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Previdenciária e Contratos
Autora
2008
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.iesde.com.br
© 2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos
direitos autorais.
ISBN: 978-85-7638-822-7
CDD 341.67
2.ª reimpressão
Contratos de trabalho | 23
Configuração do vínculo empregatício | 23
Modalidades de contrato de trabalho | 24
Trabalho do menor | 28
Trabalho da mulher | 29
Duração do trabalho | 37
Jornada normal | 37
Prorrogação e compensação de jornada | 41
Gabarito | 153
Referências | 157
Anotações | 159
* Mestre pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Consultora Jurídica Empresarial nas áreas de Direito do Trabalho e Direito
Previdenciário. Professora universitária de Direito Previdenciário e Direito do Trabalho. Professora da EMATRA/PR, ESMAFE/PR e Escola Superior
de Advocacia da OAB/PR. Advogada.
possui o poder de escolha que, contudo, deve se restringir especificamente à função desenvolvida pelo
candidato. Assim, não constitui critério discriminatório a contratação de pessoas do sexo feminino para
trabalhar cuidando de senhoras idosas ou mesmo a exigência de exame toxicológico para alguém
que se candidate à vaga de motorista de ônibus interestadual, sendo essas situações peculiares ao
desenvolvimento da atividade na empresa, requerendo o cargo oferecido aptidões adequadas ao seu
exercício.
O que não é admissível no momento da contratação, portanto, é a forma discriminatória de esco-
lha, sem a expressão lógica dos motivos que limitam o acesso ao trabalho, considerando tão-somente
o entendimento subjetivo do empregador e não permitindo o tratamento igualitário das pessoas. O
poder diretivo do empregador possibilita, sim, a liberdade de contratação, de forma que permita à em-
presa buscar tanto trabalhadores com capacidade profissional adequada à atividade como com carac-
terísticas pessoais que auxiliem sua adaptação ao quadro funcional já existente; entretanto, esse poder
diretivo fica limitado a atos discriminatórios, o que de forma alguma pode vir a ser permitido.
Documentação necessária
Encerrada a fase inicial de recrutamento e seleção de candidatos, a empresa deverá solicitar do
futuro empregado, antes do início das atividades profissionais, a Carteira de Trabalho e Previdência So-
cial (CTPS), para que nela sejam anotadas as condições do trabalho pactuadas entre as partes.
O início da prestação dos serviços sem a apresentação prévia da CTPS somente é permitido se,
na localidade de contratação, não houver serviço regular de emissão de carteiras. Hipótese em que a
empresa deverá fornecer ao trabalhador um documento contendo a data de contratação, a natureza do
emprego, o salário ajustado e a forma de pagamento. O trabalhador, por sua vez, deverá obter a CTPS
no prazo máximo de 30 dias, apresentando-a ao empregador, sob pena de suspensão do exercício do
emprego ou da atividade (CLT, art. 13, §§3.º e 4.º).
Além da CTPS, a empresa poderá também exigir documentos de identificação pessoal, como Re-
gistro de Identidade, CPF, carteira de habilitação, registro em conselhos de classe (CREA, OAB, CRO etc.),
fotografia e outros necessários ao preenchimento da ficha de registro. É importante que o trabalhador
apresente a Certidão de Nascimento de filhos menores de 14 anos, para fins de obtenção do benefício
previdenciário de salário-família, bem como a relação de dependentes para fins de Imposto de Renda.
A empresa poderá reter esses documentos pelo prazo máximo de cinco dias, a fim de que possa ex-
trair deles os dados necessários, devolvendo-os ao empregado, ainda que se trate de fotocópia. A Lei
5.553/68 determina, inclusive, constituir contravenção penal, punível com pena de prisão simples de
um a três meses ou multa, a retenção por prazo superior ou indevida dos documentos pessoais. Por tal
razão, é aconselhável manter na pasta funcional do trabalhador um recibo de entrega e devolução de
documentos, para apresentação em caso de fiscalização ou reclamatória judicial.
Nada impede, entretanto, que o empregador providencie, as suas custas, fotocópias dos docu-
mentos apresentados pelo trabalhador, para seu arquivo e guarda.
O sistema informatizado deve conter, ainda, rotinas auto-explicativas para facilitar o acesso e o
conhecimento dos dados registrados, além de possibilitar à fiscalização o acesso imediato às informa-
ções e aos dados dos últimos 12 meses, conforme disposições da Portaria MTE 41/2007.
A anotação das informações na CTPS é também obrigatória, devendo a empresa observar o prazo
de 48 horas para devolução do documento (CLT, art. 29). Nesse documento devem constar os dados
relativos ao contrato de trabalho, como a data de admissão, o tipo de remuneração, a forma de paga-
mento, a função e a condição específica, se houver.
Caso seja o contrato pactuado por prazo determinado, é recomendável uma menção a respeito
na parte da CTPS chamada “Anotações Gerais”.
A parte da CTPS destinada à identificação da conta vinculada do Fundo de Garantia do Tempo
de serviço (FGTS) não necessita ser preenchida pelo empregador, uma vez que a Constituição Federal
(CF) de 1988 determinou a obrigatoriedade do FGTS para todos os empregados e por se encontrarem
as contas centralizadas na Caixa Econômica Federal. Os modelos de CTPS, aprovados pela Portaria do
Ministro de Estado do Trabalho e Emprego 44/97, inclusive, não contêm espaço próprio para essa ano-
tação, permanecendo as páginas próprias apenas nas carteiras mais antigas.
Já a anotação referente à contribuição sindical permanece como procedimento obrigatório do
empregador, conforme artigo 601 da CLT. Como as novas Carteiras de Trabalho não contêm espaço pró-
prio destinado a tal finalidade, recomenda-se que o empregador o faça na parte de “Anotações Gerais”
até que a legislação determine procedimento diverso.
As anotações referentes à atualização de dados na CTPS (por exemplo, salário, férias, função e
contribuição sindical) deverão ser feitas seguidamente, sem abreviaturas, ressalvando-se no fim de cada
assentamento as emendas, entrelinhas e quaisquer circunstâncias que possam ocasionar dúvidas nas
seguintes ocasiões (CLT, arts. 29, §1.º, e 33):
::: na data-base;
::: a qualquer tempo, por solicitação do trabalhador;
::: no caso de rescisão contratual ou necessidade de comprovação perante a Previdência Social.
Cumpre ressaltar, por fim, que anotações incorretas ou falsas e também a ausência de anotação
das condições contratuais na CTPS são práticas que configuram crime de falsificação de documento
público, tipificado no artigo 297 do Código Penal (CP), com pena de reclusão variável entre dois e seis
anos, além de multa.
Vale-transporte
O vale-transporte constitui um benefício que o empregador, pessoa física ou jurídica, antecipará
ao empregado para utilização efetiva em despesas de deslocamento residência–trabalho e vice-versa,
por meio do sistema de transporte coletivo público, urbano, intermunicipal ou interestadual com carac-
terísticas semelhantes aos urbanos. Entendendo-se como deslocamento a soma dos segmentos com-
ponentes da viagem do beneficiário, por um ou mais meios de transporte, entre sua residência e o local
de trabalho.
Se fornecido e utilizado corretamente, o valor correspondente não terá natureza salarial, não in-
corpora a remuneração do trabalhador, não constitui base de incidência da contribuição previdenciária
ou fundiária (FGTS) e não representa rendimento tributável para fins de Imposto de Renda.
São beneficiários do vale-transporte os trabalhadores em geral e os servidores públicos federais,
tais como:
::: os empregados celetistas;
::: os empregados domésticos;
::: os trabalhadores de empresas de trabalho temporário;
::: os empregados em domicílio;
::: os empregados do subempreiteiro, em relação a este e ao empreiteiro principal;
::: os atletas profissionais (Lei 6.354/76);
::: os servidores da União, do Distrito Federal, dos territórios e suas autarquias, qualquer que seja
o regime jurídico, a forma de remuneração e da prestação de serviços.
Para receber o benefício, o trabalhador deverá informar ao empregador, por escrito e em docu-
mento próprio (Termo de Opção pelo Vale-Transporte), seu endereço residencial e os meios de trans-
porte que serão utilizados para seu deslocamento. Se não desejar utilizar o benefício, deverá expressar
essa não opção no referido documento. A declaração falsa e o uso indevido do vale-transporte consti-
tuem falta grave, ensejando dispensa por justa causa.
Estão desobrigadas do fornecimento de vale-transporte aos seus empregados as empresas que
por meios próprios ou contratados, através de veículos adequados ao transporte coletivo, proporcio-
narem a estes o deslocamento entre sua residência e o local da prestação de serviços e vice-versa. No
entanto, caso o empregador forneça transporte próprio ou fretado que não cubra integralmente o des-
locamento ou trajeto do trabalhador, o vale-transporte será obrigatoriamente concedido para o percur-
so não abrangido pelo transporte próprio (Decreto 95.247/87, art. 4.º).
O vale-transporte será custeado pelo beneficiário (empregado) na parcela equivalente a 6% (seis
por cento) de seu salário básico ou vencimento, excluídos quaisquer adicionais ou vantagens, indepen-
dentemente dos dias úteis (dias de trabalho) contidos no mês em questão (Lei 7.418/85, art. 4.º, pará-
grafo único e Decreto 95.247/87, art. 9.º).
Exemplo:
::: salário mensal do empregado = R$600,00
::: dias de trabalho no mês = 22 dias
::: número e tipo de transporte utilizado no percurso residência–local de trabalho = 2 ônibus
::: vales-transporte fornecidos = 88 (4 vales por dia)
::: valor da tarifa = R$2,00
::: total gasto pelo empregador na aquisição dos vales = R$176,00
::: valor a ser descontado do empregado = R$36,00 (6% de R$600,00)
Exemplo:
::: salário mensal do empregado = R$3.600,00
::: dias de trabalho no mês = 22 dias
::: número e tipo de transporte utilizado no percurso residência–local de trabalho = 2 ônibus
::: vales-transporte fornecidos = 88 (4 vales por dia)
::: valor da tarifa = R$2,00
::: total gasto pelo empregador na aquisição dos vales = R$176,00
::: valor a ser descontado do empregado = R$176,00 (total gasto com os vales) porque 6% do
salário contratual resulta quantia superior (R$216,00).
A base de cálculo para determinação da parcela a cargo do beneficiário será (Decreto 95.247/87,
art. 12):
::: o salário básico ou vencimento mensal do empregado, excluindo-se as horas extras, adicio-
nais noturnos, adicionais de insalubridade ou periculosidade, gratificações, anuênios, qüin-
qüênios, demais adicionais ou vantagens por este recebidas;1
::: o montante percebido no período, para os trabalhadores remunerados por tarefa ou serviço
feito ou quando se tratar de remuneração constituída de comissões, percentagens, gratifica-
ções, gorjetas ou equivalentes.
Tratando-se de empregados horistas, a base de cálculo utilizada deverá ser o total de horas efeti-
vamente trabalhadas durante o mês, ou seja, duzentas e vinte horas ou duzentas e vinte e sete horas e
vinte minutos, conforme o número de dias no mês (30 ou 31 dias, respectivamente).
1 Horas extras: horas trabalhadas além da jornada normal diária e remuneradas com acréscimo mínimo de 50%, em relação ao valor da hora
normal.
Adicional noturno: adicional de 20% incidente sobre a hora normal, pago quando o trabalhador efetua as atividades no período das 22h00 às
05h00.
Adicional de insalubridade: percentual variável conforme o grau de risco verificado no ambiente de trabalho (10%, 20% ou 40%), incidente
sobre o salário-mínimo ou o piso salarial da categoria, devido quando o local de trabalho é nocivo à saúde.
Adicional de periculosidade: percentual de 30%, incidente sobre o salário contratual, devido quando o local de trabalho coloca em risco a vida
do trabalhador.
Gratificação: valor geralmente pago para gratificar um determinado cargo, o cumprimento de metas de produção ou o tempo de serviço.
Anuênio: geralmente consta em documentos coletivos (acordos coletivos ou convenções coletivas) e corresponde a um valor ou percentual
incidente sobre o salário, para cada ano completo de serviço.
Qüinqüênio: geralmente consta em documentos coletivos (acordos coletivos ou convenções coletivas) e corresponde a um valor ou percentu-
al incidente sobre o salário, para cada cinco anos completos de serviço.
Cumpre ao empregador observar que o repouso semanal remunerado é parte integrante do sa-
lário do empregado horista, e, portanto, se remunerado separadamente do salário mensal, deverá ser
somado ao mesmo, compondo, dessa forma, a base de cálculo para o desconto acima referido.
Em face do exposto, a base de cálculo para a apuração dos 6% (seis por cento) a serem custeados
pelo empregado somente será inferior ao salário básico mensal deste em duas hipóteses:
::: quando o valor dos vales-transporte (total fornecido) for inferior a 6% do salário básico, sendo
descontado do beneficiário, portanto, o total dos vales fornecidos.
::: quando o empregado sofrer redução de salário motivada, por exemplo, por faltas injustifica-
das, oportunidade em que há de se verificar o período a que ele (o salário) se refere, despre-
zando-se, portanto, o seu valor total mensal.
Em se tratando de empregados que recebam salário fixo mais comissões, a base de cálculo uti-
lizada deverá ser a soma das duas parcelas (fixo mais comissões percebidas no mês), tendo em vista a
natureza salarial das comissões (CLT, art. 457, §1.º).
2 Cartórios são locais onde se guardam documentos, títulos ou papéis. Consórcio de empresas, conforme De Plácido e Silva (1987, p. 389), é
“uma das muitas modalidades de cooperação econômica, em virtude da qual as empresas associadas regulam entre si a maneira de executar
as suas operações, alienando, por ela, parte de sua autonomia econômica, pois que ficam, neste particular, sob a dependência da direção do
consórcio”.
::: trabalhadores avulsos, aqueles que prestam serviços de natureza urbana ou rural a diversas em-
presas, sem vínculo empregatício, com a intermediação obrigatória do órgão gestor de mão-
de-obra, nos termos da Lei 8.630, de 25 de fevereiro de 1993, ou do sindicato da categoria;
::: trabalhadores com contrato de trabalho por prazo determinado, regidos pela Lei 9.601, de 21
de janeiro de 1998;
::: aprendiz contratado nos termos do artigo 428 da CLT, regulamentado pelo Decreto 5.598, de
1.º de dezembro de 2005;
::: trabalhadores com contrato de trabalho por tempo determinado, regidos pela Lei 8.745, de 09
de dezembro de 1993;
::: trabalhadores regidos pelo Estatuto do Trabalhador Rural (Lei 5.889, de 8 de junho de 1973);
::: trabalhadores com contrato de trabalho por prazo determinado, regidos por Lei Estadual;
::: trabalhadores com contrato de trabalho por prazo determinado, regidos por Lei Municipal;
::: servidores e trabalhadores licenciados; e
::: servidores públicos cedidos e requisitados.
O sindicato ou órgão gestor de mão-de-obra, ou a empresa contratada que no ano-base congre-
gou trabalhadores avulsos, deverá fornecer as informações referentes a esses trabalhadores, além das
relacionadas com seus próprios empregados. Em razão disso, a empresa tomadora desses serviços não
deve declarar esses trabalhadores em sua RAIS.
Os trabalhadores aprendizes, contratados pelas entidades sem fins lucrativos (CLT, art. 430, II) nos
termos do artigo 431 da CLT, com exercício de atividades práticas em outra empresa, devem ser infor-
mados na RAIS declarada pela entidade contratante respectiva. Nesse caso, a empresa onde o aprendiz
exerce as atividades práticas da aprendizagem não deve declarar esse aprendiz na sua RAIS.
Os servidores que foram cedidos (ou requisitados) devem ser declarados na RAIS tanto pelo ór-
gão cedente (ou requisitor) quanto pelo cessionário (ou requisitado), inclusive com as remunerações de
cada vínculo, se houver.
Texto complementar
Admissão de pessoal
(OLIVEIRA, 2005, p. 25-27)
Admissão de candidatos
Partindo do ponto de vista de que uma empresa tem necessidade de obter informações a
respeito daqueles que se candidatam à obtenção dos empregos que oferece, o recrutamento do
pessoal obedece às seguintes etapas: inicialmente, faz-se o anúncio através de jornais, internet, re-
vistas especializadas, tabuletas com denominação de cargos, deixada em lugar visível, através de
agências de emprego ou site eletrônico.
As grandes empresas têm seu departamento de recrutamento e seleção, onde trabalham
psicólogos, entrevistadores, aplicadores de teste psicotécnicos etc. Esses profissionais cuidarão das
etapas seguintes.
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Admissão de empregados | 17
Já a pequena e a média empresas precisam adotar outros meios, pois não têm um departa-
mento específico para esse trabalho. Geralmente, o candidato, ao ser admitido, é entrevistado pelo
responsável de recursos humanos e pelo superior imediato da seção onde irá trabalhar. Além da
entrevista e dos registros na carteira de trabalho, que é a primeira referência do candidato, faz-se
necessário buscar maiores informações, como:
::: apresentar solicitação de emprego para que o candidato preencha. Após o preenchimen-
to, comparar os mencionados na solicitação com sua carteira de trabalho;
::: ler e observar o curriculum vitae que o candidato com mão-de-obra qualificada geralmen-
te apresenta por meio de correio, pessoalmente ou e-mail.
A seguir, apresentamos um modelo de solicitação de emprego.
Registro de empregados
A empresa regida pela CLT, ao admitir um empregado, deverá registrá-lo no livro, na ficha ou
no sistema eletrônico. O livro ou a ficha serão autenticados pelo fiscal do trabalho, quando da fis-
calização no estabelecimento empregador, não sendo necessária a autenticação para as empresas
que optarem pelo sistema informativo de registro de empregados, conforme Portaria 3.626/91 com
a nova redação dada pela Portaria 739, de 29 de agosto de 1997 (DOU de 05 de setembro de 1997).
O prazo para registro na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado é de 48 horas, con-
forme artigo 29 da CLT. O empregado entregará a documentação, mediante recibo; a empresa, ao
devolvê-la, passa novo recibo que comprove a devolução.
Proposta de Emprego
Todos os pedidos devem ser feitos nesta fórmula. O candidato deverá preencher o questionário com precisão e com
sua própria letra. Qualquer informação suplementar de natureza comercial, técnica, sobre habilitação ou instrução, não
prevista neste impresso, deverá ser fornecida a pedido da firma.
Estado Civil: _ ___________Idade: _____ anos. Nacionalidade: _ ______________ Lugar do Nascimento: _ ___________
DOCUMENTOS
Profissional n.: _ _________________ Série:______ Data: ___/___/___ Identidade n.: _ __________ CIC n.:___________
Reservista n.: _ _____________ Categoria: _______ R. M.: __________ Cadastro PIS-PASEP n.: _____________________
INSTRUÇÃO
Grau Máximo Atingido: __________ Ano de Graduação: _ _________ Nome da Escola: __________________________
Tem Curso Superior? _________ Qual? ____________________________ Tem diploma oficializado? _______________
OCUPAÇÕES ANTERIORES
REFERÊNCIAS E APRESENTAÇÕES
Está empregado? ________ Sendo afirmativo, pretende trocar de emprego? _______ Quanto ganhava? ____________
_____________________________ _ _______________________________________________
Recebemos a Carteira de Trabalho e Previdência Social acima, para anotações necessárias e que será devolvida den-
tro de 48 horas, de acordo com as disposições legais vigentes.
________________________________________________________
Empregador
Recebi em devolução a Carteira de Trabalho e Previdência Social acima, com as respectivas anotações.
________________________________________________________
Empregado
Documentação
A seguir, menciona-se uma série de documentos que serão exigidos do candidato para que
se proceda o seu registro:
::: Carteira de Trabalho e Previdência Social;
::: Cédula de Identidade;
::: Título de Eleitor;
::: Certificado de Reservista;
::: “Menor Estudante”, (declaração da escola que confirme estar freqüentando algum curso);
::: Cadastro de Pessoa Física (CPF);
Atividades
1. Assinale a alternativa correta quanto ao processo de recrutamento e seleção de candidatos.
a) Por não se configurar ainda uma relação contratual entre a empresa e o candidato, a fase de
recrutamento e seleção não apresenta riscos de reclamatórias trabalhistas à empresa contra-
tante.
b) Determinada empresa, em teste admissional, solicitou a elaboração de fluxogramas, os quais
seriam aproveitados para atender um cliente. Tal procedimento poderá acarretar problemas à
empresa na Justiça do Trabalho.
c) A Constituição da República proíbe a discriminação de qualquer natureza. Por tal razão, não se
pode, em nenhuma hipótese, definir um sexo específico para qualquer vaga ofertada.
d) O momento da contratação permite que a empresa selecione, dentre os candidatos, aquele
que esteja dentro do perfil adequado e condizente com sua política. Um dos itens expressa-
mente avaliados poderá ser a restrição cadastral do candidato junto às instituições bancárias
e ou de crédito.
1 Pagamento em dinheiro.
Contrato de aprendizagem
Trabalhador aprendiz é aquele com idade entre 14 e 24 anos que freqüenta curso técnico-profis-
sional por meio de programa de aprendizagem oferecido por entidades qualificadas para essa finalida-
de, quais sejam:
::: os Serviços Nacionais de Aprendizagem (Senai; Senac; Senar; Senat; e Sescoop);
::: as escolas técnicas de educação, inclusive as agrotécnicas; e
::: as entidades sem fins lucrativos que tenham por objetivos a assistência ao adolescente e à
educação profissional, registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adoles-
cente (CLT, art. 430, II).
Esses trabalhadores aprendizes devem ser obrigatoriamente contratados pelas empresas, man-
tendo com estas um contrato de aprendizagem de duração não superior a dois anos e pelo qual o
empregador se compromete a assegurar ao aprendiz uma formação metódica compatível com o seu
desenvolvimento físico, moral e psicológico.
Nos termos da Lei 10.097/2000, os estabelecimentos de qualquer natureza se encontram obriga-
dos a empregar e matricular nos cursos dos Serviços Nacionais de Aprendizagem número de aprendizes
equivalente a 5% (no mínimo), e 15% (no máximo), dos trabalhadores existentes em cada estabeleci-
mento, cujas funções demandem formação profissional.
O cálculo do número de aprendizes a serem contratados deverá ter por base o total de trabalha-
dores existentes em cada estabelecimento, cujas funções demandem formação profissional, excluindo-se
aquelas:
::: desenvolvidas em ambientes que comprometam a formação moral do adolescente;
::: cuja presunção de insalubridade ou periculosidade, relativa ao serviço ou local de trabalho,
não possa ser elidida (eliminada);
Os serviços executados por trabalhadores terceirizados deverão ser computados na cota da em-
presa prestadora de serviços e as frações de unidade darão lugar à admissão de um aprendiz.
Celebração do contrato2
O contrato entre as partes (empresa e aprendiz) deve ser celebrado por escrito, contendo a assi-
natura do trabalhador (e seu responsável legal, se menor de 18 anos) e com duração máxima de dois
anos.
Na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) do aprendiz, deverá ser anotada, na parte
chamada “Anotações Gerais”, a existência do contrato de aprendizagem, bem como a função e o pra-
zo do aprendizado, sob pena de ser considerado inválido o contrato. Também a parte de “Contrato de
Trabalho” deverá ser preenchida.
A validade do contrato de aprendizagem vincula-se não somente à anotação da CTPS, mas tam-
bém à matrícula e freqüência do aprendiz à escola (caso não haja concluído o Ensino Fundamental), e
inscrição em programa de aprendizagem desenvolvido sob a orientação de entidade qualificada em
formação técnico-profissional metódica.
Contrato de estágio
Consideram-se estágio curricular as atividades de aprendizagem social, profissional e cultural
proporcionadas ao estudante pela participação em situações reais de vida e trabalho de seu meio, sen-
do realizada na comunidade em geral ou junto às pessoas jurídicas de Direito Público ou Privado, sob
responsabilidade e coordenação da instituição de ensino (Decreto 87.497/82, art. 2.º).
Estagiário, portanto, somente poderá ser o estudante de Ensino Superior (inclusive mestrado e
doutorado), de Ensino Médio, de cursos profissionalizantes de 2.º grau ou supletivo ou de escolas de
educação especial. Importante observar, entretanto, que o estágio deverá estar obrigatoriamente den-
tro da “linha de formação” profissional do estudante (Lei 6.494/77, art. 1.º).
Cabe às instituições de ensino dispor sobre a inserção do estágio curricular na programação di-
dático-pedagógica, a carga horária, a duração e a jornada de estágio curricular, que não poderá ser
inferior a um semestre letivo; as condições imprescindíveis para caracterização e definição dos campos
de estágios curriculares, referidos nos parágrafos 1.º e 2.º do artigo 1.º da Lei 6.494/77; e a sistemática de
organização, orientação, supervisão e avaliação de estágio curricular.
Trabalho do menor
São considerados “menores” os trabalhadores com idade entre 14 e 18 anos, observando-se que
os menores de 16 anos (entre 14 e 16, portanto) somente podem trabalhar na condição de aprendizes
(CF, art. 7.º, XXXlll, e Emenda Constitucional 20/98).
O empregador deverá observar, ao firmar contrato de trabalho com empregado menor de 18
anos, que coincidam as cláusulas nele constantes com os dispositivos legais de proteção ao trabalho do
menor. E o responsável legal pelo menor deverá atentar ao fato de que, conforme as novas disposições
do Código Civil (art. 5.º, parágrafo único, V), ao autorizar a relação de emprego, estará automaticamente
concedendo ao menor o instituto legal da emancipação.
O menor deverá ser regularmente registrado, lembrando-se, entretanto, ser expressamente proi-
bido o trabalho:
::: em horário noturno;
::: realizado nas ruas, praças e outros logradouros sem prévia autorização do Juiz da Infância e
da Juventude;
::: que exija força muscular superior a 20kg para trabalho contínuo, ou 25kg para trabalho oca-
sional, salvo na hipótese de remoção de materiais feita por impulsão ou tração de vagonetes
sobre trilhos, de carrinhos de mão ou quaisquer aparelhos mecânicos;
::: em locais e serviços perigosos ou insalubres;
::: em locais e serviços prejudiciais a sua moralidade, como o prestado em: teatros de revista,
cinemas, boates, cassinos, cabarés, dancing e estabelecimentos análogos; empresas circenses
como acrobata, saltimbanco, ginasta e outras semelhantes; produção, composição, entrega
ou venda de escritos, impressos, cartazes, desenhos, gravuras, pinturas, emblemas, imagens e
quaisquer outros objetos que possam, a juízo da autoridade competente, prejudicar sua for-
mação moral; consistente na venda, a varejo, de bebidas alcoólicas.
