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Dedicatória
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Epílogo
Dedico esse livro às pessoas que resolveram me dar as mãos sem pedir
nada em troca, que me ajudaram chegar até o lançamento; Iohana, minha
diagramadora real oficial eterna; Carla Juncione que me salvou no momento de
desespero com as capas; Paulinho, Paulo Leite filmes, que, diretamente de
Portugal, ajudou na edição dos vídeos. A M10 Marketing Digital, que fez o
lançamento ser sucesso absoluto. E, novamente, agradeço à minha mãe, que
contribuiu para meu sonho tornar-se realidade e minhas Adms, que trabalharam
arduamente ao meu lado e que deram conta de toda a loucura.
E sempre, sempre, a vocês #sadleitoras!
MARIANA
Bummmmmmm!
O barulho da batida está martelando em minha mente. Parece maior do
que realmente foi e isso é muito assustador. Estou morrendo, é o fim!
Um filme da minha vida passa pela minha cabeça nesse momento. No
cinema da vida eu sou a espectadora desesperada, que só consegue pensar na
parte sexual: o sorriso do Arthur, os gemidos do Arthur, o corpo do Arthur, o pau
de Arthur, Arthur gozando, Arthur rugindo, Arthur fodendo minha mente e
penso também em nosso bebê, que foi fruto de muito sexo suado. Sexo é vida.
Ou morte, nesse caso.
Já li muitas vezes sobre esse tal filme que passa na cabeça das pessoas
antes da morte e, posso dizer com propriedade, que o que estou sentindo é bem
parecido. É quase emocionante, quase...
Uma frase louca me vem à mente: "A morte não é nada para nós, pois,
quando existimos, não existe a morte, e quando existe a morte, não existimos
mais."
Realmente, esse cara está certo. Se a morte existe, nós não existimos
mais, como poderíamos existir depois da morte? Impossível! Adoro esses
pensadores! Eles dizem cada absurdo que queima os neurônios, os poucos que
possuo.
Freud então, esculacha nos pensamentos pensamentistas, olha essa: "Se
quiseres poder suportar a vida, fica pronto para aceitar a morte." Porém, eu não
estou pronta para aceitar a morte. É difícil. Como vou deixar meu futuro marido
viúvo antes do casamento? Ele é um espetáculo da natureza, as mulheres vão vir
com tudo e vou ficar segurando meu tridente, muito puta de raiva no inferno.
Merda, realmente sinto que vou morrer. De um jeito ou de outro. Aliás,
todos morrerão um dia. Só não esperava morrer tão cedo.
Se eu estou muito ferida? Não, nem um pouco. Mas, o olhar assassino do
Arthur, está me dando calafrios. Eu vou morrer, acredite!
—Eu mato você, Mariana! — Ele grita e soca o volante constantemente.
Um soco desses em mim e eu entraria em coma.
— Não tutu, você não teria coragem! — Choramingo juntando as mãos
em oração.
Graças a Deus eu estava de cinto e não machuquei, Arthur me mataria
ainda mais cruelmente. Me encolho no banco e tento desviar de seu olhar. Por
pior que seja, estou sentindo vontade de rir, a cara dele está impagável, mas, me
seguro, pois sei que causei um pequenino prejuízo. Afugento-me, puxando
minha blusa para cima e tapando meu rosto. Porém, minha fuga não dura muito.
—Meu carro! Meu precioso carro de duzentos e oitenta mil reais,
MARIANAAAAAAAA! Duzentos e oitenta mil reais!!! — Esbraveja saindo do
carro e subindo as calças apressado. Eu fico caladinha no meu canto, como se
nada disso estivesse acontecendo. — Porra, estragou a frente do meu carro todo,
Mariana. — Ele grita de fora e, dessa vez, começo a preocupar.
— Desculpa tutu, não fiz por querer, eu juro de mindinho! — Digo
tentando parecer a Madalena arrependida. Porém, acabo chorando de verdade ao
ver que ele está realmente arrasado.
— Merda Mariana, pare de chorar, você sabe que eu não aguento vê-la
chorando.
— Mas você está brigando comigo e estou grávida. — Sim, agora estou
aos prantos.
— Porra, ainda tem essa! VOCÊ ESTÁ GRÁVIDA, MARIANA, dá para
entender? Quer que eu desenhe? — Ele grita ainda mais alto.
— Me desculpa tutu, eu te amo, foi só um amassadinho!
— Um amassadinho? Saia do carro para você ver o amassadinho. Você
poderia ter machucado nosso filho, nosso bebê deve estar nervoso aí dentro. —
Argumenta com razão e eu choro mais alto.
— Você não me ama, você só ama nosso bebê. — Estou desolada agora,
sofrendo com a constatação de que ele só ama a nossa criança. Me sinto horrível,
preciso de carinho! Nem eu consigo controlar a mim mesma.
— Oh merda, vem cá, minha princesa. Não chora bebê. Você sabe que eu
te amo, sabe que só brigo porquê te amo muito. — Ele abre a porta do carro e
seus braços rodeiam meu corpo.
— Eu só queria... — Digo fungando e ele me corta.
— Eu sei, eu sei. Nosso filho não pode nascer com cara de pênis. Já
entendi. — Ele me abraça ainda mais forte e nos beijamos carinhosamente. Esse
homem, lindo e incrível, é irresistível, realmente.
— Obrigada por entender. Eu te amo. — Permanecemos abraçados até o
momento em que eu coloco a mão em sua protuberância novamente; ele dá um
ataque de nervos. Me encolho e tapo o rosto novamente.
— PUTA QUE PARIU, MARIANA!!! Você é o diabo na minha vida!!!
MARIANA
Duas semanas sem sexo, esse é o meu castigo após fazer Arthur bater o
carro em um poste. Tudo aconteceu um dia após voltarmos da viagem. Tínhamos
ido à minha médica para confirmar realmente a gravidez e, logo em seguida,
fomos à nossa nova casa tirar algumas medidas para contratarmos uma arquiteta
para decorá-la.
Nós decidimos seguir com nosso plano inicial de ir morarmos nela e
casarmos logo. É um desperdício não morar naquele lugar, fora que é um
condomínio extremamente seguro.
Voltando ao carro, vocês precisam me entender, Arthur estava tão
gostoso! Com a barba por fazer, os cabelos um pouco grandes, o bronzeado da
praia, aqueles olhos maravilhosos, vestindo uma camiseta branca e bermuda
jeans clara, marcando todo seu conteúdo. Eu tive desejos, muitos desejos; nosso
bebê não poderia nascer com cara de pênis, jamais! Quando estamos grávidas,
não conseguimos controlar nossos desejos e eles não têm hora para chegar. Seria
um absurdo negar o desejo e deixar meu filho nascer com esse pequeno
problema, afinal, meu bebê não pediu para vir ao mundo e, muito menos, pra
nascer com cara de pênis. Então, pensando no bem da nossa família, eu quis dar
uma leve chupada em Arthur, enquanto ele dirigia; para aliviar o stress do
trânsito mesmo. Ele me mandou parar quando estava prestes a gozar, pois não
queria que nosso filho bebesse as coisinhas que sairiam dele. Então, eu
continuei, continuei, e, quando ele ia gozar, ele gritou mais alto, abaixou para me
puxar pelos cabelos e tudo aconteceu. Ele bateu seu carro no poste, mas eu não
tive culpa, jurei para ele que não tive culpa. Acontece que, dessa vez, ele não
quis me perdoar. Eu chorei, fingi desmaio, falei que não comeria mais, porém,
ele foi irredutível. Por isso não estamos conversando. Falamos apenas o básico.
Hoje, fazem cinco dias; nesses cinco dias eu tentei de tudo, quando digo
tudo é tudo mesmo. Fiz strip-tease, fiz comida nua, me toquei na frente dele, usei
nosso bebê para fazer chantagem, eu o atentei com todas as armas que tenho,
mas ele não quer ceder aos meus encantos. É muito sofrimento para mim, as
vezes sinto que não vou aguentar essa dor. Eu já pedi a Deus para me levar, mas,
como sempre, Ele também acha que mereço ser castigada. Não entendo esses
desígnios da vida. Estou entrando numa depressão profunda e sinto que irei
morrer, de verdade.
Estou aqui, arrumando as coisas dele que estão em meu apartamento. Vou
colocá-lo para fora de casa. Não me julgue, é muita tortura a convivência. Mais
uma semana e eu morro! Estou no meu limite. Para o meu apartamento ele só
volta se fizermos sexo, com juros e correções.
Terminando de colocar suas roupas em uma mala, deixo a última camisa
que ele vestiu para que eu possa sentir seu cheiro na hora de dormir. Ele não
precisa saber disso!
Termino de arrumar tudo e ligo na rádio para ver se toca algo que me dê
inspiração para escrever um bilhete de justificativa. Depois de algumas músicas,
uma me chama atenção, é de um tal de Pablo. Decidido, vai ser essa!
"Você foi o culpado desse amor se acabar, você que destruiu a minha
vida, você está indo embora agora, por favor, não implora e mala já está lá
fora".
Escrevo mudando uma coisinha ou outra e coloco em cima de uma das
malas, prendendo o bilhete com um pregador de roupa, porquê "nóis é simples”.
Acho que ele vai entender, pois a mala realmente já está lá fora. Tenho
meus motivos.
Nossa, me sinto uma verdadeira dramaturga agora. Preciso sair dessa
vida de sofrência!
Devo ter engordado 30 kg só essa semana sem sexo. Se não posso
transar, posso comer. É isso que faço, inclusive agora. Pego um pacote de balas
de caramelo, coloco meu pijama da Hello Kitty, uma máscara verde de
hidratação no rosto, deixo de lado minhas pantufas e deito na cama para assistir
TV. Essa rotina está um pau no cu danado. Eu sou a Free Willy purinha e nada
sexy. Se eu pudesse beber, até faria um show indo pra alguma balada, só pra
Arthur perder a linha. Mas, nas atuais circunstâncias, nem isso posso. Enquanto
o tempo vai passando, vou negando as aparências, disfarçando as evidências
tentando enganar meu coração.
Estou na maior vibe, assistindo uma série com homens gostosos, quando
o tinhoso entra feito um furacão no quarto.
— Que merda é essa que você escreveu, Mariana? Você está realmente
me mandando embora por causa de sexo? E por que essas roupas da Hello Kitty
de novo? Puta que pariu você parece uma assombração com esse negócio verde
no rosto. Deus me livre, parece o Hulk. — Ele é tão gentil às vezes.
— Sim, Arthur! Estou sim, tenho direitos nessa vida e um deles é de ter
um “quase” marido que me complete em todos os sentidos. E nunca, em hipótese
alguma, fale da Hello Kitty novamente. E, essa máscara é de tratamento facial,
que rima com pau, no caso, se eu tivesse seu pau, estaria sem Hello Kitty e sem
máscara. — Esbravejo tacando um caramelo em seu peito. — Dá licença? Você
está tampando a TV. — Peço e ele se vira para a TV, dando de cara com a bunda
do Chris Evans. Ele suspira frustrado e desliga a bendita.
— Você é mais maluca do que eu imaginava. Senhor, você é muito louca
caralho! Você é a porra louca, satanás! — Grita como um louco. Será que eu
tenho culpa por ele ter se tornado esse tipo de gente?
— E você é um grande idiota por não transar comigo por causa de uma
batidinha de nada. Ainda se faz de santo, como se não tivesse colaborado com
meu boquete! Para mim já deu. Você é uma tentação do inferno na minha vida e,
se eu não posso aproveitar dos seus atributos, por favor, retire-se e volte somente
quando acabar a greve. Me fazer sofrer é fácil, mas gozar está difícil demais, não
é? Eu só queria momentos íntimos, merda!!! Nunca te pedi nada. Some daqui
inferno! — Grito ficando em pé sobre a cama.
— É assim, Mariana? Tudo bem então. Eu ia acabar com a greve hoje,
comprei até algumas coisinhas, mas a minha noiva me botou para fora de casa,
então estou indo! Se meu filho precisar de mim, você sabe onde estou.
— Seu filho ainda é um girino, está longe de nascer, portanto ele ou ela
só precisa de mim! Diabo! Você ia mesmo, mesmo, mesmo, acabar com a greve?
— Pergunto ligeiramente curiosa.
— Até ia. — Responde caminhando para a porta, porém, sou mais rápida
e entro na frente dele.
— Que tipo de coisinhas você comprou? — Indago curiosa.
— Não falo! — Diz cruzando os braços no peito.
— Se você falar eu deixo você ficar, eu juro de mindinho de verdade.
Para todo o sempre.
— Agora quem não quer ficar sou eu! Tenho meu orgulho e minha
dignidade. — Ele vira para o lado e faz charme.
— Só me conta sobre as coisinhas, tutu, por favorzinho!
— Não, você feriu meus sentimentos dessa vez, Mariana. — Diz
depositando a mão sobre o peito. Eu quero matá-lo. Ele aprendeu a ser dramático
comigo, isso é fodido.
— Me perdoa, estou profundamente arrependida. — Junto as mãos e faço
cara de anjo. Acho que poderíamos nos tornar atores se nada der certo.
— Tudo bem, eu te perdoo. — Ele sorri e eu molho.
— Ok, quais são as coisinhas que você comprou?
— Não conto. Te perdoo, mas a greve continua só para você aprender a
me colocar pra fora.
— Vai cagar no mato então, Arthur. Você me irrita às vezes!
Saio pisando duro e bato a porta do nosso, quer dizer, do meu quarto na
cara dele. Deito e começo a chorar. Estou com saudade dele. Ele não dorme mais
abraçado comigo por causa da greve. Eu o amo! Eu quero meu tutu para sempre,
meu ursinho de dormir abraçado. Eu quero aquele pau selvagem me
consumindo, entrando na pepeca e saindo na boca. Eu quero cafuné, quero
carinho. Eu quero sexo. Choro até desintegrar e exterminar meu estoque de
lágrimas, então me cubro e tento dormir.
Alguns minutos depois, sinto seu peso sobre a cama. Fico quieta, virada
para o canto. Ele pega uma das minhas mãos e algema no ferro da cabeceira. Eu
me viro assustada e ele me puxa, fazendo-me ficar deitada de barriga para cima.
Pega minha outra mão e algema também. Ele se levanta e eu fico algemada, sem
saber o que ele está fazendo. Então, ele surge com uma tesoura e eu quase morro
de gritar.
— O que você vai fazer, Arthur?
— Fica quietinha e não se mecha. — Ele se acomoda novamente na cama
e fico entre suas pernas. Ele pega a tesoura e começa a cortar minha blusa da
Hello Kitty. Em seguida, levanta, puxa minha calça e a corta em mil pedaços
também. Espero que seja algo relacionado a sexo, porque eu juro que o mato se
essa destruição tiver sido em vão. Já não é fácil achar coisas da Hello Kitty para
adultos!
— E agora? — Pergunto.
— E agora nada. — Ele sorri e tento chutá-lo, enquanto ele limpa a
gosma verde do meu rosto com um pedaço do meu falecido pijama.
— Você só pode estar de brincadeira. — Ele sorri, tira minha calcinha e
fica nu. Deus, eu preciso tocá-lo. É desesperador ter as mãos algemadas. Eu
avançaria nele com tudo agora.
Ele pega meu pé e começa a beijar carinhosamente, vai subindo devagar
por todo meu corpo. Em seguida, concentra-se em meus seios, que estão ainda
mais sensíveis.
— Eu estava ficando louco de saudade já. — Diz com a voz rouca.
— Eu também. Eu te amo, preciso de você. Me solta, preciso tocar em
você, tutu. Prometo não te bater por causa do meu pijama.
— Sem toques, estou no controle hoje.
— Deixe-me te tocar, te chupar, te morder. — Imploro.
— Não tenha dúvidas minha delicia, qualquer outro dia. Hoje a senhorita
vai permanecer algemada e vou te vendar.
— Já li isso em algum livro. — Sorrio na maldade, mesmo não gostando
disso.
— Mas, aqui não é livro, aqui é a vida real. Quero fodê-la assim hoje.
Será rápido na primeira, porquê estou quase gozando, Mari. Estou desesperado
por você, gostosa. — Ele é tão romântico.
— Merda, não se deve falar isso para uma mulher desesperada. Eu quero
gozar também.
— Só na hora que eu estiver dentro de você e permitir. — Ele pega uma
venda e a coloca em meus olhos. Em seguida, sinto um líquido sendo despejado
e espalhado pelo meu corpo; então, meu marido começa a chupar cada
centímetro do meu ser, levando-me ao delírio completo. O contato da boca dele
com o líquido, causa uma sensação febril em meu corpo. Sinto-me pegando
fogo, envolvida em chamas. Com certeza esse é um daqueles gelzinhos hot.
Eu amo a boca do Arthur e as coisas que ele pode fazer com ela.
Choramingo quando ele me fode com a língua implacável e sinto-me frustrada
por não poder puxar seus cabelos. A condição de estar presa e sem enxergar
aumenta todas as sensações, intensifica cada gesto.
Quando os tremores do meu corpo começam, ele afasta sua boca e
começa a brincar de bater seu pau em minha entrada. Ele bate incontáveis vezes,
penetra apenas a cabecinha e então volta a bater. É uma tortura lenta, agoniante,
mas é tão bom. Eu, incrivelmente, gozo assim. A melhor coisa da vida é gostar
de sentir prazer e se entregar por completo. É assim que me sinto todas as vezes
que vou pra cama com Arthur.
Ele traz sua boca à minha e me penetra. Primeiro, ele é contido em seus
movimentos. Mas, logo em seguida, passa a tomar um ritmo torturante até que
eu esteja tendo um segundo orgasmo. É então que ele permite abrir mão do
controle e me acompanha, preenchendo-me com o líquido da sua excitação. Isso
faz com que eu me sinta tão dele, sempre. Cheia de Arthur Albuquerque, num
sentido luxurioso.
Ele se afasta, deixando-me vazia, deita ao meu lado e fica mexendo em
meus cabelos. Enquanto é isso, tentamos recuperar o fôlego. Foi uma rapidinha
bem proveitosa, aliviou bastante a minha tensão e abriu meu apetite para mais.
Era tudo que eu estava precisando.
— Amor, pode tirar minha venda e as algemas agora? — Peço, sentindo-
me incomodada.
— Desculpa princesa, vou tirar. — Ele as retira e me beija
carinhosamente.
— Bem melhor pode abraçar meu amor nu.
— Quando nosso filho nascer, faremos um melhor uso dessas algemas,
tive que pegar um pouco leve por causa da gravidez. — Explica. O homem é
muito louco.
— Foi ótimo, é uma sensação totalmente diferente, mas, prefiro ter
minhas mãos em você.
— É legal, mas não é ideal para fazer amor. Seria interessante se você
não estivesse grávida, porque eu poderia fodê-la forte e espanca-la. — Fico
chocada com seu argumento. O homem resolveu ser “violento” sexualmente.
— Nós ainda podemos foder com força total. Você me espancaria? Como
é isso? — Estou curiosa.
— Não tanto, minha menina travessa. São só uns tapas mais fortes nessa
bunda, uma foda bruta de quebrar a cama e furar o chão. — Ele diz
delicadamente e coloca a cabeça em minha barriga, fazendo carinho e beijando.
— Eu amo tanto vocês. — Sussurra e eu começo a chorar. Como ele vai de 8 a
80 em questão de segundos? Ele é minha alma gêmea. — O que foi minha vida?
— Você é tão fofo e lindo e gostoso....
— Minha gravidinha mais sentimental.
— Meu futuro marido, mais lindo do universo. E as entrevistas?
— Amanhã começam. — Informa.
— Eu ainda acho que poderíamos roubar Júlia.
— Promete que não vai atrapalhar as entrevistas? — Pede e eu rio.
— Eu? Atrapalhar entrevistas de possíveis secretarias? Da escolha da
mulher que passará oito horas por dia com meu homem? Eu nunca faria isso.
Tenho classe, meu amor. — Sorrio e ele me encara sério. Foda-se se ele pensa
que a palavra final não será a minha. Eu estarei lá, de um jeito ou de outro!
— Eu vou fingir que estou acreditando nisso, Mari. Vamos tomar banho,
estamos todos melados.
— Só se for na banheira e se você ficar abraçado comigo.
— E você tinha dúvidas de que seria de outra maneira?
— Tinha. — Respondo.
— Estou morrendo de saudades, uma semana sem te abraçar e te amar.
— Porquê fez gracinha. — Afirmo o óbvio.
— Você me fez bater de carro, poderia ter se machucado.
— Mas você não é meu pai para me colocar de castigo, tutu.
— Mas eu sou seu marido. — Sinto tão orgulho quando ele fala assim.
Chupa mundo! Todas querem meu marido!
— Ainda não. — Desafio.
— Mas serei, e você merece umas boas palmadas ainda.
— Então, está esperando o quê para dar?
— Teremos que adiar o banho. — Ele sorri mordendo meu mamilo
vagarosamente.
— Foda-se o banho. — Sou pega de ladinho; ele levanta um pouco
minha esquerda e se posiciona em minha entrada. Fica enrolando para me
penetrar e começa a falar safadezas em meu ouvido, deixando-me ainda mais
louca de necessidade.
— Essa sua bunda pede para ser fodida, mas não hoje. — Ele me penetra
e puxa meus cabelos com força, fazendo-me arquear mais. Com a mão livre, me
dá vários tapas na bunda e torna-se impossível não gemer alto. Quando dou por
mim, estou de quatro e meu homem está no auge da selvageria, oscilando entre
me dar carinho e palmadas na bunda. Isso é desconcertante. Me sinto tão imoral,
um misto de dama com a tal puta na cama. Me sinto mulher, absurdamente
fêmea quando ele me trata dessa maneira. Eu amo me sentir assim.
Ficamos pelo menos uma hora na banheira namorando, sem sexo, apenas
e curtindo um ao outro. Cada vez que ele passa as mãos pela minha barriga,
meus batimentos disparam de emoção, é simplesmente a coisa mais linda. Nós
conseguimos fazer outro bebê, não são gêmeos, mas, o que importa, é que ele
está bem guardado aqui em meu ventre e dessa vez andarei armada! Estamos
vivendo um sonho juntos e iremos até o fim.
Nosso bebê será uma menina ou um menino de muita sorte, por ter um
pai como Arthur, assim como sou a mulher mais sortuda do mundo por tê-lo
como meu marido. Carinhoso e cachorro ao mesmo tempo.
Eu o amo e o odeio por ter cortado meu pijama da Hello Kitty, ele pensa
que deixarei passar em branco seu delito, mas, a verdade é que me vingarei
friamente!
MARIANA
MARIANA
MARIANA
MARIANA
ARTHUR
MARIANA
MARIANA
MARIANA
Acordar no dia seguinte não é nada bom, não após termos passado parte
da noite nos entregando aos mais loucos desejos carnais.
Arthur está enroscado em meu corpo, distribuindo beijos pelas minhas
costas, é assim que ele resolveu me acordar no dia de hoje. Mas, agora, só
consigo pensar no enjoo tomando conta de todo meu ser, afinal, nem tudo pode
ser perfeito. Esses enjoos matinais são o óh! Rezo todos os dias para que a
profecia se cumpra e ele termine no terceiro mês da minha gestação.
O empurro e levanto o mais rápido que consigo. Sinto-me extremamente
não sexy agora, correndo para banheiro para vomitar minhas tripas. O mais
louco de tudo isso é que já estou me acostumando a essas sensações
indesejadas. Vomitar é algo horrível e agora parece incrivelmente normal. Eu
acordo, vomito, escovo os dentes, tomo café e minutos depois vomito
novamente. Essa sequência já está totalmente enquadrada à minha rotina. E,
parece que já virou rotina Arthur entrar em desespero todas as manhãs e querer
me levar ao médico por conta dos enjoos.
Eu faço tudo e, assim que escovo os dentes em busca de dignidade, saio
do banheiro para encontrar a cena típica.
— Não comece. — Aviso o observando parado na porta me aguardando.
— Você é tão injusta às vezes. — Ele reclama. — Eu só fico preocupado.
Você acha que é agradável isso?
— Isso o que? Me ver enjoando por ter um bebê se formando em meu
ventre? — Pergunto. — É normal Arthur, quantas vezes eu terei que dizer? Você
mesmo lê nos livros que comprou, a médica já te disse, seus pais... O mundo!
— Desculpa, sou assim, super protetor. Eu sei que isso é normal, mas eu
apenas não queria vê-la passando tanto mal. É ruim que só você tenha que
sofrer. — Ele passa a mão em minha bochecha e eu derreto. Preciso ter mais
paciência com ele, tudo é muito novo para nós dois.
— Eu sei que é ruim amor, eu adoraria dividir tudo isso com você. —
Brinco. — Mas é assim, é a lei da vida e eu estou satisfeita por estar sentindo
todas essas coisas. É a vida da nossa filha aqui...é por ela. Eu passarei por isso
nove meses se necessário for, porquê, esse ser em meu ventre vale tudo. É a
nossa filha, nós a fizemos. É incrível Arthur.
— Eu estou virando maricas. — Ele diz limpando as lágrimas. — Você
me deu o maior de todos os presentes. — Ele diz se ajoelhando no chão e
beijando minha barriga quase nula.
— Me perdoe? Eu serei mais compreensiva com suas preocupações
amor. — Digo bagunçando seus cabelos.
— Me perdoe também. Vou tentar ser menos louco.
— Não, eu gosto das suas loucuras. Elas combinam com as minhas. —
Sorrio e ele se coloca de pé me dando um beijo na testa.
— Vem, vamos alimentar vocês.
