ambiente. [12]
Estes circuitos estão geneticamente programados (inatos) e, para além de existirem
aspectos específicos para cada espécie, também existem componentes centrais que estão
conservados nos mamíferos, significando que são partilhados por todos eles, incluindo os
humanos. Isto é comprovado por semelhanças a nível celular e molecular entre diferentes
grupos de mamíferos.[12] Uma consequência notável de activar um circuito de
sobrevivência consiste na emergência de um estado global no organismo, cujos
componentes maximizam o bem-estar do animal em situações onde existem desafios ou
oportunidades.[13]
Teoria de James-Lange[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Teoria de James-Lange

William James, no artigo What is an Emotion? (Mind, 9, 1884: 188-205), argumenta que as


experiências emocionais são devidas principalmente a experiência de alterações
corporais. O psicólogo dinamarquês Carl Lange também propôs uma teoria similar na
mesma época, pelo que a perspectiva é conhecida como a Teoria de James-Lange. Esta
teoria e as suas derivações consideram que uma nova situação conduz a uma alteração
do estado corporal. Como James diz: "a percepção das alterações corporais assim que
elas ocorrem é a emoção". James ainda argumenta que "nos sentimos mal porque
choramos, ficamos com raiva porque agredimos, ficamos com medo porque trememos.
Entretanto nós não choramos, agredimos nem trememos porque estamos sentidos, com
raiva ou amedrontados, como era de se esperar".
Esta teoria é sustentada por experiências em que, ao se manipular um estado corpóreo,
uma emoção esperada é induzida.[14] Assim, estas experiências possuem implicações
terapêuticas (por exemplo, em terapia do riso e dançaterapia). A teoria James-Lange é
frequentemente mal compreendida porque aparenta ir contra a intuição ou o senso-
comum. A maioria das pessoas acredita que as emoções atuam sobre ações específicas,
como por exemplo: "Eu estou chorando porque estou me sentindo mal" ou "Eu fugi porque
estava com medo". Esta teoria, inversamente, assegura que primeiro a pessoa reage a
uma situação (fugir e chorar acontecem antes da emoção) e depois interpreta suas ações
como uma resposta emocional. Deste modo, as emoções servem para explicar e organizar
as ações dentro do nosso sistema mental.
Teorias neurobiológicas[editar | editar código-fonte]
Estas teorias são baseadas nas descobertas feitas sobre o mapeamento neural do sistema
límbico. A explicação neurobiológica para a emoção humana é que a emoção é um
'agradável' (prazeroso) ou 'desagradável' (doloroso) estado mental organizado no sistema
límbico do cérebro dos mamíferos. Distintas das respostas reativas dos répteis, as
emoções poderiam ser elaborações dos mamíferos da avaliação de padrões (nos
vertebrados), onde substâncias neuroquímicas (por
exemplo: dopamina, noradrenalina e serotonina) regulam o nível de atividade cerebral,
com movimentos corporais visíveis, gestos e posturas. Nos mamíferos, primatas e seres
humanos, sentimentos são demonstrados por manifestações emocionais. [5]
Por exemplo: a emoção humana do amor é apresentada envolvendo os paleocircuitos do
cérebro dos mamíferos (especificamente, o giro do cíngulo) com capacidade de cuidar,
alimentar e ordenar a prole. Os paleocircuitos são plataformas neurais para expressão
corporal configurados em forma de redes de neurônio no prosencéfalo, tronco
cerebral e medula espinhal. Eles se desenvolveram principalmente nos ancestrais
mamíferos mais recentes, tal como feito pelos peixes sem mandíbula para controlar seu
sistema motor. Presume-se que, antes do cérebro dos mamíferos, a vida no mundo não
verbal era automática, pré-consciente e previsível. O controle motor dos répteis reage às
indicações dos sentidos de visão, audição, tato, olfato, gravidade e movimentação com um
pré-conjunto de padrões de movimentação e posturas programadas.
Com o surgimento dos mamíferos notunos, cerca de 180 milhões de anos depois, o olfato
substitui a visão como o sentido dominante, surgindo um modo diferente de obter
respostas do sentido olfativo. É proposto que a partir daí se tenham desenvolvido nos
mamíferos a emoção e a memória emocional. No período Jurássico, o cérebro dos
mamíferos investiu pesadamente na função olfativa para sobreviver durante a noite,
enquanto os répteis dormiam. Esse padrão de comportamento orientado pelo cheiro
gradualmente formou os alicerces do que seria o atual sistema límbico humano.
As emoções estão relacionadas com a atividade cerebral em áreas ligadas a atenção e
motivação do comportamento, e determinam o que é relevante para os seres humanos.
Trabalhos pioneiros de Broca (1878), Papez (1937) e MacLean (1952) sugerem que a
emoção é relacionada com um grupo de estruturas no centro do cérebro chamado sistema
límbico, tais como o hipotálamo, o giro do cíngulo, hipocampo e outras. Pesquisas mais
recentes vêm mostrado que alguma destas estruturas do sistema límbico são não tão
diretamente relacionadas com a emoção, enquanto estruturas não límbicas têm se
mostrado mais relevantes no processo emocional.
Córtex pré-frontal[editar | editar código-fonte]
Existem grandes evidências de que o córtex pré-frontal esquerdo é ativado devido a um
estímulo capaz de causar uma avaliação positiva.[15] Se o estímulo atrativo pode ativar
seletivamente uma região do cérebro, então é logicamente conveniente postular-se que a
ativação seletiva de região do cérebro deveria causar que um estímulo seja julgado mais
positivamente. Isto pode ser demonstrado através de um moderado estímulo visual. [16] e
replicado e estendido para incluir estímulos negativos. [17]
Dois modelos neurobiológicos da emoção no córtex pré-frontal se opõem. O modelo de
valência propõe que a raiva, uma emoção negativa, poderia ativar pelo lado direito do
córtex pré-frontal. Já o modelo de direção propõe que a raiva, uma abordagem emocional,
poderia ativar o lado esquerdo do córtex pré-frontal. O segundo modelo é embasado por [18]
Isto deixa aberta a questão de se a abordagem oposta no córtex pré-frontal é melhor
descrita como uma "fuga de movimento" (modelo de direção), como um não movimentado
mas com força e resistência (modelo de movimento) ou como um não movimentado mas
com ativação passiva (modelo de ativação por tendência). Este último modelo é baseado
nas pesquisas sobre timidez[19] e sobre a inibição comportamental.[20]Pesquisas que testam
a competência de a hipótese generalizar todos os quatro modelos estão embasados na
teoria de ativação por tendência. [21][22]
Emoção Homeostática[editar | editar código-fonte]
Uma outra abordagem neurológica, descrita em Bud Craig em 2003, distingue entre duas
classes de emoção: "emoções clássicas", que incluem luxúria, raiva e medo, e são
sentimentos evocados por um estímulo ambiental, cada um motivado por nós (como, por
exemplo, respectivamente, sexo/luta/fuga)." Emoções homoestáticas humanas são
sentimentos evocados por estados internos corporais, cada um modulando nosso
comportamento. Sede, fome, sentido de calor ou frio, sentimento de sono, desejo de sal e
ar, são exemplos de emoções homeostáticas; cada uma é um sinal do corpo dizendo
"Coisas não estão certas em mim, preciso de bebida/comida/movimento para obter
sombra/calor/dormir/comer sal/respirar".
Nós começamos a sentir uma emoção homeostática quando um desses sistemas sai do
balanço ou equilíbrio, e o sentimento nos impele a fazer o que seria necessário para tornar
o sistema balanceado novamente. Dor é uma emoção homeostática que diz "Alguma coisa
não está certa aqui. Recolha-se e proteja-se."[23][24]
Outras definições[editar | editar código-fonte]
Emoção, numa definição mais geral, é um impulso neural que impele um organismo para a
ação. A emoção se diferencia do sentimento, porque, conforme observado, é um estado
neuropsicofisiológico (Freitas-Magalhães, 2007). [25]
O sentimento, por outro lado, é a emoção filtrada através dos centros cognitivos
do cérebro, especificamente o lobo frontal, produzindo uma mudança fisiológica em
acréscimo à mudança psico-fisiológica. Daniel Goleman, em seu livro Inteligência
Emocional, discute esta diferenciação por extenso.

Etimologia[editar | editar código-fonte]
Etimologicamente, a palavra "emoção" provém do Latim emotione, "movimento, comoção,
acto de mover". É derivado tardio duma forma composta de duas palavras latinas: ex,
"fora, para fora", e motio, "movimento, ação", "comoção" e "gesto". Esta formação latina
será tomada como empréstimo por todas as línguas modernas europeias. A primeira
documentação do francês émotion é de 1538. A do inglês emotion é de 1579.
O italiano emozione e o português "emoção" datam do começo do século XVII. Nas duas
primeiras línguas, a acepção mais antiga é a de "agitação popular, desordem".
Posteriormente, é documentada no sentido de "agitação da mente ou do espírito".
A palavra aparece normalmente denotando a natureza imediata dessa agitação nos
humanos e a forma em que é experimentada por eles, ainda que em algumas culturas e
em certos modos de pensamento é atribuída a todos os seres vivos. A comunidade
científica aplica-a na linguagem da psicologia, desde o século XIX, a toda criatura que
mostra respostas complexas similares às que os humanos se referem geralmente como
emoção.

Emoção cognitiva[editar | editar código-fonte]


Cognição diz respeito ao conhecimento: então, emoção cognitiva é aquela que sentimos e
que sabemos definir o porquê de senti-la. Um bom exemplo é quando vemos alguém atirar
com uma arma em nossa direção e sabemos que são tiros de festim. Provavelmente
nossa emoção é menor do que se não soubéssemos a respeito do festim. A avaliação
cognitiva é importante pois através dela podemos aprender a controlar uma determinada
emoção.

Abordagens interdisciplinares[editar | editar código-fonte]


Muitas disciplinas diferentes produziram trabalhos sobre as emoções. As ciências
humanas estudam o papel das emoções nos processos mentais, distúrbios e os
mecanismos nervosos. Em psiquiatria, as emoções são analisadas no âmbito do estudo da
disciplina e no tratamento de transtornos mentais em seres humanos.
A psicologia examina as emoções de uma perspectiva científica, tratando-as como
processos mentais e de comportamento e explora os processos subjacentes fisiológicos e
neurológicos. Nos subcampos da neurociência, tais como neurociência
social e neurociência afetiva, os cientistas estudam os mecanismos nervosos da emoção
através da combinação da neurociência com o estudo psicológico da personalidade,
emoção e humor. Em linguística, a expressão da emoção pode alterar o significado dos
sons. Na educação, o papel das emoções em relação à aprendizagem é objeto de estudo.
As ciências sociais frequentemente examinam a emoção pelo papel que desempenha na
cultura humana e nas interações sociais. Em sociologia, as emoções são examinados de
acordo com o papel que desempenham na sociedade humana, os padrões e interações
sociais e a cultura. Em antropologia, o estudo da humanidade, os estudiosos utilizam a
etnografia para realizar análises contextuais e comparações culturais de uma gama de
atividades humanas; alguns estudos de antropologia examinam o papel das emoções nas
atividades humanas. No campo da ciências da comunicação, especialistas em críticas
organizacionais têm examinado o papel das emoções nas organizações, a partir das
perspectivas de gestores, trabalhadores e até mesmo clientes. Um foco sobre as emoções
nas organizações pode ser creditada ao conceito de Arlie Russell
Hochschild sobre trabalho emocional. A Universidade de Queensland abriga o Emonet,
[26]
 uma lista de distribuição de e-mails formando uma rede de acadêmicos que facilita a
discussão acadêmica de todos os assuntos relacionados com a estudo das emoções no
contexto organizacional. A lista foi criada em janeiro de 1997 e tem mais de 700 membros
de todo o mundo.
Ciência da Computação[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Computação Afetiva

Na década de 2000, pesquisas em ciência da computação, engenharia, psicologia e


neurociência pesquisaram sobre o reconhecimento da afetividade humana através de
modelos da emoção humana.[27] Na ciência da computação, computação afetiva é um ramo
de estudo e desenvolvimento da inteligência artificial que investiga:[28]

 como desenvolver sistemas e dispositivos que podem reconhecer, interpretar e


processar emoções humanas;
 como causar "comportamento verossímil emocional" artificialmente
(Bates[desambiguação necessária]).
 como usar modelos de emoção para desenvolver algoritmos para tomada de
decisão em agentes artificiais.
O marco inicial para a fundamentação desta área de pesquisa pode ser dado pela
publicação do artigo 'Affective Computing' de Rosalind Picard em 1995.[29] [30][31]

Teóricos notáveis[editar | editar código-fonte]


No final do século XIX, a teoria mais influente era a Teoria James-Lange (1834-1900).
James era um psicólogo americano e filósofo que escreveu sobre psicologia da educação,
psicologia da religião/misticismo e a filosofia do pragmatismo. Lange era um médico e
psicólogo dinamarquês. Eles trabalharam independentemente e desenvolveram a teoria,
que formulou uma hipótese sobre a origem e natureza das emoções. Ela propõe que seres
humanos possuem certas respostas a experiência do mundo: o sistema nervoso
autônomo cria eventos fisiológicos como tensão muscular, alteração do batimento
cardíaco, transpiraçãoe secura da boca. Sendo a emoção, então, sentimentos sobre estas
alterações fisiológicas, e estas alterações a causa das emoções (e não o contrário).
Alguns das mais influentes teorias da emoção do século 20 foram realizadas em sua
última década. Entre os teóricos, estão Magda B. Arnold (1903-2002), um psicólogo
americano que desenvolveu a Teoria da Avaliação das emoções. Richard Lazarus (1922-
2002), outro psicólogo americano que especificou a emoção e o estresse em relação a
cognição. Herbert Simon (191-2001), propôs o papel da emoção na tomada de decisão e
seu estudo na inteligência artificial. Robert Plutchik (1928-2006), um psicólogo americano,
desenvolveu uma teoria psicoevolucionária da emoção. Em adição, um filósofo
americano, Robert C. Solomon (1942-2007), contribuiu para as teorias sobre a filosofia das
emoções com o livro What Is An Emotion?: Classic and Contemporary Readings (Oxford,
2003).
Outros Teóricos influentes ativos, incluindo psicólogos, neurocientistas e filósofos:

 Lisa Feldman Barrett - Filósofo social e psicólogo especializado em ciência


afetiva e emoção humana.
 John Cacioppo - Da University of Chicago, fundou junto com Gary
Berntson a Neurociência Social;
 António Damásio (1944- ) - Neurologista comportamental e neurocientista
português que trabalha nos Estados Unidos. Desenvolvedor do Marcador Somático de
Damásio;
 Richard Davidson (1951- ) - Psicólogo americano e neurocientista; Pioneiro
da Neurociência Afetiva;
 Paul Ekman (1934- ) - Psicólogo especializado no estudo das emoções e sua
relação com a expressão facial;
 Barbara Fredrickson - Psicóloga social especialista nas emoções Psicologia
Positivista;
 Nico Frijda (1927- ) - Psicólogo holandês especializado na emoção humana e sua
expressão;
 Peter Goldie - Filósofo humano e especialista em ética, estética, emoção,
temperamento e personalidade.
 Arlie Russell Hochschild (1940- ) - Sociólogo norte-americano, cujo contribuição foi
central na formação de uma ligação entre o fluxo subcutânea de emoção na vida
social e as tendências mais flexível pelo capitalismo moderno dentro das
organizações.
 Armindo Freitas-Magalhães (1966- ) - Psicólogo português especializado no estudo
da expressão facial da emoção;
 Joseph E. LeDoux (1949- ) - Neurocientista americano que estuda as bases
biológicas da memória e emoção. Em especial os mecanismos do medo.
 Jaak Panksepp 1943- 2017) - Psicólogo americano de origem estoniana. Pioneiro
na Neurociência Afetiva.
 Jesse Prinz - Filósofo americano especialista em emoção, psicologia moral,
estética e inconsciente.
 Klaus Scherer (1943- ) - Psicólogo Suíço e diretor do Centro de Ciência Afetiva em
Geneva. Especialista em psicologia da emoção.
 Ronald de Sousa (1940- ) - Filósofo de origem Canadense/Inglesa. Especializado
em filosofia das emoções, filosofia da mente e filosofia da biologia.

Comportamento
Dois cervos no Refúgio Nacional de Vida Selvagem San Luis, na Califórnia, interrompem seu
combate para olhar um visitante: exemplo de comportamento animal.

O comportamento é definido como o conjunto de reações de um sistema dinâmico face


às interações e renovação propiciadas pelo meio onde está envolvido. Exemplos de
comportamentos são: comportamento social, comportamento humano, comportamento
informacional (o que o indivíduo faz com relação à informação), comportamento animal,
comportamento atmosférico etc.

Índice

 1Individualidades e teoria de sistemas


 2Instinto e cultura
 3Respondente e operante
 4Psicologia
o 4.1Behaviorismo
o 4.2Freud
 5Antropologia
 6Ver também
o 6.1Geral
o 6.2Psicologia
o 6.3Sociologia
 7Bibliografia
 8Ligações externas

Individualidades e teoria de sistemas[editar | editar código-


fonte]
Quando tratamos de individualidades, podemos definir o comportamento como o conjunto
de reações e atitudes de um indivíduo ou grupo de indivíduos em face do meio social.
Em teoria de sistemas, comportamento é a resposta observável de um estímulo.
Nos animais, por exemplo, envolve essencialmente instintos e hábitos aprendidos. O ser
humano está sempre recebendo estímulos do ambiente em que vive e interage: seu
comportamento, ou seja, suas respostas a esses estímulos, variam muito de acordo com
cada pessoa.

Instinto e cultura[editar | editar código-fonte]


Dois exemplos clássicos de comportamento instintivo e cultural, desenvolvidos ao extremo,
são o dos insetos, por um lado, e o dos mamíferos, por outro. Enquanto que os primeiros
praticamente não têm aprendizado e nascem com quase toda a informação que precisam
para sobreviver, os segundos são seres com comportamento social e precisam da
convivência em grupo (pelo menos na infância) para adquirir o acúmulo de sucessos das
gerações anteriores, transmitido culturalmente e não no equipamento genético.

Respondente e operante[editar | editar código-fonte]


Os comportamentos são divididos em duas classes: respondente e operante.

 respondente ou reflexo: involuntário; ação de componentes físicos do corpo


(exemplos: glândulas, sudorese, sistema nervoso autônomo)
 operante: voluntário; ação de músculos que estão sob controle espontâneo
(exemplos: comer, falar...); é controlado pelas suas consequências.

Psicologia[editar | editar código-fonte]
Em psicologia, o comportamento é a conduta, procedimento, ou o conjunto das reações
observáveis em indivíduos em determinadas circunstâncias inseridos
em ambientes controlados. Podendo ser descrito como uma contingência tríplice composta
de antecedentes-respostas-consequências, ou respostas de um membro da contingência.

Behaviorismo[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Behaviorismo
O comportamento é objeto de estudo do behaviorismo, uma das mais importantes
abordagens da psicologia, que se iniciou no começo do século XX, e que foi proposto
por John Broadus Watson. Com a intenção de fazer uma psicologia científica, que se
distanciasse o máximo possível das probabilidades de erro das inferências realizadas
pelos métodos subjetivos, John B. Watson iniciou, em 1912, um movimento em psicologia
denominado "behaviorismo", termo derivado da palavra inglesa para
"comportamento": behavio(u)r. Muitos psicólogos têm definido a psicologia como "ciência
do comportamento", tendo, como finalidade, compreendê-lo para modificá-lo e prevê-lo,
quando necessário.
Nesta concepção, toda vida mental manifesta-se através de atos, gestos, palavras,
expressões, realizações, atitudes ou qualquer reação do homem a estímulos do meio
ambiente. Desta forma, o psicólogo deve observar apenas estas manifestações, deixando
de lado o método introspectivo, onde as falhas eram frequentes, para se utilizar
da extrospecção, que consiste na observação exterior. Depois da concepção
comportamental de Watson, o behaviorismo evoluiu muito, e, atualmente, vai além das
limitações da época, em que a psicologia não passava do estudo das relações entre o
estímulo observável que o homem ou animal sofria e a resposta que estes emitiam a partir
deles.
Os behavioristas atuais consideram o organismo e as diferenças comportamentais que
acontecem a depender da situação, da privação e da história de vida de cada um. O
estado do organismo interfere na resposta que ele emitirá frente a determinado estímulo.
As reações podem ser psíquicas ou puramente fisiológicas. As reações fisiológicas de um
organismo, para alguns teóricos, não são chamadas de comportamento. Atualmente, os
psicólogos definem comportamento como as reações globais do organismo que possuem
uma significação. Outra concepção de comportamento trabalha com definições de
comportamento inato que todos os seres da mesma espécie apresentam na presença de
um determinado estímulo, como é o caso da contração e dilatação das pupilas na
presença de luz ou na ausência dela e outras reações que não precisam ser aprendidas.
Este tipo de comportamento também é definido como "respondente". Nesta concepção, o
outro tipo de comportamento é o "adquirido", que é mutável e que se caracteriza por ser
uma reação que pode ser diferente, mesmo se tratando da mesma estimulação a
indivíduos da mesma espécie, ou até ao mesmo indivíduo em diferentes situações. Este
tipo de comportamento vai se instalando no decorrer da vida de cada sujeito e,
normalmente, adquire significados que dizem respeito à história de vida de cada um. Estes
comportamentos, em geral, são denominados "operantes" porque operam sobre o
ambiente. Muitas vezes, o comportamento verbal é de fundamental importância para o
entendimento do significado da resposta emitida pelo sujeito. Em muitos casos, a
expressão através da linguagem é extremamente reduzida e, nestes casos, a reação pode
ser considerada superficial. A reação superficial, no conceito do doutor Spitz, diz respeito a
respostas emitidas por crianças ainda muito pequenas e que não perceberam ainda,
totalmente, as significações da pessoa humana.