Trabalho da mulher7
Com o advento da CF de 1988, o legislador procurou definir claramente a impossibilidade de
qualquer distinção entre homens e mulheres, informando expressamente que “homens e mulheres são
iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição” (CF, art. 5.o, I).
7 Fundamentado na CLT, artigos 389, 390 e 400, além dos demais fundamentos citados no texto.
::: Para amamentação, até que a criança complete seis meses de idade, a mulher terá direito, du-
rante a jornada de trabalho, a dois períodos de descanso de meia hora cada um (CLT, art. 396).
::: A empregada gestante possui estabilidade provisória no emprego, desde o momento da con-
firmação da gravidez e até cinco meses após o parto, nos termos da CF (Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias – ADCT, art. 10, II, “b”).
::: Durante a gravidez, a empresa possui direito à transferência de função, quando as condições
de saúde assim exigirem, sendo assegurada a retomada da função anteriormente exercida
logo após o retorno da licença-maternidade.
::: A empregada gestante possui direito à dispensa do horário de trabalho pelo tempo necessário
para a realização de, no mínimo, seis consultas médicas e demais exames complementares.
::: Conforme determinações da Lei 9.799/99, é vedada qualquer prática discriminatória que afete
a mulher no mercado de trabalho.
Texto complementar
O menor e o trabalho educativo
(THOMAZINE, 2001, p. 292-295)
A saudável discussão que se trava a respeito do trabalho educativo, previsto no Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA) envolvendo profissionais e estudiosos, não somente da área de
Direito, revela a necessidade premente da regulamentação do artigo 68 daquele diploma, a qual,
se e quando concretizada reduzirá, seguramente, o número de reclamações trabalhistas de menores
e tranqüilizará as entidades de atendimento – organizações particulares sem fins lucrativos – que
atendem os adolescentes admitidos em seus programas socioeducativos, a maioria delas a braços,
presentemente, com intensa fiscalização dos órgãos do Ministério do Trabalho e persistente pres-
são do Ministério Público do Trabalho.
Entendem alguns agentes desses órgãos do Poder Público que os menores devem ser registra-
dos de maneira a terem todas as garantias trabalhistas e previdenciárias.
Tal entendimento, todavia, não encontra agasalho na lei, como adiante se demosntra.
::: do empregado;
::: do aprendiz; e
::: do menor assistido por entidade governamental ou não-governamental sem fins lucrativos.
É nessa última que se insere o trabalho do menor a que nos referimos, os chamados guardi-
nhas, patrulheiros, legionários-mirins e outros que desempenham uma atividade laboral, em que
as exigências pedagógicas relativas ao seu desenvolvimento pessoal e social prevalecem sobre o
aspecto produtivo.
O trabalho do menor é regido, preponderantemente, pela legislação trabalhista; o do aprendiz,
pela legislação trabalhista e pelo ECA, e o do assistido, pelo Eca, especialmente o artigo 68, que
dispõe in verbis:
Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho educativo, sob a responsabilidade de entidade governa-
mental ou não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescente que dele participe, condições
de capacitação para o exercício de atividade regular remunerada.
§1.º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em que as exigências pedagógicas relativas ao desen-
volvimento pessoal e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo.
§2.º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho efetuado ou a participação na venda de produtos de
seu trabalho não desfigura o caráter educativo.
Quanto ao artigo 227 da Carta Magna, parágrafo 3.o incisos I e II, fácil é verificar que, da mesma
forma que o artigo 7.º, relaciona-se ao trabalho de empregado e aprendiz, que não abrange o tra-
balho educativo.
Cabe lembrar, de outra parte, que, segundo o artigo 3.º da CLT,
Art. 3.o Considera-se empregado toda e qualquer pessoa física que prestar serviços de natureza não-eventual, a
empregador, sob dependência deste e mediante salário.
Nem que se entre, por amor à síntese, na discussão na existência de um empregador na rela-
ção jurídica em exame, estão no artigo supra transcritos três elementos que caracterizam o vínculo
trabalhista, ao contrato individual de trabalho:
::: Serviço não-eventual;
::: Dependência (melhor seria dizer subordinação); e
::: Salário.
Pode-se afirmar, sem receio, que no caso do trabalho educativo se encontra os dois primeiros
elementos, serviços de eventual e dependência. O mesmo não se dá com o salário.
Com efeito, o ECA, no artigo 68, parágrafo 2.º, como já visto, dispõe, textualmente, que
Art. 68. [..] §2.º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho efetuado ou a participação na venda de
produtos de seu trabalho não desfigura o caráter educativo.
Portanto, por ficção jurídica, pode-se afirmar que a remuneração do educando não configura o
salário previsto no citado artigo 3.º da CLT.
Assim, se há trabalho e dependência mas não há salário, é evidente que inexiste vínculo em-
pregatício, as entidades de atendimento não estão obrigadas a reconhecer direitos trabalhistas e
previdenciários em favor dos educandos.
É evidente que isso não exclui a fiscalização e a adoção de medidas visando coibir abusos,
missão importante dos órgãos e autoridade competentes – que não são, obviamente, os órgãos e
autoridades do Ministério Público do Trabalho e de Emprego.
É importante destacar a opinião expendida em notável artigo publicado em setembro de 1998,
no Boletim Mérito, da Associação dos Magistrados, pelo Emitente Juiz Siro Darlan, da 1.ª Vara da In-
fância e da Juventude do Rio de Janeiro, a saber: “Ao definir o legislador o trabalho educativo como
atividade pedagógica, visando ao desenvolvimento pessoal e social do educando , ainda que remu-
nerado, retirou a matéria do âmbito específico da legislação puramente trabalhista, inserindo-a na
competência da Justiça da Infância e da Juventude”.
O trabalho educativo, pelo exposto, não é redigido pela legislação trabalhista.
A resposta é não, da mesma forma como não estão sujeitos os menores que executam peque-
nos serviços domésticos no próprio lar, o que ajuda o sacerdote na celebração da missa.
Em sua brilhante tese A Proteção Constitucional ao Trabalho do Menor, apresentada à Banca
Examinadora da Pontifícia Universidade de São Paulo, com exigência ao título de Doutor em Direito
do Trabalho, com supervisor do insigne e acatado Professor Doutor Renato Rua de Almeida, o bri-
lhante professor e ilustre Juiz do Trabalho Adalberto Martins, sustenta com muita propriedade que:
“a afirmação de que o trabalho é todo o esforço humano que objetiva algo nada mais representa
senão sentido lato, mas não sentido estrito da palavra trabalho.” “Parece-nos que a legislação de
proteção ao trabalhador do menor abriga o conceito de trabalho no sentido estrito quando alude a
proibição de qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz (a partir de 14
anos). Se esse não fosse o entendimento correto, seríamos obrigados a concluir que as crianças não
podem executar tarefas domésticas, prática bastante comum e que se insere na educação que está
a cargo dos pais, no exercício do pátrio poder.”
Em seguida, cita José Carlos Martins, para quem “o trabalho humano é o consciente e necessá-
rio trabalho humano – esforço que é voluntário – que se destina à obtenção de um bem, ou de uma
riqueza, ou ainda, de um serviço. É, pois, em última análise, o esforço aplicado a bens e riquezas apli-
cado a produção de bens e riquezas econômicas. Ora, o trabalho educativo, como aqui já foi citado,
compreende “a atividade laboral em que as exigências pedagógicas, relativas ao desenvolvimento
social e pessoal do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo” (ECA, art. 68).
O trabalho, portanto, constitui e in casu, um comportamento do processo educativo.
A preocupação que emerge dos dispositivos constitucionais citados, bem como das normas
contidas na legislação trabalhista, volta-se para o trabalho no sentido estrito, de fundo econômico,
nada tendo a ver com o trabalho educativo.
Vem a calhar a opinião do ex-Procurador do Trabalho, Dr. Antonio Carlos Flores de Moraes (in O
Trabalho do Adolescente – proteção e profissionalização), ao comentar o artigo 68 do ECA, a saber:
Definindo o que venha ser trabalho educativo, o ditado diploma legal considera que se deve ser entendido como
“atividade laboral em que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal e social do educando
prevaleça sobre o aspecto produtivo” (parágrafo 1.º do artigo 68 do estatuto).
A legislação em vigor admite, inclusive, que o adolescente receba uma remuneração pelo tra-
balho efetuado ou participação na venda dos produtos de seu trabalho, sem desfigurar o caráter
educativo do programa.
Nessa parte, a legislação não utiliza o termo de aprendiz ou assistido, tampouco estabelece
limite mínimo ou máximo para o adolescente participar do trabalho social que tenha por base o
trabalho educativo.
Pode-se entender, sem ferir o sentido finalístico da Lei 8.069/90, que é perfeitamente possível
o trabalho educativo por adolescentes a partir de 14 anos, até completarem 18 anos, sem caracteri-
zar vínculo empregatício regulado pela CLT.
Tal interpretação não viola inclusive os princípios da OIT, conforme se acha expresso em sua
publicação de 1992:
[...] nem todo tipo de atividade deve ser vetada às crianças pela legislação nacional, nem pelos padrões da OIT.
Não se deve considerar indesejável, normalmente, o trabalho no próprio circulo familiar. O que os instrumentos
da OIT proíbem é uma imposição às crianças, que supere seus recursos físicos e mentais, ou que interfiram no seu
desenvolvimento educacional. Tais instrumentos buscam regulamentar condições sob as quais se pode consentir
que esses jovens trabalhem.
Assim, a restrição de idade imposta pelo artigo 7.º, XXXIII, da Carta Magna não alcança os me-
nores que executam uma atividade laboral, como componente do seu processo educativo.
Atividades
1. Sobre a relação de trabalho, assinale a alternativa correta.
a) A existência de um contrato de trabalho implica em vínculo empregatício.
b) Quando existir “relação de trabalho”, existirá “relação de emprego”.
c) O vínculo empregatício se verificará quando existirem pelo menos uma das seguintes rela-
ções: habitualidade, pessoalidade ou subordinação hierárquica.
d) Se não houver a pessoalidade na prestação dos serviços, estará afastado o vínculo emprega-
tício.
Exemplo:
Jornada mensal de 220 horas – salário-mínimo.
Jornada mensal de 110 horas – ½ salário-mínimo.
Cumpre ainda ressaltar a existência de jornadas específicas para determinadas atividades pro-
fissionais, fato que deverá ser observado pelo empregador na legislação que regulamenta a profissão
contratada (ex.: médicos, telefonistas e outros). Com referência à atividade de telefonista, por exemplo,
disciplina o artigo 227 da CLT ser a jornada diária máxima de 6 horas, sobre o tema disciplinando tam-
bém o Precedente Administrativo 10 da Fiscalização do Trabalho e a Súmula 178 do Tribunal Superior
do Trabalho (TST).
Marcação de ponto
Para os estabelecimentos com mais de 10 trabalhadores será obrigatória a anotação da hora de
entrada e saída, em registro manual, mecânico ou eletrônico, devendo haver pré-assinalação do perío-
do de repouso (folga). A ausência dos controles de ponto acarretará à empresa infratora multa adminis-
trativa. A suspeita de que as informações são verdadeiras, no entanto, pode ser afastada por prova em
contrário.
Não existe, na legislação trabalhista, previsão para a obrigatoriedade de assinatura dos empre-
gados nos cartões de ponto, mas alguns Tribunais do Trabalho entendem que, sem a assinatura, o
documento não seria válido. Dessa forma, sendo possível colher as respectivas assinaturas, esse é o
procedimento recomendável, não somente para melhor validar o documento como também para
solucionar, de forma antecipada e preventiva, qualquer discordância do trabalhador com os horários ali
consignados.
Exemplo:
::: empregado contratado para o cargo de gerente
::: salário efetivo (do cargo) = R$1.500,00
::: acréscimo pelo exercício do cargo de confiança (40%) = R$600,00
::: total = R$2.100,00
Jornada de 12 x 36 horas
Toda jornada de trabalho deve, obrigatoriamente, respeitar o disposto no artigo 58 da CLT, com-
binado com o artigo 7.º, XIII, da CF. Assim, em regra, a duração normal do trabalho não deverá exceder
oito horas diárias e 44 semanais, devendo ainda ser respeitado o período de intervalo entre as jornadas
de, no mínimo, onze horas consecutivas (CLT, art. 66).
Entretanto, a escala de revezamento de 12 x 36 horas tem sido admitida entre os doutrinadores
e também pelos Tribunais do Trabalho se prevista em documento coletivo da categoria, no qual deverá
constar também sua regulamentação. Trata-se de uma modalidade de compensação de horas, e o inci-
so XIII do artigo 7.º da CF a permite quando proveniente de negociação coletiva. Confira-se:
Art. 7.º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
[...]
XIII – duração do trabalho normal não superior a 8 horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensa-
ção de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; [...]
Assim, em que pese sua irregularidade aparente, por contrariar expressamente o limite máximo
de jornada diária em 8 horas normais e 2 horas suplementares, tem sido a jornada de 12 x 36 admitida
em nosso ordenamento jurídico, posto ser resultante de negociação com o sindicato profissional. Nessa
jornada, não é devido ao pagamento de horas extraordinárias para o trabalho prestado além da oitava
hora e tampouco à dobra salarial quando o dia de trabalho recair em dia de repouso.
Horas in itinere
Horas in itinere: expressão que significa “no itinerário” – são aquelas utilizadas pelo empregado
para que se locomova até o local de trabalho, em condução fornecida pelo empregador, quando este
for de difícil acesso ou quando não servido por transporte regular público, sendo essas horas compu-
táveis na jornada de trabalho (Súmula 90 do TST e Lei 10.243, de 19 de junho de 2001, que acrescentou
ao artigo 58 da CLT o §2.º).
Observe-se, portanto, que o tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho, bem
como para seu retorno, por qualquer meio de transporte, somente será computado na jornada de tra-
balho se:
::: o local de trabalho for de difícil acesso ou não servido por transporte público; e
::: o empregador fornecer a condução.
O TST entende que as horas in itinere também são devidas nas seguintes situações:
::: quando apenas uma parte do trajeto é percorrida em transporte público regular (TST, Súmula
90);
::: quando o transporte público é insuficiente ou quando existe a incompatibilidade de horários
entre este e a jornada de trabalho (TST, Súmula 90); e
::: no percurso entre a portaria da empresa e o efetivo local de trabalho do empregado (se dis-
tante), existindo, nesse sentido, a Orientação Jurisprudencial Transitória SDI-I 36, referente à
empresa Açominas.
Se existente a hora in itinere, esta será computada na jornada de trabalho do obreiro, de forma
que as horas efetivamente trabalhadas devem ser a ela adicionadas para fins de jornada diária.
Exemplo:
Duração do percurso residência–trabalho e vice-versa (hora in itinere): 2 horas
Jornada de trabalho efetivo: 6 horas
Jornada diária total: 8 horas
O empregador deverá manter-se atento à jornada máxima diária de seu empregado. A legislação tra-
balhista em vigor permite atualmente uma jornada diária normal de até oito horas. E sendo as horas de
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Duração do trabalho | 41
percurso computadas na jornada (horas in itinere) poderá ocorrer que, somado tal período às horas de
efetivo labor, tenha o empregado ultrapassado o limite legal (8 horas) ou contratual, hipótese em que o
excesso deverá ser remunerado em caráter extraordinário – horas extras. Nesse sentido, dispõe, inclusi-
ve, a Súmula 90 do TST.
Sendo o período despendido pelo empregado até o local de trabalho ou para seu retorno (hora
in itinere) remunerado extraordinariamente, e se existente a habitualidade, a média das horas in itinere
deverá integrar a base de cálculo para a apuração de férias, 13.º salário e aviso prévio indenizado, este
último quando da rescisão contratual.
Cumpre registrar, ainda, que o fato de o empregador cobrar, parcialmente ou não, importância
pelo transporte fornecido não afasta o direito à percepção do pagamento das horas in itinere – (TST,
Súmula 320).
Cumpre, ainda, ao empregador observar que as horas extras, se habituais, integram o salário do
empregado para todos os efeitos legais, inclusive sem a observância da limitação constante do artigo
59 da CLT (TST, Súmula 376). Assim, não existindo razão excepcional comprovada para o trabalho extra-
ordinário, de forma a não configurar habitualidade, as horas suplementares integrarão a remuneração
do trabalhador, para todo e qualquer efeito legal, inclusive para as seguintes verbas:
::: 13.º salário – a apuração da média de horas extras é efetuada mediante a soma do número
de horas extras realizadas no ano em questão, dividindo-se o resultado pelo número de meses
trabalhados (mês civil) na empresa durante o ano. O resultado deverá ser multiplicado pelo
valor de uma hora extra atual. O valor encontrado será, então, acrescido ao salário do empre-
gado para efeito do cálculo do 13.º salário.
::: Férias – a apuração da média de horas extras é efetuada mediante a soma do número de
horas extraordinárias realizadas no período aquisitivo das férias, dividindo-se o resultado por
12 meses (se férias vencidas) ou por período menor – número de meses apurados (se férias
proporcionais). O resultado deverá ser multiplicado pelo valor de uma hora extra atual. O valor
encontrado será, então, acrescido ao salário do empregado para efeito do cálculo das férias.
::: Aviso prévio indenizado – a apuração da média de horas extras é efetuada mediante a soma
do número de horas extraordinárias realizadas nos últimos 12 meses trabalhados, dividindo-se
o resultado por 12 meses (número de meses apurados). O resultado deverá ser multiplicado
pelo valor de uma hora extra atual. O valor encontrado será, então, acrescido ao salário do
empregado para efeito do cálculo do aviso prévio indenizado.
Em todos esses cálculos deverá o empregador, anteriormente a sua efetuação, verificar o do-
cumento coletivo da categoria (acordo ou convenção coletiva), ao qual deverá obedecer caso conste
orientação mais benéfica quanto ao número de meses a serem apurados. Note-se que o cálculo da
média observa o número de horas efetivamente prestadas (média física), aplicando-se, posteriormente,
o valor da hora extraordinária devido à época do pagamento das verbas. Esse é o entendimento do TST,
consubstanciado na Súmula 347.
Exemplo:
::: Horas extras prestadas por três anos e oito meses
::: Indenização devida pela supressão: quatro meses de horas extras
::: n. de horas extras trabalhadas nos últimos 12 meses . 4 meses . valor da hora extra atual
12 meses
Essa indenização, por não ter caráter salarial, não sofrerá incidências de INSS e FGTS, não sendo
devida, igualmente, a integralização deste valor para efeito de férias, 13.º salário e aviso prévio indeni-
zado, dentre outras parcelas garantidas pela legislação trabalhista.
a compensação superior ao período de uma semana, o empregador deverá ter um maior controle das
horas trabalhadas e das horas de folga. Esse “controle” denomina-se banco de horas, no qual serão con-
signadas periodicamente as horas que envolverem compensação. E como o período poderá ser extenso
(máximo 1 ano), é aconselhável (e não obrigatória) a participação do sindicato da categoria para evitar
possível prejuízo à parte obreira ou cláusula arbitrária no acordo de compensação que possa levar o
documento à nulidade.
Podem, portanto, ser relacionadas as seguintes considerações sobre o banco de horas:
::: Por envolver uma alteração na relação de trabalho possível de acarretar prejuízos ao emprega-
do e prevenindo aborrecimentos com a Fiscalização do Ministério do Trabalho, apesar de
não- obrigatória, é aconselhável a previsão e a estipulação de regras gerais para a adoção do
banco de horas em documento coletivo da categoria (acordo ou convenção coletiva).
::: No instrumento coletivo a ser elaborado deverá constar o período (máximo de um ano) em
que vigorará o banco de horas, nele compreendidas as horas laboradas extraordinariamente e
suas respectivas compensações e/ou vice-versa.
::: Deverão ser acordadas ainda outras normas pertinentes ao assunto, que sejam de interesse
das partes, desde que não sejam contrárias ao que determinam os textos legais.
Havendo rescisão contratual sem que tenha havido a compensação integral da hora suplementar
trabalhada, fará o trabalhador jus ao pagamento das horas não-compensadas como horas extras, cal-
culadas sobre o valor da remuneração na data da rescisão. Se, ao contrário, findar o período de um ano
com mais horas compensadas que trabalhadas de forma suplementar, não poderá a empresa descontar
qualquer quantia do trabalhador a este título, em razão de estar em seu poder o controle do banco de
horas.
Semana espanhola
O TST mantém entendimento, pela Orientação Jurisprudencial SDI-I 323, de ser válido o sistema
de compensação de horário denominado semana espanhola, no qual a jornada de trabalho em uma
semana corresponde a 48 horas e em outra a apenas 40 horas. No entanto, para que o ajuste não viole o
artigo 59, parágrafo 2.º, da CLT e o artigo 7.º, XIII, da CF, é necessário que conste em acordo ou conven-
ção coletiva de trabalho.
Texto complementar
Conceituação
Alterações quantitativas são as modificações no objeto do contrato de trabalho que atingem o
montante das prestações pactuadas.
Exemplos mais expressivos encontram-se nas alterações de jornada de trabalho e alterações
de salário.
1 Há, é claro, diversas tipologias construídas em torno do tema da jornada. Citem-se, ilustrativamente, a distinção entre jornada extraordinária
e meramente suplementar, o contraponto entre prorrogações regulares e irregulares de jornada, a tipologia cujo parâmetro comparativo é
título jurídico autorizador da prorrogação e a tipologia elaborada em face do tempo lícito da prorrogação. A respeito de todos esses aspectos
específicos, consultar a obra desse autor: Jornada de Trabalho e Descansos Trabalhistas, 2. ed., LTr, São Paulo, 1998, p. 67-95.
tindo, contudo, que o pacto de prorrogação fosse meramente bilateral (além, é claro, do coletivo
negociado).2
Há um importante debate sobre a compatibilidade (ou não) dessa modalidade de prorroga-
ção com texto constitucional de 1988. Há interpretações substanciosas insistindo que a Carta de
1988 teria autorizado apenas dois tipos de prorrogação de jornada: aquela resultante do regime
de compensação (jornada meramente suplementar – art. 7.º, XIII, da CF/88) e aquela concernente
a fatores efetivamente excepcionais (jornada suplementar tipicamente extraordinária – art. 7.º, XVI,
da CF/88). Teria a Constituição, portanto, rejeitado, por omissão, a possibilidade de prorrogação
lícita de jornada, meramente suplementar, aventada pelo texto celetista mencionado.
Entretanto, cabe registrar-se que parte significativa da jurisprudência tem, ao revés, considera-
do compatível a figura jurídica, ora examinadora com a Carta Constitucional vigente.
Outro debate importante vivenciado nos últimos anos diz respeito à incompatibilidade (ou não)
do acordo bilateral escrito, mencionando o caput 59 da CLT com o texto constitucional regente do
tema jornada. Há posições interpretativas que constituem na existência de determinação pelo inciso
XII do art. 7.º da Constituição de exclusividade de título jurídico coletivo para autorização de prorro-
gação de jornadas. Essas posições recebem também o apoio daqueles que a Carta de 1988 apenas
preservou a possibilidade de pacto bilateral entre empregado e empregador para a instituição do
clássico regime compensatório de jornada, por ser figura também favorável ao obreiro. Na medida em
que a simples prestação de horas suplementares não é procedimento favorável ao trabalhador (por
agredir, inclusive, qualquer política eficaz de infortunística do trabalho – art. 7.o, XXII, da CF/88), o uso
do instrumento bilateral não seria assimilável à orientação normativa da Carta Magna.
Há decisões jurisprudenciais, porém, que não concordam com a semelhante vertente inter-
pretativa, insistindo na existência de autorização ampla no texto magno referido (a palavra acordo
lançada no artigo 7.º, XIII, traduziria pacto bilateral ou coletivo).
Ainda que se considere compatível a figura do acordo de prorrogação de jornada com a Carta
Magna de 1988, é preciso notar-se que a própria ordem jurídica infraconstitucional já prescreve res-
trições a esse tipo de dilatação de jornada laborativa. Essa modalidade, por exemplo, não é extensí-
vel aos menores de 18 anos, os quais somente poderiam trabalhar licitamente, em sobrejornada em
contexto de regime de compensação ou de força maior (art. 413 da CLT).
Por outro lado, em atividades ou circunstâncias insalubres, a CLT impõe um obstáculo adminis-
trativo ao presente tipo de prorrogação, derivado de consideração de medicina do trabalho: a pror-
rogação somente poderá verificar-se caso autorizada pela fiscalização administrativa do Ministério
do Trabalho (art. 60 da CLT). Há orientação jurisprudencial simulada (muito criticada, a proposito,
por entrar em choque frontal com o disposto art. 7.º , XXII, da Carta Magna), no sentido de que,
tratando-se de prorrogação por compensação de jornada e pactuada por instrumento coletivo,
tornar-se-ia dispensável a inspeção prévia da autoridade administrativa (Enunciado 349 do TST).
Evidentemente que essa orientação não se aplica, contudo, ao simples acordo de prorrogação de
jornada, mesmo que pactuado coletivamente.
No tocante às mulheres, é necessária uma digressão especial. O artigo 376 da CLT estabelece
que “somente em casos excepcionais, por motivo de força maior, poderá a duração do trabalho
2 A análise dessa modalidade de prorrogação e das demais examinadas a seguir fez-se originalmente na obra supracitada deste autor (p.
70-95), sendo que o presente texto reporta-se à referida obra anterior.
diurno elevar-se além do limite legal convencionado [...]. Já o artigo 375, que colocava como pré-
requisito à dilatação da jornada da mulher da obreira mediante atestado médico oficial, foi expres-
samente revogada pela Lei 7.855/89 (lei que, entre outros objetivos, procurou adaptar a CLT aos
preceitos constitucionais de 1988.).
