O débito cardíaco é a quantidade de sangue bombeado para a aorta a cada minuto pelo coração. Esta
também é a quantidade de sangue que flui pela circulação.
O débito cardíaco varia de forma acentuada com o nível de atividade do corpo. Os seguintes
fatores, entre outros, afetam diretamente o débito cardíaco:
O retorno venoso é a quantidade de sangue que flui das veias para o átrio direito a cada minuto
NOTA!
O retorno venoso e o débito cardíaco devem ser iguais um ao outro
Ou seja, um humano médio que pesa 70 quilogramas tem área de superfície corporal de cerca de 1,7 m2,
o que significa que a média normal do índice cardíaco para adultos é de aproximadamente 3L/min/m2 da
área da superfície corporal.
1. CONTROLE DO DÉBITO
CARDÍACO
Os diversos fatores da circulação periférica que afetam o fluxo sanguíneo de retorno pelas veias para o
coração, referido como retorno venoso, são os principais controladores do débito cardíaco.
Isso porque, quando quantidades elevadas de sangue fluem para o coração, essa maior quantidade de
sangue distende as paredes das câmaras cardíacas. Como resultado da distensão, o músculo cardíaco se
contrai com mais força, fazendo com que seja ejetado todo o sangue adicional que entrou da circulação
sistêmica
Entretanto, quando o retorno sanguíneo é maior do que o coração pode bombear, então o coração passa a
ser o fator limitante para a determinação do débito cardíaco.
NOTA!
Esse mecanismo é designado como lei de Frank-Starling do coração.
OBSERVAÇÃO!
Outro fator importante é que a distensão do coração faz com que seu bombeamento seja mais rápido,
resultando em uma frequência cardíaca maior. Isso porque, a distensão do nodo sinusal na parede do átrio
direito tem efeito direto sobre a ritmicidade do próprio nodo
Além disso, o átrio direito distendido desencadeia reflexo nervoso, designado como reflexo de
Bainbridge, que passa primeiro pelo centro vasomotor do encéfalo e, a seguir, de volta ao coração, pela
via nervosa simpática e vagal, acelerando também a frequência cardíaca.
Na maioria dos tecidos, o fluxo sanguíneo aumenta, em grande parte, em proporção ao metabolismo de
cada tecido. Por exemplo, o fluxo sanguíneo local quase sempre aumenta quando se eleva o consumo de
oxigênio tecidual.
PAM
Pode-se compreender isso pela lei de Ohm: DC= ;
R
DC: Débito cardíaco, PAM: Pressão arterial média, R:
Resistência Vascular Periférica.
A estimulação simpática e a inibição parassimpática fazem duas coisas para aumentar a eficácia
do bombeamento cardíaco: (1) aumento acentuado da frequência cardíaca; (2) aumento da força
da contração cardíaca.
O aumento da carga a longo prazo, mas não excessivamente a ponto de lesar o coração, faz com
que o músculo cardíaco aumente sua massa e força contrátil, do mesmo modo como o exercício
intenso faz com que ocorra hipertrofia do músculo esquelético
Aumento da pressão arterial contra a qual o coração deve bombear, como na hipertensão grave.
Inibição da estimulação nervosa do coração.
Fatores patológicos que causem ritmo cardíaco anormal ou frequência anormal dos batimentos
cardíacos.
Obstrução da artéria coronária, causando “ataque cardíaco”.
Valvulopatia.
Cardiopatia congênita.
Miocardite, inflamação do músculo cardíaco.
Hipoxia cardíaca.
Resumindo, quando os vasos sanguíneos teciduais locais se dilatam e o retorno venoso e o débito cardíaco
aumentam acima do valor normal, o sistema nervoso desempenha um papel chave na prevenção da queda
da pressão arterial para níveis desastrosamente baixos.
I. Beribéri.
Essa doença é causada por quantidade insuficiente da vitamina tiamina (vitamina B1) na dieta. A
falta dessa vitamina causa diminuição da capacidade dos tecidos de utilizar alguns nutrientes
celulares, e os mecanismos do fluxo sanguíneo tecidual local causam, por sua vez, acentuada
vasodilatação periférica compensatória. Consequentemente, os níveis de longo prazo do retorno
venoso e do débito cardíaco também aumentam frequentemente a 2 vezes o normal.