MARIANA
UM MÊS DEPOIS
ARTHUR
Mariana
MARIANA
ARTHUR
O que fazer com um babaca que se atreve a apertar a bunda da minha
mulher mesmo ela dizendo um NÃO com todas as letras?
Nunca fui um cara de brigas. Sou completamente contra todo e qualquer
ato de violência. Mas, ver minha mulher sendo tocada por outro homem, ligou o
botão violência dentro de mim.
Eu estava bem. Fui com dois amigos até a boate, era uma maneira de
apresentá-los às amigas de Mariana. Eu só não esperava ver um maldito
forçando a barra com a minha mulher.
Vi o momento exato em que ele se aproximou dela e então entrei em
estado de alerta. Mari foi firme se desvencilhando dele, ela estava
verdadeiramente incomodada. Ela se soltou dos braços dele três malditas vezes e
eu me aproximei no momento exato em que sua mão deslizou pela bunda da
minha garota, um total ato de improbidade e falta de respeito. Principalmente por
ela ter dito não.
Fui surpreendido quando ela deu uma bela joelhada no babaca, e fui
surpreendido com a vontade de matá-lo que se apossou de mim.
Eu não estou puto com ela por ter ido à uma boate. Toda mulher tem
direito de ir onde quiser, e todo homem tem o dever de respeitá-las. Porém, eu
fiquei cego e transtornado. Preciso de alguns minutos para colocar a mente em
ordem antes de falar qualquer coisa com ela.
Não quero descontar toda adrenalina, que está bombeando em minhas
veias, em minha mulher grávida. Só preciso respirar, antes que eu quebre
qualquer coisa que estiver na minha frente.
Não era o que eu tinha planejado para essa noite. Não mesmo.
Em determinado momento, eu me aproximaria dela e dançaríamos
juntos. No final da noite eu ia levá-la para algum lugar diferente e então
faríamos o que esperei a porra do dia inteiro.
Vou até o quarto e ouço som do chuveiro ligado. Pego sua bolsa e
encontro a chave de seu carro. Eu preciso me acalmar, então, até que consiga me
manter são, decido que buscar o carro dela é uma boa opção para respirar ar
fresco.
Desço até a portaria e caminho até o ponto de táxi próximo ao prédio.
Talvez eu dê a sorte grande de encontrar aquele babaca. Quem sabe,
assim, eu possa quebrar suas duas mãos para aprender o que acontece com quem
desrespeitar uma mulher.
Quando o taxista para em frente à boate, o pago e desço. Encontro Júlia e
Duda, sentadas no chão com o imbecil.
O pego pela camisa novamente, o fazendo ficar de pé.
— Arthur, não faça isso, merda. — Júlia grita.
— A minha mulher disse não a você. — Digo fixado nele.
— Ela já disse sim milhões de vezes, bem antes de você aparecer. — Ele
rebate rindo, com sua cara suja de sangue.
— Lucas, cale a merda da boca! — Agora é Duda quem diz.
— Ela agora é minha. Ela está grávida de um filho meu, está noiva e, o
mais importante, ela disse não. Quando uma mulher diz não, qualquer mulher,
não apenas a minha mulher, você tem que respeitar. Não é NÃO.
— Foda-se cara. Era pra ela ser minha. — Ele é um retardado. Tanto que
eu desisto de enfiar mais um soco em sua cara de idiota.
— Quem não tem competência, não se estabiliza. Está bastante explicado
porquê Mariana não quis você. É um moleque, nada além disso.
Os deixo e sigo meu propósito.
Volto para casa, volto para minha mulher, para o nosso lar.
A encontro deitada, quietinha. Nunca a vi dessa maneira antes, merda.
Tomo um banho rápido e me acomodo ao seu lado. Ela vira-se de frente e me
encara, mas, a imagem daquele bichinho infernal, ganha minha atenção. Que
diabos ela tem com essa merda de Hello Kitty?
— Eu não tive culpa. — Diz.
— Eu não culpei você em momento algum. Só não quis conversar
nervoso. Nunca é bom começar qualquer conversa estando nervoso. — Explico.
— Me desculpe por ter ido à uma boate. — Ela diz chorando. — Não
brigue comigo. Eu respeito você de todas as maneiras possíveis.
— Mari, você não tem que se desculpar, amor. Você foi se divertir com
as amigas e não tem culpa se um idiota decidiu não se portar como homem. Eu
só perdi a mente quando o vi tocar em você.
— Só quero que me abrace e durma grudado comigo. Quero acordar e
amanhã ter esquecido desse fiasco completo. — Beijo sua testa, então ela vira,
grudando sua traseira em mim. A abraço. Só quero apagar a imagem da mão
daquele imbecil na bunda da minha mulher!
— Eu amo você, maluquinha. Amo muito você. — Digo beijando sua
cabeça.
— Eu amo você, maluquinho. Respeito você. Eu...
— Durma, Mari. Eu confio em você, mais do que confio em mim
mesmo.
MARIANA
Almoço e fico de bobeira comendo tudo que vejo pela frente. Estou num
estágio onde tenho três funcionalidades: comer, dormir e transar. Isso é tudo que
meu corpo pede, nada, além disso.
Estou assistindo uma série quando Arthur, manda uma mensagem
dizendo que a “querida” arquiteta mandou mensagem solicitando nossa presença
em nossa casa. Na mensagem, ele informa que estará me esperando em nossa
casa as 17h30min e, quando olho no relógio, vejo que faltam apenas pouco mais
de uma hora. Então, mais que depressa, corro para o quarto e começo a me
arrumar.
Como estou sonolenta, solicito um táxi por medo de dormir ao volante.
Às 17h40min o táxi estaciona em nosso novo condomínio e vou andando
até nossa futura casa. O carro do Arthur e da Ana Carolina já estão parados na
frente, então me apresso. Subo os degraus e, quando abro a porta, mal posso
acreditar na cena que desenrola a frente.
Arthur está encostado na parede e Ana Carolina está praticamente jogada
em cima dele, o beijando. Eu fico completamente cega. Só vejo Arthur com as
mãos em sua cintura e ela o segurando pela camisa.
Ele tenta afastá-la assim que entro, mas ela não o solta. Eu mal consigo
entender tudo o que estou sentindo nesse momento. São tantas coisas. Ódio,
nojo, descrença, dor, incredulidade. Eu não posso acreditar, não mesmo. Coloco
a mão sobre meu ventre e tento respirar fundo algumas vezes. Eu vejo Arthur
branco diante de mim e nem mesmo consigo olhar em seu rosto.
— Sairei e entrarei novamente, apenas para ter a certeza de que isso está
mesmo acontecendo. — Informo e assim eu faço. Eu saio da casa que seria
minha, respiro fundo e volto. Em vão, é real. Eles ainda estão ali e meu conto de
fadas está apenas destruído.
A única coisa que passa em minha mente é que tudo não passou de uma
mentira. Arthur não é príncipe encantado que eu tanto estimava. Ele parece estar
mais chocado que eu, está branco e parece não conseguir respirar. Pois é,
bonitinho, a casa caiu! Deposito minha mão sobre meu ventre novamente e
permito que minhas lágrimas caiam livremente. Laís, Ana Carolina... qual será a
próxima? Não haverá uma próxima. Agora seremos apenas eu e minha filha,
porque não consigo suportar traição. Suporto muitas coisas, exceto isso. É um
trauma.
Arthur luta para sair dos braços da vadia e, quando ela insiste em não
deixar, ele simplesmente a joga longe. Ele está parecendo um louco agora.
— Mari, pelo amor de Deus, me deixa explicar. — Ele parece
transtornado e eu apenas começo a rir. Ele quer me explicar. O quão ridículo é
isso tudo? Ele se aproxima de mim, tem a coragem de colocar sua mão sobre a
minha, em meu ventre, em minha barriga. Na barriga onde carrego nossa filha
que eu nem sei ainda se é mesmo uma filha ou filho. Eu o afasto e grito.
— Tira suas mãos de mim. Você sempre soube... sempre. Eu tenho
trauma, pânico, pavor.
— Mariana, pelo amor de Deus, não fala assim. — Ele chora e eu vejo
sangue na minha frente neste momento. Nada que ele disser vai resolver.
Ana Carolina está se levantando do chão e vou até ela. Arthur tenta
segurar meu braço, mas estou possuída nesse momento. Nem mesmo se Jesus
descesse dos céus eu pararia agora.
— Me solta ou as coisas vão ficar piores do que parecem, Arthur. — Ele
solta e eu a pego pelos cabelos. Eu rio contemplando sua cara de puta. — Como
se sente? — Pergunto. — Diga, querida, como se sente? — Ela fica calada e dou
um tapa em sua cara. Ela coloca a mão sobre o rosto, assustada, e eu puxo seus
cabelos com toda força que eu consigo, a fazendo gritar de dor. Sim, eu imagino
que esteja realmente doendo, mas nada comparado a dor que ela está me fazendo
sentir.
— Mari...
— Cale a porra da sua maldita boca, Arthur. — Eu grito. — Se sente
satisfeita, Ana Carolina, ou será que eu deveria te chamar de Carol? Ouça bem,
eu vou dizer uma só vez. Você está acabada a partir deste momento. Você acabou
com a minha família, ou talvez ela já estivesse acabada e eu fui ingênua o
suficiente. Mas, de qualquer forma, você acaba de contribuir para o fim. Não é
incrível? — Rio. — E eu, como sou muito boa, vou contribuir para o fim da sua
carreira. Você será reconhecida como a arquiteta que não tem ética e rouba o
marido das clientes. Você é nada menos que uma piranha. Você é nojenta. — As
lágrimas escorrem de seus olhos e dou outro tapa. Deus, eu seria capaz de matá-
la agora, mas ela é salva por um movimento em minha barriga. Eu a solto,
deixando-a jogada ao chão e lágrimas inundam meus olhos. Meu bebê, meu bebê
precioso acaba de dar sinal de vida, pela primeira vez. Sorrio e então choro. Eu
sinto tantas coisas agora. Mas, o ódio sobressai. O ódio sobressai porquê eu
perdi o homem que mais amei em toda minha vida, o homem que eu amo e que,
no fundo, sei que nunca deixarei de amar.
Eu olho para seu lindo rosto e o pânico começa a tomar conta de mim. Eu
perdi Arthur. Mal posso imaginar minha vida sem ele e o perdi. A dor queima
em meu peito e não consigo mais controlar nada, então eu desabo sobre o
mármore da cozinha e choro. Não quero saber se ela está vendo tudo isso, me
sinto miserável neste momento. Não quero me manter forte. Eu me achava tão
boa, achava que ele estava completo em todos os sentidos comigo, achava que
saciava suas necessidades, que éramos para sempre. Eu não sou capaz de perdoá-
lo agora, não estando grávida. Que Deus me ajude a superar mais essa perda.
Estou cansada de perder, totalmente cansada.
— Mari, deixa eu te explicar, por favor, pense na nossa filha. — E nesse
momento a fúria volta. Como ele pode dizer para eu pensar na nossa filha?
— Você é louco? Você está pedindo para eu pensar na nossa filha quando
você é único que não pensou. Você desgraçou a minha vida Arthur, eu vou te
odiar pelo resto dela. E, assim que nossa filha tiver idade suficiente e me
perguntar o porquê eu e você não estamos juntos, eu vou contar cada detalhe. Ela
saberá cada maldito detalhe.
— Eu amo você Mariana, foi ela quem me beijou, eu jamais faria isso
com você Mari, você sabe disso. Você é o ar que eu respiro, Mariana. Diga a ela,
Carol, por favor, diga a ela. Pelo amor de Deus, Carol. — Ele implora e a vadia
nada faz. — Mari, eu amo você amor. Eu nunca faria isso.
— Sério, Arthur? Então por que sua língua estava dentro da boca dela?
Eu não sou a porra de uma personagem de novela que vai acreditar nessa merda.
— Eu me aproximo e o seguro pela gola da camisa. — Me diz Arthur, o que
faltou? Onde eu errei? O que fiz para você fazer isso comigo? Me diz, por favor.
Você me fez te amar, Arthur. Eu te amo tanto, meu amor, tanto, você não sabe
quanto dói saber que eu te perdi. Eu nunca irei superá-lo, nunca. — Me apoio
em seu peito e choro, sentindo seu cheiro pela última vez; O agarrando como se
ele pudesse nos salvar de tudo isso, mas ele não pode, não quando ele foi o único
a nos levar pro buraco. Afasto-me e ele coloca as mãos na cabeça. Ele chora e
cai de joelhos diante de mim, apoiando as mãos em suas pernas. Não posso mais
ver nada disso. Sinto-me sendo rasgada, despedaçada, pedaço por pedaço. A dor
no peito é tão forte que tenho que lutar para respirar.
Meu Deus, transforme todo esse amor em ódio. Faça-me odiá-lo, faça-
me esquecê-lo! Imploro.
Preciso sair daqui ou morrerei. Vou até o balcão e pego a chave de seu
carro. Dou a última olhada na cozinha que seria a nossa cozinha, na sala que
seria a nossa sala e dói. Tantos sonhos jogados fora...
Olho para os dois seres jogados ao chão. Ana Carolina, sentada e
encostada na parede. Arthur de joelhos, chorando.
— Estou indo. — Informo e ele levanta a cabeça. — Você, peça sua
amante para te levar até o prédio. Suas roupas e a chave do seu carro estarão lá.
— Você não tem condições de dirigir, Mari, por favor, eu te levo. — Ele
se levanta e o detenho.
— Eu não tenho condições de olhar na sua cara, Arthur. Estarei mais
segura dirigindo. Você pode não se lembrar, mas estou carregando minha filha
em meu ventre. Eu não sou maluca e muito menos irresponsável como você
acabou de ser. — Olho pela última vez a casa e volto o olhar para ele. Maldição,
eu o amo tanto. Por que ele foi capaz de fazer isso? Eu nunca serei a mesma
novamente, nunca serei capaz de esquecê-lo. Eternamente incompleta.
— Adeus, tutu, eu... — Soluço levando minha mão à boca. É a coisa
mais difícil que eu já fiz. Dizer Adeus a ele. Corro pela porta e saio rápido,
entrando em seu carro. Sigo para a casa no automático, mas, no meio do
caminho, sou obrigada a parar no acostamento para retomar minha compostura.
Acabou.
Não consigo conter os pensamentos, flashes de cada momento que
vivemos dançam pela minha mente. Essas lembranças vão me atormentar pelo
resto da vida. Eu entro em desespero, um desespero que nunca senti antes.
Eu só superei a perda dos nossos bebês porquê ele estava comigo, de
mãos dadas. Agora eu não tenho ninguém para me dar às mãos. Me sinto
completamente sozinha.
"— Uau, você faz essa análise pessoal com todas as pessoas?
— Não, só com a pessoa pela qual estou interessado"
— -Mariana, você ia para a missa sem calcinha?
— Sim e, como sou bonzinho, ainda peguei a surpresinha para você. –
Abro meu lanche e encontro um Poney rosa.
— Mariana, você tem algum parentesco com o criador da Hello Kitty?
— Obrigada, dessa vez eu não vou permitir que nada de mal aconteça,
eu amo vocês!
— Vocês são minha vida, Mari.
— Você é a mulher da minha vida. Eu te amo.
— Quero casar logo com você. "
Sou capaz de ouvir cada palavra linda que já saiu de sua boca. Que Deus
e minha filha me perdoem, mas eu gostaria de morrer agora. Nunca imaginei que
um dia pudesse ser capaz de querer morrer por perder alguém, mas é assim que
me sinto. Eu me sinto tão vazia que nenhuma gota de esperança habita meu ser
nesse momento. Acabo de me dar conta que perdi até mesmo a fé. Eu perdi a fé
em mim, perdi a fé em Arthur, perdi a fé na vida.
Ligo o carro novamente e tomo fôlego o suficiente. Respiro fundo uma
última vez e uma pitada de força surge: vou viver pela minha filha e ela vai se
chamar Vitória. Ela será a minha vitória depois de toda essa destruição.
Ela será minha Vitória na guerra!
ARTHUR
Mariana
Eu achava que o pior sentimento do mundo era perder alguém que a
gente ama. Isso até está no topo também. Mas, há algo um pouco pior; o
sentimento de descobrir que você perdeu a si mesma. Eu acabo de sofrer duas
enormes perdas irreparáveis: Arthur e eu.
Chego em casa com muita dificuldade. Meus olhos embaçados fizeram
com quem eu viesse na menor velocidade possível. Meu celular está tocando
pela quinta vez e sinto que não posso conversar com a pessoa ainda.
Pego os óculos escuros dele, no porta luvas, e o coloco, na tentativa de
não ficar tão evidente minha atual situação. Desço do carro e a tonteira quase me
derruba. Apoio minhas mãos no carro e o mundo parece girar aos meus pés.
Estou tão miserável agora...
Respiro e inspiro, repetidamente, levanto minha cabeça e me forço a
caminhar. Não posso deixar que isso seja minha destruição, não quando estou
carregando uma vida comigo.
Quando saio do elevador, Amélia está saindo do meu apartamento e fica
paralisada ao me ver.
— Meu Deus! Dona Mariana, está tudo bem? — Eu apenas sacudo a
cabeça negativamente e ela abre a porta para que eu possa entrar. — Senhor, o
que aconteceu? Sente-se eu vou pegar um pouco de água pra senhora.
Ela volta com a água, está tremendo, coitada. Eu bebo todo líquido em
um único gole. Eu não vou chorar, não vou desmoronar, não vou chorar, não
vou desmoronar, não vou chorar, não vou desmoronar. Fico recitando isso em
minha mente e ganho um pouco coragem de falar.
— Eu preciso que...merda...por que isso é tão difícil? Ufa. — Respiro
fundo e termino de dizer. — Eu preciso que você junte as coisas do Arthur para
mim.
— Oh meu Deus! Não acredito, Mari. — Ela coloca suas mãos na boca e
vejo seus olhos encherem de lágrimas. Pois é, se ela está chocada, eu estou
destruída.
— Por favor. Eu ia pedir para deixar na portaria, mas, me dei conta de
que ele tem um maldito apartamento ao lado do meu, então apenas faça isso.
Junte as coisas dele para mim e as coloque lá. — Vendo o estado que estou, ela
não diz mais nada. Sem contestar e sem muitas perguntas, apenas faz o que eu
pedi.
Minutos depois, três malas de roupas já estão pela sala. Amélia vai
levando de uma em uma, até que não há mais nada. Eu apenas permaneço
sentada no sofá, observando tudo e buscando um controle emocional. Ao menos
para isso a Yoga está servindo. Estou fazendo alguns exercícios de respiração
que foram ensinados e não estou transbordando...ainda.
— Mariana, já deixei tudo lá.
— Tudo bem. Agora, eu preciso que você deixe a chave do carro e do
apartamento dele na portaria, Amélia. Então, você pode ir. — Falo calma e
pausadamente.
— Minha linda, tem certeza? Eu posso ficar se precisar.
— Não, obrigada, preciso ficar sozinha. Não precisa voltar essa semana.
— Mas, Mariana... — Eu a corto.
— Eu vou me cuidar. Tenho consciência que preciso me cuidar mais do
que nunca. Apenas faça isso. Eu realmente preciso de um tempo, Amélia.
— Tudo bem, Mari. Eu não sei o que aconteceu, mas, de qualquer forma,
eu sinto muito. Seu coração é grandioso e generoso. Seja o que for, vai passar e
você será muito feliz. — Eu engulo o nó que se forma em minha garganta e
apenas agradeço vagamente.
— Obrigada. — Meu telefone começa a tocar novamente. — Amélia, é
Arthur. Pode atender e dizer que as coisas dele já estão no apartamento e as
chaves na portaria? — Digo e ela pega o telefone.
— Senhor Arthur... eu não acho que ela queira falar agora... sim,
chegou... Não, nem um pouco... desculpa, senhor Arthur, ela apenas pediu para
avisar que suas coisas estão no seu apartamento e que as chaves estão na
portaria... calma, senhor Arthur, calma...tudo irá se acertar...ok, fique com Deus.
— Ela desliga com lágrimas nos olhos. — Meu santo Deus, Mari, ele está
desesperado. O que aconteceu?
— Foda-se! — Digo e ela me olha espantada. — Não você, foda-se ele,
Amélia. Obrigada viu? Pode ir. Preciso ficar sozinha. Irei me acalmar e então
serei capaz de contar o que aconteceu.
— Tudo bem dona Mari, se precisar de qualquer coisa me chame. Eu ligo
para saber como a senhora está.
— Tudo bem. Obrigada e pare de me chamar de dona e senhora. — Ela
dá um sorriso sem graça e então sai.
Fecho a porta, a dor volta com força total. Cada parte desse apartamento
tem um pouco de Arthur. Não há um lugar que eu não o veja. Mas, a pior parte é
quando entro em meu quarto e vejo a parte dele no armário vazia. Deus, isso é
extremamente doloroso. Minha vida agora está vazia. Eu nunca me senti dessa
maneira antes.
Permito-me colocar todas as emoções para fora novamente. Eu me jogo
ao lado da cama e choro até que não possua mais lágrimas, até que minha cabeça
doa tanto a ponto de eu conseguir esquecer um pouco de tudo isso e focar apenas
na dor física. E, quando isso acontece, entro com roupa e tudo embaixo do
chuveiro.
Por favor, retire essa dor do meu coração! Retire Arthur da minha mente,
por favor.
Ajoelho ao chão e rezo com toda fé que possuo. Eu só quero esquecer
tudo isso. Eu oro para esquecê-lo, oro para que tudo não tenha passado de um
pesadelo terrível.
Se eu não estivesse grávida, estaria em algum boteco enchendo a cara,
até que pudesse esquecer meu próprio nome. Mas, eu saio do banho e vejo a
porra da blusa que Arthur usou ontem, pendurada atrás da porta. Estou certa de
que posso me embriagar com seu cheiro facilmente, por mais que eu saiba que
isso só vai piorar as coisas. A visto e abraço a mim mesma. O que eu não daria
para estar nos braços dele agora? O que eu não daria para tudo isso ser apenas
loucura da minha imaginação?
Eu passo todo o restante da tarde olhando para o teto. Estou tentando
bolar um plano para continuar, mas não há nada que eu consiga pensar. É tudo
vazio, sombrio, solitário. Tudo agora é sofrimento. Um sofrimento indescritível.
Quando está tarde o bastante, me dou conta de que preciso comer. Se eu
não tivesse esse pequeno ser em meu ventre estaria ainda mais destruída. Mas eu
a tenho, e isso é o suficiente para me forçar a comer e seguir em frente.
Eu como, m a comida parece descer seca pela minha garganta. Nem
mesmo sou capaz de sentir o gosto agora. Quando termino, vou escovar meus
dentes. Eu os escovo, mas não possuo coragem o bastante para olhar minha
imagem destruída através do espelho.
Cinco minutos depois, me encontro deitada, olhando para o teto. Usando
a bendita camisa impregnada pelo cheiro do meu tutu. Ele não é mais meu tutu.
Não existe nem mesmo mais lágrimas, tamanha devastação. Essa era a
hora em que a gente se preparava para dormir e ele deixava eu enfiar minha
perna entre as pernas dele, pois, tornou-se bem mais confortável dormir assim
desde que fiquei grávida. Sinto que terei que ir a alguma loja comprar aquelas
almofadas gigantes que ajudam as gestantes dormirem melhor. Talvez, também,
seja melhor eu mudar de apartamento. Ter que ser vizinha dele vai ser um grande
inferno. Merda, tudo está um verdadeiro inferno agora. Eu nem deveria estar
tendo tantos pensamentos. Só quero e preciso me desligar da realidade cruel e
fodida em que me encontro.
Após enfiar um travesseiro entre as pernas e abraçar o travesseiro que ele
usava, rezo a peço a Deus para eu acordar e tudo isso não ter passado de um
pesadelo. Não sei quantas vezes eu já O pedi, mas preciso pedir mais uma. Por
favor, Deus, ouça minhas preces. Há alguém que o senhor permitiu existir, esse
alguém precisa ter o pai e a mãe juntos. Por favor, tenha misericórdia, permita
que seja um pesadelo.
Eu choro em minha oração. Choro até o cansaço me vencer e desmaiar.
— Mari ... Mari ... Mariiii, por favor abra essa porta. — Arthur está
gritando desesperado. Eu me remexo na cama, meu coração acelera e o suor
toma conta de mim por completo em questão de segundos.
— Marianaaa....
Acordo assustada com um pesadelo. Um pesadelo lindo, com os olhos
azuis mais expressivos de toda humanidade. Eles eram azuis-nebulosos quando o
conheci, viraram azuis-reluzentes quando estávamos juntos e, por fim, tornaram-
se como os azuis-nebulosos, de quando o conheci, porém, muito mais sombrios.
Nós fechamos um ciclo, da mesma forma que iniciamos.
Respiro fundo e tento não voltar a chorar. Deito minha cabeça de volta ao
travesseiro e o choro vem, mesmo que eu lute contra ele. Afinal, acabo de
descobrir que não foi um pesadelo, minha perda é real.
Fecho os olhos e tudo começa novamente...
— Mariiiiiiiiiiii...por favor, Mari....
É Arthur, de verdade, ele está socando muito forte a porta do
apartamento. Eu salto da cama quando ouço um estrondo enorme. Corro até a
sala e a porta está no chão. Diante de mim, há um Arthur ensanguentado e
desesperado. Um Arthur que eu nunca vi antes.
Os olhos dele? Os olhos dele agora estão azuis-derrotados.
MARIANA
MARIANA
MARIANA
MARIANA
MARIANA
— Mari, vou falar algo, mas não desespere, ok? — Arthur diz tenso e
meu coração começa acelerar gradativamente.
