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A ORIGEM DA VIDA NA TERRA: RAZÕES PELAS QUAIS OS

MODELOS NATURALISTAS SÃO IMPOSSÍVEIS


Raul Esperante, PhD
Goescience Research Institute/USA
Tradução: Luciano Senti da Costa
Revisão: Frank M. de Souza e Marcia de Paula

Introdução

O tema da origem da vida é de grande importância, em qualquer modelo, para a


história da vida na Terra. Os cientistas criacionistas creem que Deus criou a vida na
Terra durante a semana da criação, há vários milhares de anos, conforme o relato
bíblico descrito em Gênesis 1. Por outro lado, os evolucionistas afirmam que a vida
surgiu a partir de componentes inorgânicos, por meio de reações químicas ao acaso
que conduziram à formação de moléculas orgânicas simples. Essas moléculas se
polimerizaram e formaram as primeiras células que foram a base para os
organismos multicelulares complexos, encontrados no registro fóssil e atualmente. A
aceitação do marco evolucionista pela a maioria dos cientistas desencadeou a busca
de um modelo naturalista para suas hipóteses. No século XX foram elaborados
diversos experimentos para provar a viabilidade da origem das moléculas orgânicas
a partir de moléculas inorgânicas. Essas alternativas também têm problemas. Neste
artigo examinaremos os modelos naturalistas propostos para a origem da vida, as
pressuposições nas quais se baseiam os experimentos e os modelos que explicam a
síntese de moléculas orgânicas, as provas apresentadas a favor desses modelos e
os problemas que tais modelos naturalistas apresentam para a origem da vida.

OS EXPERIMENTOS PARA A ORIGEM INORGÂNICA DA VIDA

O cenário naturalista de Oparin

O primeiro experimento sério sobre a origem naturalista da vida foi feito por
Aleksandr Oparin, graduado na universidade de Moscou. Após Louis Pasteur ter
refutado a geração espontânea em 1864, Oparin tentou contestar a pergunta
plantada pelos cientistas naturalistas: “Se um organismo vivo vem de outro
organismo vivo, de onde veio o primeiro organismo?” Para responder essa questão,
ele começou, em 1924, a desenvolver sua teoria sobre a origem da vida, que
consiste na evolução química de moléculas com carbono em uma sopa primitiva.
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As moléculas da vida compõem-se de carbono (C), hidrogênio (H), nitrogênio (N) e


oxigênio (O). Portanto, qualquer experimento que procure explicar como se iniciou a
vida precisa utilizar moléculas que contenham esses átomos. Sem dúvida, a
presença de oxigênio livre pode destruir muitas moléculas orgânicas; assim, Oparin
postulou que a atmosfera primitiva era muito redutora e rica em metano (CH4) como
fonte de C, hidrogênio (H2) e amônia (NH3) como fonte de N.1

Oparin sugeriu que a forte radiação ultravioleta e as descargas elétricas


atmosféricas teriam acionado certas reações químicas na atmosfera redutora
primitiva, produzindo aminoácidos que, posteriormente, caíram sobre a superfície da
Terra. A evaporação teria concentrado os aminoácidos em poças sobre rochas
quentes na superfície. Esse calor teria facilitado as reações químicas ao acaso, as
quais ligaram vários aminoácidos através de ligações peptídicas, que eventualmente
formaram as primeiras proteínas.

N2
Vapor de água
Eletrodos

CH4 NH3
3
4

Condensador

Água fria

Água fria
Contendo compostos
orgânicos

calor
Amostra para análise

Figura 1. Diagrama do experimento de Miller

As proteínas são os componentes essenciais da vida. Todas as células e tecidos


biológicos contêm milhares delas com funções diversas e específicas. Oparin
sugeriu que essas proteínas deviam se concentrar para formar glóbulos coloidais:
agregados moleculares globulares estabilizados por forças eletrostáticas.

Ele sugeriu que outras moléculas orgânicas (que também teriam tido uma origem
inorgânica) incorporaram esses glóbulos, criando um ambiente propício para certas

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reações químicas, as quais, eventualmente, conduziram à autosíntese das unidades


agregadas. Oparin vislumbrou nesse processo o primeiro passo para a formação de
células vivas.

