Você está na página 1de 36

MBA

GESTÃO EM SAÚDE

Operações, Tecnologias
e Inovações em Saúde

Módulo C Professor Autor: Aimar Martins Lopes


LOPES, Aimar Martins
MBA Gestão em Saúde: Operações, tecnologias
e inovações em saúde. Módulo 1 – Centro
Universitário São Camilo – São Paulo: 2016.
36 f.
Apostila - Módulo 1 – Aula 1 – SCM - Supply Chain
Management (Gestão da Cadeia de Suprimentos).
Aula 2 – SCM – Supply Chain Management
hospitalar.
- Centro Universitário São Camilo Virtual, 2016.
1. Administração Hospitalar. - 2. Operações. 3.
Tecnologia.
I. Título
Centro Universitário São Camilo – São Paulo

2
Direitos Autoriais

Copyright © 2016. Centro Universitário São Camilo. TODOS OS DIREITOS


RESERVADOS.

A reprodução ou edição não autorizada desta publicação, parcial ou integral,


por qualquer forma, processo ou meio, incluindo qualquer armazenamento
permanente ou temporário em outros sites, constitui violação dos direitos
autorais (Lei nº 9610/1998).

INFORMAÇÕES E CONTATOS
Centro Universitário São Camilo
Núcleo de Educação a Distância
(EaD)
Rua Raul Pompeia, 144
05025 010 São Paulo SP
Telefone: (11) 3465-2650
assistente.ead@saocamilo-sp.br
Equipe
www.saocamiloead.com.br/virtual

João Batista Gomes de Lima Márcia Aparecida Pisaneschi


Reitor Auxiliar de cursos EaD

Anísio Baldessin Cristiane Paniagua de Souza


Pró-reitor administrativo Designer Instrucional

Margareth Zabeu Pedroso Alexandre Henrique Dias


Pró-reitora Acadêmica Editor de audiovisual

Adriano Antonio Marques de Almeida Luciana Carolina Garcia


Coordenador de Curso Designer de Web e Multimídia

Raquel Acciarito Motta Ágatha dos Santos Tarrataca


Coordenadora Administrativa de EaD Designer de Web e Multimídia

Andrea Masunari
Coordenadora Pedagógica de EaD

Aimar Martins Lopes


Professor Autor

3
Sumário

Conversa inicial..................................................................................................7

Unidade 1

1. O que é SCM – Supply Chain Management (Gestão da Cadeia de Suprimentos)...8


1.1. A importância do Planejamento de estoque.........................................11
1.2. O valor e os tipos de estoque................................................................12
1.3. Os componentes da SCM - Gestão da Cadeia de Suprimentos...............13

Unidade 2

2. O SCM (Supply Chain Management) hospitalar............................................18


2.1. Importância do SCM (Supply Chain Management) para um hospital....18
2.2. Compra Hospitalar.................................................................................20
2.3. Estoque.................................................................................................23
2.4. Dispensação..........................................................................................24

3. Tecnologia e inovação na saúde...................................................................27


3.1. Tecnologia e inovação na saúde brasileira............................................28
3.2. Tecnologia e inovação – Casos práticos.................................................29

Considerações finais.........................................................................................34

Referências......................................................................................................35

4
Objetivo Geral

Unidade 1 e Unidade 2
• Apresentar a importância da visão sistêmica nos processos operacionais
e logísticos, além de algumas inovações tecnológicas essenciais ao
atendimento dos clientes e na estratégia competitiva das organizações
que atuam no setor da Saúde.

Objetivos Específicos

Unidade 1
• Abordar a cadeia operacional e logística;
• Identificar e analisar os principais conceitos de SCM - Supply Chain
Management, bem como as funções tradicionais de Administração de
Materiais nas organizações de saúde.

Unidade 2
• Apresentar as principais funções responsáveis pela SCM da saúde;
• Abordar a TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) da Saúde;
• Exemplos e casos de inovações na saúde.

5
SCM - Supply Chain Management
(Gestão da Cadeia de
Suprimentos)

Módulo

6 C
Conversa inicial...

Olá,

Este módulo é dividido em duas aulas. Na primeira aula, discutiremos os


fundamentos do SCM - Supply Chain Management (Gestão da Cadeia de
Suprimentos) e a importância do controle dos estoques e inventário, além da
forma como a área de compras opera. Para tanto, a unidade foi dividida em
quatro partes: no primeiro momento, estudaremos os conceitos principais do
SCM; em seguida, trataremos da importância do planejamento de estoque; o
valor e os tipos de estoques; e, por fim, abordaremos alguns componentes do
SCM, as contribuições da função compras, distribuição e materiais na cadeia
de suprimentos.

Na segunda aula, apresentaremos o SCM nos hospitais e suas principais


funções, compras, estoque e dispensação, também abordaremos as inovações
tecnológicas voltadas à saúde e que estão revolucionando o atendimento ao
paciente.

Agora que já conhecemos o conteúdo do primeiro módulo, podemos iniciar


nossa jornada de estudos!

Coloco-me à disposição para as eventuais dúvidas que forem surgindo ao


longo desse processo, ok!

Desejo a você um ótimo aprendizado!

7
1. O que é SCM – Supply Chain Management (Gestão da
Cadeia de Suprimentos)

Caro aluno (a), você imagina como um produto ou serviço chega até você?
Podemos dizer que uma gama muito grande de processos, equipamentos e
pessoas estão envolvidos para que isso aconteça. Todos esses elementos se
transformam em unidades produtivas interligadas para suprir um cliente final
de um produto ou serviço. Uma cadeia ou rede de suprimentos é composta
pela infraestrutura de várias unidades produtivas e que determinaram a
sua configuração, capacidade, localização, canais de distribuição, tecnologia
aplicada e o fluxo dos produtos e serviços. Em grandes corporações, há
inúmeras unidades produtivas que alimentam a principal operação.

A Gestão da Cadeia de Suprimentos – SCM (Supply Chain Management) cria


valor para o cliente final quando traz satisfação efetiva de forma eficiente.
Ela é responsável pela interconexão das organizações que se relacionam para
prover o produto ou serviço desde à montante até a jusante das unidades
produtivas. Trata-se de uma abordagem sistêmica de gestão através das
fronteiras das organizações, ou seja, todos os elementos do sistema são
interligados, interdependes e compartilham de objetivos comuns.

