INCÊNDIOS AMBIENTAIS
Alvaro Boson de Castro Faria1
1. Introdução
O direito ambiental trata de um ramo do direito público, decorrente do poder de
imperium do Estado, que passou a intervir na atividade privada de modo a garantir a
estabilidade do meio ambiente (PETERS; PIRES, 2002). Nos casos em que não é possível a
determinação direta de um agressor e, através de representações ou denúncias de um crime
ambiental, haverá a necessidade de abertura de um inquérito policial que viabilize a
investigação deste evento, a determinação dos responsáveis (autoria) e a dosimetria das
multas ou sanções administrativas atribuídas a estes infratores. Ou seja, há que se fazer a
perícia do crime ambiental.
Considera-se um incêndio florestal2 todo o fogo que se propaga descontroladamente
sobre vegetações vivas ou mortas, em florestas naturais, campos, cultivos florestais,
ocasionados por causas naturais ou pela ação do ser humano (WRIGHT; BAILEY, 1982;
BATISTA; SOARES, 2003; BONFIM et al., 2003). Os danos causados por incêndios
florestais e ambientais precisam ser tecnicamente avaliados, no sentido de ponderar seus
efeitos sobre os ecossistemas, uma vez que são caracterizados como crimes ambientais, pela
legislação vigente.
Gordillo (2002) e Silva et al. (2004) apresentam diversos modelos de valoração
econômica de danos ambientais. Nestes (ibid.), existem métodos que buscam evidenciar o
quanto as pessoas estariam dispostas a pagar para não deixar de usufruir de um recurso
natural; que relacionam o custo de conservação de um sítio; e que valoram os atributos
ecológicos em função do preço da terra ou do trabalho ali desenvolvido.
Minint (2005) classifica os danos dos incêndios em Diretos (tangíveis, como ativos
florestais, benfeitorias, custos de implantação e manutenção florestal, etc.) e Indiretos
(intangíveis, associados à área queimada, a estrutura da vegetação destruída, ao tempo de
recuperação, entre outros). Nesta proposta (ibid.) a quantificação econômica de danos
Indiretos – aqueles associados ao efeito ecológico do fogo – ocorre em função da
quantificação preliminar do dano Direto.
Os métodos de dosimetria econômica de danos ambientais apresentam dificuldades de
valoração, quando ocorrem acidentes que, a priori, não causaram prejuízos diretos. É o caso
de ocorrências de incêndios em estepes (campos), Unidades de Conservação, ou áreas que não
possuem atividade produtiva, mas, apresentam particularidades ambientais em relação ao
ecossistema. Nestes casos, ao Estado cabe o dever de zelar pelo meio ambiente, dado seu
valor ecológico, cultural e socioeconômico.
1
Eng. Florestal, professor e pesquisador na área de Legislação e Gestão Ambiental pela Universidade Tecnológica Federal
do Paraná (UTFPR), Campus Dois Vizinhos, PR. E-mail: alvarob@utfpr.edu.br
2
O conceito de “incêndio florestal” é bastante associado ao efeito negativo do fogo sobre a vegetação. Optou-se neste
trabalho por utilizar o termo “incêndio ambiental”, ao entender que os efeitos deletérios do fogo também ocorrem na vida
selvagem como um todo.
Referência: FARIA, Álvaro B. de C. Atribuições na elaboração de Laudos Técnicos de Incêndios Ambientais. In: WACLAWOVSKY,
Alessandro J., et al. (Org.); Sistemas de Produção Agropecuária. Dois Vizinhos PR: UTFPR, 2010. p. 304-322.
O valor ecológico do meio ambiente deve ser avaliado com critérios ecológicos, que
digam respeito ao efeito da infração cometida sobre a biodiversidade e os bens ambientais. A
multa paga por um crime ambiental deve ser direcionada para os cofres públicos, pois o dano
ambiental possui interesse coletivo ou difuso. É diferente, portanto, das perícias em incêndios
florestais que causam prejuízos em áreas de produção, comprometendo benfeitorias ou ativos
de uma empresa. Nestes, a perícia deve se valer de métodos para quantificação dos danos
“diretos”, onde uma parte estará se defendendo e outra parte estará exigindo na justiça o
ressarcimento de seus prejuízos.