O experimento de Miller

A teoria de Oparin foi reconhecida em 1952 por Harold Urey, professor da


Universidade de Chicago e pelo seu estudante Stanley Miller. Urey havia aceitado a
proposta de Oparin de que a atmosfera primitiva era rica em metano, hidrogênio,
amônia e vapor d’água.2 Com essa pressuposição, Miller preparou um conjunto de
artefatos de vidro no laboratório de Urey (Figura 1) e tentou obter os blocos químicos
essenciais através de experimentos controlados. Miller circulou os gases através de
descargas elétricas de alta voltagem que simulavam relâmpagos; depois de alguns
dias a água tornou-se roxa e turva.3 A análise química da “sopa” mostrou uma
variedade de compostos, incluindo alguns aminoácidos e outros produtos químicos
orgânicos (Tabela 1).
Aminoácido Meteorito Murchison Experimentos de descarga
Glicina **** ****
Alanina **** ****
Ácido α-amino-N-butírico *** ****
Ácido α-aminoisobutírico **** **
Valina **** **
Norvalina **** ***
Isovalina *** **
Prolina **** *
Ácido Aspártico **** ***
Ácido Glutámico
β-Alanina ** **
Sarcosina ** ***
N-Etilglicina ** ***
N-Metilalanina ** **
Ácido Pipecólico * *
Ácido β-amino-N-butírico * *
Ácido β-aminoisobutírico * *
Ácido γ-aminobutírico * **
Tabela 1. Comparação entre os aminoácidos obtidos nos experimentos de descargas elétricas em condições
controladas de laboratório e os encontrados em análises de meteoritos caídos sobre a Terra. O número de
asteriscos indica a quantidade relativa encontrada no meteorito ou obtida no experimento. Dados obtidos de L.E.
Orgel. 1994. The origin of life on the earth. Scientific American: 77-83.

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O experimento de Miller produziu o tipo de resultados que os naturalistas desejavam


para provar que a vida, sob as condições redutoras da suposta atmosfera primitiva,
poderia ter tido uma origem inorgânica. O experimento foi repetido muitas vezes por
outros pesquisadores, utilizando-se pequenas variações na composição e obtendo-
se resultados semelhantes. Contudo, apenas uma década depois desse
experimento, os cientistas já questionaram a suposta composição da atmosfera da
Terra primitiva baseada nesses achados.

PROBLEMAS COM OS EXPERIMENTOS

Os resultados químicos dos experimentos

Os experimentos de Miller (e de outros), usando uma atmosfera de metano, amônia


e água para reproduzir as hipotéticas condições da atmosfera primitiva, produziram
o que se acreditava terem sido os compostos orgânicos precursores da vida nos
oceanos primitivos. Miller obteve vários aminoácidos, incluindo a glicina e a alanina
– os dois aminoácidos mais simples encontrados nas proteínas (Tabela 1).4 Tais
resultados pareciam promissores, esperando-se reconstruir com eles o cenário
naturalista para a origem da vida. Existem, contudo, vários problemas com esses
resultados.

Todos os aminoácidos obtidos dos experimentos de síntese de laboratório são


quase ou totalmente racêmicos5 (formam-se da mistura de aminoácidos
estereoisômeros L e D), enquanto que as proteínas das células constituem-se
exclusivamente de aminoácidos do tipo L. Esse é, de fato, um dos obstáculos
mais importantes apresentados pelos experimentos naturalistas que tratam de
reproduzir as supostas condições da atmosfera primitiva, pois o poder de auto-
organização (o de polimerização em macromoléculas mais complexas) e a
função baseiam-se nas características particulares químicas, físicas e
estereoquímicas das moléculas. Essas características não são observadas de
uma forma altamente organizada em nenhuma das moléculas prebióticas obtidas
nos experimentos de simulação.6

Alguns dos aminoácidos essenciais das proteínas, tais como a lisina, a histidina e
a arginina, não são obtidos em quantidades perceptíveis ou úteis para a síntese
de proteínas.7

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Muitos dos aminoácidos obtidos nos experimentos, incluindo a norvalina e a


norleucina, não têm nenhuma função nas proteínas. Alguns desses aminoácidos
não aparecem de maneira natural na Terra.

Os experimentos como os de Miller mostram que não é difícil produzir moléculas


orgânicas a partir de componentes inorgânicos. Contudo, os experimentos de
Miller foram realizados sob condições controladas de laboratório, que não se
assemelham às condições dos sistemas abertos na natureza. Para se obter
aquilo que se acredita ter acontecido originalmente, os experimentalistas ajustam
o sistema dentro de condições que também creem terem ocorrido. Então, quando
acontecem os resultados previstos, apresentam-nos como a explicação mais
provável para a origem da vida. Isso é um círculo vicioso.