— OK, diga.
— Há um carro nos seguindo. — Oh merda do meu caralho!
— O que? — Grito em desespero e retiro meu sinto para poder olhar pra
trás. Uma pick-up vermelha vem quase grudando em nós. — Deve ser aquela
louca que não tem uma louça em casa pra lavar, dissimulada, psicótica, frigida
que não te dava. E agora, o que vamos fazer? Pelo amor de Deus Arthur, essa
mulher só pode ter sérios problemas mentais!
— Eu disse pra ficar calma, não adianta gritar no meu ouvido, Mariana.
Agora coloca o sinto novamente e segure firme que vou acelerar. Vamos parar no
primeiro posto policial que encontrarmos pela frente.
— Como você consegue ficar calmo desse jeito?
— Mariana, se eu começar a gritar igual louco nós vamos bater. É a vida
da minha mulher e da minha filha que estão em jogo, eu não estou preparado
para mais uma perda. Agora pare de gritar. — Eu até acho fofo, sinto vontade de
apertar suas bochechas, mas então lembro que é Laís, a perseguidora.
— Está bem. — Me encolho no assento e o medo começa a tomar conta
de mim. Ele está certo. É a nossa vida em jogo. Por que essa mulher louca está
fazendo isso? Pensei que passar uns dias na prisão tinha sido suficiente, mas vejo
que não.
Arthur acelera deixando a pick-up para trás e agora estamos a quase 120
km/h. Fecho os olhos e começo a rezar.
"Por favor, Deus, não deixe essa mulher acabar com a nossas vidas, não
deixe que ela nos destrua mais uma vez. Nós teremos uma garotinha e eu sei que
foi o Senhor quem permitiu, então nos proteja, não deixe que nada nos aconteça.
"
Quando enfim crio coragem para abrir os olhos, avisto uma viatura
parada em um posto policial.
— Ali Arthur, policia!
Ele acelera um pouco mais e para ao lado da viatura.
— Estamos sendo seguidos pela minha ex-mulher, ela está em uma pick-
up vermelha. Ela deve passar aqui a qualquer momento. Há uma ordem de
restrição que ela não está seguindo. — Ele fala um pouco alterado ao policial
que liga a viatura prontamente.
— Encoste o carro atrás, nós estaremos tomando providências. Precisarei
que dirijam até uma delegacia e façam um boletim de ocorrência. — O policial
instrui e começa a se comunicar com outros policiais pelo rádio. Respiro com
mais tranquilidade, agora que estamos um pouco mais seguros.
— Agora. — Arthur grita, a pick-up passa em alta velocidade e o policial
acelera atrás dela.
— Nossa, isso parece um filme de terror, Arthur. Quando isso vai acabar?
— Digo tentando conter as lágrimas, ele solta o sinto e me abraça.
— Mari, nem que tenhamos que largar tudo e ir embora daqui, nada vai
acontecer a vocês.
— Mas e a empresa, a nossa casa, nosso casamento?
— Nada disso é mais importante que a vida de vocês, Mariana. Nada.
Tudo isso pode esperar. O importante é estarmos em segurança.
— Não é justo, essa mulher tinha que estar presa.
— Também acho meu amor, mas a justiça do nosso país é trágica e
defasada. — Ele pega o telefone, digita alguns números e em seguida começa a
falar com seu pai.
Ele explica tudo o que está acontecendo e, após algumas instruções do
pai, segue para a delegacia, onde depomos o ocorrido e fazemos mais um
boletim de ocorrência contra aquela mulher.
Quando chegamos em casa, estamos exaustos e famintos. Por sorte,
nossa maravilhosa Amélia deixou uma travessa de nhoque pronta apenas para
colocarmos no forno.
— Acho que preciso de uma hidro e uma massagem. — Digo.
— Tudo bem, vou arrumar tudo lá dentro, enquanto você arruma o jantar.
— Ele beija minha testa e sai com a desolação estampada em seu rosto.
Dói ver a tristeza em seu rosto. Desde o ocorrido passado nunca mais
tinha o visto devastado como agora. Se não fosse minha filha, eu juro que
tomaria as rédeas da situação, sem medo. Eu faria qualquer coisa para não vê-lo
desse jeito. É tão absurdo, estávamos o dia todo feliz, comprando coisas para
nossa bebê, agora nos encontramos preocupados, desgastados. O medo em seus
olhos é palpável e eu confesso que também carrego o mesmo medo. Não
suportaria perder minha bebê ou meu homem.
Ele mudou o significado da minha vida. Ele me ama como ninguém mais
pôde ser capaz de me amar. E, eu não imagino minha vida sem ele. O quero
feliz, despreocupado, do jeito que sempre foi.
O forno apita indicando que o jantar está pronto. Arrumo a mesa e vou
até o banheiro chamá-lo. O encontro sentado dentro da banheira, totalmente
cabisbaixo e me ajoelho próxima a ele.
— Vai dar tudo certo, não fica assim. Temos que confiar. — Digo
passando as mãos em seu rosto.
— Estou me sentindo incapaz, Mari, uma merda de homem. Eu sinto que
não tenho como proteger vocês o suficiente.
— Ei, não fala assim. Incapaz de que, Arthur? Você é o melhor homem
que já conheci em toda minha vida, e será o melhor pai, sem sombra de dúvidas.
Você faz tudo o que pode e que não pode por nós, como se acha incapaz? Vai
deixar uma retardada te destruir? Destruir seu psicológico? É isso que ela quer,
Arthur. Agora temos que ser fortes e lutar contra ela. Não adianta ficarmos
tristes e arrasados. Eu sei que sou maluca às vezes, mas, se for para não te ver
desse jeito, prometo me comportar mais, não sair tanto. Eu faço qualquer coisa
que você quiser, só, por favor, não fique assim. Eu preciso do meu Arthur forte.
É você quem me dá forças, quem me dá alegria, quem me incentiva. Você terá
uma mini eu agora. Precisa ser mais forte do que nunca. — Termino de dizer e
ele sorri com lágrimas nos olhos.
— Eu amo tanto você Mari, não conseguiria viver sem suas maluquices.
Serei forte por vocês. Só estou apavorado, Mari. Saber que estamos na mira de
uma psicopata é difícil. Saber que estou expondo você a um risco é mais difícil
ainda.
— Você não está me expondo a risco algum, Arthur, não tem culpa disso.
— Me perdoa, Mari. — Ele me abraça forte e sinto suas lagrimas
escorrendo pelas minhas costas.
— Shiu, não chora. Nosso amor é maior que tudo isso. Vai dar tudo certo,
eu prometo! Eu te amo! Nós te amamos.
Ele me impulsiona a levantar e fico em pé, diante de si. Ele levanta meu
vestido e começa a beijar minha barriga.
— Papai ama você tanto, filha. Não vejo a hora de tê-la em meus braços.
— Diz e minha bebê, coincidentemente, se manifesta com um belo chute, nos
fazendo sorrir.
— Viu, ela está dizendo que te ama também e que é pra você deixar de
ser bobão!
— Agora que me dei conta de que teremos uma mini você. Meu Deus,
pensa num cara fodido? Uma Mariana já era demais! — Dou um soco em seu
braço e começamos a rir. Pelo menos consegui distraí-lo um pouco.
— Vamos jantar, sua filha está faminta. — Estendo a mão e ele a pega.
Enxugo seu corpo delicadamente e o sinto relaxar sob meu toque.
Acho que é a primeira vez que faço algo puro com ele nu. Nesse
momento não é sexo, é amor, é cuidado. Deus, eu o amo de verdade mesmo!
— Obrigado por me acalmar, amor. Você é a luz da minha vida, Mari.
— Eu por você e você por mim! — Ele me puxa, cola nossos lábios, e
todos os problemas desaparecem, por enquanto.
Por enquanto!
Jantamos, tomamos banho e agora estamos deitados. Agarrados no
mais completo silêncio, perdidos em nossos pensamentos. Enquanto é isso,
nossa filha brinca incansavelmente em minha barriga. Faltam só cinco meses
para o nascimento dela e, depois dos acontecimentos de hoje, não sei o que
faremos. Já estávamos com tudo planejado e provavelmente teremos que mudar
os planos, caso a louca continue solta pelo mundo.
Arthur acaba cedendo ao sono e dorme como um anjo, resolvo fazer o
mesmo.
MARIANA
ARTHUR
Caralho, essa mulher que tenho... ela é muito doida mesmo. Será que ela
pensa que eu quis tudo isso que aconteceu? Se alguém tem que brigar, esse
alguém sou eu, ela colocou a vida dela e da nossa filha em risco.
— Mariana, você está ficando mais louca ainda? Você tem ideia do que
acabou de falar?
— Total. Eu disse que você terá que me explicar as marcas de batom
espalhadas pelo seu corpo. — Ela diz como se tivesse lixando as unhas.
— Sério? Você acha que eu quis isso, Mariana?
— Não, mas quero saber porquê, como, quando. A causa e a
circunstância que a boca dela foi parar no seu peitoral.
— Porra! — Grito e ameaço me levantar, porém, o soro me faz lembrar
que estou em um hospital. Mariana me enlouquece num grau. Num grau me
lembra uma música ridícula.
— Bem feito. — A safada ri. — Posso falar o que quiser, você está de
castigo.
— Mas vou sair daqui muito mais rápido que você imagina e, se eu
quiser, arranco essa porra do meu braço agora.
— Ui, que medo. — Ela se aproxima. — Vai me foder duro como sempre
faz quando está nervosinho? Se for, me diz logo. — Maldita, ela tem o dom.
Essa mulher merecia ser estudada pela NASA e meu pau também. Eu suspiro
frustrado e observo o quão linda minha garota é. Com sua loucura ela salvou a
todos essa noite.
— Acredito que já estou bem. Que horas vou poder sair dessa merda? —
Esbravejo. Com certeza Laís me apagou com clorofórmio. Me sinto com a boca
seca e, ao mesmo tempo, com taquicardia, minha visão está um pouco
embaralhada, é horrível, mas ainda assim eu comeria Mariana. Eu sempre
comeria Mariana.
— Oh pobrezinho, está difícil ficar de castigo? Você a deixou beijar seu
corpo, porra! Seu corpo pertence a quem? — Ela me encara ameaçadoramente e
seguro um sorriso.
Foi um susto a chegada da Laís em minha sala. Ela estava com a arma
apontada diretamente para mim. Tentei conversar e convencê-la de não fazer a
merda que ela queria fazer, em vão. Me mantive frio e calculista a cada passo
que ela dava. Minha ideia era desarmá-la. Deixei que ela se aproximasse. Ela
falava coisas sem nexo algum, parecia transtornada e decidida a acabar com
minha vida. Eu só pensava que preferia que ela acabasse com a minha vida, do
que com a vida da Mari e da nossa filha.
É clichê, mas um filme passava pela minha cabeça a cada passo que ela
dava
Eu só conseguia ver o sorriso da Mari, o tempo todo. Quando Laís veio por trás
de mim, já estava decidido a acabar com isso, eu daria um jeito de desarmá-la e
ligaria para a polícia, porém, ela foi mais rápida e só me lembro até a parte em
que ela colocou o pano em meu nariz.
Espero, de verdade, que agora ela não saia impune. Não aguento mais
viver com a sombra dessa mulher nos perseguindo. O medo de perder mais um
filho, o medo de perder Mariana, o medo de Mariana ter que criar nossa filha
sozinha, de não poder ver minha mulher com o barrigão gigante, de não ver o
nascimento da nossa filha, o primeiro sorriso, as primeiras palavras... Isso tudo
estava me deixando maluco.
Ainda acho melhor irmos para Nova York temporariamente, mesmo que
Laís fique presa dessa vez. Penso que será bom pra Mari passar um tempo perto
dos pais. Ainda mais que ela é completamente inexperiente nessa vida de mãe.
Tentarei tocar os negócios de longe e, se não conseguir, não tem problema.
Minha prioridade agora é minha família. Quero poder acompanhar tudo de perto.
Quero estar gravido junto com Mari. Foda-se todas as outras coisas. Tudo pode
esperar. Só preciso convencê-la.
Minha mulher está sentada em uma cadeira me olhando. Ainda não caiu
a fixa que ela deu um tiro na Laís. Mari cada dia me mostra mais que é uma
mulher incrível. Ela poderia ter matado Laís facilmente, afinal, Laís matou
nossos primeiros bebês, mas ela se mostrou superior e madura.
Ela é meu orgulho. Forte e destemida, salvou cinco vidas hoje. A dela, a
da nossa filha, a minha, a de Júlia e a da Laís e o mais incrível, agora está
sentada ali como se nada tivesse acontecido.
Eu a conheço o suficiente para saber que sua cabecinha está trabalhando a todo
vapor e que ela está travando uma luta interna, mantendo-se forte por mim. Não
vou tirar isso dela. Quero que se sinta salvadora, forte, guerreira. Não vou
estragar esse momento, mesmo sabendo que por dentro ela está um pouco
assustada. Se ela é forte por mim, sou forte por ela.
— Ei, gostosa. — Digo. — Perdeu alguma coisa aqui?
— Perdi. Sabe, essa hora era para você estar chegando em casa, aí
iriamos jantar e depois tomar banho junto, fazer amor. Pena que hoje foi tudo
totalmente diferente. — Diz um pouco chateada. — Eu senti que algo
aconteceria desde o momento em que você saiu. Acho que somos conectados,
muito mais do que pensamos. — Sorrio com suas palavras.
— Eles já vão me liberar, princesa. Se tudo der certo ainda faremos toda
essa lista hoje. — Ela se levanta e se acomoda ao meu lado na cama.
— Desculpa por ter ficado com ciúmes depois de tudo que aconteceu.
Mas, você está com marcas de batom, camisa aberta. Sei lá. Sei que não faria
nada para me magoar tutu, confio em você.
— Mari, eu não posso te dizer dessas marcas, porque realmente eu não
faço a menor ideia. Agora vamos tentar esquecer tudo isso. A partir do momento
em que sairmos daqui, vamos deletar o dia de hoje e tentar fazer um final feliz.
— Tudo bem amor, vamos fazer isso. Acha que consegue fazer sexo
hoje? Preciso de uma surra de pau pra aliviar a tensão. — Ela não perdoa e meu
pau segue cada comando de sua voz. Chega a doer e latejar de tão duro. Por um
momento quero esquecer que estou nessa situação e fodê-la duro sobre essa
cama. A forma como ela diz putaria com naturalidade sempre me deixa
desesperado. Pego sua mão e coloco sobre meu pau duro, fazendo com que tenha
a grande noção de como ele está prontinho para rasgá-la ao meio. Para preenchê-
la completamente e saciá-la. Santo Cristo, não é normal ser tão alucinado com a
mulher dessa maneira.
E a forma como ela descreve meu humilde pênis? Puta merda. É a coisa
mais erótica do mundo.
Ela me olha e morde os lábios com a cara de safada que só ela sabe fazer.
Porra, preciso me enterrar nela por pelo menos duas horas e tirar toda essa merda
da cabeça!
— Vou procurar o médico para ver se podemos ir logo.
— Faça isso. — Incentivo enquanto brinco com meu dedo em seu decote.
Foda-se vista embaralhada e boca seca. Sua boceta molhada é o que eu preciso
agora para me livrar da secura. Enquanto ela sai, eu desafivelo meu cinto e abro
a calça que está apertando meu pau dolorosamente. Ele sobe de uma só vez,
fazendo com que o lençol que me cobre suba junto. Vamos lá garotão, controle-
se, digo o segurando para baixo. Mariana volta sorridente.
— Liberado!
— Não antes de você controlar meu amigo aqui embaixo. — Levanto o
lençol e ela arregala os olhos.
— Meu Deus, Arthur, a enfermeira está vindo para entregar sua alta e
você com esse pau pra fora. — Ela adverte, mas mete a mão nele na mesma
hora. Vadia, safada. Ela passa o dedo na glande, fazendo círculos, em seguida
sobe e desce com a mão. A respiração dela já está completamente afetada pelo
tesão. Eu me sinto foda por saber que causo isso nela, por saber que minha
mulher é completamente caída de tesão e desejo por mim, que idolatra meu pau,
que é tarada nele e em mim. Eu exerço um controle absurdo sobre ela e o corpo
dela parece ter sido feito para obedecer a todos os meus comandos.
— Chega aqui, deixa eu ver se está molhadinha.
— Nós já vamos embora. Em casa você vê. — Diz com firmeza.
— Eu quero agora, traz ela aqui na minha mão.
— Arthur! Parece louco.
— Vai se fazer de puritana, Mariana? Você está louca para sentar no meu
pau, quer enganar quem? Você gosta de adrenalina e ela está evidente no seu
rosto agora. Você queria estar me dando aqui nessa cama de hospital, mesmo
sabendo que o risco de alguém nos pegar é grande. Você é safada, depravada. —
Ela solta um gemido, afetada pelas minhas palavras e eu a puxo. Enfio dois
dedos dentro da sua calça. Passeio com eles pela pele lisa e escorregadia dela.
Sabia que ela estava encharcada, minha garota é safada sob medida. Depois da
gravidez parece que ela passou a ficar mais molhada que o normal.
Ela está com os olhos fechados e mordendo os lábios com força, apertando meu
pau bem forte. É chegada a hora de deixá-la enfurecida! Eu amo deixá-la assim...
— Agora chega. — Retiro meus dedos e chupo lentamente sentindo o
gosto da excitação dela. Porra. É difícil conter meus instintos. Ela retira sua mão
da minha ereção e sai do quarto cuspindo fogo, enquanto eu rio para não chorar.
Adoro esses nossos joguinhos, gosto até quando é ela quem está no controle.
Minutos depois, a enfermeira me entrega a alta e eu me levanto um
pouco tonto. Diabos! Maldito seja quem inventou essa porra de clorofórmio.
Demoro um tempo para me estabilizar e conseguir ir a diante.
Saio pela porta e, a encontro sentada, emburrada.
— Vamos, gostosa? — Ela se levanta e sai andando na frente, me dando
uma bela visão do seu enorme traseiro. Ai meu pau...
Minha maluquinha entra no carro e entro em seguida. Ela dirige calada
por todo caminho. O que a falta de um orgasmo não é capaz de fazer?! É um
absurdo como Mari é movida a sexo. Eu ganhei na loteria quando ela surgiu na
minha vida.
Enquanto milhares de homens reclamam da falta de sexo no casamento,
tenho em excesso. Cem por cento, nada de setenta.
Ela estaciona na garagem do prédio e sai apressada.
— Mariana, vai fazer gracinha?
— Va à merda.
— Vai fazer gracinha? — Pergunto mais uma vez.
— Vou e foda-se você e seu pênis. — É nessa hora que puxo seus cabelos
com força e a enfio dentro do elevador. — Ai Arthur, me solta.
— Não.
— Você me irrita às vezes.
— Você me irrita sempre. Está precisando gozar sabia? Vou cuidar de
você.
— Pena que meu marido não quer me fazer gozar. — Provoca.
— Ele vai fazer, depois vai gozar dentro de você e só vai tirar o pau
quando ele tiver bem mole e saciado.
— Meu Deus, Arthur. — O elevador para em nosso andar e saímos, eu
segurando seu cabelo e ela apressada. Quando ela abre a porta do nosso
apartamento, solto seu cabelo e começo a me despir sob seu olhar
desavergonhado.
— É isso que você quer? — Digo bombeando meu pau. — Tira essa
roupa e vem cá. — Digo sentando no sofá sem parar de tocar. A cabeça do meu
pau já brilha com o líquido pré ejaculatório e meu corpo implora por alívio. Ela
tira parte da roupa e fica com a blusa e o sutiã, aguardando meu comando.
Mariana submissa é de foder a mente. Levanto-me e mando-a deitar no sofá. —
Agora abre bem as pernas para mim, vai. Quero você bem abertinha. — Ela abre
e me encaixo entre suas pernas. Me abaixo até ela e começo beijar seu seio,
mordendo seu mamilo rosado e beliscando o outro em meus dedos. Com a mão
livre, brinco com seu clitóris enquanto Mari joga a cabeça para trás e geme como
uma puta, minha puta. Nenhuma mulher no mundo será capaz de fazer com que
eu sinta o que sinto por Mariana, nunca! Pego meu pau e fico esfregando a
cabeça em sua entrada, seria capaz de gozar agora, mas primeiro quero dar
prazer a ela. Ela empurra sua boceta em cima implorando por mais, porém, hoje
estou disposto a complicar pro lado dela. Por isso, continuo a tortura até ver que
ela está começando a gozar e, aí sim, enfio tudo, sentindo sua boceta espremer
meu comprimento todinho.
— Oh meu Deus, oh meu Deus...
— Deus?! Arthur Albuquerque, diga meu amor.
— Arthur Albuquerque. — Ela diz sorrindo desavergonhada.
— Isso mesmo, minha delícia. Agora esfrega em mim Mari, quero
gozar muito em você.
— Arthur, vou gozar de novo. — Diz choramingando com toda sua
sensibilidade e esfregando a boceta em mim, como lhe foi ordenado. Seu clitóris
sendo esfregado com força enquanto meu pau é sugado, tem coisa melhor?
Porra! Ela aperta os próprios seios, totalmente entregue ao tesão. Minha mulher
me deixa a beira da loucura. Se contorcendo, gemendo e enlouquecendo. Eu
ganho seu segundo orgasmo e então a preencho todinha com minha porra.
Essa sempre será a melhor sensação do mundo.
Saio de dentro dela e me acomodo ao seu lado a puxando para mim.
— Te amo super-heroína. — Digo olhando em seus olhos como sempre
faço após nossos momentos. Amo essa mulher incondicionalmente.
— Quero mais. — Ela sorri com cara de pidona e desperta novamente o
monstro que existe dentro de mim. Esqueço de qualquer coisa ruim que tenha
acontecido no dia de hoje e a arrasto para a banheira. Não sou capaz de comê-la
de pé, mas sentado, aguento o quanto minha garota sedenta quiser.
MARIANA
São 4 da manhã e perdi o sono após levantar pela terceira vez para fazer
xixi. Achava que esse lance do xixi era só no final da gravidez, mas, pelo visto,
me enganei completamente. É irritante, pra caralho. Porém, quando começo a
ficar altamente irritada, me lembro que estou carregando uma princesa top star
na barriga e logo fico calma novamente. Sento-me na privada até sorrindo.
Quando termino, me olho no espelho e me acho a mulher mais linda do universo,
pode isso? Isso é normal? Cada vez que minha barriga aumenta, eu me sinto
melhor.
A única coisa que está me incomodando é dormir. Sinto uma extrema
necessidade de ter algo entre as pernas, não da maneira como vocês estão
pensando, mas não consigo dormir se não tiver um travesseiro entre elas, tenho
que lembrar de perguntar a médica se isso é normal. Certamente é bem mais
reconfortante.
Inferno, eu só queria dormir, mas estou agitada e com uma vontade
desesperada de comer chocolate e tomar um sorvete, não qualquer sorvete, mas
um Cornetto, aquele Cornetto Choco Mix, que tem tipo um doce de leite no meio
e uma casquinha de chocolate por cima... humm! Um saco de chocolate Ouro
Branco também cairia bem. Meu Deus, preciso realmente disso! Acho que nunca
quis nada tão desesperadamente. Eu mataria por isso.
Tenho três opções:
A) Acordar Arthur
B) Pegar o carro e ir rápido até um posto de conveniência
C) Esperar amanhecer.
Porém, se eu escolher a B, Arthur provavelmente vai brigar feio e fazer
greve de sexo. Se eu escolher a C... não... isso é impossível, não existe como eu
esperar até amanhã. Caralho, é muito louca a vontade. É sério. É desesperadora.
— Arthur, tutu, tutuzinho, Arthur, Arthur, Arthur... — Começo a dizer
em seu ouvido e ele nem dá sinal de vida. — Arthur, por favor. Acorde, é
sério...nossa filha. — Dou umas leves cutucadas até conseguir despertá-lo.
— Oi, se for sexo eu não aguento mais — Ele resmunga.
— Arthur, estou com desejo.
— Porra, Mariana, impossível você estar com desejo de sexo, vou
morrer. — Ele diz já exaltado, levantando.
— Não Arthur, que mania de pensar que tudo gira em sexo. —
Esbravejo.
— Ah, e não gira não? — Pergunta tapando a cabeça com travesseiro e
eu o puxo.
— Arthur, preciso de um Cornetto Choco Mix e alguns chocolates Ouro
Branco, estou falando sério amor. Não vou conseguir dormir. Ai meu Deus, eu
mataria por isso. — Sinto-me descompensada. Preciso disso, urgente.
— Oi?
— É Arthur, estou tendo meu primeiro desejo violento. Acho que lutaria
por isso agora. Quero muito, amor, nunca te pedi de nada! É o primeiro desejo
assassino de verdade, eu mataria... — Ele sorri. Como ele pode sorrir? Quão
perfeito um homem pode ser? Deveria ter uma quota!
— Tudo bem, minha princesa, jamais negaria um desejo a vocês. Onde
posso encontrar isso uma hora dessas? — Diz saltando da cama e já vai logo
vestindo uma bermuda. Sua boa vontade me choca.
— Desculpa tutuzinho, é que está incontrolável. Acho que em lojinhas de
conveniência em algum posto.
— Você está linda com essa carinha de pidona, sabia? Parece uma
criança, Mari. — Passa os dedos em minhas bochechas e deposita um beijo casto
na minha testa.
— Posso ir com você? Só preciso fazer xixi.
— Pode, vista uma roupa descente. Estou na cozinha te esperando. — Ai,
esse homem...
— Tudo bem.