Pergunta-se: é valida a restrição do artigo 376 celetista?
Desde que se admita a manutenção, na ordem jurídica do país, da figura prevista no caput do
artigo 59 da CLT, seguramente que não será válida a restrição feita com respeito às mulheres. É que
tal restrição é francamente incompatível com o texto da Carta de 1988, que firma enfaticamente a
igualdade jurídica entre homens e mulheres (art. 5.º, caput e inciso I), privilegiando, ainda, o sexo
feminino com uma especial “proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos es-
pecíficos, nos termos da lei” (art. 7.º, XX – grifos acrescidos). Ora, toda norma que trate diferenciada-
mente a mulheres perante o homem, inclusive restringindo-lhe o mercado de trabalho, é claramen-
te agressora à Constituição, estando por esta revogada, se lhe foi anterior (caso do art. 376 da CLT),
ou invalidada, se posterior.
Óbvio que isso não elimina a proteção à maternidade e, via de conseqüência, à mulher enquan-
to mãe. Tal proteção especial é absolutamente harmônica à Constituição, que protege a família, a
maternidade, a criança em diversos de seus dispositivos. Óbvio que também não se invalidam as
normas espaciais de medicina e segurança do trabalho, que se harmonizam ao receituário normativo
constitucional (art. 7.º, XXII, por exemplo).
Mas a tutela pára aí, na maternidade ou que envolva questões de saúde e segurança do tra-
balho, porém de situação que tome a mulher estritamente como cidadã trabalhadora, é inconsti-
tucional qualquer discriminação à obreira (ou ao obreiro)... ainda que sob o manto aparentemente
generoso da tutela. A propósito, todas as discriminações efetivamente contra a mulher ao longo
dos séculos produziram-se sob o manto aparentemente generoso da tutela da proteção (excluída a
capacidade civil, excluída a cidadania política, excluída do mercado...) É contra essa linha de norma-
tização jurídica que veio postar, enfaticamente, a Carta Constitucional de 1988. Se se entende que
a Constituição manteve a figura do acordo da prorrogação de jornada (entendidamente suscetível
de críticas, como visto), é inevitável concluir-se que a figura foi mantida para qualquer dos trabalhos
maiores, homens e mulheres, à luz da mesma Carta Magna.
Atividades
1. Sobre jornada de trabalho, é correto afirmar que:
a) em uma jornada normal de trabalho, poderá haver a ocorrência de mais de oito horas diárias
laboradas sem o respectivo pagamento ou compensação das horas adicionais desde que, ao
final do mês, o limite de 220 horas não tenha sido ultrapassado.
b) em uma jornada normal de trabalho, poderá haver a ocorrência de mais de oito horas diárias
laboradas sem o respectivo pagamento ou compensação das horas adicionais desde que, ao
final da semana, o limite de 44 horas não tenha sido ultrapassado.
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Duração do trabalho | 49
c) o empregador é livre para ajustar com seu empregado a jornada diária a ser laborada, não
havendo proibição em pactuar jornada inferior, com pagamento proporcional às horas
trabalhadas, desde que observados os limites legais de horas laboradas.
d) o empregador é livre para ajustar com seu empregado a jornada diária a ser laborada, não
havendo proibição em pactuar jornada inferior, respeitando-se a remuneração mínima de um
salário-mínimo, mesmo que a jornada seja inferior àquela definida na legislação.
Intervalo intrajornada
A duração do intervalo intrajornada, a ser concedido obrigatoriamente pelo empregador com
fundamento no artigo 71 da CLT, depende da jornada total diária pactuada com o trabalhador, de forma
a termos as seguintes regras:
::: Jornada diária normal superior a seis horas – é obrigatória a concessão de um intervalo
para repouso ou alimentação que deverá corresponder, no mínimo, a uma hora e, salvo acordo
escrito ou contrato coletivo em contrário, não superior a duas horas.
::: Jornada diária normal entre quatro e seis horas – é obrigatória a concessão de um intervalo
de 15 minutos.
::: Jornada diária de até quatro horas – não é obrigatória a concessão de qualquer intervalo.
Esses intervalos obrigatórios não são computados na jornada de trabalho, de forma que o empre-
gador pode trabalhar efetivamente as oito horas da jornada diária, possuindo, ainda, o intervalo de uma
ou duas horas para descanso e alimentação.
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52 | Legislação Trabalhista, Previdenciária e Contratos
O limite mínimo de uma hora de intervalo (para jornadas superiores a seis horas diárias) pode ser
reduzido por meio de convenção ou acordo coletivo de trabalho, devidamente aprovados em assem-
bléia geral, desde que os empregados não estejam submetidos a regime de trabalho prorrogado e des-
de que o estabelecimento empregador atenda às exigências concernentes à organização dos refeitórios
e demais normas regulamentadoras de segurança e saúde no trabalho (Portaria MTE 42/2007).
Exemplo 1:
::: Jornada diária normal das 8 às 12 horas e das 13 às 17 horas (8 horas diárias)
::: Intervalo para alimentação e repouso das 12 às 13 horas
::: Salário-hora de R$2,00
Em determinado dia o empregado não usufrui do intervalo mas é liberado às 16 horas pelo
empregador.
Cálculo da remuneração diária:
::: Horas efetivamente trabalhadas = 8 (já que o empregado não gozou do intervalo)
::: 8 horas . R$2,00 = R$16,00
::: Indenização pela não-concessão do intervalo = 1 hora (duração do intervalo) . R$3,00 (hora
acrescida de 50%) = R$3,00
::: Remuneração diária = R$16,00 (horas normais) + R$3,00 (indenização) = R$19,00
Exemplo 2:
::: Jornada diária normal das 8 às 12 horas e das 13 às 17 horas (8 horas diárias)
::: Intervalo para alimentação e repouso das 12 às 13 horas
::: Salário-hora de R$2,00
Em determinado dia o empregado não usufrui do intervalo e é liberado no horário normal (17
horas) pelo empregador.
Cálculo da remuneração diária:
::: Horas efetivamente trabalhadas = 9 (já que o empregado não gozou do intervalo)
::: Horas normais diárias = 8 horas (limite constitucional) . R$2,00 (valor hora) = R$16,00
::: Indenização pela não-concessão do intervalo = 1 hora (duração do intervalo) . R$3,00 (hora
acrescida de 50%) = R$3,00
::: Hora extraordinária (16h00 às 17h00) = 1 hora . R$3,00 (hora acrescida de 50%) = R$3,00
::: Remuneração diária = R$16,00 (horas normais) + R$3,00 (indenização) + R$3,00 (hora ex-
traordinária) = R$22,00
Intervalos específicos
Cumpre ao empregador observar, também, a existência de determinadas atividades que possuem
intervalos específicos além daqueles estipulados na legislação, o que deverá ser verificado quando da
contratação e fixação da jornada de trabalho. Assim ocorre, por exemplo, com o serviço de digitação ou
datilografia e também com o serviço de teleatendimento, entre outros.
Observação: a Lei 9.853, de 27de outubro de 1999 (DOU de 28/10/1999), aperfeiçoou a Conso-
lidação das Leis do Trabalho (CLT) ao acrescentar ao artigo 473, VIII, assegurando ao empregado o
direito de faltar ao serviço quando tiver de comparecer a juízo, pelo tempo que se fizer necessário.
A Lei 11.304, de 11 de maio de 2006 (DOU de 12/05/2006), acrescentou o inciso IX, assegurando o
direito de faltar quando do comparecimento em reunião oficial de organismo internacional (para
representantes sindicais).
Feriados
Os feriados civis ou nacionais são declarados em lei federal e, atualmente, fixados nas seguintes
datas:
::: dia 1.º de janeiro (Confraternização Universal) – Lei federal 662/49;
::: dia 21 de abril (Tiradentes) – Lei federal 1.266/50;
::: dia 1.º de maio (Dia do Trabalho) – Lei federal 662/49;
::: dia 7 de setembro (Independência) – Lei federal 662/49;
::: dia 12 de outubro (Nossa Senhora Aparecida) – Lei federal 6.802/80;
::: dia 02 de novembro (Finados) – Lei federal 662/49;
::: dia 15 de novembro (Proclamação da República) – Lei federal 662/49;
::: dia 25 de dezembro (Natal) – Lei federal 662/49;
::: data de realização de eleições – Lei federal 1.266/50 e artigo 380 do Código Eleitoral.
Os feriados de âmbito estadual (permitidos pela Lei 9.093/95), correspondem às datas magnas
(importantes) dos estados e devem ser pesquisados junto à legislação estadual, sendo conveniente
registrar que nem todos os estados fixaram essa data como feriado.
Os feriados municipais (ou religiosos), por sua vez, são declarados em lei municipal, conforme a
tradição local, em número não superior a quatro, neste incluída a Sexta-Feira da Paixão (Lei 9.093/95, art.
2.º). São exemplos de feriados locais:
::: dia 6 de janeiro – Santos Reis;
::: data móvel em fevereiro/março – Carnaval e Cinzas;
24. Indústria de acumuladores elétricos, unicamente nos setores referentes a carga e descarga de baterias, moinho e
cabina elétrica, excluídos todos os demais serviços.
25. Indústria do chá (excluídos os serviços de escritório).
26. Indústria petroquímica (excluídos os serviços de escritório).
27. Indústria de extração de óleos vegetais comestíveis (excluídos os serviços de escritório).
28. Indústria têxtil em geral (excluídos os serviços de escritório).
II - Comércio
1. Varejistas de peixe.
2. Varejistas de carne fresca e caça.
3. Venda de pães e biscoitos.
4. Varejistas de frutas e legumes.
5. Varejistas de aves e ovos.
6. Varejistas de produtos farmacêuticos (farmácias, inclusive manipulação de receituário).
7. Flores e coroas.
8. Barbearias (quando funcionando em recinto fechado ou fazendo parte do complexo do estabelecimento ou ativida-
de mediante acordo expresso com os empregados).
9. Entrepostos de combustíveis, lubrificantes e acessórios para automóveis (postos de gasolina).
10. Locadoras de bicicletas e similares.
11. Hotéis e similares (restaurantes, pensões, bares, cafés, confeitarias, leiterias, sorveterias e bonbonnières).
12. Hospitais, clínicas, casas de saúde e ambulatórios.
13. Casas de diversões (inclusive estabelecimentos esportivos em que o ingresso seja pago).
14. Limpeza e alimentação de animais em estabelecimentos de avicultura.
15. Feiras livres e mercados, inclusive os transportes inerentes a eles.
16. Porteiros e cabineiros de edifícios residenciais.
17. Serviços de propaganda dominical.
18. Comércio de artigos regionais nas estâncias hidrominerais.
19. Comércio em portos, aeroportos, estradas, estações rodoviárias e ferroviárias.
20. Comércio em hotéis.
21. Agências de turismo, locadoras de veículos e embarcações.
22. Comércio em postos de combustíveis.
23. Comércio em feiras e exposições.
III - Transportes
1. Serviços portuários.
2. Navegação (inclusive escritórios, unicamente para atender a serviço de navios).
3. Trânsito marítimo de passageiros (exceto serviços de escritório).
4. Serviço propriamente de transportes (excluídos os transportes de carga urbanos e os escritórios e oficinas, salvo as
de emergência).
5. Serviços de transportes aéreos (excluídos os departamentos não ligados diretamente ao tráfego aéreo).
6. Transporte interestadual (rodoviário), inclusive limpeza e lubrificação dos veículos.
7. Transporte de passageiros por elevadores e cabos aéreos.
IV - Comunicação e Publicidade
1. Empresas de comunicações telegráficas, radiotelegráficas e telefônicas (excluídos os serviços de escritório e oficinas,
salvo as de emergência).
2. Empresas de radiodifusão, televisão, de jornais e revistas (excluídos os escritórios).
3. Distribuidores e vendedores de jornais e revistas (bancas e ambulantes).
4. Anúncios em bondes e outros veículos (turma de emergência).
V - Educação e Cultura
1. Estabelecimentos de ensino (internatos, excluídos os serviços de escritório e magistério).
2. Empresas teatrais (excluídos os serviços de escritório).
3. Bibliotecas (excluídos os serviços de escritório).
4. Museus (excluídos os serviços de escritório).
5. Empresas exibidoras cinematográficas (excluídos os serviços de escritório).
6. Empresas de orquestras.
7. Cultura física (excluídos os serviços de escritório).
8. Instituições de culto religioso.
VI - Serviços Funerários
1. Estabelecimentos e entidades que executem serviços funerários.
As empresas com atividades que exijam o trabalho em dias de repouso que não constem da rela-
ção mencionada deverão encaminhar, obrigatoriamente, pedido de permissão à Delegacia Regional do
Trabalho, obedecendo aos trâmites legais previstos na Portaria 3.118/89 e observando ainda a Instrução
Normativa SRT 1/83. Nesses casos, a autorização será concedida de forma transitória, com discrimina-
ção do correspondente período (CLT, art. 68, e Portaria MTb 3.118/89). Destes dispositivos normativos
extraem-se as seguintes formalidades:
Poderá existir na própria DRT formulário pré-impresso para solicitação do labor em dias de repou-
so, o que deverá ser pesquisado pela empresa interessada.
Nos dias de repouso em que for permitido o trabalho é vedada às empresas a execução de servi-
ços que não se enquadrem nos motivos determinantes da permissão.
Por fim, cumpre registrar ser ainda admitido o trabalho em dias de repouso nas seguintes situa-
ções excepcionais:
::: quando ocorrer motivo de força maior, cumprindo à empresa justificar a ocorrência perante à
DRT no prazo de 10 dias;
::: quando, para atender à realização ou conclusão de serviços inadiáveis ou cuja inexecução pos-
sa acarretar prejuízo manifesto, necessitando a empresa obter junto à DRT autorização prévia
na qual será discriminado o período autorizado, o qual, a cada vez, não excederá de sessenta
dias. A remuneração das horas trabalhadas deverá ser em dobro.
Remuneração
Nos serviços em que for permitido o trabalho nos feriados civis e religiosos, bem como nos dias
destinados ao repouso semanal, a remuneração dos empregados que trabalharem nesses dias será
paga em dobro, salvo se a empresa determinar outro dia de folga (TST, Súmula 146).
Atualmente, o entendimento jurisprudencial dominante determina que o trabalho prestado em
domingos e feriados não compensados deve ser pago em dobro sem prejuízo da remuneração relativa
ao repouso semanal. O trabalhador receberá, portanto, o dia de repouso mais as horas trabalhadas,
sendo estas pagas em dobro.
Remuneração1
A remuneração do repouso e/ou feriados para os empregados mensalistas (recebem quantia fixa
por mês de trabalho) já se encontra embutida na remuneração mensal fixada entre as partes. Para aque-
les que trabalham por dia, semana, quinzena ou mês, o repouso semanal e/ou feriado corresponderá a
um dia de serviço. Para os empregados horistas, corresponderá à respectiva jornada diária normal de
trabalho.
Na hipótese de a jornada normal diária não ser uniforme em todos os dias de trabalho da sema-
na, a remuneração do descanso corresponderá a 1/6 do total de horas normais trabalhadas no período
de segunda-feira a sábado (ainda que este tenha sido compensado). Para os professores que recebem
salário mensal à base de hora-aula, por exemplo, o repouso semanal remunerado corresponderá a 1/6,
considerando-se o mês de quatro semanas e meia (TST, Súmula 351).
A jurisprudência trabalhista consagrou, pelos Enunciados 60 e 172 do TST, respectivamente, a in-
tegração das horas noturnas e extras habitualmente prestadas no cálculo do repouso. Posteriormente,
com a publicação da Lei 7.415/85, em 10 de dezembro de 1985, a obrigatoriedade de integrar as horas
extraordinárias habituais no cálculo do repouso passou a constar da própria legislação.
Assim, deverá a empresa somar o número de horas extras e/ou noturnas realizadas durante o mês
em questão, dividindo-o pelo número de dias úteis desse mesmo mês, multiplicando o valor encontra-
do pelo número de domingos e feriados do mês. O resultado deverá ser multiplicado pelo valor atual
de uma hora extra.
1 Fundamentação: Lei 605/49, regulamentada pelo Decreto 27.048/49; Portarias 417/66 e 3.118/89 e Lei 9.093/95.
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Intervalos para alimentação e repouso | 61
Exemplo:
::: Horas extras em junho/2008: 16
::: Dias úteis em junho/2008: 21
::: Domingos e feriados em junho/2008: 5
::: Cálculo do reflexo das horas extras no repouso: [(16 : 21) . 5] = 3,80 horas
Cumpre ao empregador observar, entretanto, que para a apuração da média do número de horas
extras que integrarão o cálculo de férias e 13.º salário, deverão ser somadas apenas as horas extras efe-
tivamente trabalhadas pelo empregado. Não entrarão nesse cálculo o reflexo das horas extras pago a
título de integração no repouso semanal remunerado.
Com referência ao adicional de insalubridade2, a Orientação Jurisprudencial SDI-I 103 do TST es-
clarece que o valor pago pela empresa, por incidir sobre o salário-mínimo em seu valor mensal, já re-
munera, automaticamente, os repousos e os feriados ocorrentes no mês. As gratificações por tempo de
serviço ou por produtividade, igualmente por terem valor mensal, já compreendem a remuneração do
repouso semanal remunerado e dos feriados (TST, Súmula 225).
As gorjetas, apesar de integrarem a remuneração do trabalhador conforme determinação do arti-
go 457 da CLT, não servem de base-de-cálculo do repouso semanal remunerado (TST, Súmula 354).
Texto complementar
Introdução
O estudo da duração do trabalho, compreendida como o tempo em que o empregado se colo-
ca em disponibilidade perante o empregador, em decorrência do contrato (ou, sob outra perspecti-
va, o tempo em que o empregador pode dispor da força de trabalho do empregado, em um período
delimitado), remete, necessariamente, ao exame dos períodos de descanso.
Efetivamente, a duração diária (jornada) surge, de maneira geral, entrecortada por períodos de
descanso mais ou menos curtos em seu interior (intervalo intrajornadas), separando-se das jornadas
2 O prefixo “in” significa “não” e salubre tem origem no latim, significando saudável. Insalubre, portanto, significa “não-saudável”.
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62 | Legislação Trabalhista, Previdenciária e Contratos
fronteiriças por distintos e mais extensos períodos de descanso (intervalos interjornadas). Os perío-
dos de descanso comparecem, mais uma vez, na interseção dos módulos semanais de labor, através
do que se denomina repouso semanal ou eventualmente, através de certos dias excepcionalmente
eleitos para descanso pela legislação federal, regional ou local (feriados). Finalmente, marcam sua
presença até no contexto anual da duração do trabalho, mediante a figura das férias anuais remu-
neradas.
Os períodos de descanso conceituam-se como lapsos temporais regulares, remunerados ou
não, situados intra ou intermódulos diários, semanais ou anuais do período de labor, em que o
emprego pode sustar a prestação de serviços e sua disponibilidade perante o empregador, com
o objetivo de recuperação e implementação de suas energias ou de sua inserção familiar, comuni-
tária e política.
Tais períodos de descanso abrangem, como visto, os descansos intrajornadas (usualmente de-
nominados intervalos); os descansos interjornadas (também usualmente chamados de intervalos);
o descanso semanal (repouso semanal); os descansos em feriados e, por fim, o descanso anual (de-
nominado férias).
Os distintos períodos de descanso têm duração padrão normalmente fixada pela legislação
heterônoma estatal. No tocante aos intervalos interjornadas, fixa a CLT (art. 71) lapso temporal de
uma a duas horas para jornadas contínuas superiores a 6 horas, e de 15 minutos para jornadas
contínuas situadas entre quatro e seis horas (é curioso perceber que a Lei de Trabalho Rural prefere
reportar-se aos usos e costumes da região do que fixar um parâmetro numérico para o intervalo in-
trajornada para refeição e descanso no campo: art. 5.º, Lei 5.899, de 1973). No tocante aos intervalos
interjornadas (entre um dia e outro de labor), o parâmetro numérico é de 11 horas (art. 66, CLT; art.
5.º, Lei 5.889/73).
Ao lado dessa duração padrão dos intervalos intra e interjornadas, existem inúmeros intervalos
especiais fixados pelo Direito do Trabalho, seja em decorrência do exercício pelo empregado de
certas funções específicas (por exemplo, art. 72, CLT), seja em decorrência da prestação de trabalho
em circunstâncias especiais ou gravosas (ilustrativamente, arts. 253 e 298, CLT).
A duração padrão do descanso semanal, por sua vez, é de horas (art. 67; Lei 605, de 1949). Na
mesma fronteira situa-se o descanso em feriados, embora este se fixe em dia, e não em horas (art.
70, CLT; Lei 605/49; Lei 9.093, de 1995). Finalmente, no tocante ao descanso anual, a duração padrão
legalmente fixada é de 30 dias (art. 130, CLT). [...]
::: Intervalos e saúde no trabalho: intervalos e jornadas são assuntos correlatos, que com-
põem aquilo que a teoria justrabalhista chama de duração do trabalho, envolvendo o
tempo de efetiva disponibilidade ou não do trabalhador às circunstancias derivadas do
contrato de trabalho e de seu cumprimento. É evidente que se combinam as extensões da
jornada e seus respectivos intervalos, de modo a estabelecer efetivo período de disponibi-
lidade do trabalhador em face de seu contratante.
Intervalos e jornadas, hoje, não se enquadram, porém, como problemas estritamente econô-
micos, relativos ao montante de força de trabalho que o obreiro transfere ao empregador em face do
contrato pactuado. É que os avanços da pesquisas acerca da saúde têm ensinado que a extensão
do contato do empregado com certas atividades ou ambientes laborativos é elemento decisivo à
configuração do potencial efeito insalubre ou perigoso desses ambientes ou atividades. Tais refle-
xões têm levado à noção de que a redução de jornada em certas atividades ou ambientes, ou a fixa-
ção de adequados intervalos no seu interior, constituem medidas profiláticas importantes no con-
texto da moderna medicina laboral. Noutras palavras, as normas jurídicas concernentes à jornada
e intervalos, não são, hoje, tendencialmente dispositivos estritamente econômicos, já que podem
alcançar, em certos casos, o caráter determinante de regras de medicina e segurança do trabalho,
portanto, normas de saúde pública.
Por essa razão, a Constituição, sabidamente, arrolou, no rol dos direitos dos trabalhadores a
“redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde higiene e segurança” (art.
7.º, XXII). Pela mesma razão é que, como visto, a ação administrativa estatal, através de normas
de saúde pública e de medicina e segurança do trabalho que venham reduzir o tempo lícito de
exposição do trabalhador a certos ambientes ou atividades não é inválida – nem ilegal, nem in-
constitucional. Ao contrário, é francamente autorizada (e mesmo determinada) pela Constituição,
através de inúmeros dispositivos que se harmonizam organicamente. Recordem-se , por exemplo,
o mencionado artigo 7.º, XII, que se refere à redução dos riscos do trabalho por meio de normas de
saúde, higiene e segurança; artigo194, caput, menciona que a seguridade social como um “conjun-
to integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os
direitos relativos à saúde...”; artigo 196, que coloca a saúde como direito de todos e dever do Estado,
garantido, mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de
outros agravos...”; o artigo 197, que qualifica como de relevância pública as ações e serviços de saú-
de...” cite-se, finalmente, o artigo 200, II, que informa competir ao sistema único de saúde “executar
as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador”.
Isso significa que as normas jurídicas concernentes a intervalos intrajornadas também têm ca-
ráter de normas de saúde pública, não podendo, em princípio, ser suplementadas pela ação privada
dos indivíduos e grupos sociais. É que, afora os princípios gerais trabalhistas da imperatividade das
normas desse ramo jurídico especializado e da vedação a transações lesivas, tais regras de saúde
pública estão imantadas de especial obrigatoriedade, por determinação expressa oriunda da Carta
da República. De fato, todos os preceitos constitucionais acima citados colocam como valor intrans-
ponível o constante aperfeiçoamento das condições de saúde e segurança laborais, assegurando
até mesmo um direito subjetivo à redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas
de saúde, higiene e segurança. Por essa razão, regras jurídicas que, em vez de reduzirem esse risco,
alargam-no ou aprofundam, mostram-se francamente inválidas, ainda que subscritas pela vontade
coletiva dos agentes econômicos envolventes à relação de emprego.
Atividades
1. Assinale V para as assertivas corretas e F para as falsas.
(( O intervalo interjornada é aquele obrigatório sempre que o empregado trabalhar por 11
horas consecutivas.
(( As horas de descanso suprimidas do intervalo interjornada serão remuneradas como horas
extras.
(( A duração do intervalo intrajornada depende da jornada total diária pactuada com o
trabalhador.
Das 5 ocorrências, por serem justificáveis, o repouso semanal remunerado não será descontado
de:
a) João, Patrícia e Leonardo.
b) Manoel e Figueira.
c) Patrícia, Leonardo e Figueira.
d) Patrícia e Leonardo.
Conceitos
Salário é a contraprestação devida ao empregado pela prestação de seus serviços ao empregador,
em decorrência do contrato de trabalho existente entre as partes. É o valor mínimo a ser percebido pelo
trabalhador pelos serviços prestados, ajustado contratualmente, também denominado salário básico. O
salário contratual poderá ser o salário-mínimo vigente, o piso salarial da categoria profissional ou valor
superior, ajustado livremente pelas partes.
O piso salarial pode ser fixado por legislação ordinária (situação dos médicos veterinários, por
exemplo), por convenção ou acordo coletivos de trabalho ou até mesmo por legislação estadual, como
ocorre com o estado do Paraná, Lei Estadual 15.486, de 1.o de maio de 2007 (DOE de 02/05/2007).
Remuneração é a soma do salário contratual com outras vantagens e/ou adicionais (que possu-
am natureza salarial) percebidos pelo empregado, em decorrência do exercício de suas atividades, por
exemplo (CLT, art. 457):
::: gorjetas;
::: gratificações contratuais;
::: prêmios;
::: adicional noturno;
::: adicionais de insalubridade e periculosidade;
::: ajudas de custo e diárias de viagem, quando excederem 50% do salário percebido;
::: comissões; e
::: quaisquer outras parcelas pagas habitualmente, ainda que em utilidades, previstas em acordo
ou convenção coletiva ou mesmo que concedidas por liberalidade do empregador.