Além do mais, foi esclarecido que, embora seja fácil obter moléculas orgânicas
nesses experimentos controlados, o que é realmente difícil (e que não foi
demonstrado) é a produção de moléculas que sejam de baixa diversidade
suficiente e semelhantes às moléculas que se encontram hoje nos organismos
vivos.8 Por que baixa diversidade? Porque a alta diversificação pode ser um
obstáculo para a polimerização, a transição de moléculas autoreplicadoras e a
formação de células. O metabolismo da célula funciona somente utilizando
algumas centenas de moléculas pequenas, usadas na construção de muitos
polímeros (macromoléculas) diferentes que funcionam em várias vias
metabólicas. As enzimas intervêm na polimerização das macromoléculas e nas
reações bioquímicas subsequentes. As enzimas são específicas em sua ação e
no reconhecimento da natureza e da estrutura da molécula à qual se unem. Se
aceitamos a origem naturalista das moléculas menores (na sopa primordial ou no
espaço exterior), então teremos de enfrentar o problema de uma grande
variedade de moléculas, porque algumas delas teriam estruturas muito
semelhantes. As enzimas teriam uma quantidade enorme de moléculas similares
sobre as quais atuar e poderiam acabar unindo-se às incorretas, impedindo
assim o processo enzimático correto. Embora a sopa primordial contivesse uma
variedade de moléculas menores essenciais para a polimerização, também
poderiam estar presentes moléculas inapropriadas que inibiriam o início da
polimerização e do metabolismo. Essa é a razão pela qual Danchin indica que
“não se pode imaginar nenhum cenário para a origem da vida fora do ambiente

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organizado e seletivo, antes da formação das moléculas que seriam utilizadas


nas macromoléculas” (ênfase no original).9 Dessa forma, não é suficiente obter
algumas moléculas orgânicas (aminoácidos) que sejam parecidos com as que
estão nas células modernas; essas moléculas precisam se polimerizar para
formar compostos mais complexos (proteínas) e ninguém sabe como isso
poderia ter acontecido no oceano primitivo.

Diversos experimentos de simulação têm sido propostos e alguns deles são


inverossímeis. Assim, nesses experimentos controlados obtêm-se muitos
compostos que poderiam ter se formado em condições supostamente
semelhantes às da Terra pré-biótica, pois as condições físicas e químicas de
cada experimento são diferentes. Ainda não se encontrou, ou sequer se sugeriu,
nenhum modelo que proporcione todos os compostos biogênicos necessários ao
mesmo tempo e sem moléculas “inapropriadas”.10

A composição da atmosfera primordial

Os modelos propostos para a evolução atmosférica desde o Pré-cambriano


baseiam-se na hipótese da acumulação progressiva de gases exalados do interior
da Terra e pelos primeiros organismos (para a escala de tempo geológico segundo o
modelo evolucionista, ver Tabela 2). O problema principal desses modelos
naturalistas é a quantidade de oxigênio e hidrogênio no ar antes da existência da
vida, pois o oxigênio destruiria as moléculas orgânicas pelos processos de oxidação.
Essa é, precisamente, a razão pela qual as células têm numerosos sistemas para
prevenir a oxidação de seus componentes. Oparin e Miller sabiam que, para obter as
moléculas orgânicas com o bombardeio de compostos inorgânicos em um sistema
fechado, tinham que eliminar o oxigênio livre do experimento. Assim, aceitou-se que
o oxigênio não poderia estar presente na atmosfera primitiva porque destruiria
qualquer molécula orgânica formada por processos naturais. Portanto, Oparin e
Miller admitiram a falta de oxigênio em seus modelos da atmosfera primitiva e Miller
não incluiu esse gás em seu experimento. O oxigênio é produzido por organismos
fotossintéticos, mas segundo o modelo evolucionista, as plantas verdes e as algas
não haviam surgido no planeta; portanto, Oparin e Miller acreditavam que ambos se
baseavam em uma pressuposição segura.11