Freud[editar | editar código-fonte]
Freud salientou a importante relação existente entre o comportamento de um ser humano
adulto e certos episódios de sua infância, mas resolveu preencher o considerável hiato
entre causa e efeito com atividades ou estados do aparelho
mental. Desejos conscientes ou inconscientes ou emoções no adulto representam esses
episódios passados e são considerados como os responsáveis diretos pelo
comportamento. Em relação aos costumes e comportamentos sociais, esse autor trouxe
uma série de contribuições para antropologia ao tomar essa ciência como referência para
a psicanálise, o método clínico que desenvolveu.

Antropologia[editar | editar código-fonte]
Segundo a antropologia cultural, os componentes considerados inatos no comportamento
humano (como o sexo, instintos de agressividade e de competição) poderiam ser
modificados. A cultura seria capaz de reprimir ou alterar esses comportamentos.

Sistema sensorial
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Sentido)

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 Nota: Sentido redireciona para este artigo. Para outros significados, veja Sentido
(desambiguação).

Sistema sensorial nervoso

Sistema sensorial típico: o sistema visual, ilustrado pela figura clássica de


Gray 722- Este esquema mostra o fluxo de informação dos olhos para as
conexões centrais dos nervos ópticos e dos tratos ópticos, ao córtex visual. A
área V1 é a região docérebro envolvida na visão.

Latim organa sensuum

O sistema nervoso sensorial faz parte do sistema nervoso responsável pelo


processamento da informação sensorial. Um sistema sensorial consiste em neurônios
sensoriais (incluindo as células receptoras sensoriais), caminhos neurais e partes
do cérebro envolvidas na percepção sensorial. Sistemas sensoriais comumente
reconhecidos são aqueles para visão, audição, toque, gosto, cheiro e equilíbrio. Em suma,
os sentidos são transdutores do mundo físico para o reino da mente, onde interpretamos a
informação, criando nossa percepção do mundo que nos rodeia. [1]
Os organismos precisam de informações para resolver pelo menos três tipos de
problemas: (a) manter um ambiente adequado, ou seja, homeostase; (b) atividades de
tempo (por exemplo, mudanças sazonais de comportamento) ou sincronizar atividades
como os de conspecíficos; e (c) localizar e responder a recursos ou ameaças (por
exemplo, movendo-se para recursos ou evadindo ou atacando ameaças). Os organismos
também precisam transmitir informações para influenciar o comportamento de outro:
identificar-se, alertar conspecíficos de perigo, coordenar atividades ou enganar. [2]
O campo receptivo é a área do corpo ou ambiente ao qual um órgão receptor e células
receptoras respondem. Por exemplo, a parte do mundo que um olho pode ver, é o seu
campo receptivo; a luz que cada haste ou cone pode ver, é o seu campo receptivo. [3] Os
campos receptivos foram identificados para o sistema visual, sistema auditivo e sistema
somatossensorial.

Índice

 1Estímulo
 2Transmissão
 3Sentidos e sensores (5 sentidos)
o 3.1Visão
o 3.2Audição
o 3.3Paladar
o 3.4Olfato
o 3.5Tato
 4Receptores
o 4.1Quimiorreceptores
o 4.2Fotorreceptores
o 4.3Mecanorreceptores
o 4.4Termorreceptores
o 4.5Nociceptores
 5Córtex sensorial 
o 5.1Córtex somatossensorial 
o 5.2Córtex visual 
o 5.3Córtex auditivo 
o 5.4Córtex olfativo primário 
o 5.5Córtex gustativo  
 6Sistema sensorial humano 
 7Sentidos não humanos
 8Marketing Sensorial
 9Referências
ANATOMIA DO CORPO HUMANO
Cinco sentidos
olfato | paladar | visão | tato | audição
Aparelho digestivo

Estímulo[editar | editar boca | faringe | esófago | estômago
intestino delgado | intestino grosso
código-fonte] fígado | pâncreas | reto | ânus
Os sistemas sensoriais Aparelho respiratório
codificam quatro aspectos de
um estímulo; tipo nariz | faringe | laringe | traqueia | pulmão epiglotehumano|pulmão]]
brônquio | alvéolo pulmonar | diafragma
(modalidade), intensidade,
localização e duração. A hora Aparelho circulatório
de chegada de um pulso de
coração | artéria | veia | capilar
som e diferenças de fase de sangue | glóbulos brancos
som contínuo são usadas
para localização de som. Aparelho urinário
Certos receptores são rim | ureter | bexiga | uretra
sensíveis a certos tipos de
estímulos (por exemplo, Sistema nervoso
diferentes mecanorreceptores  cérebro | cerebelo | medula espinhal
respondem melhor a meninges | bulbo raquidiano
diferentes tipos de estímulos
tácteis, como objetos nítidos Sistema endócrino
ou contundentes). Os hipófise | paratireoide | tireoide | timo
receptores enviam impulsos suprarrenal | testículo | ovário | amígdala
em certos padrões para enviar
Aparelho reprodutor
informações sobre a
intensidade de um estímulo ovário | trompa | útero | vagina
(por exemplo, como um som é testículo | próstata | escroto | pênis
alto). A localização do Estrutura óssea
receptor que é estimulado dá
a informação do cérebro sobre crânio | coluna vertebral | fêmur | rádio
tíbia | tarso | falange
a localização do estímulo (por
exemplo, estimular um ver • editar
mecanorreceptor em um dedo
enviará informações para o cérebro sobre esse dedo). A duração do estímulo (quanto
dura) é transmitida por padrões de disparo dos receptores. Esses impulsos são
transmitidos ao cérebro através de neurônios aferentes.

Transmissão[editar | editar código-fonte]
O objetivo de todo sistema sensorial é enviar as informações obtidas para o sistema
nervoso central ou para alguma região que possa corretamente analisar e processar a
informação, como a medula vertebral ou até mesmo alguns gânglios nervosos. Isso
garante que organismos desenvolvam uma resposta apropriada para determinado
estimulo, mesmo que esta resposta seja nula. A transmissão de informações dos
receptores sensoriais ocorre pelos neurônios aferentes.

Sentidos e sensores (5 sentidos)[editar | editar código-fonte]


Desde Aristóteles,[4] culturalmente se reconhecem cinco
sentidos: visão, audição, paladar, olfato e tato. A lista se estende, porém, com a divisão de
alguns deles em subgrupos e a adição de outros sentidos. Não há consenso na
quantidade, devido à falta de solidez na definição do que constitui sentido. [5]
Uma definição bastante aceita seria a de que um sentido é um sistema que consiste em
um grupo de um tipo de células sensoriais que responde a um fenômeno físico específico,
e que corresponde a um determinado grupo de regiões do cérebro onde os sinais são
recebidos e interpretados. Discussões sobre o número de sentidos que os seres
humanospossuem tipicamente surgem da classificação dos vários tipos de células e as
regiões do cérebro correspondentes.
Cada receptor sensorial responde a um determinado tipo de estímulo. Os olhos, por
exemplo, possuem um tipo de sensor que detecta luz, e este sensor detecta apenas isso.
[6]
Além disso, os receptores sensoriais possuem a capacidade de enviar a informação em
diferentes padrões, garantindo assim o entendimento do sistema nervoso central para,
digamos, a intensidade e duração; a localização do receptor que é estimulado dá
ao cérebro informações sobre a localização do estímulo.
Visão[editar | editar código-fonte]
Visão é a habilidade que nos permite ver o que ocorre em nossa volta, a janela para o
mundo. A luz forma imagens nos fotorreceptores da retina, dentro de cada olho, e a
informação é levada ao cérebro pelos nervos ópticos. A visão não é um sentido por si só,
mas um aglomerado de mais de um deles, pois há mais de um receptor para mais de uma
informação. O primeiro é a capacidade de detectar intensidade luminosa; os receptores
são células chamadas bastonetes, que trabalham bem até em menores intensidades de
luz, mas não possuem a capacidade de detectar cor. O outro sentido é a capacidade de
detectar cores, e as células receptoras são os cones, que exigem uma quantidade maior
de luz para funcionarem bem; há o debate se este constitui um ou três sentidos diferentes,
pois há três tipos de cones, um para cada cor primária. Há, ainda, discussão sobre um
terceiro sentido, o da estereopsia, a percepção de profundidade e distância usando ambos
os olhos, mas geralmente ela é considerada uma função cognitiva (pós sensorial)
do córtexvisual do cérebro, ou seja, a interpretação de informação previamente adquirida
de outra forma.
A energia luminosa (luz) chega aos nossos olhos trazendo informações do que existe ao
nosso redor. Nossos olhos conseguem transformar o estímulo luminoso em uma outra
forma de energia (potencial de ação) capaz de ser transmitida até o nosso cérebro. Esse
último é responsável pela criação de uma imagem a partir das informações retiradas do
meio.
O olho é revestido por três membranas: esclera, coróide e retina. A esclera á a camada
mais externa, o que chamamos de “branco do olho”.
A parte anterior da esclera é constituída pela córnea, que é uma membrana curva e
transparente por onde passa a luz.
Além da córnea, há a coróide – essa membrana intermediária apresenta muitos vasos
sanguíneos que nutrem as células oculares.
Na parte anterior da coróide, sob a córnea, encontra-se a íris, que é a parte colorida do
olho. No centro da iria, há uma abertura, a pupila, por onde a luz entra no olho. A cor da
íris depende da quantidade de melanina (substância também responsável pela cor da
pele) que a pessoa possui. A quantidade de pigmento é hereditária, ou seja, é determinada
pelos genes.

A orelha possui receptores para os sentidos auditivo e vestibular.

Audição[editar | editar código-fonte]
Audição é a percepção do som pelo ouvido. O som é a propagação de ondas mecânicas
em meios materiais, fazendo portanto da audição a percepção da vibração. As ondas
sonoras chegam até o aparelho auditivo, fazem o tímpano vibrar que, por sua vez, faz os
três ossos da orelha (martelo, bigorna e estribo) vibrarem; as vibrações são passadas para
a cóclea, onde viram impulsos nervosos que são transmitidos ao cérebro pelo nervo
auditivo. Dado que as ondas sonoras normalmente possuem uma quantidade minúscula
de energia, o ouvido é excepcionalmente sensível, e portanto, frágil. [7] A frequência de
audição de um ser humano é padronizada na faixa de 20 a 20000 Hertz, mas há variação
na literatura científica. A capacidade de ouvir em altas frequências diminui com a idade, e
mais acentuadamente em homens que em mulheres. [8] Algumas das frequências mais
baixas que podem ser detectadas pela audição também podem ser sentidas tactualmente.
Nossos ouvidos também nos ajudam a perceber o que está ocorrendo a nossa volta. Além
de perceberem os sons, eles também nos dão informações sobre a posição de nossos
corpos, sendo parcialmente responsáveis por nosso equilíbrio. O pavilhão
auditivo (orelha externa) concentra e capta o som para podermos ouvir os sons da
natureza, diferenciar os sons vindos do mar do som vindo de um automóvel, os sons fortes
e fracos, graves e agudos.
Por possuirmos duas orelhas, uma de cada lado da cabeça, conseguimos localizar a que
distância se encontra o emissor do som. Percebemos a diferença da chegada do som nas
duas diferentes orelhas. Desse modo, podemos calcular a que distância encontra-se o
emissor. Nossas orelhas captam e concentram as vibrações do ar, ou melhor, as ondas
sonoras, que passam para a parte interna do nosso aparelho auditivo, as orelhas médias,
onde a vibração do ar faz vibrar nossos tímpanos - as membranas que separam as orelhas
externas das médias.
Paladar[editar | editar código-fonte]
Paladar (ou gustação) é a capacidade de reconhecer os gostos de substâncias
como comida, alguns minerais, até venenos etc. Existem cinco sabores básicos bem
aceitos: salgado, doce, amargo, ácido e unanimi;[9] e há o debate se também há os
sabores de ácidos graxos[10] e cálcio.[11] Os receptores envolvidos neste sentido são células
que se agrupam nas chamadas papilas gustativas. As papilas gustativas se espalham em
concentrações diferentes por toda a língua, e estão presentes, ainda que em menor
número, até no céu da boca, garganta, esôfago e nariz; suas concentrações variam
consideravelmente de indivíduo para indivíduo.[12] Isso significa que, ao contrário da lenda
popular, a língua percebe sabores diferentes de forma razoavelmente igual por toda a sua
extensão.[13]
Mesmo com os olhos vendados e o nariz tapado, somos capazes de identificar um
alimento que é colocado dentro de nossa boca. Esse sentido é o paladar. Partículas se
desprendem do alimento e se dissolvem na nossa boca, onde a informação é
transformada para ser conduzida até o cérebro, que vai decodificá-la. Os seres humanos
distinguem as sensações de doce, salgado, azedo e amargo através das papilas
gustativas, situadas nas diferentes regiões da língua.
Para sentirmos os diferentes sabores, os grupamentos atômicos dos alimentos são
dissolvidos pela água existente em nossa boca e estimulam nossos receptores gustativos
existentes nas papilas.
Nossos sentidos nos informam, de várias maneiras, sobre o que está acontecendo a nossa
volta. Podemos ver e ouvir, cheirar e sentir sabores. Podemos sentir a textura e a
temperatura das coisas que tocamos. Nossos sentidos são impressionados pela matéria e
a energia e, assim, nosso organismo entra em contato com o meio ambiente.
No entanto, nossos órgãos dos sentidos são limitados, percebem apenas uma
determinada quantidade de comprimentos de ondas luminosas, sonoras, etc. Do mesmo
modo, nosso corpo suporta somente uma determinada quantidade de pressão. Mas o
homem passou a criar instrumentos para ampliar a sua percepção do mundo, podendo
enxergar objetos cada vez menores e maiores, compreender e identificar ultra-sons e infra-
sons. Com a possibilidade de um novo olhar, o homem foi encontrando novos problemas,
levantando novas hipóteses, chegando a novas conclusões e conhecendo novas
realidades.
Olfato[editar | editar código-fonte]
O nariz é constituído pelas fossas nasais e pela pirâmide nasal. Na cavidade
nasal encontra-se a pituitária que possui inúmeras terminações nervosas. As substâncias,
ao passarem pela mucosa, estimulam as terminações nervosas e o nervo
olfativo encaminha as mensagens até o córtex cerebral.
Podemos adivinhar o que está no forno apenas pelo cheiro que sentimos no ar da cozinha.
Esse é o sentido do olfato. Partículas saídas dos alimentos, de líquidos, de flores, etc.
chegam ao nosso nariz e se dissolvem no tecido que reveste a região interna do teto da
cavidade nasal, a mucosa olfatória. Ali a informação é transformada, para ser conduzida,
através do nervo olfatório, até o cérebro, onde será decodificada.
Já a nossa pele nos permite perceber a textura dos diferentes materiais, assim como
a temperatura dos objetos, pelas diferenças de pressão, captando as variações da energia
térmica e ainda as sensações de dor. Podemos sentir a suavidade do revestimento
externo de um pêssego, o calor do corpo de uma criança que seguramos no colo e a
maciez da pele de um corpo que acariciamos. Sem essas informações, nossas sensações
de prazer seriam diminuídas, poderíamos nos queimar ou nos machucaríamos com
frequência. Essa forma de percepção do mundo é conhecida como tato.
Tato[editar | editar código-fonte]
O tato, sistema somatossensorial ou mecanorreceptor, é uma percepção resultante da
ativação de receptores neuronais, geralmente na pele, incluindo os folículos de cabelo,
mas também na língua, na garganta, e mucosa. Existem inúmeras terminações nervosas
especializadas situadas na pele e nos tecidos internos do organismo, que estão sujeitas a
estímulos do tipo: calor, frio, dor, tato, entre outros. Tais estímulos são transformados em
impulsos nervosos e enviados ao sistema nervoso central, na qual são interpretados e
respondidos.

Receptores[editar | editar código-fonte]
A inicialização da sensação decorre da resposta de um receptor específico a um estímulo
físico. Os receptores que reagem ao estímulo e iniciam o processo de sensação são
geralmente caracterizados em quatro categorias
distintas: quimiorreceptores, fotorreceptores, mecanorreceptores e termorreceptores.
Todos os receptores recebem estímulos físicos distintos e transduzem o sinal em
um potencial de ação elétrica. Esse potencial de ação, em seguida, viaja ao longo
de neurônios aferentes para regiões específicas do cérebro onde é processado e
interpretado.
Quimiorreceptores[editar | editar código-fonte]
Quimiorreceptores ou quimiossensores, detectam certos estímulos químicos e transduzem
esse sinal em um potencial de ação elétrica. Os dois principais tipos de quimiorreceptores
são:

 Os quimiorreceptores de distância são essenciais para receber estímulos


no sistema olfativo através de neurônios receptores olfativos e neurônios no órgão
vomeronasal.
 Os quimiorreceptores diretos incluem os papilas gustativas no sistema gustativo,
bem como receptores nos corpos aórticos que detectam mudanças na concentração
de oxigênio.
Fotorreceptores[editar | editar código-fonte]
Os fotorreceptores são capazes de fototransdução, um processo que converte a luz
(radiação eletromagnética) em outros tipos de energia, um potencial de membrana. Os três
principais tipos de fotorreceptores são: cones, que são fotorreceptores que respondem
significativamente à cor. Nos seres humanos, os três tipos diferentes de cones
correspondem a uma resposta primária ao curto comprimento de onda (azul), comprimento
de onda médio (verde) e comprimento de onda longo (amarelo/vermelho). [14] As células da
haste são fotorreceptores que são muito sensíveis à intensidade da luz, permitindo a visão
em iluminação fraca. As concentrações e proporção de varas em cones estão fortemente
correlacionadas com o fato de um animal ser diurno ou noturno. Em seres humanos, as
hastes superam em número os cones em aproximadamente 20: 1, enquanto em animais
noturnos, como a coruja taudada, a razão é mais próxima de 1000: 1. [14] As células
ganglionares residem na medula e retina adrenal onde estão envolvidas na resposta
simpática. Dos 1,3 milhões de células ganglionares presentes na retina, acredita-se que 1-
2% sejam ganglios fotossensíveis.[15] Esses ganglios fotossensíveis desempenham um
papel na visão consciente de alguns animais,[16] e acredita-se que façam o mesmo em
seres humanos.[17]
Mecanorreceptores[editar | editar código-fonte]
Os organorreceptores são receptores sensoriais que respondem a forças mecânicas,
como pressão ou distorção.[18] Enquanto os mecanorreceptores estão presentes
nas células ciliadas e desempenham um papel fundamental nos sistemas vestibulares e
auditivos, a maioria dos mecanorreceptores são cutâneos e agrupados em quatro
categorias:

 Adaptação lenta dos receptores tipo 1 tem pequenos campos receptivos e


responde à estimulação estática. Estes receptores são utilizados principalmente nas
sensações de forma e rugosidade.
 Adaptação lenta dos receptores de tipo 2 tem grandes campos receptivos e
responde ao estiramento. De forma semelhante ao tipo 1, eles produzem respostas
sustentadas a um estímulo continuado.
 Os receptores de adaptação rápida têm pequenos campos receptivos e subjazem
a percepção de deslizamento.
 Os receptores de Pacinian têm grandes campos receptivos e são os receptores
predominantes para a vibração de alta freqüência.
Termorreceptores[editar | editar código-fonte]
Os termorreceptores são receptores sensoriais que respondem a temperaturas variáveis.
Embora os mecanismos através dos quais esses receptores funcionem não sejam claros,
descobertas recentes mostraram que os mamíferos têm pelo menos dois tipos distintos de
termorreceptores:[19]

 O bulbo final de Krause, ou corpúsculo bulboidal, detecta temperaturas acima


da temperatura corporal.
 O órgão final de Ruffini detecta temperaturas abaixo da temperatura corporal.
Nociceptores[editar | editar código-fonte]
Nociceptores respondem a estímulos potencialmente prejudiciais ao enviar sinais para
a medula espinhal e o cérebro. Esse processo, chamado nocicepção, geralmente causa a
percepção da dor.[20] Eles são encontrados nos órgãos internos, bem como na superfície
do corpo. Nociceptores detectam diferentes tipos de estímulos prejudiciais ou danos reais.
Aqueles que só respondem quando os tecidos são danificados são conhecidos como
nociceptores "dormindo" ou "silenciosos".

