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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES – NITERÓI

LÍDIA MUNIZ TRINDADE

11302101-2

O PSICOPATA À LUZ DO DIREITO PENAL BRASILEIRO

ARTIGO CIENTÍFICO
BACHARELADO EM DIREITO

NITERÓI
2017
LÍDIA MUNIZ TRINDADE1

11302101-2

O PSICOPATA Á LUZ DO DIREITO PENAL BRASILEIRO

Artigo Científico apresentado à banca


examinadora da Universidade Candido
Mendes – Niterói, como exigência parcial
para a obtenção do grau de bacharel em
Direito.

ORIENTADOR: Professora Taiane Moreira de Mello

NITERÓI
2017

11
Lídia Muniz Trindade. Cursando Bacharel em Direito Pela Universidade Cândido Mendes Campus Niterói.
Lattes <http://lattes.cnpq.br/3602591445541171> Acessado em novembro de 2017.
LÍDIA MUNIZ TRINDADE
11302101-2

O PSICOPATA Á LUZ DO DIREITO PENAL BRASILEIRO

Artigo Científico apresentado à banca


examinadora da Universidade Candido
Mendes – Niterói, como exigência parcial
para a obtenção do grau de bacharel em
Direito.

Nota: ________________

Aprovada ( )

Aprovada com louvor ( )

Aprovada com restrições ( )

Reprovada ( )

Data: ___/___/_____

____________________________________________________
Professora Taiane Moreira de Mello
Universidade Cândido Mendes

_____________________________________________________

Professor (a) Convidado (a)

NITERÓI
2017
RESUMO

O estudo aborda os aspectos pertinentes ao tratamento que é dado ao criminoso psicopata


no sistema judiciário e no cotidiano forense do Brasil. Objetiva analisar a responsabilidade
criminal dos psicopatas diante do arcabouço jurídico de normas brasileiras, tendo como
base os pressupostos teóricos que fundamentam a Teoria do crime, ou seja, concepções
teóricas com base no conceito de crime adotado no Brasil, analisando mais precisamente o
elemento culpabilidade. Comparando a concepção jurídica ao tratamento que médicos,
psiquiatras e especialistas em criminologia dão ao tema. Conclui-se por tanto com base
nestes estudos que os criminosos psicopatas são imputáveis, porém devem passar por
análises e perícias médicas para que seja analisada a condição subjetiva do agente. Apenas
laudos e perícias médicas servem de fundamento para justificar qualquer circunstancia que
afaste a culpabilidade do psicopata.

Palavras chave: Psicopatas; Direito Penal; Imputabilidade; Direito Brasileiro;


Culpabilidade do Psicopata; Teoria do Crime.

ABSTRACT

The study addresses the aspects pertinent to the treatment that is given to the criminal
psychopath in the judicial system and the forensic routine of Brazil. It aims to analyze the
criminal responsibility of psychopaths before the legal framework of Brazilian norms,
based on the theoretical assumptions underlying the Crime Theory, that is, theoretical
conceptions based on the concept of crime adopted in Brazil, analyzing more precisely the
culpability element. Comparing the legal conception to the treatment that doctors,
psychiatrists and criminology specialists give to the subject. It is therefore concluded from
these studies that psychopathic criminals are imputable, but must undergo medical analysis
and expertise to analyze the subjective condition of the agent. Only reports and medical
reports serve as grounds for justifying any circumstance that removes the guilt of the
psychopath.

Keywords: Psychopaths; Criminal Law; Imputability; Brazilian Law; Guilty of the


Psychopath; Crime Theory.
SUMÁRIO

SUMÁRIO: 1. INTRODUÇÃO; 2. DOS PRINCÍPIOS; 2.1. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE


DA PESSOA HUMANA; 2.2. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA; 2.3.
PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE; 2.4. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE; 2.5.
PRINCÍPIO DA HUMANIDADE; 3. CRIME; 3.1. CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME;
3.2. CRIMINOLOGIA; 3.3 SISTEMA VICARIANTE OU UNITÁRIO E O DUPLO
BINÁRIO; 4. A PSICOPATIA; 4.1. O PSICOPATA NATO; 4.2. O PSICOPATA E O
DIREITO PENAL BRASILEIRO; 4.2.1. CORRENTES DIVERGENTES; 4.2.2. A
PSICOPATIA E A IMPUTABILIDADE; 4.2.3. A PSICOPATIA ANALISADA NO
CASO CONCRETO PELO MAGISTRADO; 4.2.4. A PSICOPATIA E A SEMI
IMPUTABILIDADE; 4.2.5. A PSICOPATIA E A INIMPUTABILIDADE; 5. MEDIDA
DE SEGURANÇA; 5.1. DIFERENÇA ENTRE PENA E MEDIDA DE SEGURANÇA;
5.2. ESPÉCIES DE MEDIDA DE SEGURANÇA; 5.2.1. DA INTERNAÇÃO; 5.2.2. DO
TRATAMENTO AMBULATORIAL; 6. CONCLUSÃO; REFERÊNCIAS
6

1 – INTRODUÇÃO

O presente estudo falará sobre o perfil do psicopata, uma pessoa que possui algum
tipo de desordem psicológica, caracterizado por um transtorno de personalidade
antissocial, tem distúrbio psíquico e manipulam as pessoas sem sentir remorso.

Para debruçarmos sobre o tema teremos como base principal o nosso Código Penal
Brasileiro, o Código de Processo Penal e demais leis existentes em nosso ordenamento
jurídico, além de estudos científicos de médicos e psicanalistas, de onde emerge o
tema da pesquisa que é o estudo do psicopata à luz do direito penal brasileiro. A temática
da mente criminosa sempre foi objeto de estudo do Direito Penal que está ligada à
criminologia, ciência que analisa a conduta de um delinquente e as circunstâncias de
um crime, com o objetivo de criar leis penais para a aplicação nos casos concretos.

Nessa mesma linha, o estudo abordará a imputabilidade do psicopata diante das


regras contidas no arcabouço jurídico brasileiro, correlacionando com princípios e garantias
fundamentais, fazendo uma análise sobre a teoria do crime e o elemento da culpabilidade.

Com essas informações, pretende induzir o leitor a refletir sobre a que ponto o
psicopata é culpado por cometer crimes, tendo em vista a teoria do crime adotada no Brasil,
as garantias constitucionais e laudos e perícias médicas.

O tema é polêmico e gerador de muitos debates, por esse e outros fatores que deixa
nítida a necessidade desse debate nos ambientes acadêmicos.

Para ilustrar melhor o tema, deixo-lhes a fábula “ O escorpião e o Sapo”:

Certa vez, um escorpião aproximou-se de um sapo que estava na beira de um rio.