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Oparin e Miller propuseram que a atmosfera do Arqueano inferior (ver Tabela 2) era
redutora e rica em metano (CH4) e amônia (NH3), mas sem nitrogênio molecular (N2)
e oxigênio (O2). Agora a opinião dos cientistas está dividida em relação à essa
pressuposição. Poucos creem que a atmosfera primitiva fosse fortemente redutora
ou rica em hidrogênio. Segundo Tian et al.,12 as concentrações de CH4 e NH3 teriam
sido baixas na atmosfera primitiva devido à rápida perda gerada pela radiação UV
do sol. A emissão vulcânica de CH4 e NH3 não seria suficiente para manter alta
concentração desses gases. O modelo que implica alta concentração de hidrogênio
na atmosfera é menos discutido, sendo sustentado pelos que pensam que a Terra
primitiva conservou eficientemente o hidrogênio,13 e rejeitado pelos que creem que
esse gás teria escapado facilmente da atmosfera da Terra.14

Outros geólogos e astrofísicos sugerem que a atmosfera arqueana deveria ser


neutra, ou seja, rica em dióxido de carbono (CO2) e nitrogênio molecular (N2).15
Contudo, esse modelo apresenta um problema importante, em razão de síntese de
moléculas prebióticas essenciais ter sido muito mais difícil na presença de CO2 do
que em atmosferas redutoras. Os experimentos de laboratório demonstram que a
produção de cianeto de hidrogênio (HCN) e de formaldeído (H2CO), que são
precursores essenciais das purinas e pirimidinas e dos aminoácidos e açúcares,
respectivamente, não se formariam em uma atmosfera rica em CO2 e N2.

Devido às dificuldades evidenciadas pelos modelos de atmosfera redutora e neutra,


alguns geólogos adotaram o ponto de vista de que a atmosfera primitiva devia ser
ligeiramente oxidante, ou seja, com baixo conteúdo de O2 e com conteúdo de CO2,
N2 e H2O.17 O oxigênio é produzido principalmente pelas algas verdes nos oceanos
(especialmente as diatomáceas e os coccolithofóridos) e as plantas verdes
terrestres. Contudo, a ausência de algas fotossintéticas e de plantas terrestres não
impede a formação de oxigênio na atmosfera, porque poderiam ter sido geradas
quantidades pequenas de oxigênio pela fotodissociação das moléculas de água em
altitudes elevadas da atmosfera.18 Além disso, até uma pequena quantidade de O2
pode destruir as moléculas orgânicas. Desse modo, a questão é quanto oxigênio
existia na atmosfera primitiva e se essa quantidade desempenhou algum papel nas
reações químicas de origem da vida. Para solucionar esse enigma, os geólogos
começaram a estudar as rochas em busca de pistas.

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Escala evolucionista do tempo geológico


Sistema ou
Período Era Época Idade (milhões de anos)
Período
Holoceno 0,0115
Pleistoceno 1,8
Neógeno

Cenozóico
Plioceno 5,33
Mioceno 23,03
Oligoceno 33,9 ± 0,1
Paleógeno Eoceno 55,8 ± 0,2
Paleoceno 65,5 ± 0,3
Superior 99,6 ± 0,9
Cretácio
Inferior 145,5 ± 4,0
Superior 161,2 ± 4,0
Mesozóico

Jurássico Médio 175,6 ± 2,0


Inferior 199,6 ± 0,6
Superior 228,0 ± 2,0
Triássico Médio 245,0 ± 1,5
Inferior 251,0 ± 0,4
Fanerozóico

Lopingiano 260,4 ± 0,7


Permiano Guadalupiano 270,6 ± 0,7
Cisuraliano 299,0 ± 0,8
Superior 318,1 ± 1,3
Carbonífero
Inferior 359,2 ± 2,5
Superior 385,3 ± 2,6
Devoniano Médio 397,5 ± 2,7
Inferior 416,0 ± 2,8
Peleozóico

Pridoli 418,7 ± 2,7


Ludlow 422,9 ± 2,5
Silúrico
Wenlock 428,2 ± 2,3
Llandovery 443,7 ± 1,5
Superior 460,9 ± 1,6
Ordoviniano Médio 471,8 ± 1,6
Inferior 488,3 ± 1,7
Furongiano 501,0 ± 2,0
Cambriano Médio 513,0 ± 2,0
Inferior 542,0 ± 1,0
Neoproterozóico 1000
Proterozóico Mesoproterozóico 1600
Pré-cambriano

Paleoproterozóico 2500
Neoarqueano 2800
Mesoarqueano 3200
Arqueano
Paleoarqueano 3600
Eoarqueano Limite inferior não definido
Tabela 2. Escala de tempo geológico utilizada pelos cientistas evolucionistas. Ciência das Origens não acredita
na extensão do tempo de milhões de anos para a presença de vida na Terra, ainda que utilize a escala para
facilitar a comunicação científica entre os leitores.