 Os nociceptores térmicos são ativados por calor nocivo ou frio a várias


temperaturas.
 Os nociceptores mecânicos respondem ao excesso de pressão ou à deformação
mecânica.
 Os nociceptores químicos respondem a uma grande variedade de produtos
químicos, alguns dos quais são sinais de danos nos tecidos. Eles estão envolvidos na
detecção de algumas especiarias nos alimentos.

Córtex sensorial [editar | editar código-fonte]


Todos os estímulos recebidos pelos receptores listados acima são transduzidos para
um potencial de ação, que é transportado ao longo de um ou mais neurônios aferentes em
direção a uma área específica do cérebro. Embora o termo córtex sensorial seja
frequentemente usado informalmente para se referir ao córtex somatossensorial, o termo
se refere mais precisamente às múltiplas áreas do cérebro em que os sentidos são
recebidos para serem processados. Para os cinco sentidos tradicionais nos seres
humanos, isso inclui os córtex primário e secundário dos diferentes sentidos: o córtex
somatossensorial, o córtex visual, o córtex auditivo, o córtex olfativo primário e o córtex
gustativo.[21] Outras modalidades possuem áreas correspondentes do córtex sensorial,
incluindo o córtex vestibular para o senso de equilíbrio. [22]

Pele

Córtex somatossensorial [editar | editar código-fonte]


Localizado no lobo parietal, o córtex somatossensorial primário é a principal área receptiva
para o senso de toque e propriocepção no sistema somatossensorial. Este córtex é ainda
dividido em áreas de Brodmann 1, 2 e 3. A área de Brodmann 3 é considerada o centro de
processamento primário do córtex somatossensorial, pois recebe significativamente mais
insumos do tálamo, possui neurônios altamente responsivos aos estímulos
somatossensíveis e podem evocar somáticos sensações através de estimulação elétrica.
As áreas 1 e 2 recebem a maior parte da sua entrada da área 3. Existem também
caminhos para a propriocepção (através do cerebelo) e controle do motor (através da área
de Brodmann 4).

O olho humano é o primeiro elemento de um sistema sensorial: neste caso, visão, para o sistema
visual. 

Córtex visual [editar | editar código-fonte]


O córtex visual refere-se ao córtex visual primário, denominado V1 ou Brodmann área 17,
bem como as áreas corticais visuais extrastriadas V2-V5.[23] Localizado no lobo occipital,
V1 atua como a principal estação de retransmissão para a entrada visual, transmitindo
informações para duas vias primárias rotuladas pelas correntes dorsal e ventral. O fluxo
dorsal inclui as áreas V2 e V5, e é usado na interpretação de "onde" visual e "como". O
fluxo ventral inclui as áreas V2 e V4 e é usado na interpretação de "o que''. [24] Os aumentos
na atividade Tarefa negativa são observados em a rede de atenção ventral, após
mudanças abruptas nos estímulos sensoriais, [25] no início e compensação dos blocos de
tarefa[26] e no final de um julgamento completo.[27]
Orelha

Córtex auditivo [editar | editar código-fonte]


Localizado no lobo temporal, o córtex auditivo é a principal área receptora de informação
sonora. O córtex auditivo é composto de áreas Brodmann 41 e 42, também conhecida
como área temporal transversal anterior 41 e área temporal transversal posterior 42,
respectivamente. Ambas as áreas agem de forma semelhante e são integrantes na
recepção e processamento dos sinais transmitidos a partir de receptores auditivos. 

Nariz

Córtex olfativo primário [editar | editar código-fonte]


Localizado no lobo temporal, o córtex olfativo primário é a área receptora primária para
o olfato ou o cheiro. Único para os sistemas olfativos e gustativos, pelo menos em
mamíferos, é a implementação de mecanismos de ação periféricos e centrais. Os
mecanismos periféricos envolvem neurônios receptores olfativos que transduzem um sinal
químico ao longo do nervo olfativo, que termina no bulbo olfativo. Os receptores de
quimioterapia envolvidos na cascata nervosa olfativa envolvem o uso de receptores
de proteína G para enviar seus sinais químicos para baixo, disse a cascata. Os
mecanismos centrais incluem a convergência de axônios do nervo olfatório
em glomérulos no bulbo olfativo, onde o sinal é então transmitido para o núcleo olfativo
anterior, o córtex piriforme, a amígdala medial e o córtex entorrinal, todos os quais formam
o córtex olfativo primário. 
Em contraste com a visão e a audição, as lâmpadas olfativas não são hemisféricas
transversas; a lâmpada direita se conecta ao hemisfério direito e a lâmpada esquerda se
conecta ao hemisfério esquerdo. 

Língua

Córtex gustativo  [editar | editar código-fonte]


O córtex gustativo é a principal área receptiva para o gosto. A palavra sabor é usada em
um sentido técnico para se referir especificamente a sensações provenientes de papilas
gustativas na língua. As cinco qualidades de sabor detectadas pela língua incluem azor,
amargura, doçura, salgilidade e qualidade do sabor da proteína, chamado umami. Em
contraste, o termo sabor refere-se à experiência gerada através da integração de gosto
com cheiro e informação tátil. O córtex gustativo consiste em duas estruturas primárias: a
ínsula anterior, localizada no lobo insular e o operículo frontal, localizado no lobo frontal.
Da mesma forma que o córtex olfatório, a via gustativa opera através de mecanismos
periféricos e centrais. Os receptores de gosto periférico, localizados na língua, palato
macio, faringe e esôfago, transmitem o sinal recebido aos axônios sensoriais primários,
onde o sinal é projetado para o núcleo do trato solitário na medula ou o núcleo gustativo do
trato solitário complexo. O sinal é então transmitido para o tálamo, que por sua vez projeta
o sinal para várias regiões do neocórtex, incluindo o córtex gustativo. [28]
O processamento neural do gosto é afetado em quase todas as etapas do processamento
por informações somatossensivas simultâneas da língua, isto é, sensação na boca. O
perfume, em contraste, não é combinado com o gosto para criar sabor até regiões de
processamento cortical mais altas, como a insula e o córtex orbitofrontal. [29]

Sistema sensorial humano [editar | editar código-fonte]


O sistema sensorial humano consiste nos seguintes subsistemas:

 O sistema visual consiste nas células do fotorreceptor, nervo óptico e V1 


 Sistema auditivo
 O sistema somatossensorial consiste em receptores, transmissores (caminhos)
que conduzem a S1 e S1 que experimentam as sensações rotuladas como toque ou
pressão, temperatura (quente ou fria), dor (incluindo coceira e cócegas) e as
sensações do movimento muscular e articulação, posição que inclui a postura, o
movimento e a expressão facial (coletivamente também chamado de propriocepção) 
 Sistema gustativo
 Sistema olfativo
 Sistema vestibular

Sentidos não humanos[editar | editar código-fonte]


Alguns animais, como os peixes, possuem outros órgãos dos sentidos, como a linha
lateral. Que é um órgão sensorial usado para detectar movimentos ao redor na água.
A lagosta-boxeadora pode enxergar 12 cores primárias, diferente do humano que só pode
enxergar 3: vermelho, verde e azul.

Marketing Sensorial[editar | editar código-fonte]


Trata-se de uma subdivisão do marketing que tem a finalidade de trabalhar a percepção
dos clientes por meio de estímulos sensoriais, ou seja, mexendo com todos os seus
sentidos. As ações de marketing sensorial buscam causar identificação com uma marca
não só pelo aspecto visual das propagandas ou vitrines, mas também com fragrâncias
(para ativar o olfato) ou com músicas (para ativar a audição) nos pontos de venda, por
exemplo.
No Brasil, a ListenX e o Atmosfera desenvolvem esse trabalho há 13 anos no mercado de
Music Branding.
Leia o texto completo de nosso comunicado.

Ilusão de óptica
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A ilusão do tabuleiro de damas: o quadrado A é tão escuro quanto o quadrado B, embora não
pareça.

Ilusão de óptica ou ilusão de ótica (no Brasil[1]) são termos usados para ilusões que


"enganam" o sistema visual humano fazendo-nos ver qualquer coisa que não está
presente ou fazendo-nos vê-la de um outro modo. Algumas são de carácter fisiológico,
outras de carácter cognitivo.
As ilusões de óptica ou ótica podem surgir naturalmente ou serem criadas por astúcias
visuais específicas que demonstram certas hipóteses sobre o funcionamento do sistema
visual humano. Imagens que causam ilusão de óptica são largamente utilizados nas artes,
por exemplo nas obras gráficas de M. C. Escher.
Nem todas as ilusões de ótica são universais. As razões para tal fato são, na maioria das
vezes, desconhecidas.[1]

Índice

 1Uma explicação possível das muitas ilusões ópticas


o 1.1Uma ilusão de luminosidade
o 1.2Uma ilusão de distância
 2Ver também
 3Ligações externas

Uma explicação possível das muitas ilusões


ópticas[editar | editar código-fonte]

Ilusão de ótica muitas vezes conhecida como Teia de Aranha.

A explicação possível das ilusões ópticas é debatida extensamente. No entanto, os


resultados da investigação mais recente indicam que as ilusões emergem simplesmente
da assinatura do modo estatístico e empírico como todos os dados perceptivos visuais são
gerados.
Os circuitos neuronais do nosso sistema visual evoluem, por aprendizagem neuronal, para
um sistema que faz interpretações muito eficientes das cenas 3D usuais, com base na
emergência no nosso cérebro de modelos simplificados que tornam muito rápida e
eficiente essa interpretação mas causam muitas ilusões ópticas em situações fora do
comum. Como uma imagem em diferentes diâmetros.
A nossa percepção do mundo é em grande parte auto-produzida. Os estímulos visuais não
são estáveis: por exemplo, os comprimentos de onda da luz refletida pelas superfícies
mudam com as alterações na iluminação. Contudo o cérebro atribui-lhes uma cor
constante. Uma mão a gesticular produz uma imagem sempre diferente e, no entanto, o
cérebro classifica-a consistentemente como uma mão. O tamanho da imagem de um
objeto na retina varia com a sua distância mas o cérebro consegue perceber qual é o seu
«verdadeiro» tamanho. A tarefa do cérebro é extrair as características constantes e
invariantes dos objetos a partir da enorme inundação de informação sempre mutável que
recebe. O cérebro pode também deduzir a distância relativa entre dois objectos quando há
sobreposição, interposição ou oclusão. E pode deduzir a forma de um objeto a partir das
sombras. O que implica uma aprendizagem da perspectiva linear. No entanto, existem
vários tipos de ilusões de distância e profundidade que surgem quando esses mecanismos
de dedução inconsciente resultam em deduções errónea.
A imagem da retina é a fonte principal de dados que dirige a visão mas o que nós vemos é
uma representação “virtual” 3D da cena em frente a nós. Não vemos uma imagem física
do mundo, vemos objetos. E o mundo físico em si não está separado em objetos. Vemos o
mundo de acordo com a maneira como o nosso cérebro o organiza. O processo de ver é
um de completar o que está em frente a nós com aquilo que o nosso cérebro julga estar a
ver. O que vemos não é a imagem na nossa retina - é uma imagem tridimensional criada
no cérebro, com base na informação sobre as características que encontramos mas
também com base nas nossas «opiniões» sobre o que estamos a ver.
O que vemos é sempre, em certa medida, uma ilusão. A nossa imagem mental do mundo
só vagamente tem por base a realidade. Porque a visão é um processo em que a
informação que vem dos nossos olhos converge com a que vem das nossas memórias. Os
nomes, as cores, as formas usuais e a outra informação sobre as coisas que nós vemos
surgem instantaneamente nos nossos circuitos neuronais e influenciam a representação
da cena. As propriedades percebidas dos objetos, tais como o brilho, tamanho angular, e
cor, são “determinadas” inconscientemente e não são propriedades físicas reais. As
ilusões surgem quando os “julgamentos” implícitos na análise inconsciente da cena entram
em conflito com a análise consciente e raciocinada sobre ela.
A interpretação do que vemos no mundo exterior é uma tarefa muito complexa. Já se
descobriram mais de 30 áreas diferentes no cérebro usadas para o processamento da
visão. Umas parecem corresponder ao movimento, outras à cor, outras à profundidade
(distância) e mesmo à direção de um contorno. E o nosso sistema visual e o nosso cérebro
tornam as coisas mais simples do que aquilo que elas são na realidade. E é essa
simplificação, que nos permite uma apreensão mais rápida (ainda que imperfeita) da
«realidade exterior», que dá origem às ilusões de óptica.
Uma ilusão de luminosidade[editar | editar código-fonte]
A ilusão do tabuleiro de damas
A luminosidade é uma variável subjetiva que não corresponde de um modo preciso a uma
quantidade física. É uma estimativa da refletância real dos objetos (a proporção de luz
incidente que é refletida por uma superfície), feita pelo sistema visual.
Note que vemos o quadrado A como sendo mais escuro do que o quadrado B. No entanto,
como se vê pela figura da direita, em que simplesmente se adicionou duas barras com a
mesma cor de A, ambos têm exatamente a mesma cor - têm a mesma luminância (a
quantidade de luz visível que chega ao olho vindo da superfície é a mesma).
O que se passa é que o sistema visual não se limita a medir a quantidade de luz que
chega ao olho, que é influenciada pelas sombras. Parece ter em conta o contraste local e
saber que as mudanças de luz na transição entre superfícies de cores diferentes são
geralmente mais abruptas do que as causadas por sombras. O sistema visual
«sabiamente» usa apenas a informação sobre as transições mais abruptas para construir
a imagem de refletância. E por isso estima a cor dos objectos sem se deixar enganar pelas
sombras de um objecto visível.
É uma «ilusão» que mostra o sucesso do sistema visual. Não é um bom medidor de luz,
mas esse não é o seu propósito: se o sistema visual se baseasse apenas na luminância,
não distinguiríamos uma superfície branca mal iluminada de uma superfície negra muito
iluminada. A capacidade que o sistema tem para o fazer é aquilo a que se chama a
«constância da luminosidade». O cérebro manda mensagem para o globo o ocular, assim
dando para ver as impossíveis imagens de visão de óptica.
Uma ilusão de distância[editar | editar código-fonte]

O sistema visual conhece a perspectiva, e isso é nos muito útil para interpretar uma
imagem tridimensional. Mas isso gera algumas ilusões, quando numa figura plana há
pistas que enganam o sistema visual e o levam erradamente a fazer uma interpretação
usando a perspectiva.
Em situações usuais, quando o sistema visual detecta linhas que parecem paralelas
(embora na imagem da retina não estejam), usa o seu ângulo para estimar o ângulo do
nosso olhar relativamente ao solo. É um mecanismo automático que nos é muito útil. Mas
o que se passa é que o sistema visual por vezes o usa erradamente no caso de certas
figuras planas em que não se parece justificável.
Note, por exemplo vemos a linha que está em baixo como sendo mais curta do que a
outra. Mas têm exatamente o mesmo tamanho. Isso acontece porque o sistema visual usa
o ângulo entre as duas rectas laterais para estimar o ângulo do nosso olhar relativamente
ao solo. E isso faz com que pense que a linha de baixo está mais próxima. Ora, se ambas
têm a mesma aparência visual e a linha de cima está mais longe, então ela deve ser na
realidade mais longa. E é assim mesmo que a vemos. O sistema visual (julgando estar a
ser muito esperto) engana-se redondamente.
Mas esta é uma «ilusão» que mostra o sucesso do sistema visual na estimativa da
perspectiva. A capacidade que ele tem para o fazer é aquilo a que se chama a «constância
do tamanho» dos objectos. É essa capacidade que faz com que, quando uma pessoa se
afasta de nós, não a «sintamos» a diminuir de tamanho. E, quando vemos uma pessoa ao
longe, não temos geralmente a sensação de que ela é minúscula.
Ou seja, existe um mecanismo cerebral que impõe a constância do tamanho dos objetos,
como se eliminasse o efeito da perspectiva. E o mecanismo funciona com bastante
precisão. Se virmos uma folha de um certo tamanho ao longe, desde que a distância não
seja exagerada, e tivermos ao nosso lado algumas folhas de vários tamanhos diferentes,
sabemos normalmente escolher entre elas a que tem o mesmo tamanho da que está
longe!
Leia o texto completo de nosso comunicado.

Alucinação
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Nota: Se procura pelo álbum do cantor brasileiro Belchior, consulte Alucinação (álbum).

Este artigo ou secção contém fontes no fim do texto, mas que não são citadas no corpo do artigo, o que c
Por favor, melhore este artigo inserindo fontes no corpo do texto quando necessário.

Alucinação é a percepção real de um objeto que não existe, ou seja, são percepções sem


um estímulo externo.
A alucinação é classificada como percepção real haja vista que há convicção inabalável da
pessoa que alucina em relação ao objeto alucinado, contudo muitas vezes esta vivência
integra a um delírio mais ou menos coerente classificável em diferentes quadros
psiquiátricos, incluindo a psicose, patologia psiquiátrica que, entre outros sinais e
sintomas, caracteriza-se pela perda de contato com a realidade. Entre possíveis causas
das alucinações se incluem as reações à drogas e medicamentos, síndromes associadas
ao stress, medo, fadiga, perturbações do sono (especialmente sua privação), infecções
(febres) e entre as psicoses destacam-se a paranoia e esquizofrenia.
Em psiquiatria, esse conceito foi introduzido por Esquiroll (1772-1840) como percepção
sem objeto, já havendo diferenciação desta da ilusão ou percepção distorcida.
Sendo a percepção da alucinação de origem interna, emancipada de todas as variáveis
que podem acompanhar os estímulos ambientais (iluminação, acuidade sensorial, etc.),
um objecto alucinado muitas vezes é percebido mais nitidamente que os objetos reais de
fato.

Tipos de alucinação[editar | editar código-fonte]


Estudos têm procurado reconhecer padrões recorrentes em cada um desses sentidos
associado tais regularidades a características neurofisiológicas e psicopatológicas.
A classificação mais usual, se baseia nos cincos órgãos de sentido, qualquer um deles
pode ser afetado e a vivência alucinatória possui as características do que naturalmente
pode ser percebido ou seja, com exceção da sinestesia, as referidas sensações obedecem
as leis da organização perceptiva de cada receptor ou órgãos sensoriais. Contudo o
conteúdo percebido não necessariamente corresponde à realidade e sim à imaginação e
vivências já registradas na memória.