O escorpião vinha fazer um pedido: "Sapinho, você poderia me carregar até a
outra margem deste rio tão largo?" O sapo respondeu: "Só se eu fosse tolo! Você
vai me picar, eu vou ficar paralisado e vou afundar. "Disse o escorpião: "Isso é
ridículo! Se eu o picasse, ambos afundaríamos." Confiando na lógica do
escorpião, o sapo concordou e levou o escorpião nas costas, enquanto nadava
para atravessar o rio. No meio do rio, o escorpião cravou seu ferrão no sapo.
Atingido pelo veneno, e já começando a afundar, o sapo voltou-se para o
escorpião e perguntou: "Por quê? Por quê?" E o escorpião respondeu: "Por que
7

sou um escorpião e essa é a minha natureza." 2

Esta fábula ilustra bem como se comportam os psicopatas na sociedade, e também


nos faz refletir sobre a natureza dessas pessoas. Em que proporção a formação biológica ou
algum trauma sofrido irá interferir nas escolhas de um psicopata? É possível aferir isso?
Sabemos que a psicopatia não se trata de doença mental que exclui a culpabilidade, mas
sim, transtorno comportamental, o que dificulta ainda mais o tratamento jurídico de pessoas
com esses tipos de transtorno. Esses são problemas que o direito vem enfrentando a um
bom tempo, num campo cheio de incertezas onde tentaremos de forma interdisciplinar
tratar sobre o assunto e buscar soluções que diminuam os prejuízos causados pela falta de
atenção dada a um assunto extremamente delicado.

2- DOS PRINCÍPIOS

2
Fábula africana “O escorpião e o Sapo”. Disponível em: <http://www.geocities.ws/HotSprings/5967/
parabola.html> . Acessado em Novembro de 2017.
8

2.1- Princípio da Dignidade da Pessoa Humana

Trata-se de um princípio constitucional. É um fundamento da República Federativa


do Brasil. No inciso III, do artigo 1°, da CRFB/88 , o constituinte deixa claro , que o Estado
Democrático de Direito tem como fundamento a dignidade da pessoa humana na qual, todo
ser humano deve ser respeitado como pessoa, não devendo ser prejudicado na sua
existência.

Sendo assim, o psicopata também é ser humano necessita ser tratado com dignidade.
É necessário manter o juízo reprobatório das condutas dessa pessoas com traços
psicopáticos, mas ainda assim é necessário trata-los com a mesma dignidade que é devida a
todas as outras pessoas. Respeitando-lhes a dignidade, não permitindo que sejam violadas
regras referente ao processo penal, nem mesmo que sejam feridos princípios e garantias
constitucionais que lhes são devidos.

2.2- Princípio da Intervenção Mínima

Este princípio da intervenção mínima começou a ser observada a partir da


fragmentariedade do Direito Penal. Vem da Declaração de Direitos do Homem e do
cidadão, de 1789, onde foi determinado pelo artigo 8° que a lei apenas deveria prever as
penas estritamente necessárias.3

De acordo com este princípio, o Estado só deve intervir com o direito penal como
"ultima rátio", ou seja, somente após se esgotarem todas as demais esferas da ordem
jurídica que resolvam o problema, por isso é subsidiário.

Para BITENCOURT o princípio da intervenção mínima restringe o poder


incriminador do Estado, onde recomenda que a criminalização de uma conduta só seja
efetivada se realmente for o meio necessário para proteger determinado bem jurídico. Ou
seja, se houver outro meio de controle social ou outras formas de sanção e forem suficientes
para a tutela do bem, sua criminalização é inadequada e não recomendada, pois quando os
demais ramos do direito revelarem-se incapazes de tutelar os bens sociais relevantes , é que

3
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Volume 1, parte geral . - 15. ed. São Paulo : Saraiva, 2011, p. 36.
9

se aplica o Direito Penal.

Diante disso, importante analisarmos a psicopatia como um distúrbio


comportamental, e questionar se uma pessoa com tendência a psicopatia deve ser
penalizada ou tratada em clínicas especializadas no assunto. Se o direito penal é a ultima
rátio, porque utilizá-lo em pessoas que precisam de tratamento médico ao invés de pena?
Por esses e outros questionamentos que existe o referido princípio que justifica a opção das
medidas de segurança nos casos em que o Juiz entender necessário.

2.3- Princípio da Culpabilidade

O princípio da culpabilidade para TOLEDO é entendido como a exigência de um


juízo de reprovação jurídica em que o indivíduo fez uma escolha pelo comportamento
ilícito ao invés do lícito. Ou seja, o autor do fato poderia ter evitado cometer aquele ato,
mas não o fez. Trata-se de um juízo de reprovação sobre essa manifestação de vontade do
indivíduo.

“deve-se entender o princípio da culpabilidade como a exigência de um juízo de


reprovação jurídica que se apoia sobre a crença – fundada na experiência da vida
cotidiana – que ao homem é dada a possibilidade de, em certas circunstancias,
‘agir de outro modo’.”4

O Código Penal Brasileiro adotou a teoria finalista da ação, que considera como
típico o fato praticado pelo agente, se houve dolo ou culpa na sua conduta, e se ausente tais
elementos será conduta atípica. Logo, os elementos que integram a culpabilidade são: a
imputabilidade, a exigibilidade de conduta diversa e a potencial consciência da ilicitude.

A teoria finalista leva em conta o motivo pela prática do delito, diferente da teoria
causal que se contenta apenas na relação de causa e efeito, sem se importar com o valor da
ação.

Nesse sentido, para a teoria finalista, o importante é saber se o agente atuou com
culpa ou dolo, e se não houver presente tais elementos , a sua conduta será considerada

4
TOLEDO 1994, apud GRECO, 2017, p. 169.
10

atípica. Já para a teoria causal a sua conduta seria típica, mas o agente não seria culpável
pela ausência da culpa e dolo, que fazem parte da culpabilidade para a referida teoria.

As excludentes da culpabilidade (inimputáveis) estão descritos nos artigos 26 e 27,


do Código Penal:

Inimputáveis

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento


mental incompleto ou retardado, era , ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.

Redução da pena

Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços , se o agente, em


virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Menores de dezoito anos

Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando


sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.5

2.4- Princípio da Legalidade

O Princípio da Legalidade encontra-se no artigo 5º , inciso XXXIX , da Constituição


Federal , " não há crime sem lei anterior que o defina , nem pena sem prévia cominação
legal" .

Esse princípio é uma garantia para todos os cidadãos, pois através dele, os
indivíduos estarão protegidos pelos atos cometidos por outros indivíduos e pelo o Estado,
uma vez que há uma limitação no poder estatal de interferir nas liberdades e garantias
individuais de cada cidadão. Sendo proibido apenas a prática de algo que a lei proíba ,
conforme o artigo 5º , inciso II , CF.

É também vedada a retroatividade da lei penal, salvo para o benefício do réu , como
diz o inciso XL do mesmo artigo. Tal princípio é válida somente para a lei escrita , sendo

5
BRASIL, Decreto Lei 2848/40 de 1940, art. 26 e 27.
11

vedada a criação de crimes e penas por meio de costumes . Embora para TOLEDO, o
direito costumeiro não está totalmente abolido na esfera penal.6

2.5- Princípio da Humanidade

Uma das principais conquistas da reforma penal brasileira é a vedação de penas


cruéis e infames. Segundo Montesquieu deve existir a justa proporção das penas aos crimes
e Beccaria indicava a necessidade da utilização da ponderação para as penas impostas.