No tocante às gratificações e prêmios, cabe orientação específica no sentido de que estes somen-
te integrarão a remuneração quando habitualmente pagos, ou seja, quando não-habituais (ex.: gratifi-
cação concedida 20 vinte anos da empresa – não é habitual porque a empresa só completa 20 anos uma
única vez) não integrarão a remuneração do empregado. Entende-se por habitual o que pode vir a se re-
petir, como uma gratificação pelo bom desempenho semestral do empregado, quando a cada semestre
ele será avaliado, podendo tornar a receber referida gratificação. Por não-habitual, em conseqüência,
entende-se a parcela paga uma única vez, decorrente de fato único que não é suscetível de repetição.
Salário in natura
Além do pagamento em dinheiro, compreende-se como salário, para todos os efeitos legais, ali-
mentação, habitação, vestuário, transporte e outras parcelas pagas para atender uma necessidade indi-
vidual do trabalhador, em substituição ao salário em pecúnia. Essas parcelas são denominadas salário in
natura e assim se compreendem no salário em razão do fornecimento habitual pelo empregador, seja
por força do contrato, documento coletivo ou mesmo do costume. Não é permitido, em caso algum, o
pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas (CLT, art. 458).
Sendo assim, todas as vezes em que a empresa fornecer ao empregado utilidade ou parcela, não
necessitando o empregado, portanto, arcar com a referida despesa (o que deveria fazer caso não a
recebesse do empregador), essa utilidade fornecida será considerada salário in natura. São assim consi-
derados, por exemplo, os aluguéis residenciais pagos pelo empregador.
A legislação trabalhista (CLT, art. 82), ao determinar sobre a composição do salário-mínimo, proíbe
que seja o salário do empregado pago exclusivamente em utilidades, sendo-lhe garantido, em dinheiro,
um mínimo de 30%. Por analogia, também a remuneração do trabalhador deve observar um mínimo de
30% em pecúnia (dinheiro), sendo o restante passível de outras formas de pagamento. Observe-se, po-
rém, que no contrato de trabalho firmado entre as partes deve ser especificada a parte da remuneração
correspondente às utilidades, as quais devem ser discriminadas em folha de pagamento e recibos de
salários, posto que, por integrarem a remuneração, constituem base de incidência para as contribuições
previdenciárias e os depósitos de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) (Lei 8.036/90, art. 15,
caput e Decreto 3.048/99, art. 214).
Habitação e alimentação
A habitação e a alimentação fornecidas como salário in natura deverão atender aos fins a que se
destinam e não poderão exceder, respectivamente, a 25% e 20% do salário contratual (CLT, art. 458, §3.º).
Assim, caso seja de interesse do empregador compor o salário contratual com uma parte em
dinheiro e outra parte em habitação e alimentação do trabalhador, deverão ser observados os limites
percentuais aqui estipulados. Ressalte-se, entretanto, que a alimentação fornecida por empresa partici-
pante do Programa de Alimentação ao Trabalhador (PAT), instituído pela Lei 6.321/76, não tem caráter
salarial e não integra a remuneração do obreiro. Se a empresa não fornecer alimentação nos moldes do
PAT, o valor equivalente será considerado salário, sobre tal montante incidindo contribuições previden-
ciárias e fundiárias (TST, Súmula 241).
Tratando-se de habitação coletiva, o valor do salário in natura a ela correspondente será obtido
mediante a divisão do justo valor da habitação pelo número de ocupantes, vedada, em qualquer hipó-
tese, a utilização da mesma unidade residencial por mais de uma família.
Salário utilidade
Existem alguns benefícios ou materiais fornecidos habitualmente pelo empregador, que não são
considerados como salário, a título de prestações in natura e que, por tal razão, não integram a remune-
ração do trabalhador. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em seu arttigo 458, parágrafo 2.º, traz
uma relação de benefícios e acessórios a esse título, a saber:
::: vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local
de trabalho, para a prestação do serviço;
::: educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores
relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático;
::: transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não
por transporte público;
::: assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-
saúde;
::: seguros de vida e de acidentes pessoais;
::: previdência privada.
Salário complessivo
Salário complessivo é aquele que compreende, em único valor ajustado entre as partes (empre-
gador e empregado), mais de uma parcela devida ao trabalhador.
Esse ‘‘englobamento’’ de parcelas não é admitido na doutrina e na jurisprudência, não encontran-
do também qualquer amparo legal, pelo fato de esse tipo de ajuste salarial não permitir a comprovação
destacada das verbas componentes da remuneração que estejam sendo pagas ao empregado. Sendo
nulo tal ajuste, as parcelas que se encontrarem implícitas no salário são consideradas como não-pagas,
nos termos da Súmula 91 do TST.
Proteção ao salário
A legislação trabalhista assegura proteção aos salários em diversos aspectos, como:
::: o salário é irredutível, ou seja, enquanto o empregado estiver prestando serviços a um mesmo
empresário, num mesmo contrato de trabalho, seu salário não poderá sofrer qualquer redu-
ção, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo (CF, art. 7.º, VI);
::: nas hipóteses de falência ou concordata do empregador, subsiste a este a obrigatoriedade de
pagamento dos salários (CLT, art. 449);
::: o salário é impenhorável, com exceção para o pagamento de pensão alimentícia (CPC, art. 649,
IV);
::: o salário é irrenunciável, ou seja, qualquer acordo realizado entre empregador e empregado
no qual este último renuncia ao pagamento de seus salários, é considerado nulo (CLT, art. 9.º).
Equiparação salarial
Nos termos do artigo 461 da CLT, sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, presta-
do ao mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo,
nacionalidade ou idade.
Considera-se trabalho de igual valor aquele realizado com igual produtividade e com a mesma
perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço (na função) não for superior a dois
anos e desde que o empregado e o paradigma tenham exercido a mesma função concomitantemente.
Entretanto, quando se tratar de pedido em reclamação trabalhista, não é necessário que o reclamante
e a pessoa paradigma (aquela que está sendo citada como modelo) estejam a serviço da empresa no
momento do ingresso da ação judicial, desde que o pedido se relacione com situação ocorrida no pas-
sado. (TST, Súmula 6).
Com referência à identidade de função, o TST esclarece, por meio da Súmula 6, tratar-se de iden-
tidade de tarefas, não sendo relevante se os cargos possuem a mesma denominação. Por mesma loca-
lidade, deve-se compreender, em princípio, pelo mesmo município ou por municípios distintos que,
comprovadamente, pertençam à mesma região metropolitana.
Não servirá de paradigma o trabalhador readaptado em nova função por motivo de deficiência
física ou mental e não caberá equiparação salarial quando a empresa tiver pessoal organizado em qua-
dro de carreira, cujas promoções devem obedecer aos critérios de antigüidade e merecimento, alterna-
damente, além de ser o mesmo homologado perante o Ministério do Trabalho e Emprego.
Descontos
A legislação trabalhista autoriza o desconto no salário do empregado apenas quando resultante
de adiantamentos, dispositivo de lei ou de contrato coletivo. Entretanto, desde que exista autorização
prévia e por escrito do empregado, é possível o desconto salarial, quando em benefício do empregado
e dos seus dependentes, para ser integrado em planos de assistência odontológica, médico-hospitalar,
1 Fundamentação: CLT, artigos. 459, parágrafo1.º (com redação da Lei 7.855/89), 463 e 465; Lei 10.272, de 05 de setembro de 2001 (DOU de
06/09/2001).
O pagamento em cheque deverá ser efetuado em dia útil e no local de trabalho, em horário de
serviço ou imediatamente após o encerramento deste.
Cumpre ainda observar que, nos termos da Portaria MTb 3.281/84, os pagamentos efetuados por
meio de cheques ou depósitos em conta corrente obrigam ao empregador assegurar ao empregado:
::: horário durante o expediente ou logo após este, que permita o desconto imediato do cheque
ou o saque imediato do valor depositado;
::: transporte, caso necessário, para acesso ao estabelecimento bancário;
::: quaisquer outras condições que impeçam atrasos no recebimento dos salários e da remune-
ração das férias.
Caso a empresa não satisfaça tais exigências, caberá à fiscalização trabalhista a aplicação das pe-
nalidades quando apurada a infração.
Recibo de pagamento
No pagamento dos salários deverá ser efetuado contra-recibo, no qual serão discriminadas todas
as parcelas pagas (CLT, art. 464). Há a necessidade de que as horas/dias trabalhados, as faltas injustifi-
cadas e os repousos semanais (caso não seja o empregado mensalista) sejam discriminados separa-
damente no recibo porque, além de facilitar a compreensão do empregado, evita a configuração do
“salário complessivo”, não admitido em nosso ordenamento jurídico.
O recibo deverá ser apresentado em duas vias para efeito de comprovação do pagamento do
salário, ficando a primeira via em poder do empregador, e a segunda com o empregado. Além das par-
celas componentes da remuneração e dos descontos a serem efetuados, os empregadores obrigam-se
ainda a comunicar mensalmente aos empregados os valores recolhidos ao FGTS em conta vinculada,
que poderão constar no mesmo recibo de pagamento dos salários do empregado.
Tratando-se de empregado analfabeto, o pagamento será efetuado mediante sua impressão digi-
tal ou, não sendo esta possível, assinatura a seu rogo (a seu pedido), por terceiros e com testemunhas.
A partir de 26/09/1997, data da publicação da reedição da Medida Provisória 1.523-12 (hoje Lei
9.528, de 10 de dezembro de 1997), tem força de recibo o comprovante de depósito em conta bancária,
aberta para esse fim em nome de cada empregado, com o consentimento deste, em estabelecimento
de crédito próximo ao local de trabalho.
Adicional de insalubridade
São consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições
ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de
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Remuneração, salários e trabalho noturno | 71
tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus
efeitos (CLT, art. 189).2
A determinação dos agentes insalubres consta dos anexos da NR-15 da Portaria 3.214/78, com
alterações posteriores. O TST tem mantido entendimento no sentido de ser necessária a classificação da
atividade insalubre no anexo da NR-15, não sendo suficiente a constatação da existência do agente no-
civo por laudo pericial (Orientações Jurisprudenciais SDI-I 4 e 173). Trata-se, entretanto, de entendimen-
to equivocado, que privilegia a forma em detrimento do direito, ferindo disposições constitucionais
como a dignidade da pessoa humana (art. 1.º), o direito à saúde (art. 6.º) e adicional de remuneração
para atividades insalubres (art. 7.º).
A caracterização e a classificação da insalubridade, segundo as normas do Ministério do Trabalho,
far-se-ão por perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho. Observe-se, inclusive,
que não existe distinção entre o médico e o engenheiro para efeito de caracterização e classificação da
insalubridade e periculosidade, bastando para a elaboração do laudo que seja o profissional devida-
mente qualificado (Orientação Jurisprudencial TST/SDI 165).
É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias profissionais interessadas requererem ao
Ministério do Trabalho a realização de perícia em estabelecimento ou setor deste, com o objetivo de
caracterizar e classificar ou delimitar as atividades insalubres ou perigosas (CLT, art. 195).
Percentual
O exercício do trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos
pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional respectivamente de 40%, 20% e 10% do
salário-mínimo, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo (CLT, art. 192). Conforme
entendimento do TST, consubstanciado nas Súmulas 17 e 228, a base de cálculo do adicional somente
será o salário-mínimo se não houver fixação de salário profissional em lei, convenção coletiva ou sen-
tença normativa.
O adicional de insalubridade somente será devido enquanto perdurarem as condições desfavorá-
veis à saúde do trabalhador. Uma vez modificadas essas condições, impõe-se a modificação da obriga-
ção ou mesmo o total desaparecimento desta.
Se o trabalho extraordinário for realizado no mesmo ambiente insalubre, fará jus o empregado
ao respectivo adicional. Assim, e em face da natureza salarial do adicional de insalubridade, o cálculo
do serviço suplementar será composto do valor da hora normal acrescido do respectivo adicional de
insalubridade – (TST, Súmula 264). Cumpre ao empregador observar, entretanto, que a prorrogação
de horário de trabalho nas atividades insalubres somente poderá ser acordada mediante licença prévia
das autoridades competentes em matéria de Medicina do Trabalho, as quais, para esse efeito, procedem
aos necessários exames locais e à verificação dos métodos e processos de trabalho, quer diretamente,
quer por intermédio de autoridades sanitárias federais, estaduais e municipais (CLT, art. 60).
2 Exemplo: agentes químicos como cloro, chumbo, hidrocarbonetos; agentes físicos como ruído, poeira; agentes biológicos como bactérias. A
insalubridade não está relacionada propriamente com a atividade empresarial, mas com o ambiente de trabalho.
Adicional de periculosidade
São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo
Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem
o contato permanente com inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado. Trata-se de
agente fatal, que coloca em risco não a saúde, mas a vida do trabalhador. A discriminação das atividades
perigosas (inflamáveis e explosivos) consta, ainda, dos anexos da NR-16 da Portaria 3.214/78.
Os trabalhadores no setor de energia elétrica igualmente fazem jus ao adicional de periculosida-
de por força da Lei 7.369, de 20 de setembro de1985 (DOU de 23/09/1985).
O Ministério do Trabalho e Emprego, pela Portaria 518, de 04 de abril de 2003 (DOU de 07/04/2003),
determina o pagamento do adicional de periculosidade também aos trabalhadores expostos a radia-
ções ionizantes ou substâncias radioativas, entendimento ratificado pela Orientação Jurisprudencial
SDI-I 345 do TST.
3 Fundamentação: CLT, artigos 189 a 192 e 194 a 197; TST, Súmulas 80, 248 e 289; Portaria MTb 3.214/78 – NR-15 e NR-26.
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Remuneração, salários e trabalho noturno | 73
Percentual
O exercício de trabalho em condições de periculosidade assegura ao trabalhador a percepção de
adicional de 30%, incidente sobre o salário contratual, sem os acréscimos resultantes de gratificações,
prêmios ou participações nos lucros da empresa. O empregado poderá optar, entretanto, pelo adicional
de insalubridade que porventura lhe seja devido.
Em se tratando de empregados que exercem atividade no setor de energia elétrica em condições
de periculosidade, o adicional será de 30% sobre o salário que perceberem (totalidade das parcelas de
natureza salarial) (TST, Súmula 191).
Observação: o TST manifestou entendimento, pela Súmula 364, no sentido de que a fixação
do adicional de periculosidade, em percentual inferior ao legal e proporcional ao tempo de expo-
sição ao risco, deve ser respeitada, desde que pactuada em acordos ou convenções coletivos de
trabalho (CF, art. 7.º, XXVI).
Sendo o trabalho extraordinário ou noturno realizado no mesmo ambiente de risco, fará jus o em-
pregado ao respectivo adicional. Assim, e em face da natureza salarial do adicional de periculosidade, o
cálculo do serviço suplementar e também o cálculo do adicional noturno serão compostos do valor da
hora normal acrescido do respectivo adicional de periculosidade (TST, Súmula 264 e Orientação Juris-
prudencial SDI-I 259).
4 Fundamentação: CLT, artigos 193 a 197; Portaria MTb 3.214/78 – NR-16 e NR-26.
Trabalho noturno
Considera-se noturno, para os trabalhadores urbanos, o trabalho realizado entre as 22 horas de
um dia e as 5 horas do dia seguinte, devendo a hora ter duração de apenas 52 minutos e 30 segundos
para fins de jornada laboral (CLT, art. 73). Assim, para cada 52 minutos e 30 segundos trabalhados dentro
do horário noturno (22 às 5 horas), o empregador deverá computar e remunerar como uma hora normal
trabalhada.
Conforme Súmulas 65 e 140 do TST, o vigia noturno faz jus à hora reduzida de 52 minutos e 30
segundos e ao respectivo adicional.
Adicional noturno
O trabalho noturno deverá ser remunerado com o adicional de, pelo menos, 20% sobre o valor
da hora normal/diurna (CLT, art. 73) e, desde que pago com habitualidade, deverá integrar o salário do
trabalhador para todos os efeitos legais (TST, Súmula 60).
Os adicionais pelo trabalho noturno deverão ser discriminados em folha de pagamento, sofrendo
incidências de INSS, FGTS e IRRF.
5 Fundamentação: CF, artigo 7.º, IX e XVI; CLT, artigo 73; e Lei 5.889/73, artigo 7.º e parágrafo único.
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Remuneração, salários e trabalho noturno | 75
o trabalho desenvolvido entre as 22 horas de um dia e as 5 do dia seguinte horas tem o desgaste físico
que proporciona compensação pela redução da hora efetiva (52 minutos e 30 segundos) e por um adi-
cional de 20%. Quando o empregado, ao trabalhar extraordinariamente, adentra esse período, o valor
da hora trabalhada, utilizado como base-de-cálculo para o percentual extraordinário, não poderá ser
mais a hora normal, pois já se encontra nela incluído o adicional pelo trabalho noturno, que é de 20%.
Nesse mesmo sentido existe, inclusive, a Orientação Jurisprudencial 97 da Seção de Dissídios Individu-
ais do TST.
Para esta linha de entendimento, deverá o empregador adotar o seguinte critério de cálculo:
::: aplicar o percentual noturno sobre o salário-hora do empregado (20% sobre o salário contra-
tual horário do empregado);
::: somar o valor encontrado (adicional noturno) ao salário-hora do empregado, encontrando-se,
assim, a base de cálculo (hora noturna);
::: aplicar sobre a hora noturna o percentual de hora extra (no mínimo 50%).
Exemplo:
Dados:
::: Salário-base = R$1.000,00 para jornada mensal de 220 horas
::: Salário-hora = R$1.000,00 : 220 horas = R$4,54
::: Adicional noturno = R$4,54 . 20% = R$0,90
::: Número de horas extras noturnas no mês = 10 horas
Cálculo:
I - R$4,54 . 20% = R$0,90
II - R$0,90 + R$4,54 = R$5,44
III - R$5,44 . 1,50 (50%) = R$8,16 = valor da hora extra noturna
IV - R$8,16 . 10 horas = R$81,60
Exemplo:
Dados:
::: Salário-base = R$1.000,00 para jornada mensal de 220 horas
::: Salário-hora = R$1.000,00 : 220 horas = R$4,54
::: Adicional noturno = R$4,54 . 20% = R$0,90
::: Número de horas extras em horário noturno no mês = 10 horas
Cálculo:
l - R$4,54 . 20% = R$0,90
ll - R$0,90 . 10 horas = R$9,00
lll - R$4,54 . 1,50 (50%) = R$6,81
lV - R$6,81 . 10 horas = R$68,10
V - R$9,00 (adicional noturno) + R$68,10 (adicional de horas extras) = R$77,10
Tendo o empregado sua jornada de trabalho prorrogada, de forma que seja estendida além das 5
horas do dia seguinte, existe entendimento jurisprudencial dominante no sentido de haver também a
prorrogação do trabalho noturno. Conforme tal corrente, amparada inclusive pela Súmula 60 do TST, se
a jornada normal de trabalho for cumprida integralmente no período noturno, e, uma vez prorrogada
(horas extraordinárias), será devido também o adicional noturno quanto a estas horas, por interpreta-
ção ao art. 73, parágrafo 5.º, da CLT.
Exemplo:
Dados:
::: Empregado trabalhou das 22h00 às 03h00
Cálculo:
::: 22 às 3 horas = 5 horas normais (de 60 minutos)
::: 5 . 1,1428571 = 5,7142855
::: 0,7142855 . 60 : 100 = 0,42 (adota-se este procedimento porque a máquina de calcular
trabalha em escala de 0 a 100)
::: 5 horas normais correspondem a 5 horas 42 minutos noturnos.
Trabalhadores rurais6
Nas atividades rurais, a hora noturna não sofre qualquer redução temporal, tendo duração nor-
mal de 60 minutos. Considera-se noturno o trabalho executado entre:
::: as 21 horas de um dia e 5 horas do dia seguinte, na lavoura; e
::: as 20 horas de um dia e 4 horas do dia seguinte, na pecuária.
Com referência ao adicional noturno, todo trabalho noturno desenvolvido na área rural acarreta
acréscimo de 25% sobre a remuneração normal da hora diurna.
Texto complementar
Evolução do tema
Além do salário fixo pago em dinheiro, tornou-se prática usual, sobretudo aos empregados
domésticos, rurículas e altos executivos, o fornecimento de inúmeras utilidades como moradia, ali-
mentação, vestuário, transportes.
Acontece que tais benesses podem ou não constituir-se salário, caso verificada a presença dos
requisitos da habitualidade, comunicatividade, ou ainda, se concedidas em função do contrato de tra-
balho para suprir necessidade vital do empregado. A jurisprudência acerca do tema se modificou com
o passar dos anos. Demonstra-se tal fato colacionando a recente Lei 10.243, DOU 20/06/2001 com vetus-
to aresto de lavra do então ministro do TST, Juiz Marco Aurélio de Mello:
“Salário-utilidade. O artigo 458 da CLT não encerra preceito numerus clausus. Além das utilidades
expressamente mencionadas, outras são passíveis de existência, cabendo ao intérprete perquerir
acerca da origem respectiva e do enquadramento como tal, considerando, a vantagem considerada
para o empregado e o ônus para o empregador, somente justificáveis pela prestação dos serviços.
Como tal, é dado enquadrar instrução dos filhos do empregado, assistência médica e odontológica,
participação acionária e o seguro hospitalar de vida” (TST, 1.ª Turma, Min. Marco Aurélio Mendes de
Farias Mello, RR 1.226/83)
A nova Lei 10.243/2001 acrescentou os incisos I a VI ao §2.o do artigo 458 da CLT, posiciona-se
em sentido inverso à ementa, asseverando que não constitui salário os vestuários para a prestação
do serviço, os gastos com educação, transporte, assistência médica, seguros e previdência privada.
Como se percebe, se antes quase todas as utilidades eram tidas como salário in natura, hoje, em
face das sucessivas alterações legislativas e jurisprudenciais, a maioria das utilidades auferidas pelo
empregado no curso do contrato de trabalho não é considerada parcela salarial.
7 José Affonso Dallagrave Neto é Advogado e Doutorando em Direito pela UFPR, professor da Pós-graduação da Faculdade de Direito
Curitiba, Presidente da APEJ – Academia Paranense de Estudos Jurídicos, Membro do IAB – Instituto dos Advogados Brasileiros.
8 José Martins Catharino sustenta que a expressão in natura não é correta, pois quase sempre esta espécie de remuneração não é
efetuada em coisas em estado natural, mas em coisas específicas, em serviços e produtos. In: Compêndio de Direito do Trabalho. São Paulo:
Saraiva, 1981, p. 38. v.2.
Preferimos o termo já consagrado salário in natura, que pode ser conceituado como comple-
mento salarial pago pelo empregador em utilidades vitais ao trabalhador, por força do contrato de
trabalho ou do costume.
Em sintonia com a Convenção 95 da OIT9, o caput do artigo 458 da CLT assim prevê:
Art. 458. Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, alimentação,
habitação, vestuário ou outras prestações in natura que a empresa, por força do contrato ou costume, fornece habi-
tualmente ao empregado. Em caso algum será permitido pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas.
§1.o Os valores atribuídos à prestações in natura deverão ser justos e razoáveis, não podendo exercer, em cada caso,
os dos percentuais das parcelas componentes do salário-mínimo, (arts. 81 e 82).
I - fundamento contratual;
II - habitualidade;
III - comutatividade;
IV - suprimento de necessidades vitais do empregado.
É bom esclarecer que os quatro elementos acima dizem respeito ao fornecimento da utilida-
de. Assim, as utilidades auferidas pelo empregado deverão ter como fundamento a existência da
relação de emprego mantida entre as partes, ou seja, o obreiro não as recebe por laços de amizade,
parentesco ou benevolência, mas em face do acordado no contrato de trabalho. Uma vez pactuada
– expressa ou tacitamente – e não adimplida a obrigação, cabe ao empregado figurar como recla-
mante de ação trabalhista que visa à respectiva condenação.
O artigo 458 da CLT faz menção ao fornecimento habitual da prestação in natura, e também, que
ela seja concedida por força de costume. Deveras, ambas expressões são pleonásticas, vez que costu-
me é justamente a prática reiterada (habitual) de determinada conduta por um mesmo ente.12
Verifica-se que o elemento habitualidade é importante para vários institutos do Direito do Tra-
balho, v.g. horas extras, gratificações e utilidades. Ocorre que não há nenhum dispositivo legal que
delimite o que vem a ser habitual ou quando ela se caracteriza. Tínhamos apenas a Sumula 76 do TST
que apregoava serem habituais as horas extras prestadas desde o primeiro dia do contrato ou por
mais de dois anos. Essa única sinalização jurisprudencial não existe mais, em face do cancelamento
desse verbete pelo Enunciado 291 do TST. Destarte, o conceito de habitualidade do fornecimento
da utilidade, capaz de caracterizar salário in natura, ficará ao talante do julgador ou hermeneuta.
Um dos critérios em que o aplicador poderá se apoiar é o da provisoriedade. Para tanto, assinala
Sussekind, “quando o empregador conceder determinada utilidade ao empregado transferido em
caráter provisório para outra localidade (ex.: habitação), essa prestação, por ter caráter transitório e
não-habitual, não deve ser considerada salário”13. Como se vê, ainda que a prestação in natura seja
concedida por mais de uma vez – v.g.: duas, três, sete vezes – não terá natureza salarial se estiver
jungida a um fato gerador efêmero. Cessado o agente transitório – motivador da benesse – cessará
também o pagamento da utilidade, sem que isso configure supressão ilícita de verba salarial. Em
Portugal, a legislação positiva14 fala em regularidade e periodicidade da concessão das parcelas, as
quais, segundo observa Lobo Xavier, “estão também inspiradas na necessidade de calcular uma
retribuição-tipo, global e abstracta, ordinária, de caráter normal, porque esse cálculo é indispensá-
vel para certas aferições no plano do Direito do trabalho e em que, portanto, deve ser excluído tudo
o que for esporádico ou atípico15 ”.