Minutos depois estamos rodando de carro pelas ruas de Belo Horizonte
em busca do "vale encantado". Sério, estou surpresa com essa vontade tão louca.
Não sabia que desejos podiam vir de formas avassaladoras. Acho que pode ser
interessante comprar um guia de gestantes. Oh, não, meu marido tem um guia
desses e eu não tenho saco para ler.
Quando avistamos uma lojinha aberta, ele estaciona o carro e eu saio
desesperada, trajando meu roupão extralongo e minha pantufa, essa foi a roupa
mais descente que achei, tendo em vista minha pressa. Arthur nem reclamou
muito, justamente pelo fato de eu estar coberta como uma muçulmana.
A primeira geladeira de sorvetes que encontro não tem meu objeto de
desejo. Nada de Cornetto por enquanto, mas, para compensar, Arthur encontra
os bombons Ouro Branco e pega logo dois sacos, meus olhos chegam a brilhar,
sinto isso! Os abraços como se fossem minha tabua da salvação e ouço o
atendente rindo como uma hiena.
— Meu Deus! Essa loja parece atrair grávidas durante a madrugada. Meu
caro, o que tem de casais grávidos que aparecem aqui de madrugada. — Ele diz
para Arthur.
— Imagino. — Arthur responde. Só queria saber como ele sabe que estou
grávida. Meu roupão é daqueles gigantes e fofos que escondem bem a barriga.
— Como o senhor espertinho sabe que estou grávida?
— Só pela forma como você abraçou os sacos de chocolates. —
Responde. — Minha senhora, quando não tem nada que a mulher quer, me sinto
ameaçado de morte apenas com o olhar reprovador que ganho. Pelo menos a
senhora está feliz e encontrou o que queria. — Rio de sua explicação.
— Ainda falta um sorvete. — Arthur diz brincalhão.
— Tem mais dois freezers atrás do balcão, espero que encontrem. — O
atendente diz simpático. Saio correndo em busca dos freezers que não tinha
visto. O tão sonhado sorvete me espera ali, bonitinho, até sorrio de emoção.
Entrego os dois pacotes de bombom para Arthur e pego seis Cornettos, melhor
sobrar do que faltar, né?!
— Que bom que achou, minha princesa, não quero que nossa filha nasça
com cara de Cornetto. — Arthur brinca.
— Obrigada por ter vindo amor, você é melhor. — O beijo equilibrando
os sorvetes nas mãos. Em seguida, vamos até o caixa, onde o atendente está feliz
e tranquilo por ter uma cliente grávida satisfeita. Ele até nos dá de brinde uma
mini bolsa térmica, para conservar os sorvetes até chegarmos em casa. Na hora
que estamos saindo, ele grita "até o próximo desejo" para Arthur e sorrimos.
Esse cara conquistou mais dois clientes fiéis só pela simpatia. Nada como ser
bem atendido.
Sabe quando tudo está perfeito demais para ser verdade e os diabinhos
resolvem que devem atolar um consolo de 30 centímetros de extensão e dez de
grossura no seu cu? É assim que a vida é, um pau grande atolado no rabo.
— Mari, é você? — Ouço a voz do além me chamando. Eu fecho os
olhos e finjo indiferença. Finjo de égua, faço a Monalisa, faço a Egípcia, faço a
múmia, o Faraó, a puta que pariu. Eu faço tudo, mas, não resolve. — Mari,
caralho, é você mesmo, gostosa! — A voz diz rindo. Quando me viro, dou de
cara com um antigo boy magia que comanda os encontros de som automotivo da
cidade. — O que você está fazendo de pantufa e roupão na rua, maluca?
Xandão, é o nome do meu amiguinho.
Arthur, é o nome do cara que vai matá-lo.
MARIANA
3 MESES DEPOIS
7 MESES DE GESTAÇÃO
Mariana
Acordo pela manhã e Arthur já não está ao meu lado. No relógio marcam
9:30 da manhã, dormi mais do que o normal. Vou até o banheiro, faço minha
higiene matinal, coloco um roupão e saio para a cozinha. Chegando lá sou
completamente surpreendida.
Mal posso acreditar no que estou vendo!
— Pai? Mãe? — Digo chorando e eles vêm até mim.
— O minha rechonchuda, que saudades! — Minha mãe diz.
— Eu também! Estou tão feliz por vocês estarem aqui! — Digo
emocionada.
— Você está ainda mais linda grávida, filha. — Papai diz emocionado.
— Como eu não sabia que vocês viriam?
— Tutu organizou tudo minha filha. — Ela não esquece do apelido.
— Ai mãe, ainda continua chamando ele de tutu? Por falar nisso, onde
ele está?
— Ele foi até o jardim mostrar algo para Amélia e levar Jéssica para a
cama, ela dormiu no sofá. Ela é linda Mari. — Minha mãe diz sorridente. Minha
Jé é mais que linda, ela é maravilhosa. Mas, ultimamente ela tem se comportado
de maneira estranha e já marcamos um psicólogo para ela. — Vamos tomar café
da manhã. Beatriz precisa se alimentar. Vovó trouxe muitos mimos para ela. —
Mamãe diz enquanto eu me sento como uma pata choca!
— Ainda não acredito que vocês estão aqui.
— Não perderíamos o nascimento da nossa neta jamais! — Ela diz.
Sinto-me feliz.
— Mãe, será que serei uma boa mãe?
— A mesma pergunta que sua mãe fez quando estava grávida de você,
Mari. — Papai diz sorrindo. — É lógico que será filha. Não se sinta insegura.
Assim que você ver minha netinha pela primeira vez, terá certeza de que nasceu
para amá-la e cuidá-la.
— É exatamente isso que seu pai falou, filha. Beatriz já tem todo amor
do mundo na barriga, imagina fora?
— Minha filha terá a melhor e mais linda mãe do mundo! Bom dia,
minha princesa! — Arthur chega radiante e me beija.
— Bom dia, tutu!
— Olha, acho que vocês são um casal do tipo mela cueca, nunca
imaginei Mariana desse jeito. Credo! — Minha mãe brinca.
— Deixe as crianças, Ana.
— Crianças que fazem crianças não são mais crianças. Bom, temos um
comunicado a fazer! — Minha mãe é mais doida que eu, porra.
— Diga! — Arthur diz.
— Estamos voltando para cá. Já que o apartamento está vazio e
queremos curtir nossa neta, decidimos voltar. Vamos alugar o apartamento de
Nova York. — (Arthur não permitiu que eu vendesse o apartamento. Descobri
que ele estava negociando para comprá-lo e quase o matei.)
— Não acredito. — Choro— Era tudo que eu mais queria, mãe!
— Porra, tutu, como você aguenta ela nessa choradeira?
— São os hormônios, minha sogra. Agora ela está até muito tranquila.
Tinha que ver dois meses atrás. Cheguei a pensar que não daria conta de apagar
o fogo.
— Ah, meu caro, Arthur! Deve ser de família então. Sofri muito com
Ana durante a gravidez.
— Qual é, vocês vão ficar discutindo meu apetite sexual na minha
frente?
— Desculpa filha, por um momento esqueci que era meu genro falando
da minha menina e que vocês fazem sexo. Não é legal saber que a minha
menininha faz esse tipo de coisa. Você está certa. — Papai diz e toma um gole de
seu café. Arthur cai na gargalhada e todos rimos. Enfim, somos uma família
muito louca.
— Tutu, me conte como foi que você conseguiu domar Mariana, a pessoa
que tinha trauma de relacionamento sério?
— Oh querida sogra, digamos que tenho um grande poder de persuasão.
— Ele responde rindo.
— É, quando você me atendeu de cueca pude perceber.
— Mãe! — Digo chocada.
— Oh minha filha, desculpe.
— Ela está mentindo, amor? — Arthur brinca.
— Nossa, vocês usaram algum tipo de droga hoje? Vocês três estão tão
engraçadinhos. — Digo.
— O amor deixa a gente feliz, filha. Olha que felicidade, estamos aqui
juntos, prestes a ganharmos mais uma integrante para a família. E, estamos
felizes por termos um genro como Arthur. Sabemos que vocês duas estarão em
boas mãos eternamente. Temos que estar felizes mesmo! — Papai diz e me
emociono.
— Ah Mariana que porra de choradeira, filha! Pelo amor de Deus, para
com isso. Anda, me leve para conhecer essa casa gigante. Aliás, vocês são
loucos? Precisam de pelo menos mais uma empregada, Amélia não dá conta
disso não.
— Já temos outras duas, mãe, mas elas não veem aos sábados e aos
domingos. — Digo limpando as lágrimas.
— Ah bom. Já estava pensando em processá-los por trabalho escravo. —
Ela ri.
— Então vamos dona Ana, vou te mostrar nossa casinha! — Me levanto
e deixamos Arthur e meu pai conversando.
Primeiro a levo para conhecer meu quarto e aproveito para vestir uma
roupa descente. Demoramos longos minutos no quarto da Beatriz, que, segundo
minha mãe, o quarto é tão lindo que não parece que fomos eu e Arthur quem
decoramos. Após mostrar toda a casa, caminhamos para a área externa e sou
surpreendida novamente. Meu sogro, minha sogra, minha cunhada, minhas
amigas e alguns amigos de Arthur estão reunidos à minha espera. Há uma
decoração incrível de chá de bebê. Na verdade, mais se parece com um
aniversário do que de um chá. Lindaaaa!!!
— Oh meu Deus! Você está linda mamãe! — Duda diz me abraçando.
— Que saudade amiga! — A abraço de volta e Arthur surge ao fundo. —
Arthur, eu vou te matar!
— Não mate meu filho, Mari, ele disse que você estava ansiosa e
resolveu fazer um chá de fraldas surpresa, para distraí-la! Você está maravilhosa,
minha nora. — Ela me abraça e passo os próximos 10 minutos abraçando a
todos.
— Gostou, minha princesa? — Arthur diz me roubando de todos e eu
sorrio.
— Você é perfeito.
— Você estava tensa e ansiosa, precisei pensar em algo que pudesse fazê-
la relaxar e distrair. Acertei?
— Em cheio! Obrigada, mil vezes!
— Tia Mari, eu não dormi, era tudo mentira. — Jéssica surge correndo e
abraça minha barriga com seus braços curtos.
— Tio Arthur está te ensinando a falar mentira?
— Não. Ele é legal. — Ela ri. — Quero um brigadeiro, posso pegar?
— Todos do mundo, inclusive você pode pegar um também para mim. —
Digo e ela vai atacar a mesa.
— Você está feliz?
— Eu estou além de feliz. Hoje você ganhou um vale anal a ser sacado
no final da festa. — Digo o beijando e então me acomodo entre todos os
convidados.
MARIANA
Meu chá de bebê, programado por Arthur, foi perfeito e exatamente o que
eu estava precisando para me desligar um pouco de tudo. Passamos o dia rindo e
nos divertindo, junto das pessoas que mais amamos. Pude matar a saudade da
Duda, da Júlia, dos meus pais, dos meus sogros. Beatriz agora tem fralda para no
mínimo seis meses e um guarda-roupas ostentando tiaras, vestidos e sapatos
chiquérrimos, obra da minha mãe.
Infelizmente ou felizmente, me dei conta de que eu e Arthur passamos
meses trancados na nossa bolha. Não é uma reclamação, na verdade, é apenas
uma constatação. Nossa bolha é perfeita demais, nós dois nos bastamos, mas isso
não deve ser saudável. Afastamo-nos dos amigos e até da família. Só agora estou
dando conta do quão bom é estar rodeada das pessoas que amamos. Família é
um bem precioso demais, estou me sentindo realizada depois de saber que meus
pais vieram para ficar. Eu até sugeri que os pais de Arthur viessem morar mais
perto. Quero que nossa filha conviva constantemente com os avós, com a tia,
enfim, acho importante isso.
Agora, longe de festividades, a casa está vazia. Eu gosto disso. Gosto do
silêncio, mesmo sabendo que ele está prestes a acabar pelo melhor motivo
possível. Em breve, meus momentos de sossego serão muito escassos e serão
substituídos por choros, gargalhadas e tudo mais que tem direito.
Estou com medo. Medo de ser mãe, medo do meu relacionamento com
Arthur mudar o bastante. Inseguranças bobas eu acho, aliás, assim espero.
Meu futuro marido ou marido, está saindo do banho sorridente. Vê-lo
feliz é uma das melhores sensações que posso sentir. Isso é tão louco. Acho que
seria capaz de fazer qualquer coisa só para vê-lo sorrir desta maneira.
— O que foi maluquinha? Que que foi, que que há? Tá me olhando por
que quer me dar? — Sim, ele é conhecedor do Mr. Catra. Ele, sempre que pode,
está usando trocadilhos infames.
— Nossa, estragou meu momento romance. Desde quando você canta
funk, Arthur?
— Desde quando te conheci. Mentira, ouvi essa música em um programa
na tv. — Ele ri e se acomoda ao meu lado, colocando uma mão em minha
barriga. Beatriz, saliente que só, começa o show.
— Cara, você tem pacto com ela já, só que vocês esquecem que minhas
costelas parecem estar sendo quebradas. — Brinco.
— Oi filha. Vem logo para gente fazer a mamãe ficar mais doida. — Ele
diz e surpreendentemente ela dá um chute forte e se agita. — Isso filha, vem
logo, papai vai contar historinhas legais e fazer você dormir. Quando você
estiver grandinha, vamos tomar sorvete todos os dias e comer muitos doces. —
Ela chuta novamente e ele sorri. — Ei, tenha modos, está machucando a mamãe,
garota. Será que você vai se parecer com a mamãe? Se for, o papai está fodido,
quer dizer encrencado, não pode falar palavrão, filha. Papai está louco para te
pegar no colo. Acho que você será linda como a mamãe. A mamãe tem o sorriso
mais lindo mundo, filha, quero que o seu seja como o dela. — Ele continua
falando e eu começo a chorar. Merda, esses hormônios são foda! — Sua mãe é
maluquinha, mas tem o coração mais puro que eu já vi, filha, quero que você
seja como ela, mesmo sabendo que estarei encrencado. Ela é perfeita e chorona.
Agora deixa a mamãe dormi, ok? Amanhã trocamos mais ideias. E vê se agiliza
aí!
— Ai meu Deus, eu não mereço você. — Digo aos prantos e Arthur
começa a rir. — Não tem graça, idiota!
— Sua gravidez tinha que ter virado um Reality Show, Mariana. Você é
louca demais, amor. Os hormônios foderam seu psicológico, princesa. Já já você
voltará ao normal, ok, chorona?
— Você é lindo!
— Não tanto quanto você.
— E se eu ficar gorda?
— Vou te amar do mesmo jeito.
— E se eu ficar feia?
— Impossível, mas se ficar vou te amar do mesmo jeito.
— E se ... — Ele me corta.
— Chega. Não surta. Eu sempre vou amar você, Mari. — Diz vindo me
beijar delicadamente. Meu corpo responde ao dele de maneira surreal. Ele prova
cada milímetro da minha boca e nossas línguas dançam com perfeição. Meu
choro cessa!
É incrível como um beijo, inicialmente inocente, pode se transformar em
urgente e nos deixar tão necessitados um do outro. Só ele é capaz de fazer isso,
deixar meu corpo em chamas e me levar ao limite com tão pouco. Arthur
derrama toda sua intensidade em seus gestos e movimentos. Seu corpo grudado
ao meu, sua ereção pressionando minha bunda e sua mão apertando meus seios
delicadamente...
Essa tem sido a melhor posição desde quando minha barriga tornou-se
gigante. De ladinho, deslizando...
— Você é tão gostosa, Mari, me diz se quiser que eu pare, se estiver
cansada. Eu deveria me controlar mais, mas essa sua bunda...
— Eu quero. Por favor. — Termino de dizer e o sinto movendo-se para se
livrar da cueca. Em seguida, ele volta para a posição, puxa um pouco meus
cabelos com uma mão e eu empino o máximo que consigo, pedindo que ele me
dê o que tanto anseio. Ele geme quando me remexo em sua ereção, forçando sua
entrada, mas me tortura brincando com meu clitóris e mordendo meu ombro. —
Por favor, tutu. — Peço e ele levanta minha perna, pressionando sua ereção em
minha entrada. Nessa reta final da gestação, não tenho precisado implorar muito.
Graças a Deus.
Gememos juntos a cada centímetro que ele adentra e, por fim, não sobra
nenhum espaço vazio dentro de mim. É então que a brincadeira começa, do jeito
que gostamos, assim como no beijo; um misto de delicadeza e necessidade. Ele
tenta conter os movimentos mesmo querendo me foder de forma implacável. Eu
admiro seu cuidado, mas, nesse momento, eu preciso de mais. Por isso, começo
a implorar em sua boca para ir mais rápido. Ele geme em frustração por estar tão
louco para isso quanto eu. Eu vejo o quanto luta para segurar, mas, ambos
sabemos que ele é incapaz de aguentar muito tempo. Seu auto controle em
relação a sexo é pouco ou quase algum. A única coisa que ele consegue segurar é
seu orgasmo, de resto nada. Nos perdemos um no outro até encontrarmos nossa
libertação juntos, como sempre, numa sincronia perfeita.
O fim é sempre reconfortante. Seus braços me envolvem enquanto seu
membro ainda está entocado em minha entrada, pulsando. Ficamos assim,
deitados juntos, recuperando o sentido. O EU TE AMO que ele diz deixa tudo
ainda mais perfeito. Acho que essas palavras completam minha saciedade.
A magia termina quando eu sinto muito líquido saindo de mim. Eu sei
que não é nada parecido com o bendito esperma de Arthur.
— Merda Arthur, o que é isso? — Me levanto rapidamente e ele também.
— Xixi?
— Não, eu consigo segurar xixi Arthur, nem estava com vontade. —
Digo e escorre mais ainda pelas minhas pernas. Arthur fica branco diante de
mim e então dá um grito que me faz saltar para trás.
— Puta que pariu! Deve ser a bolsa, Mariana. — Diz desesperado vindo
até mim. — Respira fundo, amor. — Eu acho que estou em meio a um ataque de
pânico, daqueles que você fica sem reação, apenas observando tudo. Minha
bolsa estourou! Puta que pariu! — Mariana, reage. Vamos para o hospital. Está
sentindo alguma coisa? — Grita ao invés de falar. Do nada, ele me pega em seus
braços e sai andando rápido até a sala, onde me coloca sentada no sofá. Talvez a
madre Tereza de Calcutá tenha vindo me dar uma ajuda, pois eu começo a reagir.
A única coisa que me causa desespero é a reação exagerada de Arthur, que agora
está no telefone gritando. — Vai nascer... Sim... Rompeu... Muito líquido... O
que faço? ok ok ok liga para minha mãe por favor Ana, avisa ela...não sei
ainda...eu aviso. Pode? Tem certeza? Ok.
— Calma, Arthur.
— Senta Mariana, nossa filha vai sair... senta! — Ele grita ao me ver em
pé ao seu lado.
— Arthur calma, eu não estou sentindo contrações ainda. Vamos
pesquisar no Google o que fazer e quanto tempo ainda temos. — Digo.
— Você acha que tudo o Google resolve, eu deveria matá-la! Mas eu te
amo, porra, minha filha vai nascer. — Jesus me defenderay! Em questão de
segundos ele pega o notebook e então começa a digitar com as mãos tremulas “A
bolsa rompeu o que fazer", eu quase rio, mas seu desespero me contém.
“Se você está com menos de 37 semanas e a bolsa estourou, ou está
vazando líquido, entre em contato com o médico e vá para o hospital o mais
rápido possível (mesmo que você não tenha certeza).O obstetra vai avaliar a
necessidade de fazer o parto ou esperar mais um pouco, em condições
controladas, para evitar infecções. Caso você esteja grávida de mais de 37
semanas, avise o médico, prepare as coisas e vá para a maternidade, mesmo
sem contrações. Não precisa necessariamente sair correndo, principalmente se
for o primeiro filho, porque ele ainda deve demorar para nascer. Dá tempo de
tomar um banho em casa (de preferência não de banheira) e conferir a mala da
maternidade.
“O sexo é contraindicado nessa situação.”
Ok, nós tínhamos acabado de foder, isso não vai impactar, não é mesmo?
Consigo até pensar em uma frase "Do sexo ao sexo” Do sexo que fizemos nossa
filha, e com sexo rompemos a bolsa que a trará. Poético demais. Ao menos eu
acho que é isso.
— Banho, você precisa de um banho e tirar meu esperma de dentro de
você... É isso, Mariana. Banho. Eu vou ligar para a médica e vou arrumar a bolsa
da maternidade, nós vamos para lá. Lave com chuveirinho, por favor, não quero
nossa filha envolvida com porra tão cedo! — Ele parece transtornado e eu luto
para manter a calma. Imagina se dou minha crise de loucura agora? Para não o
contrariar, eu faço tudo o que me foi ordenado. Vou até banheiro tomar meu
banho e levar minha pepeca com chuveirinho. Que humilhação! Não acredito
que minha bolsa rompeu após uma relação sexual, só podia acontecer com nós
dois.
Minutos depois, ele está atrás de mim no chuveiro, massageando meus
ombros.
— Você está bem? Desculpa eu surtar. Nossa filha vai nascer Mari, você
tem ideia disso? — Ele começa a chorar e eu me viro para abraçá-lo, tão
emocionada quanto ele.
— Sim, estou com medo Arthur, mas sei que com você do meu lado vou
me sair bem.
— Claro que vai, princesa. Está sentindo algo?
— Ainda não. Na verdade, só um incômodo, mas acredito que seja
normal. Vou sair, vestir uma roupa e te espero.
— Eu quis te esperar para arrumar a bolsa, estou tão nervoso que não sei
o que colocar. — Oh pobrezinho. Eu nunca o vi tão descompensado assim.
— Tudo bem, há uma listagem, eu espero você. Faremos juntos. Vai dar
certo não vai? — Digo entre lagrimas.
— Claro que vai. Desculpe, estou te deixando nervosa, amor. Vou me
controlar.
— Ficaria feliz, eu preciso surtar merda e com você surtado não sou
capaz de surtar.
Saio do banheiro, me enxugo, pego um absorvente na dispensa e, em
seguida, visto um vestidinho bem solto. Eu achei que quando a bolsa estourava
vinham centenas de contrações, mas, por enquanto, está tudo sob controle e isso
está sendo bom no momento. Ansiedade e dor me deixariam numa loucura
completa.
Caminho rumo ao quarto da minha Bia e fico perdida olhando o bercinho
que em poucos dias estará sendo ocupado. Ainda bem que conseguimos deixar
tudo pronto. Parece que Arthur estava sentindo que isso iria acontecer antes do
previsto. Estou com 38 semanas e a médica esperava que eu entrasse em trabalho
de parto por volta de 39 semanas e meia.
Pego a bolsa que levarei para a maternidade e começo a preparar os itens
necessários. A médica me deixou uma lista para facilitar e estou agradecida
agora, ou nada sairia. Arthur se junta a mim, com os olhos vermelhos, porém,
aparentando mais calma agora. Eu me sento e ele vai pegando tudo que peço e
me entregando para ajeitar na bolsa. Quando digo para ele pegar uma roupinha
para a saída da maternidade, seu sorriso se alarga. Caminha até os guardas
roupas e me surpreende pegando a roupinha rosa que comprou de surpresa, antes
mesmo de sabermos que nossa bebê era uma menina.
— Quero que ela use essa.
— Ela vai ficar linda. — Me emociono e ele volta ao chorar, ajoelhando
ao chão e agarrando minhas pernas. Ele é o pai mais apaixonado do mundo.
Realmente, esse é o maior sonho da vida dele. Está visível agora.
Já vi que a noite será longa!
MARIANA
— Bolsa da Bia, ok. Minha bolsa, ok. Agora podemos ir. — Digo com
um falso controle. Estou começando a ter alguns incômodos, mas, se eu falar,
Arthur vai dar mais crise ainda. E, se ele der crise, vamos bater de carro ou então
minha filha vai nascer a caminho do hospital, de parto normal, e vou estragar
minha amiga vagina. Não posso nem pensar em um bebê saindo da minha amiga
vagina, tenho pânico. O pau de Arthur, por si só, já faz um estrago grande e
então imagina a cabeça de um bebê e seu corpo? Estou desesperada pensando
em tudo de uma só vez, sem vírgula, travessões, intervalos e sem coerência ou
coesão, só quero chegar ao hospital!
Caminho para o carro, decidida. Não quero que o parto seja normal.
Acho que não tenho controle psicológico o suficiente para isso e pode ser
traumático, acabando com qualquer possibilidade de termos outro bebê.
Minha médica insistiu com um parto natural humanizado, mas isso não é
para mim. Se o pau do Arthur já me machuca, imagina uma criança saindo das
partes baixas? Sem-or! Não quero pensar nessa hipótese. Uma criança saindo da
minha vagina? Nunca!
Arthur entra no carro e fica olhando para o portão da garagem sem
reação. Juro que estou com medo de deixa-lo dirigir agora.
— Arthur, tem que abrir o portão no controle. — Comunico e ele me olha
como aquela menina do exorcista, que vira o pescoço. Deus me livre! — Arthur,
abra o portão ou serei obrigada a dirigir prestes a dar à luz.
— Desculpa, já estamos indo ok? Você está bem?
— Acho que sim, agora pode ir? — Ele balança a cabeça
afirmativamente e saímos rumo ao hospital.
Graças a Deus, ele dirige controladamente e, minutos depois, estamos
estacionando.
Ele sai do carro antes e, do nada, surge uma equipe de quatro enfermeiros
correndo pela porta para me pegarem no carro. Eles estão com uma cadeira de
rodas e eu não acredito!