Toda vez que uma fístula (também denominada derivação AV) ocorre entre artéria e veia
principais, uma grande quantidade de sangue flui diretamente da artéria para a veia. Isso também
diminui muito a resistência periférica total e da mesma forma aumenta o retorno venoso e o
débito cardíaco.
III. 3. Hipertireoidismo.
IV. 4. Anemia.
Na anemia, dois efeitos periféricos diminuem muito a resistência periférica total. Um desses
efeitos é a viscosidade reduzida do sangue, resultante da concentração diminuída dos eritrócitos.
O outro é a distribuição diminuída de oxigênio aos tecidos, que causa vasodilatação local. Como
consequência, o débito cardíaco aumenta muito.
infarto do miocárdio
cardiopatia valvular grave
miocardite
tamponamento cardíaco
distúrbios metabólicos cardíacos.
NOTA!
Quando o débito cardíaco diminui muito, o que faz com que os tecidos do corpo comecem a ter
deficiência nutricional, a condição é denominada choque cardiogênico.
1.6.2. REDUÇÃO DO RETORNO VENOSO
Qualquer fator que interfira no retorno venoso também pode causar diminuição do débito cardíaco.
Alguns desses fatores são os seguintes:
o fator periférico não cardíaco mais comum causador de débito cardíaco diminuído é a redução
do volume sanguíneo, resultante muitas vezes de hemorragia
A dilatação venosa aguda ocorre mais frequentemente quando o sistema nervoso simpático fica
de forma súbita inativo. Por exemplo, um desmaio é consequência frequentemente da perda
súbita da atividade do sistema nervoso simpático que faz com que os vasos periféricos de
capacitância, especialmente as veias, dilatem-se acentuadamente.
Essa dilatação diminui a pressão de enchimento do sistema vascular, pois o volume do sangue
não pode mais gerar pressão adequada nos vasos sanguíneos periféricos flácidos. Como
resultado, o sangue “se acumula” nos vasos e não retorna ao coração com a rapidez normal.
O sangue nos vasos periféricos não pode fluir de volta para o coração. Consequentemente, o
débito cardíaco cai de forma acentuada. 4.
Essa redução, por sua vez, diminui o consumo de oxigênio total e as necessidades de fluxo
sanguíneo para os músculos, resultando em diminuição do fluxo sanguíneo muscular esquelético
e do débito cardíaco.
Outras condições, tais como hipotireoidismo, também podem reduzir a intensidade metabólica e
assim o fluxo sanguíneo tecidual e o débito cardíaco.
OBSERVAÇÃO!
Independente da causa do baixo débito cardíaco, ou por fator periférico ou fator cardíaco, se o débito
cardíaco diminuir abaixo do nível necessário à nutrição adequada dos tecidos, diz-se que a pessoa tem
choque circulatório.
Esse deslocamento ocorre porque, para encher as câmaras cardíacas com sangue, é necessária pressão
atrial direita adicional de 2 mmHg para superar a pressão aumentada no lado de fora do coração.
2. Respiração contra pressão negativa, deslocando a curva da pressão atrial direita para valores mais
negativos (à esquerda).
4. Abertura da caixa torácica, aumentando a pressão intrapleural para 0 mmHg e deslocando a curva do
débito cardíaco para a direita por 4 mmHg.
Ao mesmo tempo em que a pressão atrial direita está aumentando e causando estase venosa, o
bombeamento pelo coração também se aproxima do zero, em virtude da diminuição do retorno venoso.
Se todos os reflexos circulatórios nervosos forem impedidos de atuar, o retorno venoso cai a zero quando
a pressão atrial direita se elevar para cerca de +7 mmHg.
NOTA!
As pressões arterial e venosa se equilibram quando todo o fluxo pela circulação sistêmica cessa na
pressão de 7 mmHg, que por definição é a pressão média de enchimento sistêmico (Pes ).