A satisfação do cliente final, numa cadeia de suprimentos, é fundamental,


pois ao atender, sua necessidade, há a criação de valor. Quando há uma
necessidade proveniente de um cliente final, esta precisa ser atendida, todavia,
para atendê-la, o SCM dispara várias ações em toda a cadeia de suprimentos.

8
Essas ações, provenientes das unidades produtivas da cadeia de suprimentos,
movimentam os negócios, que é onde passa o dinheiro e fica o serviço
concretizado ou o produto fornecido. Além de cada unidade produtiva satisfazer
o seu cliente de imediato, o propósito da cadeia de suprimentos é assegurar
que todas as unidades produtivas, juntas, devem satisfazer o cliente final.

Importante

O SCM integra o planejamento e o controle do fluxo de bens ou


produtos, desde os produtores, até o cliente final, através da
administração das unidades logísticas da cadeia de suprimentos. As
atividades não se restringem apenas ao produto final da organização,
mas também aos materiais de informática (computador, rede,
impressora), manutenção (peças, óleo, ferramentas, alimentos),
escritório (canetas, papéis, lápis), entre outros.

A abordagem sistêmica da gestão da cadeia de suprimentos (SCM) permite


muitas melhorias resultantes da movimentação de produtos, mudanças de
processos, redução de gargalos e estoques. Analisar a cadeia de suprimentos
aumenta a eficiência e a eficácia operacional. A figura abaixo mostra uma
cadeia de suprimentos – SCM (Supply Chain Management).
Veja!

Fluxo do SCM com suas variâncias.

Fonte: JACOBS, 2009.

9
Saiba Mais
Uma questão fundamental para a Gestão da Cadeia de Suprimentos
e determinante para qualquer OPERAÇÃO de uma organização é a
satisfação do cliente final. Para tanto, é preciso saber de uma unidade
produtiva qual o nível de sua contribuição na rapidez, flexibilidade,
confiabilidade e qualidade total de seu serviço ou produto.

Curiosidade

A GS1 (www.gs1.org) está presente no mundo inteiro implementando


a identificação de padrões de código de barras em produtos de
milhares de empresas incluindo saúde, setor alimentício, transporte,
indústria automobilística, atacado e varejo, tecnologia da informação e
muitas outras. São realizados bilhões de leituras de códigos de barras
diariamente, dentre eles, a indústria de saúde, que, com seu uso,
aprimora a segurança do paciente e a eficiência da cadeia logística.

Relato de Experiência
O Hospital Universitário de Graz, na Áustria, implementou códigos de
barra nos equipamentos e instalou a tecnologia de rádio frequência
(RFID) em todas as áreas. Esse projeto trouxe uma redução na
realização do inventário anual dos seus equipamentos de catorze para
dois dias, a eficiência é tão grande que o inventário pode ser realizado
mensalmente, se necessário. O resultado é a redução de custo, melhor
gestão dos equipamentos e manutenção em período de tempo menor.
Fonte: PIRES, 2013.

Verbete
Logística é um conjunto complexo de processos administrativos,
dentre eles o planejamento, a organização, a execução e o controle,
responsáveis pelo fluxo e a armazenagem de produtos, serviços e
informações desde um ponto de origem, até um ponto de consumo.
Fonte: NOVAES, 2007.

10
Veja, a seguir, a importância de se planejar um estoque:

1.1. A importância do Planejamento de estoque

Quem não gosta de ter algo que deseja à disposição? Isso é maravilhoso,
mas, é claro, não é tão simples e sempre tem um custo envolvido para essa
disponibilidade. Quanto mais disponível, maior é a onerosidade. É por isso
que não temos duas ou três geladeiras em funcionamento em nossas casas. O
planejamento e o controle de estoque são controversos nas organizações, pois
eles são custosos e apresentam riscos, podem tornar-se obsoletos, deteriorar,
ser roubado, incendiar, ter prazo de validade vencido, e, além disso, precisa
de ser manuseado e ocupa espaço. Contudo, os estoques proporcionam
atendimento imediato e certa segurança em negócios complexos e ambientes
incertos, funcionam como uma garantia para algum evento inesperado.

É nesse cenário que o planejamento e o controle de estoque são os atores


protagonistas, pois só eles conciliam o dilema das vantagens associadas ao
consumo com as desvantagens relacionadas aos custos, harmonizando o
fornecimento e a demanda.

Para você, o que é estoque? Vamos pensar um pouco! Quando nos referimos
a um material, equipamento ou produto, é fácil responder o que é estoque,
porém, também utilizamos serviços e informações, nesse sentido, pensar
em estoque, quando se trata de serviços, é um pouco mais complexo. Um
Hospital tem, além dos estoques de medicamentos e materiais, estoque de
equipamentos, consultórios, informações, salas cirúrgicas e até profissionais

11
especializados para realizar os procedimentos necessários. Esses profissionais
são conhecidos como termo de estoque, ou seja, são obtidos quando um
cliente faz uma solicitação.

Portanto, podemos dizer que estoque é o armazenamento de recursos de


entrada em um sistema de transformação. Se o sistema for uma indústria
de bens, o estoque principal será de materiais, se for um escritório de
contabilidade ou jurídico, o estoque será de informações, se for um hospital, o
estoque se referirá a ambos.

1.2. O valor e os tipos de estoque

O valor de um estoque muda de acordo com a operação da organização, e,


em alguns casos, pode ser pequeno se comparado aos custos totais de toda
a operação, em outros, pode ser muito alto. Na verdade, o estoque existe
para atender a diferença do ritmo que há no fluxo da operação, ou seja, não
importa o seu valor, local de armazenamento ou posição na operação, ele
existe para manter o ritmo da demanda e do abastecimento. Uma organização
de alto desempenho é a que melhor gerencia essa cadeia de suprimentos –
SCM (Supply Chain Management).

Para melhor atender esse fluxo, os estoques são classificados em quatro tipos:

1. De proteção – tem o objetivo de compensar as incertezas do


abastecimento e demanda, como por exemplo, um supermercado ou
materiais e medicamentos básicos de um hospital.

12
2. De ciclo – necessário quando a operação não é capaz de fornecer
simultaneamente todos os produtos que produz para uma única
demanda, tem como objetivo reduzir o custo unitário do produto.
Como exemplo, podemos citar a padaria de um supermercado que
produz lotes de pães e bolachas para ficarem à disposição do cliente
na área de venda. Observe que, para alguns tipos de pães, às vezes,
há filas de espera para a compra de um produto mais fresco.