Desde a Declaração de Direitos de 1689 da Inglaterra, a Declaração dos Direitos do


Homem e do Cidadão de 1789 da França, a Carta de Direitos de 1791 dos Estados Unidos e
posteriormente a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), adotada pela
Organização das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, diz que as penas devem ser
proporcionais ao delito e também devem ser úteis a sociedade. Zaffaroni é citado por
Batista dizendo que a pena não deve desconhecer o réu enquanto pessoa humana * . Tal
princípio está fundamentado na Carta Magna em seu artigo 5°, incisos III , XLVI , XLVII e
XLIX em que asseguram , respectivamente, a proibição da tortura e trabalhos degradantes
ou desumanos ; a regulamentação da individualização da pena e também a adoção a
privação ou a restrição de liberdade , a perda de bens , a multa , a prestação social
alternativa , a suspensão ou interdição de direitos , entre outras. A proibição da pena de
morte , salvo em caso de guerra declarada ; a proibição das penas de caráter perpétuo e de
trabalhos forçados ; as de banimento e as cruéis. E por último o asseguramento pelo
respeito á integridade física e moral dos presos.

Luigi Ferrajoli e Magalhães acreditam que um Estado que tortura , que humilha e
mata o cidadão não só perde a sua legitimidade , mas também se iguala ao mesmo nível dos
mesmos delinquentes que sofrem com a falta da dignidade de pessoa humana . O bem estar
físico e mental dos presos deve ser assegurado. Não é mais como antigamente com a
política do " olho por olho , dente por dente " como na Lei de Talião .

Os princípios e garantias contra os excessos punitivos estão integrados no artigo 5 °


da Constituição nos seus incisos XXXIX - pelo princípio da legalidade ; XL - princípio da

6
TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios Básicos Do Direito Penal. - 5. Ed. São Paulo: Saraiva, 1994, p. 24.
12

irretroatividade da lei penal ; XLV - princípio da pessoalidade ; XLVI - princípio da


individualização da pena ; e XLVII - princípio da humanidade .

Além das penas aplicáveis aos imputáveis, há também as medidas de segurança e


medidas socioeducativas aos inimputáveis.

Dessa forma, o referido princípio deve ser entendido de maneira ampla, desprendido
das paixões e preconceitos pertinentes a sociedade, aplicando assim, todas as garantidas de
todo e qualquer ser humano, também aos portadores de distúrbios comportamentais.
Devemos considerar que uma pessoa não deve ser eternamente julgada por um crime e
também que ninguém pode ser eternamente condenado por comportamentos que derivam
da natureza biológica do seu ser.
13

3. CRIME

O art. 1° da Lei de Introdução ao Código Penal Brasileiro, define crime como:

Art. 1° Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão
ou de detenção , quer isoladamente , quer alternativa ou cumulativamente com a
pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente,
pena de prisão simples ou multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.7

Dizia o parágrafo 1º do art. 2º do Código Criminal do Império: " Julgar-se-à crime


ou delicto: Toda ação ou omissão voluntária ás leis penais".

O art. 2º do nosso primeiro Código Penal Republicano (1890) se expressava da


seguinte maneira: "A violação da lei penal consiste em ação ou omissão; constituem crime
ou contravenção ".

Não existe um conceito de crime fornecido pelo legislador. Seu conceito é puramente
doutrinário.

Conforme Bettiol, as duas concepções opostas, a de caráter formal e a outra de


caráter substancial, se chocam entre si com a finalidade de conceituar o crime. A primeira
considera o crime ' todo o fato humano, proibido pela lei penal'. A segunda, considera o
crime 'todo o fato humano lesivo de um interesse capaz de comprometer as condições de
existência, de conservação e de desenvolvimento da sociedade.8

Pelo aspecto formal, crime é toda conduta que colide frontalmente contra a lei
penal editada pelo Estado. E sob o aspecto material, crime é a conduta que viola os bens
jurídicos mais importantes.

7
BRASIL, Decreto Lei 3.914 de 1941, art.1°.
8
BETTIOL, Giuseppe. Direito Penal Volume 1. – 1. Ed. – São Paulo: Revista dos Tribunais, 1966.
14

3.1- CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME

Para alguns autores como Luiz Regis Prado e Assis Toledo crime é composto pela
ação típica, ilícita e culpável.

Segundo BITENCOURT, a construção desse conceito iniciou em 1833 com


Carmignani, apesar de ter antecedentes em Deciano (1551) e Bohemero (1732) .
Carmignani acredita que a ação delituosa é composta por uma força física e uma força
moral. Na primeira encontra-se a ação executora do dano material da infração, na segunda,
a culpabilidade e o dano material da mesma. Essa elaboração levou ao sistema bipartido do
conceito clássico de crime com aspectos objetivo e subjetivo.9

O conceito analítico do delito se completou com o auxílio de Beling em 1906 , onde


foi introduzido o elemento tipicidade. Com o tempo o conceito de crime predominante
passou a ser ação típica, antijurídica e culpável.

Para GRECO , adotamos de acordo com essa visão analítica, o conceito de crime
como fato típico, ilícito e culpável. Sendo o fato típico, de acordo com a visão finalista, ser
composto por tais elementos: 10

a) conduta dolosa ou culposa, omissiva ou comissiva; resultado; nexo de causalidade entre


a conduta e o resultado; tipicidade (conglobante e formal);

b) Ilicitude / antijuricidade- relação de oposição entre a conduta do agente e o ordenamento


jurídico. Além das causas legais de exclusão da antijuridicidade, a doutrina indica outra de
natureza supralegal, o consentimento do ofendido, desde que o mesmo tenha capacidade
para consentir; que o bem ofendido seja disponível; que o consentimento tenha sido dado
anteriormente , ou numa relação concomitante à conduta do agente.

c) Culpabilidade- juízo de reprovação pessoal sobre conduta ilícita do agente. Sendo a


imputabilidade, a exigibilidade de conduta diversa e a potencial consciência sobre a
ilicitude do fato; elementos integrantes da culpabilidade.

9
BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral – p.590. 17ª Ed. São Paulo: Saraiva,
2011.
10
GRECO, 2017, P. 228.
15

Para os doutrinadores Damásio, Dotti, Mirabete e Delmanto, crime , sob um aspecto


formal, trata-se de um fato típico e antijurídico, enquanto a culpabilidade é apenas um
pressuposto para a aplicação da pena. Esse entendimento refere-se à teoria bipartida. Porém
a que prevalece é a teoria tripartida, entendimento da doutrina majoritária, de que todos os
elementos que compõem o conceito analítico de crime são pressupostos para aplicação da
pena, não apenas a culpabilidade.11

3.2 CRIMINOLOGIA

Segundo GRECO, criminologia é uma ciência interdisciplinar que tem como objeto o
estudo do comportamento delitivo e a razão social. Interdisciplinar porque, embora
sugestivo o seu título, não somente as ciências penais se ocupam do seu estudo, mas as
outras áreas também, como exemplo a psicologia, a psiquiatria, a sociologia, a
antropologia, a medicina forense, dentre outras.