A maior parte da doutrina coloca como terceiro requisito do salário-utilidade a onerosidade do
fornecimento. Entendemos, ao revés, que o correto é falar em comutatividade do fornecimento, vez
que a prestação in natura, pra ser tida como salário, deve ser dada em contraprestação ao serviço
12 Em igual sentido, observou pioneiramente Orlando Gomes. O Salário no Direito Brasileiro. Rio de Janeiro: Konfino, 1947. p. 60.
13 SUSSEKIND, Arnaldo et al. Instituições de Direito do Trabalho. 19. ed. São Paulo: LTr, 2000, p. 346. v. 1.
14 Trata-se do artigo 82, n. 2 da CLT, que reza “a retribuição compreende remuneração de base de todas prestações regulares e periódicas,
feitas direta ou indiretamente, em dinheiro ou espécie.
15 XAVIER, Bernardo da Gama Lobo. Curso de Direito do Trabalho, 2. ed. Lisboa: Edirial Verbo, 1996. p. 383.
prestado16. Comutativo é justamente aquilo que pressupões prestações contrárias, certas e equiva-
lentes. O salário-utilidade, nesse diapasão, é aquele auferido pelo empregado em troca de trabalho
despendido ao empregador, conforme conclui do §2.o, I, do artigo 458 da CLT.
Em obra clássica, José Martins Catharino, trouxe ensinamento ainda vivo para os dias de hoje:
“Em tese, poder-se-á aplicar a seguinte regra para se descobrir quando a utilidade é salário: toda vez
que seja meio necessário e indispensável para determinada prestação de trabalho subordinado a
resposta será negativa; será afirmativo quando a utilidade é fornecida pelo serviço prestado, será
típica contra-prestação.17
A regra do “pelo” e do “para” tornou-se tão significativa, que até mesmo a jurisprudência a in-
corporou.18 Ora, se a utilidade é indispensável para a consecução dos objetivos da empresa não terá
natureza salarial. Nesse sentido é a posição pacífica do TST, consubstanciada na OJSDI-I, n. 131:
“Vantagem in natura. Hipóteses em que não integra o salário. As vantagens previstas no artigo
458 da CLT, quando demonstrada a sua indispensabilidade para o trabalho, não integram o salário
do empregado.”
Anote-se outrossim, que onerosidade ou mesmo comutatividade não quer dizer que o em-
pregado pague pela utilidade. Ao contrário, equivale a dizer que a utilidade é pelo trabalho pres-
tado. Caso o empregado pague integralmente ao empregador pela utilidade da que serve – v.g.:
pagamento pela habitação ou pelo almoço usufruído – sequer haverá benefício, mas um contrato
paralelo e acessório ao contrato de emprego. Jamais tais utilidades pagas pelo próprio empregado
serão consideradas salário. Finalmente, se o pagamento representar valores irrisórios que nem de
longe cobrem o custo da utilidade auferida, estar-se-à diante de fraude da lei, aplicando-se-lhe a re-
gra do artigo 9.º da CLT, com conseqüência declaração da natureza salarial da utilidade, se presente
os demais requisitos legais.
O quarto e último requisito configurador da natureza salarial é que a utilidade seja dada como
suprimento vital do empregado. Assim, consoante se depreende da parte final do artigo 458 da CLT,
“em caso algum será permitido o pagamento do salário com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas”.
Em igual sentido é a OJSDI-I 24 do TST que estatui: “cigarro não é salário-utilidade”. Portanto, mesmo
que tais classes de produtos nocivos venham a preencher os três primeiros requisitos – fundamento
contratual, fornecimento habitual e em troca do serviço prestado – ainda assim não serão considera-
dos salário-utilidade se estiverem alijados daquilo que comumente se denomina vital do homem.
Mutatis mutandi, em se observando os quatro requisitos legais, pode-se perfeitamente ca-
racterizar verba salarial qualquer utilidade que constitua necessidade essencial ao empregado,
daquelas já denominadas no cabeçalho do artigo 458 da CLT: alimentação, habitação e vestuário.
16 Sobre a correlação terminológica, oportuno transcrever a posição de Amauri Mascaro Nascimento: “Cabem observações sobre a
exigência de onerosidade. Significa que a entidade deve corresponder ao princípio da comutatiidade. É atribuída em troca do trabalho
ou nas situações as quais o salário é devido. É parte do salário” In: Manual do Salário. 2. ed. São Paulo: LTr, 1985, p. 222.
17 CATHARINO, José Martins . Tratado Jurídico do Salário. São Paulo: LTr, 1994. Edição original de 1951, p. 171.
18 A propósito é o seguinte aresto: “1. A circunstância da utilidade ser fornecida graciosamente ao trabalhador, é juridicamente irrelevante,
e não descaracteriza a configuração do salário in natura, desde que concedida, não apenas “para o trabalho” como instrumento ou meio
necessário, mas também “pelo trabalho”, 2. E, comprovado o uso particular do veículo da empresa, pelo reclamante, com a ciência da
reclamada, configurando esta não se tratar de mera “ferramenta” mas de vantagem salarial (CLT, artigos 433, 444 e 458)” (TRT / 1.ª Reg. –
RO 7.492/90 – ac. 3.a T. – Unânime – Rel. Juiz Azulino Joaquim de Andrade Filho – Fonte DOERJ, 27/07/1992, p. 148).
O próprio conceito de salário-mínimo, delimitado no artigo 81 da CLT e no artigo 7.º, IV, da Cons-
tituição Federal, enumera outras prestações in natura essenciais: educação, lazer, saúde, higiene,
transporte e previdência social.
Verifica-se manifesta contradição entre os dispositivos legais que descrevem as parcelas in-
tegrantes do salário-mínimo com o artigo que declara que essas mesmas parcelas não constituem
salário-utilidade. Com efeito, do conjunto obtido da soma dos itens constantes do caput do artigo
81 a 458 da CLT com o inciso IV do artigo 7.º da CF, somente algumas dessas utilidades poderão ser
consideradas salário, em face das alterações advindas da Lei 10.243/2001.
Assim, hodiernamente não caracterizam salário, por expressa determinação legal, o vestuário
fornecido para o serviço, os valores despendidos com educação, assistência médica, hospitalar e
odontológica, os subsídios com previdência privada e ainda o transporte destinado ao local de tra-
balho. Interpretação dos incisos I e VI do §2.º do artigo 458 da CLT.
Atividades
1. Qual é a periodicidade de pagamento de salários permitida pela CLT?
tado internacional referendado, e, por essa forma, obterá então toda eficácia legal de que ne-
cessita para que se encontre vigente em todo o território nacional (CF, art. 84, VIII e art. 49, I);
::: ainda o texto constitucional, referindo-se aos tratados internacionais (CF, art. 5.º, §2.º e art.
105, III, “a”), concede-lhes a eficácia jurídica necessária, reconhecendo sua vigência perante o
ordenamento jurídico interno.
Ultrapassada essa primeira discussão, cumpre ainda ressaltar a existência de doutrinadores que,
adeptos da teoria do conglobamento, entendem não se encontrar em vigor a Convenção 132 por não
ser possível extrairmos um ou outro artigo de determinado instituto legal para incorporá-lo ao nosso
ordenamento jurídico. Para essa teoria, a norma legal deve ser analisada em sua totalidade e somente
se for mais benéfica é que substituirá a norma anterior.
Entendemos, contudo, pela teoria da incidibilidade dos institutos jurídicos, onde nos é permitido
extrair de diversos institutos distintos as normas mais benéficas. O artigo 620 da CLT demonstra, inclusi-
ve, a adoção dessa teoria pelo legislador brasileiro, ao determinar prevalecer a condição mais favorável
ao trabalhador, quando do confronto entre a Convenção Coletiva de Trabalho e o Acordo Coletivo de
Trabalho. Nesses termos, dispõe, inclusive, o Precedente Administrativo 57 do Ministério do Trabalho e
Emprego.
Conclui-se pois, encontrar-se em pleno vigor a Convenção 132 da OIT, tratado internacional auto-
executável e, como tal, direito e garantia constitucional, complementando, alterando e, até mesmo,
revogando a legislação preexistente.
Nos tópicos seguintes abordaremos o direito de férias assim como posto na Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT), fazendo referência às alterações provenientes da Convenção 132 da OIT ao final
de cada subitem.
Observação I: no caso de empregado menor de 18 anos de idade, estudante, este terá direito
a fazer coincidir suas férias com as férias escolares.
Observação II: os membros de uma única família que trabalhem na mesma empresa têm direi-
to ao gozo de férias no mesmo período, desde que não haja prejuízos para o serviço desempenhado.
Para que seja adquirido o direito às férias e para que o empregador as conceda sem que esteja
obrigado a pagá-las em dobro, é necessária a observância de dois períodos:
::: Período aquisitivo de férias – período de 12 meses trabalhados pelo empregado, a contar de
sua admissão, para que adquira o direito ao gozo de férias.
Exemplo:
::: admissão em 15/03/2006
::: 1.º período aquisitivo = 15/03/2006 a 14/03/2007
::: 2.º período aquisitivo = 15/03/2007 a 14/03/2008
::: ...
Exemplo:
::: admissão em 15/03/2006
::: 1.º período aquisitivo = 15/03/2006 a 14/03/2007
::: 1.º período concessivo = 15/03/2007 a 14/03/2008
::: 2.º período aquisitivo = 15/03/2007 a 14/03/2008
::: 2.º período concessivo = 15/03/2008 a 14/03/2009
::: ...
A contagem das faltas injustificadas que ensejam a redução proporcional dos dias de gozo das
férias deve corresponder apenas aos dias em que, havendo expediente de trabalho, o empregado, sem
motivo justo e justificado, deixa de comparecer ao serviço. Não deverão ser computados atrasos, faltas
de meio período e repousos semanais que porventura tenha o empregado deixado de perceber em vir-
tude dessas faltas injustificadas, mas tão-somente os dias úteis integrais em que este não compareceu
ao trabalho.
Não serão consideradas faltas injustificadas ensejadoras (que permitem) da redução do período
de férias:
::: ausência por até dois dias úteis e consecutivos em virtude de falecimento do cônjuge, ascen-
dente, descendente, irmão ou pessoa que, declarada na Carteira de Trabalho e Previdência
Social (CTPS) do empregado, viva sob sua dependência econômica;
::: ausência por até três dias úteis e consecutivos, em virtude de casamento;
::: ausência por um dia, em cada 12 meses de trabalho, em caso de doação voluntária de sangue;
::: ausência por cinco dias úteis e consecutivos, no caso de nascimento de filho – licença-pater-
nidade (art. 10, §1.º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da CF, que substitui o
inciso III do art. 473 da CLT);
::: ausência por até dois dias úteis, consecutivos ou não, para o fim de alistamento eleitoral;
::: ausência durante o período de tempo necessário ao cumprimento das exigências do serviço
militar;
::: ausência nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame vestibular
para ingresso em estabelecimento de Ensino Superior;
::: ausência por motivo de doença ou acidente do trabalho, devidamente comprovada;
::: ausência decorrente de licença-maternidade ou decorrente de aborto não-criminoso;
::: ausência do empregado, justificada, a critério da administração do estabelecimento, mediante
documento por esta fornecido;
::: ausência por paralisação do serviço nos dias em que, por conveniência do empregador, não
tenha havido trabalho;
O “período necessário” a que se refere o parágrafo 1.º, supra, no entanto, para a obtenção do di-
reito de férias integral deve ser fixado pelo legislador brasileiro, conforme assim autoriza o artigo 5.º da
Convenção 132. Tal período, no entanto, não pode ser superior a seis meses, o que significa, então, que
um trabalhador, para ter garantido o direito de férias de 21 dias, deve trabalhar no mínimo seis meses
durante o período aquisitivo.
Dessa forma, restam prejudicados os incisos III e IV do artigo 130 da CLT, ao determinarem a pro-
porcionalidade das férias quando da ocorrência de faltas injustificadas em número superior a 15 dias
no período aquisitivo, posto que, com tais dispositivos, o trabalhador necessita trabalhar mais de 10
meses para fazer jus à férias com duração igual ou superior a 21 dias, contrariando as disposições da
Convenção 132 da OIT.
Formalidades legais
De acordo com a CLT, artigos 130, parágrafo 2.º, e 135, as férias, modalidade que é de interrup-
ção do contrato, têm seu período computado como tempo de serviço para todos os efeitos legais. Sua
concessão deverá ser comunicada por escrito ao empregado com antecedência de, no mínimo, 30 dias,
devendo dessa participação o empregado firmar recibo.
Antes que o empregado entre em gozo de férias, o empregador deverá proceder as anotações
relativas a sua concessão na CTPS deste, bem como nas fichas de registro dos empregados.
Observação: em se tratando de comissões, entendemos que o valor destas deverão ser cor-
rigidos monetariamente para a obtenção da média que servirá de base de cálculo do 13.º salário. O
empregador deverá manter-se atento, inclusive, ao documento coletivo da categoria, que poderá
conter cláusula estipulando o critério de reajuste a ser adotado. A Seção de Dissídios Individuais do
TST se manifestou nesse mesmo sentido pela Orientação Jurisprudencial 181.
Os adicionais por trabalho extraordinário (horas extras), noturno, insalubre ou perigoso, bem
como outros adicionais ou vantagens percebidas pelo empregado, também deverão ser computados
no salário que servirá de base para o cálculo da remuneração das férias. Para tanto, deverá ser calculada
a média dessas variáveis, tomando-se para o cálculo os valores recebidos e/ou o número de horas traba-
lhadas durante o período aquisitivo das férias, exceto se houver previsão mais benéfica no documento
coletivo da categoria profissional.
Observe-se, por fim, que a Constituição Federal (art. 7.º, XVII) assegura aos trabalhadores urbanos
e rurais, inclusive domésticos, gozo de férias anuais remuneradas com pelo menos um terço a mais que
o salário normal, o que veio a ser confirmado pela Súmula 328 do TST, que estendeu esse direito tam-
bém quando das férias indenizadas.
A remuneração das férias, quando gozadas, bem como do respectivo terço constitucional, sofrerá
incidência previdenciária, fundiária e de Imposto de Renda. Quando indenizadas em rescisão contratual
(vencidas ou proporcionais), não sofrerão incidências de Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) e
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), sujeitando-se, tão-somente, ao desconto do Imposto
de Renda Retido na Fonte (IRRF).
Abono pecuniário
Rege a CLT, em seus artigos 143 e 144, que é facultado ao empregado converter um terço do pe-
ríodo de férias a que tiver direito em abono pecuniário, no valor da remuneração que lhe seria devida
nos dias correspondentes. O abono deverá ser requerido pelo empregado, por escrito, até 15 dias antes
do término do período aquisitivo, forma pela qual se torna de aceitação obrigatória pelo empregador.
Se solicitado em período posterior, a empresa não será obrigada a sua aceitação, sendo facultado ao
empregador aceitar ou não o pedido do obreiro.
Em se tratando de férias coletivas, o abono pecuniário deverá ser objeto de acordo coletivo entre
o empregador e o sindicato representativo da respectiva categoria profissional, independendo de re-
querimento individual a concessão do mesmo.
Convertendo o empregado 1/3 de seu descanso em trabalho, a remuneração dos 10 dias (na hi-
pótese de direito a 30 dias de férias) em que prestará serviços deverá constar de folha de pagamento,
juntamente com a remuneração mensal dos demais empregados da empresa, devendo seu pagamento
ser efetuado até o quinto dia útil do mês subseqüente, sem o acréscimo do terço constitucional.
O abono pecuniário e também as gratificações ou abonos ajustados a título de reforço do valor
das férias, resultantes de contrato individual de trabalho, regulamento interno ou documento coletivo
da categoria, desde que não excedam o equivalente a 20 dias de salário, não integrarão a remuneração
do empregado para os efeitos da legislação trabalhista e da Previdência Social. Se, entretanto, a gra-
tificação de férias, estabelecida por contrato individual, regulamento ou mesmo documento coletivo
(acordo ou convenção) exceder o valor correspondente a 20 dias de salário, será aplicado o artigo 457
da CLT, considerando-se parcela de natureza salarial para todo e qualquer efeito.
Férias coletivas3
Poderão ser concedidas férias coletivas a todos os empregados de uma empresa ou de determi-
nados estabelecimentos ou setores da empresa, que serão as férias gozadas em dois períodos anuais
desde que nenhum deles seja inferior a 10 dias corridos. Entretanto, para adotar esse critério:
::: o empregador deverá comunicar ao órgão local do Ministério do Trabalho e Emprego, com a
antecedência mínima de 15 dias, as datas de início e fim das férias, precisando os estabeleci-
mentos ou setores abrangidos pela medida;
::: também com antecedência mínima de 15 dias, o empregador deverá enviar uma cópia da
comunicação (efetuada ao Ministério) aos sindicatos representativos da respectiva categoria
profissional, providenciando ainda a afixação de avisos nos locais de trabalho.
3 Fundamentação: CLT, artigos 130, 139 a 141, 146, 457 e 458 c/c o artigo 462; CF, artigo 7.º, XVII e Lei 8.864/94, artigo 20.
deixar esses empregados gozarem todo o período de direito seguidamente (retornando ao trabalho
após os demais empregados), deverão ser concedidos até o final do suposto período concessivo, como
se não tivesse sido modificado o período aquisitivo dos empregados em questão.
Exemplo:
::: admissão em 15/09/2007
::: direito a férias por 10 meses de trabalho = 25 dias
::: férias coletivas de 15 dias = 16/07/2008 a 30/07/2008
::: concessão dos 10 dias restantes = até 14/09/2009 (que seria o término do período conces-
sivo se não houvesse as férias coletivas)
::: início de novo período aquisitivo = 16/07/2008 (data de início das férias coletivas)
O tempo de trabalho anterior à apresentação do empregado para serviço militar obrigatório será
computado no período aquisitivo, desde que ele compareça ao estabelecimento dentro de 90 dias da
data em que se verificar a respectiva baixa (Lei 4.375/64).
Férias proporcionais4
As férias proporcionais são devidas nas hipóteses de dispensa sem justa causa, término de con-
trato a prazo e quando de rescisão motivada pelo empregado (demissão). Anteriormente, o TST possuía
entendimento no sentido de que as férias proporcionais, em casos de demissão voluntária, somente
seriam devidas se o contrato de trabalho tivesse duração superior a um ano. No entanto, a Súmula 261
sofreu alteração em sua redação em novembro de 2003, passando a assegurar o direito às férias propor-
cionais independentemente do tempo de serviço. No mesmo sentido, dispõe a Súmula 171, também
do TST.
A título de férias proporcionais, o empregado perceberá remuneração relativa ao período aqui-
sitivo incompleto de férias, na proporção de um doze avos por mês ou fração igual ou superior a 15
dias de trabalho, observando-se sempre as faltas injustificadas no período aquisitivo, conforme tabela
abaixo:
Cumpre ao empregador observar que, para a verificação de um doze avos de férias, considera-se
o mês de trabalho, contado da data de admissão, e não o mês civil/calendário.
Observação: mês civil é janeiro, fevereiro, março etc. Mês de trabalho é 16/09 a 15/10; 16/10
a 15/11, e assim sucessivamente.
::: poderá o legislador determinar um período de trabalho a ser exigido para que faça jus o em-
pregado ao recebimento das férias. Esse período não poderá ser superior a seis meses. Uma
vez estipulado, todos os empregados que o tiverem cumprido, no momento de sua rescisão
contratual, e independentemente do motivo justicador, terão direito ao recolhimento das fé-
rias proporcionais;
::: a única estipulação de período mínimo a ser trabalhado para percepção de determinado pe-
ríodo de férias se encontra no artigo 146, parágrafo único, da CLT, que menciona tempo de
serviço equivalente a 15 dias ou mais.
Dessa forma, tem-se que, a partir de 06/10/1999, independentemente do número de meses tra-
balhados, todos os empregados terão direito ao recebimento de férias proporcionais quando de sua
rescisão contratual, ainda que seja esta por pedido de demissão ou dispensa por justa causa. Derrogado
(anulado) parcialmente, portanto, o parágrafo único do artigo 146 e totalmente o artigo 147 da CLT.
Exemplo:
::: admissão: 14/01/2008 (mais de 15 dias trabalhados no mês)
::: 13.º salário em dezembro/2008: 12/12, pois, nesse caso, contam-se todos os meses do ano
(do 01 ao 12)
::: admissão: 20/08/2008 (menos de 15 dias trabalhados no mês)
::: 13.º salário em dezembro/2008: 4/12 pois, nesse caso, contam-se os meses 09, 10, 11 e 12,
somente.
O 13.º salário deverá ser pago em duas parcelas, sendo a primeira entre os meses de fevereiro e
novembro de cada ano, e a segunda até 20 de dezembro.
Nos casos em que o empregado for admitido no curso do ano, ou ainda, se durante este não
permanecer à disposição do empregador durante todos os meses, o adiantamento corresponderá à
metade de um doze avos da remuneração, por mês de serviço ou fração igual ou superior a 15 dias de
trabalho.
Tratando-se de empregados que recebem apenas salário variável, a qualquer título, o adianta-
mento será calculado na base da soma das importâncias variáveis devidas nos meses trabalhados até
o anterior àquele em que se realizar o mesmo adiantamento. Observe-se que, em se tratando de co-
missões, entendemos que o valor destas deverão ser corrigidos monetariamente para a obtenção da
média que servirá de base de cálculo do 13.º salário. O empregador deverá manter-se atento, inclusive,
ao documento coletivo da categoria, que poderá conter cláusula estipulando o critério de reajuste a ser
adotado. A Seção de Dissídios Individuais do TST se manifestou nesse mesmo sentido pela Orientação
Jurisprudencial 181.
Importa observar, ainda, que o adiantamento do 13.º salário será pago quando das férias do em-
pregado sempre que este o requerer no mês de janeiro do correspondente ano.
Sobre o valor pago a título do adiantamento (1.ª parcela) é devido o depósito de FGTS.
Texto complementar
Introdução
A Convenção 132 da OIT, que versa sobre férias anuais remuneradas, foi aprovada pelo Decreto
Legislativo 47, em 23 de setembro de 1981, tendo sido depositado o instrumento da ratificação em
setembro de 1988 pelo Brasil, e 12 dias após o início de sua obrigatoriedade, o presidente da Repú-
blica, pelo Decreto 3.197/99, inseriu no ordenamento jurídico interno a norma internacional. Com
isso, diante da nova normatização, discute se a Convenção referida revogou ou não o Capítulo IV da
Consolidação das Leis do Trabalho, e se aplicável a teoria da Acumulação ou do Conglobamento.
A questão é palpitante e vem desafiando os juristas, além de ser tema de debates em congres-
sos jurídicos, sem que houvesse pacificação, por isso, atual a polêmica, ainda que haja só três pontos
de atrito entre o que dispõe a norma internacional que se tornou lei, e a CLT, segundo pensamos,
quais sejam:
::: O padrão continuará determinando a época de férias, mas mediante prévia consulta ao
empregado, caso não seja previsto em Regulamento, Acordo Coletivo, ou Sentença Arbi-
tral, ou outra maneira, conforme a prática nacional.
5 João Norberto Vargas Valério é Mestre em Direito do Trabalho. Procurador do Trabalho da 15.ª Região. Juiz do Trabalho. Coordenador do
Núcleo Estadual do MPT da Escola Superior do Ministério Público da União.
::: O não computo dos feriados oficiais ou costumeiros, para o período mínimo de férias.
::: Obrigatoriedade de concessão, em caso de fracionamento do período do gozo, no prazo
máximo de 18 meses.
As demais disposições da norma sob comento, se nos afiguram compatíveis com o que já
prevê a CLT. Realmente, duração mínima do período de férias (artigos 129 e 130); pagamento da
remuneração antes do início do gozo (artigo 145); fracionamento de férias com um dos períodos
superior a duas semanas (parágrafo único do artigo 134); férias proporcionais em caso de des-
ligamento (artigos 146 e 147); irrenunciabilidade do direito ao gozo e proibição de exercício de
outra atividade remunerada (artigo 138). O artigo 4 da Convenção 132 veio tão só para atender às
férias européias de agosto, chamadas pelos italianos de ferragosto. É prática da sociedade européia
gozar férias no início do verão, sendo que afora a atividade turística e hoteleira, nada funciona na-
quele continente, no período de 01 a 30 de agosto. No Brasil, as férias coletivas não têm período
certo, estão sujeitas a comunicação ao Ministério do Trabalho, são concedidas em qualquer perío-
do do ano, geralmente quando a atividade econômica se reduz, ou no interesse do patrão. O clima
tropical brasileiro e da maioria dos países da América Latina não adotou e, possivelmente, jamais
adotará a prática européia.
Logo, impraticável, afora os casos de férias coletivas, o artigo 4 da Convenção, mesmo porque
a matéria já está regulada pelo artigo 140 da CLT.
A reflexão pertine sobre o caminho a ser seguido e a possível descoberta da solução mais apro-
priada, segundo o direito, porquanto se atentos ao princípio da norma mais favorável, aplicarmos a
teoria do conglobamento, havendo de desprezar o que diz a Convenção, o que não parece correto,
adiantamos. E se aplicarmos a teoria da incidibilidade, que defende a acumulação de diplomas, com
a limitação do conjunto de normas, por matéria, haverá uma dificuldade ímpar, mesmo porque a
matéria tratada é uma só – férias anuais remuneradas. Restaria então a afirmação que a teoria da
acumulação, que prega a reunião da vantagem de uma e outra norma, com o fracionamento das
fontes normativas, e essa teoria é a que sofre maiores críticas.
Prossigamos então na investigação do problema.
