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11302101-2
ARTIGO CIENTÍFICO
BACHARELADO EM DIREITO
NITERÓI
2017
LÍDIA MUNIZ TRINDADE1
11302101-2
NITERÓI
2017
11
Lídia Muniz Trindade. Cursando Bacharel em Direito Pela Universidade Cândido Mendes Campus Niterói.
Lattes <http://lattes.cnpq.br/3602591445541171> Acessado em novembro de 2017.
LÍDIA MUNIZ TRINDADE
11302101-2
Nota: ________________
Aprovada ( )
Reprovada ( )
Data: ___/___/_____
____________________________________________________
Professora Taiane Moreira de Mello
Universidade Cândido Mendes
_____________________________________________________
NITERÓI
2017
RESUMO
ABSTRACT
The study addresses the aspects pertinent to the treatment that is given to the criminal
psychopath in the judicial system and the forensic routine of Brazil. It aims to analyze the
criminal responsibility of psychopaths before the legal framework of Brazilian norms,
based on the theoretical assumptions underlying the Crime Theory, that is, theoretical
conceptions based on the concept of crime adopted in Brazil, analyzing more precisely the
culpability element. Comparing the legal conception to the treatment that doctors,
psychiatrists and criminology specialists give to the subject. It is therefore concluded from
these studies that psychopathic criminals are imputable, but must undergo medical analysis
and expertise to analyze the subjective condition of the agent. Only reports and medical
reports serve as grounds for justifying any circumstance that removes the guilt of the
psychopath.
1 – INTRODUÇÃO
O presente estudo falará sobre o perfil do psicopata, uma pessoa que possui algum
tipo de desordem psicológica, caracterizado por um transtorno de personalidade
antissocial, tem distúrbio psíquico e manipulam as pessoas sem sentir remorso.
Para debruçarmos sobre o tema teremos como base principal o nosso Código Penal
Brasileiro, o Código de Processo Penal e demais leis existentes em nosso ordenamento
jurídico, além de estudos científicos de médicos e psicanalistas, de onde emerge o
tema da pesquisa que é o estudo do psicopata à luz do direito penal brasileiro. A temática
da mente criminosa sempre foi objeto de estudo do Direito Penal que está ligada à
criminologia, ciência que analisa a conduta de um delinquente e as circunstâncias de
um crime, com o objetivo de criar leis penais para a aplicação nos casos concretos.
Com essas informações, pretende induzir o leitor a refletir sobre a que ponto o
psicopata é culpado por cometer crimes, tendo em vista a teoria do crime adotada no Brasil,
as garantias constitucionais e laudos e perícias médicas.
O tema é polêmico e gerador de muitos debates, por esse e outros fatores que deixa
nítida a necessidade desse debate nos ambientes acadêmicos.
2- DOS PRINCÍPIOS
2
Fábula africana “O escorpião e o Sapo”. Disponível em: <http://www.geocities.ws/HotSprings/5967/
parabola.html> . Acessado em Novembro de 2017.
8
Sendo assim, o psicopata também é ser humano necessita ser tratado com dignidade.
É necessário manter o juízo reprobatório das condutas dessa pessoas com traços
psicopáticos, mas ainda assim é necessário trata-los com a mesma dignidade que é devida a
todas as outras pessoas. Respeitando-lhes a dignidade, não permitindo que sejam violadas
regras referente ao processo penal, nem mesmo que sejam feridos princípios e garantias
constitucionais que lhes são devidos.
De acordo com este princípio, o Estado só deve intervir com o direito penal como
"ultima rátio", ou seja, somente após se esgotarem todas as demais esferas da ordem
jurídica que resolvam o problema, por isso é subsidiário.
3
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Volume 1, parte geral . - 15. ed. São Paulo : Saraiva, 2011, p. 36.
9
O Código Penal Brasileiro adotou a teoria finalista da ação, que considera como
típico o fato praticado pelo agente, se houve dolo ou culpa na sua conduta, e se ausente tais
elementos será conduta atípica. Logo, os elementos que integram a culpabilidade são: a
imputabilidade, a exigibilidade de conduta diversa e a potencial consciência da ilicitude.
A teoria finalista leva em conta o motivo pela prática do delito, diferente da teoria
causal que se contenta apenas na relação de causa e efeito, sem se importar com o valor da
ação.