— Você está brincando comigo, Arthur? — Pergunto quando ele abre a
porta do meu lado, para que eu desça. — Diga que você está brincando,
demônio!
— Não, Mariana, agora vamos.
— Arthur, eu não estou morrendo ou impossibilitada de andar, merda!
— Eu te amo, não me faça ficar mais louco agora. — Implora e eu me
calo.
Dizem que não devemos contrariar os loucos, não é mesmo? Então me
sento na bendita cadeira de rodas e sou levada para dentro do hospital. Na
recepção, parece uma festa e fico chocada. Todos nossos familiares estão nos
esperando com bolas de ursinhos rosa.
— Minha filha, como você está? — Mamãe se aproxima e pergunta.
— Estou bem. Está tudo bem. — Respondo sorrindo, enquanto todos me
rodeiam.
— Vai dar tudo certa, minha linda. — Minha sogra aperta minha mão e
beija minha testa.
Meu pai me abraça, então eu olho para cada um dos nossos familiares e
começo a chorar desesperadamente.
— E se eu morrer no parto?
— Cala essa boca, filha da puta! Eu vou matar você, Mariana. Só não te
dou uma tamancada porquê minha neta está nascendo! — Minha mãe xinga.
— Se eu morrer, não deixem que Arthur arrume uma substituta muito
rápido, ou puxarei o pé de todos vocês! — Grito aos prantos e estão todos rindo.
Bando de filhos da puta. — É sério, por favor. Não permitam que ele arrume
uma mulher como a Laís, ele não merece isso.
— Mari, pare. — Ele pede limpando algumas lágrimas.
— Eu te amo tutu, seja feliz.
— Para Mariana, puta que pariu, se você não morrer no parto, eu mesmo
te mato se continuar com essa merda. — Ele esbraveja.
— Vamos? — O enfermeiro pergunta e concordo.
Seguimos por um longo corredor, em seguida entramos em um elevador
que nos levará ao quarto em que ficarei. O enfermeiro vai explicando tudo
durante o caminho e Arthur vai fazendo pergunta atrás de pergunta. Quando
chegamos ao quarto, é como se eu estivesse acabado de chegar a um quarto de
um hotel cinco estrelas. A única coisa que me faz lembrar que é um hospital é a
cama. Tem TV, frigobar, sofá, mesa, uau, surpreendente. Eu sabia que Arthur não
deixaria por menos, ele é perfeito!
Me sento na cama e os enfermeiros medem minha pressão, meus
batimentos e os batimentos da Bia. Graças a Deus, tudo encontra-se sob
controle, menos as fisgadas que parecem aumentar a cada minuto.
— A doutora Lívia já está vindo, vocês podem aguardar. — O enfermeiro
anuncia e nos deixa.
— Ei você! Senta aqui comigo. — Digo pro meu Tutu que está inquieto e
senta ao meu lado na cama. — Fica calmo Arthur, vai dar tudo certo, amor. O
risco maior era Laís ter nos exterminado. — Brinco morbidamente e ele me
encara sério.
— Nem me lembre disso, Mariana.
— Então relaxa, daqui algumas horas estaremos com Beatriz em nossos
braços, tudo bem?
— Nada bem, estou desesperado. — Confessa me agarrando. — Você
nunca mais fale sobre morrer, Mariana. Pelo amor de Deus.
— Foi só pra causar um impacto em nossos familiares. — Sorrio e ele
está sério.
— Você causou em mim. Não quero perder você, nunca. Eu amo você
Mariana, você não faz ideia do quanto.
— Eu também amo você, pensei que ficaria louca nesse momento, mas é
você quem está fazendo a loucura. — Brinco e uma fisgada forte me faz gritar.
— CARALHOOO! — Ele salta da cama, desesperado. Quase rio em meio a
vontade de gritar.
— O que foi? Está sentindo alguma coisa? Vou chamar a médica!
— Puta que pariu, acho que é uma contração daquelas destruidoras.
Nunca mais faremos sexo! Nunca!!!
— Boa noite meu casal, como estão? — A doutora entra na sala
sorridente, vestindo um vestido de baile e uma maquiagem pesada.
— Doutora, você vai trazer minha filha ao mundo vestida assim? —
Brinco enquanto respiro e inspiro. Vi isso em livros de gestantes, dizem que
ajuda.
— Não Mariana, já vou me trocar, só vim ver como você está. — Ela
sorri. — Nossa menina resolveu sair do casulo.
— Eu acho que ela está impaciente doutora, está doendo bem viu.
— O enfermeiro está vindo trazer as roupas específicas de vocês. Vou me
trocar para medir a dilatação.
— Mas você não tem que medir doutora, eu quero uma cesariana. —
Informo plena e ela me encara por alguns segundos, silenciosa.
— Bom vou me trocar. — Diz se retirando da sala.
Em seguida, o enfermeiro entrega um saco com roupas para Arthur e um
para mim. Levanto-me com dificuldade e vou até o banheiro me trocar, com
auxílio do meu homem super protetor. Ele tira minha roupa com todo cuidado e
em seguida me coloca numa espécie de saco de batata, sim, essas roupas de
hospitais são muito estilosas. Quando ele termina de amarrar a cordinha do
vestido, ultra power moderno, vem outra forte contração.
— JEOVÁAAAAAAAAAAA... PUTA QUE PARIU!
— Porra, Mariana, você quer me matar? — Arthur grita.
— Está doendo, está doendo... — Começo a chorar e isso é o suficiente
para deixá-lo maluco. Ele me pega no colo e sai andando comigo pelo corredor
do hospital, tomando cuidando para não deixar minha bunda a mostra. — Arthur
onde estamos indo? — Pergunto entre as lágrimas.
— Não sei, talvez você distraia passeando pelo hospital. Merda Mari, eu
não quero que você sinta dor. — Ele começa a chorar e me coloca no chão. Meu
coração se parte ao vê-lo assim e eu o abraço o mais forte que consigo.
— Não chora, deixa só eu chorar. Dói, mas é normal. —Se fosse parto
normal o hospital viria abaixo, eu sinto isso. A globo viria aqui fazer
reportagens.
"Gestante causa tumulto em hospital"
— O que vocês estão fazendo aqui no meio do corredor? — A doutora
pergunta enquanto se aproxima.
— Ela está com dor doutora, eu não sei o que fazer. — Arthur diz
limpando as lágrimas.
— Oh meu Deus, Arthur, eu esperava que Mariana fosse dar ataques de
loucura no hospital, mas não esperava isso de você também. Você deveria dar o
exemplo! Agora se acalme e vamos para o quarto. — Ela diz segurando o riso e
caminhamos a passos lentos, até uma outra fisgada forte vir com tudo e eu
morder o braço do Arthur.
— Porra, Mariana!
— Desculpa... Porra... Deveria te dar uma contração, apenas para você
ver o que é bom. A vida é injusta!
— Menos casal! Vocês vão para o meu livro de partos inusitados!
Acomodo-me na cama novamente e a doutora realiza uma série de
procedimentos.
— Mari, você está com quatro centímetros de dilatação, tem certeza que
não quer esperar e fazer um parto normal? Não estou querendo te induzir a isso,
só estou confirmando sua escolha. O centro cirúrgico já está preparado para uma
cesárea, não há nada que nos impeça.
— Eu tenho certeza. Não sou normal para ter parto normal. Podemos ir?
Isso dói muito.
— Tudo bem. — Ela sorri e se vira para meu marido. — Bom Arthur,
vou com o maqueiro levar a Mari e fazer todos os procedimentos com o
anestesista. Você pode se trocar enquanto é isso. Já temos fotografo preparado.
— Tudo bem. — Ele se aproxima com lágrimas nos olhos e me beija.
Acabo chorando. — Eu amo vocês! Até daqui a pouco. — Despede
beijando minha barriga. Eu sinto que sentirei falta desses momentos barriguda e
dele conversando com a minha barriga. Estou emocionada agora, de verdade.
O maqueiro chega e me posiciona sobre a maca, para seguirmos ao
centro cirúrgico.
— Putzzzz... que caralho! — Digo enquanto outra contração me rasga
por dentro, fazendo o maqueiro gargalhar. — Isso é um...um apocalipse.
— Realmente no seu caso o mais recomendado é cesariana, Mari. O
hospital viria abaixo se fosse parto normal. — A doutora diz rindo.
Eu fico na respiração cachorrinho até entrar no centro cirúrgico e
começar a tremer de medo. É bem assustador. Cheio de luzes, bisturis, aparelhos
de oxigênio, credo! Deus me livre, senhor! Isso parece um episódio tenso de
Grey’s Anatomy.
Um senhor solicita que eu me sente para a aplicação da anestesia. Com
auxílio da enfermeira, me sento e ela me segura firme, tombando meu corpo um
pouco mais à frente. Sinto algo gelado em minhas costas e quase quero rir.
— Não se mecha agora, ok? Vamos dar a anestesia. — A enfermeira
avisa e fico feito uma estátua, congelada de medo. Já ouvi tantos casos de
problemas adquiridos por causa dessa anestesia, prefiro seguir tudo à risca.
Deus, eu juro não fazer mais sexo. — Pronto, acabou. — Ela anuncia e fico
chocada por não ter sentido nem uma picadinha.
— Tem certeza?
— Absoluta. — Ela ri e me deita novamente. Fico olhando para as luzes
que estão bem acima de mim, não consigo conter a ansiedade. Em segundos
minhas pernas começam a formigar e isso me assusta.
— Minhas pernas estão formigando. — Digo a enfermeira, que
permanece ao meu lado.
— É sinal de que a anestesia está funcionando. A médica está fazendo a
assepsia e você nem sentiu.
— Hum... cadê meu marido? Se você olhar para ele eu te mato sufocada.
— Aviso e ela ri.
— Acabou de chegar. — Diz se afastando, dando lugar a Arthur.
Ele está todo vestido de azul e branco. Está bem gostoso, mesmo que eu
só consiga enxergar seus olhos eu sinto isso. Ele deposita as mãos em meu rosto
e um pano azul tampa nossa visão total da minha barriga. Ele solta um suspiro de
alívio e sorrio. Talvez eu deveria pegar umas dessas roupas "emprestadas" do
hospital, para uma fantasia sexual.
Não, eu nunca mais farei sexo!
— Como você está, princesa?
— Ansiosa e com medo. Nunca fiz cirurgia na vida.
— Estou mais calmo agora. Os enfermeiros me explicaram todos os
procedimentos e me tranquilizaram. Você consegue ser linda até deitada nessa
maca e com essa touca feiosa na cabeça. — Elogia e deposita um beijo em
minha testa.
— Eu amo você.
— Eu também te amo. — Ele termina de dizer e um choro forte e alto faz
com que ele levante a cabeça. Meu coração acelera. Não pode ser, eu nem senti
nada! Fico fixada em Arthur, tentando entender. Quando ele volta o olhar a mim,
as lágrimas estão correndo livremente, confirmando o nascimento da nossa filha.
Meu Deus! Como foi isso? Eu não vi essa caralha. Achei que iria sentir
mexerem nos meus órgãos, mas aqui estou eu, de boas, escutando um choro. Um
choro que ativa minhas lágrimas. Meu Deus, eu sou mãe! Minha filha nasceu.
— Nossa filha? — Ele confirma com a cabeça beijando minha testa e
então se afasta. Eu o quero, eu o quero aqui do meu lado.
Estou quase entrando em desespero quando ele volta com um pequeno
embrulhinho no colo. Nesse momento é como se não coubesse mais amor dentro
de mim.
Essa é a cena mais linda de toda a minha existência, tenho certeza disso.
Um amor da minha vida segurando o outro.
O meu grande amor se abaixa até mim e me entrega o pacotinho
contendo nossa bebê. Ele me ajuda a segura-la e eu contemplo seu rostinho. Ela
está com touca e manta do hospital, ainda suja e não menos linda. Ela é perfeita
de todas as formas e maneiras. Está chupando os dedinhos desesperadamente e
forçando os olhinhos a ficarem abertos. Eu agora sei o que é ser mãe. Eu a tenho
a poucos segundos e sei que seria capaz de qualquer coisa por ela. Conto os
dedinhos da sua mão porquê sou problemática e então sorrio aliviada. Ela não é
o Lula, afinal. Tem todos os dedinhos certinhos.
— Ela é perfeita! — Digo ao meu marido, enquanto estamos envolvidos
num abraço triplo.
— Eu nunca serei capaz de agradecê-la o suficiente, Mari. Você fez
minha existência valer a pena quando entrou em minha vida e agora por estar me
dando nossa filha. Ela é perfeita, como você.
— Eu sou mãe, Tutu. Eu sou mãe. Nós não a perdemos. — Choro,
emocionada.
— Não a perdemos, amor.
— Nós conseguimos, amor. Nossa tão sonhada garotinha agora está em
nossos braços. — Eu quero gritar! Mas, se eu gritar, vou assustar meu pequeno
anjo.
— É dia mais feliz da minha vida. Sonhei com isso a vida toda e você
realizou meu sonho, meu amor. Agora nós temos nossa família. — Ele diz
enquanto flashes nos cegam.
—Mamãe, agora a doutora vai terminar de arruma-la e o papai vai
acompanhar a pequena Beatriz nos primeiros procedimentos. — A enfermeira
diz exterminando nosso momento.
— Vou com nossa princesa, em alguns minutos estaremos juntos, meu
amor. Obrigado Mari. Mais uma vez, obrigado. Você realizou meu sonho, é a
mãe da minha filha.
— Obrigada, Tutu. — Choro emocionada.
MARIANA
Arthur sai com Bia nos braços para acompanhar todos os procedimentos
dela, enquanto a equipe médica termina o trabalho em mim. É reconfortante que
o hospital ofereça essa mordomia dos pais poderem acompanhar o bebê. Fico
mais tranquila e não preciso temer que troquem minha filha no berçário.
Ainda estou chocada com a forma como tudo correu tranquilamente e
rápido. Talvez eu sinta incômodos daqui algumas horinhas. Mas, até agora, é
como se eu estivesse normal e nada tivesse acontecido. No fim, a cesárea foi
uma excelente escolha, uma jogada de mestre.
Minutos depois estou plena, aguardando o macaqueiro me levar para o
quarto em uma sala de espera assustadora.
Há várias mulheres tomando medicações intravenosas, praticamente
desmaiadas, parecem que saíram de um filme de terror. Meu Deus, será que elas
tiveram algum problema? Não tem nem como perguntar. O barulhinho dos
aparelhos está me deixando nervosa e não vejo a hora de sair daqui. Infelizmente
só consigo levantar a cabeça.
— Poxa, você demorou! — Xingo o maqueiro e ele ri.
— Pelo visto correu tudo bem, não é senhora?
— Sim. Podemos ir?
— Claro, agora vou te dar um conselho de amigos, evite conversar o
máximo que puder ou a senhora sofrerá com a dor insuportável dos gases.
— Sério? Mas me sinto plena. — Argumento enquanto ele nos leva ao
elevador.
— É apenas um conselho, senão, amanhã, a senhora dará trabalho para as
enfermeiras. — Brinca e eu fico muda. Eu queria falar pra caralho por vários
motivos, mas, principalmente, por estar imensamente feliz. Eu comeria uma
picanha com fritas neste momento, tomaria uma cerveja e bateria um papo com
cabeça com geral. Mas gases... será que seriam apenas peidos ou será que seria
algo pior?
Chego ao quarto e as enfermeiras colocam uma sonda e absorvente
tamanho hipopótamo em mim. Em seguida, sou entupida por medicamentos.
Tomar no cu! Espero que não seja para eu dormir.
— Amanhã bem cedo viremos te auxiliar no banho e, daqui quatro horas,
daremos mais medicação. Qualquer coisa é só ligar para a recepção, senhora.
— Ok, obrigada. — Elas se retiram e eu pego o controle da TV para
assistir alguma coisa que me distraia. Minutos depois, Arthur chega e eu sorrio
em felicidade.
— Como você está, minha rainha?
— Não posso conversar agora por que vai me dar gases e não sei que tipo
de gases são esses. Se eles são nobres ou raros, mas estou ótima e com fome. E
nossa filha?
— Eles a trarão para mamar em alguns minutos. Nossa família ficou
enlouquecida vendo-a pela vidraça do berçário. — Ele diz sorridente.
— Não vejo a hora de poder ficar grudada nela.
— Você não pode ficar conversando. Fica caladinha
— Que saco isso.
— Mari, ela é tão linda, caralho. Você não faz ideia, Mari. É uma
coisinha pequenininha. Um pezinho minúsculo, e as mãozinhas? Eu quis morde-
las. São gordinhas e pequeninas. Ela é tão perfeita que você nem imagina. Ela é
a minha cara. Eu a amo mais do que amo você, sério mesmo. Ela é perfeita
demais, meu anjinho mais lindo e rosa.
Fico com raiva por alguns minutos, mas tudo se dissipa quando chega um
pacotinho cor de rosa no quarto.
— Beatriz está com fome, mamãe. Vou te auxiliar a dar mama a ela, tudo
bem? — A enfermeira diz e aperta um botão que faz a cama inclinar um pouco,
em seguida me entrega meu pacotinho rosa e posso olhar com calma para ela
pela primeira vez. Ela é tão branquinha quanto Arthur e tem pouco cabelinho.
Ainda está inchadinha e seus olhinhos estão bem abertos. Eles são uma mistura
de verde com azul, como os olhos do pai. Uau, ela é exageradamente linda.
Quero abraçá-la e a amassá-la todinha! Ela é uma coisinha mesmo...
— Ei princesa, é a mamãe, vamos mamar? — Digo e a enfermeira ajeita
a cabecinha dela no meu seio, de um jeito bem menos delicado do que eu faria.
Eu quero levantar dessa cama e dar três chutes na sua cara agora.
— Não olhe para mim desse jeito, ela precisa aprender a pegar agora,
senão, depois complica. — Ela me explica e eu relaxo até sentir uma puxada
forte no mamilo... porra... Que puta que pariu é essa?
— Isso dói bem hein? — Divago. — Ainda bem que já estava passando
pomada a algumas semanas. Nossa, nem Arthur no momento mais feroz faz isso!
— Digo e a enfermeira começa a rir. Arthur se aproxima e senta ao meu lado na
cama.
— Olha, dona Mariana, se eu fosse a senhora evitava falar ok? Sei que
está empolgada, mas é melhor fica quietinha. Assim que Beatriz mamar, vamos
levá-la e a senhora aproveite para descansar até a próxima mamada. Amanhã ela
poderá ficar com vocês o dia todo. — Eu balanço a cabeça e evito falar, se todos
estão me dizendo isso, deve ser melhor seguir a dica.
Minutos mais tarde, Bia está dormindo em meu seio e eu quase morro de
amores por isso. Quando a enfermeira a leva, sinto um vazio imenso e Arthur
fica fazendo cafuné até eu me entregar ao sono.
— Eu sei que é pecado, mas porra, ver você amamentando nossa filha me
deixa duro.
ARTHUR
Sei que Beatriz acabou de nascer, mas já é muito óbvio que ela é a minha
cara. Pude ficar muitos minutos no berçário acompanhando cada detalhe que as
enfermeiras faziam com ela, pude ajudar a carimbar seu pequeno pezinho e tudo
mais. Confesso, estou um bobão, babão, não tinha como ser diferente. Ela é tão
pequenina e graciosa. Tem os olhinhos bem abertos e tem uma calma de se
espantar. Ela só chorou no nascimento e até agora ela está se mostrando uma
bebê zen, bem diferente da mãe dela.
Mari me deixou espantado, também. Ela parece estar tirando tudo de
letra e é encantador vê-la com Bia nos braços. Com toda certeza tudo será ainda
mais perfeito quando estivermos em casa.
Mari acabou de dormir, então vou até a recepção principal do hospital,
onde estão nossos familiares. Todos estão altamente empolgados. Ficamos
conversando por alguns minutos e então os libero, informando o horário de
visitação amanhã. Em seguida vou o restaurante do hospital e faço um lanche.
Uma hora depois me encontro parado em frente à enorme vidraça
observando o berçário. Só tem minha filhote e mais cinco bebês. Ela está ali,
toda rosa, dormindo feito um anjinho. A perfeição da minha vida. É tão incrível
que tenha saído um anjo de um sexo selvagem. A vida é muito doida. Como algo
tão puro vem de algo tão louco?
Fico pensando em quanto minha vida mudou em menos de dois anos.
Acho que nunca imaginei que um dia eu pudesse ser tão feliz e me sentir tão
completo, em todos os aspectos. Mariana chegou como um furacão, mas um
furacão de coisas boas, se é que isso existe, não consigo pensar em outro nome.
Foi tudo tão rápido, nos apaixonamos tão depressa e numa química perfeita.
Temos uma relação bem quente, sem meios termos, bem avassaladora. Ela tirou
a possibilidade de existência de qualquer outra mulher na minha vida, até surgir
essa mini "ela". As duas mulheres da minha vida. As duas por quem eu daria
tudo e faria qualquer coisa.
A minha secretária, aquela gostosa que sempre chegava com a leveza de
uma criança, com um sorriso angelical e a vontade de ajudar é, enfim, minha
mulher e mãe da minha filha. Ela será mãe de outros, Beatriz não será nossa
única filha, estou certo disso.
Se Mari sendo apenas Mari já me deixava louco e insano, Mari sendo
mãe da minha filha, vai atingir níveis nunca antes alcançados. Ela é a porra de
uma MILF agora. Uma mãe que eu gostaria de foder. Falta muito para o
resguardo acabar? Quão foda será abdicar de sexo por um período? Sexo é algo
que resumiu grande parte do nosso relacionamento até agora. 70%.
Volto para o quarto e ela ainda dorme como um anjo. Me acomodo na
cama reserva e tento descansar, porém, dormir em camas separadas é bem difícil
quando você se acostuma com a presença.
MARIANA
MARIANA
ARTHUR
MARIANA
MESES DEPOIS...
ARTHUR
ARTHUR
DIAS DEPOIS
Mariana vai dar um ataque, mas tenho quase certeza de que estamos
grávidos. Ela voltou ao normal por completo após eu ter dado uma surra de pau
para acorda-la para vida e, felizmente, nós não temos sido cuidadosos. Pior que
só me dei conta disso agora, a observando passar mal. Tem uma semana que ela
está tendo enjoos e tonturas ao decorrer do dia. Por isso, hoje eu decidi que
iremos ao médico.
A possibilidade de ela estar grávida novamente está me deixando em
êxtase e num estado de contemplação total. Eu estou feliz pra caralho e tendo
que me controlar, fingir que não suspeito de nada. Às vezes, entro no banheiro só
pra poder sorrir escondido. Não apenas isso, minhas tardes no escritório têm sido
olhando a foto de nós três juntos, imaginando como será quando tivermos mais
um serzinho conosco. Puta que pariu, será muito foda! Eu quero muito que ela
esteja grávida, mesmo que não estivesse pensando nessa possibilidade tão cedo.
Aliás, eu queria outro filho, mas daqui a uns três anos. Porém, a possibilidade de
tê-lo agora, é algo surreal. Teremos dois minis nós correndo pela casa. Bia está
com quase sete meses, isso significa que ela pode ganhar um irmãozinho ou
irmãzinha mais ou menos quatro meses após completar seu primeiro aninho.
Porra, eu estou no céu!
— Por que está rindo, Arthur? — Viu? Está foda esconder a felicidade.
Tenho medo que ela surte.
— Só lembrei de um negócio, amor. — Ela está sentada no banco de trás,
com Bia, enquanto eu dirijo.
— Eu estou passando mal e você está radiante, por que será?
— Por que será? — Brinco.
— Olha, eu sei que é feliz, mas ... não me sinto preparada ainda para ter
outro bebê. Estou com um puta medo, Arthur, não sei se darei conta.
— Então você acha que está grávida? — Questiono pedindo a Deus para
conter minha vontade de sorrir.
— Claro que acho, nós dois não usamos proteção desde o dia em que
brigamos Arthur, porra, eu usei anticoncepcional a vida toda, tomava a injeção
de três em três meses sem esquecimento. Agora eu esqueci por completo do
controle de natalidade e, desde a briga, tudo ficou tão quente novamente entre
nós dois, merda Arthur, nós dois nos perdemos por completo nessa nova fase.
Está complicado.
— Perdemos o controle, amor. Acontece — Confirmo. — Mas faz parte,
não é para arrancar os cabelos fora se você estiver grávida. Pensa pelo lado bom,
vamos criá-los juntos de uma vez, é melhor do que esperar alguns anos e ter que
voltar com tudo novamente. Porra, ficarei muito feliz se estiver grávida, Mari,
muito mesmo. Não me peça para tentar esconder isso.
— Eu nem fiz o exame de farmácia. — Ela diz com seu jeitinho
“Mariana teimosa” de ser.
— Vamos direto no de sangue e já ficamos lá para uma consulta. Mais
prático e certeiro. Você ficará feliz se estiver grávida? — Não tem como não se
preocupar com ela, há um mês atrás ela estava praticamente com uma depressão.
— Claro que vou, mas, novamente, nós não programamos isso. Porém,
entretanto, contudo, é um filho, fruto do nosso amor, não é? — Ela diz me
deixando orgulhoso. Realmente, é mais um fruto do nosso louco amor. Fruto de
muita foda louca.
— Isso mocinha, eu amo como você me surpreende, Mari. Eu amo você,
pra caralho.
— Shiu, não quero Beatriz falando caralho! — Ela diz e olho pelo
retrovisor. Vejo que Bia está batendo palminhas e meu coração se derrete. Cara,
ela é linda demais! Meu coração parece sair da boca toda vez que eu a vejo.