A Ação Civil Pública (ACP3) é, sem dúvida, um excelente instrumento processual na
busca da efetivação da proteção ao direito difuso (HARTMANN, 2009), no qual se enquadra
o meio ambiente. No entanto, os Tribunais ainda têm dificuldade quando se trata de assegurar
a proteção de ecossistemas por seu próprio valor ecológico (ibid.).
A dosimetria econômica das multas dos danos ecológicos e indiretos dos incêndios
ambientais precisa considerar critérios técnicos e legais. Lemos (2004) recomenda que o
roteiro de um laudo de avaliação deva apresentar as seguintes etapas: i) exame detalhado do
local; ii) diagnóstico ambiental da área; iii) avaliação dos impactos ambientais ocasionados
pelo incêndio; iv) estudo das causas e origens do incêndio.
Este trabalho tem como objetivo evidenciar quais profissionais são habilitados
tecnicamente para elaborarem os laudos de incêndios ambientais, e neste sentido discutir as
atribuições legais destes levantamentos.
3
Em 1985 a União promulgou a Lei n° 7.347, em 24 de julho, que disciplina a Ação Civil Pública (ACP) introduz o conceito
de direito coletivo e difuso no Brasil. Direito coletivo e difuso são direitos que tutelam bens que não possuem um
proprietário, não pertencem a ninguém especificamente, mas todos têm direitos sobre eles, logo pertencem a todos, como é o
caso do meio ambiente. A lei disciplina a ACP e dessa forma cria um instrumento jurídico que fornece ao Ministério Público
instrumentos para pedir a reparação do dano causado ao bem difuso, e estende a competência para propor a ação principal à
União, aos Estados e Municípios, bem como por Autarquias, Empresas Públicas, Fundações, Sociedades de Economia Mista
ou por Associações, desde que instituídas há pelo menos um ano.
Referência: FARIA, Álvaro B. de C. Atribuições na elaboração de Laudos Técnicos de Incêndios Ambientais. In: WACLAWOVSKY,
Alessandro J., et al. (Org.); Sistemas de Produção Agropecuária. Dois Vizinhos PR: UTFPR, 2010. p. 304-322.
Cursos de treinamento em perícias para bombeiros militares também são patrocinados pelo
programa (TCU, 2000).
No estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2006), os registros feitos pelo CBM devem
responder apenas sobre as causas e os autores. Percebe-se com isso que estas perícias não dão
ênfase e não exigem à investigação dos efeitos ecológicos do fogo, inviabilizando uma
avaliação técnica que subsidie o cálculo de uma multa para cada ocorrência.
No Distrito Federal (DF, 2004), toda ocorrência de incêndio gera um Relatório de
Ocorrência de Incêndio Florestal (ROIF). O laudo pericial é outro documento, que nem
sempre é elaborado e que, ao que tudo indica, só é produzido quando se consegue determinar
a origem e causa. Mesmo nestes casos, a dosimetria também não é realizada. Para Lemos
(2004), o laudo das ocorrências realizado pelo CBM ainda não é desenvolvido pensando na
lei de crimes ambientais e não há qualquer padronização. Para o autor (ibid.), o conceito de
laudo pericial é diferente de laudo técnico:
Referência: FARIA, Álvaro B. de C. Atribuições na elaboração de Laudos Técnicos de Incêndios Ambientais. In: WACLAWOVSKY,
Alessandro J., et al. (Org.); Sistemas de Produção Agropecuária. Dois Vizinhos PR: UTFPR, 2010. p. 304-322.
pública. Neste caso, a competência de investigação de incêndios ambientais seria da Polícia
Civil, principalmente. Por outro lado, é sabido que a estrutura atual das diversas polícias civis
não permite priorizar a investigação de crimes ambientais, as quais os incêndios ambientais
estão inseridos. Na maioria dos casos, os agentes que fazem laudos periciais não possuem
qualquer capacitação técnica para isto.