 Alucinações auditivas. Geralmente são referidas vozes, dirigidas ou não ao


sujeito que vivência a experiência, com maior ou menor hostilidade – audição dos
próprios pensamentos ou sons do mundo cotidiano. As referências mais conhecidas
nas mitologias são o canto das sereias das lendas gregas e o chamado do próprio
nome pelo Mapinguari da floresta amazônica. As alucinações auditivas devem ser
distinguidas do resultante das afecções dos processos auditivos ocasionadas,
segundo Luria, por lesão nos diferentes elos da cadeia auditiva, a exemplo das
alterações do limiar de percepção, surdez (perda auditiva em diferentes graus), dor
associada à intensidades sonoras (recruitment), zumbidos, chiados e ruídos
(acúfenos) resultantes de processos patológicos distintos. Ainda segundo esse autor,
as alucinações auditivas (músicas, falas, etc.) podem ser provocadas por irritação das
áreas primárias do córtex auditivo, como demonstraram as experiências de Forfoerster
e Penfield.
 Alucinações visuais – percepções visuais de objetos que não existem, tão reais
que dificilmente são removíveis pela argumentação lógica – alguns autores propõem o
termo “alucinose” para designar as falsas percepções onde o sujeito tem consciência
da natureza imaginária (um mundo não real) de sua vivência. Quanto ao conteúdo
podem não ter uma forma específica: clarões, chamas, raios, vultos, sombras,
experiência caleidoscópicas semelhantes à mandalas etc, ou têm formas definidas,
tais como pessoas, monstros, ETs, demônios, animais, santos, anjos, bruxas, essas
últimas geralmente são integradas a um processo interpretativo delirante nas psicoses.
As visões místico-religiosas se diferenciam dos processos patológicos, não pela forma
e conteúdo do fenômeno vivenciado e sim pelo poder pessoal e inserção social do
sujeito que as experimenta. São especialmente relevantes no estudo do fenômeno
alucinatório dado a sua proximidade dos processos oníricos as alucinações oniróides,
(sonho acordado) Freud refere-se a estas como “alucinações hipnagógicas”, utilizando
a expressão de Johannes Müller (1826), “fenômenos visuais imaginativos”. Estes
consistem em imagens, com freqüência muito nítidas e rapidamente mutáveis, que
tendem a surgir — de forma bastante habitual em algumas pessoas — durante o
período do adormecimento; e também podem persistir por algum tempo depois de os
olhos se abrirem. Algumas culturas ditas primitivas como os índios Paiaás (Nordeste),
Tapirapés (Brasil central) e descendes dos Toltecas (México) referem-se a técnicas de
sonhar e vivências do espírito fora do corpo. Na visão relativamente limitada (ao
processo patológico) da psiquiatria denomina essas e outras experiência de alteração
da imagem corporal como alucinações autoscópicas. Dividem-se em:
 Hipnagógicas: que ocorrem antes de dormir. Podem ser consideradas
normais, entretanto, quando em casos repetidos indicam entrada do sono REM na
consciência.
 Hipnopômpicas: precedem o despertar. Comuns em estados comatosos.
 Alucinações táteis– estas podem ocorrer e qualquer um dos receptores (frio,
calor, dor, pressão) que compõem esse complexo sentido, que na concepção
do neurocientista Luria é o oposto ao sentido da visão, pois parte de elementos
isolados para compor uma imagem global. Especialmente complexo na sua distinção
dos sintomas orgânicos e interpretação da dor. A hipocondria e a histeria de
conversão utilizam-se de mecanismos alucinatórios na produção de seus sintomas.
Alterações da imagem corporal denominada dor em membro fantasma referem-se a
sensações provenientes de membros amputados como se esses ainda fossem reais
Nem a percepção visual do coto da amputação, pelo menos nas fases iniciais, anula a
sensação táctil, e apenas com o passar do tempo forma-se a nova imagem corporal.
 Alucinações olfativas – suas sensações confundem-se com o sentido do gosto,
tanto podem ser agradáveis como desagradáveis, a depender da patologia e
personalidade dos doentes, são comuns (como auras) em associações
às enxaquecas e epilepsias. Devem ser distinguidas de sintomas orgânicos – o gosto
amargo ou ácido dos transtornos digestivos e especialmente as impressões olfativas,
das interpretações místico-religiosas que identificam na percepção alucinatória de
perfumes os processos intermediários das materializações e aparições de espíritos.
 Alucinações sinestésicas— relação subjetiva que se estabelece
espontaneamente entre uma percepção e outra que pertença ao domínio de um
sentido diferente. Entre os processos de trabalho conjunto podemos citar a formação
da Imagem corporal – segundo Paul Schilder uma coordenação entre sensações
espaciais (posturais), visuais e proprioceptoras e as denominadas alucinações
sinestésicas ou sinestesia. Entre essas últimas destacam-se as provocadas por uma
classe de substâncias psicodislépticas
denominadas Alucinógeno e Enteógenos explicadas talvez pela concentração de
aferências sensoriais serotoninérgicas na região do Mesencéfalo onde atuam, e as
sensações sinestésicas ou cenestésicas que segundo alguns psiquiatras (Paim) se
constituem como desordens das sensibilidade interna sendo interpretadas como
deformações corporais, presença de animais no interior do corpo, contato (cópula)
com outras criaturas etc. variando conforme simbologia condicionada às vivências
passadas e contexto sócio –cultural do sujeito.
 Alucinações cinestésicas — é a sensação de que um órgão imobilizado ou
parado esteja se movendo.
Estudos têm procurado reconhecer padrões recorrentes nas alucinações e alterações em
cada um desses sentidos, associando tais regularidades a características neurofisiológicas
e psicopatológicas.
Organização cortical[editar | editar código-fonte]
Organização laminar do Córtex[editar | editar código-fonte]
As células do neocórtex estão arranjadas numa série de seis camadas, mais
evidentes em algumas áreas do que noutras. Estas camadas são de superficial
para profunda:

 Camada I – Camada molecular – pobre em células e com muitas fibras


(células anácrinas – células horizontais de cajal);
 Camada II – Camada granular externa – pequenos neurônios piramidais e
numerosos neurônios estrelados. Poucas fibras e muitas células. Origem das
fibras de associação curta;
 Camada III – Camada piramidal externa – origem das fibras de associação
longa, das fibras comissurais;
 Camada IV – Camada granular interna – apresenta muitas fibras associadas a
células. Contém a lâmina externa de Baillarger;
 Camada V – Camada piramidal interna – estão presentes as células
piramidais gigantes de Betz. As suas fibras projectam para estruturas
subtalâmicas e corpo estriado. Contém a lâmina interna de Baillarger;
 Camada VI – Camada multiforme ou plexiforme – origem das fibras que se
projectam para o corpo estriado e suas receptoras. Grande variedade de
células (como por exemplo as células de Martinotti que se estendem até à
lâmina I).
Nota:As lâminas interna e externa de Baillarger são duas bandas horizontais
particularmente proeminentes nas lâminas V e IV respectivamente.
Estas organização laminar não é visível e equivalente em todos os locais
do neocórtex. Na verdade, as áreas que contêm neurónios com longos axónios,
como por exemplo as áreas motoras apresentam as camadas piramidais mais
desenvolvidas (camadas III e V), enquanto as camadas II e IV, abundantes
em células não piramidais estão relativamente mais reduzidas. Por esta razão,
este córtex é designado de agranular (pela aparente inexistência das camadas
granulares).
Por outro lado, as áreas sensitivas primárias apresentam axônios mais curtos e
os seus neurônios sinaptizam com as áreas corticais adjacentes. Deste modo as
camadas III e V apresentam-se mais reduzidas, e verifica-se um aumento do
tamanho relativo das camadas II e IV. Deste modo este córtex é designado
de granular ou koniocortex.
Deste modo, dentro do córtex homogenético é possível distinguir:

 Homotípico – as seis camadas são bem visíveis. Camada V muito exuberante


contrariamente às camadas II e IV.
 Heterotípico:
 Granular – o caso dos córtices sensoriais.
 Agranular – caso dos córtices motores.
Assim, diferentes áreas corticais apresentam diferente estrutura e diferentes
funções devido ao tamanho relativo das células que as compõe, a complexidade
das suas árvores dendríticas e as conexões que estabelece.
Diferentes áreas neocorticais apresentam conexões distintas[editar | editar
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Os aferentes para o córtex podem vir de um modo abrangente de dois locais:

 Outras áreas corticais – que podem atingir as áreas corticais através de fibras
de associação ou através de fibras comissurais.
 Estruturas subcorticais – predominantemente o tálamo, o locus ceruleus e
outros núcleos quimicamente codificados.
Os vários tipos de fibras aferentes ramificam-se no córtex de maneiras distintas.
Por exemplo, as fibras aferentes que chegam dos núcleos relay do tálamo
terminam primariamente nas camadas médias, predominantemente nas
arborizações dendríticas da lâmina IV.
Já as fibras dos outros núcleos talâmicos e provenientes de áreas corticais
ascendem verticalmente para terminar de forma difusa em diferentes camadas
consoante a sua proveniência (fibras dos núcleos intralaminares do
tálamo terminam na sua maioria na camada VI, já as fibras de áreas
corticais terminam maioritariamente nas lâminas II e III).
Os eferentes corticais, tal como os aferentes vão ou para outras áreas corticais ou
para áreas subcorticais. A maioria das eferências subcorticais desce pela cápsula
interna e podem ou não ir até ao nível da medula espinhal. As lâminas
maioritariamente envolvidas nestas eferências são a lâmina V (fibras
corticoestriadas, fibras para o tronco cerebral e para a medula espinhal) e a lâmina
VI (fibras corticotalâmicas). Relativamente aos eferentes para outras áreas
corticais, a lâmina III é a maior fonte das fibras corticorticais.

Organização Colunar do Neocórtex[editar | editar código-


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Para além da organização laminar do córtex (horizontal), ele também apresenta
uma organização colunar (vertical). As dendrites apicais das células piramidais
têm orientação vertical assim como os aferentes para o córtex e os axónios de
algumas células intracorticais. Até mesmo os corpos celulares dos neurónios
corticais parecem estar dispostos em colunas verticais.
Deste modo, através da estrutura anatómica e estudos fisiológicos verificou-se
que o córtex apresenta uma organização colunar, com estruturas todas elas
dispostas verticalmente à superfície do córtex e limitadas por células fusiformes
e em candelabro, com capacidade de silenciar zonas colunares.
Ao estudo da transmissão das circunvoluções e das áreas para a superfície do
crânio que estariam relacionadas com as características da personalidade
denominou-se Frenologia (frenologia de Gall – desenhou os mapas dos
sentimentos e do carácter).
Tendo como base as diferentes variações estruturais ao longo da área do córtex
cerebral (córtex granular/agranular; córtex estriado/extraestriado), vários
anatomistas começaram a mapear o cérebro.
Um desses mapas cerebrais que é muito comummente usado foi o concebido
por Brodmann, que dividiu o córtex cerebral em 47 áreas. Os limites entre muitas
destas áreas não são precisos, e também não se verifica uma relação funcional e
anatómica tão precisa como seria inicialmente esperado. No entanto, muitas das
áreas descritas por Brodmann correspondem de facto a áreas funcionalmente bem
definidas.
É de referir também, que apesar de cada ser humano ter a mesma quantidade de
massa cerebral relativa, a verdade é que existem muitas variações no tamanho
das áreas de indivíduo para indivíduo.
Formação reticular
Formação reticular é uma parte do tronco cerebral (ou tronco encefálico) que está
envolvida em ações como os ciclos de sono, o despertar e a filtragem de estímulos
sensoriais, para distinguir os estímulos relevantes dos estímulos irrelevantes. A sua
principal função é ativar o córtex cerebral.

Estrutura e localização[editar | editar código-fonte]


Formação reticular é uma região evolucionária antiga, que apresenta uma estrutura
intermédia entre a substância branca e a substância cinzenta. A formação reticular ocupa
a parte central do tronco cerebral, e projeta-se cranialmente para dentro do diencéfalo, e
caudalmente para a porção mais alta da medula espinhal.
Assim, a formação reticular é aparentemente uma área difusa com células e fibras que as
cruzam em diferentes direcções e que forma a parte central do tronco cerebral. É toda a
zona do tronco cerebral onde não existe nenhum núcleo específico e é por alguns autores
designada de pântano neuronal.

Células nervosas e sinapses[editar | editar código-fonte]


As suas células nervosas apresentam uma grande capacidade de convergência e
divergência neuronal, de modo que uma única célula pode ser capaz de responder a
diferentes estímulos sensitivos das mais diversas áreas do organismo.
Estas células nervosas são os neurónios isodendríticos. A árvore dendrítica de um
neurónio isodendrítico é pequena, escassa e apresenta um campo dendrítico circular, com
os seus dendritos pouco ramificados e com poucas espinhas. Quanto à projecção axonal,
esta apresenta duas ramificações: uma ascendente e uma descendente, que apresentam
muitas ramificações colaterais. Deste modo, os neurónios isodendríticos são neurónios
de projecção (tipo I de Golgi).
Existem dois tipos de neurónios isodendríticos:

 Magnocelular: corpo celular de grande dimensão;


 Parvocelular: corpo celular de pequena dimensão.
A disposição da árvore dendrítica de um neurónio isodendrítico é perpendicular ao eixo
longo do tronco cerebral, o que permite que esta sinaptize com um número elevado de
colaterais das fibras nervosas que estão presentes e que correm ao longo do mesmo (por
essa mesma razão, os núcleos da substância reticular são também designados
de núcleos abertos).
Apresenta também um variado número de funções e verifica-se que os núcleos
responsáveis pela execução das mesmas estão dispersos e misturados. Para além dos
núcleos da formação reticular, existem também os núcleos do nervo hipoglosso e as
suas fibras e cujos neurónios são designados de idiodendríticos e existem
também neurónios alodendríticos. Assim existem na substância reticular:

 Neurónios isodendríticos – os da substância reticular;


 Neurónios idiodendríticos;
 Neurónios alodendríticos.
Deste modo, todas as estruturas do sistema nervoso central vão ter relações com os
neurónios da substância reticular, à excepção do lemnisco medial (que é um sistema
periférico e com poucas sinapses, que é responsável pela condução dos impulsos
sensoriais (provenientes do feixe espinhotalâmico medial, que tem origem na medula
espinhal) ao tálamo). Assim o sistema reticular é um sistema multineural, polissináptico,
integrador de diversas funções e, portanto, com numerosos colaterais. Estes colaterais
estabelecem a sinapse com os dendritos dos neurónios isodendríticos de uma forma lenta
– sinapses lentas.

Anatomia[editar | editar código-fonte]
Na grande maioria do tronco cerebral a formação reticular pode ser dividida em três áreas
longitudinais que são de medial para lateral:

 Os núcleos do rafe – camada fina de células nervosas adjacentes ao plano


mediano (sagital). É constituída por neurónios serotoninérgicos.
 Coluna medial – medial aos núcleos do rafe e que contém neurónios de
dimensões variáveis e ainda a grande maioria das projecções ascendentes e
descendentes da formação reticular. Alguns dos neurónios desta zona apresentam um
diâmetro tão aumentado que é muitas vezes designado de núcleo reticular
magnocelular. A coluna medial é efectora e é constituída por neurónios
isodendríticos de grandes dimensões – magnocelulares e noradrenérgicos.
 Coluna lateral – que é particularmente proeminente no bulbo
raquidiano rostral e na protuberância caudal e que tem essencialmente funções
viscerais e é responsável pelos reflexos dos nervos cranianos. A coluna lateral
é receptora e é constituída por neurónios isodendríticos de pequenas dimensões
– parvocelularese colinérgicos.
Núcleos da substância reticular[editar | editar código-fonte]

 Núcleos da coluna medial:


 Núcleo reticular magnocelular;
 Núcleo reticular caudal da protuberância;
 Núcleo reticular do tegmento da protuberância;
 Locus coeruleus (Cerúleo).

 Núcleos da coluna lateral.

 Núcleos do rafe:
 Núcleo escuro do rafe – no bulbo raquidiano;
 Núcleo magno do rafe – na protuberância.
Classificação dos núcleos de acordo com os neurotransmissores[editar | editar código-
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 Noradrenérgica – porção medial do tegmento do bulbo e da protuberância e que se


relaciona com:
 Núcleo do feixe solitário;
 Núcleo dorsal do nervo vago.
 O conjunto de neurónios noradrenérgicos da formação reticular
apresentam funções vegetativas, nomeadamente, possuem centros respiratórios
que regulam a frequência respiratória e centros que regulam a frequência cardíaca
e a tensão arterial.

 Seratoninérgica – Na zona mediana. Os neurónios mais craniais têm relação com


o córtex cerebral e o hipotálamo e os neurónios mais caudais têm relação com
a medula espinhal.
 Colinérgica – a formação reticular apresenta diversos núcleos colinérgicos na
coluna lateral:
 Ch4 – enervação colinérgica do córtex cerebral.
 Ch5 - importância no hipotálamo basal;
 Ch6 - importância no hipotálamo basal.
Locus ceruleos[editar | editar código-fonte]
O locus ceruleos (Cerúleo) apresenta neurónios noradrenérgicos. Os axónios dos
neurónios do núcleo ceruleos projectam-se para o córtex cerebral através de vias
complexas e que são:

 Fascículo tegmentar central (nele descem as fibras rubro-olivares e os feixes


reticulo-espinhais);
 Fascículo tegmentar dorsal;
 Feixe prosencefálico medial.
No seu trajecto para o córtex passa pelo hipotálamo e possui também eferências para
a medula espinhal.

Funções[editar | editar código-fonte]
Com suas conexões com todo o sistema nervoso central (SNC) (córtex
cerebral, tálamo, hipotálamo, sistema límbico, cerebelo, nervos cranianos e medula
espinhal), a formação reticular do tronco encefálico controla a atividade elétrica cortical,
sendo o sono e vigília, a sensibilidade como a atenção seletiva, atividades motoras
somáticas complexas que envolvem centros reflexos como o respiratório, o vasomotor e o
locomotor, o sistema nervoso autônomo (SNA) e o eixo hipotálamo-hipófise, controlando o
sistema neuro-endócrino.
É a estrutura que explica as alterações físicas, emocionais e mentais ocasionadas pela
estimulação de algumas áreas periféricas como pele, músculos ou articulações.

Fisiologia[editar | editar código-fonte]
O sistema ativador reticular ascendente (SARA) é a estrutura da formação reticular que,
presente na parte mais cranial da mesma, principalmente no mesencéfalo, é responsável
pela ativação cortical e conseqüente estado de vigília. Sinais sensitivos externos como um
som de forte intensidade, ao chegar ao córtex, descem à formação reticular e sobem,
fazendo conexão com centros talâmicos, até chegar novamente ao córtex, trazendo-nos
ao estado vigil, se estivermos dormindo, ou ao estado de atenção o córtex pré-frontal se
acordados.
Esse efeito sempre é reforçado pela parte posterior do hipotálamo, que também se
relaciona com a vigília. Além disso, o próprio córtex pode estimular o SARA, mantendo-se
ativado, utilizando para isso o poder da vontade, de centro físico inexistente ou ainda
desconhecido.
O sistema ativador reticular descendente é a estrutura da formação reticular responsável
pela ativação de motoneurônios γ, principal responsável pela manutenção do tônus
muscular, reestabelecendo-o.

Relevância clínica[editar | editar código-fonte]


Certas drogas ativadoras corticais também agem nesse mecanismo para manter
o córtex “ligado”. Assim certas áreas da formação reticular, presentes na ponte e no bulbo,
“desligam” ativamente o córtex cerebral, induzindo ao sono. A partir de uma fase inicial de
grande relaxamento muscular, entra-se na fase de sono propriamente dito que, do ponto
de vista eletroencefalográfico, não é homogêneo.
Grupos neuronais da formação reticular, dos quais o locus ceruleus, situado na ponte, é o
mais importante, são os responsáveis pelo desencadear do sono R.E.M. e foram
denominados neurônios indutores do sonho.

Sistema nervoso
Sistema nervoso é a parte do organismo que transmite sinais entre as suas diferentes
partes e coordena as suas ações voluntárias e involuntárias. O tecido nervoso surge com
os vermes, cerca de 550 a 600 milhões de anos atrás. Na maioria das espécies animais,
constitui-se de duas partes principais: o sistema nervoso central (SNC) e o sistema
nervoso periférico (SNP).
O sistema central é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal. Todas as partes do
encéfalo e da medula estão envolvidas por três membranas de tecido conjuntivo -
as meninges. O encéfalo, principal centro de controle, é constituído
por cérebro, cerebelo, tálamo, hipotálamo e bulbo
O SNP constitui-se principalmente de nervos, que são feixes de axônios que ligam o
sistema nervoso central a todas as outras partes do corpo. O SNP inclui: neurônios
motores, mediando o movimento voluntário; o sistema nervoso autônomo, compreendendo
o sistema nervoso simpático e o sistema nervoso parassimpático, que regulam as funções
involuntárias; e o sistema nervoso entérico, que controla o aparelho digestivo.