Nesse sentido, para a teoria finalista, o importante é saber se o agente atuou com
culpa ou dolo, e se não houver presente tais elementos , a sua conduta será considerada
4
TOLEDO 1994, apud GRECO, 2017, p. 169.
10
atípica. Já para a teoria causal a sua conduta seria típica, mas o agente não seria culpável
pela ausência da culpa e dolo, que fazem parte da culpabilidade para a referida teoria.
Inimputáveis
Redução da pena
Esse princípio é uma garantia para todos os cidadãos, pois através dele, os
indivíduos estarão protegidos pelos atos cometidos por outros indivíduos e pelo o Estado,
uma vez que há uma limitação no poder estatal de interferir nas liberdades e garantias
individuais de cada cidadão. Sendo proibido apenas a prática de algo que a lei proíba ,
conforme o artigo 5º , inciso II , CF.
É também vedada a retroatividade da lei penal, salvo para o benefício do réu , como
diz o inciso XL do mesmo artigo. Tal princípio é válida somente para a lei escrita , sendo
5
BRASIL, Decreto Lei 2848/40 de 1940, art. 26 e 27.
11
vedada a criação de crimes e penas por meio de costumes . Embora para TOLEDO, o
direito costumeiro não está totalmente abolido na esfera penal.6
Luigi Ferrajoli e Magalhães acreditam que um Estado que tortura , que humilha e
mata o cidadão não só perde a sua legitimidade , mas também se iguala ao mesmo nível dos
mesmos delinquentes que sofrem com a falta da dignidade de pessoa humana . O bem estar
físico e mental dos presos deve ser assegurado. Não é mais como antigamente com a
política do " olho por olho , dente por dente " como na Lei de Talião .
6
TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios Básicos Do Direito Penal. - 5. Ed. São Paulo: Saraiva, 1994, p. 24.
12
Dessa forma, o referido princípio deve ser entendido de maneira ampla, desprendido
das paixões e preconceitos pertinentes a sociedade, aplicando assim, todas as garantidas de
todo e qualquer ser humano, também aos portadores de distúrbios comportamentais.
Devemos considerar que uma pessoa não deve ser eternamente julgada por um crime e
também que ninguém pode ser eternamente condenado por comportamentos que derivam
da natureza biológica do seu ser.
13
3. CRIME
Art. 1° Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão
ou de detenção , quer isoladamente , quer alternativa ou cumulativamente com a
pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente,
pena de prisão simples ou multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.7
Não existe um conceito de crime fornecido pelo legislador. Seu conceito é puramente
doutrinário.
Pelo aspecto formal, crime é toda conduta que colide frontalmente contra a lei
penal editada pelo Estado. E sob o aspecto material, crime é a conduta que viola os bens
jurídicos mais importantes.
7
BRASIL, Decreto Lei 3.914 de 1941, art.1°.
8
BETTIOL, Giuseppe. Direito Penal Volume 1. – 1. Ed. – São Paulo: Revista dos Tribunais, 1966.
14
Para alguns autores como Luiz Regis Prado e Assis Toledo crime é composto pela
ação típica, ilícita e culpável.
Para GRECO , adotamos de acordo com essa visão analítica, o conceito de crime
como fato típico, ilícito e culpável. Sendo o fato típico, de acordo com a visão finalista, ser
composto por tais elementos: 10
9
BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral – p.590. 17ª Ed. São Paulo: Saraiva,
2011.
10
GRECO, 2017, P. 228.
15
3.2 CRIMINOLOGIA
Segundo GRECO, criminologia é uma ciência interdisciplinar que tem como objeto o
estudo do comportamento delitivo e a razão social. Interdisciplinar porque, embora
sugestivo o seu título, não somente as ciências penais se ocupam do seu estudo, mas as
outras áreas também, como exemplo a psicologia, a psiquiatria, a sociologia, a
antropologia, a medicina forense, dentre outras.