Ele permanecerá neste nível do platô até mesmo se a pressão atrial direita cair para −20 mmHg, −50
mmHg, ou até mais.
Esse platô é causado pelo colapso das veias que entram no tórax. Isso porque, a pressão negativa no átrio
direito suga as paredes das veias, fazendo com que elas se juntem no ponto em que penetram no tórax, o
que impede qualquer fluxo adicional de sangue das veias periféricas.
Consequentemente, mesmo com pressões muito negativas no átrio direito, o retorno venoso não pode
aumentar, significativamente, acima do que ocorre na pressão atrial normal de 0 mmHg
A. VOLUME DE ENCHIMENTO
Quanto maior o volume de sangue na circulação, maior é a pressão média de enchimento circulatório,
pois o volume de sangue adicional distende as paredes da vasculatura.
Assim, com volumes maiores, a pressão média de enchimento circulatório aumenta de modo quase linear.
B. ESTIMULAÇÃO NERVOSA
A forte estimulação simpática contrai todos os vasos sanguíneos sistêmicos, como também os grandes
vasos sanguíneos pulmonares e até mesmo as câmaras cardíacas.
Portanto, a capacidade do sistema diminui, de modo que para cada nível de volume sanguíneo a pressão
média de enchimento circulatório aumenta.
De modo contrário, a inibição completa do sistema nervoso simpático relaxa os vasos sanguíneos e o
coração, diminuindo a pressão média de enchimento circulatório.
NOTE!
Note como as curvas são íngremes, o que significa que mesmo leves
variações do volume sanguíneo ou da capacidade do sistema,
provocadas pelos vários níveis da atividade simpática, podem ter
grandes efeitos sobre a pressão média de enchimento circulatório.
NOTA! PRESSÃO MÉDIA DE ENCHIMENTO SISTÊMICO
A pressão média de enchimento sistêmico, Pes, é algo diferente da pressão média de enchimento
circulatório. Consiste na pressão medida, em qualquer parte da circulação sistêmica, após o fluxo
sanguíneo ter sido interrompido pelo pinçamento dos grandes vasos sanguíneos no coração, assim as
pressões na circulação sistêmica podem ser medidas independentemente daquelas da circulação pulmonar
A pressão média de enchimento sistêmico costuma ser praticamente igual à pressão média de enchimento
circulatório, pois a circulação pulmonar tem menos de um oitavo da capacitância da circulação sistêmica
e contém apenas um décimo do volume sanguíneo.
I. Pressão atrial direita, que exerce força retrógrada sobre as veias para impedir o fluxo de sangue
das veias para o átrio direito.
II. O grau de enchimento da circulação sistêmica (medido pela pressão média de enchimento
sistêmico), que força o sangue sistêmico em direção ao coração
III.2.1.EFEITOS DA PRESSÃO DE
ENCHIMENTO SISTÊMICO
DA CURVA DE RETORNO
VENOSO
Quanto maior a Pes (o que também significa maior
“justeza” com que o sistema circulatório se enche com
sangue), mais a curva de retorno venoso é deslocada
para cima e para a direita.
Ao contrário, quanto menor a Pes , mais a curva é deslocada para baixo e para a esquerda.
Para expressar isso de outra maneira, quanto maior o enchimento do sistema, mais fácil é o fluxo de
sangue para o coração. Quanto menor o enchimento, mais difícil é para o fluxo de sangue chegar ao
coração.
Quando a pressão arterial direita aumenta até se igualar à Pes, não mais existe qualquer diferença de
pressão entre os vasos periféricos e o átrio direito. Consequentemente, não pode ocorrer fluxo sanguíneo
de quaisquer vasos periféricos de volta para o átrio direito.
Todavia, quando a pressão atrial direita cai progressivamente, para valores inferiores à Pes, o fluxo para o
coração aumenta de forma proporcional, isto é, quanto maior a diferença entre a Pes e a pressão atrial
direita, maior será o retorno venoso.