6 SUSSEKIND, Arnaldo. Direito Internacional do Trabalho. 2. ed. São Paulo: LTr, 1987. p. 72.
Tal ensinamento, inferido, também permanece válido porquanto o inciso VIII do artigo 84 da
Carta Magna, ao titularizar o agente responsável pelo ato, faz incidir os artigos 26 e 27 da Conven-
ção de Viena sobre o direito dos tratados (1969), que diz que todo tratado em vigor obriga as partes
e deve ser cumprido de boa-fé, além de não poder a parte invocar as disposições de Direito Interno,
como justificação do não-cumprimento. O artigo 46 da mesma Convenção inibe que o tratado rati-
ficado seja excepcionado por vício de consentimento, ou de alegação de incompetência da autori-
dade para firmar o instrumento, a menos que haja violação manifesta, assim considerando, a que os
demais Estados a considere evidente segundo a prática usual da boa-fé.
Logo, um tratado ratificado entra no ordenamento jurídico interno com força de lei, devendo
ser obedecido, sob pena de a parte contratante lesada coagir a parte transgressora a cumpri-lo, pelo
mecanismo do rompimento das relações diplomáticas, pedidos de explicações, abertura de inquéri-
tos, sansões econômicas, boicotes e guerra legítima.7
Há, em verdade, discussão doutrinaria sobre a prevalência ou não do tratado ratificado, se
vigente no plano internacional, sobre a lei interna, porquanto ao Estado soberano, é que cabe dis-
por internamente como o tratado se converte em obrigatório, no entanto, para o presente estudo,
basta que tenhamos em mente que no Brasil a legislação vinda após a aprovação pelo legislativo faz
com que a norma, nesse último caso, integre o ordenamento jurídico interno, conseqüentemente,
possíveis conflitos devem ser dirimidos à luz da Lei de Introdução ao Código Civil, que traduz-se em
lei interna de Direito Internacional Privado e Público, em diversos de seus artigos. É a referida lei um
conjunto de normas sobre normas, havendo autores que a qualificam como um código de normas,
por dispor sobre obrigatoriedade da lei; tempo de vigência da lei; integração da lei nos casos de
lacuna; critério de hermenêutica jurídica etc.
Assim, em conclusão, independente de o Brasil adotar a teoria monista-interdependência en-
tre a ordem jurídica nacional e internacional, causando a simples ratificação do tratado a incorpo-
ração na legislação nacional – ou dualista – independência das duas ordens jurídicas, fazendo com
que o tratado, ainda que ratificado, dependa de ato de autoridade competente para entrar em vigor
– a questão se torna de menor importância quando a autoridade promulga o tratado, via Decreto
presidencial, e faz incorporar a Convenção ou tratado no plano interno, paralelamente à legislação
já existente. Em um e outro caso, o esclarecimento de lacunas de reconhecimento deverá ser a reso-
lução à luz da Lei de Introdução ao Código Civil.
Temos para nós que, em realidade, o Brasil adota a teoria dualista, porque ainda que aprovado
o tratado, via decreto legislativo, para que tenha força de lei, depende de Decreto presidencial, para
que tenha vigor no plano interno.
7 DINIZ, Maria Helena. Compendio de Introdução à Ciência do Direito. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 1987.
Outros autores italianos e espanhóis, não raras vezes, dizem que o Direito do Trabalho deve
ser interpretado por um juiz, mas este é um “médico social”, trata com as mazelas da existência do
trabalhador, que outras coisas não são do que doenças da sociedade.
Assim é que toda norma interna de Direito do Trabalho tem como fonte material, ainda que
remota, o Direito Internacional do Trabalho, e também por isso é que, ao interpretar a lei, o juiz
deve dar mais valor à interpretação axiológica ou de valores, sem desculpar-se da tecnologia, esta
está estampada na própria Constituição da OIT, qual seja, social e humanitária, sempre que houver
dificuldade de interferir o melhor julgamento, em havendo conflito de normas.
Geralmente, ratificada uma Convenção e obrigando internamente o Estado ratificante, ne-
nhum problema gera quando a sua aplicabilidade, eis que o próprio direito interno dá os critérios
de aplicação de norma jurídica, em caso de dúvida: hierarquia, cronologia e especificidade. Em rea-
lidade, a norma Internacional, quando entra para o mundo jurídico interno, vem com a mesma hie-
rarquia das demais leis ordinárias, e ainda que mais recente, só derroga a lei anterior, que estabeleça
disposições gerais ou especiais a par das já existentes, em caso de incompatibilidade (§2.º, artigo
2.º, da LICC).
Assim, normalmente, se a norma posterior com a mesma hierarquia retirar direitos, ou ampliar
direitos, sempre prevalece, sem que a anterior seja abrogada. Ambas as normas continuam tendo
eficácia e vigor, apenas há uma prevalência da nova norma nos pontos de conflito, apesar de igual
a hierarquia, pelo critério da cronologia.
O princípio da norma mais favorável, do Direito do Trabalho, no entanto, parece criar dificul-
dade na apreensão, justamente pela discussão dos critérios para a descoberta de qual das normas
vigentes é a mais favorável, daí o surgimento das teorias de acumulação, conglobamento e incin-
dibilidade. [...]
Conclusões
1. O Decreto 3.197/99 que promulgou a Convenção 132 da Convenção Internacional do Tra-
balho é parte do sistema normativo brasileiro “para ser executado e cumprido tão inteiramente,
como nela se contém”, e deve ser interpretado pela regra constante do artigo 2.º, parágrafo 2.º da
Lei de Introdução ao Código Civil.
2. A Legislação obreira, já previa a quase totalidade das disposições contidas na Convenção
132, antes da ratificação.
3. Os pontos de atrito da CLT com a Convenção são somente três: não-contagem dos feriados,
para efeito do computo do período de férias; impossibilidade de o patrão impor, sem consulta ao
empregado, o período de gozo, e obrigatoriedade da concessão em caso de fracionamento, no
prazo máximo de 18 meses.
4. As teorias de acumulação, conglobamento e incidibilidade devem ser desconsideradas, por
quanto servem para a identificação e aplicação da norma mais favorável, quando elas provem de
fontes diversas – autônomas e heterônomas, nacional e estrangeira – e não quando são da mesma
hierarquia, como Decreto 3.197/99 e a CLT.
5. Havendo autonomia aparente, os critérios para solução encontram-se na Lei de Introdução
ao Código Civil, que dispõe também sobre regras de hermenêutica: critérios hierárquicos, cronoló-
gicos e de especialidade.
6. Os pontos de conflito entre a CLT e o Decreto 3.197/99, por serem da mesma hierarquia e
disporem sobre a mesma matéria, de forma especial, devem ser solucionados pelo critério cronoló-
gico, beneficiando a disposição do último em detrimento da primeira, pelo fenômeno da derroga-
ção tácita, inferida pelo princípio da norma mais favorável.
7. Sempre que houver feriados durante o gozo de férias não são contados para o computo do
período mínimo, previsto em lei. Também a não-consulta ao empregado, sobre o período fixado
para o período para gozo de férias ofenderá o sistema normativo, a menos que seja predeterminado
por negociação coletiva, ou regulamento da empresa.
8. Só em caso de fracionamento do período de férias o segundo período deverá ser gozado,
no máximo, de 18 meses.
Atividades
1. Um determinado empregado foi admitido em 10/03/2008 e a empresa lhe concedeu gozo de 30
dias de férias no período de 01/03/2009 a 30/03/2009. O procedimento está correto? Justifique.
2. Informe três exemplos de faltas que não serão consideradas para reduzir o período de férias de
um trabalhador.
::: As empregadas que estejam em gozo de salário-maternidade devem constar da folha de for-
ma destacada.
::: É necessário indicar o número de quotas de salário-família atribuídas a cada segurado empre-
gado ou a cada trabalhador avulso.
Sendo o pagamento efetuado semanal ou quinzenalmente, as folhas de pagamento poderão
obedecer a esses períodos, devendo, entretanto, ser elaborada também uma folha mensal para fins de
apuração da contribuição previdenciária.
O fechamento antecipado da folha de pagamento (dias 25, 26 ou outro) constitui procedimen-
to comum em algumas empresas e pode perfeitamente ser adotado, desde que a empresa efetue o
pagamento de todos os proventos até o 5.º dia útil do mês subseqüente, ainda que em folha comple-
mentar.
Note-se que o prazo de pagamento dos salários, nos termos do artigo 59 da Consolidação das
Leis de Trabalho (CLT) refere-se ao 5.º dia útil do mês civil (janeiro, fevereiro, março etc.), e não de um
período de 30 dias inventado pelo empregador. Assim, eventuais faltas injustificadas ocorridas após o
fechamento da folha podem perfeitamente ser descontadas na folha do mês subseqüente, mas caso o
trabalhador tenha trabalhado extraordinariamente ou em horário noturno, as horas extras e o adicional
noturno devidos deverão ser pagos até o 5.º dia útil do mês seguinte àquele trabalhado, sob pena de
estar a empresa descumprindo a legislação existente sobre o tema.
Contribuição previdenciária
1 O valor total da remuneração do trabalhador, limitado ao teto máximo fixado pelo Ministério da Previdência. É a base de cálculo das contri-
buições previdenciárias.
::: acréscimo de 6% – existência de agente nocivo que permita aposentadoria especial aos 25
anos de atividade.
Os trabalhadores de uma mineração subterrânea, por exemplo, que trabalhem na frente de pro-
dução, possuem direito à aposentadoria especial com apenas 15 anos de atividade profissional. Por tal
razão, a empresa que os emprega pagará, além dos 20% destinados a custear a Seguridade Social e dos
3% destinados a custear os benefícios de incapacidade, também o adicional de 12% para custear o be-
nefício de aposentadoria especial que esses trabalhadores terão direito no futuro. Sua contribuição
total, portanto, sobre a remuneração paga ao minério subterrâneo, chega a 35%, sem a observância
de qualquer limite máximo.
Observação: o acréscimo incide exclusivamente sobre o total das remunerações pagas ou
creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos sujeitos a condi-
ções especiais. Com relação aos demais empregados da empresa, que não estiverem expostos a agente
nocivo e, conseqüentemente, não fizerem jus à aposentadoria especial, não haverá qualquer acréscimo
na alíquota destinada ao Seguro de Acidente do Trabalho (SAT).
As contribuições devidas pela empresa, bem como aquelas descontadas dos seus empregados e
dos contribuintes individuais que lhe prestaram serviços devem ser repassadas à Previdência Social até
o dia 10 do mês subseqüente, por meio do formulário GPS (Guia da Previdência Social). A contribuição
incidente sobre o valor bruto da gratificação natalina – 13.o salário – deverá ser calculada em separado
e recolhida até o dia 20 do mês de dezembro, antecipando-se o vencimento para o dia útil imediata-
mente anterior, se não houver expediente bancário nessa data, sendo devida quando do pagamento ou
crédito da última parcela. O empregador doméstico se encontra autorizado a recolher a competência
de novembro juntamente com a contribuição incidente sobre o 13.º salário, até o dia 20 do mês de de-
zembro, em única guia (Lei 8.212/91, art. 30, §6.º, acrescentado pela Lei 11.324/2006).
(SEFIP). Para fins de recolhimento de empregado doméstico e para depósito recursal, deve ser utilizada
a Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) em meio papel. Para reco-
lhimentos devidos na ocasião da rescisão contratual, a empresa deverá utilizar a Guia de Recolhimento
Rescisório do FGTS e da Contribuição Social (GRRF) e para regularização de débitos ou recolhimentos,
a Guia de Regularização de Débitos do FGTS ou o Documento Específico de Recolhimento do FGTS
(DERF).
Os empregadores deverão comunicar mensalmente aos trabalhadores os valores recolhidos ao
FGTS (nos recibos de pagamento, preferencialmente) e repassar-lhes todas as informações, recebidas
da Caixa Econômica Federal (CEF) ou dos bancos depositários, sobre as respectivas contas vinculadas.
Assim, a regra geral a ser utilizada é a incidência comum de Previdência Social e FGTS, sobre as
mesmas parcelas remuneratórias, observando-se apenas as seguintes exceções, onde há incidência ex-
clusiva de FGTS:
::: aviso prévio indenizado;
::: 13.º salário correspondente ao aviso prévio indenizado;
::: remuneração que seria devida ao empregado afastado por motivo de acidente de trabalho;
::: remuneração que seria devida ao empregado afastado para prestar serviço militar obrigatório.
Rescisão contratual
Ocorrendo despedida sem justa causa, ainda que indireta, com culpa recíproca, por força maior
ou extinção normal do contrato de trabalho a termo, inclusive a do trabalhador temporário, deverá o
empregador depositar, na conta vinculada do trabalhador no FGTS, os valores relativos aos depósitos
referentes ao mês da rescisão e ao imediatamente anterior (8%), que ainda não houver sido recolhido,
sem prejuízo das cominações legais cabíveis.
Em se tratando de despedida sem justa causa, a empresa deverá depositar na conta vinculada do
trabalhador também uma multa correspondente a 40% do montante de todos os depósitos realizados
durante a vigência do contrato de trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos
juros, ainda que parte tenha sido sacada pelo trabalhador. Ocorrendo despedida por culpa recíproca ou
força maior, reconhecida pela Justiça do Trabalho, esse percentual de multa deverá ser de 20%.
Texto complementar
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)
(DELGADO, 2007)
O FGTS consiste em recolhimentos pecuniários mensais, em conta bancária vinculada em
nome do trabalhador, conforme parâmetro de cálculo estipulado legalmente, podendo ser sacado
pelo obreiro em situações tipificadas pela ordem jurídica, sem prejuízo de acréscimo percentual con-
dicionado ao tipo de rescisão de seu contrato laborativo, formando, porém, o conjunto global e
indiferenciado de depósitos em fundo social a destinação legalmente especificada.
Criada pela Lei 5.107, de 1996, inicialmente como sistema alternativo ou indenizatório e esta-
bilitário da CLT, o FGTS submetia-se a uma opção escrita por parte do trabalhador, no início do con-
trato laborativo. A nova lei facultava também a realização de opção retroativa ao longo do contrato,
ainda não inserido no sistema do Fundo de Garantia.
Dispunha o novo diploma legal que, mesmo nos contratos não favorecidos por opção escrita
ou retroativa, era obrigatório o recolhimento bancário, pelo empregador, do montante, equivalente
ao respectivo Fundo de Garantia, embora tal montante não fosse, ainda, de propriedade do empre-
gado (e talvez jamais viesse a ser, se este não exercitasse a opção retroativa). Essa ladina sistemática
legal de incentivo e instigação à adesão ao FGTS, tornou tal instituto a regra geral do mercado de
trabalho do país, pouco tempo após sua implantação efetiva em janeiro de 1967.
A Constituição de 1988 eliminou a necessidade da opção formal pelo FGTS, generalizando o
sistema para o mercado empregatício do país, quer urbano, quer rural (CF, art. 7.º, III). Manteve ape-
nas o empregado afastado do referido sistema (a inserção voluntária do doméstico no Fundo de
Garantia somente se viabilizou mais de 12 anos depois, através da MP 1986, de 13/12/1999, e Lei de
Conversão10.208, de 23/03/2001).
Logo após as alterações constitucionais, elaboram-se novos diplomas legais regentes do Fun-
do de Garantia: em primeiro lugar, a Lei 7.839, de 1989, que revogou a 5.107/66; contudo, foi logo
substituída por novo diploma, a hoje vigorante Lei 8.036, de 1990.
Características do FGTS
O Fundo de Garantia é um instituto jurídico complexo, de caráter multidimencional. Uma de
suas mais importantes dimensões – senão a principal – é, sem dúvida, a trabalhista, que é, inclusive,
expressamente reconhecida pela Constituição (CF, art. 7.º III).
Grande parte de suas mais significativas características são de natureza trabalhista, sem dúvida.
Contudo, nem todas elas têm essa estrita natureza. No segmento abaixo, algumas dessas relevantes
características e regras, juslaborativas ou não, serão apresentadas.
::: Recolhimento do FGTS: o instituto é formado por recolhimentos pecuniários mensais,
efetivados pelo empregador em conta bancária vinculada em nome do trabalhador, em
conformidade com parâmetro de cálculo estipulado legalmente.
Tais recolhimentos são, regra geral, imperativos. Há porém, exceções a essa imperatividade:
uma, recente, de natureza trabalhista, diz respeito aos contratos domésticos; outra, antiga, de na-
tureza não-trabalhista, relaciona-se aos direitos não empregados. Excluídas tais exceções, a com-
pulsoriedade dos depósitos sempre preponderou, mesmo quando o respectivo empregado não
tivesse feito sua opção formal pelo sistema do Fundo (situação verificada, no período pré-CF/88,
regulado pela Lei 5.107/66).
Esses recolhimentos pecuniários constitutivos do FGTS são feitos em conta bancária vinculada
em nome do trabalhador. Inicialmente, tal conta podia ser aberta em distintos bancos do país, “den-
tre os para tanto autorizados pelo Banco Central do país”, conforme regulação feita pela antiga Lei
5.107, de 1966 (art. 2.º, parágrafo único). Hoje, verifica-se plena concentração das contas vinculadas
na Caixa Econômica Federal, que se tornou agente centralizador e operador do FGTS (arts. 4.º, 7.º,
11 e 12, ilustrativamente, da Lei 8.036, de 1990).
Os depósitos no Fundo são corrigidos monetariamente, além de capitalizarem “juros de 3%
a.a” (art. 13, caput, Lei 8.036/90).
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Folha de pagamento, contribuição previdenciária e depósito de FGTS | 113
2 A contribuição social da Lei Complementar 110, de 29 de junho de 2001, não se esgota no acréscimo mensal já citado; existe também a
contribuição social de 10% sobre o total do FGTS, “devida pelos empregadores em caso de despedida de emprego sem justa causa” (art.1.º). Do
mesmo modo, o credor dessa verba não é o empregado, mas o Estado (União), por meio de Caixa Econômica Federal (CEF).
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114 | Legislação Trabalhista, Previdenciária e Contratos
Atividades
1. Qual é a periodicidade da folha de pagamento?
3. Uma vez apurados todos os proventos (valores a receber) e descontos, procede-se à elaboração
da folha de pagamento, que deverá observar os seguintes procedimentos, exceto:
a) a folha deve ser elaborada mensalmente, por estabelecimento, obra de construção civil ou
tomador de serviços e deve conter, de forma discriminada, o nome de cada trabalhador e a
indicação do cargo, função ou serviço por ele prestado.
b) os trabalhadores devem ser agrupados por categoria, separando-se os empregados, os traba-
lhadores avulsos e os contribuintes individuais (autônomos e empresários).
c) a folha deve discriminar os proventos (horas normais, horas extras, adicionais, salários in na-
tura etc.) e os descontos (contribuição previdenciária, adiantamentos, vales-transporte etc.),
com indicação de cada subtotal. Do total das parcelas aditivas, deduz-se o total das subtrati-
vas, obtendo-se como resultado o valor líquido a ser percebido pelo empregado.
d) as empregadas que estejam em gozo de salário-maternidade não devem constar da folha,
posto que estarão sendo remuneradas pelo INSS.
Formas admitidas
Exemplo:
::: início do aviso prévio = 01/07 com término em 30/07
::: dias trabalhados = 22 dias do aviso
::: data de afastamento = 23/07 com alta prevista para 12/08
Nessa hipótese, os primeiros 15 dias de afastamento mais os dias já trabalhados são suficientes, e
até ultrapassam a data prevista para o término do aviso prévio. Assim, a rescisão far-se-á normalmente
no dia previsto, 30/07, sendo devido ao empregado apenas a remuneração dos 22 dias trabalhados
mais oito dias de atestado médico – complemento do período de aviso prévio.
::: os dias trabalhados mais os primeiros 15 dias de afastamento não completam o período de
aviso prévio.
Exemplo:
::: início do aviso prévio = 01/07 com término em 30/07
::: dias trabalhados = 11 dias do aviso
::: data de afastamento = 12/07 com alta prevista para 12/08
Nessa hipótese, os primeiros 15 dias de afastamento mais os dias trabalhados (15 + 11 = 26 dias)
não são suficientes para que se complete o período de aviso prévio. Assim, o contrato suspende-se a
partir do dia 26/07, devendo o empregado, quando retornar ao serviço em 12/08, trabalhar mais quatro
dias para que se completem os trinta de aviso. A rescisão far-se-á em 15/08, com a conseqüente baixa
na CTPS do empregado.
inclusive, a Súmula 348 do TST e a Orientação Jurisprudencial SDI-I/TST 268. Entretanto, algumas turmas
do TST têm se posicionado no sentido de considerar possível a concessão de aviso prévio durante o
período de estabilidade, desde que o seu desligamento ocorra após a cessação da garantia, ainda que
por apenas um dia.
Com relação às estabilidades adquiridas no curso do aviso, também não é pacífico o entendimen-
to no sentido de ser ou não devido o direito à garantia de emprego, uma vez que a concessão do aviso
prévio acarretou a eficácia extintiva da relação de emprego. Portanto, em face da inexistência de legis-
lação específica a respeito, poderá a empresa adotar o procedimento que julgar adequado, ciente de
que o empregado, sentindo-se prejudicado, poderá ajuizar reclamatória trabalhista, ficando a decisão
final a critério da Justiça.
Encargos sociais
Em se tratando de aviso prévio trabalhado, o período será pago ao empregado como saldo de sa-
lários, sofrendo, portanto, incidência de FGTS, INSS e IRRF.2 Sendo, entretanto, o aviso prévio indenizado
pelo empregador, por se tratar de verba indenizatória, estará isento da incidência de INSS e IRRF. Haverá,
entretanto, que ser depositado o FGTS, em razão do disposto no Enunciado 305 do TST e na Instrução
Normativa 7/2000, da Secretaria de Inspeção do Trabalho, determinando que o pagamento relativo ao
período do aviso prévio, trabalhado ou não, está sujeito à contribuição para o FGTS.
2 FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço; INSS – Instituto Nacional do Seguro Social; IRRF – Imposto de Renda Retido na Fonte.
contratual, devendo ser elaborado um recibo de quitação onde será especificada a natureza de cada
parcela paga ao empregado, discriminando-se os valores a serem remunerados.
Para esse fim, deverá ser utilizado o Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho em quatro vias
assinadas, sendo as três primeiras entregues ao empregado (uma para a sua documentação pessoal e
as outras duas para a movimentação do FGTS junto ao banco depositário) e a quarta ficando em poder
do empregador. O formulário atualmente em vigor foi aprovado pela Portaria MTE 302, de 26 de junho
de 2002 (DOU de 27/06/2002).
Prazo de pagamento
O pagamento das parcelas constantes do instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverá
ser efetuado:
::: até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato; ou
::: até o décimo dia, contado da data da notificação da demissão, quando da ausência do aviso
prévio, indenização do mesmo ou dispensa de seu cumprimento.
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Rescisão contratual e exame médico demissional | 121
O prazo de pagamento deverá ser até o primeiro dia útil seguinte ao desligamento, portanto,
quando se tratar da extinção normal de contratos por prazo determinado (contrato de experiência, por
exemplo) ou quando, em rescisão de contratos por tempo indeterminado, o aviso prévio for trabalhado.
Já o prazo de 10 dias corridos será adotado nas seguintes hipóteses:
::: pedido de demissão sem que o empregado cumpra o aviso prévio, sendo-lhe o valor descon-
tado pelo empregador (aviso prévio indenizado);
::: pedido de demissão, solicitando o empregado a dispensa do cumprimento do aviso prévio,
com o que concorda o empregador;
::: dispensa sem justa causa pelo empregador, com indenização do aviso prévio;
::: dispensa por justa causa, quando da ocorrência de falta grave.
Quando da ocorrência de rescisão antecipada do contrato por prazo determinado, se motivada
pelo empregador, o pagamento das verbas rescisórias deverá ser efetuado no primeiro dia útil após o
último dia trabalhado pelo empregado (data de seu desligamento). Se motivada pelo empregado, terá
o empregador prazo de até 10 dias corridos, contados da notificação, para efetuar o pagamento das
referidas verbas, desde que esse prazo não ultrapasse a data prevista para o término do contrato.
A empresa deverá observar a convenção coletiva, acordo coletivo ou sentença normativa da ca-
tegoria, que, algumas vezes, costumam estipular prazos diversos, mais benéficos ao trabalhador. Essas
cláusulas, se existirem, deverão prevalecer à legislação vigente.
O Ministério do Trabalho e Emprego, por meio das Ementas de Orientação Normativa 22, 23 e 24,
traz os seguintes esclarecimentos:
::: no caso de aviso prévio indenizado, o prazo para pagamento das verbas rescisórias (10 dias)
deve ser contado excluindo-se o dia da notificação e incluindo-se o dia do vencimento. Nesse
sentido, também dispõe a Orientação Jurisprudencial SDI-I/TST 162;
::: no pedido de demissão, se o empregador aceitar a solicitação do trabalhador de dispensa
de cumprimento do aviso prévio, não haverá o dever de indenização pelo empregador, nem de
cumprimento pelo trabalhador. A quitação das verbas rescisórias será feita até o décimo dia,
contado do pedido de demissão ou do pedido de dispensa do cumprimento do aviso prévio;
::: quando, no curso do aviso prévio, o trabalhador for dispensado pelo empregador do seu cum-
primento, o prazo para o pagamento das verbas rescisórias será o que ocorrer primeiro: o
décimo dia, a contar da dispensa do cumprimento, ou o primeiro dia útil após o término do
cumprimento do aviso prévio.
Com referência à contagem dos prazos, a Orientação Jurisprudencial SDI-I/TST 162 orienta no
sentido de exclusão do dia da notificação da rescisão e inclusão do dia do vencimento, em obediência
ao disposto no artigo 132 do Código Civil de 2002.
Caso seja necessária a homologação da rescisão contratual e esta vir a ser negada pelo órgão
competente (caso comum nas rescisões por justa causa), ou ainda, caso o empregado não compareça
para o referido acerto, recomenda-se que a empresa entre com uma ação de consignação3 em paga-
mento, na Justiça do Trabalho, para ressalvar seu intuito de efetuar o pagamento dentro do prazo.
A inobservância dos prazos ora referidos, salvo quando, comprovadamente, o trabalhador tiver
dado causa à mora (demora), sujeitará o empregador (CLT, art. 477, §§6.º e 8.º):
3 Ação para consignar o pagamento na Justiça. Consignar significa confiar o dinheiro à justiça para que ela providencie o pagamento ao
trabalhador.