A criminologia serve como mais um instrumento de análise do comportamento


delitivo, das suas origens, dos motivos pelos quais se pratica um delito, quem determina o
que, quando e como punir, e o que se pretende com ela , procurar soluções que evitem ou
reduzam a prática de infrações penais. O estudo do criminológico não se limita ao
comportamento delitivo, vai além disso, procurando descobrir sua origem , em busca das
suas possíveis causas.

Magalhães Noronha esclarece que após o período humanitário, foram traçados novos
rumos para o direito penal e que se ocupam com o estudo do homem delinquente e a
explicação causal do delito. E que o médico Cesar Lombroso, foi quem primeiro os apontou
, em 1875. A pena não possui fim exclusivamente retributivo, mas de defesa social e
recuperação do delinquente, tendo a necessidade de ser individualizada. Lombroso foi o
criador da antropologia criminal, também chamada de Biologia Criminal, disciplina
baseada na suposição de que os criminosos apresentam características físicas próprias que
os predispõem ao crime. Ao seu lado surgem Ferri, com a sociologia criminal, e Garofalo,

11
GRECO, 2017, P. 229.
16

com sua obra Criminologia, onde podem os três serem considerados os fundadores da
Escola Positiva.12

A pesquisa do criminólogo busca investigar todo o passado do criminoso, seu meio


social, âmbito familiar, seu caráter, para possíveis causas do crime e não somente saber se a
conduta praticada era típica, lícita ou culpável. Logo, o conceito criminológico de
comportamento delitivo é mais amplo do que o adotado pelo Direito Penal. A reação social
também é objeto de estudo do criminológico. Conforme Garrido, Stangekand e Redondo:

"Sua extensão abarca desde a mera desaprovação e o controle paterno de algumas


condutas infantis ou juvenis desapropriadas (mediante pequenos castigos) até os
sistemas de (leis penais , Polícia , MP, Tribunais, prisões etc.)*justiça penal
estabelecidos pela sociedade para os delitos.”13

A reação social pode ser formal ou informal. A formal é o controle exercido pelos
meios oficiais de repressão, como exemplo da Polícia , do Ministério Público , da
Magistratura. Informal é o controle exercido pelo próprio meio social onde está inserido o
agente, como pela sua família, vizinhos, a escola etc.

Lombroso também estudou os caracteres físicos e fisiológicos, como o tamanho da


mandíbula, a conformação do cérebro, a estrutura óssea e a hereditariedade biológica,
denominada atavismo. A tendência inata para o crime, onde o delinquente é geneticamente
determinado para o mal por razões congênitas. Pelas ideias de Lombroso (2001), o
criminoso não é totalmente vítima das circunstâncias sociais e educacionais desfavoráveis,
porém sofre pela tendência hereditária para o mal. Enfim, o delinquente é doente.

3.3- Sistema Vicariante ou Unitário e o Duplo Binário

12
NORONHA, E. Magalhães. Direito penal: parte geral,v.1. São Paulo: Saraiva, 1998, p. 26-27.
13
GARRIDO,Vicente; STANGELAND,Per; REDONDO, Santiago. Princípios de criminologia. 3ª Ed. – Espanha,
2006.
17

Durante muito tempo, o legislador brasileiro abraçou o sistema do duplo binário


(dupla via ou duplo trilho), na qual o semi-imputável cumpria inicialmente a pena privativa
de liberdade, e ao final, se mantinha a presença da periculosidade, era submetido a uma
medida de segurança.

Com a reforma pela Lei 7.209/1984 na parte geral do Código Penal Brasileiro, foi
alterado esse entendimento. Agora há prolação de uma sentença condenatória, podendo
haver uma diminuição de 1/3 a 2/3 , conforme parágrafo único do artigo 26 do Código
Penal . Porém , se o magistrado verificar que devido o grau de periculosidade do agente no
caso concreto for mais adequado um tratamento curativo, essa pena reduzida poderá ser
substituída por uma medida de segurança, conforme menciona o artigo 98 do Código Penal.

Com base nessa alteração, o legislador pátrio passou a adotar o Sistema Vicariante
ou Unitário. Não sendo mais admitida a pena privativa de liberdade e medida de segurança,
mesmo que em sequência, pois ofenderia o princípio do ne bis idem, que é o princípio da
vedação a dupla incriminação, onde o mesmo indivíduo suportaria duas consequências em
razão do mesmo fato.
18

4. A PSICOPATIA

O Dicionário de Psicologia faz uma perfeita apresentação do perfil comportamental


dos portadores de psicopatia:

O psicopata (ou sociopata) é um indivíduo impulsivo, irresponsável, hedonista,


“bidimensional”, carente de capacidade de experimentar os componentes
emocionais normais do comportamento interpessoal, como por exemplo, a culpa,
arrependimento, empatia, afeição, interesse autentico pelo bem-estar de outem.
Embora muitas vezes possa imitar emoções normais e simular apegos afetivos,
suas relações sociais e sexuais com outras pessoas continuam superficiais e
exigentes. Sua capacidade de juízo é limitada; ele parece incapaz de adiar a
satisfação de necessidades momentâneas, não importando as consequências para
si e para os outros. Ele cria com frequência uma rede complicada e contraditória
de mentiras e racionalizações, ligadas a explicações teatrais e as vezes
convincentes expressões de remorso e de promessa de mudança. São agressivos,
em sua maioria, mas outros são típicos parasitas ou manipuladores passivos, que
se fiam em confusões e loquacidade, e em sua aparência desamparo para
conseguir o que desejam.14

A Dr. Ana Beatriz Barbosa Silva , conceitua a psicopatia como uma patologia onde
seu portador tem um comportamento impulsivo e desprezo a direitos, normas, regras e
sentimentos alheios. A patologia vem através de um transtorno químico causado pela
carência dos neurotransmissores dopamina e noradrenalina, que causa alteração do
funcionamento lobo frontal do cérebro. Os fatores externos também influenciam na sua
evolução.

A palavra psicopatia significa doença da mente ( do grego psyche = mente; e pathos


= doença ). Por isso a falsa impressão de que se trata de indivíduos loucos ou doentes
mentais , mas não são. Eles também não sofrem de delírios ou alucinações (como a
esquizofrenia ) e nem apresentam sofrimento mental (como depressão ou pânico). Os
psicopatas possuem um raciocínio frio e calculista e uma total incapacidade de tratar as
pessoas como seres humanos com sentimentos, de estabelecerem vínculos afetivos e de se
colocar no lugar do outro. Não sentem culpa e nem remorso, e são , muitas vezes,
agressivos , violentos, mentirosos , sedutores , dissimulados , só pensam em si mesmos. Em
maior ou menor nível de gravidade, e com formas diferentes de manifestarem os seus atos.