Definição[editar | editar código-fonte]
O sistema nervoso deriva seu nome de nervos, que são pacotes cilíndricos de fibras que
emanam do cérebro e da medula central, e se ramificam repetidamente para inervar todas
as partes do corpo.[1] Os nervos são grandes o suficiente para serem reconhecidos pelos
antigos egípcios, gregos e romanos,[2] mas sua estrutura interna não foi compreendida até
que se tornasse possível examiná-los usando um microscópio. [3] Um exame microscópico
mostra que os nervos consistem principalmente de axônios de neurônios, juntamente com
uma variedade de membranas que os envolvem, segregando-os em fascículos de nervos .
Os neurônios que dão origem aos nervos não ficam inteiramente dentro dos próprios
nervos - seus corpos celulares residem no cérebro, medula central, ou gânglios periféricos.
[1]

Todos os animais mais avançados do que as esponjas possuem sistema nervoso. No


entanto, mesmo as esponjas, animais unicelulares, e não animais como micetozoários têm
mecanismos de sinalização célula a célula que são precursores dos neurônios. [4] Em
animais radialmente simétricos, como as águas-vivas e hidras, o sistema nervoso consiste
de uma rede difusa de células isoladas.[5] Em animais bilaterianos, que compõem a grande
maioria das espécies existentes, o sistema nervoso tem uma estrutura comum que se
originou no início do período Cambriano, mais de 500 milhões de anos atrás. [6]

Anatomia comparada[editar | editar código-fonte]


Ver artigo principal: Anatomia comparada

Membros do filo dos celenterados, tais como águas-vivas e hidras, têm um sistema


nervoso simples intitulado de rede neural. Ela é formada por neurônios, ligados
por sinapses ou conexões celulares. A rede neural é centralizada ao redor da boca, mas
não há um agrupamento anatômico de neurônios. Algumas águas-vivas possuem
neurônios sensoriais conhecidos como rhopalia, com os quais podem
perceber luz, movimento, ou gravidade.[7]

Platelmintos e nematoides[editar | editar código-fonte]


Ver artigos principais: Platelmintos e Nematoda
Planárias, um tipo de platelminto, possuem uma corda nervosa dupla que percorre todo o
comprimento do corpo e se funde com a cauda. Estas cordas nervosas são conectadas
por nervos transversais, como os degraus de uma escada. Estes nervos ajudam a
coordenar os dois lados do animal. Dois grandes gânglios na extremidade da cabeça
funcionam de modo semelhante a
um cérebro simplificado. Fotorreceptores nos ocelos desses animais
proveem informação sensorial sobre luz e escuridão. Porém, os ocelos não são capazes
de formar imagens. Os platelmintos foram os primeiros animais na escala evolutiva a
apresentarem um processo de cefalização. A partir dos platelmintos até os equinodermos,
o sistema nervoso é ganglionar ventral, com exceção dos nematelmintos que possuem
cordão nervoso peri esofágico.
Obs. : A centralização do sistema nervoso dos platelmintos representa um avanço
em relação aos cnidários, que têm uma rede nervosa difusa, sem nenhum órgão
integrador das funções nervosas.
Artrópodes[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Artrópodes

Os artrópodes possuem um sistema nervoso constituído de uma série de gânglios


conectados por uma corda nervosa ventral feita de conectores paralelos que correm
ao longo da barriga. Tipicamente, cada segmento do corpo possui um gânglio de cada
lado, embora alguns deles se fundam para formar o cérebro e outros grandes
gânglios.[8]
O segmento da cabeça contém o cérebro, também conhecido como gânglio
supraesofágico. No sistema nervoso dos insetos, o cérebro é anatomicamente dividido
em protocérebro, deutocérebro e tritocérebro. Imediatamente atrás do cérebro está o
gânglio supraesofágico que controla as mandíbulas.
Muitos artrópodes possuem órgãos sensoriais bem desenvolvidos, incluindo olhos
compostos para visão e antenas para olfato e percepção de feromônios. A informação
sensorial destes órgãos é processada pelo cérebro.

Moluscos[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Moluscos

A maioria dos Moluscos, tais como Bivalves e lesmas, têm vários grupos de neurônios


intercomunicantes chamados gânglios. O sistema nervoso da lebre-do-mar (Aplysia)
tem sido utilizado extensamente em experimentos de neurociência por causa de sua
simplicidade e capacidade de aprender associações simples.
Os cefalópodes, tais como lulas e polvos, possuem cérebros relativamente complexos.
Estes animais também apresentam olhos sofisticados. Como em todos
os invertebrados, os axônios dos cefalópodes carecem de mielina, o isolante que
permite reação rápida nos vertebrados. Para obter uma velocidade de condução
rápida o bastante para controlar músculos em tentáculos distantes, os axônios dos
cefalópodes precisam ter um diâmetro avantajado nas grandes espécies de
cefalópodes. Por este motivo, os axônios da lula são usados por neurocientistas para
trabalhar as propriedades básicas da ação potencial.

Vertebrados[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Vertebrados

Organização do sistema nervoso dos vertebrados

Periférico Somático
Simpático

Autônomo Parassimpático

Entérico

Central / Principal

O sistema nervoso dos animais vertebrados é frequentemente dividido em Sistema


nervoso central (SNC) e Sistema nervoso periférico (SNP). O SNC consiste
no encéfalo e na medula espinhal. O SNP consiste em todos os outros neurônios que
não estão no SNC. A maioria do que comumente se denomina nervos (que são
realmente os apêndices dos axónio de células nervosas) são considerados como
constituintes do SNP. O sistema nervoso periférico é dividido em sistema nervoso
somático e sistema nervoso autônomo.
O sistema nervoso somático é o responsável pela coordenação dos movimentos do
corpo e também por receber estímulos externos. Este é o sistema que regula as
atividades que estão sob controle consciente.
O sistema nervoso autônomo é dividido em sistema nervoso simpático, sistema
nervoso parassimpático e sistema nervoso entérico. O sistema nervoso simpático
responde ao perigo iminente ou stress, e é responsável pelo incremento do batimento
cardíaco e da pressão arterial, entre outras mudanças fisiológicas, juntamente com a
sensação de excitação que se sente devido ao incremento de adrenalina no sistema.
O sistema nervoso parassimpático, por outro lado, torna-se evidente quando a pessoa
está descansando e se sente relaxada, e é responsável por coisas tais como a
constrição pupilar, a redução dos batimentos cardíacos, a dilatação dos vasos
sanguíneos e a estimulação dos sistemas digestivo e genitourinário. O papel do
sistema nervoso entérico é gerenciar todos os aspectos da digestão, do esôfago ao
estômago, intestino delgado e cólon.

Centralização do Sistema Nervoso[editar | editar código-


fonte]
Este artigo ou secção pode conter pesquisa inédita. Por favor, melhore-o, verificando o se
detalhes podem ser encontrados na página de discussão. Encontre fontes: Google (notícias, livros e acad

Observando a filogenia do sistema nervoso dos metazoários, poderíamos supor o


sistema nervoso difuso dos cnidários como sendo uma base ancestral para o
desenvolvimento do sistema nervoso centralizado em espécies mais evoluídas, tanto
dos protóstomos quanto dos deuterostômios. Porém, assumir que houve uma
transição do sistema nervoso difuso para o central não é algo tão trivial, uma vez que
os hemicordados também possuem sistema nervoso difuso e uma notocorda primitiva.
Essa transição é uma interessante questão ainda em aberto na biologia, o sistema
nervoso dos urbilaterais (o ancestral comum entre hemicordados, cordados e
protostomos).[carece  de fontes]
Atualmente existem algumas teorias propondo elucidar essa questão evolutiva, as
quais abordam o sistema nervoso desse bilatério primitivo de maneiras diferentes.
[9]
 Duas teorias especialmente interessantes são as que propõem um sistema nervoso
central para o urbilateral, sendo então necessária a existência de uma inversão dorso-
ventral na história evolutiva dos cordados (cenários 3 e 4). Isso sugeriria uma
vantagem evolutiva para essa inversão, uma vez que esta é uma mudança
relativamente drástica.

Encéfalo

Diagrama esquemático do encéfalo humano, em corte sagital, destacando algumas de suas partes:


1. Encéfalo frontal
2. Telencéfalo 
3. Diencéfalo.
4. Tronco cerebral: 
5. Mesencéfalo
6. Ponte
7. Bulbo raquidiano
8. Cerebelo
9. Medula espinhal

O encéfalo é o centro do sistema nervoso em todos os animais vertebrados, e em


muitos invertebrados. Alguns animais primitivos como
os celenterados e equinodermes como a estrela-do-mar possuem um sistema nervoso
descentralizado sem encéfalo, enquanto as esponjas não possuem sistema nervoso. Nos
vertebrados o encéfalo localiza-se na cabeça protegido pelo crânio, próximo aos aparatos
sensoriais primários: visão, audição, equilíbrio, paladar, e olfato.
Os encéfalos podem ser extremamente complexos. O encéfalo humano - composto dentre
outras estruturas pelo cérebro, cerebelo, e tronco encéfalo (Mesencéfalo, Ponte e Bulbo) -
contém cerca de 86 bilhões de neurônios, ligados por mais de 10.000
conexões sinápticas cada.[1][2] Esses neurônios comunicam-se por meio de prolongamentos
citoplasmáticos denominado axônio, que conduzem pulsos em sinais chamados potencial
de ação para partes distantes do encéfalo e do corpo e as encaminham para serem
recebidas por células específicas.
De um ponto de vista filosófico, pode-se dizer que a função mais importante do encéfalo é
servir como estrutura física subjacente à mente. Do o ponto de vista biológico, entretanto,
a função mais importante do encéfalo é receber informações sensoriais de origem tanto
internas quanto externas, e em resposta gerar reações, comportamentos e estímulos que
promovam de forma mais primitiva e autônoma a sobrevivência imediata da espécie, e ,em
escala mais abrangente, o bem-estar pleno e duradouro do animal. O encéfalo controla o
comportamento seja ativando músculos, seja causando a secreção glandular de
substâncias químicas, como os hormônios.
Nem todos os comportamentos precisam de um encéfalo. Mesmo organismos unicelulares
são capazes de extrair informações do ambiente e responderem de acordo. [3] As esponjas,
às quais falta um sistema nervoso central, são capazes de coordenar suas contrações
corporais, e até mesmo de se locomoverem.[4] Na maioria dos vertebrados, a própria
coluna vertebral - especificamente a medula espinhal e suas extensões imediatas - contém
vários dos circuitos neurais essenciais à vida vegetativa e mesmo circuitos neurais
capazes de gerar respostas reflexas, assim como padrões motores simples, a exemplo
nadar ou andar [5]: Mike, o frango sem cabeça, permaneceu vivo por dezoito meses,
mesmo após decapitação. Entretanto, o controle sofisticado do comportamento, baseado
em um sistema sensorial complexo, requer a capacidade de integração de informações de
um encéfalo centralizado.
Apesar do rápido avanço científico, muito do funcionamento do encéfalo continua um
mistério. As operações individuais de neurônios e sinapses hoje são compreendidas com
detalhamento considerável, mas o modo como eles cooperam em grupos de milhares ou
milhões tem sido difícil de decifrar. Métodos de observação como registros
de EEG e imageamento funcional cerebral mostram que as operações cerebrais são
altamente organizadas, mas estes métodos não têm resolução suficiente para revelar a
atividade de neurônios individualmente. Assim, mesmo os princípios mais fundamentais
das redes de computação neural podem ficar, em grande medida, a serem descobertos
por futuros pesquisadores.[6]
O encéfalo encontra-se localizado no interior do crânio, protegido por um conjunto de três
membranas, que são as meninges. É constituído por um conjunto de estruturas
especializadas que funcionam de forma integrada para assegurar unidade ao
comportamento humano.
É importante fazer uma diferenciação do encéfalo e do cérebro: o encéfalo é um conjunto
de estruturas que estão anatomicamente e fisiologicamente ligadas, entre elas: Bulbo
raquidiano, Hipotálamo, Corpo caloso, Tálamo, Formação reticular e Cerebelo. O cérebro
também integra o encéfalo, sendo desse a estrutura mais popular.

Medula espinhal

Medula Espinhal marcada em azul

A medula espinal, espinal medula ou medula espinhal é a porção alongada do sistema


nervoso central, é a continuação do bulbo, que se aloja no interior da coluna vertebralem
seu canal vertebral, ao longo do seu eixo crânio-caudal. Ela se inicia na junção
do crânio com a primeira vértebra cervical e termina na altura entre a primeira e
segunda vértebra lombar no adulto, atingindo entre 44 e 46 cm de comprimento, possuindo
duas intumescências, uma cervical e outra lombar. Na anatomia dos seres humanos, em
pessoas do grupo humano de origem caucasoide a medula espinhal termina entre a
primeira e segunda vértebra lombar, enquanto que em pessoas de origem negroide ela
termina um pouco mais abaixo, entre a segunda e a terceira vértebra lombar.
Na medula espinhal residem todos os neurónios motores que enervam os músculos e
também os eferentes . Recebe também toda a sensibilidade do corpo e alguma da cabeça
e atua no processamento inicial da informação de todos estes impulsos (neurónios
sensitivos).
É anatomicamente segmentada, embora não o seja muito evidente, apresentando as
suas radículas posteriores a entrarem através de um sulco longitudinal
posterolateralbem definido enquanto as suas radículas anteriores a abandonam
desalinhadas descrevendo-se usualmente um sulco longitudinal anterolateral, muito
embora este esteja estruturalmente mal definido.
As radículas dorsais e ventrais por sua vez coalescem em raízes ventrais e
dorsais respectivamente e as últimas unem-se para formar os nervos raquidianos. Cada
raiz dorsal, apresenta um gânglio dorsal raquidiano proximal à junção da raiz dorsal com a
raiz ventral e este gânglio contém os corpos celulares dos primeiros neurónios
aferentes(neurónios sensitivos primários) cujos prolongamentos axonais entram através
das radículas posteriores para sinaptizar na medula.

Embriologia e relações anatómicas[editar | editar código-fonte]


A medula espinhal atinge o seu tamanho adulto antes de o canal vertebral o atingir,
deste modo até ao terceiro mês de vida fetal (embriologia do sistema nervoso), ambos
apresentam aproximadamente a mesma taxa de crescimento, apresentando-se a medula a
preencher todo o canal vertebral. Após este período, o corpo e consequentemente a
coluna vertebral, crescem a um ritmo bem mais acelerado que a medula de modo a que na
altura do nascimento a medula se encontra ao nível de L3. O crescimento diferencial
continua após o nascimento, embora com um intervalo menor de forma a que na idade
adulta a medula espinhal ocupa no canal vertebral a posição ao nível de L1/ L2. Por outro
lado, os nervos raquidianos continuam a abandonar os espaços intervertebrais
inicialmente correspondentes, o que implica um crescimento destes nervos e verificando
também que os gânglios dorsais raquidianos continuam ao nível dos
respectivos buracos intervertebrais. De cervical para sacral, as raízes dorsais e ventrais
tornam-se progressivamente maiores uma vez que se encontram cada vez mais afastados
do seu local de saída do canal vertebral.
Uma outra estrutura surge como consequência deste crescimento diferencial – a cisterna
lombar – que é um fundo de saco dural, após a terminação da medula espinhal que
começa de L1/L2 até S2, local onde primariamente se localizava a medula espinhal. Esta
cisterna está preenchida com a colecção de raízes dorsais e ventrais que descem da
medula para formarem os nervos raquidianos a sair ao nível correspondente inicial e que
no seu conjuntos e designam de cauda equina. Como esta cisterna é consequência de um
espaço entre medula espinhal e dura-máter, este local é propício à acumulação de líquido
cefalorraquidiano, sendo muito frequentemente utilizado para análise e diagnóstico de
certas doenças através de punção com risco de lesões mínimas – punção lombar.
A suspensão da medula no canal vertebral faz-se ao longo de todo o seu comprimento
através dos ligamentos denteados – extensões da pia-aracnoide sobre a dura-máter – e
do filum terminal – localizado na terminação caudal da medula e que se estende para se
ancorar no final do saco dural na dura-máter e que é uma extensão da pia-máter que
recobre o saco medular. Este filum terminal é constituído por duas partes – o filum
terminal interno com aproximadamente 15cm (até L2) e o filum terminal externo com 5
cm, que se fixa à primeira vértebra coccígea.
Neuropsicologia
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A neuropsicologia é uma interface ou aplicação da psicologia e da neurologia, que


estuda as relações entre o cérebro e o comportamento humano. Sua principal área de
atuação é na compreensão de como lesões, malformações, alterações genéticas ou
qualquer agravo que afete o sistema nervoso causam déficits (alterações) em diversas
áreas do comportamento e da cognição humana. Em outras palavras, a neuropsicologia
atua mais frequentemente no estudo das funções mentais superiores, sem deixar de
estudar áreas como agressividade, sexualidade, que tradicionalmente são investigadas por
abordagens fisiológicas e biológicas (neurobiologia, neurofisiologia, psicofisiologia, psicobi
ologia). Desse modo a neuropsicologia compõe fortemente o campo das neurociências,
com ênfase na neurociência cognitiva. Atribui-se tanto ao psicólogo Donald Olding
Hebb (1904-1985) como ao médico William Osler (1849-1919) a proposição do termo
neuropsicologia. [1]

Diagrama mostrando os lobos do córtex cerebral e cerebelo.

Índice

 1História da Neuropsicologia
 2O cérebro e a localização das funções mentais
 3Avaliação neuropsicológica
 4Reabilitação neuropsicológica
 5Funções Executivas
o 5.1Lateralização dos hemisférios cerebrais
o 5.2Atenção
o 5.3Consciência
o 5.4Memória
o 5.5Linguagem
 6Neurônios-espelho
 7Exemplos de testes de avaliação que podem ser usados no contexto da
neuropsicologia
 8O neuropsicólogo na legislação brasileira
 9Ver também
 10Notas
 11Referências
 12Bibliografia complementar
 13Ligações externas

História da Neuropsicologia[editar | editar código-fonte]

Phineas P. Gage, em daguerreótipo

Como área de interface, sua história confunde-se com a história da psicologia e a da


medicina. Já eram conhecidos desde a antiguidade que pessoas que sofriam
traumatismos cranianos, muitas vezes, passavam a ter alterações em suas funções
mentais, tais como a linguagem, o pensamento e a memória, chegando mesmo a provocar
alterações profundas e duradouras no seu comportamento (alterações de personalidade).
Há indícios de sobrevivência após trepanação em crânios encontrados desde a pré história
em regiões das antigas civilizações [2][3]. O papiro de Edwin Smith[4][5], que descrevem
conhecimentos e procedimentos médicos do Antigo Egito (3.000 AEC) e atribuídos
a Imhotep, arquiteto, alto sacerdote e médico do antigo Egito, retratando alterações
comportamentais e cognitivas em pacientes com traumatismos cranianos e outras
patologias do sistema nervoso.
Outros povos da idade antiga também possuíam conhecimento de que havia uma relação
entre o corpo e o comportamento, embora houvesse divergência de qual órgão seria a
sede da alma. Os hebreus, por exemplo, defendiam a hipótese cardíaca, de que a alma
residiria no coração. Aristóteles, entre os gregos, era também partidário desta tese, e
caberia ao cérebro a função de refrigerar o sangue. Entretanto, já havia os que postulavam
que o cérebro seria a sede do pensamento. Alcmeão de Crotona, em 500 AEC, defendeu
uma relação importante entre o cérebro e os processos mentais. Cláudio Galeno, médico
de centuriões, ao estudar os ferimentos de batalha identificou que lesões no crânio eram
capazes de provocar danos de comportamento, linguagem, memória e na inteligência. A
Igreja Católica, na idade média, aceitava a tese de que o cérebro pudesse ser a sede da
alma, e destinava aos ventrículos cerebrais a nobre função de abrigar o espírito. [5]
Estudos mais recentes, de Franz Gall e Paul Broca, no século XIX AEC, associavam
regiões do cérebro como responsáveis por determinadas funções mentais; havendo algum
dano, haveria algum tipo de sintomatologia[6]. Um caso histórico emblemático das relações
entre lesão cerebral e a alteração das funções cognitivas foi o de Phineas P. Gage. Aos 25
anos de idade, era funcionário de construção de ferrovias da Rutland & Burlington. Um
acidente com explosivos, que tinha tudo para tê-lo matado, lançou uma barra de ferro que
atravessou seu crânio na região frontal, deixando-o cego do olho esquerdo, mas vivo.
Sempre dedicado, bom trabalhador e capaz, Gage teve severas alterações de
comportamento após este acidente. Tornou-se displicente, arruaceiro e briguento,
passando a ter um comportamento totalmente diferente. A literatura sugere que ele passou
a ter estas alterações duradouras em seu comportamento devido às lesões, que alteraram
o funcionamento do seu cérebro[7]. O caso de Gage é emblemático na neuropsicologia,
pois mostra as relações entre lesão cerebral e as funções cognitivas e motoras. A
mudança do comportamento de Gage é atribuído à extensa lesão no lobo frontal, uma das
regiões que regulam o controle dos impulsos. Lesões nesta área podem levar a um
comportamento egoísta e anti-social.

