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1ª Aula Prática – Percepção, Notação e Linguagem Musical

Profª Me. Lílian Sobreira Gonçalves

O objetivo desta primeira aula é motivar o aluno a trabalhar com a linguagem


musical. De modo específico, vamos deixar a linguagem musical acessível,
compreensível ao aluno. Que ele compreenda a importância da notação para a
preservação da música, em contraposição a tradição oral. A aula está estruturada
pensando no aluno que não tem nenhum conhecimento prévio, mas é importante que
a dinâmica seja atraente também para os alunos que já dominam a linguagem musical.
Para a segunda parte da aula, objetivamos oferecer ao aluno a compreensão da
formação dos compassos simples, e determinação de todas as U.T. (unidades de tempo)
e U.C. (unidades de compasso) destes compassos. No decorrer da aula serão propostas
atividades para aferir a compreensão dos elementos estudados.

INTRODUÇÃO – 10 minutos:
Com os alunos sentados nas carteiras, chame o aluno que estiver sentado na
primeira carteira da primeira fila para perto de você. Explique para a turma que você vai
cantar um trecho musical somente para aquele aluno. Na sequência aquele aluno
deverá cantar o mesmo trecho para o colega de trás (ou do lado), sem que os demais da
turma ouçam, e sucessivamente, até passar por todos os alunos da sala. (Lembram da
clássica brincadeira de “telefone sem fio”? Então! É um “telefone sem fio musical”!)
Sugestão de melodia:

Você poderá criar uma melodia própria, que não seja tão óbvia como uma escala em
graus conjuntos, e nem tão complicada que o aluno não consiga reproduzir quase nada.
É difícil que o trecho seja preservado na íntegra. Em geral alguma nota acaba se
perdendo, o ritmo fica impreciso, etc. O último aluno deverá cantar o trecho para você
novamente. Você então cantará o trecho que ouviu do aluno para toda a turma e em
seguida cantar o trecho original. É importante que o trecho original esteja escrito ou
gravado, para que não se perca diante das variações possíveis que aparecerão.
Caso o trecho seja reproduzido fielmente igual ao original (nunca aconteceu nas minhas
aulas!), ressalte a fragilidade do meio de transmissão, e que qualquer variação na
passagem de um aluno para outro poderia gerar um trecho diferente do original.
Partindo da constatação da diferença entre o trecho inicial e o final, explique a
necessidade de um sistema de notação que preserve com exatidão o que foi composto,
uma vez que a tradição oral não “dá conta” de preservar a música exatamente como foi
composta. Reforce para os alunos a dificuldade na tentativa de preservar oralmente
uma melodia simples e curtinha, e isso se mostra quase impossível na execução de peças
maiores, com diversos instrumentos, peças sinfônicas, etc. Esse é o maior objetivo da
linguagem musical: preservar a música através dos tempos.
Você também pode ilustrar esta parte da aula pedindo aos alunos que cantem
uma melodia folclórica conhecida da sua região. Pergunte se alguém conhece a melodia
(ou letra) de modo diferente, exemplificando essas diferenças que acontecem quando
a preservação da música é transmitida oralmente.

PARTE 1 – Aproximadamente 1 hora:


Slide 3 – 6: exemplifique cada um dos parâmetros do som para os alunos. Você pode
utilizar a voz ou um instrumento mostrando as variações entre agudo e grave, forte e
piano, etc.
Slide 7 - 10: mostre a relação entre os elementos do som e como eles são representados
na notação musical. A cada slide, enfatize o elemento que está sendo apresentado.
Slide 11: Explique que os slides a seguir relacionam-se a um único parâmetro do som: a
duração.
Slide 12 – 16: trabalhe a divisão proporcional. Só vamos entrar em U.T. e U.C. na segunda
parte da aula, mas é importante que os alunos compreendam com clareza essa relação
entre as figuras. Uma figura vale o dobro da outra, que vale metade da outra, etc. Faça
os exemplos junto com os alunos e se desejar proponha outros com este mesmo
conteúdo.
Slide 17: dê um tempo para que os alunos resolvam as questões propostas e depois
corrija, junto com eles, retirando as eventuais dúvidas.
Slide 18 – 19: explique o conceito de pausa e que a música é feita de som e de silêncio.
Slide 20 – 21: explique o conceito de ponto de aumento enfatizando os seguintes
pontos:

 O ponto vale a metade da figura que pontua (ou seja, se uma mínima com valor
de 2 tempos é pontuada, o ponto vale 1 tempo ficando a figura pontuada com o
valor de 3 tempos), no entanto, se houver um segundo ponto, ele vale a metade
do valor do primeiro ponto e não da figura. Então, no exemplo dado, o primeiro
ponto vale 1 tempo, o segundo vale ½ tempo, o terceiro ¼ de tempo e assim por
diante.
 Esclareça que não há limite para o número de pontos a ser utilizado (tem alunos
que acham que não podem usar mais de dois), mas é claro, há que se usar bom
senso (dificilmente veríamos uma figura com 5 pontos, por exemplo, embora não
haja nenhum impedimento ‘teórico’ para que ela exista).
Faça aqui um breve intervalo. Retome a aula às 10 horas, sem atrasar. A segunda parte
da aula é densa e vai precisar de tempo para ser desenvolvida.

PARTE 2 – Compassos (aproximadamente 1 hora e 10 minutos)


Inicie esta segunda parte explicando aos alunos que o que foi visto até agora foi uma
proporcionalidade entre as figuras, mas para sabermos exatamente o valor de cada figura, é
preciso conhecer previamente qual será a figura que terá a duração de 1 tempo. O tempo é o
que percebemos na música com pulso ou pulsação.