14
MARTINS, Waldemar Valle. Dicionário de Psicologia. São Paulo: Loyola, 1994, p.167.
19

Esses indivíduos podem ser encontrados em qualquer cultura, sociedade ,


sexualidade ou nível financeiro. Estão em todos os meios sociais e profissionais,
disfarçados de líderes religiosos, pais e mães de família, políticos, executivos,
professores, trabalhadores, um vizinho, um colega de trabalho, o chefe "louco", o
namorado ciumento, entre outros. Esses indivíduos são atraentes e charmosos e
frequentemente deixam algum tipo de rastro de perdas e destruição por onde
passam. Seu jogo é baseado no poder e na autopromoção à custas dos outros,
capazes de passar por cima de todos com total indiferença e sem
arrependimento.15

Segundo KÁTIA MECLER, em seu livro " Psicopatas do cotidiano", o psicopata


sofre de transtorno de personalidade. Personalidade é o que nos diferencia um dos outros. É
o nosso jeito de ser, de pensar, de nos comportar.

Personalidade é a combinação entre o temperamento e o caráter. O temperamento


é herdado geneticamente e o caráter está relacionado ao temperamento com tudo o que
vivenciamos e aprendemos no mundo exterior. Logo, a personalidade é resultante de fatores
de ordem biopsicossocial. Que é um conceito amplo que estuda a causa ou o progresso de
doenças utilizando-se de fatores biológicos (genéticos, bioquímicos, etc.), fatores
psicológicos ( estado de humor, de personalidade, de comportamento, etc.) e fatores sociais
( culturais , familiares , socioeconômicos, médicos, etc).16

O temperamento é a base do nosso humor , é a predisposição biológica para as


sensações , motivações e reações. Já é comprovado cientificamente que a nossa herança
genética não se limita apenas à cor dos olhos, da pele , ou dos cabelos. Ela também
influencia nos nossos comportamentos.

Algumas características comuns aos psicopatas são: enurese em idade avançada,


abuso sádico de animais ou de outras crianças, destruição de propriedade,

15
SILVA, Ana Beatriz. Mentes Perigosas: o psicopata mora ao lado. – 2. Ed. – São Paulo: Globo, 2014, p. 38-
39.
16
MECLER, Katia. Psicopatas do Cotidiano: como reconhecer, como conviver, como se proteger. – 1. Ed – Rio
de Janeiro: Casa da Palavra, 2015, p. 24.
20

piromania17, masturbação compulsiva, isolamento social e familiar, mitomania


(ou mentira patológica), acesso de raiva exagerado, problemas de sono, fobias,
dores de cabeça constantes, possessividade destrutiva.18

Pode-se observar o "gênio" de uma criança, desde os primeiros anos de vida, ou


seja, a maneira como ela sente, percebe, reage. Umas são mais tímidas , calmas , outras
mais ansiosas, extrovertidas.

MECLER, menciona que Hipócrates ,considerado o pai da medicina, na Grécia


antiga, modificou o temperamento de que os quatro fluídos essenciais do corpo humano (
fleuma, bile, sangue e bile negra) regulariam as emoções. Classificando os indivíduos como
fleumâtico, coléricos, sanguíneos ou melancólicos). Onde cada temperamento expressaria
alguns tipos de tendências comportamentais e emocionais. O tipo fleumático , por exemplo
, é mais sonhador, dócil, preguiçoso, preso a hábitos. O tipo colérico é ambicioso,
dominador e explosivo. O tipo sanguíneo é otimista e mais sociável, também é impulsivo,
irritável e disperso. O tipo melancólico , tende a ser sensível e reflexivo, rancoroso,
pessimista e solitário.

O caráter está associado à consciência que a pessoa tem de si, e de outras pessoas
que a rodeia. A ideia de cada um nasce como uma índole, boa ou má, foi substituída pelo
livre-arbítrio. Sendo assim, na formação do caráter, tem um componente biológico e outro
ambiental.

Já houve tempo em que se acreditava que o indivíduo nascia com determinada


índole e que era imutável. Em outros tempos , acreditava-se que o meio pode influenciar o
jeito de ser do indivíduo. Mesmo sem a proporção exata da influência do meio na formação
do caráter, não há como negar que viver num ambiente positivo, com amor, afeto,
compaixão , condições sociais adequadas e empatia pode sim aumentar a chance de alguém
não desenvolver um traço patológico de personalidade.

17
A piromania é um transtorno de controle de impulso, uma doença que consiste em obter satisfação
através da provocação de incêndios e contemplar suas consequências. Ocorre com mais frequência em
homens do que mulheres, fundamentalmente durante a adolescência.
18
CARVALHO, Kicia Maria Cunha. Na Sombra da Inocência: O Psicopata e Seu Lugar Jurídico. Rio de Janeiro:
FACHA, 2015, p.10.
21

Pesquisas indicam que mesmo quando a pessoa nasce com uma determinada carga
genética, o ambiente pode modificá-lo. Uma criação numa família desestruturada, sem a
imposição de limites e sem transmissão de valores , contribui para ampliar o lado negativo
do indivíduo.

Para Silva, a psicopatia não tem cura, pois trata-se de um transtorno da


personalidade, e não uma fase de alterações comportamentais momentâneas. Todavia, vale
ressaltar que tal transtorno apresenta formas e graus diversos de manifestação e, apenas nos
casos mais graves chamados psicopatas primários é que apresentam barreiras de
convivência intransponíveis. Com base no DSM-IV-TR, a psicopatia tem um curso crônico,
contudo pode ter menos evidência à medida que o indivíduo envelhece, a partir de 40 anos
de idade.19

Quanto maiores as influências genéticas, menor a possibilidade de tratamento, no


entanto, quando o meio se mostra tão ou mais importante para o desenvolvimento
psicopático , as chances de sucesso terapêutico se mostram maiores.20

Hilda Clotilde Penteado Morana (2004) alerta para o fato de que no sistema
penitenciário brasileiro não existem exames padronizados que avaliam a personalidade do
preso e a sua previsibilidade de reincidência criminal. A liberação do preso para a
progressão de regime penitenciário, comutação da pena , benefícios de indulto, entre outros,
depende das Comissões Técnicas de Classificação , ao avaliarem o grau de periculosidade e
readaptação à vida em comunidade. Porém, tais comissões não possuem o treinamento
adequado e instrumentos para realizarem tal procedimento.