O fato é que da mesma forma como apresentado no caso do corpo de bombeiros, não há
atribuição legal para um oficial da polícia para proceder a levantamentos técnicos ecológicos,
a menos que fosse um perito criminal oficial com titulação técnica que o habilitasse conforme
regulamentos específicos dos conselhos de classe profissional.
Oliveira (2008) explica que toda ocorrência de crime ambiental na polícia ambiental gera
um documento interno denominado de Talão de Registro de Ocorrência (TRO), onde todos os
dados são relacionados. Junto com o TRO, o policial faz o Relatório Operacional (ROP). Este,
que pode ser considerado um Laudo Pericial, é enviado ao Ministério Público a fim de
fornecer elementos de prova para a propositura da ação civil pública (ACP) em cumprimento
ao estabelecido em Lei (crimes ambientais). Além do TRO, todo policial militar, no
atendimento de ocorrências de fatos lesivos ao meio ambiente, preenche um documento
chamado de Relatório Operacional (ROP). Esse documento possui campos específicos não
encontrados no TRO convencional, sendo enviado ao Ministério Público a fim fornecer
elementos de prova para uma ACP, em cumprimento ao estabelecido naquela lei (ibid).
A Figura 1 apresenta um organograma para as atividades conduzidas após a ocorrência
de um incêndio ambiental. O cálculo da dosimetria econômica da multa precisa,
indiscutivelmente, integrar-se com dados obtidos entre diferentes órgãos públicos como corpo
de bombeiros e policias civil, federal e militar.
Referência: FARIA, Álvaro B. de C. Atribuições na elaboração de Laudos Técnicos de Incêndios Ambientais. In: WACLAWOVSKY,
Alessandro J., et al. (Org.); Sistemas de Produção Agropecuária. Dois Vizinhos PR: UTFPR, 2010. p. 304-322.
Por estarem mais ambientados ao trâmite das ACPs, poder-se-ia dizer que ao batalhão da
Polícia Militar Ambiental competiria o desenvolvimento das perícias ambientais, inclusive
nos casos de incêndios. Todavia, quando a policia ambiental faz um registro de ocorrência,
seus dados não são padronizados com os dados do modelo do corpo de bombeiros, o que
evidencia a necessidade de maior integração entre estes órgãos públicos.
Vosgerau (2005) afirma que os relatórios de ocorrência de incêndios realizados pelo
CBM no Paraná não possuem qualquer padronização, tendo proposto uma planilha que
poderia facilitar a determinação da causa e a utilização técnica científica e descritiva do banco
de dados. Ainda, reitera que a área total queimada e área por tipologia vegetal precisam ser
avaliadas na perícia, e que não tem sido considerado (ibid.). Seria, o caso, e.g., de atribuir ao
CBM a responsabilidade de contactar imediatamente a polícia ambiental, em todas as
ocorrências? Assim, seria viabilizado um processo investigativo mesmo antes do término do
combate ao fogo naquela ocorrência. No Paraná, entretanto, o CBM não tem essa atribuição.
Após o combate, é o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) que é comunicado da ocorrência, e
após uma vistoria na área, define se comunica a polícia para realizar a investigação dos
responsáveis. É o órgão de fiscalização ambiental, portanto, que faz o diagnóstico do efeito do
fogo sobre a vegetação e a fauna, mesmo que subjetivamente.
Diante do exposto, percebe-se que os agentes dos órgãos de fiscalização ambiental são
atualmente os profissionais mais indicados para procederem a perícias ambientais na área de
incêndios, pois possuem ao menos habilitação técnica para realizarem levantamentos de
campo. No entanto, vistorias não são feitas pensando na dosimetria das multas, pois não são
identificados os responsáveis pelas queimadas para a grande maioria das ocorrências. Seria
necessário para tanto, mais interesse, empenho e alocação de recursos, direcionando
profissionais para novas atividades. Ou também, seria viável a terceirização da elaboração dos
LTIA´s para serem desenvolvidos pela iniciativa privada.