Coloco as músicas da galinha pintadinha quando paro no sinal e ela dá
gargalhada que faz valer à pena. Merda, eu já decorei todas elas, é incrível como
nasce um pai.
Estaciono na clínica médica e um friozinho na barriga não passa
despercebido. Pego minha garotinha (que está com uma blusa igual a minha), em
seguida Mari sai do carro.
Ela está ansiosa e temerosa, puxando uma respiração e soltando, a abraço
e ela sorri.
— Vamos lá. — Anuncia decidida. — Não dê um único sorriso para
qualquer mulher que seja, sou psicopata. — Avisa.
— Sou um pai com uma filha nos braços. Ninguém vai mexer comigo.
— Pisco o olho e então ela fica muito brava.
Dez minutos depois, ela entra para a consulta e fico passeando pela
clínica com Beatriz que atrai atenção de todas as mulheres. Sinto-me
incomodado de tanto ouvir "que linda, ela é linda como o pai... que pai lindo",
acho que falta um pouco de noção nas pessoas. Estou com a minha filha,
enquanto minha mulher (que foi fodida pra caralho) está sendo atendida, porra.
É horrível receber cantadas quando apenas uma mulher no mundo tem
seu interesse. Acho feio se submeterem a isso, nunca fui fã de mulheres atiradas.
Mari sempre foi discreta, tão discreta que eu jamais imaginaria que ela possuía
algum tipo de admiração por mim.
Saio do interior da clínica e passeio pelo jardim vazio. Estou ansioso e
Bia inquieta, quem ela puxou? Porra, ela é Mariana! Com sete meses ela já quer
ganhar o mundo.
MARIANA
Puta que me pariu! Nossa senhora das mulheres assanhadas, não acredito
que estou grávida! Estou aguardando o resultado do exame a quarenta e cinco
minutos e me encontro impaciente dentro do consultório. Na verdade, nem
preciso que ele fique pronto para confirmar, estou grávida! Eu sinto.
Já estava tudo voltando ao normal, voltei a malhar, voltei a passear,
estava até pensando na hipótese de trabalhar com Arthur, mesmo acreditando
que não daria certo, devido à tensão sexual quando estamos perto, enfim, agora
terei que mudar os planos novamente. Que seja! Ou talvez eu possa continuar
fazendo tudo isso. Obviamente de uma forma mais apropriada para gestante.
Talvez volte a fazer hidroginástica, pilates e Yoga. Caramba, minha cabeça está
fervilhando sem ao menos ter a confirmação, estou ansiosa.
Ver Arthur passeando com Beatriz pelo jardim me desconcentra da parte
tensa da história e me faz enxergar o quão perfeito é nossa vida. Ele é um paizão
e Beatriz o idolatra. É lindo de ver como ela olha para ele, seus pequenos
olhinhos brilham. Arthur é seu herói particular, mal sabe ela que ele é o meu
também.
E meu herói está torcendo para que eu saia daqui com um resultado
positivo, sei disso, mesmo ele tentando disfarçar que não está empolgado. Ele
mal dormiu essa noite.
Por um momento, tento deixar o medo de lado e passo a rezar para que
esteja mesmo grávida. Quero ver sua carinha de emoção e me sentir orgulhosa
por estar dando isto a ele.
— Bom Mari, vamos ver se tem um bebê aí dentro? — Minha médica diz
com o papel em mãos.
— Vamos. — Me sento e tamborilo meus dedos na mesa, enquanto a
doutora lê. Seu sorriso já responde minha dúvida. Estou grávida.
— Parabéns, mais um bebê para eu trazer ao mundo, Mariana! —
Anuncia e eu me pego sorrindo e chorando, ao mesmo tempo. Permito deixar as
lágrimas que estavam presas caírem. Estou preparada para isso? Merda, estou
feliz! Estou realmente feliz agora. — Quero vê-la daqui algumas semanas, pelas
minhas contas você está grávida de apenas três semanas, então vamos esperar
mais três para começarmos o pré-natal direito e podermos fazer a transvaginal.
Vou prescrever apenas uma vitamina, tudo bem?
— Claro, tudo bem. — Vou até o banheiro e limpo meu rosto. Assim que
volto, ela me entrega a receita e me abraça forte.
— Minha querida, não se assuste, ok? Você é incrível e tem um marido
incrível. Sei como é assustador ter um bebê em casa e estar esperando outro, mas
posso te garantir que é demais, Mari. Você vai vê-los crescendo juntos, com uma
diferença muito pequena. É lindo Mari, lindo mesmo. Sua saúde está boa, você é
jovem, vai tirar isso de letra.
— Obrigada, doutora. Dá um medinho, mas sei que dará tudo certo. Vou
me sair bem, assim como me saio com Beatriz.
— Isso aí! Minha linda. Te aguardo daqui a três semanas, vou pedir a
secretária para marcar e entrar em contato.
— Tudo bem. Obrigada.
Saio da sala e encontro Arthur na recepção, brincando e dando
mamadeira à Beatriz. Ele sente minha presença e levanta o olhar. Então, fica de
pé e me encara fixamente, à espera de uma resposta. Sorrio e meus olhos enchem
de lágrimas novamente.
— Fala logo, Mari. — Pede ansioso e sorrio novamente.
— Nós teremos outro bebê. — Comunico e ele abre o sorriso mais
perfeito de todo o mundo. Terei cinquenta filhos se significar vê-lo radiante desta
maneira.
— Você vai ganhar um irmãozinho, filha!!! — Ele diz para bia e damos
um abraço triplo. — Porra, obrigado, Mariana. Obrigado!!! Puta que pariu, por
que você me faz tão feliz? Eu sou a porra do homem mais feliz do mundo,
graças a você!
— Olha a boca! A primeira palavra da nossa filha será porra. — Brinco.
— Vamos, temos que comemorar e espalhar a novidade. Vamos almoçar
fora e depois vamos nas casas dos nossos pais. Vamos à Rede Globo, apenas
vamos. Quero para o mundo que serei pai novamente e que você é a mulher mais
linda, mais perfeita e gostosa do mundo inteiro. Eu te amo demais, Mariana.
Porra, te amo demais mesmo, pra caralho!!! — Ele me beija e esprememos Bia
entre nós, sua gargalhada nos faz afastar. Como dois bobos, ficamos babando em
nossa princesa.
— Mamãe ama você, princesa.
— Papai também ama.
— Não acha melhor fazermos um jantar hoje à noite? Aí, contamos a
todos de uma só vez. Posso pedir Amélia para inventar algo com a Shirley. —
Digo.
Shirley é nossa nova ajudante, ela tem 45 anos e foi recomendada por
Amélia.
— Tudo bem, mas isso não vai me impedir de leva-la para almoçar. —
Diz com firmeza.
— Tudo bem, vamos almoçar!
MARIANA
— Tia Mari, estou com saudade da minha mãe. — Jéssica diz assim que
me vê, fazendo com que meus olhos encham de lágrimas.
— Oh, meu amor. — Estou quase desabando, preciso me manter firme.
— Eu garanto que ela não está muito longe, ela deve estar aqui entre nós, mesmo
que não consigamos ver.
— Você acha mesmo?
— Eu acho, meu amor. — Digo e basta um olhar para Arthur para que
ele saiba o que está acontecendo.
— Ei, Jé, eu e tia Mari temos um segredo muito secreto. — Ele se
aproxima dizendo baixinho.
— Um segredo?
— Sim, vou contar pra você, mas não pode falar agora, ok?
— Tudo bem. — Ela responde rindo agora.
— Tem outro bebê na barriga da tia Mari.
— Uauuuuuuuu!!!!!!!!! — Ela grita com os olhos arregalados. — Como
ele foi parar aí, tia Mari? Igual a Bia? Pela cegonha?
— Exatamente, princesa.
— Uauuuuuuuu!!!!!!!!! — Eu rio com seu uau e então Arthur dá a ideia
de desenharmos. Ficamos os três sentados desenhando por um tempo, até Luiz
Eduardo convida-la para jogar vídeo game e ela se distrair.
O jantar corre loucamente, assim como acontece todas às vezes que
reunimos nossos familiares. Minha mãe e minha sogra quase se matando, meu
sogro e meu pai bebendo, minha cunhada e o namorado fingindo não ver e,
minha bebê (que só saber rir e bater palmas) e Jéssica no meio disso tudo. Até
minha filha é maluca, sinto isso. Enfim, de qualquer forma eu não os trocaria
por nada, eu e Arthur temos a melhor família e tudo sempre termina em
diversão.
Agora estamos sentados na sala, enquanto Beatriz dorme no carrinho.
Incrível como ela fica no meio da confusão, é como se estivesse no lugar mais
silencioso do mundo. Estou sentada no colo do Arthur, aguardando uma trégua
familiar para anunciar minha gravidez. Cara caramba cara caraô, estou grávida
mesmo, sem-or!
— Eles não vão parar de falar não? — Arthur pergunta em meu ouvido e
eu seguro o riso.
— Acho que dá irmos até o quarto dar uma rapidinha, eles não vão
perceber! — Provoco meu homem e ele se meche desconfortavelmente.
— Puta que pariu, estou louco para ficarmos a sós. Só falta isso para a
comemoração ficar completa.
— Vamos? Preciso de você.
— Ok, vá primeiro. — Ele diz e eu me levanto, tentando sair
disfarçadamente. Segundos depois sinto as mãos de Arthur em minha cintura,
pegando-me por trás. Sua dureza pressionando minha bunda, sua boca em meu
pescoço me faz ficar ainda mais desesperada.
— Ei ei ei, onde vocês dois vãos? — A dupla dinâmica (mamãe e
sogrinha) perguntam bem atrás de nós, fazendo eu dar um grito de susto.
— Porra, que susto!
— Nada de assanhamento agora, estamos num jantar de família, vocês
dois podem voltar para sala. — Minha mãe diz e quero matá-la. Mentira. Meia
mentira. Não, talvez seja verdade mesmo.
— Cara, vocês sabem empatar uma foda! — Arthur esbraveja.
— Arthur me respeite, sou sua mãe! Para sala agora.
— Você também, Mariana. — Minha mãe diz e caímos na gargalhada.
— Por quê? Vamos ficar de castigo?
— Mariana, pare de graça. Aliás, vocês ainda não falaram o motivo do
jantar. Acho que está na hora. — Ela me tira dos braços do Arthur e seguimos
para a sala, um tanto quanto emputecidos da vida! Poxa, era só uma rapidinha,
dez minutinhos estaríamos de volta.
— Pessoal, temos uma notícia. — Arthur diz sentando-se no sofá como
dono do mundo e atraindo a atenção de todos. Ele me puxa pela mão, fazendo
com que eu caia ao seu lado. — Estamos grávidos!
— Sério? — Minha cu pergunta incrédula.
— Sério, confirmamos hoje. — Respondo.
— Caramba, vocês dois são coelhos? Não têm televisão em casa? —
Mamãe pergunta rindo e todos vêm nos abraçar.
— Ah minha linda, você me mata de alegria. Mais um anjinho para nossa
família. Meu filho, que coisa maravilhosa! Que orgulho de você.
— Filha. — Papai diz com a voz embargada. — Estou muito feliz pela
família linda que está construindo. Sei que, se eu partir a qualquer momento,
você estará em boas mãos. Que esse novo integrante da família, venha cheio de
saúde e traga mais alegrias para todos nós. Você sabe que seu pai e sua mãe
sempre estarão aqui por vocês. — Merda, eu começo a chorar e o abraço.
— Oh pai! Obrigada, amo o senhor demais da conta, viu? Obrigada por
tudo que já fizeram por mim, pela minha boa educação. Quero criar meus filhos
como vocês me criaram, vocês são meu espelho, pai. Ainda bem que estamos
perto agora.
— Para sempre minha filha, até que a morte nos separe. — Mamãe diz e
nós três ficamos abraçados.
Não sei como consegui viver tantos anos com eles longe. Agora que
estou construindo minha família, passei a entender melhor o significado dela.
Família é tudo, tudo mesmo.
— Bom, sem choro, pessoal. É para comemorarmos. Vamos tomar uma
cachaça sogrão. — Arthur diz e sai com meu pai, meu sogro e Luiz, namorado
de Alice.
— Como você está se sentindo, cunhada? — Alice pergunta.
— Estou bem, só tendo tonteira às vezes. Ainda não tive enjoos
significativos, dizem que uma gravidez nunca é igual a outra, né? Vamos ver. —
Digo.
— Ai que linda, é tão bom ver Arthur nessa felicidade. Eu odiava Laís,
Arthur sempre estava de cara fechada e era ausente demais. Você mudou a vida
do meu irmão por completo. Meus pais serão gratos a você por toda eternidade,
Mari. Você trouxe luz para nossa família. — Ela diz me fazendo chorar. Está
aberta a temporada de choro livre.
— Eu não fiz nada, mas obrigada. Foi ele quem mudou minha vida
cunhadinha, pode acreditar. Ele é maravilhoso.
— Queria sentir um amor assim, como o de vocês.
— Você não ama Luiz? — Pergunto assustada.
— Não, não é isso. Eu o amo, mas não é nada arrebatador como você e
Arthur. Acredito que isso seja raro, não é? O amo sim, não consigo me imaginar
com mais ninguém, calma, Mari. — Ela ri da minha cara assustada e volto a
respirar.
— Nossa, que susto. Bom, eu já tive outros namoricos, nada significante.
Porém, tenho que concordar, o que eu e Arthur temos é raro. Considero-me uma
sortuda, nós não conseguimos manter nossas mãos longe um do outro por muito
tempo, é louco. — Pego Beatriz no colo e seguimos para o quartinho dela,
deixando minha mãe e minha sogra fofocando. Sinto que Alice precisa
conversar. Coloco Beatriz no berço e ela permanece dormindo como um anjinho.
— Ela é tão linda.
— Demais, não é? Se eu pudesse ficaria babando o dia todo, mas não é
saudável. — Respondo sorrindo.
— Mari, a vida sexual de vocês é tão intensa como vocês dois são?
Desculpe perguntar. — Ela diz sem graça.
— Quer saber do desempenho sexual do seu irmão? — Brinco para
quebrar o clima tenso. — É muito mais intensa do que nós dois parecemos ser,
cunhada. Assim que Beatriz nasceu, tive uma fase de bolha, minha e dela, o sexo
diminuiu bastante e eu não estava sendo eu. Porém, Arthur veio e me trouxe de
volta a realidade dos fatos, agora estamos firmes e fortes novamente.
— Eu e Luiz só transamos duas vezes na semana, às vezes nem isso. E
não somos casados e nem temos filhos, eu queria que tivéssemos mais fogo,
sabe? Acho que somos um casal apagados, mesmo sabendo que ele me ama e eu
o amo.
— Sério? Eu e Arthur transamos no mínimo duas vezes por dia, quando
não estou naqueles dias tensos do mês. —Ela arregala os olhos. — Calma, nem
todos os casais são assim. — Sorrio. — Somos um caso à parte. Já namorei
antes dele e, eu e meu namorado, não transávamos como dois coelhos.
Transávamos às vezes e, para mim, isso era normal. Estava satisfeita. Meu
problema é Arthur, Alice, o que eu e ele temos é carnal demais. Nunca fui tão
intensa como sou com ele.
— Eu não sei como mudar minha situação. — Ela desabafa.
— Por que não tenta inovar? Talvez só precisem de um empurrãozinho,
cunhada. Se quiser, podemos ir fazer umas comprinhas de apetrechos para
apimentarem a relação, posso te ajudar.
— Você usa apetrechos? — Ela pergunta completamente envergonhada.
— Pior que não, mas sei que ajuda a esquentar. Tente inovar, homens
gostam de mulheres ousadas entre quatro paredes, Alice. Acho que é por isso
que eu e Arthur nos damos tão bem, eu não tenho um pingo de vergonha na cara
quando o assunto é sexo com ele. Desculpe dizer, mas, já que estamos falando
desse assunto, me sinto na obrigação de te falar que sou uma vadia com Arthur e
o tenho nas mãos, assim como ele também me tem.
— Uau, deve ser quente, meu irmãozinho. Merda, não queria saber do
desempenho sexual do meu irmão! Mas, Mari, você me deixa à vontade para
falar dessas coisas, sinto que você pode me entender.
— Não se preocupe com isso, sempre que quiser conversar estarei aqui.
— A abraço. — Olha, é sério, ouse mais, não fique só esperando atitudes dele.
Se você tem vontade, vá lá e faça. O instigue, peça, eles se sentem poderosos
quando pedimos poder sexo, quando ousamos e mostramos o que queremos. Às
vezes, apareço no escritório de Arthur no meio do expediente, Alice. — Ela está
chocada. — Ele fica maluco num grau que você nem imagina. Quando estamos
em restaurantes, sempre dou um jeitinho de dar uma apalpada nele, enfim, faço
muitas loucuras. — Rio. — Acho que minhas loucuras ganharam Arthur, assim
como o jeito dominante dele me ganhou. Arthur é muito homem, muito macho
alfa, me castiga e depois me dá carinho, todo sob medida. Sabe o que fazer e
como fazer. Luiz é mais novo que ele, perfeito para você deixá-lo como quer,
Alice, como um adestramento, entende? Ele vai gostar de você mais ousada,
garanto.
— Ai meu Deus, acho que seguirei seus conselhos, Mari. Quero muito
isso. Você é demais, por isso meu irmão está louco e feliz.
— Que nada, você é incrível cu. Vai dar tudo certo. Se há amor, há muita
coisa.
— Tudo bem, obrigada, obrigada, mesmo. — Ela me abraça mais uma
vez.
— Às ordens sempre. Não precisa se envergonhar, somos família e eu
quero muito ser sua amiga. — Digo pegando suas mãos.
— Você já é.
— Bom, vamos lá. Nossos homens devem estar se entupindo de cachaça.
— Aff, nem me diga. Arthur não é tão acostumado com isso.
— É, esse é o problema. Tenho que colocar limite nele. — Chegamos na
área externa e os bebuns estão começando a ficar felizes demais. Meu bebum
vem até mim, me pega pela cintura, grudando nossos corpos, e me beija. Fico
mortificada, ele faz sem se importar com os demais. Puta que pariu! Que delícia,
mesmo com gosto de cachaça.
— Jéssica?
— Dormiu. A levei para o quarto, minutos atrás. — Responde sarrando
descaradamente. — Quero foder sua bocetinha. — Diz em meu ouvido e o afasto
levemente.
— Controle-se e pare de beber, estamos reunidos com nossa família.
— Eu estou duro para caralho, eles vão perceber, terá que ficar me
tapando, amorzinho. — Diz rindo e pressionando sua ereção em minha barriga.
Controlo-me o máximo para fingir "não afetada" e ele ficar quieto. Quieto,
porém, bêbado.
— Shiu, calminha aí.
— Bom, acho que está na hora de irmos embora. — Mamãe chega
falando e eu quase pulo de felicidade. Eu os amo, mas meu marido está me
enlouquecendo.
— Ah! Fique mais um pouco. — Falo sorrindo.
— É, vamos terminar a garrafa. — Meu sogro diz. — Controle-se Arthur,
não te criei dessa maneira.
— Estou quieto, não estou fazendo nada pai, vamos beber mais uma. —
Ele me vira e começa a me guiar para a mesa. Realmente virei um escudo. Isso
só pode ser pegadinha. — Vou te foder em todos os cômodos hoje. — Fala baixo
em meu ouvido. — Aposto que está molhadinha e contraindo involuntariamente.
Aposto que seus mamilos estão durinhos, querendo minha boca neles. — Olho
para todos e pego Alice me olhando disfarçadamente. Ela sabe que está rolando
algo aqui e se aproxima de Luiz. A observo dizer algo em seu ouvido que o faz
ficar vermelho no mesmo instante. Ele até mesmo vira um copo de cachaça.
Seguro o riso, observando cena. Pequena aprendiz.
A babá eletrônica avisa que Bia acordou.
— Vou ver minha pequena.
— Eu vou também. — Arthur diz e me viro para encará-lo.
— Não, você vai ficar aí e vai parar de beber.
— Tudo bem madame, aproveita que estamos na frente de todos para me
dar ordens. Daqui a pouco eles vão embora e o único a dar ordens será eu. —
Fala alto para todos escutarem e rirem. Porra, ele perdeu o filtro?
— Por isso que eu amo meu genro! — Mamãe aplaude.
— Meu Deus! Vocês são um bando de loucos! Vou olhar minha filha que
é a única normal dessa família.
— Ah! Mariana, não vem dar uma de santa na frente da nossa família,
você gosta que eu mande em você, princesa.
— Eu vou cortar suas bolas fora! — Ameaço.
— Essa é nossa deixa pessoal, vamos embora! Vamos ver nossa netinha e
pegar o caminho da roça. Quer dizer, os pais do Arthur vão pegar o caminho da
roça, eu e meu maridinho pegaremos o caminho para civilização.
— Mãe! — Xingo.
— É brincadeira, minha nora, sua mãe me ama. Já acostumei com esse
jeito louco dela, não se preocupe. — Minha sogra diz.
Sigo até o quarto de Bia com a tropa toda atrás de mim, exceto Alice e
Luiz. Safadinha!
Quando vou pegar minha bebê no colo, minha mãe e minha sogra entram
na frente e começa a batalha.
— Eu vou pegar minha neta! — Minha sogra diz.
— Ela é minha neta também!
— Nenhuma das duas vai pegar, vou e assunto encerrado! — Meu sogro
diz e pega meu embrulhinho sorridente. — Minha princesinha, vovô te salvou
desse povo, não é? Coisinha linda. — Ela sorri e ele fica todo bobo enquanto
ficamos admirando a cena. — Quem é a cara do papai? Quem é?
— É verdade, Mariana, ela só puxou sua perereca, porquê ela é a cara do
meu genro.
— Mãe, menos. Estou feliz por ela ter puxado o pai, ele é lindo. — Digo
olhando para o meu homem.
— Ô gostosa, você que é linda, tesão! — Quero mata-lo, de verdade!
— Eita, hoje tem, bacana!
— Vou sair daqui, ainda não acho confortável saber que minha filha faz
essas coisas. — Meu pai protesta.
— Ah! Para de graça, ela já tem dois filhos, você acha que ela fez com
dedo, meu velho? Claro que não! Ela fez como nós a fizemos, amor. — Mamãe
dá um tapa na bunda do meu pai fazendo todos rirem. Senhor, estou cercada de
pessoas loucas.
Quarenta minutos depois, após fazermos Beatriz dormir novamente, nos
despedimos de todos.
— Mari, obrigada, estou seguindo suas instruções já e estou sendo bem-
sucedida, depois te conto. — Alice diz em meu ouvido.
— Fico aguardando. Aproveite a noite cunhadinha! — Pisco o olho para
ela e eles se vão.
Confiro Beatriz novamente e vou para meu quarto. Há apenas um
acontecimento que não me agradou, Jéssica. Eu preciso falar mais uma vez com
Amélia, precisamos insistir num acompanhamento psicológico. Já tentamos e
Jéssica não aceita.
Arthur está deitado de bruços na cama e parece desmaiado, vou até o
banheiro, retiro minha roupa e entro embaixo da ducha para tomar meu banho
bem morno. Aproveito para rever todos os acontecimentos bons do dia. Posso
resumi-lo em três palavras: surpreendente, incrível e louco.
Surpreendente porquê tenho mais um bebê, incrível porquê tenho o
melhor marido do mundo e louco porquê tenho a família mais crazy de todos os
tempos. Felicidade, satisfação e plenitude me definem. Sinto-me perto do céu e,
nesse momento, com as lágrimas caindo, só tenho a agradecer a Deus por tudo.
— Oh! Meu Deus! Oh meu Deus! Puta que pariu! — Sou surpreendida
por Arthur grudando sua dureza na minha bunda, fazendo com que eu quase
desequilibre. Ele não estava... — Porra, que delícia! Eu estava rezando, diabo!
— Achou que ia dormir sem cumprir minhas promessas? — Pergunta me
grudando na parede e enfiando dois dedos em minha entrada, violentamente.
Esse homem bêbado é bruto. Eu o amo bruto. Sou toda errada.
— Mais, mais, mais...
— Gostosa, vou te dar mais assim que gozar nos meus dedos.
— Oh meu Deus, amo você porra... por favor.
— A noite será longa, Mariana, primeiro meus dedos, depois minha
língua e por último meu pau! Carpe Night! Gostosa!
MARIANA
ARTHUR
MARIANA
Vou mostrar para meu homem que manda nessa porra! O que ele pensa
da vida? Que é só falar meia dúzias de palavras bonitinhas e eu vou cair? Ok, eu
caí, mas ele não precisa saber disso e se sentir a última bolacha do pacote ou a
bala que matou o Kennedy, como está se sentindo agora. Ele acha que é o dono
do mundo. O Tarzan da minha selva. O fodão. O pirocudo. O pirocomon. O pica
das galáxias. O melhor do melhor do mundo. O mastro de ouro. O berimbau
metalizado. O tipo rei. O pistola de aço. A PUTA QUE PARIU!
O sento em sua cadeira e fico o observando, tentando manter meu
controle.
Eu o amo e sei que suas palavras são verdadeiras, mas, ainda assim,
preciso mostrar quem está no controle agora. É óbvio que estarei lá dia 12, mas é
óbvio que estou puta para caralho, não pude nem escolher o modelo do convite.
Tenho que confessar, o convite é lindo e completamente diferente de qualquer
um que eu já tenha visto. A porra do convite é perfeita! Que ódio! Sei que serei
surpreendida positivamente, mas, novamente vos digo, eu estou puta. PUTA! EU
ESTOU PUTA NESSE CARALHO, PORRA!