4.1 O Psicopata Nato

Para Rogério Paes Henriques (2009), existe o fato de que na psicopatia moderna
ainda é possível identificar semelhanças com teorias como a do "delinquente nato", de
Cesare Lombroso, onde sugere uma relação entre personalidade e tendência inata ao crime,
confundindo psicopatia e conduta criminosa. Em oposição a esse pensamento, Espinosa

19
SILVA, A.,2016, p. 191
20
FONTANA, Antônio Matos. (apud ABREU, Michele O. Da Imputabilidade do Psicopata. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2013, p. 76).
22

frisa que a psicopatia enquanto transtorno de personalidade não leva necessariamente ao


delito. Mesmo com sua alta tendência a cometerem delitos, é possível a existência de
indivíduos que sofram com a psicopatia , mas sejam pessoas socialmente adaptadas. Logo,
não se pode afirmar que o psicopata nasce criminoso, e sim com uma predisposição para
atuar de maneira violenta diante de determinadas ocasiões.

4.2 O Psicopata e o Direito Penal Brasileiro

No tocante ao Direito Penal Brasileiro, tem-se que a capacidade de culpabilidade do


psicopata não é tema pacífico na doutrina e jurisprudência pátria. Muitos justificam que
essa divergência deriva justamente da psiquiatria que não tem critérios objetivos para
definir se o psicopata é culpável ou não. Enquanto outros preferem não entrar no assunto e
sugerem que cada caso seja analisado objetivamente pelo magistrado.
Segundo o código penal brasileiro vigente, no seu art. 26:

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento


mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em
virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Por consequência deste dispositivo, alguns doutrinadores justificam que para que a
psicopatia acarretasse a inimputabilidade seria necessário que esta fosse classificada como
doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado e não possuir no
momento da ação ou omissão, plena capacidade para entender o caráter ilícito.
Dessa forma, segundo a doutrina majoritária, para o reconhecimento da inimputabilidade,
seria imprescindível que a psicopatia se tratasse de doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado. Superada a primeira análise, ainda seria necessária a verificação pelo juiz
se no momento dos fatos, tal circunstancia seria suficiente para afastar a capacidade de entender dos
seus portadores.
23

4.2.1 - Correntes Divergentes

Uma corrente reconhece a imputabilidade do psicopata com base nos critérios


estabelecidos pela legislação penal. Outra corrente o inclui no rol dos semi-imputáveis ,
onde considera a psicopatia como perturbação da saúde mental , segundo o artigo 26,
parágrafo único , do Código Penal Brasileiro. Há quem defenda que cabe ao magistrado
proferir a decisão em cada caso concreto. E há quem sustenta a ausência de capacidade de
culpabilidade de tais indivíduos.

4.2.2 A Psicopatia e a Imputabilidade

Michele O. de Abreu acredita na imputabilidade do psicopata devida as regras


gerais previstas no Código Penal Brasileiro que permitem analisar a responsabilidade penal
desses indivíduos, embora existam omissões legislativas quanto a psicopatia.21

De acordo com a autora, a psicopatia não se trata de doença mental, nem


perturbação da saúde mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, o que
afastaria a imputabilidade. Além disso, haveria plena capacidade de entender o caráter
ilícito do fato, e de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Seguindo as ideias de Hugo Marietan avalia a responsabilidade penal do psicopata a


partir de três critérios: com base em previsões legais e não morais, o psicopata seria
responsável já que conhece as normas, tem a capacidade de conter seus impulsos e
preparam seus crimes antes de executá-los. Devendo assim, responder criminalmente.

Basileu Garcia sustenta que, apesar desses indivíduos não serem normais e tenham
uma afetividade desnorteada, eles devem ser responsabilizados penalmente, com o objetivo

21
ABREU, Michele O. Da Imputabilidade do Psicopata. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2013, p. 166.
24

de proteger a sociedade.22

Abreu defende a imposição de uma pena especial aos psicopatas, a ser cumprida em
regime especial de maneira isolada no intuito de evitar um mal maior.23

4.2.3 A Psicopatia analisada no caso concreto pelo Magistrado

Guilherme de Souza Nucci é um dos que sustentam que compete ao magistrado


avaliar o caso concreto ao proferir decisão sobre a imputabilidade ao psicopata. Porém , por
cautela, essa avaliação caberia juntamente com a perícia técnica. Como explica o autor , as
personalidades antissocias não são fáceis de serem detectadas e diferenciadas das demais
doenças ou perturbações mentais , sendo indefinidos os limites entre o normal e o
patológico. Essas situações de personalidade antissocial não constituem normalidade e não
se adequam às causas previstas no art. 26, CP.24

Para alguns, essa responsabilidade penal parcial, situada entre a zona de sanidade
psíquica e a loucura , os portadores permanecem responsáveis ,porém com uma
culpabilidade reduzida de discernimento ético-social ou de auto-inibição para a prática do
delito.

No entanto, é importante refletir sobre aspectos e problemáticas desse


posicionamento, em que há um distanciamento desse magistrado em relação às partes e a
questão da ausência de uma preparação na formação desses julgadores para lidarem com
essas situações.

Por fim, ficaria complicada a maneira de como poderia esse magistrado decidir o
destino do indivíduo, respeitando o princípio da individualização da pena, num sistema em
que não há o justo preparo e não há a valorização do contato com as partes.

22
GARCIA, Basileu. Instituições de Direito Penal. V.1. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 457.
23
ABREU, 2013, P. 162.
24
Nucci, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal - 10ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 257-258.
25

4.2.4 A Psicopatia e a Semi-imputabilidade

De acordo com o disposto no parágrafo único do artigo 26 , do Código Penal, a


Semi-imputabilidade , ocorre diante de indivíduos que , excluída a hipótese de doença
mental , possuem determinada perturbação mental , ou , possuindo desenvolvimento mental
incompleto ou retardado tenham a capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de
autodeterminação parcialmente prejudicado.

Embora a ciência médica não reconheça a psicopatia como uma doença mental , há
uma predominância entre os doutrinadores em considerar a psicopatia como causa de semi-
imputabilidade, como ressalta Abreu.25

Para Magalhães Noronha a imputabilidade reduzida encontra-se entre a zona de


sanidade psíquica e a doença mental, envolvendo indivíduos que não possuam a total
capacidade intelectual e volitiva. E no interior dessa zona fronteiriça estariam as
personalidades psicopáticas , consideradas como hipóteses de perturbação da saúde mental.

A partir de um juízo de avaliação de periculosidade, esses indivíduos poderão ser


submetidos à medida de segurança, sendo pela internação ou sendo pelo tratamento
ambulatorial. Cabendo ao juiz escolher a sanção mais condizente com o réu, tratando-se do
sistema vicariante.