No entanto, pode-se afirmar que os órgãos públicos estão procurando se adaptar à lei de
crimes ambientais (Quadro 1). O CBM do Distrito Federal baixou norma específica para
perícias de incêndios ambientais (NR 03-2009) (DISTRITO FEDERAL, 2009), que apresenta
diversos conceitos e recomendações para o trabalho de campo na perícia, inclusive para a fase
de entrevistas. Entretanto, um banco de dados integrado e que permita a articulação de
diferentes órgãos ainda está longe de ser desenvolvido no país, e a utilização de
conhecimentos técnicos e científicos na valoração econômica das multas também não está
sendo considerada.
Referência: FARIA, Álvaro B. de C. Atribuições na elaboração de Laudos Técnicos de Incêndios Ambientais. In: WACLAWOVSKY,
Alessandro J., et al. (Org.); Sistemas de Produção Agropecuária. Dois Vizinhos PR: UTFPR, 2010. p. 304-322.
de investigação como a NFPA 921 (2008) são também bastante conhecidas e utilizadas. Os
Estados Unidos possuem um sistema integrado oficial de dados sobre incêndios ambientais –
o National Fire Incident Reporting System (NFIR, 2008).
Com o aumento da integração entre diferentes órgãos que determinam a causa e a autoria
dos incêndios, e com a realização de laudos técnico sobre o efeito ecológico da ocorrência,
seria possível remeter ao órgão competente todas as bases para a propositura de uma ação
civil pública.
Uma ação civil pública (ACP) tem como prerrogativa a defesa do interesse coletivo-
difuso, no qual se encontra o meio ambiente. Portanto, é de interesse da sociedade avaliar os
danos ecológicos causados por um incêndio ambiental, independente se ocorra em áreas
públicas ou privadas. Pela Lei 7.347 de 24 de julho de 1985 (BRASIL, 1985) – que disciplina
as ACPs de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, “as ações previstas nesta
Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência
funcional para processar e julgar a causa” (art.2).
A Lei 7.347/85 também esclarece em seu artigo 3º que a ação civil poderá ter por objeto
a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer. O art.13
dispõe que “havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a
um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão
necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos
destinados à reconstituição dos bens lesados”.
Ora, sabendo que o Poder Público deve utilizar os recursos advindos de multas por
crimes ambientais em ações e políticas na área de meio ambiente, não seria o caso de utilizá-
los também para fomentar as atividades de diagnóstico de uma infração ambiental? Destarte,
as receitas advindas das multas poderiam financiar e fomentar as avaliações do LTIA
realizadas por empresas de consultoria ambiental ou profissionais liberais especializados.
Assim, é de se esperar que com o tempo houvesse um maior número de casos resolvidos, e
com o aumento da arrecadação monetária de multas, haveria a retroalimentação dos fundos
ambientais. Argumentos de Hartmann (2009) reforçam este ponto de vista, quando lembra
que a alegação de ausência de previsão orçamentária por parte dos órgãos do Estado para não
implementar políticas públicas ambientais não é procedente, haja vista a obrigatoriedade da
inclusão de recursos financeiros imposta pela Constituição (Figura 2).
Figura 2 – Atividades necessárias para viabilizar a avaliação dos danos ecológicos dos incêndios ambientais no âmbito das
ações civis públicas.
Fonte: O autor.
Referência: FARIA, Álvaro B. de C. Atribuições na elaboração de Laudos Técnicos de Incêndios Ambientais. In: WACLAWOVSKY,
Alessandro J., et al. (Org.); Sistemas de Produção Agropecuária. Dois Vizinhos PR: UTFPR, 2010. p. 304-322.