O cérebro e a localização das funções mentais[editar | editar


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A frenologia buscava relacionar as regiões do cérebro com funções como a comunicação e a


moralidade

No processo de desvendamento do cérebro, houve várias teorias sobre como ele deveria
funcionar. Muitas destas teorias eram concorrentes. Dentre elas, ocupa destaque na
história da neuropsicologia a disputa entre o localizacionismo versus o holismo ou
globalismo.[8]
Os globalistas defendiam que as funções mentais estariam distribuídas na massa
encefálica, sem estar situada especificamente numa ou noutra região. Elas seriam o
resultado do funcionamento do cérebro como um todo. Alguns dados de pesquisa
apoiavam esta tese, visto que a remoção de grande massa encefálica causava mais
prejuízo nas funções mentais, enquanto que a remoção de massas menores, causaria
danos menores ou parcialmente identificáveis. Por sua vez, os localizacionistas apostavam
que as funções mentais seriam o resultado do trabalho de neurônios localizados em áreas
específicas do cérebro; lesões nestas áreas causariam dano em habilidades específicas.
Os trabalhos de Paul Broca (1824-1880) identificaram uma área específica do cérebro que
processa a capacidade de comunicação verbal, que em sua homenagem foi chamada de
área de Broca. Atualmente, está prevalecendo a tese de que o cérebro possui áreas
especializadas, embora estudos mais recentes apontem que uma delimitação absoluta de
regiões cerebrais seja uma utopia.[9]
A neuropsicologia se embasa no conhecimento do funcionamento das diferentes áreas
cerebrais, buscando correlacionar na medida do possível a função à região. Essa
associação permite ao profissional compreender, por exemplo, qual pode ser a extensão
da lesão e, ao analisar uma tomografia, estimar quais funções executivas podem estar
sendo prejudicadas.

Avaliação neuropsicológica[editar | editar código-fonte]

Modelo 3D do percurso e lesão da estrutural do crânio e cérebro de Phineas Gage em exposição na


Escola de Medicina de Harvard

A avaliação neuropsicológica consiste na utilização de exame clínico, aliado a outras


ferramentas diagnósticas (exames de neuroimagem, tais como tomografia
computadorizada, ressonância magnética, SPECT (sigla para do inglês Single Photon
Emission Computed Tomography, em português do Brasil: tomografia computadorizada
por emissão de fóton único), observação do comportamento, relatos da família do
paciente e a instrumentos psicológicos, como inventários e outros testes. É um processo
complexo, que precisa ser conduzido caso a caso, escolhendo as técnicas mais
adequadas à situação real apresentada[6][10]. A avaliação neuropsicológica é o primeiro
passo para a futura reabilitação neurológica, pois irá identificar as áreas cognitivas com
maior dano e, a partir disso, será elaborado o plano de tratamento.
Como em qualquer passo de avaliação, é fundamental que o profissional conheça
aspectos relevantes da vida do paciente, pregressa ao aparecimento dos sintomas, bem
como os dados que fundamentem a formulação de hipóteses de trabalho para, em
seguida, selecionar as estratégias adequadas para a avaliação. Usualmente são avaliadas
as funções de percepção, armazenamento da informação (memória), pensamento
(cognição propriamente dita) e execução (funções executivas)[10].
Essencialmente, a avaliação psicológica não difere dos métodos desenvolvidos
pela psicometria desde as origens da psicologia ou psicologia cognitiva a não ser quanto a
especificidade de seu objeto (as funções executivas), e por estabelecer conexões entre as
funções avaliadas e a neurofisiologia. A proposição é, portanto, avaliar, identificar e
detectar a integridade das funções mentais superiores: atenção, consciência, memória,
linguagem e inteligência (principalmente através do exame de processos lógicos e
linguagem). No passado, havia um forte esforço para tentar associar, pela avaliação
neuropsicológica, um determinado déficit com uma área encefálica lesionada, mas
atualmente esta busca está em segundo plano, sendo prioridade a avaliação das funções
propriamente ditas[10] (mesmo a questão da localização cerebral de forma fixa está sendo
questionada por Miguel Nicolelis[9] e outros neurocientistas, como apontado acima).

Reabilitação neuropsicológica[editar | editar código-fonte]


Além da reabilitação motora, é fundamental planejar a reabilitação cognitiva

O processo de reabilitação após a ocorrência de perda ou prejuízo nas funções cognitivas


é fundamental, e é orientado pelos resultados derivados da avaliação neuropsicológica.
Foi após a II Guerra Mundial que o campo da reabilitação neuropsicológica passou a ser
reconhecido, haja vista o elevado número de soldados que tiveram lesão cerebral [6]. A
reabilitação pode ocorrer visando as diversas funções executivas lesadas, através do uso
de exercícios como palavras cruzadas, desenhos, jogos de memória e outros. Pode-se
dizer que a reabilitação é um processo multidisciplinar, envolvendo vários profissionais tais
como psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e fisioterapeutas, além
do médico.
A reabilitação é possível graças a um fenômeno chamado de plasticidade cerebral. O
cérebro possui uma capacidade de se autoregenerar, embora em escala modesta. Até o
início do século XIX, a maioria dos pesquisadores não acreditavam na possibilidade de
regeneração do tecido nervoso[11], especialmente no encéfalo; isto ocorria porque não
havia sido identificado nenhum fenômeno de mitose no tecido cerebral, e por causa da
citoarquitetura dos axônios, ligando-se de forma estável em rede com outros neurônios.
Atualmente, já se identificam estruturas encefálicas como o hipocampo [12] e giro denteado
relacionadas com a neurogênese. Da mesma forma, condições que afetam o hipocampo,
como por exemplo transtornos afetivos (depressão[12], transtorno afetivo bipolar e outros) e
o transtorno de estresse pós-traumático, parecem prejudicar a capacidade de produção de
novos neurônios[13].
Após uma lesão cerebral (por exemplo, acidente vascular cerebral - AVC), existe a
formação de neurônios que migram para a área lesionada, recuperando parte dos
neurônios que morreram. Além da formação de novos neurônios, existe a constante
remodelagem da ligação dos axônios: o processo de aprendizagem e as experiências
contínuas às quais os organismos estão expostos produzem alterações na quantidade e
direção das sinapses. Esta alteração permite aquilo que chamamos de aprendizagem, pois
oportuniza uma comunicação diferenciada entre os neurônios, gerando assim mais canais
de comunicação[11].
O processo de reabilitação neuropsicológica envolve estratégias múltiplas, visando facilitar
a neurogênese e a reogranização sináptica entre os neurônios. Na perspectiva da
reabilitação neuropsicológica, uma lesão cerebral, além das consequências do tipo
cognitiva pode resultar em alterações comportamentais, emocionais e psicossociais. [14].
Dieta adequada e exercícios físicos orientados, aliados à um uso das funções executivas
(pensamento, memória, atenção, linguagem, etc.) facilitam a reorganização neuronal,
recuperando parcial ou totalmente (dependendo da extensão da lesão) a função
prejudicada. Da mesma forma, comportamentos que prejudicam o funcionamento do
sistema nervoso, como uso abusivo de álcool e drogas, dificultam o processo de
regeneração neuronal, e obviamente devem ser ativamente evitados no processo de
reabilitação e posteriormente[13].
Observe-se que muitas vezes cabe ao psicólogo re-estruturar relações afetivo-familiares
ou institucionais e reorganizar hábitos que se inserem nas demandas de sobrevivência do
paciente (portador de sequelas, caracterizadas como processo
degenerativo, deficiências ou necessidades especiais) que depende de seu cuidador.[15]

Funções Executivas[editar | editar código-fonte]


Ver artigo principal: Psicologia cognitiva
Funções superiores ou executivas referem-se a um conjunto de funções mentais
responsáveis pelo processamento humano da informação. Integradas, dão as condições
de interpretação, comportamento, comunicação e relacionamento com si mesmo, o mundo
e com as outras pessoas. Podem ser definidas como as habilidades de solução de
problemas cotidianos, de forma geral [6]. Prejuízos nestas funções geram alterações de
comportamento.
A expressão "atividade nervosa superior" foi utilizada pelo fisiologista russo Ivan Pavlov [16],
no começo do século XX, para designar o que ele designava como atividade psíquica
entre funções do córtex compreendido como um conjunto de analisadores entre os quais
os correspondentes à linguagem e atividade lógica racional na espécie humana. Com o
avanço da Neurofisiologia aos pouco veio se descobrindo que muitas das funções
requeridas para a atividade racional não dependiam exclusivamente desta região e sim da
integração de áreas distintas ou do funcionamento do cérebro compreendido como um
todo, não podendo, portanto limitar-se à ação específica e localizada de alguns conjuntos
de células como por exemplo da retina e alguns neurônios do córtex visual próprios para
percepção da luz. Contudo, pode ser mais apropriado o termo funções executivas do
que função mental superior, pois esta última implicaria em contraponto com funções
mentais inferiores.
A existência das funções superiores deve-se primordialmente à ocorrência dos neurônios
de associação (também chamados de interneurônios ou neurônios internunciais). Estes
neurônios de associação, juntamente com os neurônios sensitivos (que levam ao SNC os
estímulos derivados do ambiente e/ou do próprio organismo) e os neurônios eferentes
(responsáveis pelo envio, para músculos e órgãos, de sinais oriundos no SNC) compõem
o conjunto de neurônios do sistema nervoso dos animais. São os neurônios de associação
que permitem o processamento da informação, pois comunicam-se entre si e "decidem" a
informação a ser enviada para outra região. Nos vertebrados, estes neurônios estão
presentes principalmente no encéfalo [17]
Alexander Luria [18], um importante neurofisiologista da Universidade de Moscou que deu
continuidade aos trabalhos de Pavlov à luz das novas descobertas da anatomia e
neurofisiologia cerebral, identificou três sistemas ou unidades funcionais relacionados às
funções executivas:

 Unidade para regular o sono e vigília (funções básicas);


 Unidade obter processar e armazenar informações (englobando funções como
memória, pensamento e linguagem);
 Unidade para programar, regular e verificar a atividade mental (esta última
considerada metacognição[19]).
Estes sistemas funcionam de maneira integrada, pois é a intercomunicação deste conjunto
de funções (que incluem o coma, o sono e a consciência humana), tanto quanto às
funções executivas, que permite que cérebro desempenhe adequadamente suas funções
com o próprio organismo e com o exterior.
A execução das funções mentais depende da existência e funcionamento de determinadas
regiões do cérebro. Por exemplo, a atenção e a memória estão vinculadas intimamente
com o sistema reticular ativador e o hipocampo, sem mencionar a própria córtex frontal
(relacionada com o controle dos impulsos e comportamento social), córtex sensorial e
demais engines.
A inteligência[20] é outro tópico discutido fartamente na literatura, embora careça de uma
definição precisa. A relação entre características específicas da inteligência e pensamento
se deve historicamente à frenologiade Franz Gall, revista por Paul Broca (que estabeleceu
em 1861 uma relação entre a linguagem e uma área específica do cérebro, chamada de
área de Broca).
A literatura aponta a existência de um fator "g" e "fatores" específicos ("engines")
concebidos como módulos responsáveis por habilidades gerais de processamento de
informação, tanto quanto sugere a existência de inteligências múltiplas[21].
Lateralização dos hemisférios cerebrais[editar | editar código-fonte]
Segundo Lent[8], uma grande explosão de conhecimento sobre a especialização dos
hemisférios surgiu a partir da década de 60, com pesquisas que conduziram o psicólogo
americano Roger Sperry a merecer o Prêmio Nobel de medicina e fisiologia por seus
estudos sobre a especialização hemisférica e as comissuras cerebrais (comissura
anterior, corpo caloso e comissura posterior)
Os hemisférios cerebrais possuem certo nível de especialização. Enquanto que o
hemisfério esquerdo é usualmente o dominante e está associado com as habilidades
linguísticas, análise racional, memória verbal e linguagem, o hemisfério direito controla
primordialmente a atenção, percepção, memória espacial, esquema corporal,
relacionamento social, habilidades artísticas (música) e reconhecimento de faces [22].
Atenção[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Atenção
A atenção é a capacidade para direcionar a consciência, por um período maior ou menor
de tempo, para determinado objeto ou evento[6]. Assim, está intimamente relacionada com
a consciência.
Considera-se a atenção como uma função mental que permite o funcionamento de outras,
como por exemplo a memória e a sensopercepção. Sem a atenção, outras funções
mentais que dependem diretamente do input (entrada de informação do ambiente), como a
memória, acabam ficando mais ou menos comprometidas. Sem a atenção para focar em
determinada informação, a capacidade de retenção da informação fica prejudicada.
Funcionalmente, a atenção está na dependência do sistema reticular ativador, considerado
uma unidade neurológica responsável por regular o sono e a vigília e os estados
mentais[18], e da córtex pré-frontal lateral[23]. Instrumentos de avaliação psicológica e
neuropsicológica tradicionalmente avaliam a consciência como uma das funções
superiores, tendo em vista sua relevância e interação com outros processos mentais [23].
Consciência[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: consciência
A consciência é a capacidade para manter um organismo em estado de vigília, estando
assim apto a desempenhar comportamentos motores, de comunicação e outros de forma
voluntária. A consciência, neste sentido, é compreendida como a capacidade ou estado de
"acordado", vigil, e não como uma instância moral de julgamento [nt 1]
A consciência está associada ao sono. O sono é considerado uma fase normal do
funcionamento do cérebro, associado à consolidação das memórias do dia anterior e
necessário ao restabelecimento do funcionamento cerebral.
O sono possui vários estágios, mas os dois principais consistem no sono REM, onde
ocorrem os sonhos, e o sono não-REM, onde o padrão de ondas cerebrais é diferente do
sono REM. A sigla REM significa 'rapid eye moviments', pois nesta fase os olhos
apresentam movimentos rápidos[24].
O coma é um estado de inconsciência. Pode ocorrer devido a vários fatores, tais como em
virtude de acidentes ou em patologias que afetam o cérebro. A Escala Glasgow considera
os seguintes níveis [25]:
Estupor - obnubilação
Coma Leve
Coma Moderado
Coma Profundo
Memória[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Memória
A memória é a capacidade para reter e evocar informações. Por muitos anos considerada
como um bloco, um sistema unitário, estudos conduzidos na segunda metade do século
XX apontaram que existem vários tipos de memória, tais como operacional ou de curto
prazo, memória de longo prazo, declarativa ou consciente, não-declarativa ou
inconsciente, anterógrada, retrógrada, visual, facial, auditiva (inclui verbal e musical),
corporal ou cinestésica, dentre outras [6].
Segundo Luria[18], à memória cabe a função de receber, analisar e armazenar informações.
Entretanto, nem todos os autores concordam com a memória analisando a informação,
cabendo a análise a outra função mental, o pensamento.
Segundo Kandel e Kupfermann[26], vários estudos têm mostrado que existem diferentes
tipos de processos de memória. A memória explícita inclui o aprendizado sobre pessoas
lugares e coisas passiveis de serem descritas verbalmente, daí também ser denominada
memória declarativa, uma aprendizagem que exige um conhecimento consciente. A
memória implícita, que parece depender de circuitos neuronais distintos, inclui forma de
aprendizagem perceptivo e motor, não exige o conhecimento consciente e dependem do
cerebelo e da amígdala ou para as formas simples de aprendizagem, dos sistemas
sensoriais e motores específicos a tarefa em questão [27]. O armazenamento e recuperação
de informação da memória explícita dependem do sistema do lobo temporal. Estudos
indicam que alterações ou lesões neste lobo e no hipocampo tendem a prejudicar a
memória de forma importante[28].
Linguagem[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Linguagem
A linguagem refere-se à capacidade de comunicação, especialmente na neuropsicologia e
na psicologia cognitiva, a comunicação verbal. Possui diversos componentes que podem
ser estudados, tais como o processamento fonológico, sintaxe e semântica e mesmo a
capacidade de articulação das palavras. As alterações da linguagem, genericamente
chamadas de afasias, são produtos de lesões cerebrais em áreas relacionadas com a
linguagem[6].
Alterações do Hemisfério Esquerdo
No hemisfério esquerdo situa-se as zonas da linguagem (90% dos casos) Lobos Temporal
- Parietal (sensorial)
Para Luria[18], a unidade de receber analisar e armazenar informações (córtex ocipital,
auditivo e linguagem).
Na criança avaliar relação: Linguagem - Pensamento a partir das habilidades e aquisições
psicomotoras [29]
Fases da aquisição [30]:

 1 ano - choro diferenciado [31],


 2 anos - balbucio, frases 1 palavra;
 3 - 4 anos - palavras combinadas, conceitos básicos
 5 - anos extensão do vocabulário;domínio dos sons da fala [32]
 7 anos - inclusão em classes operações concretas; desenvolvimento das noções
de tempo [33]; acaso [34]; moral [35], identidade racial
 12 anos - desenvolvimento da lógica formal e pensamento abstrato [36]
Avalia-se ainda como critério de integridade funcional do cérebro, hemisfério esquerdo ou
hemisfério dominante para linguagem e inteligência, sobretudo lógico-verbal utilizando-se
a anamnese clínica e testes específicos de avaliação da linguagem [37],[38] identificando o
perfil do sujeito e registrando-se desvios de:

 coerência no uso de regras gramaticais, sintaxe, concordância, pronomes,


representações do sujeito, orientação em tempo espaço; coerência biográfica com seu
nível educacional (básico, médio ou superior no Brasil) inclusive associando-se sua
responsabilidade social e capacidade para exercer direitos civis do modo como é
conhecido por relatos de sua história de vida;
 fluência e extensão verbal;
 integridade das estruturas lógico gramaticais (grau de alfabetização/ capacidades
básicas);
 "conhecimento" - extensão do vocabulário.
A utilização das clássicas técnicas da análise sintática, através de textos escritos implicam
na avaliação das complexas relações neurofuncionais de leitura e escrita, sujeitas inclusive
à danos específicos como a conhecida dislexia e outros, além das variantes de
condicionamento social.[39],[40]
Alterações psicopatológicas e neuro sensoriais: logorréia / mutismo; deficits de
compreensão verbal - decodificação da fala (autismo; Foco temporal EEG) Deficites de
compreensão escrita - compatíveis com grau de alfabetização - uso gramatical -
aprendizagem de idiomas, linguagem de sinais
Alterações semânticas tipo psicóticas (conteúdo de delírio); incapacidades p/ uso de
metáforas ; mussitação - fala sussurrada e sons; cantos; estereotipias; verbigeração;
afonias.[41],[42]
Alterações sintáticas (afasia de compreensão – Afasia de Wernicke/ demências);
incapacidade p/ uso de conceitos básicos = deficiência mental (sem aquisição)
incapacidade p/ uso de conceitos concreto/abstratos & amnésia = demências (perda)
lapsos repetidos - tics; coprolalia (deficiência mental e demências) repetição anormal
(resistente à lógica) = distingue-se do transtorno obsessivo-compulsivo e perversão por
relação de contexto e associação com outros sintomas
Fala: Identificam-se alterações processo de aquisição, no autismo (ritmos de canto - sons
longos substituem o balbucio; início aos 12 anos) atraso (de 2, 3 anos na deficiência
mental moderada), a língua hipotônica, frequente na Síndrome de Down concorre com
alterações de fala. Distúrbios específicos da fala como dislalia; ecolalia, tartamudez
(gagueira) galicismo, inversão/troca fonemas; afonia; estão relacionados sobretudo com
ansiedade e distúrbio de conduta / socialização. A perda do ritmo da fala é sinal preditor de
ataque AVC e outros danos cerebrais. Afasias de expressão; disartrias são sequelas
comuns a lesão parietal - pré - frontal (Área de Broca)
Falar envolve uma coordenação altamente complexa e hábil de processar e requerimentos
do banco de dados armazenados na memória. Oradores têm que planejar o que dizer e
temporariamente armazenar os planos prontos até os executar como palavras, frases, e
orações. A qualquer imediato, os indivíduos podem estar planejando o que dizer logo
enquanto executando o que foi planejado momentos mais cedo simultaneamente.
Daneman (1991) [43] assinala que a capacidade de funcionamento da memória é uma fonte
importante de diferenças individuais em fluência verbal. Ela descobriu que uma medida
construída para quantificar o processo e armazenamento funciona da memória durante a
execução de uma oração (SSP - Speaking Span Test, Teste de Extensão da fala)
correlatou estas com medidas de fluência verbal (por exemplo, número de palavras faladas
por minuto).
Alterações acima diagnosticam:

 Afasias: afasia amnésica - evocação; afasia temporal completa [44];


 Afasia temporo - occipital (Área de Wernicke) - leitura, compreensão
sintática;
 Afasia temporo - parietal decodificação auditiva;
 Anosognomia - desintegração semântica (afetivo)
 Demência abúlica
 Dislexia - Alterações do campo visual (Lobos Temporo ocipital)
 Psicoses
 Deficiência mental
Alterações do Hemisfério direito
Lobos Parietal - Temporal - Ocipital Coordenação viso – motora Destreza visual motora -
rapidez exatidão da atenção visual percepção espaço temporal - localização visualização
espacial ritmo / força * - inteligência corporal cinestésica
* excluindo danos das apraxias, hemiplegias, paresias (parestesias)
Percepção / organização musical discriminação/ elaboração - tom discriminação/
elaboração - ritmo/ harmonia
Segundo Pliszka [45] lesões no hemisfério direito podem estar associadas à: Transtorno
matemático; Dificuldade de aprendizagem não-verbal (DANV) e Transtorno de
Asperger.
Alterações nos Lobos frontais
Unidade para programar, regular e verificar atividade Capacidade de planejamento -
Integridade Funcional[18]
Essencial para funções da inteligência / raciocínio: raciocínio de senso comum
(capacidade para resolver problemas); raciocínio científico / lógico categorial - abstrato
(formulação hipóteses, teste);
Avalia-se a rapidez exatidão de cálculo;
Identifica-se ainda alterações de comportamento: introspeção hábitos auto cuidados
higiene saúde (intrapessoal); comportamento psicossocial - humor, afetividade
sexualidade (interpessoal); interespecífico - exploração ambiente (comportamento
adaptativo à ciclos sazonais e/ou ao ambiente de trabalho / escola).