3. De antecipação – Serve exclusivamente para compensar a diferença de


ritmo do abastecimento e demanda, ou seja, supre a flutuação de
uma demanda quando ela é significativa. Por exemplo, a fabricação
de panetone para o Natal ou ovo de páscoa, antes dessas datas
comemorativas, a indústria produtora contrata pessoas e aumenta
a produção, com o objetivo de formar estoques para um grande
consumo num curto período de tempo.

4. De canal ou distribuição – existe quando um produto (material) não pode


ser colocado à disposição imediatamente ao cliente final, nesse caso,
ele se encontra no canal de distribuição. É um estoque em trânsito,
que se localiza entre o produtor e o cliente final, está armazenado nos
caminhões, correios, transportadoras (operador logístico), aviões etc.

1.3. Os componentes da SCM - Gestão da Cadeia de Suprimentos

A Cadeia de Suprimentos ou SCM (Supply Chain Management) pode ser


caracterizada pelos componentes de suprimento (abastecimento) e pelos
componentes da demanda, assim identificados:

a) Suprimento – gestão de compra e suprimento.

b) Demanda – gestão da distribuição física para suprir de imediato o


cliente e a logística que trata do fluxo de materiais e informações,
passa pelo canal de distribuição e vai até o cliente final.

Compras

A atividade de compra se localiza no lado do suprimento da organização,


tem como função estabelecer contratos de fornecimento para aquisição
de produtos (materiais) e serviços. Alguns, são para o consumo direto da
operação, para a produção de novos bens e serviços e, outros, são para
auxiliar a operação da organização. São exemplos de produtos auxiliares:

13
material de escritório, produtos de alimentação, peças e óleo para
equipamentos etc. A função de compras é apresentada na figura 1, abaixo.

Fornecedor Compras Unidade da SCM

Prepara cotação com Solicita requisições de


Realiza cotação produtos (materiais) e
especificação, preço,
e envia para o serviços para compras;
prazo, condição etc;
fornecedor pode participar da
envia para compras escolha do fornecedor

Produz e entrega os Recebe os produtos


produtos (materiais) Analisa as cotações e (materiais) e serviços;
e serviços para a prepara o pedido de Envia para o cliente
unidade da SCM compra final ou abastece sua
para compras operação

Fonte: Autor.

A atividade de compras tem conquistado lugar de destaque nos últimos


tempos, pois as organizações estão cada vez mais centradas em seu core
business, o que aumenta a necessidade de adquirir produtos e serviços
provenientes de outra organização. Podemos afirmar que uma compra deve:

• Ter o preço adequado do produto/serviço;

• Entrega no prazo necessário, nem muito antes e nem depois;

• Permitir flexibilidade de quantidade, especificação, preço, prazo, local


de entrega etc;

• Ter a qualidade esperada;

• Atender aos objetivos de desempenho da operação.

Distribuição

A gestão da distribuição se localiza ao lado da demanda da organização e


tem a função de movimentar ou transferir para o cliente os produtos e os
serviços. Para organizações de manufatura, a transferência é física e vai até
o cliente final. Para as de serviço, este é fornecido, geralmente, na presença

14
do cliente final. Há algumas formas de realizar a distribuição física de um
produto.

1. Estoques de múltiplos estágios – são aqueles estocados em


diferentes pontos (dentro ou fora da organização) antes de serem
requisitados e utilizados pelo cliente final. Exemplo: distribuição
de roupas para uma loja de varejo em um shopping, nesse caso,
temos os estágios do fabricante, armazéns regionais (canal) e lojas
varejistas. Podemos citar também o estoque de medicamentos e
materiais do hospital nos estágios de almoxarifado, farmácia central,
farmácia satélite e posto de enfermagem.

2. Armazéns como simplificadores de rotas – Ao invés de uma unidade


da cadeia ou várias abastecerem diversos clientes individualmente,
tais cadeias abastecem armazéns regionais ou locais que concentram
vários produtos de vários fornecedores que, por sua vez, fazem um
único abastecimento ao cliente com vários produtos. Isso simplifica o
processo para todas as entidades envolvidas. Exemplo: distribuidoras
de medicamentos e materiais hospitalares.

3. A internet e seu papel na distribuição física – A internet disponibiliza


informações em tempo real para todas as unidades da cadeia de
suprimentos, isso permite compartilhar conhecimento, coordenação
ágil, redução de custo, compras diretas pelo cliente final (B2B) e uso
de portais de compras especializados.

4. O merchandising como agente de vendas – essa função combina


as atividades de compras, gestão de estoque, distribuição física e
disposição na área de vendas, tem o objetivo de fomentar e organizar
a venda para o varejo.

Materiais

Importante também é a gestão (administração) de Materiais dentro da cadeia


de suprimentos (SCM). Tem como principal função manter um item disponível
e suas atividades vão desde a compra (fornecedor) até o cliente final. Define,
em relação ao item, o que, quando, como e quanto comprar. Sua eficiência,
ou seja, um fluxo de trabalho adequado determina se o desempenho final
da organização vai ser bom ou ruim. As principais ferramentas de gestão
utilizadas são apresentadas abaixo.

15
MRP - Material Requirement Planning - gerencia a demanda e determina o
que, quanto e como comprar.

ERP - integra dados e processos da organização de forma sistematizada e


integrada.

WMS - Warehouse Management System - Otimiza os espação (estoque)


através da automação e gestão de produção, armazéns e depósitos.

TMS - Transportation Management System - Tem foco no processo de


distribuição através da integração das unidades de transporte.

A seguir, daremos continuidade ao módulo 1 iniciando a nossa segunda


unidade, cujo foco central concentra-se nas operações logísticas hospitalares e
a tecnologia na área da saúde.

Vamos lá!

16
SCM - (Supply Chain
Management) hospitalar

Módulo

17 C
2. O SCM (Supply Chain Management) hospitalar

A SCM (cadeia de suprimentos) de um hospital está concentrada, principalmente,


no abastecimento de medicamentos, equipamentos, serviços, informação e
materiais hospitalares, contudo, as funções de manutenção, limpeza e hotelaria
também são importantes. As principais unidades produtivas dessa cadeia
têm início na indústria, cujo papel é desenvolver e produzir componentes,
equipamentos, peças e medicamentos seguidos pelas unidades de distribuição
que atuam entre as unidades produtivas e o hospital, comercializando,
abastecendo, e, por fim prestando serviços aos clientes finais através da
disposição da estrutura, equipamentos, medicamentos, materiais e profissionais.