Cezar Bitencourt explica que a culpabilidade fica reduzida em razão de uma menor
censura e de uma maior dificuldade em apreciar devidamente o fato e posicionar-se de
acordo com essa capacidade.26

Para Guido Artura Palomba, a psicopatia trata-se de uma perturbação da saúde


mental. Esses indivíduos possuem distúrbios de conduta ou de comportamento,
denominado pelo autor de condutopatia. Eles estão numa zona fronteiriça entre a
normalidade mental e a doença mental. Onde transtorno do seu comportamento desestrutura
a sua capacidade de autocrítica e de julgamento de valores ético-morais. Por isso, caberia
ao seu portador, a semi-imputabilidade.27

25
ABREU, Michele O. Da Imputabilidade do Psicopata. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2013, p. 133.
26
BITENCOURT, 2014, p. 481.
27
Palomba,Guido Arturo. Tratado de Psiquiatria Forense - Civil e Penal. São Paulo: Atheneu, 2003, p. 515-
516 e 522.
26

4.2.5 A Psicopatia e a inimputabilidade

O artigo 26 do Código Penal Brasileiro, dispõe que será isento de pena, o agente
que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo
da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.

De acordo com Juan Carlos Ferré Olivé, a evolução das pesquisas científicas
mostrou o transtorno do comportamento como um estado similar à enfermidade mental,
possibilitando assim, a consideração de inimputabilidade dos psicopatas. Embora a ciência
médica não considere a psicopatia uma doença mental, para o Direito Penal a doença
mental deve ser considerada de forma abrangente, desde que influencie nas capacidades de
entendimento ou de vontade.

Marcello Jardim Linhares entende por doença mental qualquer estado patológico de
ordem mental ou física, desde que influencie nas capacidades de entendimento e de
vontade.28

Santiago Puig diz que o psicopata não possui alteração psíquica que o impeça de
entender o caráter ilícito do fato, porém seu poder de autocontrole não é o mesmo de uma
pessoa normal.29

A capacidade do psicopata de entender o caráter ilícito de sua conduta, não lhe falta
o elemento intelectual. Entretanto, como possui uma atrofia em seu sentido ético, é incapaz
de absolver normas de conduta, segundo Zaffaroni e José Pierangeli, deve ser considerado
inimputável, pois falta-lhe o elemento volitivo representado pela capacidade de determinar-
se com tal entendimento. 30

28
LINHARES, Marcelo Jardim (apud ABREU, 2013, P. 131).
29
PUIG, Santiago (apud ABREU, 2013, p. 171).
30
ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro V.1. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2008, p. 546.
27

5. Medida de Segurança

A medida de segurança é uma sanção penal com finalidade preventiva e caráter


terapêutico, visando o tratamento de portadores de periculosidade, evitando assim futuras
infrações penais. Apesar de seu caráter curativo, em verdade trata-se de uma espécie de
sanção penal, uma vez que qualquer privação de liberdade ou restrição de direitos tem seu
caráter de penalidade.

Em outro plano, as medidas de segurança têm uma finalidade de prevenção geral


negativa, ou seja, prevenir reações públicas ou privadas contra o agente inimputável, tendo
em vista através delas se previne os atos de vingança privada, como também evitam as
reações abusivas por parte do Estado.

Diferente da pena que tem por fundamento a culpabilidade, a Medida de Segurança tem por
fundamento a periculosidade, podendo ser definida como um estado subjetivo mais ou
menos duradouro de antissociabilidade. Trata-se de um juízo de probabilidade de que o
agente voltará a delinquir, com base na conduta antissocial e na anomalia psíquica do
agente.31

Com a reforma de 1984, o código passou a adotar o sistema vicariante, o que


impossibilitou a aplicação de penas junto com medidas de segurança. Segundo justificativa,
a aplicação da pena junto com a medida de segurança fere o princípio ne bis in idem. Por
mais que se diga que os fundamentos e os fins de uma e outra decisão são distintos, não se
pode permitir que o mesmo indivíduo suporte duas consequências pelo mesmo fato
imputado. Seguindo esse raciocínio o fundamento da pena passa ser a culpabilidade,
enquanto que o da medida de segurança passa a ser a periculosidade e a incapacidade penal
do agente.

Como regra, no sistema penal vigente se o agente é imputável, ele cumprirá pena; se
inimputável, ele cumprirá medida de segurança; quando semi-imputável poderá cumprir
uma ou outra, dependendo do julgamento do juiz, que tem o dever de analisar estritamente
do caso concreto e as condições do agente, com base em exames, laudos e perícias médicas.

31
BITENCOURT, 2014, p. 860
28

5.1- Diferença entre Pena e Medida de Segurança

Para saber quais os reais reflexos da aplicação da medida de segurança ao invés de


pena é importante estudar as diferenças básicas entre uma e outra, e compreender suas
nuances.
As penas têm caráter retributivo-preventivo. Retributivo pelo fato de penalizar pelo
crime cometido, sendo impostas até aos agentes que não precisam de ressocialização. E
preventivo porque tem a finalidade de reeducar e ensinar o criminoso, sendo ainda fator de
intimidação geral.
Outra diferença é que o fundamento da pena é a culpabilidade do agente, ou seja,
quando o agente for considerado imputável ele sempre cumprirá pena. Já as medidas de
segurança tem como fundamento exclusivamente a periculosidade do agente, podendo
abranger tanto o inimputável, e excepcionalmente o semi-imputável, devendo o juiz avaliar
as circunstancias e condições agente, quando este necessitar de especial tratamento
curativo.
Além disso as penas são certas e determinadas, já as medidas de segurança duram
tempo indeterminado. Só findam quando cessar a periculosidade do agente.32

5.2- Espécies de Medida de Segurança

Segundo o Código Penal Brasileiro vigente, são duas as modalidades de medida de


segurança previstas pelo artigo 96:

Art. 96. As medidas de segurança são:


I- Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em
outro estabelecimento adequado.
II- Sujeição a tratamento ambulatorial.33

5.2.1- Da Internação

32
BITTENCOURT, 2012, P. 1876.
33
BRASIL, Decreto Lei 2848/40 de 1940, art. 96.
29

A internação é cumprida nos atuais Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico


(HCT), ou na falta, em estabelecimento adequado, e é imposta em privação de liberdade do
paciente. Tais casos são destinados aos crimes mais graves punidos com pena de detenção.
A jurisprudência prevê a possibilidade de internação em hospital particular na
ausência de estabelecimento adequado em hospital público que trate do quadro do paciente,
nesse sentido a ementa, in verbis:

EXCESSO DE PRAZO NA INSTRUÇÃO CRIMINAL. PACIENTE


INTERNADO EM MANICOMIO JUDICIARIO. RECURSO PROVIDO EM
PARTE, CONCEDENDO-SE A ORDEM, NO SENTIDO DE AUTORIZAR A
TRANSFERENCIA DO PACIENTE PARA CLINICA PARTICULAR
ESPECIALIZADA, COM AS CAUTELAS SUGERIDAS NO PARECER DA
PROCURADORIA-GERAL DA REPUBLICA.34