Ele está sentado na cadeira, com as mãos nas coxas, observando eu subir
meu vestido. Terei que lutar contra meu desejo e a vontade de ceder, mas ele
precisa de uma lição.
Eu danço para meu homem, fico de costas e então dou visão da minha
micro calcinha. Eu rebolo e dou tapas em minha própria bunda.
— Gostando do show, tutu? — Pergunto.
— Senta aqui no meu colo para sentir o quanto estou gostando. Tira tudo
e senta no meu pau, Mari. — Arthur não era tão safado assim. Ele fala putaria o
tempo inteiro e eu ainda fica impactada.
— Não, ainda não, bebê. — Respondo e caminho até ele, me
acomodando em seu colo. Estou de frente para meu homem, grudando bem
nossas partes necessitadas. Seu suspiro de satisfação quase me faz perder o
propósito. Sou muito sadomasoquista, porquê seu pau perfeito não vai conseguir
me vencer, não dessa vez.
— Gostosa demais. — Ele coloca suas duas mãos em minha bunda e me
puxa contra sua dureza. Não contenho um gemido.
— Todo duro pra mim, Arthur. Eu amo esse pau.
— Todinho seu, Mariana. — Suspira e eu começo a torturá-lo com
reboladas bem sacanas, enquanto agarro seus cabelos e trago seu rosto aos meus
seios. Porra, ele está me enlouquecendo com suas mãos espertas e sua boca
deliciosa. Estou prestes a explodir.
— Vou tirar minha calça para gente brincar direito.
— Não. — Gemo.
— Preciso me enterrar em você Mari, estou quase gozando na calça.
— Problema seu. Puta que pariu. Eu também... — Me remexo mais
apressada e segundos depois gozo. Uma esfregadinha e eu gozo. Quão fraca eu
sou se tratando desse homem? Muito!
— Porra, Mariana! Que gostoso ver você gozando, esfregando em mim
desse jeito. — Ele me agarra pela cintura, nos levanta e me coloca sentada sobre
a mesa para poder retirar a calça.
A hora é agora! Levanto-me rápido, abaixo meu vestido, pego minha
bolsa e saio correndo. Tento tapar meu corpo com a bolsa, porque meu infeliz
vestido resolveu subir. Abro o carro e entro como um foguete. Ainda bem que o
deixei na calçada e ele tem insulfilme! Louvado seja Deus! Todos veriam minha
bunda.
Arthur surge na porta do escritório vermelho de raiva, travo as portas,
ligo o carro e dou uma buzinadinha para ele, quando saio. Eu sei que estou
fodida! Sei que é imaturo também, mas é divertido! Adoro ele com raiva! A
adrenalina é o que me move. Agora sinto-me a boa e velha Mariana.
Estou dirigindo e dançando ao mesmo tempo, a adrenalina está me
rasgando por dentro. Os acordes de Mc Don Juan começam. PUTA QUE
PARIU. Vai falar que você não sente vontade de rebolar a raba quando escuta
um batidão? Puta merda.
“Oh novinha eu quero te ver contente...não abandona o bonde da
gente...” “Então tu pega o telefone e desbloqueia a tela, vai no seu contato e
procura o número dela...pra ligar pra ela, pra ligar pra ela. Hoje deu uma
vontade de ...”
Ok, eu preciso pegar a versão light dessa música.
Paro no sinal cantarolando e dançando, mas sou interrompida por uma
buzina irritante, quando olho para o lado, vejo a evoque branca de Arthur, sei
que ele não consegue me ver, então abaixo os vidros. Está difícil decifrar suas
feições, mas há algo que percebo, Arthur Albuquerque está escutando
malandramente! Isso me faz rir.
— Malandramente, a menina inocente, se envolveu com a gente... —
Canto rindo, remexendo em meu assento e então o ouço gritar:
— Quem ri por último, ri melhor, Mariana. — Diz e avança o sinal me
deixando perplexa.
Um carro para em seu lugar e então o motorista me dá uma encarada
sorrindo. Eu o mando tomar no cu e acelero atrás do meu futuro marido.
É guerra que ele quer? Então é guerra que ele terá!
MARIANA
Estou a cento e vinte km/h quando penso que minha morte está próxima.
Isso me faz diminuir a velocidade consideravelmente. Arthur vai me matar, fato.
Vou seguindo bem devagar, demorando o máximo que consigo para
chegar em casa. Mas, já ouviu aquela frase "desgraça pouca é bobagem"? Pois é!
Isso aí, Mariana... aqui se faz, aqui se paga! Não era mais fácil eu ter esperado
Arthur chegar em casa para voar em cima dele? Merda!!!! A maldição de um
carro de polícia está atrás de mim, sinalizando para eu parar! Agora me
responda, como paro estando vestida desse jeito, se é que isso é estar vestida?
Meu vestido é de puta. Não que roupa defina quem é puta ou não, eu sou puta
com qualquer roupa mesmo, mas apenas puta do meu marido. Porém, esse
vestido é... digamos que ele é indecente o bastante para uma mulher
praticamente casada. Ele deixa meus seios à mostra e minha bunda também.
Estou muito fodida!
Vou bancando a Monalisa até que eles entram na minha frente e sou
obrigada a frear. Os dois policiais saem do carro tão rapidamente, que me sinto
uma criminosa completa. Eles batem no vidro e abro apenas o suficiente para
eles verem meus olhos.
— Pois não? — Digo com uma voz encantadora.
— A senhora pode por favor sair do carro?
— Não estou vestida corretamente. — Informo. Ele arqueia a
sobrancelha e me olha com a cara fechada. — Ok, só me deem 1 segundinho. —
Fecho o vidro e ele bate novamente. Apresso-me em arrumar meu vestido e abro
a porta. Seria cômico se não fosse trágico!
Termino de ajeitar meu vestido sob os olhares, quase penetrantes, dos
dois policiais. Assim que termino, eles trocam um olhar, sorriem e voltam a ser
os policiais. Safadinhos. Se fosse uma época atrás eu os subornaria...
— Habilitação e documento do veículo, por favor. — Um que tem
grudado em seu peito a escrita Cabo Magno diz e volto a entrar no carro para
pegar meus documentos. Os documentos ficam guardados em um
compartimento dentro do próprio veículo, mas, minha carteira de habilitação não
está em lugar algum, nem mesmo dentro da minha bolsa. Isso quer dizer que eu
estou muito fodida! Fodida pra caralho! Ainda mais que o documento do carro
está no nome de Arthur. Minha vontade nesse momento é sentar no chão e
chorar.
— É... tem um problema. — Digo a eles fazendo a cara mais inocente
que consigo.
— Pois não?
— Só achei o documento, não consigo encontrar minha habilitação. Deve
ter ficado em casa ou caído no escritório do meu marido.
— Essa é uma infração gravíssima, a senhora deveria saber. Perderá
pontos na carteira, terá que pagar multa e, para completar, teremos que apreender
o veículo. — Ele diz se achando o fodão!
— Nãoooo! Pelo amor de Deus! Isso não! Meu marido já está furioso o
suficiente. Pode multar e tirar os pontos, mas não apreendam o carro! Eu pago o
que quiserem! — Começo a bater a cabeça no volante.
— A senhora está sugerindo nos subornar?
— Não, desculpa, não foi isso que quiser dizer. — Minto.
— Vamos fingir que não ouvimos só porque a senhora é bem bonita.
— Está querendo dizer que se eu fosse feia vocês iriam me prejudicar? É
isso?
— Olha só, se a senhora conhecer alguém habilitado para vir buscar o
carro, vamos cooperar, caso contrário, teremos que apreender o veículo.
— Puta que pariu! — Solto.
— O que senhora? A senhora pode se retirar do veículo? Precisamos dar
uma revista.
— Sério?
— Senhora, não tem nenhum palhaço aqui não. — Ele diz com um pouco
de brutalidade e eu saio do carro. Pego meu celular e faço o que tem que ser
feito. Arthur atende no segundo toque.
— O que foi Mariana? — Diz bravo.
—Ei. — Merda não sei nem por onde começar.
— Ei o que, Mariana? O que você quer? Por que não chegou em casa
ainda?
— Eu...é... tipo — Puta que pariu.
— O que foi?
— É que a polícia me parou e estou sem habilitação, eles vão levar o
carro se você não vier me salvar e é isso. — Digo tudo rapidamente.
— Calma, não entendi porra nenhuma.
— A polícia me parou, estou sem habilitação e eles vão levar o carro se
você não vier me buscar ou trazer minha habilitação.
— Sério isso, Mariana? E, você está seminua?
— Isso não vem ao caso agora, mas eu arrumei meu vestido antes que
eles pudessem ver esse detalhe.
— Detalhe? — Bufa. —Deveria te deixar aí!
— Você não teria coragem! — Digo.
— Não, não teria porquê tem um filho meu aí na sua barriga. Caso
contrário, você teria que se virar. Mande o local que está por sms, em quinze
minutos chego. — Ele diz e desliga na minha cara.
— Meu marido está vindo me buscar. — Digo ao enviar sms.
— Ok, viu, somos bonzinhos. Nada de errado com o carro.
— Interessante. — Respondo secamente. Um cheiro maravilhoso invade
minhas narinas e encontro a fonte da salvação ao avistar uma barraquinha de
cachorro-quente. Pego dinheiro no carro e saio. — Vocês cuidem do carro que
eu preciso de um cachorro-quente.
— A senhora é meio abusada, já estamos sendo compreensivos.
— Estou grávida e preciso me alimentar!
— Que mentira! Cadê sua barriga? — Cabo Magno questiona.
— Estou grávida a pouco tempo. — Digo fazendo uma careta e vou até à
barraquinha comprar um cachorro-quente e suco. Sério, nunca senti um cheiro
tão bom! Tão bom que eu nem espero chegar ao carro para comer.
Quase desmaio quando avisto Arthur descendo de um táxi, usando
apenas uma bermuda de moletom e chinelo, com os cabelos levemente
molhados. Todo meu! Ele me encara com o olhar de desaprovação e eu viro o
copo de suco todo, antes de me aproximar deles.
Respiro fundo, dou a última mordida no melhor cachorro-quente do
mundo inteiro, limpo a boca e sigo.
Arthur entrega minha habilitação e sua identidade para eles conferirem a
documentação, em seguida, se apropria da minha mão. Fico olhando uma
pequena gotícula de água descer pelo seu pescoço e minha vontade é
dupla...primeiro sinto vontade de lamber ele todo e segundos depois sinto
vontade de matá-lo, por ter a coragem de sair de casa dessa maneira! Na
verdade, a segunda opção está gritando mais alta e eu me sinto irada!
— Como você se atreve a sair de casa dessa maneira? — Esbravejo
atraindo o olhar dos dois policiais.
— Como você se atreve a sair do meu escritório usando apenas um micro
roupa dessa? — Rebate, sério e bravo demais.
— Uma coisa não tem nada a ver com a outra!
—Sério? — Ele ri de um jeito que dá medo e os policiais cortam nosso
momento.
— Desculpem interromper, está tudo certo, senhora, está liberada. Mas, a
multa e os pontos prevalecem, o senhor não pode dirigir sem camisa.
— Que seja! — Desdenho dos dois cabos do olho do cu.
— Mariana! — Arthur zanga. Solto sua mão e entro no carro, minutos
depois ele entra e se acomoda ao meu lado, colocando o cinto de segurança. Me
dá vontade de matá-lo, mas agora estou decidida a leva-lo num lugar e selar a
paz!
— Beatriz?
— Está com Amélia, minha mãe também está lá. — Responde me
fazendo sorrir. — O que foi? Estou puto com você, não sorria para mim.
— Sorrio sim! —Ligo o carro, o som e dou partida. Arthur solta o ar e
apoia a cabeça na janela. A cada sinal que paro, aproveito pra dar uma olhada em
seu corpo. Essas bermudas de moletom são a porra mais sexy que existem, assim
como ele sentado de pernas abertas, portando esses gominhos na barriga. Lindo!
Dou um pulo quando um carro buzina mostrando que o sinal se abriu e Arthur
segura o riso.
— Cuidado com as infrações no trânsito ou será proibida de dirigir.
— Meu marido é advogado, dá pra dar um jeitinho.
—Eu não sou seu marido! Onde estamos indo? Esse não é o caminho de
casa. — Questiona com seu jeito bravinho.
— Surpresa.
— Não estou brincando com você hoje, Mariana. Sua quota já se
esgotou.
— Você vai gostar. — Respondo e entro na rua que deixa muito óbvio o
local que estou o levando. Mordo os lábios segurando a vontade de rir. Sei que
ele está me olhando como um perfeito psicopata.
Paro na entrada e pego o interfone.
— Você vai tocar siririca né? Porquê sexo nós não vamos fazer. — Diz
alto para a mulher escutar e mostro o dedo do meio para ele enquanto falo com
atendente do motel. Assim que ela libera nossa entrada, Arthur ri. — Você é
incrível, Mariana, você me testa de todas as maneiras. Dessa vez não, bonitinha!
— Também te amo. —Estaciono na garagem da suíte e saio do carro para
fechar o portão da garagem. Arthur permanece dentro do carro, fazendo pirraça.
Então, soco vidro ao lado dele. — Saia dessa merda! Não precisa fazer sexo,
pode ficar na hidro. — Minto. Ele abre a porta quase em cima de mim e sai
pisando duro com as mãos na cabeça. Ele não merece, mas darei um showzinho
particular a ele, relembrando a velha Mariana, a Mariana quando era solteira.
Mostrarei um talento que até eu mesma havia esquecido que tinha.
Arthur está encostado em meu objeto de trabalho de hoje.
— Sente-se. — Ordeno.
— Estou bem. Sabe, acho que você me subestima muito. Eu disse que
estou puto. Você saiu na rua praticamente nua só para provar que é você quem
manda, Mariana. Ter me deixado de pau duro não foi o problema.
— Sente-se.
— Eu já disse que estou bem. — Diz e vou até o frigobar pegar uma
bebida para ele relaxar. Despejo o líquido âmbar em um copo e volto até meu
marido estressado.
— Beba, relaxe Arthur. Vamos selar nossa paz.
— Vou beber, mas a paz está longe de ser selada. Tudo entre nós é
resolvido com sexo Mari, já estamos caindo na rotina.
— Estamos caindo na rotina? — Pergunto chocada. — Como você tem
coragem de dizer um absurdo desses?
— Não na rotina como um casal. Nosso sexo nunca cairá na rotina.
Estamos caindo na rotina de resolvermos tudo com sexo.
— Arthur, mais cedo ou mais tarde estaremos fazendo as pazes, então,
prefiro que seja mais cedo. Sente-se na maldita cama e garanto que vai valer a
pena. — Saio andando, vou até às cortinas do quarto e as fecho para escurecer o
ambiente, já que estamos em plena tarde. Arthur vira todo líquido e vai até ao
frigobar pegar mais. Amo Arthur alcoolizado. Vou até o sistema de som e
iluminação e deixo tudo de acordo com minhas necessidades. Ele bebe mais um
copo, me encarando, o coloca sobre o balcão e vem em minha direção como um
predador, a passos firmes e decidido.
Ele me pega pela cintura, puxando meu corpo de encontro a seu, pega
meus cabelos e os enrolas em uma mão, em seguida captura minha boca e beija
fervorosamente, deixando todas as minhas terminações nervosas exaltadas e meu
corpo sedento. Arranho suas costas e ele vai andando comigo até que eu esteja
encostada na barra de ferro atrás de nós. Arthur retira a mão que estava em
minha cintura e começa a passear com ela pela minha coxa, ora passeando e, ora
apertando. Então ele a leva até minha bunda e força sua ereção contra minha
intimidade. Puta que pariu! Adoro brigar com meu homem, definitivamente.
Mas, novamente, não será ele quem ditará as regras. Portanto, mesmo meu corpo
estando sedento, o afasto.
— Sente-se.
— Porra, você é frustrante. — Ele reclama e se acomoda na cama,
encostando suas costas na cabeceira. Não o quero assim.
— Não aí tutu, sente-se na beiradinha dela.
— Exigente! — Arthur está visivelmente estressado, mas faz o que
mando. Para ficar melhor, fica me olhando de maneira safada.
— Você não vai dizer que sou exigente e nem mesmo reclamar daqui a
alguns poucos minutos. — Sorrio observando sua ereção pressionando a
bermuda.
— A é? O que a senhorita vai fazer? — Questiona com a voz rouca. —
Quero ser surpreendido esta tarde.
— Preparado para o show, tutu? — Pergunto provocando.
— Anda logo, delícia.
— Temos algumas regras. —Comunico ouvindo-o dar um suspiro que
pura frustração.
— Porra Mariana, eu já perdi a maldita paciência. — Ele levanta da cama
e eu me aproximo, o empurrando de volta.
— Você vai ficar sentado, não vai levantar em momento algum,
entendeu? Se levantar, pararei. E, quando eu me aproximar, você só vai poder
me tocar se eu autorizar, caso contrário não.
— Ok, desde que você termine sentando no meu pau.
— Preparado para o show, senhor Arthur Albuquerque? — Pergunto
novamente. Aperto o play do som, enrolo minhas mãos em volta da barra de
ferro do pole-dance e dou um pequeno giro, deixando-o boquiaberto.
MARIANA
MARIANA
14 DIAS DEPOIS
Acordo em minha cama vazia, na verdade, nos últimos dias ela tem
parecido muito maior do que realmente é. Arthur inventou a porra de ficarmos
sem sexo por sete dias, até a data do casamento. Por isso, está há seis dias na
casa dos pais, só vem em casa no horário do almoço para ver Beatriz e
almoçarmos juntos. Para tentar suprir sua falta, meus pais estão passando esses
dias aqui e tem sido uma bela distração. Não teria como ser diferente, eles são
completamente loucos e engraçados, do tipo maluco beleza. Confesso, está
sendo maravilhoso, tinha muito tempo que não passávamos tantos dias juntos.
Porém, sinto falta de Arthur todas as noites quando vou dormir, aliás, mais do
que achei que sentiria. Eu já tinha certeza dos meus sentimentos, mas agora, sem
ele por perto, tenho notado ainda mais o quanto sou refém desse amor. Ele faz
falta nas pequenas coisas e descobri que já adquiri hábitos, como, por exemplo,
todos os dias, quando dá o horário dele chegar do trabalho, fico na varanda,
esperando ansiosa por ele. E, quando me dou conta de que ele não vai chegar, o
mau-humor impera. Sobra para todo mundo!
Dessa vez eu não bati muito o pé, nem fiz drama. Estou aproveitando
esse tempinho para me cuidar e ficar linda para o nosso grande dia, para rever
minhas amigas, enfim. Vou ser bastante sincera, não fazia questão de me casar,
para mim já estamos casados há muito tempo, está excelente.
Na nossa história, Arthur é o grande sonhador em relação a isso e eu não
vejo a hora de caminhar em direção a ele no altar e fazê-lo feliz. Se ele quer que
eu possua seu sobrenome, darei isso a ele. Se ele quer me ver vestida de noiva
indo em sua direção ao altar, eu irei. Eu faria qualquer coisa para fazê-lo feliz. A
felicidade dele, é a minha felicidade. O prazer dele, é o meu prazer.
Hoje, às vésperas do casamento, estou começando a sentir um friozinho
na barriga que talvez eu não sentiria se ele estivesse aqui comigo. Então, tenho
que dar o crédito, a escolha de passar uns dias longes, foi bem calculada. Aliás,
parece que Arthur calculou cada detalhe dos últimos dias, até mesmo nossa lua
de mel misteriosa que irá durar apenas três dias por causa da nossa baby. Ainda
não sei como aguentarei ficar três dias sem ela, mas sei que Arthur vai batalhar
forte para me entreter, o que é, nada mais que justo, principalmente após passar 7
dias na seca.
Levanto-me e dou uma bela esticada no corpo. Abro a cortina e o sol já
está a postos, dando seu belíssimo espetáculo. Após fazer minha higiene matinal,
vou até à sala e encontro meu pai, Beatriz e Jéssica dormindo juntos. Beatriz está
deitada de bruços em cima da barriga dele e Jéssica ao seu lado, com os
bracinhos esticados como se tivesse dando um abraço. Pego meu celular e tiro
uma foto para registrar o momento tão lindo. Em seguida, vou para a cozinha,
onde minha mãe e Amélia conversam animadamente.
— Bom dia.
— Bom dia, filha.
—Bom dia, Mari. — Amélia diz.
— Mãe, você viu papai, Bia e Jé? — Pergunto babando.
— Nós vimos e já tiramos várias fotos. Estão lindos.
— Sim, muito lindos. — Digo e me acomodo na banqueta em frente ao
balcão.
— E aí, como está se sentindo?
— Estou bem, sem enjoos e um pouco ansiosa.
— Isso é normal. Amélia preparou um café da manhã bem reforçado,
coma tudo. Você precisa se alimentar bem.
— Eu sei. Você vai comigo pegar o vestido?
— Irei. Vamos tirar o dia para passear no shopping. Seu pai vai ficar com
as crianças.
— Nãooo, já terei que ficar 3 dias sem elas mãe. — Esbravejo.
— Pare de besteira, Mariana, quando voltarmos você terá tempo de
sobra.
— Não é justo.
— É sim, você vai passar o resto da sua vida com elas e esse bebê que
está carregando. Pare de ser psicótica. — Ela diz enquanto Amélia ficando
rindo.
— Ok, mas vamos só à tarde, Arthur vem almoçar e eu preciso vê-lo.
— Arthur não vem hoje filha. Tire seu cavalo da chuva. — Ela diz rindo
e me deixando irritada.
— Como assim ele não vem hoje?
— Ele precisou fazer uma viagem emergencial ontem à tarde, só volta
hoje. — Oi? Viagem emergencial?
— Como assim? Como à senhora sabe disso e eu não? — Dou um soco
na mesa e Amélia põe a mão no coração de susto. — Eu sou a maldita mulher
dele, ele tinha que ter me falado. — Sim, eu estou psicótica.
— Acalme os ânimos aí, garotinha. Foi por uma boa causa. E não adianta
olhar desse jeito assassino, não tenho medo e não conto nem sob tortura.
— Arggg, eu odeio vocês. Vou pegar Beatriz e Jéssica, vou sumir com
elas o dia todo!
— Para de agir como uma adolescente e vá se trocar.
— Vai ter troco. Estou cheia desses segredinhos. Já encheu minha quota
de paciência. — Coloco um pão de queijo na boca e é o suficiente para me
acalmar... Hummm. Muito bom. Meu bebê aprovou. — Estou indo. — Pego
mais quatro na bandeja e saio pro meu quarto. Porém, antes de me arrumar,
passo uma mensagem para Arthur.
ARTHUR
Sentado nesse avião, meus pensamentos estão tão perto do céu quanto me
sinto agora, estando em meio a todas essas nuvens. Eles estão no meu céu
particular: Mariana, minha doce e bela Mariana. A mulher que merece todo e
qualquer esforço que tenho feito nos últimos dias.
Mariana não é só a mulher ninfomaníaca que é capaz de me enlouquecer.
Mari é a mulher que me ajuda com questões do trabalho, que, do seu jeito louco,
faz tudo para me agradar, que cuida da nossa filha como se tivesse nascido para
isso, que ama com voracidade e devoção, entre muitas outras qualidades. Ela é
tão incrível que passaria dias enumerando suas qualidades.
Permito-me até lembrar de Laís. Graças ao péssimo casamento que
tivemos e à prisão em que vivíamos quando estávamos juntos, tive economias
suficientes para o que acabei de fazer. Pois é, há males que vem para o bem.
Mari terá o melhor casamento e o melhor presente de casamento, tudo muito
bem-merecido após ter trago luz, esperança e amor à minha vida.
Minha ansiedade aumenta a cada minuto, confesso. Não aguento mais
ficar longe dela. Na verdade, eu não sei de onde tirei essa maldita ideia, mas sei
que foi por uma boa causa ou eu não teria como resolver os últimos acertos da
grande surpresa, incluindo essa viagem que foi essencial. Já posso ver o sorriso
enorme que ela dará quando chegarmos ao nosso destino após o casamento.
Deus, eu vou enlouquecer sem vê-la hoje. Não só ela, mas a nossa metade
também. Beatriz. O que me dá forças para seguir meu propósito é saber que é
tudo pela nossa felicidade e pela nossa família.
Meu celular vibra, atraindo minha atenção. Verifico e vejo um sms da
minha esposa.
— VOCÊ É UM HOMEM MORTO.
Tudo escrito em letras garrafais e quase me faz rir.
— Por que? Também te amo. — Respondo junto com uma imagem de
coração, bem infantil, eu sei! Segundos depois a resposta chega.
— Você está todo cheio de segredinhos. Todos sabem de tudo, menos
eu. Logo eu, Arthur? Sou a porra da sua mulher, sou eu quem faço você
gozar, sou eu quem rebola no seu pau, eu quem bato na sua cara, eu quem te
dou meu precioso cu. Merecia um pouco mais de consideração.
Leio a mensagem absurda e meu amigo resolve dar o ar da graça. Ela e
essas palavras sujas...
Sim, ela está coberta de razão, só ela que me faz gozar como ninguém.
Porra, que maldita! Eu queria dar uns tapas naquela bunda grande e perfeita
agora.
— Porra, vou explodir a calça de tão duro.
Ps: você vai amar a surpresa meu amor, não fique brava.
Ps 2: Mal posso esperar pela nossa lua de mel.
Ps 3: Te amo demais Mari.