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Rochas pré-cambrianas e oxigênio na atmosfera

A distribuição de alguns elementos químicos e compostos (incluindo S, N e carbono


orgânico) depende em grande parte das condições redutoras e diagenéticas
primárias, ou seja, da quantidade (ou pressão atmosférica) de oxigênio disponível no
ambiente. As rochas registram as reações químicas entre os gases atmosféricos e
os elementos químicos e outras condições ambientais que ocorrem nos sedimentos
e minerais no momento da precipitação mineral e do resfriamento do magma. Nesse
sentido, os geólogos têm examinado algumas das rochas mais antigas conhecidas
(na escala de tempo geológico padrão) e analisaram alguns depósitos, minerais e
estruturas que se acredita terem se formado quando apareceram os primeiros
organismos. Também investigaram várias características geológicas que poderiam
fornecer provas da presença de oxigênio na atmosfera primitiva, incluindo certos
minerais, tais como a uraninita e a pirita, camadas vermelhas, formações com
camadas de ferro em bandas e concentrações de ferro (Fe), carbono (C), enxofre (S)
e o conteúdo isotópico das rochas. Após várias décadas de estudos, os resultados
continuam sendo parciais e pouco conclusivos. Muitos cientistas encontraram
indícios sugestivos da presença de oxigênio nas rochas de quase 3,7 bilhões de
anos, enquanto outros afirmam não encontrar provas da presença desse gás na
atmosfera até mais recentemente. Examinaremos algumas dessas provas,
encontradas na literatura científica.

As rochas mais antigas da Terra

As rochas mais antigas conhecidas pelos geólogos são do período Arqueano inferior
(Tabela 2) e afloram parcialmente na superfície em algumas áreas no Escudo
Canadense, Austrália, África, Groenlândia e Fennoscandia, uma área que inclui o
norte da Escandinávia e o noroeste da Rússia. Essas são rochas magmáticas e
metamórficas, datadas entre 2,5 e 3,8 bilhões de anos, segundo a escala de tempo
evolucionista. O Gneis de Acasta, no Escudo Canadense, contém o mineral zircão
que foi datado em 4,03 bilhões de anos; acredita-se que é a rocha sedimentar
terrestre mais antiga conhecida, segundo a cronologia geológica padrão baseada
em datações radiométricas. Uma rocha potencialmente mais antiga foi encontrada
no conglomerado de Jack Hills, na Austrália Ocidental, com cristais de zircão
datados de 4,4 bilhões de anos; mas existe controvérsia com respeito a essa idade.
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A presença de uraninita e pirita

A uraninita é um mineral composto principalmente de dióxido de urânio (UO2) e


quantidades menores de UO3 e óxidos de chumbo (Pb), tório (Th) e outros
elementos. A pirita é um sulfeto de ferro (FeS2) – o mais comum dos minerais de
sulfeto – geralmente associado com outros sulfetos e óxidos nas rochas
sedimentares e metamórficas e como mineral de substituição no carvão e nos
fósseis. A presença de uraninita e da pirita nas rochas do Pré-cambriano Médio é
interpretada geralmente como de procedência detrítica, ou seja, procedentes da
erosão de rochas prévias e altamente solúveis em água com oxigênio. Portanto, a
presença de uraninita e de pirita era interpretada por alguns cientistas como prova
de uma atmosfera inicial reduzida, deficiente em oxigênio (com baixa pressão
atmosférica de oxigênio). Contudo, há muita discussão quanto a natureza e a origem
da uraninita e dos minerais de pirita e os dados sugerem que os oceanos e a
atmosfera do Pré-cambriano inferior não seriam diferentes dos atuais.

Nos sedimentos atuais a pirita origina-se principalmente por meio de dois processos:
a redução de sulfato na água do mar pelas bactérias e a produção de sulfeto durante
a decomposição de matéria orgânica. O sulfeto também tem duas origens de menor
importância: as emissões vulcânicas e a pirita detrítica. De que maneira a presença
dos minerais de sulfeto em sedimentos indica quais poderiam ter sido as condições
oceânicas e atmosféricas no mundo pré-cambriano?