5.2.2- Do Tratamento Ambulatorial

Tal modalidade é denominada restritiva, e neste caso, o paciente deverá comparecer


ao hospital nos dias em que o médico determinar, para que seja aplicada a terapia prescrita.
Estão sujeitos a esse tratamento os inimputáveis e os semi-imputáveis, cuja a pena
privativa de liberdade seja de detenção, ficando sob discricionariedade do juiz escolher o
tipo de tratamento, seja internação ou ambulatorial.
Insta salientar que o § 4º do art. 97, CP, prevê que o juiz poderá, em qualquer fase
do tratamento ambulatorial, determinar a internação do agente, desde que essa medida seja
necessária para a cura do paciente. Já o contrário de acordo com a lei não ocorre.35

34
Ante BRASIL, Supremo Tribunal Federal. Acórdão de Recurso Ordinário em Habeas Corpus. RHC: 63087 RJ.
Relator: Min. OCTAVIO GALLOTTI. Data de Publicação: DJ 02-08-1985. Disponível em
<https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/14681741/recurso-em-habeas-corpus-rhc-63087-rj/inteiro-teor-
103076169> Acessado em Novembro de 2017.
35
BRASIL, Decreto Lei 2848/40 de 1940, art. 97, §4°..
30

6. Conclusão
Ante o exposto, verificou-se uma análise da condição do psicopata, relacionando o
tema de forma interdisciplinar, abordando a Psicologia Forense, a Psiquiatria, a
Criminologia e o Direito Penal. Com base na narrativa abordada no presente trabalho,
percebe-se que a psicopatia é um desvio de comportamento diferente da loucura, fato este
que não gera inimputabilidade.

Dessa forma, é importante ressaltar que o psicopata é portador de nenhuma doença


mental, mas sim um desvio de caráter inato, que pode ser consequência de traumas em sua
construção, principalmente na infância ou fatores apenas biológicos, o exemplo de pessoas
que sofreram traumas em regiões específicas do cérebro e tiveram suas emoções abaladas.

É importante refletir que pessoas com traços psicopáticos tem tendência de não se
importarem com as consequências negativas de seus atos. Não se pode levar ao equívoco de
que esse sentimento se trata de incompreensão do fato ou consequência de seus atos. Na
verdade o psicopata tende a ter comportamentos amorais, desprezando assim, regras que lhe
são impostas.

Os psicopatas são pessoas ardilosas, que seduzem e manipulam as situações para a


satisfação de seus interesses, não importando o quão prejudicial este seja. Os psicopatas
não estão interessados nos outros, apenas na satisfação de seus desejos.

Apesar de tudo, existem variantes que podem fragilizar a rigidez do argumento de


que o psicopata é imputável. Embora o psicopata seja capaz de entender o caráter ilícito de
seu comportamento, não se importando com as consequências. Existem casos de psicopatia
que são aliados a outros tipos de doença. Nesses casos é imprescindível verificar se o
agente ao praticar o ato ilícito tinha plena consciência dos seus atos. Neste sentido, para
afastar grandes incertezas é necessário avaliar no caso concreto, após um laudo médico bem
detalhado, a culpabilidade do agente.

Ademais, entendemos que todo indivíduo tem a responsabilidade penal como dever
jurídico de responder pelos seus atos. Para que alguém seja penalmente punível é
necessário que pratique um ilícito penal e seja no momento do ação entendido do caráter
ilícito da conduta e tenha livre arbítrio para praticar o fato típico.
31

Dessa forma, entendemos que a psicopatia é um transtorno de personalidade, mas


apenas esse transtorno não é suficiente para afastar o indivíduo de sua capacidade psíquica,
nem sua capacidade de reconhecer o ilícito de um fato, sua maior dificuldade é a
capacidade de determinar-se de acordo com os fatos e o mundo ao seu redor. Os psicopatas
reconhecem os tratados sociais, as regras e normas vigente, porém desprezam e assumem
suas consequências.

Por isso entende-se que esses tipos de criminosos em sua maioria são de fato
imputáveis, cabendo ao juiz analisar o caso concreto, aplicando ou o artigo 26 caput ou o
parágrafo único, dependendo de forma estrita do caso concreto. Não se pode impor rigidez
a um assunto tão delicado. Há extrema necessidade de acreditar no expertise dos juízes ao
analisarem caso por caso e no acompanhamento de médicos peritos especializados. Dessa
forma, cada caso será analisada com um olhar único, distanciando a rigidez teórica diante
de um assunto tão delicado.

É importante destacar a necessidade da criação de juntas médicas de apoio que


trabalhem junto com os juízes na avaliação e acompanhamento desses tipos de pessoas com
transtornos comportamentais, auxiliando no melhor julgamento de cada caso, com a
finalidade de buscar a segurança de que direitos sejam protegidos e que criminosos
potenciais não venham a ser postos em liberdade antes do tempo e por consequência
levados a reincidência, e até mesmo na elaboração de medidas de segurança mais eficazes.

Por fim, é inegável que os psicopatas representam um grande risco para a sociedade
e democracia, pois afetam diretamente a segurança social, tendo em vista o medo da não
reabilitação do mesmo. Por essas e outras, é necessário preservar os princípios e garantias
constitucionais, do direito penal e do processo penal, prezando sempre por um julgamento
justo e equilibrado, a fim de que o processo seja meio eficaz para que o estado exerça o seu
ius puniendi, protegendo a sociedade de qualquer lesão ou ameaça de direito, a fim de
reestabelecer a ordem jurídica, segurança pública e a paz social.
32

Referências

ABREU, Michele O. Da Imputabilidade do Psicopata. Rio de Janeiro: Lumen Juris,


2013.
BETTIOL, Giuseppe. Direito Penal, v. I. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1971.
BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral – 17ª Ed. São
Paulo: Saraiva, 2011.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Volume 1, parte geral . - 15. ed. São Paulo :
Saraiva, 2011.
CARVALHO, Kicia Maria Cunha. Na Sombra da Inocência: O Psicopata e Seu Lugar
Jurídico. Rio de Janeiro: FACHA, 2015, p.10.
CESARE, Lombroso. O Homem Delinquente. Tradução Sebastião José Roque. – São
Paulo, 2007.
GARCIA, Basileu. Instituições de Direito Penal. V.1. São Paulo: Saraiva, 2008
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal - Parte Geral. Vol I. 13 ed. rev. ampl e atual.
Rio de Janeiro: Impetus, 2011.
MECLER, Katia. Psicopatas do Cotidiano: como reconhecer, como conviver, como se
proteger. – 1. Ed – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2015.
NORONHA, E. Magalhães. Direito Penal: Parte Geral. Volume 1. São Paulo: Saraiva,
1998.
Nucci, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. - 10ª Ed. Rio de Janeiro: Forense,
2014.
PALOMBA, GUIDO, ARTURO. Tratado de Psiquiatria Forense - Civil e Penal. São
Paulo: Atheneu, 2003.
SILVA, Ana Beatriz. Mentes Perigosas: o psicopata mora ao lado. – 2. Ed. – São Paulo:
Globo, 2014.
TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios Básicos Do Direito Penal. - 5. Ed. São Paulo:
Saraiva, 1994.
ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal
Brasileiro. V.1. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.

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