As principais características da cadeia de suprimentos hospitalares são:

• O caráter de serviço fornecido pelo hospital, conhecido como cuidados


ou atendimentos hospitalares, esses não podem ser armazenados;

• No setor hospitalar, os serviços e produtos finais, bem como a sua


realização, não são bem definidos;

• Os fluxos de operação nos hospitais são de pouca previsibilidade e


tem como foco principal os pacientes (cliente final), dessa forma,
a cadeia de suprimentos fica em segundo plano, o primordial é a
dinâmica necessária para o atendimento do paciente;

• Quem determina o início do fluxo de atendimento e seu término é o


médico, que faz isso de acordo com a necessidade. O fluxo não é de
responsabilidade do gestor administrativo;

• A estrutura hospitalar é complexa e há divergência quanto


aos objetivos a serem atingidos. Existem ambiguidades de
responsabilidades nos grupos da administração, médico e
enfermagem.

2.1. Importância do SCM (Supply Chain Management) para


um hospital

Os hospitais têm como objetivo principal para o SCM a economia de suas


operações, entretanto para conseguir alcançar esse resultado, eles têm
estudado e adotado alguns processos de grandes fabricantes automobilísticos
e redes varejistas, entre outras indústrias. Atuam diretamente na
desburocratização das etapas, agilidade no abastecimento e redução da
gestão de estoque. Organizações como Toyota, Dell e Wal-Mart são utilizadas
como benchmark pelos hospitais.

18
Um hospital com um bom modelo de SCM faz uso de processos e
equipamentos de código de barra, RFID, armários com controle de acesso,
movimentação de medicamentos e materiais que equipam os estoques
centrais, as áreas de atendimento (clínicas, centro cirúrgicos etc), além
de os sistemas de gestão que controlam e monitoram movimentações de
antibióticos, seringas, luvas etc.

Quando uma enfermeira precisa de um item, abre o armário e o sistema


registra a saída desse item, atualizando o estoque e a prescrição do paciente.
Resumidamente, o sistema faz a baixa do estoque, indica o uso e registra
a informação para cobrança, solicitando um pedido de reposição. O registro
individual (por paciente) permite ao hospital saber quais os procedimentos
médicos, medicamentos e materiais estão sendo utilizados por enfermidade
ou processo assistencial. Além disso, quando o sistema associa o uso à
prescrição, um medicamento será ministrado somente se o médico tiver
prescrito. Todos esses processos integrados, além manter uma disposição
imediata de um item e reduzir os custos, propicia, principalmente o aumento
da segurança do paciente, além da melhoria da qualidade do atendimento.

Essas medidas diminuem o custo hospitalar eliminando estoques


desnecessários e sem movimentação, consumo equivocado e uso
indiscriminado de medicamentos e materiais caros. Dessa forma, observando
como os médicos prescrevem, pode-se padronizar os tratamentos.

19
2.2. Compra Hospitalar

A SCM do setor hospitalar é muito diversa e complexa, uma vez que abrange
várias funções e possui muita responsabilidade, contudo, as principais
dimensões da cadeia de suprimentos de um hospital são:

O processo de compra hospitalar é complexo e influencia diretamente no


resultado do hospital e na qualidade do serviço prestado. O comprador deve
selecionar e homologar criteriosamente o fornecedor considerando a sua
documentação, registro na Anvisa, documento técnico do item fornecido,
certificados, passivos, inclusive trabalhista, histórico de fornecimento, preço
e idoneidade. O sistema Gestão de Compras Hospitalares da Bionexo (www.
bionexo.com.br) é muito utilizado por hospitais brasileiros na área de
compras, tendo em vista que propicia agilidade, maior segurança e economia.

O setor de compra precisa definir uma estratégia para ter um desempenho


superior. Geralmente, o critério tem como base a decisão financeira (menor
custo) , para iso, pesquisa vários fornecedores do mesmo item, poder que o
hospital tem de negociação envolvendo características técnicas, entre outros.
Entretanto, os sistemas de compras agregam fornecedores e distribuidores
para que a decisão seja concentrada naquele que atende a maior diversidade,
pois, assim, a logística de entrega é agilizada e simplificada.

Conceitualmente (KRAUSE et al, 2001) afirma que a estratégia de compras


deve ter quatro objetivos genéricos.

20
- Capacidade e regularidade do fornecedor
- Produto (custo/benefício, confiabilidade, durabilidade,
Qualidade funcionalidade, adequado à especificação)

- De aquisição, transporte, armazenamento, movimentação


- De melhoria nos processos de uso do item e manutenção
Custo de equipamentos

- Rapidez e confiança de fornecimento

Dependência - Fornecedor alternativo (concorrência)

- Fornecedores com capacidade de se adaptar

- Adaptar as inovações, volume, diversificação, design etc


Flexibilidade

Um hospital de alto desempenho também adota a classificação ABCXYZ como


estratégia para definir seus fornecedores e distribuidores. A classificação ABC
indica o grau de investimento financeiro e volume de estoque de um item.

Classificação ABCXYZ DE ESTOQUE DE UM ITEM

ABC - grau de XYZ - grau de


investimento financeiro criticidade de um item
e volume de estoque de estoque

A característica da classificação ABCXYZ segue abaixo:

• Classificação ABC

21
• A - Item de grande volume financeiro e pequeno estoque;

• B - Item de posição intermediária de A e C;

• C - Item de pequeno volume financeiro e grande quantidade


comprada.

Contudo, como a área de saúde é complexa, a classificação ABC, muito utiliza-


da na maioria das indústrias, é associada à classificação XYZ que indica o grau
de criticidade de um item.

• Classificação XYZ

• X - Item que não compromete a operação, pode ser substituído com


facilidade. Baixo nível crítico;

• Y - Item de posição intermediária entre X e Z;

• Z - Item que não pode faltar, alto nível crítico.

A adoção dessas classificações em conjunto permite:

• Gerir melhor a relação financeira, estoque e criticidade de um item;

• Concluir que um item X é candidato a padronização;

• Item AX deve permanecer pouco tempo no estoque;

• Item AZ deve permanecer mais tempo no estoque;

• Padronizar item que atende várias necessidades em detrimento de


vários itens que atendem somente uma necessidade;

• Ter menos itens em maior quantidade;

• Reduzir custo e perda com item de pouco giro;

• Melhorar a padronização e eliminar itens com pouco giro sem


comprometer a disponibilidade de materiais, medicamentos e
equipamentos.