Neurônios-espelho[editar | editar código-fonte]

Os neurônios-espelho são ativados de forma similar ao padrão de disparo que ocorreria se


o organismo estivesse tendo o comportamento

Existe uma classe de neurônios, espalhados pelo cérebro de primatas, que possuem a
capacidade de se ativar em resposta a um evento do mundo exterior, "reproduzindo"
do ponto de vista neurológico aquilo que está percebendo. Estudos identificaram, em
macacos e em humanos, que quando um sujeito vê outro (seja da sua espécie ou de
outra) efetuando um comportamento, como por exemplo pegar um copo d'água,
grupos de neurônios são ativados na mesma região que seria utilizada quando o
próprio sujeito efetuasse o comportamento. Assim, são conhecidos como neurônios-
espelho estes neurônios que "refletem" pela sua ativação grupos similares de
neurônios que disparam no cérebro de quem estão observando.
Os neurônios-espelho são distintos dos demais neurônios, pois não disparam quando
estão na presença de outros estímulos, como uma cadeira, comida ou outros objetos.
Segundo Destro et al.[46], eles possuem uma função essencial em comportamentos
como a imitação, a compreensão da intenção do outro e mesmo a empatia. Pode-se
pensar também que eles estão envolvidos na evolução da linguagem, e prejuízos em
seu funcionamento podem estar relacionados com transtornos invasivos do
comportamento como o autismo[47].
Embora localizados em várias regiões da córtex cerebral, os neurônios-espelho em
macacos localizam-se especialmente na área pré-motora (lobo frontal) e no lobo
parietal inferior, na região motora, que recebe muitos inputs de regiões motoras como
o sulco temporal superior[46].

Exemplos de testes de avaliação que podem ser usados


no contexto da neuropsicologia[editar | editar código-fonte]
Avaliação Neuropsicológica do Desenvolvimento - NEPSY II;
Bateria MEMO;
IOWA Gambling Task/ Children Gambling Task;
D2 - Atenção Concentrada, de 9 a 52 anos;
Escala de Avaliação de Demência (Dementia Rating Scale - DRS);
Escala de maturidade mental Colúmbia (CMMS) – de 3 anos e 6 meses a 9 anos e 11
meses, aplicação individual;
Figuras Complexas de Rey, de 4 a 7 anos, aplicação individual (Obs. Uso permitido
somente para pesquisa);
Instrumento de Avaliação Neuropsicológica Breve - Neupsilin
Matching Familiar Figures Test 20 (MFFT-20);
Instrumento de Avaliação Neuropsicológica Breve - NEUPSILIN [23]
Questionário de Memória Prospectiva e Retrospectiva (PRMG);
Teste da Torre de Londres (TOL);
Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey (RAVLT);
Teste de Atenção Visual (TAVIS-3);
Teste de Avaliação da Habilidade Visuoespacial (TAHLVES)
Teste de Inteligência Geral não Verbal – TIG - NV - de 10 a 79 anos, aplicação
individual ou coletiva;
Teste de Organização Visual Hooper;
Teste Gestáltico - Visomotor - Bender;
Teste Wisconsin de Classificação de Cartas, de 6 anos e meio a 18 anos, aplicação
individual;
TI- BAFEC - Tartaruga da Ilha - Bateria de Avaliação das Funções Executivas em
Crianças[48]
Token Test; [49]
Teste da Torre de Hanói;
WAIS - III - Escala de Inteligência Wechsler para Adultos, de 16 a 89 anos, aplicação
individual;
WISC - III - Escala de Inteligência Wechsler para Crianças, de 6 a 16 anos, aplicação
individual;
Relação de Testes Neuropsicológicos (Neuropsychological test) (en.)
O neuropsicólogo na legislação brasileira[editar | editar código-
fonte]
No Brasil, o título de Neuropsicólogo pode ser atribuído a psicólogos que tenham
comprovada formação na área e no tema, a partir de verificações de testes (como
prova) ou cursos de especialização reconhecidos pelo Conselho Federal de Psicologia
(CFP), e àqueles profissionais de outras graduações (fisioterapeutas, fonoaudiólogos,
terapeutas ocupacionais, pedagogos, biólogos, enfermeiros, entre outros) que
possuam formação específica, como cursos reconhecidos de especialização em
Neuropsicologia; porém, diferentemente do que ocorre em outros países, no Brasil
profissionais graduados em outras áreas, mas com especialização em
Neuropsicologia, têm restrição no acesso e aplicação a alguns dos testes de avaliação
neuropsicológica.
A resolução do CFP nº 013/2007 conceitua como Neuropsicólogo o "especialista em
psicologia" com competência para avaliar, acompanhar, tratar e realizar pesquisa da
cognição, das emoções, da personalidade e do comportamento sob o enfoque da
relação entre estes aspectos e o funcionamento cerebral, baseado em conhecimentos
validados das neurociências e pela prática clínica.
Embora a neuropsicologia esteja intimamente relacionada à avaliação psicológica, que
é especialidade da psicologia, não está restrita a ela. O neuropsicólogo necessita de
conhecimentos fundamentais em neurologia, neurociência, biologia, psicologia clínica,
avaliação psicológica e estatística para avaliar o paciente, conhecimentos estes que
podem ser construídos tanto pelo psicólogo como por outros profissionais,
especialmente nivelados por uma especialização em Neuropsicologia. Ao final do
processo de avaliação neuropsicológica, os resultados da avaliação são apresentados
usualmente em forma de um laudo ou parecer ao paciente ou ao profissional que o
encaminhou para avaliação. A partir destes resultados, pode-se estabelecer as
necessidades do plano de tratamento do paciente [50].
Geralmente o neuropsicólogo trabalha de forma integrada com outros profissionais,
como fisioterapeutas, fonoaudiólogos e médicos, pois como as alterações do sistema
nervoso possuem efeitos amplos, a abordagem singular usualmente não é suficiente
para abordar os aspectos afetados por uma patologia cerebral [50]. Por outro lado, os
especialistas em Neuropsicologia com formação de graduação em outra área não
diretamente relacionada à Psicologia, certamente trabalharão integrados a psicólogos.

Psiquiatria
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Ressonância Magnética do cérebrohumano
Psiquiatria é uma especialidade da Medicina que lida com a prevenção, atendimento,
diagnóstico, tratamento e reabilitação das diferentes formas de sofrimentos mentais, sejam
elas de cunho orgânico ou funcional, com manifestações psicológicas severas. São
exemplos: a depressão, o transtorno bipolar, a esquizofrenia, a demência e os transtornos
de ansiedade. Os médicos especializados em psiquiatria são em geral designados
por psiquiatras (até meados do século XX foi também comum a designação alienistas).
A meta principal é o alívio do sofrimento e o bem-estar psíquico. Para isso, é necessária
uma avaliação completa do paciente, com perspectivas biológica, psicológica e de ordem
cultural, entre outras afins. Uma doença ou problema psíquico pode ser tratado com
medicamentos ou terapêuticas diversas, como a psicoterapia, prática de maior tradição no
tratamento.
A avaliação psiquiátrica envolve o exame do estado mental e a história clínica. Testes
psicológicos, neurológicos, neuropsicológicos e exames de imagem podem ser utilizados
como auxiliares na avaliação, assim como exames físicos e laboratoriais. Os
procedimentos diagnósticos são norteados a partir do campo das psicopatologias; critérios
bastante usados hoje em dia, principalmente na saúde pública, são a CID-
10 da Organização Mundial de Saúde, adotada no Brasil, e o DSM-IV da American
Psychiatric Association.
Os medicamentos psiquiátricos são parte importante do arsenal terapêutico, o que é único
na Psiquiatria, assim como procedimentos mais raramente utilizados, muito já criticados na
história do movimento psiquiátrico, como a eletroconvulsoterapia. A psicoterapia também
faz parte do arsenal terapêutico do psiquiatra, embora também possa ser utilizada por
outros profissionais de saúde mental: Psicólogos e Psicanalistas. No entanto, a ferramenta
da psicoterapia é sempre útil para as entrevistas diagnósticas e orientações; para praticá-
la o psiquiatra deve fazer a formação complementar. Os serviços psiquiátricos podem
fornecer atendimento de forma ambulatorial ou em internamento. Em casos de sofrimento
grave do paciente e risco para si e para os outros que o cercam, a indicação de internação
pode até ocorrer de forma involuntária. Tanto a clínica quanto a pesquisa em psiquiatria
são realizadas de forma interdisciplinar.[1]
A palavra Psiquiatria deriva do Grego e quer dizer "arte de curar a alma".
Aparentemente, a Psiquiatria originou-se no século V A.C., enquanto que os primeiros
hospitais para doentes mentais foram criados na Idade Média. Durante o século XVIII a
Psiquiatria evoluiu como campo médico e as instituições para doentes mentais passaram a
utilizar tratamentos mais elaborados e humanos. No século XIX houve um aumento
importante no número de pacientes. No século XX houve o renascimento do entendimento
biológico das doenças mentais, introdução de classificações para os transtornos e
medicamentos psiquiátricos. A antipsiquiatria ou movimento anti-psiquiátrico surgiu na
década de 1960 e levou à desinstitucionalização em favor aos tratamentos na
comunidade. Estudos científicos continuam a buscar explicações para as origens,
classificação e tratamento dos transtornos mentais.
Os transtornos mentais são descritos por suas características patológicas,
ou psicopatologia, que é um ramo descritivo destes fenômenos. Muitas doenças
psiquiátricas ainda não têm cura. Enquanto algumas têm curso breve e poucos sintomas,
outras são condições crônicas que apresentam importante impacto na qualidade de vida
do paciente, necessitando de tratamento a longo prazo ou por toda a vida. A efetividade do
tratamento também varia em cada paciente.

Índice

 1A prática da psiquiatria
o 1.1Subespecialidades
 2Áreas de estudo
 3O tratamento em psiquiatria
o 3.1Avaliação inicial
o 3.2Consultas externas ou ambulatório
o 3.3Internamento psiquiátrico
 4Sistemas diagnósticos dos transtornos psiquiátricos
 5Notas e referências
 6Ver também
o 6.1Listas
 7Ligações externas
 8Bibliografia

A prática da psiquiatria[editar | editar código-fonte]


Psiquiatras são médicos especializados no cuidado da saúde mental por meio do
tratamento da doença mental[2], através do modelo biomédico de abordagem das
perturbações psíquicas, incluindo o uso de medicamentos. [3] [4] [5] Os psiquiatras e os
médicos assistentes podem realizar exames físicos, solicitar e interpretar análises
laboratoriais, eletroencefalograma (EEG) e exames como Tomografia
computadorizada(CT), Ressonância magnética (RM) e PET (Tomografia por emissão de
pósitrons). O profissional tem que avaliar o paciente em busca de problemas médicos que
possam ser a causa da perturbação mental.
Subespecialidades[editar | editar código-fonte]
Alguns psiquiatras especializam-se em certos grupos etários como pedopsiquiatras
(especialistas em crianças e adolescentes) e os gerontopsiquiatras (especialistas em
problemas psiquiátricos dos idosos). Muitos médicos que redigem laudo de sanidade
(tanto em casos civis quanto criminais) são psiquiatras forenses, que também se
especializaram no tratamento de criminosos e ou pacientes que apresentam
periculosidade.
A Associação Brasileira de Psiquiatria reconhece as seguintes subespecialidades em
psiquiatria:

 Psiquiatria da infância e adolescência ou Pedopsiquiatria.


 Psiquiatria forense.
 Psicogeriatria, Psiquiatria da terceira idade ou Gerontopsiquiatria.
 Psicoterapia.
 Interconsulta em Hospital Geral ou Psiquiatria de Ligação.
Outras estão em fase de avaliação.

Áreas de estudo[editar | editar código-fonte]


 Psicopatologia, ou ciência que estuda os comportamentos anormais.
 Emergência Psiquiátrica ou atendimento de casos críticos como doentes em crise
(psicose, tentativa de suicídio, por exemplo).
 Psiquiatria da Infância e Adolescência, que atende problemas específicos desta
faixa etária (autismo, Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade).
 Psiquiatria Geral, estudo e atendimento de casos em psiquiatria em adultos
(depressão nervosa, esquizofrenia).
 Psiquiatria da terceira idade, especializada no atendimento de problemas
como Mal de Alzheimer e manifestações psíquicas da Síndrome de Parkinson.
 Psicoterapia.
 Toxicodependência ou abuso e dependência de drogas, lícitas e ilícitas.
 Psiquiatria de ligação ou Interconsulta psiquiátrica, que diz respeito ao atendimento
de sintomas psíquicos em doenças de outros sistemas, especialmente em doentes
internados em hospitais gerais (por exemplo, delírio causado por reações
à anestesia ou à baixa oxigenação em doentes cardíacos).
 Psiquiatria forense.
 Epidemiologia psiquiátrica, que estuda risco e prevalência de doenças na
população.
 Psiquiatria Comunitária.
 Psiquiatria Transcultural ou estudo das diversas manifestações da doença psíquica
nas diferentes culturas.
Além destas, na formação do psiquiatra são também fundamentais conhecimentos
de Medicina
interna, neurologia, radiologia, psicologia, sociologia, farmacologia e psicofarmacologia..

O tratamento em psiquiatria[editar | editar código-fonte]


Ver também: História da psiquiatria
A terapêutica psiquiátrica evoluiu muito nas últimas décadas. No passado os pacientes
psiquiátricos eram hospitalizados em Hospitais psiquiátricos por muitos meses ou mesmo
por toda a vida. Nos dias de hoje, a maioria dos pacientes é atendida
em ambulatório (consultas externas). Se a hospitalização é necessária, em geral é por
poucas semanas, sendo que poucos casos necessitam de hospitalização a longo prazo.
Pessoas com doenças mentais são denominadas pacientes (Brasil) ou utentes (Portugal) e
são encaminhadas a cuidados psiquiátricos mais comumente por demanda espontânea
(doente procura o médico por si mesmo) ou encaminhadas por outros médicos.
Ocasionalmente uma pessoa pode ser encaminhada por solicitação da equipe médica de
um hospital, por internação psiquiátrica involuntária ou por solicitação judicial.
Avaliação inicial[editar | editar código-fonte]
Qualquer que tenha sido o motivo da consulta, o psiquiatra primeiro avalia a condição
física e mental do paciente. Para tal, é realizada uma entrevista psiquiátrica para obter
informação e se necessário, outras fontes são consultadas, como familiares, profissionais
de saúde, assistentes sociais, policiais e relatórios judiciais e escalas de avaliação
psiquiátricas. O exame físico é realizado para excluir ou confirmar a existência de doenças
orgânicas como tumores cerebrais, doenças da tireóide, ou identificar sinais de auto-
agressividade. O exame pode ser realizado por outros médicos, especialmente se exame
de sangue ou diagnóstico por imagem é necessário. O exame do estado mental do doente
é parte fundamental da consulta e é através dele que se define o quadro e a capacidade
do mesmo em julgar a realidade
O do tratamento requer o consentimento do paciente, embora em muitos países existam
leis que permitem o tratamento compulsório em determinados casos. Como com qualquer
outro medicamento, medicamentos psiquiátricos podem apresentar efeito colateral e
necessitar de monitoramento da droga frequente, como por
exemplo, hemograma e litemia (necessária para pacientes em uso de sal de
lítio). Eletroconvulsoterapia(ECT ou terapia de eletrochoque) às vezes pode ser
administrada para condições graves que não respondem ao medicamento. Existe muita
controvérsia sobre este tratamento, apesar de evidências de sua eficácia.
Alguns estudos pilotos demonstraram que a Estimulação magnética transcraniana
repetitiva pode ser útil para várias condições psiquiátricas (como depressão
nervosa, alucinações auditivas). No entanto, o potencial da estimulação magnética
transcraniana para a diagnóstica e terapia psiquiátrica ainda não foi comprovado, por falta
de estudos clínicos de longo prazo.[6]
Consultas externas ou ambulatório[editar | editar código-fonte]
Pacientes psiquiátricos podem ser seguidos em internamento ou em regime ambulatorial.
Neste último, eles vão às consultas no ambulatório, geralmente marcadas
antecipadamente, com duração de 30 a 60 minutos. Nestas consultas geralmente o
psiquiatra entrevista o paciente para atualizar sua avaliação do estado mental, revê a
terapêutica e pode realizar abordagem psicoterápica. A frequência com que o médico
marca as consultas varia de acordo com a severidade e tipo de cada doença.
Internamento psiquiátrico[editar | editar código-fonte]
Existem duas formas de internamento psiquiátrico, o voluntário e o compulsivo. Os
pacientes podem ser internados voluntariamente quando o quadro clínico o justifique e
este seja aceito pelo paciente. O internamento compulsivo terá lugar sempre que o
paciente seja alvo de um mandado e/ou processo de internamento compulsivo por reunir
as condições previstas na Lei de Saúde Mental (Lei nº.36/98 de 24 de Julho - Portugal) .
Os critérios para a internamento compulsivo variam de país para país, mas em geral visam
a presença de transtorno mental que coloque em risco imediato a saúde do próprio de
terceiros ou a propriedade.
Quando internados os pacientes são avaliados, monitorados e medicados por uma equipe
multidisciplinar, que inclui enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, médicos e outros
profissionais de saúde.

Sistemas diagnósticos dos transtornos


psiquiátricos[editar | editar código-fonte]
A CID-10 ou Classificação Internacional de Doenças é publicado pela Organização
Mundial de Saúde e utilizado mundialmente. Nos Estados Unidos, o sistema diagnóstico
padrão é o DSM IV ou Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders revisado
pela American Psychiatric Association (Associação Americana de Psiquiatria). São
sistemas compatíveis na acurácia dos diagnósticos com exceção de certas categorias,
devido a diferenças culturais nos diversos países. A intenção tem sido criar critérios
diagnósticos que são replicáveis e objetivos, embora muitas categorias sejam amplas e
muitos sintomas apareçam em diversos transtornos. Enquanto os sistemas diagnósticos
foram criados para melhorar a pesquisa em diagnóstico e tratamento, a nomenclatura é
agora largamente utilizada por clínicos, administradores e companias de seguro de saúde
em vários países.
Leia o texto completo de nosso comunicado.