A Lei nº. 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (BRASIL, 1973), que instituiu o Código de
Processo Civil (CPC) brasileiro, exige apenas um perito para a realização de exames técnicos
que são materializados por um laudo pericial, desde que ele possua nível universitário. Assim,
qualquer pessoa poderia fazer avaliações sobre o efeito de um incêndio ambiental, desde que
tivesse diploma de ensino superior e certa especialização no assunto. É provável que os
Engenheiros Florestais4 e diversos profissionais da área ambiental e agrária que se
especializassem na área de incêndios pudessem trabalhar em conjunto com as instituições
públicas, ou ainda, que estas pudessem chamar para si a responsabilidade em realizar a
capacitação de seus analistas para as avaliações técnico-científicas que foram propostas.
2.1. Base legal para a tipificação dos incêndios como crimes ambientais
A Constituição Federal de 1988 (CF/88) (BRASIL, 1988) é a pedra fundamental do
sistema jurídico nacional, e em seu Capítulo VI (do Meio Ambiente) apresenta o art. 225,
citando que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Vale
ressaltar que a Constituição considera o meio ambiente como algo – um bem de interesse
coletivo (ou difuso) – para ser utilizado em benefício do ser humano (PRADO, 2005). Neste
contexto, deve ser discutido na esfera Civil (através de Ações Civis Públicas, ACPs), porém,
subsidiadas pelo Código Penal. Também na CF/88, é preciso ressaltar o art. 23, que preceitua
que “é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: [...]
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas”, e ainda
no inciso VII – “preservar as florestas, a fauna e a flora”.
Diversos princípios fundamentais ou específicos de ordem pública da Constituição da
República se aplicam ao Direito Ambiental (PETERS; PIRES, 2002; PRADO, 2005). Dentre
estes (ibid.), os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei Federal no
6.938/1981) (BRASIL, 1981) enquadram o princípio da prevenção e o princípio do poluidor-
pagador, no qual o poluidor é responsável em arcar com os custos da reparação do dano por
ele causado ao meio ambiente.
A Lei Federal nº. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, chamada de Lei de Crimes
Ambientais (BRASIL, 1998), que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas
de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, em seu art. 41 menciona que quem
provocar incêndio em mata ou floresta incorre em pena de reclusão, de dois a quatro anos, e
multa. Se o crime for considerado culposo, a pena deverá ser de detenção de seis meses a um
ano, e multa. Já no art. 42, quem fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam
provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou
qualquer tipo de assentamento humano, incorrerá penalização de detenção de um a três anos
ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
A lei de crimes ambientais abre a possibilidade para que as provas produzidas no
inquérito civil sejam aproveitadas no processo penal. O art. 19 deixa claro que “a perícia de
constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado
para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa”, e no parágrafo único, que “poderá
ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório”.
O Código Florestal brasileiro (Lei Federal nº. 4.771, de 15 de setembro de 1965)
(BRASIL, 1965) no art. 26., dispõe que constituem contravenções penais, puníveis com três
4
Menção deve ser feita que os cursos de Engenharia Florestal possuem disciplinas específicas nas áreas de prevenção e
combate a incêndios florestais, além de conteúdos voltados à Ecologia do Fogo.
Referência: FARIA, Álvaro B. de C. Atribuições na elaboração de Laudos Técnicos de Incêndios Ambientais. In: WACLAWOVSKY,
Alessandro J., et al. (Org.); Sistemas de Produção Agropecuária. Dois Vizinhos PR: UTFPR, 2010. p. 304-322.
meses a um ano de prisão simples ou multa de uma a cem vezes o salário-mínimo mensal, do
lugar e da data da infração ou ambas as penas cumulativamente: a) quem destruir ou
danificar a floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação ou
utilizá-la com infringência das normas estabelecidas ou previstas nesta Lei; [...]; d) causar
danos aos Parques Nacionais, Estaduais ou Municipais, bem como às Reservas Biológicas;
e) fazer fogo, por qualquer modo, em florestas e demais formas de vegetação, sem tomar as
precauções adequadas; [...]; l) empregar, como combustível, produtos florestais ou hulha,
sem uso de dispositivo que impeça a difusão de fagulhas, suscetíveis de provocar incêndios
nas florestas.