22
2.3. Estoque

Fonte: Roh Cartunista. http://tirinhahospitalar.blogspot.com.br/2013/08/reforcando-o-estoque.html

A gestão do estoque hospitalar pode ser feita de formas diferentes. Quanto à


localização, o estoque pode ser centralizado ou descentralizado, pode haver
estoque de recebimento, estoque separado para materiais e medicamentos,
estoque de peças de equipamentos da manutenção ou da engenharia clínica
e, finalmente, estoque de acordo com a conveniência. O que é mais comum,
em um hospital, são os estoques de adoção de um estoque centralizado,
de distribuição de uma farmácia central, farmácias satélites, dispensário
eletrônico em unidades de atendimento, tais como, clínicas e centro cirúrgico
e de carrinho de emergência.

Após a confirmação do pedido, o item é entregue ao hospital passando por


um processo de recebimento, armazenamento e distribuição. Esse processo
acontece da seguinte forma: primeiro, um colaborador do SCM, da área de
recebimento, recebe os itens e faz o checklist no ERP (sistema de gestão).
Nessa tarefa, verifica se o que foi comprado é o que está sendo entregue,
(produto, quantidade, valor, CNPJ etc). Se tudo estiver de acordo, realiza a
entrada do produto e armazena temporariamente no setor para depois enviar
para o estoque central.

Quando o item chega ao estoque central, verifica se ele precisa ser


desmembrado em unidades para armazenamento. Convém verificar se o lote
e a validade também estão adequados e se estão registrados no ERP. Contudo,
muitos desses itens são encaminhados para a farmácia central, que realiza
a distribuição (abastecimento) para as farmácias satélites e equipamentos
eletrônicos de armazenamento, por fim, quando necessário, esses itens
chegam ao paciente (cliente final).

23
Essa cadeia é complexa, pois envolve vários tipos de itens, profissionais de
diferentes classes, vários estoques, urgência em atendimentos etc. Isso, sem
mencionar a alimentação do paciente e dos profissionais do hospital, as
dietas preparadas pela nutrição e cozinha do hospital, material administrativo
necessário para o funcionamento do hospital, material, equipamento de
limpeza e higiene e, finalmente, as órteses e próteses.

Outras estratégias que também devem ser consideradas na gestão do estoque


é a padronização, item importado ou nacional e sua disponibilidade, taxa
de câmbio do dólar, sazonalidade e uniformidade dos itens, que, quando
comprado de uma só vez, pode ser usufruído de um bom desconto e garantia
do padrão.

2.4. Dispensação

A logística interna de um hospital liga um item do estoque central à farmácia


central que, por sua vez, a uma unidade de atendimento e, finalmente, ao
paciente. Dessa forma, um paciente internado recebe atendimento através
de diversas dispensações, a maioria proveniente da prescrição médica e
contabilizadas para a cobrança. Na maioria das vezes, a dispensação se dá
por meio da separação dos itens (medicamentos e materiais) recebidos pela
equipe de SCM do hospital. Esses são embalados e identificados com código
de barras contendo nome do paciente.

A unidade logística ou farmácia central de um hospital, lembrando que


sua função pode depender da estruturação do hospital, é responsável
pelo planejamento, controle, fluxo, custo e estoque de materiais médicos,
medicamentos e outros itens, bem como a distribuição (abastecimento dos

24
estoques) nas unidades de atendimento e, por fim, a dispensação.

A dispensação pode ser de três formas:

• Dose coletiva - os medicamentos são distribuídos em suas


embalagens originais mediante requisição.

• Dose individualizada - a enfermagem, por intermédio de uma


prescrição, solicita o medicamento para um paciente. Eles são
fornecidos com o nome do paciente em doses individualizadas.

• Dose unitária - por meio da prescrição, os medicamentos são


dispensados em nome do paciente, em embalagens unitárias e com
horário de administração.

Ressalta-se que os gases medicinais, considerado um item de estoque, são de


responsabilidade da farmácia, que preza pela segurança, mistura, transporte,
uso e armazenamento, inclusive, a orientação e cuidados da utilização.

Uma questão complexa da SCM hospitalar é quando um item não é utilizado,


neste caso, uma logística reversa é necessária para que esse item seja
devolvido ao estoque central, sendo estornado da conta do paciente.

Saiba Mais
Para maior entendimento da SCM hospitalar, sugiro um estudo bem
aprofundado dos seguintes elementos: Administração de Materiais
- Fluxo de materiais, desde o recebimento, fabricação e estoque;
Distribuição - atividades de venda e transferência de produtos/
serviços; Logística Integrada - administração do fluxo total da fonte ao
cliente final.

Importante
A gestão da cadeia logística hospitalar é importante, pois há pouco
dinheiro disponível e uma crescente necessidade de atendimento,
o que torna a gestão de custos estratégica. O custo total da gestão
de estoque hospitalar pode representar de 38% a 50% do custo
operacional total de um hospital.

25
Curiosidade

Um hospital possui uma comissão de padronização de materiais e


medicamentos. Essa comissão tem a responsabilidade de avaliar
novos itens, identificar inovações e avaliar a necessidade de troca,
padronização, adoção, preço e treinamento para o caso de utilização.

Relato de Experiência
A pesquisa realizada por KATO (2012), a respeito das práticas da
gestão das cadeias de suprimentos em hospitais de São Paulo, indica
as ações referentes as parcerias estratégicas com fornecedores e os
relacionamentos com os clientes utilizadas pelos hospitais, tendo
em vista que as adoções desses relacionamentos influenciam no
desempenho operacional. Outras práticas hospitalares em uso são:
padronização, classificação ABCXYZ, gestão da qualidade e entrega
dos itens, valorização da gestão da cadeia de suprimentos, adoção de
ferramentas de TI e compartilhamento de informações.
Fonte: KATO, 2012.

Verbete

O que é tecnologia em saúde? Para Schraiber et al (2016), “...a tecnolo-


gia deve ser compreendida como um conjunto de ferramentas, entre elas
as ações de trabalho, que põem em movimento uma ação transformadora
da natureza. Sendo assim, além dos equipamentos, devem ser incluídos
os conhecimentos e ações necessárias para operá-los, dentre eles: o sa-
ber e seus procedimentos”.