Portanto, a diferença entre essas duas pressões é referida como gradiente de pressão para o retorno venoso
Ao contrário, quando a resistência nas arteríolas e nas pequenas artérias aumenta, o sangue se acumula
nas artérias, que têm capacitância de apenas 1/30 das veias. Desse modo, o mesmo discreto acúmulo de
sangue nas artérias aumenta muito a pressão — 30 vezes mais que nas veias — e essa pressão elevada
sobrepuja grande parte da resistência aumentada.
Assim, constata-se que a maior parte da resistência ao retorno venoso é determinado pela resistência
venosa, sendo que aproximadamente dois terços da chamada “resistência ao retorno venoso” são
determinados pela resistência venosa, e cerca de um terço, pela resistência arteriolar e das pequenas
artérias.
OBSERVAÇÃO!
Os efeitos sobre a curva
do retorno venoso
causados pelas
alterações simultâneas da Pes e da resistência ao retorno
venoso podem ser expressados graficamente,
demonstrando que esses fatores podem atuar simultaneamente.
SAIBA MAIS!
( P es−P AD )
O retorno venoso pode ser calculado pela seguinte fórmula: RV =
R RV
Em que RV é o retorno venoso, Pes é a pressão média de enchimento sistêmico, PAD é a pressão atrial
direita, e RRV é a resistência ao retorno venoso.
1. O débito cardíaco elevado aumenta a pressão capilar, de modo que o líquido começa a transudar para
fora dos capilares, para os tecidos; com isso, o volume sanguíneo retorna ao normal.
2. A pressão aumentada, nas veias, faz com que elas continuem a se distender, gradativamente, pelo
mecanismo denominado relaxamento por estresse, fazendo com que os reservatórios de sangue venoso,
como o fígado e o baço, distendam-se, reduzindo, desse modo, a Pes .
3. O excesso de fluxo sanguíneo pelos tecidos periféricos causa aumento autorregulatório da resistência
periférica vascular, elevando, assim, a resistência ao retorno venoso.
Esses fatores produzem a normalização da Pes e a constrição de resistência da circulação sistêmica. Desse
modo, gradualmente, por período de 10 a 40 minutos, o débito cardíaco retorna quase ao normal.
A estimulação simpática máxima (curvas verdes) aumenta a pressão média de enchimento sistêmico para
17 mmHg. Além disso, a estimulação simpática também aumenta a eficácia do bombeamento do coração
por quase 100%.
As curvas mais inferiores mostram o efeito da inibição simpática, demonstrando que (1) a Pes cai para
cerca de 4 mmHg e (2) a eficácia do coração como bomba diminui para cerca de 80% do normal.
O débito cardíaco diminui do ponto A para o ponto B, representando redução para cerca de 60% do
normal.
O resultado final, descrito pelo ponto B, é o aumento do débito cardíaco de 5 L/min até 13 L/min e o
aumento da pressão atrial direita para cerca de +3 mmHg. 3.
O ponto C representa os efeitos aproximadamente 1 minuto depois, após os reflexos nervosos simpáticos
terem restabelecido a pressão arterial quase ao normal e causado dois outros efeitos:
I. Aumento na Pes (devido à constrição de todas as veias e artérias) de 7 para 9 mmHg, deslocando
assim a curva do retorno venoso por 2 mmHg, à direita;
II. Elevação posterior da curva do débito cardíaco, devido à excitação nervosa simpática do
coração.
O débito cardíaco agora se eleva para quase 16 L/min, e a pressão atrial direita para cerca de 4 mmHg. 4.
I. A essa altura, o volume de sangue aumentou em virtude da ligeira redução da pressão arterial e a
estimulação simpática terem reduzido ambos, transientemente, o débito renal de urina,
provocando uma retenção de sal e água.
II. A Pes elevou-se para +12 mmHg, deslocando a curva do retorno venoso por 3 mmHg à direita.
III. O aumento prolongado da carga de trabalho no coração fez com que o músculo cardíaco se
hipertrofiasse moderadamente, elevando ainda mais o nível da curva do débito cardíaco.
Desse modo, o ponto D mostra agora débito cardíaco de quase 20 L/min e pressão atrial direita de cerca
de 6 mmHg.