Cante com os alunos algumas melodias conhecidas (Cai, cai balão... Parabéns p’ra você...). Peça
aos alunos que marquem o pulso da música com palmas, batidas na carteira, estalos de dedos,
ou qualquer outra marcação a seu critério.

Chame a atenção dos alunos para este pulso, ressaltando que o pulso está presente em todas as
músicas. Quando marcamos o pulso, estamos marcando a figura que tem o valor de um tempo.
Esta figura é especialmente importante e chama-se UNIDADE DE TEMPO.

Slide 23 - 26: leitura dos slides e breves explicações. Se houver questões dos alunos,
procure ir respondendo à medida em que surgirem.
Provoque os alunos com perguntas como: “Já sabemos o que é U.T e U.C. mas como
iremos determinar qual será essa figura que terá duração de 1 tempo?” “Como vamos
saber qual a figura que preencherá todo o compasso?” Após esta breve ‘provocação’,
apresente a afirmação a seguir:
“A fórmula de compasso fornece todas as informações necessárias para a determinação
da U.T. e U.C..”
Slide 27 e 28: faça um breve parêntesis explicitando o que é numerador e denominador
da fração. Muitos alunos confundem esse conceito básico. Numerador - parte de cima,
denominador - parte de baixo.
Slide 29: assista com os alunos o vídeo proposto. É um vídeo que traz importantes
conceitos sobre U.T. e U.C., e em geral os alunos não assistem. Ele tem um pouco menos
de 10 minutos.
Slide 30: Ofereça um tempo para que eles resolvam os exercícios e corrija com eles.
Resposta para o exercício proposto:

a) 3/8 U.T. = colcheia; U.C. = semínima pontuada.


b) 2/2 U.T. = mínima; U.C. = semibreve.
c) 4/16 U.T. = semicolcheia; U.C. = semínima.
d) 3/32 U.T. = fusa; U.C. = semicolcheia pontuada.
e) 2/4 U.T. = semínima; U.C. = mínima
MUITO IMPORTANTE!!!!
Um dos maiores equívocos dos alunos (em atividades, provas, encontros presenciais,
etc.) é achar que assim como o denominador determina a unidade de tempo, o
numerador determina a unidade de compasso. Isso não é correto!
O numerador determina o número de tempos do compasso. Com base nele, saberemos
quantas figuras (unidade de tempo) serão usadas para preencher o compasso. Esclareça
esta questão de modo bem enfático para evitar este erro.

Um erro comum:
Compasso 2/4 – determinar U.T. e U.C.:
O aluno escreve: U.T. = 4, U.C. = 2.
Unidade de tempo e de compasso não são números! São figuras musicais!
Neste exemplo a resposta correta é: U.T. = semínima, U.C. = mínima.

Folha de atividades: com a folha de atividades, trabalhe com os alunos a leitura das células
rítmicas. Utilize a marcação de pulso com batidas de lápis na carteira, ou estalos de dedos, por
exemplo, e a leitura rítmica sempre com voz (tá, tá-tá, ta-a...) para que o tempo de cada nota
seja o mais exato possível. Leia repetidas vezes cada grupo antes de fazer as leituras rítmicas
(uma pauta por vez). Ao final, havendo bom desenvolvimento da turma, leia as 4 pautas de uma
vez só.

Demonstre a diferença entre a semínima e a colcheia (som mais longo e mais curto),
para evitar que sejam tomadas como iguais na execução.

Finalizando, crie dois exemplos de quatro compassos para um ditado rítmico com a
turma. Como se trata do primeiro exercício de percepção e escrita rítmica, sugiro manter a
semínima como unidade de tempo para fixar a proporcionalidade entre as figuras. Mantenha
para o ditado exatamente os mesmos grupos que foram trabalhados na leitura. Caso a turma
mostre um bom domínio do conteúdo, proponha também leituras e ditados em compassos com
denominador 2 e 8.

PARTE 3 – Claves e Notas (Aproximadamente 50 minutos. Convém deixar em torno de


30 minutos para a realização da atividade).
Slide 33 – 34: leitura e breve explicação.
Slide 35: cante a escala de dó maior com os alunos (ascendente e descendente).
Slide 36: Mostre a escrita das notas que foram cantadas e vá apontando para cada nota
na medida em que a escala vai sendo entoada.
 Sugestão: aponte para as notas da escala de forma aleatória e peça aos alunos
que cantem a nota que você apontou na altura correta.
Slide 37: Peça que os alunos se dividam em grupos para realizar a atividade do slide.
Slide 38 – 42: Acompanhe com os alunos o exemplo proposto, retirando dúvidas e
explicando os elementos que vão sendo incorporados.
É muito interessante e importante (havendo tempo) que cada grupo coloque sua
partitura no quadro e apresentem para a turma o que escreveram (sem apoio de
instrumento, somente usando o solfejo). O instrumento pode ser usado somente para
tocar a escala de dó maior, dando a nota inicial e o contexto tonal.
Se não houver tempo para que todos apresentem suas composições, tente selecionar
pelo menos dois grupos para fazerem isso. É enriquecedor para toda a turma
Se houver algo incorreto, corrija no quadro, até que a partitura e a execução estejam
idênticas. Mesmo havendo alunos mais experientes que desejem usar outras
tonalidades, trechos maiores e compassos compostos, insista para que se mantenham
fiéis a proposta da atividade para que toda a turma possa compreender com clareza os
trechos que serão escritos.

Boa aula para todos!

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