Magalhães Noronha esclarece que após o período humanitário, foram traçados novos
rumos para o direito penal e que se ocupam com o estudo do homem delinquente e a
explicação causal do delito. E que o médico Cesar Lombroso, foi quem primeiro os apontou
, em 1875. A pena não possui fim exclusivamente retributivo, mas de defesa social e
recuperação do delinquente, tendo a necessidade de ser individualizada. Lombroso foi o
criador da antropologia criminal, também chamada de Biologia Criminal, disciplina
baseada na suposição de que os criminosos apresentam características físicas próprias que
os predispõem ao crime. Ao seu lado surgem Ferri, com a sociologia criminal, e Garofalo,
11
GRECO, 2017, P. 229.
16
com sua obra Criminologia, onde podem os três serem considerados os fundadores da
Escola Positiva.12
A reação social pode ser formal ou informal. A formal é o controle exercido pelos
meios oficiais de repressão, como exemplo da Polícia , do Ministério Público , da
Magistratura. Informal é o controle exercido pelo próprio meio social onde está inserido o
agente, como pela sua família, vizinhos, a escola etc.
12
NORONHA, E. Magalhães. Direito penal: parte geral,v.1. São Paulo: Saraiva, 1998, p. 26-27.
13
GARRIDO,Vicente; STANGELAND,Per; REDONDO, Santiago. Princípios de criminologia. 3ª Ed. – Espanha,
2006.
17
Com a reforma pela Lei 7.209/1984 na parte geral do Código Penal Brasileiro, foi
alterado esse entendimento. Agora há prolação de uma sentença condenatória, podendo
haver uma diminuição de 1/3 a 2/3 , conforme parágrafo único do artigo 26 do Código
Penal . Porém , se o magistrado verificar que devido o grau de periculosidade do agente no
caso concreto for mais adequado um tratamento curativo, essa pena reduzida poderá ser
substituída por uma medida de segurança, conforme menciona o artigo 98 do Código Penal.
Com base nessa alteração, o legislador pátrio passou a adotar o Sistema Vicariante
ou Unitário. Não sendo mais admitida a pena privativa de liberdade e medida de segurança,
mesmo que em sequência, pois ofenderia o princípio do ne bis idem, que é o princípio da
vedação a dupla incriminação, onde o mesmo indivíduo suportaria duas consequências em
razão do mesmo fato.
18
4. A PSICOPATIA
A Dr. Ana Beatriz Barbosa Silva , conceitua a psicopatia como uma patologia onde
seu portador tem um comportamento impulsivo e desprezo a direitos, normas, regras e
sentimentos alheios. A patologia vem através de um transtorno químico causado pela
carência dos neurotransmissores dopamina e noradrenalina, que causa alteração do
funcionamento lobo frontal do cérebro. Os fatores externos também influenciam na sua
evolução.
14
MARTINS, Waldemar Valle. Dicionário de Psicologia. São Paulo: Loyola, 1994, p.167.
19
15
SILVA, Ana Beatriz. Mentes Perigosas: o psicopata mora ao lado. – 2. Ed. – São Paulo: Globo, 2014, p. 38-
39.
16
MECLER, Katia. Psicopatas do Cotidiano: como reconhecer, como conviver, como se proteger. – 1. Ed – Rio
de Janeiro: Casa da Palavra, 2015, p. 24.
20
O caráter está associado à consciência que a pessoa tem de si, e de outras pessoas
que a rodeia. A ideia de cada um nasce como uma índole, boa ou má, foi substituída pelo
livre-arbítrio. Sendo assim, na formação do caráter, tem um componente biológico e outro
ambiental.
17
A piromania é um transtorno de controle de impulso, uma doença que consiste em obter satisfação
através da provocação de incêndios e contemplar suas consequências. Ocorre com mais frequência em
homens do que mulheres, fundamentalmente durante a adolescência.
18
CARVALHO, Kicia Maria Cunha. Na Sombra da Inocência: O Psicopata e Seu Lugar Jurídico. Rio de Janeiro:
FACHA, 2015, p.10.
21
Pesquisas indicam que mesmo quando a pessoa nasce com uma determinada carga
genética, o ambiente pode modificá-lo. Uma criação numa família desestruturada, sem a
imposição de limites e sem transmissão de valores , contribui para ampliar o lado negativo
do indivíduo.