26
3. Tecnologia e inovação na saúde

A indústria da saúde, assim como as demais indústrias, tem recebido fortes


modificações em virtude da tecnologia e da inovação. As mudanças atingem
todas ás áreas, Supply Chain, diagnósticos, equipamentos, técnicas médicas,
procedimentos, medicamentos, materiais etc., contudo, as inovações
tecnológicas, na maioria das vezes, aumentam os custos da saúde e
geralmente trazem novos conhecimentos científicos, algumas complementam
a tecnologia anterior e não fazem a substituição.

Atualmente, os gestores da área de saúde entendem dos negócios, como


também entendem de TI (tecnologia da informação), com esse perfil, eles
têm se preocupado com investimentos inovadores capazes de criar valor para
os negócios e para os clientes. Os investimentos não se limitam às operações,
infraestrutura, gestão de laboratórios e hospitais, ocorrem também para
beneficiar o paciente em tratamentos individualizados, procedimentos menos
invasivos, prevenção de doenças, diagnósticos mais precisos, redução de custo
e tempo de internação. Uma inovação deve ter como objetivos reduzir custos,
otimizar tempo e evitar desperdícios, deve utilizar o máximo de soluções que
já provaram a sua eficiência e eficácia.

A inovação tecnológica influencia e pode ser disponibilizada de diversas formas,


procedimentos, técnicas assistenciais, equipamentos, medicamentos, materiais,
sendo assim, afeta diferentes campos da saúde tais como: cirúrgico, mental,

27
clínico, assistencial, modelos de negócios, tipos de estrutura organizacional e
formas de trabalho. São exemplos de inovação na área da saúde:

• Materiais e medicamentos;

• Próteses e órteses;

• Equipamentos para intervenção e diagnósticos;

• Vacinas;

• Caixas cirúrgicas;

• Equipamentos de comunicação em tempo real;

• ERP com prontuário eletrônico;

• Informação centralizada no paciente;

• Mobilidade, disponibilidade de acesso à informação e exames de


qualquer local;

• Transplante e implante de órgãos;

• Genoma;

• Células tronco, produção artificial de células humanas;

• Protocolos e programas assistenciais;

• Sistemas e programas educacionais;

• Procedimentos médicos e técnicos.

3.1. Tecnologia e inovação na saúde brasileira

Em artigo publicado na Exame, em 07/10/2015, Felipe Scherer afirma que o


Brasil precisa de mais inovação na área de saúde para ser mais competitivo,
dessa forma, podemos ter melhores serviços para os pacientes, melhor
resultado para as organizações e melhor recurso para o serviço público.

Scherer (2015) defende que a inovação e as novas tecnologias, associadas


aos novos modelos de negócios e empresas jovens (startups), são o melhor
caminho. Com esse paradigma, é possível desenvolver produtos na velocidade
adequada da necessidade do mercado. Nesse sentido, três tendências

28
Um dos temas mais interessantes e polêmicos do momento é a
telemedicina. Ela pode englobar consultas, consultorias, segunda opinião,
diagnóstico, cirurgia, monitoramento e educação. Tudo feito a distância
envolvendo tecnologia da informação. Em um país geograficamente
TELEMEDICINA
disperso como o Brasil, muitos municípios são obrigados a deslocar seus
pacientes para simples consultas ou acompanhamentos que poderiam
ser feitos a distância, reduzindo o sofrimento do paciente, o tempo
perdido nesses deslocamentos e os custos.

Em 2030, é esperado que 30% da população brasileira seja considerada


idosa. O envelhecimento da população reflete diretamente na
necessidade das empresas inovarem em busca de soluções para atender
as novas características da população. Uma tendência é o aumento
HOME CARE
da perspectiva de cuidados em casa, tanto na prevenção, tratamento
e recuperação. Essa perspectiva demanda inovações para diminuir o
tamanho dos equipamentos, tornar a utilização mais intuitiva, além é
claro, de reduzir custos.

O setor de saúde deve ser um dos mais impactados pelo aumento


da conectividade dos equipamentos e da nossa vida em geral. O
INTERNET DAS monitoramento em tempo contínuo com os wearables pode ajudar
a salvar vidas. Afora isso, novos equipamentos e sistemas estão em
COISAS E BIG
desenvolvimento para organizar e processar um conjunto enorme de
DATA dados gerados todos os dias de pacientes e comunidades para melhorar
as ações preditivas e abordagem para tratamentos de saúde.

Fonte: SCHERER, 2015.

O Brasil precisa melhorar a produtividade das organizações de saúde, a


qualidade dos procedimentos e ampliar o número de atendimentos, tratamentos
e realização de exames, principalmente das doenças crônicas, pois a nossa
sociedade está ficando mais velha em virtude do aumento da expectativa de
vida da população. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
de 2014, indica que a expectativa de vida no Brasil é de 75,2 anos.

3.2. Tecnologia e inovação – Casos práticos

Apresentaremos alguns casos de aplicação da tecnologia e inovação que


conseguiram bons resultados.

• Siemens Healththineers

29
Trata-se de um sistema de gerenciamento de dados, denominado de
CentraLink e que permite aos laboratórios entregarem os resultados
de exames mais precisos e em menor tempo. Isso é possível através
da automação de fluxo de processos, acesso às informações integradas
de equipamentos e sistemas de gestão da saúde. A Alliar Médicos,
seguindo esse modelo, implantou uma sala de comando remoto para
equipamentos de ressonância magnética, agora, é possível realizar
o setup dos equipamentos a distância para exames, seguindo as
especificações médicas e perfil do paciente. Além do equipamento
de ressonância, a sala possui vários hardwares, câmeras, sistemas de
comunicação, sensores etc. Nesse modelo, profissionais especializados
podem auxiliar ou realizar os exames de qualquer localidade do Brasil.
Fonte: ESTADÃO, 2016.