::: à multa de 160 Ufir (Unidade Fiscal de Referência), por trabalhador, em favor da União; e
::: ao pagamento, em favor do empregado, do valor equivalente ao seu salário, corrigido pela
variação da Ufir, salvo o disposto em acordo, convenção coletiva ou sentença normativa.
Cumpre ao empregador observar, entretanto, que alguns juízes têm entendido ser a multa devida
ao trabalhador correspondente a um dia de salário contada a partir do vencimento dos prazos legais.
Entendem os mesmos ser esse critério de maior justiça, uma vez que pune com maior intensidade o
empregador responsável por mora mais longa e com menor intensidade o empregador que incidir em
mora por menos tempo.
Observe-se, ainda, que o pagamento da multa em favor do empregado não isenta o empregador
de sua responsabilidade administrativa, ou seja, ainda que paga a multa constante do artigo 477 da CLT
ao trabalhador, será devida a multa administrativa em favor da União, nesse sentido dispondo, inclusive,
o Precedente Administrativo 28 da Fiscalização do Trabalho.
A finalidade desse exame é justamente comprovar que o trabalhador está se desligando da em-
presa (ou dela sendo desligado) tão saudável quanto estava quando de sua admissão e que durante o
vínculo empregatício não adquiriu qualquer doença ocupacional.
4 Fundamentação: Portaria MTb 3.214/78, NR-7 (redação da Pt SSST 24/94); Portaria SSST 08/96 e Lei 8.213/91, artigos 20 e 118.
Note-se que a doença profissional ou a doença do trabalho (doenças ocupacionais) são considera-
das acidentes do trabalho, gerando inclusive a estabilidade provisória, se o afastamento for por período
superior a 15 dias consecutivos, e caso receba o segurado o benefício de auxílio-doença acidentário.
Detectando o médico do trabalho, pelo exame demissional, doenças endêmicas, degenerativas ou
outras que não tenham sido adquiridas ou produzidas pelo trabalho desenvolvido, do atestado de saúde
ocupacional constará sua aptidão para a rescisão contratual (empregado apto). Atenção deve ter o empre-
gador quanto ao fato em face de ser comum, infelizmente (fato que atesta o despreparo da classe para a
medicina ocupacional), a existência do conceito “inapto” simplesmente porque o empregado alega dores
de cabeça, rinites, gripes e outras enfermidades não relacionadas com a atividade profissional ou o local
de trabalho. Repise-se, assim, pela importância do fato, que somente deve o médico do trabalho conside-
rar a inaptidão para a dispensa caso verifique a existência de doença ocupacional, hipótese, inclusive, em
que deverá providenciar o empregador a emissão da CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho).
Questão importante a ser considerada é o efeito ou a conseqüência advinda de um atestado consi-
derando a inaptidão: deve o empregador desistir da rescisão e manter o trabalhador no quadro funcional?
Por quanto tempo? Deve encaminhá-lo ao INSS? Como? Pode, ao contrário, manter a rescisão contratual?
Importa observar, quanto ao fato, a inexistência de qualquer dispositivo legal, ou até mesmo normativo,
determinando a existência de estabilidade provisória quando da caracterização da inaptidão. Note-se que
a estabilidade acidentária requer, antes de tudo, a percepção do benefício de auxílio-doença acidentário,
o que implica em afastamento das atividades profissionais por período superior a 15 dias.
Em face da ausência de dispositivo que garanta a manutenção contratual, portanto, e uma vez
não preenchidos os requisitos da estabilidade acidentária (Lei 8.213/91, art. 118), o fato de determinar
o referido atestado a condição de inapto do empregado não deveria obrigar o empregador ao cance-
lamento ou à suspensão da rescisão contratual, exceto se no documento coletivo da categoria constar
cláusula expressa em contrário. Ressalte-se, contudo, que alguns tribunais, e inclusive turmas do TST,
entendem pela nulidade da rescisão contratual, com alegação de que deve o trabalhador ser enca-
minhado ao tratamento adequado, fundamento que, pelos textos legais e normativos existentes, não
guarda qualquer amparo. O raciocínio equivocado desses tribunais e turmas leva a existência de uma
estabilidade definitiva, inclusive, caso se trate de enfermidade incurável, mas que não incapacita para o
exercício das atividades profissionais, instituto inexistente em nosso ordenamento jurídico.
Texto complementar
Aviso prévio
(JORGE NETO; CAVALCANTE, 2007)
Para Renato Rua de Almeida, a concepção clássica do aviso prévio é “o que se convencionou
chamar de teoria civilista tradicional do direito de resilição contratual do contrato de trabalho por
prazo indeterminado, porque se baseia na liberdade contratual com seus colorários a igualdade e a
reciprocidade, existentes no contrato civil”.
Como reflexo da concepção clássica do aviso prévio, o art. 599 do Código Civil enuncia: “Não
havendo prazo estipulado, nem se podendo interferir da natureza do contrato, ou do costume do
lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante aviso prévio, pode resolver o contrato.”
A diferença conceitual do aviso prévio para o empregado e empregador foi adotada na nova
legislação francesa, pela lei de 19 de fevereiro de 1958, onde se assegura um aviso prévio do empre-
gador compatível com o tempo de serviço do empregado na empresa, no caso da dispensa imoti-
vada no contrato por prazo indeterminado. No Brasil, citado reflexo também está presente na Carta
Política de 1988, a qual, em seu art. 7.º, XXI, assegura aviso prévio proporcional ao tempo de serviço,
sendo no mínimo de 30 dias, nos termos da lei.
Para Renato Rua Almeida (1992, p. 1.201)
em se tratando de ato de demissão do empregado, este deverá conceder um aviso prévio de apenas oito dias, na
conformidade do disposto no art. 487, I, da Consolidação das Leis do Trabalho. Mas se o empregado for despedido
sem justa causa, o empregador deverá conceder-lhe um aviso prévio de pelo menos 30 dias, conforme previsão do
citado artigo 7.º, inciso XXI, da Constituição Federal.
Exata denotação do aviso prévio quanto aos seus prazos para empregador e empregado, a
nosso ver, necessita da posição do legislador infraconstitucional em disciplinar o artigo 7.º, XXI, da
Constituição Federal.
Até a adoção dessa nova legislação infraconstitucional, entendemos que o prazo mínimo é de
30 dias tanto para o empregado como para o empregador.
Irrenunciabilidade
Por se tratar de matéria de ordem pública, o aviso prévio é um direito irrenunciável, não po-
dendo ser objeto de transação.
O direito ao aviso prévio é irrenunciável pelo empregado. Nesse sentido, o pedido de dispensa
de cumprimento não exime o empregador de pagar o valor respectivo, salvo comprovação de ha-
ver o prestador obtido novo emprego (Em. 276, TST).
Prazos
O aviso prévio é proporcional ao tempo de serviço, sendo, no mínimo, de 30 dias, nos termos
da lei (CF, art. 7.º, XXI).
É discutível na doutrina a eficácia dessa norma constitucional em face do direito preexistente,
ou seja: o que foi revogado e o que foi recepcionado pela Constituição?
A respeito da eficácia das normas constitucionais, Maria Helena Diniz (1998, p.109) ensina:
baseados nas várias classificações apresentadas pela doutrina, propomos, tendo por critério a questão da intangi-
bilidade e da produção dos efeitos concretos, que se distigüam as normas constitucionais: a) normas com eficácia
absoluta; b) normas com eficácia plena; c) normas com eficácia relativa restringível; e d) normas com eficácia rela-
tiva complementável ou dependente de complementação.
As normas constitucionais com eficácia absoluta “são as intangíveis , contra elas nem mesmo
há o poder de emendar. Daí conterem uma força paralisante total de qualquer legislação que, expli-
cita ou implicitamente vier a contrariá-las” (p. 109).
São de eficácia plena as normas constitucionais que
forem idôneas, desde sua entrada em vigor, para disciplinarem as relações jurídicas ou o processo de sua efeti-
vação, por conterem todos os elementos imprescindíveis para que haja a possibilidade da produção imediata de
efeitos previstos, já que, apesar de suscetíveis, não requerem normação subconstitucional subseqüente. Podem
ser imediatamente aplicadas. (p. 112)
Atividades
1. O aviso prévio poderá ser cumprido das seguintes formas:
a) cumprido durante as férias, sempre que a iniciativa for do empregador.
b) trabalhado, mas sem redução da jornada e do período de 30 dias, se a rescisão for iniciativa do
empregador.
c) parte trabalhado e parte indenizado, por iniciativa do empregado ou da empresa.
d) sempre indenizado, quando a iniciativa for da empresa.
Inexistindo declaração escrita pelo sindicato do motivo da recusa, caberá ao empregador ou seu
representante legal, no ato da assistência, consignar a observância da preferência pelo ente sindical e
os motivos de sua oposição no verso das quatro vias do TRCT (IN SRT/MTE 03/2002).
Apesar de essa preferência constar da Instrução Normativa 03/2002, tal disposição conflita com a
Ementa de Orientação Normativa SRT/MTE 04 e com a própria legislação sobre o tema, de forma que o
correto é não existir qualquer preferência, cabendo tão-somente ao empregador optar pelo ente sindi-
cal ou pelo referido Ministério do Trabalho.
A homologação deve observar o mesmo prazo para pagamento das verbas rescisórias1 (CLT,
art. 477, §6.º) e deve ser gratuita. Existindo qualquer cobrança pelo órgão homologador este fato deverá
ser comunicado à autoridade competente para as providências cabíveis.
Assistência obrigatória
A assistência na rescisão contratual será obrigatória:
::: na hipótese de rescisão do contrato de trabalho de empregado com mais de um ano de servi-
ços prestados ao mesmo empregador (CLT, art. 477, §1.º);
::: nos casos de aposentadoria compulsória (Decreto 3.048/99, art. 54/ Ementa de Orientação
Normativa MTE 02);
::: quando se tratar de empregado estável, o pedido de demissão somente será válido quando
feito com a assistência do respectivo sindicato. Na ausência desta, o pedido deverá ser firmado
perante a autoridade local competente do Ministério do Trabalho;
::: quando do falecimento do empregado que tenha trabalhado por período superior a um ano
para o mesmo empregador, uma vez que seus beneficiários sub-rogam-se em todos os seus
direitos, inclusive o de ter a assistência prevista no parágrafo 1.º do artigo 477 da Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT) (Ementa de Orientação Normativa MTE 03).
Não é devida a assistência na rescisão de contrato de trabalho em que figurem a União, os esta-
dos, os municípios, suas autarquias e fundações de Direito Público, bem como empregador doméstico,
ainda que optante do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Com referência à contagem do prazo, a Ementa de Orientação Normativa MTE n. 12 esclarece que
o mesmo deve ser contado pelo calendário comum, incluindo-se o dia em que se iniciou a prestação
do trabalho. A assistência será devida, portanto, se houver prestação de serviço até o mesmo dia do
começo, no ano seguinte.
Possuindo o empregado 11 meses de trabalho em uma mesma empresa e ocorrendo sua rescisão
contratual, de forma que a projeção do aviso prévio indenizado o faça completar mais de um ano de
serviço, não é pacífico o entendimento sobre a obrigatoriedade ou não de ser efetuada homologação
rescisória. Contudo, entende o Ministério do Trabalho e Emprego que como o período do aviso prévio
indenizado integra o tempo de serviço do empregado, também integraria para esse fim, sendo, portan-
to, obrigatória a homologação rescisória (CLT, art. 487, §1.º). Existe, inclusive, nesse sentido, a Ementa de
Orientação Normativa MTE 11.
1 Verbas rescisórias são os direitos que ele tem para receber na rescisão. O prazo varia conforme o tipo de rescisão que for efetuada.
Documentação necessária
Quando da assistência na rescisão contratual, o empregador deverá apresentar os seguintes do-
cumentos (Instrução Normativa SRT/MTE 03/2002, art. 12, com alterações pela IN SRT 04/2006):
::: TRCT, em quatro vias;
::: Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), com as anotações atualizadas;
::: comprovante de aviso prévio, quando for o caso, ou do pedido de demissão;
::: cópia da convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa aplicáveis;
::: extrato, para fins rescisórios, da conta vinculada do empregado no FGTS, devidamente atua-
lizado, e guias de recolhimento das competências indicadas no extrato como não localizadas
na conta vinculada;
::: guia de recolhimento rescisório do FGTS e da Contribuição Social, nas hipóteses do artigo 18 da Lei
8.036, de 11 de maio de 1990, e do artigo 1.º da Lei Complementar 110, de 29 de junho de 2001;
::: Comunicação da Dispensa (CD) e Requerimento do Seguro-Desemprego, para fins de habili-
tação, quando devido;
::: Atestado de Saúde Ocupacional Demissional, ou Periódico, durante o prazo de validade, aten-
didas as formalidades especificadas na Norma Regulamentadora – NR 7, aprovada pela Porta-
ria 3.214, de 8 de junho de 1978, e alterações;
::: Perfil Profissiográfico Previdenciário3, a contar de 01/01/2004;
::: ato constitutivo do empregador com alterações ou documento de representação;
::: demonstrativo de parcelas variáveis consideradas para fins de cálculo dos valores devidos na
rescisão contratual; e
::: prova bancária de quitação, quando for o caso.
No demonstrativo de médias de horas extras habituais, será computado o reflexo no descanso
semanal remunerado, conforme disposto nas alíneas “a” e “b” do artigo 7.º da Lei 605/49.
Validade da quitação
Nos termos da Súmula 330 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), a quitação passada pelo em-
pregado, com assistência de entidade sindical de sua categoria, ao empregador, com observância dos
requisitos constantes do artigo 477 da CLT, tem eficácia liberatória somente em relação às parcelas ex-
pressamente consignadas no recibo e salvo se oposta ressalva expressa e especificada ao valor dado à
parcela ou parcelas impugnadas.
Dessa forma, a quitação não abrangerá parcelas não consignadas no recibo de quitação e, con-
seqüentemente, seus reflexos em outras parcelas, ainda que estas constem do citado recibo. O TST es-
clarece, ainda, que quanto a direitos que deveriam ter sido satisfeitos durante a vigência do contrato de
trabalho, a quitação é válida em relação ao período expressamente consignado no recibo de quitação.
Formas de pagamento
O pagamento a que fizer jus o empregado (verbas salariais e indenizatórias constantes do TRCT)
deverá ser efetuado no ato da homologação da rescisão contratual, preferencialmente em moeda cor-
rente ou cheque visado4, ou mediante comprovação de depósito bancário em conta corrente do em-
pregado, ordem bancária de pagamento ou de crédito, desde que o estabelecimento bancário esteja
situado na mesma cidade do local do trabalho.
Nos termos da Ementa de Orientação Normativa MTE 06, são as formas possíveis e admitidas
pelos Auditores-Fiscais:
::: pagamento em dinheiro;
::: cheque administrativo;
::: comprovação da transferência dos valores para a conta-corrente do empregado, por meio ele-
trônico;
::: comprovação de depósito bancário;
::: ordem bancária de pagamento ou de crédito.
Sendo pagas as verbas por meio de cheque, este deve possibilitar a compensação no prazo legal
(CLT, art. 477), sob pena de se considerar pagamento em atraso pela empresa. Em se tratando de depó-
sito bancário, deverá ser o trabalhador comprovadamente cientificado do mesmo.
Por fim, cumpre salientar que em se tratando de empregado menor ou analfabeto, o pagamento
será efetuado, obrigatoriamente, em moeda corrente.
Observação: qualquer compensação a ser efetuada nas verbas rescisórias não poderá ex-
ceder ao equivalente a um mês da remuneração do empregado (CLT, art. 477, §5.º). Os descontos
deverão obedecer aos dispositivos legais e/ou convencionais.
4 Tipo de cheque em que o banco coloca um visto, indicando que a quantia respectiva foi debitada da conta do emitente e se encontra à
disposição do favorecido.
Indenização adicional
O empregado que for dispensado sem justa causa no período de 30 dias que antecede à data-ba-
se de sua correção salarial, terá direito a uma indenização adicional equivalente a um salário mensal, ou
seja, ao salário básico, sem a integração de quaisquer parcelas variáveis. Note-se, contudo, que integram
a base de cálculo os adicionais legais ou convencionados que sejam ligados à unidade de tempo mês.
Confira-se, nestes termos, a redação da Súmula 242 do TST:
242 – Indenização adicional. Valor. A indenização adicional, prevista no artigo 9.º da Lei 6.708, de 30/10/1979 e no
artigo 9.º da Lei 7.238 de 28/10/1984, corresponde ao salário mensal, no valor devido na data da comunicação do
despedimento, integrado pelos adicionais legais ou convencionados, ligados à unidade de tempo mês, não sendo
computável a gratificação natalina.
Essa indenização adicional se encontra positivada pela Lei 7.238/84 (art. 9.º) e tem por finalidade a
proteção econômica do empregado que está sendo demitido próximo a sua correção salarial. Conforme
a Súmula 182 do TST, o tempo do aviso prévio, ainda que indenizado, deverá ser contado para fins da
contagem dos 30 dias antecedentes.
Existem, portanto, três situações distintas:
::: Dispensa sem justa causa há mais de 30 dias anteriores à data-base – o empregado não
fará jus ao recebimento da indenização adicional nem de qualquer correção;
::: Dispensa sem justa causa dentro do período de 30 dias imediatamente anteriores à
data-base – o empregado fará jus à indenização adicional, equivalente a um salário mensal,
ainda que a empresa efetue o pagamento das verbas rescisórias com o salário corrigido (Sú-
mula 314 do TST);
::: Dispensa sem justa causa dentro do mês da data-base – o empregado não fará jus à in-
denização adicional, mas receberá as verbas rescisórias com base no salário já corrigido. Na
hipótese de o aviso prévio ser indenizado e de sua projeção terminar dentro do mês da data-
base, faz-se ressalva de futura rescisão complementar, quando então será conhecido o índice
de correção salarial.
Observação: na hipótese de ser o empregado comissionista misto (parte fixa mais comissões),
a indenização adicional será devida somente em relação à parte fixa do salário, não alcançando a
parte do salário expressa pelas comissões, uma vez que estas evoluem acompanhando a própria
majoração de preços das mercadorias vendidas. Conseqüentemente, o empregado comissionista
puro não faz jus a essa indenização.
Demissão voluntária
Trata-se de rescisão contratual motivada pelo empregado (pedido de demissão), que deverá
cumprir o aviso prévio trabalhando ou então indenizá-lo ao empregador. Nessa modalidade, devem ser
pagas as seguintes parcelas rescisórias:
::: 13.º salário proporcional;
::: férias vencidas e proporcionais;
::: 1/3 das férias;
::: saldo de salário;
::: salário-família, se preenchidos os requisitos da Lei 8.213/91;
Exemplo:
Contrato de experiência com duração de 45 dias.
Rescisão contratual antecipada no 25.º dia, sem justa causa.
Indenização (1/2 de 20 dias): 10 dias.
Sendo a rescisão motivada pelo empregado (demissão voluntária), antes do tempo estipulado,
este deverá indenizar o empregador pelos prejuízos resultantes de seu ato, no valor correspondente às
perdas ocasionadas, sempre limitado à metade da remuneração a que teria direito até o término do con-
trato. É indispensável, entretanto, para que essa indenização lhe seja descontada, a comprovação pelo
empregador de que seu pedido de demissão (do empregado) tenha causado prejuízos (CLT, art. 480).
Essas indenizações não são computadas para fins de pagamento de 13.º salário e férias proporcio-
nais, por não se considerar esse período como tempo de serviço.
Cumpre ainda ao empregador observar que existem algumas situações em que o contrato por
prazo determinado se equipara ao por prazo indeterminado, quando então será devido o pagamento
do aviso prévio. São as hipóteses:
::: quando o contrato contiver cláusula assecuratória (que assegura) de direito recíproco de res-
cisão antecipada e tal direito for exercido por qualquer das partes (CLT, art. 481, e Súmula 163
do TST);
::: quando o contrato por prazo determinado for prorrogado por mais de uma vez (CLT, art. 451);
::: quando o contrato por prazo determinado suceder a outro contrato também por prazo deter-
minado dentro de seis meses, salvo se a expiração deste dependeu da execução de serviços
especializados ou da realização de certos acontecimentos (CLT, art. 452);
::: quando o contrato por prazo determinado ultrapassar o prazo máximo de dois anos (CLT, art.
445, caput).
Verbas rescisórias
As verbas rescisórias devidas variam conforme a iniciativa da dispensa, da seguinte forma:
::: Rescisão por iniciativa do empregador (dispensa sem justa causa):
::: indenização do artigo 479 da CLT;
::: 13.º salário proporcional;
::: férias vencidas e proporcionais;
::: 1/3 das férias;
::: saldo de salário;
::: salário-família, se preenchidos os requisitos da Lei 8.213/91.
Exemplo:
::: Término do contrato no dia 01/05 (feriado).
::: Notificação do empregado da resilição contratual em 30/04.
::: Data da rescisão contratual = 01/05.
::: Pagamento das verbas rescisórias no primeiro dia útil após o término do contrato.
Cumpre ao empregador observar que, se for adotado pela empresa o regime de compensação de
horas, o empregado não deverá trabalhar as horas de compensação caso o dia que estiver sendo com-
pensado seja posterior ao término do contrato, sob pena de prorrogação do contrato de trabalho.
São as verbas rescisórias devidas:
::: 13.º salário proporcional;
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Homologação, indenização adicional e modalidades de rescisão | 137
Falecimento do trabalhador
A morte do empregado extingue, automaticamente, a relação de emprego. Para fins de paga-
mento das verbas trabalhistas, a morte equivale a pedido de demissão, seja ela ou não conseqüência de
acidente de trabalho e os valores são pagos em cotas iguais aos dependentes habilitados à pensão por
morte perante a Previdência Social ou, na sua falta, aos sucessores previstos na lei civil, indicados em
alvará judicial, independentemente de inventário ou arrolamento (Lei 6.858/80, art. 1.º).
Havendo cotas atribuídas a menores, estas ficarão depositadas em cadernetas de poupança e só
estarão disponíveis após o menor completar 18 anos de idade (Decreto 85.845/81, art. 6.º).
Não existindo dependentes ou sucessores, os valores devidos reverterão em favor, respectiva-
mente, do Fundo de Previdência e Assistência Social, do FGTS ou do Fundo de Participação PIS/PASEP
(Decreto 85.845/81, art. 7.º).
Cumpre ressaltar que a empresa não se obriga ao pagamento das despesas funerárias, salvo se
previsto em convenção coletiva de trabalho. Quanto às verbas rescisórias, são devidas as seguintes par-
celas:
::: 13.º salário proporcional;
::: férias vencidas e proporcionais;
::: 1/3 das férias;
::: saldo de salário;
::: salário-família, se preenchidos os requisitos da Lei 8.213/91.
Sobre o direito de FGTS são devidos:
::: depósito de 8% referente ao mês da rescisão contratual;
::: código de saque 23: o saque dos valores depositados durante o vínculo empregatício será au-
torizado pela Caixa Econômica Federal, efetuando o pagamento em partes iguais para todos
os dependentes habilitados ou sucessores da lei civil. As cotas atribuídas aos menores ficarão
depositadas em caderneta de poupança, rendendo juros e correção monetária, e somente es-
tarão disponíveis para saque quando o dependente completar 18 anos, salvo autorização do
juiz para aquisição de imóvel destinado a sua residência e de sua família, ou para o dispêndio
necessário a sua subsistência e educação.
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138 | Legislação Trabalhista, Previdenciária e Contratos
Texto complementar
Homologação rescisória: formalidades e assistência
(DELGADO, 2007)
O empregado com um ano ou menos de serviço, pode firmar pedido de demissão e correspon-
dente recibo rescisório, assim como os demais documentos relativos a qualquer tipo de término
contratual, sem a observância de rito especial e assistência administrativa estipulados pela ordem
jurídica (art. 477, §1.º, CLT).
Há duas exceções a essa regra: a primeira, relativa à assistência especial do trabalhador menor.
A segunda exceção diz respeito ao dirigente sindical.
Esse trabalhador tem garantia de emprego (art. 8.º, VIII, CF/88), a qual pode, eventualmente, ser
alcançada antes de ele suplantar um ano de serviço na empresa. Em face dessa relevante garantia,
seu pedido de demissão, implicando renúncia ao mandato sindical e respectiva proteção jurídica,
tem de seguir o especificado rito rescisório, com a participação do sindicato, e “se não houver, pe-
rante a autoridade local competente do Ministério do Trabalho ou da Justiça do Trabalho” (art. 500,
CLT). Embora o dispositivo não se refira, é claro, expressamente ao dirigente sindical, considera-se
que o abrange, por aplicação analógica: é que a dispensa desse representante obreiro somente
pode verificar-se mediante o rito formal da ação de inquérito para apuração de falta grave, que é
pertinente ao empregado estável (Sumula 197, STF; ex-OJ, 114, SDI/TST); por decorrência lógica,
conclui-se que seu pedido de demissão também tenha de passar pela mesma solenidade prevista
para o empregado estável (art. 500, CLT).
Tendo o contrato mais de um ano de duração (esta é a expressão da lei: mais de um ano), o
pedido de demissão ou recibo de quitação de rescisão somente verá validade quando feito com
assistência administrativa, a ser prestada pelo respectivo sindicato obreiro ou órgão local do Minis-
tério do Trabalho e Emprego (§1.º do art. 477, CLT). Inexistindo na localidade tais entes, a assistência
administrativa será prestada pelo Ministério Público do Trabalho, ou “onde houver, pelo Defensor Pú-
blico e, na falta ou impedimento destes, pelo Juiz de Paz” (art. 477, §3.º, CLT). Note-se que a assistência
administrativa padrão mencionada pelo art. 477 da CLT não se reporta ao Juiz do Trabalho, ao qual
se reserva atuação administrativa (jurisdição voluntária) apenas nos citados casos do dirigente sin-
dical ou empregado estável (art. 500, CLT).