Recentemente, o Decreto Federal n. 6.514, de 22 de julho de 2008 (BRASIL, 2008),
complementado pelo Decreto Federal n. 6.686, de 10 de dezembro de 2008 (BRASIL, 2008),
unificaram as normas legais sobre procedimentos administrativos para apuração de infrações
penais, que até então se encontravam esparsas. Estes decretos dispõem sobre as infrações e
sanções administrativas (multas) ao meio ambiente e tratam da matéria sobre incêndios
ambientais (Anexo 1).
Referência: FARIA, Álvaro B. de C. Atribuições na elaboração de Laudos Técnicos de Incêndios Ambientais. In: WACLAWOVSKY,
Alessandro J., et al. (Org.); Sistemas de Produção Agropecuária. Dois Vizinhos PR: UTFPR, 2010. p. 304-322.
utilização de técnicas de queima controlada para redução do material combustível em planos
de prevenção, porém, seu parágrafo único, dispõe que se peculiaridades locais ou regionais
justificarem o emprego do fogo em práticas agropastoris ou florestais, a permissão será
estabelecida em ato do Poder Público, circunscrevendo as áreas e estabelecendo normas de
precaução.
A Medida Provisória no. 2.166-67, de 24 de agosto de 2001, que altera alguns artigos e
acrescenta dispositivos ao Código Florestal, em seu § 2º, entende que as atividades de
prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de invasoras e
proteção de plantios com espécies nativas, conforme resolução do Conama são
imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, e são de interesse social.
Referência: FARIA, Álvaro B. de C. Atribuições na elaboração de Laudos Técnicos de Incêndios Ambientais. In: WACLAWOVSKY,
Alessandro J., et al. (Org.); Sistemas de Produção Agropecuária. Dois Vizinhos PR: UTFPR, 2010. p. 304-322.
Indiretamente, a quebra de dormência e germinação de plantas herbáceas e arbustivas
(MARTINS et al., 2002; MELO et al., 2007) pode favorecer a regeneração dos ecossistemas,
o chamamento dos herbívoros como os cervídeos (HERINGER; JACQUES, 2001;
KOPROSKI, 2005; ODUM; BARRETT, 2007) e de seus predadores (ABREU et al., 2004). A
ocorrência natural de incêndios devido às descargas elétricas (raios) em biomas como o
Cerrado, geralmente sucedidos pelas chuvas, são eventos fundamentais nesta dinâmica
ecológica.
De fato, pode ser notável o poder de resistência e resiliência das plantas do Cerrado –
muitas tortuosas (como p.ex. o pequi, Caryocar brasiliensis; os ipês, Handroanthus spp.; a
goiabeira, Psidium guajava, etc.) - ao fogo natural que, em linhas gerais, causa baixo impacto
nas camadas mais profundas do solo, onde as plantas desenvolveram estratégias de
armazenamento de água e nutrientes pelo sistema radicular. Muitas destas possuem espessas
cascas que protegem os tecidos vivos das espécies arbóreas. E também, possuem a capacidade
de emitirem rapidamente novas brotações foliares, depois da ação do fogo.
Nessa linha de raciocínio, é provável que as maiores perdas em biodiversidade
ocasionadas pela ação dos incêndios florestais venham a ocorrer quando o fogo alcance as
copas das árvores (ODUM; BARRETT, 2007). Primeiramente, porque os galhos não estarão
protegidos por suas cascas tanto quanto como ocorre na base destas plantas. E também, em
função do impacto sobre a fauna que ali se abriga, com muitas espécies ameaçadas de
extinção, e outras ainda nem conhecidas pela ciência. Ao que tudo indica, os pesquisadores
hão que desvendar estas dinâmicas para todos os principais biomas do país, como a
Amazônia, a Caatinga, o Cerrado, o Pantanal, as zonas de transição, as zonas costeiras, a Mata
Atlântica e os Campos Sulinos.