Envio a mensagem e começo a pensar em velhinhas banguelas, pessoas
acidentadas, qualquer coisa que me faça deixar de pensar em Mariana nua,
Mariana chupando meu pau, Mariana gemendo meu nome. Adivinha qual linha
de pensamento ganha? Mariana! Eu sou um filho da puta de um apaixonado
mesmo. Chamem-me de camisolão, de qualquer coisa que queiram. Eu assumo!
— Não sei ainda se teremos sexo na lua de mel, estou realmente
possessa. — Ela diz.
— Oh, não diga algo que sabe que não irá cumprir. Você não resiste a
uma boa foda comigo, baby.
— Não acredito que não vou te ver hoje tutu, estou sentada na cama
chorando e me entupindo de pão de queijo. Estou com depressão! — Oh meu
Deus, eu imagino minha maluquinha chorando e então meu coração se parte em
mim pedacinhos.
— Não chora princesa, eu também estou louco de saudades de você e
da nossa baby. Pelo menos ela está aí pra te fazer companhia.
— Não, minha mãe inventou de sairmos. Eu só ia buscar o vestido,
mas agora iremos ao shopping.
— Ainda bem que está grávida e não terá uma despedida de solteira.
— E o senhor? Terá? — Ela responde e eu sorrio. Vou infernizá-la um
pouco.
— Talvez.
— Se tiver, Arthur, eu juro que te deixo plantado no altar. Eu mato
você! Ou melhor, eu caminho até o altar e digo NÃO na frente de todos. —
Sua mensagem me faz rir.
— Ui, brava. Não terei despedida de solteiro, amor, estou
economizando energias para nossa lua de mel, afinal, estamos quase 1 semana
sem foder. Estou com bastante munição guardada para você.
— Merda. Vou sair. Odeio te amar. Beijos.
— Até mais baby, te amo.
Guardo o celular, agora com as energias completamente renovadas.
Incrível o poder que ela tem sobre mim. Não vou aguentar não vê-la hoje.
Mariana merece uma despedida de solteira e eu darei isso a ela.
MARIANA
Sabe quando seu dia é uma merda? Então, hoje meu dia foi e está sendo
uma merda. Eu não deveria estar achando isso, sendo que estou na véspera do
meu casamento, mas estou, porque sou dessas e não sou obrigada a nada!
Podem até achar patético, eu não ligo, mas porra, que saudade do Arthur.
Tenho certeza que são os hormônios que estão deixando tudo pior do que
realmente é. Já chorei ao menos umas cinco vezes hoje, incluindo na rua. Só no
shopping eu chorei duas vezes e minha mãe me deu três tapas na cabeça. E
quando fiz a última prova do vestido? Quase morri num mar de lágrimas. Sem
contar que comi além da conta e agora estou com medo de que o vestido fique
mais apertado amanhã, será que eu deveria ligar para minha médica e pedir um
laxante natural? Merda, seria inviável, imagina se dá errado e eu fico com dor de
barriga amanhã? Mil vezes merda! Merda ao infinito, literalmente! Pior que falar
de comida me dá fome. Se apenas a gravidez já me deixa faminta, imagina:
gravidez+ ansiedade+ saudade + raiva? A soma disso tudo dá uma bela explosão.
Já consigo visualizar os botões do vestido sendo estourados, imagino o vestido
se romper de tão enorme que estarei, logo, esses pensamentos me fazem querer
chorar. Sim, estou uma confusão completa hoje!
Estou agarrada à bia, minha tabua da salvação do dia de hoje. Ela dorme
tranquilamente em meu colo, sem se dar conta de que possui uma mãe
completamente enlouquecida. Tenho a absoluta certeza de que estou quase a
esmagando.
— Filha perdoe sua mãe, mas nesse momento seu cheirinho é a única
coisa que está conseguindo me acalmar. Minha gordinha. — Por falar nisso,
resolvo mudar de pensamentos e começo a chegar à alucinação completa... Veja!
Não acredito que sou mãe até agora, sério. Às vezes me dou conta disso em
plena madrugada e começo a rir. Será que existe alguma pessoa no mundo que
tenha essas loucuras também? Eu sou mãe, porra! Dá vontade de gritar aos
quatro cantos da casa, já que nesse momento estou impossibilitada de gritar isso
ao mundo. Aí eu penso na vida antes dela e na vida depois dela; eu não consigo
imaginar que eu tenha vivido tantos anos sem um amor desses. É maior que
qualquer coisa e completamente inexplicável. Ao mesmo tempo que, estou
louca, sinto-me um amorzinho. Pode isso?
Ok, os hormônios da gravidez estão DEFINITIVAMENTE me afetando.
Num momento falo de caos e no outro eu já estou toda "amores". Nem eu
mesma consigo me entender mais. Desisto! Dormir é a solução! Fecho os olhos e
permito-me relaxar dos pensamentos loucos, porém, em vão. A primeira coisa
que vem à cabeça, como veio o dia inteiro, é Arthur. Como pode isso? Queria
estar dormindo com ele aqui. Eu, ele e nossa Bia. Ou então, queria estar rolando
pelo chão, nua, com ele, ou na banheira de hidro, ou até mesmo estar jogada
nessa cama com sua cabeça enterrada entre minhas pernas...eu queria qualquer
coisa, desde que ele estivesse aqui comigo. Até nossas brigas diárias por motivos
idiotas estão fazendo falta! "Calma Mari, amanhã... Falta pouco agora. Se você
dormir vai chegar mais rápido" meu subconsciente grita e eu começo a me
acalmar lentamente, após fazer um sinal mandando-o para o #%**$ inferno...
Maldito subconsciente...
Acabo adormecendo...
ARTHUR
MARIANA
MARIANA
ARTHUR
— Arthur meu querido, você vai passar mal se continuar desse jeito. Vai
dá tudo certo meu filho, relaxa. Está tudo lindo lá fora. Por que não vai beber
algo para relaxar?
— É maninho, vamos beber um uísque.
— Tem certeza de que está tudo certo? Nenhum problema? Mariana vai
gostar? Fiz as escolhas certas? A decoração? Tudo certo?
— Ei ei ei, pode parar. Você está surtando. Está tudo lindo meu filho,
tudo organizado. Falta só o padre e a noiva chegarem. — Minha mãe brinca e
meu coração acelera ainda mais.
— Uau irmão, nem no seu primeiro casamento você estava dessa
maneira.
— Eu não estava casando com a mulher da minha vida, acho que isso
explica. Nem é possível comparar aquilo com a atual situação. — Mamãe volta
com dois copos de uísque e sai apressada.
— Ela é mesmo especial né, Arthur, Mari é incrível.
— Muito mais que incrível. Minha filha? — Pergunto sorridente.
— Está fazendo dia de noiva com Mari. — Alice diz me fazendo sorrir.
Imagino nossa pequena tendo um “dia de noiva” com minha Mari.
— Viu? Por isso que ela é incrível cara. Nossa filha não tem nem 1
aninho e já está participando do dia de noiva. — Estou orgulhoso, para caralho!
— Ela é demais mesmo.
— E a senhorita e Luiz? — Pergunto e ela arranha a garganta.
— Estamos caminhando bem.
— Nada de casamento ou sobrinhos para mim?
—Por enquanto não. Somos um casal devagar.
— Mas está tudo bem com vocês? Estão bem assim, indo devagar?
— Sim, estamos. As dicas da Mari melhoraram nosso relacionamento
90%.
—Dicas da Mari? Mari minha esposa? — Pergunto incrédulo.
— Lógico, qual outra Mari seria?
— Não quero imaginar as dicas. — Brinco e tomo um gole do meu
uísque.
— Mari é muito espirito livre para o sexo, né? Fico boba como ela não
impõe tabu algum. Você é um cara de sorte, maninho.
— Sim, sou, mas não estou preparado para imaginar as dicas que ela te
deu sobre tal assunto, Alice. Você é minha irmãzinha.
— Prepare-se Arthur, tenho certeza que com seus filhos esse assunto será
tratado da mesma maneira por ela. Mas relaxe, isso é excelente. É melhor que
eles saibam dentro de casa, Mariana será uma excelente mãe de adolescentes,
tenho certeza disso.
Fico em silêncio absorvendo as palavras e permito-me viajar no futuro,
um futuro com a Mari mãe de adolescentes. Caramba, nunca havia parado para
pensar no futuro. Já posso imaginar Mariana sendo Mariana com um bando de
adolescentes, incluindo sobrinhos, amigos dos filhos e eu louco, completamente
louco! Porque tudo que envolve Mariana me deixa louco, de um jeito ou de
outro.
Uma coisa é certa, emoções nunca faltarão com minha linda esposa. Se
estou preparado? OH, claro...desde que eu tenha ela e suas loucuras, me sinto
preparado para qualquer coisa.
MARIANA
ARTHUR
MARIANA
Meu lindo homem nos conduz, com mãos frias e trêmulas, até o altar. Eu
mal consigo encarar o padre diante de tantos pensamentos pecaminosos que
estão corroendo minha mente e minha sanidade. Que Deus me perdoe por isso!!!
É meu casamento, eu deveria ter o mínimo de respeito.
— Boa tarde a todos ou seria boa noite? — O padre diz animado e todos
respondem. — Estamos reunidos aqui para celebrarmos a realização de um
sonho, a realização do matrimônio de Arthur e Mariana. Bom, não sei se algum
de vocês já foram em uma cerimônia realizada por mim, mas, tenho que deixar
claro que não é como as demais. Sei que cerimônias com muitas passagens
bíblicas tendem a ser tediosas, não pelas passagens, mas pela demora. Sei que
todos ficam se corroendo por dentro, para que tudo acabe logo e possam ir para
os comes e bebes. — Ele diz fazendo todos rirem e eu já me apaixono por ele. —
Enfim, vou fazer do meu jeito com algumas citações e conselhos que acho
importante e separei especialmente para esse jovem casal.
— Saudações. — Ele diz e todos fazemos sinal da cruz.
Arthur e Mariana
Escrevi e tenho dito nos casamentos aquilo que chamo de os Dez
mandamentos de um casamento feliz. Não é receita, é um projeto de construção
da felicidade no casamento. Amar pode e deve dar certo.
— Sejam sábios: nunca se irritem um com o outro ao mesmo
tempo. — Ele diz e Arthur cutuca minha costela disfarçadamente.
— Sejam inteligentes: lembrem-se que quando um não quer, dois não
brigam. — Nessa hora sinto vontade de rir e solto um leve tossido.
— Sejam gentis: jamais gritem um com o outro, a não ser que a casa
esteja em chamas. — Oh! Querido padre, a casa sempre está em chamas!!!
— Sejam amigos: se um tiver que ganhar a discussão deixe que seja o
outro. — (Jamais!!! A não ser que o sexo venha a compensar minha perda!)
— Sejam honestos: se cometerem um erro reconheçam e peçam
perdão. — (Ok, isso dá certo entre nós dois.)
— Sejam companheiros: se tiverem que criticar que seja para somar
nunca para dividir.
— Sejam positivos: não remoam erros passados. Águas passadas não
movem moinhos.
ARTHUR
MARIANA
Nada melhor do que ter os pés no chão. O salto foi a primeira coisa que
tirei assim que os cumprimentos terminaram. E, agora, dançando na pista com
Arthur, a vontade de tirar a roupa está quase me vencendo.
Não imaginei que iríamos nos divertir tanto no nosso próprio casamento,
mas parece coisa de outra dimensão, uma força maior fazendo tudo ser melhor
que imaginei.
Creio que hoje, mais uma rara vez, irei ver Arthur alcoolizado. Já perdi
as contas de quantos copos de uísque já bebeu! Sinceramente, estou até com um
pouco de inveja, porque se eu não estivesse grávida, daria trabalho!!! Já me
imaginei escalando a armação de ferro que sustenta o palco onde o Dj está!
Definitivamente acho que está na hora de dar um alerta para Arthur, afinal,
precisamos recuperar o sexo perdido.
O agarro pela camisa e o puxo para mim, sem nem um pingo de classe e
delicadeza.
— Tutu, acho que já bebeu o suficiente. — Sorrio.
— Por quê? Acha que vou ficar bêbado e não irei te enfiar a vara? —
Puta merda! Se antes eu achava, agora tenho certeza. Ele está bêbado.
— Você já está bêbado. De onde tirou esse enfiar a vara? — Pergunto e
ele ri, me agarrando pela cintura.
— Sério, Mariana, vou enfiar mais dois filhos em você hoje, para fazer
companhia para o nosso bebê.
— Esse tipo de linguajar é muito chulo. — Digo fingindo estar séria e ele
solta uma gargalhada. Maldito seja esse homem!
— Agora falando sério minha mocinha, está tão preocupada com o fato
de eu estar bebendo que não percebeu que, a cada copo de uísque, bebo um copo
de água. Não seja bobinha, Mari, te comer a noite toda é a meta. Nada fará com
que eu estrague meus próprios planos. — Diz olhando em meus olhos e me
beija. Rouba uma flor da ornamentação e coloca atrás da minha orelha. — Linda
da minha vida.
— Vamos comer alguma coisa? — Pergunto faminta, dando-me conta de
que alimentei pessimamente hoje.
— Nosso primeiro jantar como marido e mulher! — Diz e me puxa para
a mesa reservada para nós e nossos familiares.
ARTHUR
MARIANA
ARTHUR
Mari fica me olhando por longos segundos sem dizer nada, a emoção é
visível em seus olhos. A ansiedade de saber se ela iria gostar já não existe mais,
esse fato já foi confirmado e me sinto leve por ter feito a coisa certa. O sorriso
que ela deu assim que terminei de falar, com certeza não sairá nunca mais da
minha mente e compensou todo o trabalho que tive para conseguir comprar esse
lugar, que não estava à venda e muito menos existia tal possibilidade. Foram
longos dias de negociações e foi preciso muita chantagem emocional para que o
proprietário cedesse a favor da venda. Eu, fechado como sou, me vi abrindo
nossa história a um casal no auge de seus setenta anos de idade e seu advogado,
por fim, eles se emocionaram com a causa, dizendo que viveram grandes
momentos nessa casa e acabaram cedendo por não terem herdeiros interessados.
Quem em sã consciência não teria interesse por uma casa dessas? Essa é
a pergunta que não quer calar! Mas agora, mudo o foco para minha esposa que
não deu nenhum pio até agora.
— Não vai dizer nada? — Pergunto brincando com uma mexa de seus
cabelos.
— Aquela lancha é nossa? — Pergunta de um jeito meigo e eu já começo
a me preocupar.
— Sim.
— Aquele Jet ski é nosso também? — Puta que pariu, prevejo fortes
emoções e muita dor de cabeça! Maldita seja!
— Sim. — O grito que ela dá e seus pulinhos animados confirmam que o
pior está por vir. Eu acabo de comprar uma mansão no meio do mar e ela está
empolgada com a lancha e com o Jet ski? Escolha errada Arthur, esses
brinquedos vão me foder!
Eu quis me presentear com os dois brinquedinhos e acabei esquecendo de
quão louca Mariana pode ser abordo deles. Porra! Para completar ela está
grávida!!! Mil vezes porra!!!!
— Não se alegre tanto, você está proibida de botar a mão em qualquer
um deles, Mariana.
— Mas...
— Não tem “mas”, você está grávida e não é habilitada para pilotar
nenhum deles. Não se atreva.
— Tudo bem. — Diz e pula em meus braços, enrolando as pernas em
volta da minha cintura. — Mas, daqui alguns meses eu não estarei grávida e
poderei utilizá-los da melhor forma possível.
— Sim, daqui alguns longos meses. Até lá, comporte-se por favor, minha
maluquinha. Eu não me perdoarei caso aconteça algo com vocês.
— Estou sem palavras Arthur, do tipo que nada que eu diga será o
suficiente. Eu preciso de um tapa na cara para poder ter certeza de que tudo que
estou vivendo desde que te conheci é real, às vezes parece sonho. Você é muito
mais do que perfeito. — Ela diz e dou um tapa em seu rosto. A safada geme.
— Não sou perfeito. — Digo enquanto ela morde meu pescoço.
— Você é perfeito, para mim você é. Eu quero muito te fazer feliz e
recompensar em cada segundo tudo o que faz por mim. — Ela diz e me beija de
um jeito louco que só ela sabe fazer, batemos os dentes e por fim caímos na
gargalhada.
— Você é maluca.
— Você me deixa maluca.
— Vamos entrar, precisamos nos alimentar e curtir o resto do dia em alto
mar.
— Arthur, obrigada! — A pego em meus braços e a levo até a casa. A
nossa casa.
Quantas vezes ela já me agradeceu? Que maldição! Não fiz nada mais do
que a minha obrigação. Fazê-la feliz é meu propósito na vida.
MARIANA
ARTHUR
MARIANA
ARTHUR
MESES DEPOIS
Laís foi julgada por tentativa de homicídio e vários outros crimes. Pegou
doze anos de prisão. Ela conseguiu responder em liberdade, após cumprir dois
anos e seu pai a encaminhou para fora do país. Ela está impedida de voltar pela
própria família.
MARIANA
5 ANOS DEPOIS
Seis anos foi o tempo que precisei para entender que pais e mães também
precisam de um descanso. Não que eu tenha algo para reclamar da minha vida,
jamais. Minha vida é perfeita. Eu tenho ajudantes que são praticamente da
família. Eu, Arthur e as crianças viajamos sempre que é possível para nossa casa
na ilha, viajamos para Disney todos os anos, fora as outras viagens menores. Nós
somos completamente felizes, uma felicidade que eu nem sabia que um ser
humano poderia sentir. Eu sou completa! Mas, sinto falta de viajar sozinha com
Arthur, mesmo sabendo que será um pouco doloroso afastarmos alguns poucos
dias dos nossos filhos. Sinto falta de realizar alguns projetos que sempre sonhei e
adiei para me dedicar inteiramente a nossa família. Por consequência, me sinto
culpada por sentir falta dos meus projetos e sei que essa culpa é ridícula.
Dei um passo muito grande indo até uma agência de viagens fechar um
pacote para dois. Sinto que preciso de uma segunda lua de mel com Arthur,
apenas eu e ele. Nosso relacionamento, felizmente, não caiu na rotina. Mas, pode
vir a cair e, como uma mulher precavida, eu preciso me antecipar. Um passo à
frente de todas as crises.
Tomei essa decisão com ajuda da secretária pessoal de Arthur, era
inacreditável, mas ela foi a primeira que eu gostei de verdade e passou pelo meu
selo de aprovação. (Sim, Júlia se casou com o amigo de Arthur e se mudou para
Portugal. A escolha da nova secretária foi quente e bastante interessante.)
Ela me passou toda agenda do Arthur e pude conferir os dias em que ele
estaria livre de compromissos. Isso ajudou para que eu pudesse organizar tudo.
Enfim, é o universo conspirando a nosso favor. Comprei um pacote para Serra
Gaúcha, um lugar onde já estive, mas não aproveitei o suficiente, lá é ideal para
um casal de apaixonados e, para ser mais perfeito, estamos no inverno. Não
sairemos do quarto!
Assim que chego em casa, Arthur está correndo pelo gramado com
Jéssica, Matheus e Beatriz. Eles estão brincando de Nerf, aquelas arminhas
loucas que atiram dardos. É lindo de se ver.
— Meus amorinhos! — Digo empolgada e eles (incluindo Arthur)
correm até mim.
— Mamãe, mamãeeee... — Matheus grita e se joga em meus braços.
Meu garotinho está com cinco anos, Bia com seis e Jéssica com dezesseis.
Jéssica ainda se parece com uma garotinha, ela brinca com as crianças como se
tivesse a idade deles.
Nós temos enfrentado alguns problemas com ela e vivemos em
psicólogos. Tirando isso, ela é uma garota perfeita, alegre, brincalhona,
divertida, generosa e tem um coraçãozinho gigante.
— Quero uma reunião de família, vá chamar Sheila, quero todos
sentados no sofá. — Digo e Arthur me olha curioso. Apenas pisco meu olho e
sorrio. Isso o traz até mim. Sou pega pelos seus braços e me perco em seus
olhos.
— O que está armando, maluquinha?
—Nesse momento estou armando seu pau. — Respondo sentindo-o
ganhar vida entra minhas pernas. Ele sorri, aquele sorriso estonteante.
— Além dele?
— Você já vai ficar sabendo. — Respondo e os batutinhas voltam à sala
com Sheila. Sheila é nosso anjo da guarda. Ela substitui nossa Amélia. A cada
vez que me lembro da sua partida meu coração fica pequeno. Dissipo os
pensamentos e vejo os quatro sentados no sofá. Falta apenas um, Arthur. —
Sente-se meu advogado ou teremos que resolver meu caso na vara. — Digo em
seu ouvido.
— Você está especialmente gostosa hoje, vou te foder sobre a mesa da
biblioteca assim que possível. — Diz em meu ouvido cheio de promessas e se
acomoda no sofá. Meu Deus! Realmente fiz a coisa certa, precisamos mesmo de
um tempo para nós, sem interrupções.
— Bom! Eu e papai vamos precisar fazer uma viagem e vocês terão que
obedecer a Sheila, os avós de vocês e Jéssica, que é a mais velha. — Jéssica
adora quando designo a função de advertir as crianças.
— Viagem? — Arthur pergunta mordendo o lábio inferior.
— Exatamente, papai. Eu e você vamos viajar — Olho no relógio. — Em
quatro horas. — Termino de dizer e, por incrível que pareça, ele não se opõe.
— Mamãe. — Matheus vem chorando até mim e aí meu coração começa
a despedaçar. Pense numa criança fofa? É meu Theus. Ele é o mais fofo de todos
os fofos do universo e completamente grudado comigo. — Por que vocês vão
viajar? — Pergunta e tenho que ser forte. Em breve eles vão crescer e terão suas
vidas, logo, terei que me acostumar a isso também.
— Filho, vocês não tiram férias da escolinha? — Pergunto a ele e ele me
agarra forte.
— Sim, mamãe.
— Então, eu e papai também precisamos de férias. Só vamos ficar fora
quatro dias. Assim que chegarmos, iremos para casa da praia, ok?
— Jura? — Pergunta empolgado se afastando e vejo seus olhinhos
brilhando. Eu o abraço mais forte. Matheus é o meu grude. Chega a ser
possessivo. Aliás, ele é tão possessivo quanto Arthur. Ô raça terrível de homens
possessivos.
— Juro, meu amor. — Respondo e Bia vem me abraçar.
— Tudo bem mamãe, vá namorar com o papai. — Ela diz me deixando
boquiaberta. Olho para Arthur e ele segura o riso, grande filho da puta! Jéssica
vem e eu a abraço forte, também. Minha garota adolescente. Minha melhor
amiga.
— Ok. Todos de acordo? — Pergunto e todos sorriem dizendo que sim,
exceto Matheus. Ele é muito dramático.
Tento não olhar para ele, ou cederei aos seus encantos.
Eu e Arthur vamos para o quarto arrumar as malas e, assim que fecho a
porta, ele me pega no colo e entrelaço minhas pernas em volta dele.
— Viagem, hein? — Pergunta sorrindo.
— Sim, estava na hora, não estava? — Respondo enfiando as mãos entre
seus cabelos.
— Para onde vamos, posso saber?
— Serra Gaúcha. — Respondo sorrindo e mordo o lábio.
— Serra Gaúcha, inverno, eu e você. Alguém está mal-intencionada. —
Diz com a boca em meu pescoço.
— Minhas intenções são as melhores. — Gemo. — Precisamos arrumar a
mala.
— Mala para que? Vamos ficar nus o dia todo. — Diz me encostando na
parede e abrindo minha blusa.
— Eu já tenho todo um cronograma.
— É? Conta para mim. — Ele abre meu sutiã com uma mão e o abaixa.
— Vamos pra Serra Gaúcha foder 24 horas por dia, quando voltarmos
vou para Ilha com as crianças e você vai se virar para arrumar alguns dias para
nos acompanhar.
— É? Vai ficar exibindo esse corpo para outros homens lá se eu não for?
— Pergunta sugando meu seio.
— Sim, vou. Todos eles vão querer o que só você tem e, quando você
chegar lá, vou me esfregar em você como uma safada e mostrar que sou toda
sua.
— É, minha safada? — Ele me dá um tapa na cara que faz meu sangue
ferver.
— E assim que voltarmos, vou entrar na faculdade de arquitetura ou no
curso de Design de interiores, ainda não decidi. E você terá que me buscar todos
os dias na escolinha. — Digo me esfregando nele.
— É? Será a minha colegial ou minha universitária depravada?
— Serei sua puta. E farei você parar o carro em lugares mais desertos e
inusitados só para me comer todos os dias.
— Puta que pariu. — Ele me joga na cama com violência e se desfaz das
roupas que ambos usamos. Em seguida, se acomoda entre minhas pernas e me
pega pelos cabelos, fazendo-me arquear o corpo. — Olha como você me deixa
louco. — Diz pegando em seu majestoso pau com a mão livre.
— Enfia logo, Arthur. — Digo com cara de safada e ele faz o que mandei
sem delicadeza alguma. Porra, ele nunca vai deixar de ser assim??? — Meu
Deus.
— A partir de agora vamos viajar sozinhos ao menos uma vez ao ano,
minha puta particular? Quero fazer você gozar em vários lugares desse mundo.
— Oh Deus! Arthur! Eu te amo! Porra!
— Eu também te amo, gostosa. Te amo demais. Você me deixa insano,
Mariana, desesperado. Te amo princesa, safada. — Diz e desfaleço em seus
braços.
Esse é o nosso jeito louco de amar, com muito fogo, voracidade e paixão.
CONTINUA EM...
SEM CONTROLE.
Table of Contents
Dedicatória
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Epílogo