Não sendo observada a assistência administrativa, nos casos em que é obrigatória (ou faltando
a assistência própria, inerente ao trabalhador menor de 18 anos), desponta presunção trabalhista
favorável ao obreiro, de que a ruptura do pacto se deu nos moldes da resilição unilateral por ato
empresarial (dispensa injusta), com as parcelas que lhes são conseqüentes. Não se trata, evidente-
mente, de presunção absoluta, porém relativa, admitindo prova convincente no sentido contrário.
Dispõe a ordem jurídica que o instrumento rescisório ou recibo de quitação “deve ter espe-
cificada a natureza de cada parcela paga ao empregado e discriminado seu valor, sendo válida a
quitação, apenas, relativamente às mesmas parcelas” (art. 477, §2.º, CLT). Isso significa que os paga-
mentos devem ser específicos, claramente vinculados à respectiva parcela, ou seja, não se considera
próprio recibo trabalhista genérico, sem referência clara a parcelas e valores abrangidos. A propó-
sito, mesmo ao longo do contrato, a jurisprudência tem considerado impróprios recibos genéricos,
que englobem em um único pagamento, diversas parcelas salariais: trata-se do salário complessivo,
vedado pela ordem jurídica (Súmula 91, TST).
Por outro lado, a própria assistência administrativa não confere aos documentos rescisórios
valor de prova absoluta a respeito dos fatos neles narrados. Apesar de a lei referir-se à quitação
relativamente às mesmas parcelas (art. 477, §2.º CLT), a prática jurisprudencial tem demonstrado
que essa validade atinge, regra geral, somente os valores especificados, pelo menos no tocante às
parcelas que também se vencem ao longo do contrato.
Relativamente à quitação rescisória obtida por meio de assistência administrativa prestada
pelo sindicato obreiro, com observância do disposto no art. 477 da CLT, a Súmula 330 tem consi-
derado produzir “eficácia liberatória em relação às parcelas expressamente consignadas no recibo,
salvo se oposta ressalva expressa e especificada ao valor dado à parcela ou parcelas impugnadas”.
É claro que parcelas não especificadas no recibo rescisória não se encontram abrangidas por ele,
em face de não se considerar válida quitação genérica no Direito do Trabalho; em conseqüência, a
eficácia liberatória referida pela sumula não atinge tais parcelas.
Atividades
1. Qual é o prazo que a empresa deve observar para a homologação de uma rescisão contratual?
3. A modalidade que garante ao trabalhador o recebimento de 40% de seu FGTS a título de multa é:
a) término do contrato por falecimento.
b) término do contrato de experiência.
c) rescisão por justa causa, motivada pelo empregado.
d) rescisão sem justa causa, motivada pelo empregador.
Gravidade
O poder disciplinar, como manifestação do poder de direção, é o direito do empregador de impor
sanções disciplinares aos seus empregados. Contudo, cumpre ao empregador analisar a gravidade da
falta cometida e aplicar ao empregado faltoso uma penalidade que lhe seja proporcional, sob pena de
se responsabilizar pelo abuso do poder de comando. Assim, uma falta leve requer punição leve; e uma
grave exige punição grave.
As formas de punição admitidas na legislação e doutrina pátrias se limitam à advertência verbal,
advertência escrita, suspensão disciplinar e rescisão contratual por justa causa.
As advertências caracterizam uma primeira penalidade, aplicadas quando o empregado comete
falta leve. O empregador, verbalmente e/ou por escrito, repreende seu empregado comunicando-lhe que
cometeu uma falta, e que a reincidência constante na mesma falta poderá ensejar a dispensa por justa
causa. Caso seja adotada a advertência escrita, recusando-se o empregado faltoso a assiná-la, deverá o
empregador chamar duas testemunhas para que, na sua presença, assinem o respectivo documento,
estando, dessa forma, comprovado o fato de que está o obreiro ciente de seu incorreto procedimento.
A suspensão disciplinar deve ser sempre expressa, e caracteriza penalidade aplicada a uma falta
mais grave, seja em reincidências de faltas leves ou mesmo em uma primeira falta um pouco mais grave.
Tem por conseqüência, além da proibição do trabalho durante o seu cumprimento, a perda dos salários
dos dias respectivos, mais o repouso semanal remunerado da semana subseqüente.
A CLT autoriza a suspensão disciplinar do empregado por até 30 dias, ao dispor que “a suspensão
do empregado por mais de 30 dias consecutivos importa na rescisão injusta do contrato de trabalho” (CLT,
art. 474). São, portanto, usuais as suspensões disciplinares de um, três e cinco dias ou até mais, comuni-
cadas ao empregado por carta de suspensão, não como forma prevista em lei, mas como decorrência de
praxe ou de previsão em regulamentos internos das empresas.
Finalmente, a demissão por justa causa caracteriza penalidade máxima aplicada em razão de falta
grave cometida pelo empregado ou ainda em conseqüência de várias reincidências em faltas leves, já
tendo aplicado o empregador advertências e/ou suspensões, sem que obtivessem atenção ou resulta-
do quanto ao procedimento faltoso do mesmo.
Atualidade
A punição deve ser aplicada em seguida à falta, ou seja, uma vez caracterizado e conhecido o erro
cometido pelo empregado, a reprimenda deve ser aplicada de imediato, não sendo permitido infligir
punição a uma falta que não tenha sido cometida atualmente.
Se a falta somente for descoberta pela empresa, algum tempo depois de cometida, ainda é pos-
sível punir o funcionário, sem caracterizar o perdão, porque a empresa não tinha conhecimento da falta
em momento anterior.
Imediação
É necessário que seja estabelecida a relação entre causa e efeito, deixando claro que existe uma
vinculação direta entre a falta cometida pelo trabalhador e a punição que está sendo aplicada pela em-
presa. A não-imediatidade da punição, se conhecida pelo empregador a falta cometida, implica perdão
tácito, não sendo lícita sua aplicação posterior.
Observação: uma vez conhecidos os elementos configuradores da rescisão por justa causa,
cumpre ao empregador usar de bom senso e justiça ao aplicar punição ao empregado faltoso, não
sendo lícita a aplicação de dupla penalidade por uma só falta cometida.
Faltas graves
Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador, nos termos do
artigo 482 da CLT, as seguintes faltas:
::: Ato de improbidade – aqueles praticados pelo empregado, contrários às regras morais ou
jurídicas que disciplinam a vida em sociedade, revestidos de desonestidade e má-fé. É a falta
de retidão ou honradez do empregado no modo de conduzir-se na vida. Para a caracterização
da falta, não é necessário que o ato de improbidade seja cometido em serviço ou que com ele
se relacione.
Exemplos: roubo; furto; marcação de cartão de ponto de empregado ausente; apresentação
de atestados médicos falsificados; aceitação de propina; apropriação de cheque pré-datado
da empresa, mesmo devolvendo o valor quando da data aprazada; assédio sexual etc.
::: Incontinência de conduta ou mau procedimento – refere-se essa falta aos procedimentos
sem moderação, sem comedimento, caracterizando mau comportamento do empregado em
relação à moral e aos bons costumes. Somente se caracteriza a falta grave se habituais os pro-
cedimentos faltosos, não importando se cometidos ou não dentro da empresa.
Exemplos: uso freqüente de expressões pejorativas ou ofensivas; pequenos desentendimen-
tos com colegas de trabalho; uso constante de roupas inadequadas no ambiente de trabalho;
trabalho em outra empresa durante o período de férias; piquetes em greves ilegais; diminui-
ção intencional de produção etc.
::: Negociação habitual – caracteriza falta grave a negociação habitual por conta própria ou
alheia sem permissão do empregador e quando constituir ato de concorrência à empresa para
a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço. Assim, é permitido ao empregado
manter vínculo empregatício com mais de uma empresa simultaneamente e mesmo ter negó-
cios particulares, uma vez que inexiste proibição legal a respeito. Entretanto, se essa negocia-
ção do empregado for habitual, clandestina, constituir ato de concorrência ou for prejudicial
ao serviço, será caracterizada falta grave, ensejadora de dispensa por justa causa.
::: Condenação criminal do empregado – caracteriza falta grave a condenação criminal do em-
pregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena. O que
caracteriza a justa causa nessa hipótese não é a condenação em si, mas seu efeito no contrato
de trabalho, como o fato de a condenação criminal poder resultar em perda de liberdade e
conseqüente impossibilidade da manutenção do vínculo empregatício, por falta da prestação
pessoal de serviço, um dos principais elementos desse vínculo. Por tal razão, é necessário que
exista uma sentença condenatória, com trânsito em julgado (que não caiba mais qualquer
recurso) e que não exista a suspensão condicional da pena (sursis).
::: Desídia no desempenho das respectivas funções – desídia significa preguiça, negligência,
inércia, desleixo, descaso. O empregado desleixado, preguiçoso e negligente no desempenho
das suas funções é desidioso, ensejando motivo para que seja dispensado por justa causa.
Exemplos: motorista negligente que causa acidente de trânsito; faltas e atrasos constantes ao
serviço; descuido com o equipamento de trabalho; danificação de instrumentos de trabalho
por imprudência ou negligência etc.
::: Embriaguez habitual ou em serviço – a legislação não faz distinção quanto à origem da
embriaguez, de forma que o uso de qualquer produto tóxico (álcool, cocaína, maconha etc.)
caracterizará falta grave, ensejando a dispensa por justa causa. E assim se faz pelos malefícios
causados por tais substâncias ao organismo, que reduzem significativamente a capacidade
laboral do empregado, qualquer que seja sua atividade. Cumpre ao empregador observar,
entretanto, que algumas decisões judiciais têm considerado a embriaguez uma doença, de-
vendo ser tratada por meio de acompanhamento médico, não sendo lícita a demissão por
justa causa nessa hipótese.
::: Violação de segredo da empresa – o trabalhador, muitas vezes, em decorrência de sua qua-
lidade de empregado e do desempenho de suas atividades, toma conhecimento de segredos
da empresa, sejam estes de fábrica ou mesmo de negócios. Uma vez detentor desses segre-
dos, em cumprimento ao dever de fidelidade que o empregado tem para com a empresa na
qual trabalha, não deve o mesmo revelá-los a terceiros em qualquer hipótese. Caso o faça,
praticará falta grave, ensejadora de rescisão por justa causa.
::: Ato de indisciplina ou de insubordinação – a indisciplina caracteriza-se pelo não-cumpri-
mento de ordem conveniente ao funcionamento regular de uma organização, ou seja, pela
desobediência ou inobservância a preceitos ou normas de caráter geral como avisos ou cir-
culares. Já a insubordinação caracteriza-se pela desobediência em relação a uma hierarquia,
ou seja, a uma ordem específica, direcionada direta e pessoalmente ao empregado por seu
superior hierárquico.
Exemplos: recusa em utilizar o equipamento de proteção individual; não-utilização de unifor-
me exigido pelo empregador; inobservância à proibição de fumar; empregado que se recusa
a trabalhar com objetivo de obter aumento salarial; vigilante que abandona o seu posto de
trabalho etc.
::: Abandono de emprego – para que seja caracterizado o abandono de emprego há que ser
a ausência do empregado injustificada e, conforme jurisprudência dominante, superior a 30
dias, prazo suficiente para que fique presumida sua intenção de abandonar o serviço, ou seja,
de não mais voltar ao trabalho, que é outro requisito essencial para a caracterização da referi-
da falta (TST, Súmula 32). Findo esse prazo, a empresa deverá notificar o empregado para que
compareça ao trabalho e decorrido o prazo concedido sem qualquer manifestação do empre-
gado, a rescisão do contrato de trabalho é automática. Cabe, então, à empresa enviar o aviso
de rescisão ao empregado, solicitando seu comparecimento para acerto, mediante uma das
formas de notificação acima. Há possibilidade de ser caracterizado o abandono de emprego
anteriormente aos 30 dias quando houver intenção manifesta do empregado em não mais
prestar serviços, com prova inequívoca pela empresa.
::: Ato lesivo da honra ou da boa fama e ofensas físicas praticadas no serviço – caracteriza
falta grave ensejadora de dispensa por justa causa o ato lesivo da honra ou da boa fama pra-
ticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas nas mesmas condições, salvo em
caso de legítima defesa, própria ou de outrem. Conforme alguns doutrinadores, atos lesivos à
boa fama são quaisquer gestos ou palavras que exponham outra pessoa ao desprezo de ter-
ceiros e atos lesivos contra a honra e tudo que possa magoá-la em sua dignidade pessoal.
::: Ato lesivo da honra ou da boa fama e ofensas físicas praticadas contra o empregador –
nessa falta, o ato lesivo da honra e boa fama ou a ofensa física deve ser praticada contra o
empregador ou contra o superior hierárquico, não se enquadrando como falta grave se o ato
foi cometido em caso de legítima defesa, própria ou de outrem. A falta pode ocorrer dentro ou
fora do local de serviço.
::: Prática constante de jogos de azar – jogo de azar é aquele em que o fato de perder ou ga-
nhar depende mais da sorte que do raciocínio, ou somente da sorte, como, o “jogo do bicho”,
pôquer, roleta etc. Requisitos essenciais para a configuração dessa falta é que o jogo de azar
seja habitualmente praticado fora do local de serviço. Caso ocorra dentro do local de serviço,
enquadra-se nas justas causas de “mau procedimento e indisciplina”.
::: Prática de atos atentatórios à segurança nacional – caracteriza falta grave ensejadora de
dispensa por justa causa a prática, devidamente comprovada em inquérito administrativo,
de atos atentatórios à segurança nacional. Na hipótese de o empregado vir a praticar ato pas-
sível de configuração como crime contra a segurança nacional, a autoridade competente soli-
cita ao empregador que o afaste do serviço, embora deva continuar pagando-lhe salários du-
rante os primeiros 90 dias e, ao mesmo tempo, dá ciência desses fatos à Procuradoria Regional
do Trabalho, a fim de que esta abra inquérito administrativo. Para a caracterização da falta, é
irrelevante se o ato foi praticado em serviço ou fora dele e ainda se teve ou não conexão com
a relação de trabalho.
Verbas rescisórias
Sendo a rescisão efetuada por justa causa, são devidas as seguintes verbas ao trabalhador:
::: férias vencidas e proporcionais (conforme Convenção 132 da OIT);
::: 1/3 das férias;
Faltas graves
O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização se (CLT,
art. 483):
::: forem exigidos serviços superiores as suas forças, defesos por lei, contrários aos bons
costumes ou alheios ao contrato – serviços superiores às forças do empregado são aqueles
impossíveis de ser realizados com os seus recursos físicos, psicológicos ou técnicos; e serviços
defesos por lei são aqueles proibidos pela legislação vigente. Contrários aos bons costumes
são os que ferem a moral; e alheios ao contrato, aqueles que o empregado não esteja obrigado
a executar em razão de não estar previsto no contrato de trabalho que foi celebrado entre as
partes.
::: for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo –
haverá despedida indireta quando o rigor dispensado no tratamento do empregado exceder
os limites normais respeitados no trato dos subalternos.
::: correr perigo manifesto de mal considerável – é necessário ser esse perigo claro e evidente
e que cause ao empregado mal considerável. Não obstante, a despedida indireta só terá lugar
quando o risco não for essencial à profissão do trabalhador.
::: o empregador não cumprir as obrigações do contrato – o empregador deve absoluta fide-
lidade às obrigações contraídas e ajustadas no contrato de trabalho com seu empregado. O
descumprimento dessas obrigações, seja quanto ao salário, função, horário de serviço ou qual-
quer outra, é motivo suficiente para que pleiteie o empregado a rescisão indireta do contrato.
Exemplos: atraso no pagamento de salários, 13.o salário ou FGTS; recusa em anotar a Carteira
de Trabalho e Previdência Social (CTPS) do empregado etc.
::: praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato le-
sivo da honra e boa fama – atos lesivos à boa fama são quaisquer gestos ou palavras que
exponham outrem ao desprezo de terceiros; e atos lesivos contra a honra é tudo o que possa
magoá-lo em sua dignidade pessoal.
Exemplo: ociosidade imposta pelo empregador ao empregado, violando a dignidade do tra-
balhador.
::: o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima
defesa, própria ou de outrem – ofensas físicas não são apenas as lesões corporais causadas
ao trabalhador, mas também as simples agressões e suas tentativas. Cumpre observar que
somente se caracteriza a despedida indireta quando a agressão física não ocorra em legítima
defesa. De acordo com o Direito Penal, age em legítima defesa todo aquele que, usando mo-
deradamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu
ou de outrem.
::: o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma que afete
sensivelmente a importância dos salários – a redução do trabalho do tarefeiro (que recebe
por tarefa) ou peceiro (que recebe por peça produzida), reduzindo-lhe sensivelmente a remu-
neração habitual, considera-se alteração contratual injustificada, uma vez que traz prejuízos
ao empregado. Assim, o que caracteriza a rescisão indireta é justamente essa alteração con-
tratual irregular.
Nas hipóteses mencionadas no quarto e sexto itens, é permitido ao trabalhador pleitear judicial-
mente a referida rescisão permanecendo no serviço até a final decisão do processo. Nos demais casos, o
empregado deve se afastar da empresa, sob pena de sua reclamação não ser conhecida.
Verbas rescisórias
Configurada judicialmente a rescisão indireta, serão devidas ao trabalhador as seguintes verbas:
::: aviso prévio (indenizado ou trabalhado);
::: 13.º salário proporcional;
Texto complementar
Dispensa por justa causa do empregado
(Nascimento, 1999)
Introdução
Definição de justa causa
Entende-se por justa causa a dispensa que o empregado provoca ao cometer ato ilícito que
viola sua obrigação legal ou contratual com o empregador, tornando-se impossível sua permanên-
cia na empresa.
Torna-se, em conseqüência de ato ilícito provocado pelo empregado, impossível ou muito di-
fícil a continuidade do vínculo contratual, tendo o empregador de romper o contrato de trabalho,
diante das circunstâncias que envolvem a situação, ou seja, despedi-lo por justa causa.
Segundo estudiosos e juristas de renome, para se efetivar a justa causa, algumas condições
devem caracterizar o fato: atualidade, gravidade e causalidade.
A rescisão contratual deve ser feita logo após o conhecimento do ato que tipifica a justa causa,
pois se o empregado cometeu uma falta grave e essa falta não foi punida logo após o conhecimento
do empregador, ela é perdoada.
O caráter imediato é expresso no momento em que a pessoa dentro da organização, a qual
tem poderes para aplicar punições, tem conhecimento da existência da prática faltosa. O tempo em
que ocorreu a infração, mesmo sendo antiga, torna-se atual a partir do momento em que venha ser
conhecida, pois é impossível aplicar uma justa causa sem conhecimento do ato faltoso.
Amauri Mascaro Nascimento, em seu livro Curso de Direito do Trabalho (1999), nas páginas 441
e 443, menciona alguns acórdãos dos tribunais em que a atualidade e a gravidade da falta têm sido
requisitos necessários para sua admissão.
Entre os inúmeros acórdãos sobre a matéria, citam-se os seguintes:
“logo que é conhecida a falta pelo empregador, deve este punir o empregado faltoso, sob pena de, continuando
as relações entre as partes, não mais ter direito de fazê-lo” (Ac. De 12/06/1958, TST, 3.ª T., RRev. 287/58, Rel. Hilde-
brando, in: Wagner Giglio, Justa Causa, op. Cit., p. 47);
“praticada a falta e permanecendo o empregado cerca de dois meses trabalhando a contento, não mais se justifica
o despedimento” (Ac. TRT, SP, Proc. 646/63);
“o princípio da imediatidade não pode ser levado a exageros, sob pena de se impelir os empregadores a punirem
precipitadamente seus empregados” (Ac. TST, 3.ª T., RRev. 289/68, Rel. Min. Arnaldo Sussekind, RTST, p. 145, 1969);
“a demora na solução de uma infração trabalhista, em empresas de grande porte que tem milhares de emprega-
dos, há de ser justificada pela necessidade de medidas acauteladoras e de perquirição da vida funcional do faltoso”
(TRT. 1.ª Reg., TP, 262/68, Rel. Álvaro Ferreira da Costa, LTr., 33:72);
“nada impede que o conhecimento de circunstancias até então ignoradas justifique a dispensa por falta grave do em-
pregado pré-avisado. Se no período de pré-aviso pode ocorrer a falta que justifique a dispensa (art. 491 da CLT), não há
como entender de modo diverso quando apenas os elementos comprobatórios de falta anterior cheguem ao conheci-
mento do empregador nesse período” (ac. TS, TP, embargos, 459/62, Rel. Min, Bezerra de Menezes, RTST, 1966, p. 211)
Gravidade
Uma das condições, também, para caracterizar o desimpedimento do empregador por justa
causa é que a falta cometida seja grave, pois não sendo grave, não será juridicamente reconhecida
como justa causa.
Uma falta leve cometida pelo empregado não poderá configurar como justa causa.
Considera-se falta grave a falta cometida pelo empregado realmente aqueles limites de tole-
rância previstos, chegando ao extremo absoluto de não ter mais condições de permanecer com a
relação de emprego. É o ato faltoso revestido de maior gravidade e apto a produzir o despedimento
do empregado sem o pagamento de alguns valores discriminados de contrato de trabalho.
Decisões dos Tribunais Trabalhistas que incluem a gravidade como teor da justa causa:
O Tribunal Superior do Trabalho decidiu que “para a violação do contrato, a falta seja do em-
pregado ou do empregador, há de ser grave” (Ac. De 27-8-1969, RRev. 2.629/68, Rel. Min. Delio
Maranhão, RTST, 1970, p. 171);
“A falta, para ser grave, com teor rescisivo de contrato estável, é necessário que implique séria violação dos deveres
do empregado, por sua natureza ou repetição” (Ac. De 15-1069, TP, RRev. 1.230/68, Rel. Min. Amaro Barreto, RTST,
1970, p. 171);
“Empregado encontrado fumando no sanitário pode justificar uma pena de suspensão e nunca a demissão sumá-
ria, sem o pagamento de qualquer indenização” (Ac. De 3.11-1969, 1.ª T, RRev. 1985/69, Rel. Min, Antonio Alves de
Almeida, RTST, 1970, p. 171);
“Não possui conteúdo faltoso a simples recusa em assinar notificação dando ciência de penalidade” (Ac. de
06/05/1968, 1.ª T RRev. 130/68, Rel. Min. Celso Lanna, 1969, p. 143);
“Não constitui justa causa para a rescisão do contrato de trabalho o fato de o empregado tomar a iniciativa de
um abaixo-assinado entre seus colegas de trabalho para que não haja trabalho em determinado dia, o que não
constitui mau procedimento, indisciplina ou qualquer violação do contrato, pois se trata de mero movimento de
opinião que não é defeso, mesmo dentro de uma empresa” (Ac. de 24/11/1966, 2ª T, RRev. 3.662/66, Rel. Min. Ray-
mundo de Souza Moura, RTST, 1969, p. 144).
Causalidade
A causa deve sempre preceder e determinar com muita precisão o fenômeno da despedida. Se
o empregador alega uma causa que caracterizou a justa causa e essa não fica provada, não poderá,
no curso do processo, criar outra causa.
A justa causa não é configurada apenas quando o empregador sofre um prejuízo efetivo. É
desnecessária, portanto, uma ofensa patrimonial para que se caracterize a justa causa.
A empresa pode até sofrer um prejuízo econômico por um involuntário do empregado, não
configurando esse ato uma justa causa, dada a total inexistência de qualquer culpa de sua parte. O
prejuízo patrimonial pode caracterizar ou não a justa causa, dependendo das características do ato
praticado pelo empregado.
Não pode o empregador punir duplamente uma mesma falta do empregado.
Exemplo: um empregado que foi punido disciplinarmente com suspensão o empregador proíbe
o reinício de suas atividades em razão do mesmo fato.
Se o empregado falta reiteradamente ao trabalho sem justificação e é suspenso, e ao voltar da
suspensão não se emende, continuando a faltar ao serviço sem justificação, não há, no caso, dupla
punição, mas continuidade de atos faltosos que em conjunto caracterizam a justa causa.
Atividades
1. Quais são os três elementos que caracterizam falta grave, a fim de possibilitar a dispensa por justa
causa?
3. Ocorrendo uma falta grave, quando a empresa poderá aplicar a punição correspondente?
2. A
3. B
Contratos de trabalho
1. D
2. A
3. D
Duração do trabalho
1. C
3. Hora in itinere significa hora de percurso, e corresponde, portanto, ao período em que o trabalha-
dor está se deslocando de sua residência até o trabalho e vice-versa. Sua existência está condi-
cionada à ausência de transporte público regular e também à localidade da empresa ser de difícil
acesso e ao fornecimento de transporte pela empresa. Deve ser computada como hora nomal de
trabalho, sem acréscimo.
2. A
3. D
2. B
3. E–A–C–D–B
2. Três dias em virtude de casamento; um dia a cada ano para doação de sangue; dias em que estiver
realizando prova de vestibular, ou qualquer uma das faltas justificadas, apresentadas neste capí-
tulo.
3. C
2. A empresa deve aplicar a alíquota devida pelo trabalhador, conforme tabela de salário-de-contri-
buição divulgada pelo Ministério da Previdência Social, e descontar essa contribuição da remune-
ração a ele devida, repassando-a aos cofres previdenciários até o dia 10 do mês subseqüente.
3. D
2. A
3. B
Homologação rescisória,
indenização adicional e principais modalidades de rescisão
1. O mesmo prazo de pagamento das verbas rescisórias, detalhado no artigo 477, parágrafo 6.º da
Consolidação das Leis do Trabalho.
3. D
2. Advertência verbal, advertência escrita, suspensão disciplinar e dispensa por justa causa.
3. De imediato ou tão logo tome conhecimento da falta, sob pena de caracterização do perdão
tácito.
Parte I Parte II
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Brasil, de amor eterno seja símbolo
De amor e de esperança à terra desce, O lábaro que ostentas estrelado,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, E diga o verde-louro dessa flâmula
A imagem do Cruzeiro resplandece. - “Paz no futuro e glória no passado.”
Dos filhos deste solo és mãe gentil, Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Pátria amada,
Brasil! Brasil!
Atualizado ortograficamente em conformidade com a Lei n. 5.765 de 1971, e com o artigo 3.º da Convenção Ortográfica
celebrada entre Brasil e Portugal em 29/12/1943.