3. Considerações Finais
A repressão dos incêndios ambientais continuará com reduzida eficácia caso os órgãos
ambientais sigam desarticulados. Os decretos federais 6.514/2008 e 6.686/2008, que
estipulam sanções a quem comete crime ambiental (Anexo 1), foram um avanço neste
sentido, mas ainda não são produzidos laudos padronizados e com metodologias consolidadas
na valoração econômica das multas. Não se fazem avaliações do efeito do fogo na vegetação e
fauna, favorecendo a impunidade sobre quem agride o meio ambiente.
As leis ambientais ainda encontram-se muito esparsas e o assunto está longe de ser
esgotado. Trata-se de um desafio para engenheiros e profissionais técnicos voltados ao tema
“incêndios florestais e ambientais” entrarem no âmbito das discussões legais, e da mesma
forma, um desafio para os profissionais das esferas jurídicas analisarem a questão “fogo” por
uma perspectiva mais técnica, no sentido de valorizarem o instituto da “perícia” em seu
sentido mais amplo.
Ainda existe uma lacuna não preenchida sobre a atribuição legal de agentes do poder
público (princípio da legalidade) que devem diagnosticar tecnicamente o efeito dos incêndios
na vegetação e nos animais. Trata-se de um serviço ambiental a ser custeado pelo poder
público, independente se desenvolvido por agentes do governo (devidamente habilitados), ou
pela iniciativa privada, através da terceirização de serviços na área de levantamentos sobre
incêndios ambientais.
Diante deste quadro, evidencia-se que o poder público pode estar deixando de arrecadar
recursos de multas ao deixar de averiguar a culpabilidade dos incêndios, como os causados
em áreas de eminente valor ecológico, como em Unidades de Conservação, ou em queimadas
não fiscalizadas, e ocorrências decorrentes do uso do fogo sem responsabilidade técnica.
Referência: FARIA, Álvaro B. de C. Atribuições na elaboração de Laudos Técnicos de Incêndios Ambientais. In: WACLAWOVSKY,
Alessandro J., et al. (Org.); Sistemas de Produção Agropecuária. Dois Vizinhos PR: UTFPR, 2010. p. 304-322.
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Anexo1 – Artigos dos Decretos 6.514/08 e 6.686/2008 que dispõem sobre multas no caso de
incêndios florestais.
CAPÍTULO; ARTIGO DISPOSIÇÃO E MULTA
SEÇÃO;
SUBSEÇÃO.
CAPÍTULO I - DAS Art. 16. No caso de áreas § 1o O agente autuante deverá colher todas as provas possíveis de
INFRAÇÕES E irregularmente desmatadas ou autoria e materialidade, bem como da extensão do dano, apoiando-se
SANÇÕES queimadas, o agente autuante em documentos, fotos e dados de localização, incluindo as
ADMINISTRATIVAS embargará quaisquer obras ou coordenadas geográficas da área embargada, que deverão constar do
AO MEIO atividades nelas localizadas ou respectivo auto de infração para posterior georreferenciamento.
AMBIENTE; Seção I desenvolvidas, excetuando as (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
- Das Disposições atividades de subsistência. (Redação
Gerais; […] Subseção dada pelo Decreto nº 6.686, de § 2o Não se aplicará a penalidade de embargo de obra ou atividade,
III: 2008). ou de área, nos casos em que a infração de que trata o caput se der
fora da área de preservação permanente ou reserva legal, salvo
Das Demais Sanções quando se tratar de desmatamento não autorizado de mata nativa.
Administrativas (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
CAPÍTULO I; […] Art. 24. Matar, perseguir, caçar, I - R$ 500,00 (quinhentos reais) por indivíduo de espécie não
Seção III: Das apanhar, coletar, utilizar espécimes constante de listas oficiais de risco ou ameaça de extinção;
Infrações da fauna silvestre, nativos ou em
Administrativas rota migratória, sem a devida II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por indivíduo de espécie constante
Cometidas Contra o permissão, licença ou autorização da de listas oficiais de fauna brasileira ameaçada de extinção, inclusive
Meio Ambiente; autoridade competente, ou em da Convenção de Comércio Internacional das Espécies da Flora e
Subseção I – desacordo com a obtida: Fauna Selvagens em Perigo de Extinção - CITES. (Redação dada
pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
Das Infrações Contra a
FAUNA
Referência: FARIA, Álvaro B. de C. Atribuições na elaboração de Laudos Técnicos de Incêndios Ambientais. In: WACLAWOVSKY,
Alessandro J., et al. (Org.); Sistemas de Produção Agropecuária. Dois Vizinhos PR: UTFPR, 2010. p. 304-322.