Psicopatologia
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Psicologia

Tópicos[Expandir]

Psicologia aplicada[Expandir]
Listas[Expandir]

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 v
 d
 e

Psicopatologia é uma área do conhecimento que objetiva estudar os estados psíquicos


relacionados ao sofrimento mental. É a área de estudos que está na base da psiquiatria,
cujo enfoque é clínico. É um campo do saber, um conjunto de discursos com variados
objetos, métodos, questões: por um lado, encontram-se em suas bases as disciplinas
biológicas e as neurociências, e por outro se constitui com inúmeros saberes oriundos
da psicanálise, psicologia, antropologia, sociologia, filosofia, linguística e história.
Pode-se considerar a psicopatologia um campo de pesquisa principalmente de
psicanalistas, psiquiatras e de psicólogos clínicos. A palavra "Psico-pato-logia" é composta
de três palavras gregas: "psychê", que produziu "psique", "psiquismo", "psíquico", "alma";
"pathos", que resultou em "paixão", "excesso", "passagem", "passividade", "sofrimento", e
"logos", que resultou em "lógica", "discurso", "narrativa", "conhecimento". Psicopatologia
seria, então, um discurso, um saber, (logos) sobre o sofrimento, (pathos) da mente
(psiquê). Ou seja, um discurso representativo a respeito do pathos, o sofrimento psíquico,
sobre o padecer psíquico.[1]
A psicopatologia enquanto estudo dos transtornos mentais é referida como psicopatologia
geral. É uma visão descritiva dos comportamentos que se desviam do que é o meio-termo,
a média, isto é, do que é esperado pela racionalidade. O estudo das patologias mentais,
pode estar vinculado a uma teoria psicológica específica, por exemplo psicologia
humanista, uma área da psicologia (psicologia do desenvolvimento mental) ou mesmo a
outras áreas do conhecimento (neurologia, genética, evolução). Pode-se dizer que a
psicopatologia pode ser compreendida por vários vieses, e estes, combinados, dão
determinada leitura acerca do sofrimento mental. Essa diversidade de compreensões, ao
mesmo tempo em que mostra a complexidade da área, pode causar certa confusão;
assim, é fundamental que o interessado no estudo da psicopatologia esteja ciente de que
existem várias teorias e abordagens na compreensão dos transtornos mentais e de
comportamento.
A psicopatologia enquanto estudo e pesquisa do que é constitutivo do sujeito, do que é
universal e não desviante, é enfocado pela psicopatologia fundamental. A psicanálise se
aproxima desse enfoque ao propor a hipótese do inconsciente enquanto processo psíquico
constitutivo que permite explicar a formação de sintomas, sonhos, atos falhos. [2]
A psicopatologia como o ramo da ciência que trata da natureza essencial da doença
mental — suas causas, as mudanças estruturais e funcionais associadas a ela e suas
formas de manifestação. entretanto, nem todo estudo psicopatológico segue a rigor os
ditames de uma ciência sensu strictu. A psicopatologia em acepção mais ampla, pode ser
definida como o conjunto de conhecimento referentes ao adoecimento mental do ser
humano. É um conhecimento que se visa ser sistemático, elucidativo e desmistificante.
Como conhecimento que visa ser científico, não inclui critérios de valor, nem
aceita dogma ou verdades a priori. O psicopatólogo não julga moralmente o seu objeto,
busca apenas observar, identificar e compreender os diversos elementos da doença
mental. Além disso, rejeita qualquer tipo de dogma, seja ele religioso, filosófico, psicológico
ou biológico; o conhecimento que busca está permanentemente sujeito a revisões, críticas
e reformulações.[3]
Índice

 1Normalidade, saúde mental e psicopatologia


 2Visões sobre a psicopatologia
o 2.1Psicologia cognitiva
o 2.2Comportamentalismo (Behaviorismo)
 2.2.1Relações entre a psicologia cognitiva e o behaviorismo
o 2.3Psicanálise
o 2.4Fenomenologia
 3Sistemas de classificação dos transtornos mentais
o 3.1CID-10
o 3.2DSM-IV-TR
 4Notas
 5Referências
 6Bibliografia
 7Ver também

Normalidade, saúde mental e psicopatologia [editar | editar


código-fonte]

A normalidade muitas vezes é relacionada com aquilo que se espera encontrar numa população
como regra.

Uma das primeiras, e talvez uma das mais importantes, discussões sobre psicopatologia
diz respeito à questão da normalidade. Existem várias definições sobre o que é "normal".
Estatisticamente, normal refere-se a uma propriedade de uma distribuição que aponta uma
tendência, o que seria "mais comum" de encontrar em determinada amostra, o mais
provável (cf. distribuição normal). Assim, o normal é o que seria o mais provável de
encontrarmos numa população, o comum, o esperado.[4] Portanto, deste ponto de vista, os
comportamentos que são considerados típicos, ou seja, que são os "esperados" de se
encontrar ou de acordo com os padrões sociais aceitáveis para o agir, podem ser
considerados comportamentos "normais".[5] Nessa definição, os parâmetros da cultura
(morais) são a referência para aquilo que é o esperado em termos de comportamento, e o
que estiver fora deste padrão, já pode ser pensado como indício de patologia. A norma ou
referência da saúde mental seria um "comportamento médio" da população, e a partir
deste os comportamentos individuais poderiam ser avaliados.
Saúde, normalidade e psicopatologia são termos altamente relacionados. A psicopatologia
passa a ocorrer quando o comportamento de uma pessoa, ou eventualmente de um grupo
de pessoas, foge àquilo que é esperado como referência de determinada sociedade,
quando a pessoa passa a ter alterações importantes em relação ao comportamento que
tinha no passado, com prejuízos significativos em seu funcionamento (comportamento),
causando a si e a outros, especialmente seus familiares, acentuado grau de sofrimento.
Tem-se como expectativa que a normalidade seja o tipo de comportamento que mais
ocorre em qualquer cultura.
A saúde mental, por sua vez, seria então uma condição ideal ou desejada para que essa
normalidade possa vir a existir, com qualidade e capaz de oferecer as melhores condições
para que as pessoas vivam satisfatoriamente, produzam com eficiência e possam gozar de
certo grau de felicidade para com as pessoas próximas a si. Segundo a OMS, [6] a saúde
mental refere-se a um amplo espectro de atividades direta ou indiretamente relacionadas
com o componente de bem-estar, que inclui a definição de um estado de completo bem-
estar físico, mental e social, e não somente a ausência de doença. Este conceito engloba
não apenas o comportamento manifesto, mas o sentimento de bem-estar e a capacidade
de ser produtivo e bem adaptado à sociedade.
Considera-se a presença de alguma psicopatologia a partir de critérios diagnósticos. Esses
critérios são catalogados em manuais que apresentam o conjunto de sintomas necessários
e suficientes para que se possa considerar que alguém está apresentando algum tipo de
transtorno mental. Os critérios variam muito de grupo de transtornos (p. ex., transtornos de
humor e transtornos de ansiedade possuem diferentes critérios gerais) e dos transtornos
entre si (p. ex., transtorno depressivo maior e distimia), exigindo muitas vezes a
elaboração de um diagnóstico diferencial. O Manual Diagnóstico e Estatísticos de
Transtornos Mentais e de Comportamento da Associação Psiquiátrica Americana, quarta
edição (DSM-IV-TR), que é o manual utilizado nos Estados Unidos como referência para
entendimento e diagnóstico, define os transtornos mentais como síndromes ou padrões
comportamentais ou psicológicos com importância clínica, que ocorrem num indivíduo.
Estes padrões estão associados com sofrimento, incapacitação ou com risco de
sofrimento, morte, dor, deficiência ou perda importante da liberdade. Essa síndrome ou
transtorno não deve constituir uma resposta previsível e culturalmente aceita diante de um
fato, como o luto. Além disso, deve ser considerada no momento como uma manifestação
de uma disfunção comportamental, psicológica ou biológica no indivíduo. O DSM-IV-TR
assinala que nem comportamentos considerados fora da norma social predominante (p.
ex., político, religioso ou sexual), nem conflitos entre o indivíduo e a sociedade são
transtornos mentais, a menos que sejam sintomas de uma disfunção no indivíduo como
descrito antes.[7]
São vários os fatores que podem caracterizar um transtorno. De forma geral, considera-se
que a presença de uma psicopatologia ocorra quando houver uma variação quantitativa
em determinados tipos específicos de afetos, comportamentos e pensamentos, afetando
um ou mais aspectos do estado mental da pessoa. Neste sentido, a psicopatologia não é
um estado qualitativamente diferente da vida normal, mas sim a presença de alterações
quantitativas. Por exemplo, considera-se que a tristeza seja normal e esperada na vida de
qualquer pessoa, e é mesmo necessária em determinados momentos da vida (p. ex., em
situação de luto). Entretanto, num quadro depressivo estabelecido, a tristeza é mais
intensa e mais duradoura do que seria esperado numa situação normal e transitória.
Assim, uma situação normal e esperada torna-se patológica não por ser uma experiência
ou vivência qualitativamente diferente, mas por ser mais ou menos intensa do que se
espera em situações normais.

Visões sobre a psicopatologia[editar | editar código-fonte]


Da mesma forma que as diversas correntes da psicologia consideram as causas e
consequências do comportamento de forma diferenciada, elaborando com frequência
teorias com termos e nomenclaturas específicas,[nt 1] quando se trata da psicopatologia esta
influência se faz sentir de forma muito intensa. Os transtornos mentais são usualmente
compreendidos a partir destas teorias psicológicas, e pode ocorrer que dependendo da
teoria à qual se está tomando como referência, a linguagem e os conceitos sejam
diferentes. Para minimizar esta situação, usualmente utiliza-se uma nomenclatura
psiquiátrica mais descritiva como "fiel" ou referência para a compreensão dos transtornos
mentais.
Psicologia cognitiva[editar | editar código-fonte]
A cognição é considerada como um conjunto amplo de funções mentais, tais
como pensamento, linguagem, memória, sensopercepção, orientação, atenção e outras.
No sentido amplo, o estudo da cognição incluiria o estudo dos afetos e humores, visto que
também alteram e são afetados de forma significativa pelos processos de pensamento.
De forma genérica, a psicologia cognitiva estuda a relação que os processos cognitivos
possuem com os afetos e comportamentos, e como estes realimentam os processos
cognitivos. É amplamente confirmado que a forma como se processam as informações
vindas do ambiente direcionam a análise da realidade e a autoimagem, da mesma forma
que padrões já estabelecidos de pensamento "filtram" os dados da realidade que mais
encaixam com nossa visão de mundo. Por exemplo, uma pessoa com sintomas
depressivos tende a pensar a realidade de forma mais pessimista e limitada, o que está de
acordo com seu estado de humor que "modula" como ela percebe da realidade. Assim, os
sentimentos negativistas filtram as situações que estão relacionadas com eles (tendem a
focar mais nos problemas que nas soluções, por exemplo). Da mesma forma, padrões
aprendidos de pensamento podem favorecer que alguém foque em determinados aspectos
da realidade em sintonia com eles; uma pessoa que teve uma infância onde foi alvo de
muitas críticas por seus pais tende a perceber o ambiente de forma mais agressiva, e
espera ser criticada por outros. [8] Assim corre mais risco de desenvolver uma
psicopatologia.
Comportamentalismo (Behaviorismo)[editar | editar código-fonte]
O comportamentalismo (tradução do inglês behaviorism, comportamento) postula que o
comportamento depende em grande medida do que ocorre em função das contingências
(fatores ou variáveis) ambientais. Tendo como um dos principais expoentes B. F. Skinner,
o behaviorismo influenciou muito, e influencia ainda, a educação e a psicoterapia,
propondo intervenções que objetivem compreender e modificar o comportamento. [9]
O behaviorismo postula que o comportamento é aprendido. Desta forma, coloca grande
ênfase no ambiente como fator de organização e configuração daquilo que fazemos. O
grande elemento que define o que fazemos são as consequências; se temos tal ou qual
comportamento, o fazemos em virtude de buscar, de forma mais ou menos clara,
determinado resultado. Quanto menos compreendermos os efeitos de nossos
comportamentos, assim como os elementos que o desencadeiam (contingências),
podemos dizer que somos menos livres e menos autodeterminados. A psicopatologia pode
ser compreendida como um conjunto de aprendizagens que levaram a comportamentos
que são pouco adaptados ao contexto atual, causando respostas emocionais de
sofrimento. Portanto, a terapia pode buscar a modificação destes aprendizados, visando
um comportamento mais bem adaptado.
Relações entre a psicologia cognitiva e o behaviorismo[editar | editar código-fonte]
Uma ampla gama de psicólogos clínicos e pesquisadores efetuam uma fusão entre os
conhecimentos da psicologia cognitiva e do behaviorismo. Embora do ponto de vista
conceitual e da pesquisa esse movimento receba várias críticas (de ambos os lados, mas
talvez mais do lado behaviorista), do ponto de vista prático os psicólogos clínicos
entendem que é uma integração eficiente, pois combina teorizações e técnicas de
modificação de comportamento com estratégias de revisão e alteração de esquemas
cognitivos. Desta forma, caracteriza-se a psicologia cognitivo-comportamental como região
de interface entre as duas teorias.
Psicanálise[editar | editar código-fonte]
A psicanálise foi uma das primeiras teorias com aspecto científico que objetivou
compreender o fenômeno da psicopatologia. Fundada por Sigmund Freud, postulava que o
comportamento era em grande medida determinado pelos aspectos inconscientes da
personalidade. Desta forma, o homem possui menos controle sobre os seus atos do que
gosta de acreditar que tem, e esse pode ser um fator relacionado com o surgimento e a
manutenção dos transtornos mentais.[nt 2]
Não existe uma forma única de compreender a psicopatologia pela visão psicanalítica. O
tema é complexo por, pelo menos, duas razões: à medida em que Freud foi avançando em
sua elaboração sobre o funcionamento psíquico, foi incorporando e integrando conceitos.
Um segundo fator é que por psicanálise entende-se uma gama ampla de formulações
teóricas sobre o inconsciente; neste sentido, há autores que são entendidos como
psicanalíticos (como Anna Freud, Melanie Klein e Jacques Lacan) e outros, dissidentes,
que aproveitaram alguns aspectos da psicanálise freudiana e organizaram suas
formulações (como Wilhelm Reich, Alfred Adler e Carl Gustav Jung).
Abordando a conceitualização psicanalítica clássica, pode-se dizer que o inconsciente, em
interação com o pré-consciente e consciente, seriam as instâncias psíquicas responsáveis
pelo funcionamento adequado ou patológico. Na medida em que há conteúdos
inconscientes reprimidos, ou recalcados, que estão por alguma razão proibidos de vir à
consciência, esta pressão poderia ser geradora de sofrimento. Se esse impedimento for
muito forte ou prolongado, há chances de ocorrer o desenvolvimento de patologias.
Fenomenologia[editar | editar código-fonte]
Karl Jaspers afirmava que o objetivo da fenomenologia é "sentir, apreender e refletir sobre
o que realmente acontece na alma do homem". No entanto, a psicopatologia é a própria
razão de existir da psiquiatria, sua disciplina fundamental, básica, nuclear. Para Jaspers, a
psicopatologia tem por objetivo estudar descritivamente os fenômenos psíquicos anormais,
exatamente como se apresentam à experiência imediata, buscando aquilo que constitui a
experiência vivida pelo enfermo.
A psicopatologia se estabelece através da observação e sistematização de fenômenos do
psiquismo humano e presta a sua indispensável colaboração aos profissionais que
trabalham com saúde mental, em especial os psiquiatras, os psicólogos, os médicos de
família e os neurologistas clínicos. Pode estar fundamentada na fenomenologia (no sentido
de psicologia das manifestações da consciência), em oposição a uma abordagem
estritamente médica de tais patologias, buscando não reduzir o sujeito a conceitos
patológicos, enquadrando-o em padrões baseados em pressupostos e preconceitos.
Autores como Karl Jaspers[10] e Eugène Minkowski[11] buscam uma ponte possível entre a
psicopatologia descritiva e a fenomenológica. Diferentemente de outras especialidades
médicas, em que os sinais e sintomas são ícones ou índices, a psiquiatria trabalha
também com símbolos. Posto isso, o pensamento, a sensibilidade e a intuição ainda são, e
sempre serão, o instrumento propedêutico principal do psiquiatra, pois que, sem a
homogeneidade conceitual do que seja cada fato psíquico não há, e não haverá,
homogeneidade na abordagem clínico-terapêutica do mesmo. Essa seria uma tarefa do
terapeuta: mergulhar nos fenômenos que transitam entre duas consciências, a nossa, a do
psiquiatra/pessoa e a do outro, a do paciente/pessoa. Deixar que os fenômenos se
fragmentem, que suas partes confluam ou se esparjam, num movimento próprio e
intrínseco a eles. Cabe ao profissional efetuar uma leitura da configuração final desse jogo
estrutural, sem maiores pressupostos ou intencionalidade, e com procedimentos
posteriores de verificação.

Sistemas de classificação dos transtornos mentais [editar | editar


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As manifestações psicopatológicas podem ser classificadas de diversas maneiras:, por
etiologia (a exemplo das orgânicas e psicológicas), por tipo de alteração (a exemplo
da neurose e psicose que considera a relação com a consciência como perda de contato
com a realidade na concepção psicanalítica desta), etc. A categoria de classificação possui
fins estatísticos ou seja de tabulação de prontuários em serviços de saúde, atestados,
declarações de óbito. Entre as mais conhecidas estão a CID (Classificação Internacional
das Doenças e de Problemas relacionados à Saúde que está na 10.ª revisão e se inciou
em 1893) e o DSM (referente ao Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais,
uma publicação da American Psychiatric Association, Washington D.C., sendo a sua 4.ª
edição conhecida pela designação “DSM-IV-TR”[7]). A CID-10[12] é a classificação usada no
Brasil nos serviços de saúde para referenciar todos os quadros de enfermidades e
doenças, inclusive os transtornos mentais. O DSM-IV-TR é também bastante utilizado para
fins de diagnóstico, pois permite uma avaliação multiaxial do paciente.
A importância dos sistemas de classificação reside no fato de que propõe categorias
diagnósticas, visando diferenciar os diversos quadros relacionados aos transtornos
mentais, pela separação em grandes grupos de patologias. A CID-10 e o DSM-IV-TR são
sistemas diferentes, propostos respectivamente pela Organização Mundial da Saúde e
pela American Psychiatric Association (APA), e possuem diferentes formas de
classificação. Tanto a CID-10 quanto o DSM-IV-TR são sistemas de classificação a-
teóricos, ou seja, não estão vinculados direta ou exclusivamente a uma teoria psicológica
(p. ex., psicanálise, cognitivismo, humanismo) na explicação da gênese, manutenção e
tratamento dos sintomas. Esta visão a-teórica permite que os sistemas sejam utilizados,
virtualmente, por todos os profissionais da saúde.
CID-10[editar | editar código-fonte]
A CID-10 apresenta um caráter descritivo por diagnóstico, com os principais aspectos
clínicos e outros associados, mesmo que menos importantes. Fornece diretrizes
diagnósticas que são as orientações que visam auxiliar o profissional a avaliar o conjunto
de sinais e de sintomas apresentados pelo paciente. [12]
Pode-se conferir aqui a lista completa do capítulo da CID-10 referente aos transtornos
mentais e de comportamento.
De forma resumida, o capítulo V da CID-10 que corresponde aos Transtornos Mentais e
Comportamentais inclui as seguintes categorias de classificação:
F00-F09 – Transtornos mentais orgânicos, inclusive os sintomáticos.
F10-F19 – Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de substancias
psicoativas.
F20-F29 – Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e delirantes.
F30-F48 – Transtorno do humor (afetivos).
F40-F48 – Transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o estresse e transtornos
somatoformes.
F50-F59 – Síndromes comportamentais associadas com distúrbios fisiológicos e a fatores
físicos.
F60-F69 – Transtorno de personalidade e do comportamento do adulto.
F70-F79 – Retardo Mental.
F80-F89 – Transtornos do desenvolvimento psicológico.
F90-F98 – Transtornos do comportamento e transtornos emocionais que aparecem
habitualmente na infância e adolescência.
DSM-IV-TR[editar | editar código-fonte]
O DSM-IV-TR é um sistema diagnóstico definido como multiaxial. Isso significa que ele
avalia vários fatores, ou "eixos" (axis) do comportamento, buscando uma compreensão
que vai além do simples diagnóstico do transtorno mental atual.
São os cinco eixos de avaliação do DSM-IV-TR (p. 59-69): [7]

Eixo O que avalia Descrição

Eixo Transtornos Clínicos Apresenta os transtornos mentais e de comportamento e


Outras condições que
I podem ser foco de outras condições que podem ser foco de atenção do clínico.
atenção clínica

Transtornos de
Eixo Apresenta eventual presença de transtorno de personalidade
Personalidade
II e/ou a ocorrência de retardo mental.
Retardo Mental

Relata possíveis condições médicas associadas e/ou


Eixo Condições Médicas
concomitantes aos transtornos mentais avaliados que podem,
III Gerais
ou não, aumentar os sintomas do paciente.

Apresenta fatores sociais, ambientais, de trabalho, etc.,


Eixo Problemas Psicossociais
associados aos transtornos mentais e que podem aumentar ou
IV e Ambientais
reduzir a intensidade dos sintomas dos eixos I ou II.

Escore de avaliação do funcionamento do paciente no


Eixo Avaliação Global do momento da avaliação. Valor 0 (zero) para informações
V Funcionamento (AGF) inadequadas, 100 (cem) para funcionamento superior e, entre
1 e 99, valores intermediários de intensidade de sintomas.

Organização geral das categorias do DSM-IV-TR:[7]

 1. Transtornos geralmente diagnosticados pela primeira vez na infância ou na


adolescência
 2. Delirium, demência, transtorno amnéstico e outros transtornos cognitivos
 3. Transtornos mentais causados por uma condição médica geral
 4. Transtornos relacionados a substâncias
 5. Esquizofrenia e outros transtornos psicóticos
 6. Transtornos do humor
 7. Transtornos de ansiedade
 8. Transtornos somatoformes
 9. Transtornos factícios
 10. Transtornos dissociativos
 11. Transtornos sexuais e da identidade de gênero
 12. Transtornos da alimentação
 13. Transtornos do sono
 14. Transtornos do controle do impulso não classificados em outro local
 15. Transtornos de adaptação
 16. Transtornos de personalidade
 17. Outras condições que podem ser foco de atenção clínica

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