• Hospital São Camilo - PEP (Prontuário Eletrônico do Paciente)

Os hospitais São Camilo Pompéia, Santana e Ipiranga atendem


milhares de pacientes em urgência, emergência, consultas eletivas
e ambulatoriais. Para aumentar a segurança e a qualidade desses
atendimentos, bem como melhorar e simplificar os processos de
enfermagem, em 2015, decidiu implantar o PEP da fornecedora de
software MV. O sistema PEP reúne, de forma integrada e compartilhada,
todas as informações dos pacientes referentes aos seus atendimentos.
Segundo o Sr. Klaiton Simão, diretor de TI do São Camilo, o PEP
proporcionou mais eficiência nos processos clínico-assistenciais
aumentando a satisfação e a confiança dos pacientes. “Causa um
impacto muito positivo no cliente quando ele vai a uma consulta e o
médico já tem todo o seu histórico, desde a última data em que ele
esteve na instituição, até as medicações que foram prescritas”. Outros
benefícios foram: acesso às informações atualizadas, estruturadas
e que tempo real; redução no desperdício de materiais, remédios e
glosas; maior controle de ocupação dos leitos; otimização das contas
hospitalares; melhor controle dos custos devido a disponibilidade das
informações. Fonte: MV, 2016.

• Inovação na cadeia de suprimento (SCM)

Na saúde pública, o orçamento do Ministério da Saúde cresceu 163%


entre os anos de 2004 e 2013 e os gastos com medicamentos 266%,
contudo, os atendimentos ainda continuam precários. Para reduzir essa
lacuna a ABIIS (Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde)

30
propõe a adoção do Saúde 4.0, conjunto de 25 propostas para inovar
e alavancar o segmento de dispositivos médicos, tem como principal
objetivo reduzir a lacuna entre usuários e a indústria através de uma
cadeia de suprimentos ativa que compreende as demandas do usuário
final e decide onde e como um item será produzido. Com o Saúde 4.0 é
possível também estabelecer parcerias colaborativas que compartilha
planejamento, produção e distribuição, tendo como consequência
processos eficazes, estoques adequados e indisponibilidade de produtos.
A ideia é que a cadeia de suprimentos mude o conceito de custo para o
valor. Um exemplo citado pela ABIIS é a parceria com a USP num projeto
para otimizar os processos de importação e exportação da ANVISA,
através de troca de informações entre laboratórios e governo e a
rastreabilidade de medicamentos para evitar que itens vencem sem ser
utilizados. Fonte: ESTADÃO, 2016.

• Gestão de estoque Wi-Fi (sem fio) em um hospital

Um hospital com vários leitos, faculdade integrada, diversos médicos em


várias clínicas, corpo de enfermagem e assistencial e um crescimento
vertiginoso. Como ter uma distribuição eficiente e eficaz? Enfermeiras
realizam os pedidos de suprimentos e controle dos estoques, pedem em
excesso e de última hora, o que resulta em uma compra cara e urgente.
A consequência desse cenário é a baixa produtividade e qualidade
e alto custo, mas, por mais caótico que seja, temos essa situação na
maioria dos hospitais brasileiros. A melhoria desse processo pode ser
conseguida com a adoção de sistemas wi-fi na cadeia de distribuição
do hospital, é claro, integrado com os demais sistemas de gestão. A
solução compreende a instalação de rede wi-fi e dispositivos para
upload e download das informações pelos profissionais da saúde; adoção
de nível nominal de estoque para cada item associado com pedidos
automáticos para a farmácia central e fornecedores; enfermeiras ou
armários equipados com dispositivos de leitura, fazem a leitura do
código de barras de um item quando ele é consumido e o sistema
automaticamente ajusta o estoque; o estoque da enfermagem é
abastecido automaticamente; a enfermagem pode requisitar um item
se necessário; a integração com os sistemas de gestão permitem que o
gerente de compras revise pedidos de compra permanentes, licitação
eletrônica e melhor gestão dos contratos. Como complemento, os
fornecedores podem estar conectados através de rede de comunicação
onde a troca de informação agiliza o abastecimento e reduz o custo
do processo. Soluções como essa apresentada acima foi adotada pelo

31
Dartmouth-Hitchcock Medical Center (DHMC) em New Hampshire – EUA,
seu negócio é composto por hospitais, escola de medicina, e mais de
600 clínicas. O DHMC vinha crescendo rapidamente e tinha problema na
distribuição de suprimentos médicos. As enfermeiras dispendiam muito
tempo na ordenação e manipulação de pedidos, com baixa dedicação
ao paciente. Predominava também um descontrole dos estoques. Esse
cenário foi modificado com a adoção de um sistema de gestão de
estoque com tecnologia wi-fi integradas aos demais sistemas e inovação
nos processos da cadeia de suprimentos. Fonte: Wireless inventory
management system at Dartmouth-Hitchcock Medical Center.

• Robô em cirurgia não invasiva

A Intuitive Surgical dos EUA criou o robô Da Vinci para operação cirúrgica
a distância. A primeira operação foi em soldados feridos na guerra do
Golfo. O robô Da Vinci é composto por uma mesa de cirurgia, quatro
braços flexíveis de movimentos precisos e articulados (360 graus)
com câmara que emite imagens em 3D e manipulação de pinças e
instrumentos cirúrgicos. Há uma outra unidade parecida com um
simulador de voo, onde os médicos, através de joysticks realizam os
movimentos da operação e equipamentos computacionais (hardware)
onde residem os softwares e os sistemas de comunicação. Numa
cirurgia com o Da Vinci, o paciente reduz em média em 65% o tempo de
permanência na UTI e 65% o de hospital. A gestão da inovação no Albert
Einstein decidiu adotar o Da Vinci por volta de 2007, criou um plano
para a utilização do robô, treinou uma equipe médica e hoje colhe os
excelentes resultados, atualmente possui aproximadamente 30 doutores
que operaram com o Da Vinci. Fonte: MILITELLO.

Fonte : goo.gl/7BJRzacontent_copyCopy short URL

32
• Equipamentos computadorizados

O Hospital Sírio-Libanês, de acordo com o médico Paulo Chapchap,


possui comissões divididas por especialidades direcionadas a discutir
novas tecnologias, durante esse processo, os temas são variados e vão
de protocolos médicos, equipamentos, técnicas médicas, casos difíceis
e adoção de novidades para melhorar o diagnóstico e o tratamento das
doenças. Como exemplo dessas ações, o hospital adquiriu um tomógrafo
computadorizado Somaton Definition Flash, que realiza exames três vezes
mais rápidos e com emissão de radiação dezesseis vezes menor. Fonte:
MILITELLO.