Continuação...
CAPÍTULO; SEÇÃO; ARTIGO DISPOSIÇÃO E MULTA
SUBSEÇÃO.
CAPÍTULO I; […] Seção III: Das Art. 43. Destruir ou danificar florestas ou demais Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a
Infrações Administrativas formas de vegetação natural ou utilizá-las com R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), por
Cometidas Contra o Meio infringência das normas de proteção em área hectare ou fração.
Ambiente; Subseção II – considerada de preservação permanente, sem
autorização do órgão competente, quando exigível,
ou em desacordo com a obtida: (Redação dada pelo
Decreto nº 6.686, de 2008).
Art. 49. Destruir ou danificar florestas ou qualquer Multa de R$ 6.000,00 (seis mil reis) por
tipo de vegetação nativa, objeto de especial hectare ou fração.
preservação, não passíveis de autorização para Parágrafo único. A multa será acrescida
Das Infrações Contra a FLORA exploração ou supressão: (Redação dada pelo de R$ 1.000,00 (mil reais) por hectare ou
Decreto nº 6.686, de 2008). fração quando a situação prevista no
caput se der em detrimento de vegetação
primária ou secundária no estágio
avançado ou médio de regeneração do
bioma Mata Atlântica.
Art. 50. Destruir ou danificar florestas ou qualquer Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais)
tipo de vegetação nativa ou de espécies nativas por hectare ou fração.
plantadas, objeto de especial preservação, sem § 1o A multa será acrescida de R$
autorização ou licença da autoridade ambiental 500,00 (quinhentos reais) por hectare ou
competente: fração quando a situação prevista no
caput se der em detrimento de vegetação
secundária no estágio inicial de
regeneração do bioma Mata Atlântica.
§ 2o Para os fins dispostos no art. 49 e
no caput deste artigo, são consideradas de
especial preservação as florestas e demais
formas de vegetação nativa que tenham
regime jurídico próprio e especial de
conservação ou preservação definido pela
legislação.
Art. 58. Fazer uso de fogo em áreas agropastoris Multa de R$ 1.000,00 (mil reais), por
sem autorização do órgão competente ou em hectare ou fração.
desacordo com a obtida:
Art. 59. Fabricar, vender, transportar ou soltar Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$
balões que possam provocar incêndios nas florestas 10.000,00 (dez mil reais), por unidade.
e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou
qualquer tipo de assentamento humano:
Art. 60. As sanções administrativas previstas nesta I - ressalvados os casos previstos nos arts.
Subseção serão aumentadas pela metade quando: 46 e 58, a infração for consumada
mediante uso de fogo ou provocação de
incêndio; e
II - a vegetação destruída, danificada,
utilizada ou explorada contiver espécies
ameaçadas de extinção, constantes de
lista oficial.
Subseção III – Art. 61. Causar poluição de qualquer natureza em Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a
níveis tais que resultem ou possam resultar em R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de
danos à saúde humana, ou que provoquem a reais).
mortandade de animais ou a destruição significativa Parágrafo único. As multas e demais
Das Infrações Relativas à da biodiversidade: penalidades de que trata o caput serão
Poluição e outras Infrações aplicadas após laudo técnico elaborado
Ambientais pelo órgão ambiental competente,
identificando a dimensão do dano
decorrente da infração e em
conformidade com a gradação do
impacto.
Referência: FARIA, Álvaro B. de C. Atribuições na elaboração de Laudos Técnicos de Incêndios Ambientais. In: WACLAWOVSKY,
Alessandro J., et al. (Org.); Sistemas de Produção Agropecuária. Dois Vizinhos PR: UTFPR, 2010. p. 304-322.