Hilda Clotilde Penteado Morana (2004) alerta para o fato de que no sistema
penitenciário brasileiro não existem exames padronizados que avaliam a personalidade do
preso e a sua previsibilidade de reincidência criminal. A liberação do preso para a
progressão de regime penitenciário, comutação da pena , benefícios de indulto, entre outros,
depende das Comissões Técnicas de Classificação , ao avaliarem o grau de periculosidade e
readaptação à vida em comunidade. Porém, tais comissões não possuem o treinamento
adequado e instrumentos para realizarem tal procedimento.
Para Rogério Paes Henriques (2009), existe o fato de que na psicopatia moderna
ainda é possível identificar semelhanças com teorias como a do "delinquente nato", de
Cesare Lombroso, onde sugere uma relação entre personalidade e tendência inata ao crime,
confundindo psicopatia e conduta criminosa. Em oposição a esse pensamento, Espinosa
19
SILVA, A.,2016, p. 191
20
FONTANA, Antônio Matos. (apud ABREU, Michele O. Da Imputabilidade do Psicopata. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2013, p. 76).
22
Por consequência deste dispositivo, alguns doutrinadores justificam que para que a
psicopatia acarretasse a inimputabilidade seria necessário que esta fosse classificada como
doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado e não possuir no
momento da ação ou omissão, plena capacidade para entender o caráter ilícito.
Dessa forma, segundo a doutrina majoritária, para o reconhecimento da inimputabilidade,
seria imprescindível que a psicopatia se tratasse de doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado. Superada a primeira análise, ainda seria necessária a verificação pelo juiz
se no momento dos fatos, tal circunstancia seria suficiente para afastar a capacidade de entender dos
seus portadores.
23
Basileu Garcia sustenta que, apesar desses indivíduos não serem normais e tenham
uma afetividade desnorteada, eles devem ser responsabilizados penalmente, com o objetivo
21
ABREU, Michele O. Da Imputabilidade do Psicopata. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2013, p. 166.
24
de proteger a sociedade.22
Abreu defende a imposição de uma pena especial aos psicopatas, a ser cumprida em
regime especial de maneira isolada no intuito de evitar um mal maior.23
Para alguns, essa responsabilidade penal parcial, situada entre a zona de sanidade
psíquica e a loucura , os portadores permanecem responsáveis ,porém com uma
culpabilidade reduzida de discernimento ético-social ou de auto-inibição para a prática do
delito.
Por fim, ficaria complicada a maneira de como poderia esse magistrado decidir o
destino do indivíduo, respeitando o princípio da individualização da pena, num sistema em
que não há o justo preparo e não há a valorização do contato com as partes.
22
GARCIA, Basileu. Instituições de Direito Penal. V.1. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 457.
23
ABREU, 2013, P. 162.
24
Nucci, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal - 10ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 257-258.
25
Embora a ciência médica não reconheça a psicopatia como uma doença mental , há
uma predominância entre os doutrinadores em considerar a psicopatia como causa de semi-
imputabilidade, como ressalta Abreu.25
Cezar Bitencourt explica que a culpabilidade fica reduzida em razão de uma menor
censura e de uma maior dificuldade em apreciar devidamente o fato e posicionar-se de
acordo com essa capacidade.26
25
ABREU, Michele O. Da Imputabilidade do Psicopata. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2013, p. 133.
26
BITENCOURT, 2014, p. 481.
27
Palomba,Guido Arturo. Tratado de Psiquiatria Forense - Civil e Penal. São Paulo: Atheneu, 2003, p. 515-
516 e 522.
26
O artigo 26 do Código Penal Brasileiro, dispõe que será isento de pena, o agente
que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo
da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
De acordo com Juan Carlos Ferré Olivé, a evolução das pesquisas científicas
mostrou o transtorno do comportamento como um estado similar à enfermidade mental,
possibilitando assim, a consideração de inimputabilidade dos psicopatas. Embora a ciência
médica não considere a psicopatia uma doença mental, para o Direito Penal a doença
mental deve ser considerada de forma abrangente, desde que influencie nas capacidades de
entendimento ou de vontade.