• O atendimento em saúde no futuro

Em entrevista feita com a jornalista Militello, da revista Época Negócios,


o especialista americano Jonathan Lyon, vice-presidente de Healthcare
Services da Dell, diz que temos, atualmente, muita tecnologia a
disposição e que a tendência é para a disseminação de diagnósticos
remotos e uso da telemedicina. Afirma que teremos diagnósticos
realizados sem que o médico veja o paciente e até pela análise
de células antes que a doença se manifeste. Para o oftalmologista
Claudio Luiz Lottenberg, presidente do conselho de administração do
Albert Einstein, a solução para os efeitos colaterais será o tratamento
restrito à célula doente. Afirma também que haverá uma massificação
das cirurgias robóticas e o avanço da telemedicina será possível
com investimentos em infraestrutura. Os pacientes poderão sofrer
intervenções menos invasivas através de operações remotas com
equipes especializadas. Fonte: MILITELLO.

O relatório da PwC´s Health Research Institute, afirma que o segmento da


saúde está mudando rapidamente e se tornando uma área inovadora,
e que um dos fatores mais importantes dessa nova era é o aumento
do uso da tecnologia e a implementação de inovações. Compreende
a lista de ações a adoção de PEP (prontuário eletrônico de pacientes),
integração de várias tecnologias em equipamentos e ambientes de
atendimento, procedimentos de tratamentos médicos, telemedicina,
sistemas de Inteligência artificial, projetos de genoma, individualização
de tratamento, medicina de precisão entre outros. Fonte: ALVES.

33
Considerações finais

Finalizamos o nosso módulo C, unidades 1 e 2 . No decorrer desse processo


de aprendizado, esperamos que você tenha compreendido quais os objetivos
da SCM (Supply Chain management) e como atuam as principais funções
relacionadas, bem como a SCM hospitalar e a relação e atuação da Tecnologia
da informação nas operações e processos da saúde. Não esquecendo que a
visão sistêmica nos processos operacionais e logísticos, juntamente com
as inovações tecnológicas, são essenciais no atendimento aos clientes e
na estratégia competitiva das organizações que atuam no setor da Saúde.
Apresentamos também, vários casos práticos que serviram para mostrar como
as organizações da indústria da saúde estão melhorando o desempenho
e o atendimento de pacientes.

Até a próxima!

34
Referências

ESTADÃO. A tecnologia como aliada do setor de saúde. Economia, B3,


05/09/2016.

ALVES, Camila. 5 Coisas que vão transformar o segmento da saúde nos


próximos anos. Disponível em: <http://saudebusiness.com/noticias/5-
coisas-que-vao-transformar-o-segmento-dasaude/>. Acesso em: 06 out. 2016.

CARTUNISTA, Roh. Reforçando o estoque. Tirinha em quadrinhos. Disponível


em: <http://tirinhahospitalar.blogspot.com.br/2013/08/reforcando-o-
estoque.html> Acesso em: 13 out. 2016.

HOSPITALAR. Crescimento marca o ano de 2015 para o Hospital São Camilo.


Disponível em: <http://www.hospitalar.com/pt/portal-de-noticias/blog/80-
mercado-negocios/253-crescimento-marca-o-ano-de-2015-para-o-
hospitalsao-camilo>. Acesso em: 14 out. 2016.

JACOBS, F. Robert. Administração da produção e de operações: o essencial.


Porto Alegre: Bookman, 2009.

KATO, Jéssica T. Práticas de gestão da cadeia de suprimentos em hospitais de


São Paulo. São Paulo: FGV, 2012.

KRAUSE, D.; PAGELL, M.; CURKOVIC, S. Toward a measure of competitive


priorities for purchasing. Journal of Operations Management, n.19, p. 497-
512, 2001.

KUMAR, A; OZDAMAR, L; NG, C. P. Procurement performance measurement


system in the health care industry. International Journal of Health Care
Quality Assurance, Vol. 18, n. 2, p. 152-166, 2005.

MILITELLO, Katia. Hospital do futuro. Disponível em: <http://epocanegocios.


globo.com/Revista/Common/0,,ERT177054-16380,00.html>. Acesso em: 06
out. 2015.

NOVAES, Antonio Galvão. Logística e Gerenciamento da Cadeia de


Distribuição: Estratégia, Operação e Avaliação. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

MV. PEP: O caminho para controle eficaz de custos e processos. Disponível


em: <http://www.mv.com.br/pt/blog/pep--o-caminho-paracontrole-

35
eficaz-de-custos-e-processos>. Acesso em: 11 out. 2016.

PINOCHET, Luis H. C.; LOPES, A. S.; SILVA, J. S. Inovações e Tendências


Aplicadas nas Tecnologias de Informação e Comunicação na Gestão da
Saúde. Disponível em: <http://www.revistargss.org.br/ojs/index.php/rgss/
article/view/88>. Acesso em: 14 out. 2016.

PIRES, Claudia. M. Utilização da tecnologia da informação na cadeia


logística hospitalar. Disponível em: <http://www.maxwell.vrac.puc-rio.
br/23015/23015_1.PDF. PUC-RIO Certificação Digital 1021717/CA>. Acesso
em:13 out. 2016.

MV. Rede São Camilo garante mais segurança para a área assistencial.
Disponível em: <http://www.mv.com.br/pt/cases/rede-sao-camilogarante-
mais-seguranca-para-a-area-assistencial>. Acesso em 12 out. 2016.

RIVARD-ROYER, H.; LANDRY, S. E.; BEAULIEU, M. Hybrid stockless: a case


study – Lessons for health-care supply chain integration. International
Journal of Operations & Production Management, Vol. 22, n. 4, p. 412–424,
2002.

SCHERER, Felipe. Inovação a serviço da saúde. Disponível em: <http://exame.


abril.com.br/rede-de-blogs/inovacao-na-pratica/2015/10/07/
inovacao-a-servico-da-saude/>. Acesso em: 12 out. 2016.

SCHRAIBER, LILIA, B.; HILLEGONDA, A. M.; NOVAES, M. D. Tecnologias em


saúde. Disponível em: <http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/
tecsau.html#topo>. Acesso em: 14 out. 2016.

WIRELESS INVENTORY MANAGEMENT SYSTEM AT DARTMOUTH-HITCHCOCK


MEDICAL CENTER. Disponível em: <http://www.hoshttps://pt.scribd.com/
doc/7047246/
MIS-Chapter-07-Transaction-Processing-Functional-Applications-CRM-And-
Integration> . Acesso em: 06 out. 2016.

36

Você também pode gostar