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A OCUPAÇÃO INGLESA

Capítulo 8
DA AMÉRICA
Navegações de nações não ibéricas

A conquista da América abriu novos horizontes às Nações europeias, muitas ainda em formação. Os metais preciosos, os produtos exóticos e,
principalmente a possibilidade de novas redes comerciais, atraíram ingleses, franceses e holandeses à América.

A consolidação do Estado Nacional posterior a da Espanha e Portugal, acabou por retardar a expansão marítima, principalmente dos ingleses, cujo
interesse inicial, assim como fora aos ibéricos, era encontrar uma rota que os levasse às Índias.

Como os espanhóis e portugueses já estavam dominando as rotas do Atlântico Sul, e tinham estabelecido tratados que lhes garantiam as posses
das terras conquistadas, as outras nações acabaram se concentrando mais no Atlântico Norte, que ainda não havia sido incorporado ao poderio
ibérico.

As tentativas inglesas de chegar a Índia iniciaram após o término da Guerra dos Cem Anos (1453) e a Guerra das Duas Rosas (1485), quando a
dinastia Tudor (1485-1603), aplicando as políticas econômicas mercantilistas após, estimula a ida de expedições à América do Norte, autorizando
os navegadores a fundar estabelecimentos coloniais nas terras que descobrissem. Mas isso não pode ser considerado um projeto colonizador e
sim ações de expansão comercial.

Um dos fatores que alavancou este processo foi a implantação do Absolutismo, pela dinastia Tudor, fortalecido pelos os reflexos da Reforma
religiosa na Inglaterra. A Inglaterra se tornou um Estado centralizado e forte, organizado internamente, que agora poderia pensar nas políticas de
expansão e colonização fora da Europa.

A partir deste novo contexto um novo inimigo se colocava como entrave aos projetos expansionistas ingleses: a Espanha de Felipe II. Uma
ameaça forte, que só é neutralizada após a vitória sobre a “Invencível Armada da Espanha” em 1588, após tentativa de ocupação espanhola do
território da Inglaterra. Essa vitória calou alguns descontentamentos internos em relação ao rei, e fortaleceu sobremaneira o nacionalismo inglês.
Os “Colonizadores”

No início do século XVII a Inglaterra passava por muitas transformações, dentre elas o crescimento demográfico (a população quase dobrou de
1525 a 1601), e a Revolução Agrícola e as manufaturas começava a gerar frutos. O processo de cercamentos (enclosures) era mais e mais
intensificado, diminuindo as áreas comunais e campos abertos, fundamentais à sobrevivência dos camponeses, para aumentas a criação de
ovelhas.

Em toda a Inglaterra o êxodo rural cresce assustadoramente, fazendo com que as cidades inglesas não consigam comportar o número de pessoas
que chegam até ela em busca de recursos e novas oportunidades. O número de pobres fica cada vez maior. Muitos deles formarão parte do
contingente que emigrou para a América em busca de uma vida melhor e mais oportunidades. Fato aprovado pelas autoridades inglesas, que viam
na ida destes grupos de despossuídos para a América, a solução de muitos de seus problemas.

Uma das frentes de emigrantes foram os peregrinos religiosos (pilgrims) que fugiam da instabilidade religiosa que já mencionamos. Segundo
Junqueira (2013), católicos, huguenotes, quakers e puritanos, dentre outros, imigram para a América (Nova Inglaterra) na tentativa de fugir de
conflitos e perseguições. Ainda segundo o autor, os puritanos acabaram entrando para a história dos EUA como núcleo original de sua cultura. Em
1620 um destes grupos de pilgrims, chega a Massachusetts a bordo do navio Mayflowers.

Estes “pais peregrinos” não são “pais” de todos, apenas da parte denominada por Leandro Karnal (2010) de “WASP” – White anglo-saxon
protestant (branco, anglo-saxão e protestante). Ainda segundo o autor, consagrar os peregrinos como modelo de colonização dos EUA é reforçar
uma parte do processo e ignorar outras, pois na verdade neste grande contingente populacional do século XVII misturam-se aventureiros, órfãos,
membros de seitas religiosas, mulheres sem posses, crianças raptadas, negros africanos, índios, degredados, comerciantes e nobres (KARNAL,
2010, p. 47).
População e vida cotidiana Colônias do Norte
No início do século XVIII as Treze Colônias já contam com 250 mil Devido ao clima, extremamente frio, as colônias ao norte mantiveram
habitantes. Dentre eles muitos alemães, escoceses e irlandeses, uma economia baseada na policultura (milho, aveia e trigo), no intuito de
recém chegados. Além destes, ao final do século XVIII temos uma abastecimento do mercado interno. A criação de ovelhas, porcos e gado
grande leva de franceses protestantes que migram para as colônias também era forte. A mão de obra era familiar, mas também a de
inglesas. Uma grande diversidade cultural vai, gradativamente, servidão por dívidas e a escravizada. Nas colônias mais ao norte havia,
afastando a população da América da metrópole, constituindo valores também, a produção de navios.
e hábitos diferentes dos ingleses.
Diversos autores falam do comércio triangular, ou seja, compra de cana
e melado das Antilhas, transformados em rum, levado para a África e
trocado por africanos escravizados, que eram trazidos para as Antilhas,
A maior parte da população morava na zona rural, mas os centros
ou colônias do sul, para serem vendidos. E assim reiniciava o processo.
urbanos eram fortes e comercialmente ativos. A estrutura familiar na
América não diferia muito da inglesa. Famílias de 7 a 8 filhos, Este comércio triangular também se dava com a Europa, para onde o
mortalidade infantil altíssima, a figura masculina central no seio da açúcar das Antilhas era levado e de lá vinham produtos manufaturados.
casa, todos trabalhavam. As mulheres casavam cedo e viviam a Outra atividade das colônias do norte foi a pesca e a venda de peles.
sombra dos seus maridos.

Colônias do Sul
As casas eram pequenas, com poucos móveis, camas compartilhadas
por várias crianças, as roupas confeccionadas em casa, poucos Um dos produtos que se destacou desde o início da colonização foi o
enfeites; os banheiros ficavam no exterior das residências (na rua). tabaco (planta nativa da América), que exigia grandes contingentes de
mão de obra, aumentando assim a servidão por dívidas e a
escravização de africanos.
A maior parte das atividades era de trabalho, poucas de lazer. Mesmo Ao contrário das colônias do norte, as do sul tinham a economia voltada
as atividades conjuntas tinham alguma função: construir um celeiro, às necessidades da Europa. Os grandes latifúndios, de monocultura
por exemplo, e depois comer um lanche coletivo. para exportação, ficaram conhecidos como plantations. Além do tabaco,
produziam algodão e linho de excelente qualidade. A manufatura era
pouco desenvolvida nas colônias do sul.
Havia uma grande preocupação com a educação e em quase todas as
localidades havia os professores. Tal preocupação se devia à O sul escravista era muito mais ligado à metrópole do que as colônias
necessidade de conhecerem a Bíblia. do norte, e por isso um bastião do mercantilismo e do conservadorismo
na América inglesa.
Universidade Luterana do Brasil - ULBRA. História da América Colonial e
Independente. Vários Autores. Canoas: livro digital, s.d.

GOMES, Juliane Maria Puhl. A Ocupação Inglesa da América. Capítulo 8, p. 151-165.

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