Marcello Jardim Linhares entende por doença mental qualquer estado patológico de
ordem mental ou física, desde que influencie nas capacidades de entendimento e de
vontade.28
Santiago Puig diz que o psicopata não possui alteração psíquica que o impeça de
entender o caráter ilícito do fato, porém seu poder de autocontrole não é o mesmo de uma
pessoa normal.29
A capacidade do psicopata de entender o caráter ilícito de sua conduta, não lhe falta
o elemento intelectual. Entretanto, como possui uma atrofia em seu sentido ético, é incapaz
de absolver normas de conduta, segundo Zaffaroni e José Pierangeli, deve ser considerado
inimputável, pois falta-lhe o elemento volitivo representado pela capacidade de determinar-
se com tal entendimento. 30
28
LINHARES, Marcelo Jardim (apud ABREU, 2013, P. 131).
29
PUIG, Santiago (apud ABREU, 2013, p. 171).
30
ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro V.1. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2008, p. 546.
27
5. Medida de Segurança
Diferente da pena que tem por fundamento a culpabilidade, a Medida de Segurança tem por
fundamento a periculosidade, podendo ser definida como um estado subjetivo mais ou
menos duradouro de antissociabilidade. Trata-se de um juízo de probabilidade de que o
agente voltará a delinquir, com base na conduta antissocial e na anomalia psíquica do
agente.31
Como regra, no sistema penal vigente se o agente é imputável, ele cumprirá pena; se
inimputável, ele cumprirá medida de segurança; quando semi-imputável poderá cumprir
uma ou outra, dependendo do julgamento do juiz, que tem o dever de analisar estritamente
do caso concreto e as condições do agente, com base em exames, laudos e perícias médicas.
31
BITENCOURT, 2014, p. 860
28
5.2.1- Da Internação
32
BITTENCOURT, 2012, P. 1876.
33
BRASIL, Decreto Lei 2848/40 de 1940, art. 96.
29
34
Ante BRASIL, Supremo Tribunal Federal. Acórdão de Recurso Ordinário em Habeas Corpus. RHC: 63087 RJ.
Relator: Min. OCTAVIO GALLOTTI. Data de Publicação: DJ 02-08-1985. Disponível em
<https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/14681741/recurso-em-habeas-corpus-rhc-63087-rj/inteiro-teor-
103076169> Acessado em Novembro de 2017.
35
BRASIL, Decreto Lei 2848/40 de 1940, art. 97, §4°..
30
6. Conclusão
Ante o exposto, verificou-se uma análise da condição do psicopata, relacionando o
tema de forma interdisciplinar, abordando a Psicologia Forense, a Psiquiatria, a
Criminologia e o Direito Penal. Com base na narrativa abordada no presente trabalho,
percebe-se que a psicopatia é um desvio de comportamento diferente da loucura, fato este
que não gera inimputabilidade.
É importante refletir que pessoas com traços psicopáticos tem tendência de não se
importarem com as consequências negativas de seus atos. Não se pode levar ao equívoco de
que esse sentimento se trata de incompreensão do fato ou consequência de seus atos. Na
verdade o psicopata tende a ter comportamentos amorais, desprezando assim, regras que lhe
são impostas.
Ademais, entendemos que todo indivíduo tem a responsabilidade penal como dever
jurídico de responder pelos seus atos. Para que alguém seja penalmente punível é
necessário que pratique um ilícito penal e seja no momento do ação entendido do caráter
ilícito da conduta e tenha livre arbítrio para praticar o fato típico.
31
Por isso entende-se que esses tipos de criminosos em sua maioria são de fato
imputáveis, cabendo ao juiz analisar o caso concreto, aplicando ou o artigo 26 caput ou o
parágrafo único, dependendo de forma estrita do caso concreto. Não se pode impor rigidez
a um assunto tão delicado. Há extrema necessidade de acreditar no expertise dos juízes ao
analisarem caso por caso e no acompanhamento de médicos peritos especializados. Dessa
forma, cada caso será analisada com um olhar único, distanciando a rigidez teórica diante
de um assunto tão delicado.
Por fim, é inegável que os psicopatas representam um grande risco para a sociedade
e democracia, pois afetam diretamente a segurança social, tendo em vista o medo da não
reabilitação do mesmo. Por essas e outras, é necessário preservar os princípios e garantias
constitucionais, do direito penal e do processo penal, prezando sempre por um julgamento
justo e equilibrado, a fim de que o processo seja meio eficaz para que o estado exerça o seu
ius puniendi, protegendo a sociedade de qualquer lesão ou ameaça de direito, a fim de
reestabelecer a ordem jurídica, segurança pública e a paz social.
32
Referências