Dimroth e Kimberley afirmaram não ter encontrado pirita detrítica nos arenitos de
origem pluvial e marinha superficiais do Proterozóico inferior no Quebec,
Canadá.19 O registro geológico não mostra nenhuma diferença geoquímica
fundamental entre as rochas do Pré-cambriano (quando a atmosfera era
supostamente livre de oxigênio) e as rochas ricas em ferro e urânio do
Fanerozóico. Como os geólogos creem que as rochas sedimentares registram as
condições ambientais contemporâneas no momento da deposição, conclui-se
que a semelhança entre as rochas Pré-cambrianas e as do Fanerozóico indica
semelhança em condições atmosféricas e oceânicas; portanto, a atmosfera do
Pré-cambriano deveria ser parecida ou igual à dos outros períodos geológicos.

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Em sedimentos recentes20 encontra-se sulfeto, principalmente em associação


com ardósia betuminosa.21 Esse sulfeto é originado por bactérias redutoras, as
quais necessitam de oxigênio para decompor a matéria orgânica. As análises de
ardósias pré-cambrianas e fanerozóicas indicam a presença de sulfeto, o que
sugere que essas rochas foram formadas sob condições semelhantes nos
oceanos, e que a redução bacteriana ocorria durante a deposição dos
sedimentos pré-cambrianos.

O sulfeto formado pela atividade vulcânica oxida-se rapidamente nas condições


atuais e os sulfetos de metais pesados formam-se somente em condições
excepcionais. Seria esperado que, nos oceanos pobres em oxigênio do Pré-
cambriano, o sulfeto lançado pelos vulcões submarinos formasse grandes
acúmulos de pirita no fundo marinho. Contudo, os depósitos vulcanogênicos de
sulfeto do Pré-cambriano e do Fanerozóico são similares em extensão e
espessura, e não foi encontrado nenhum depósito massiço de pirita em
sequências sedimentares ou vulcânicas do Arqueano.22

As semelhanças não se limitam à natureza e à distribuição das rochas


sedimentares ricas em urânio e ferro de todas as épocas, mas se estendem às
rochas ricas em carbono orgânico e sulfeto em muitos lugares.23 Se as rochas
primitivas do Pré-cambriano foram depositadas em uma atmosfera sem oxigênio,
sua composição química deveria ser bastante diferente quando comparadas às
que se formassem em uma atmosfera rica em oxigênio.

Presença e distribuição do carbono orgânico

Toda a matéria orgânica se oxida rapidamente nas condições atmosféricas atuais e


é essa a razão pelas quais as células estão equipadas com vários mecanismos para
evitar que esse processo de decomposição ocorra espontaneamente. A
decomposição parcial da matéria orgânica produz carbono orgânico dissolvido na
coluna de água e nos sedimentos, mas esse carbono se oxida facilmente em uma
atmosfera rica em oxigênio, um processo que ocorre rapidamente em sedimentos
grossos como o arenito e mais lentamente em sedimentos argilosos.24 O carbono
orgânico que se acumula na areia das praias, deltas e dunas se oxida e desaparece
em um período muito curto. Os depósitos lodosos de meandros abandonados,

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lagoas, estuários, oceano e lagos profundos, podem apresentar compostos ricos em


matéria orgânica por um período mais longo, especialmente se isolados do oxigênio
e da água, mas eventualmente são destruídos pela ação bacteriana. O que
aconteceria em ambientes semelhantes sob a suposta atmosfera sem oxigênio do
Pré-cambriano?

Segundo os modelos de Oparin e Miller, deveriam se formar numerosas moléculas


orgânicas na atmosfera do Pré-cambriano. Essas moléculas orgânicas teriam caído
ao oceano e se mantido em sua superfície, como acontece com os hidrocarbonetos
provenientes da contaminação nos oceanos modernos, os quais formam uma
película de óleo espessa na superfície da água. Esses óleos envelhecem e se
polimerizam rapidamente para formar o betume, que comumente se encontra em
algumas praias na zona intermareal e supramareal. Felizmente esses agentes
contaminantes betuminosos são destruídos por bactérias nas condições
atmosféricas atuais, mas não teriam sido destruídos em um ambiente sem oxigênio
como o suposto ambiente do Pré-cambriano inferior. Por não serem destruídos, eles
teriam sido conservados nas pedras de arenito do Pré-cambriano e os calcarenitos
litorâneos depositados na ausência de oxigênio deveriam conter uma abundante
quantidade de carbono orgânico. A matéria betuminosa também deveria ser
abundante nas rochas argilosas depositadas em ambientes intermareais e
supramareais. Contudo, os depósitos litorâneos do Pré-cambriano não mostram
essa alta concentração de óleos betuminosos prevista, sendo muito semelhantes
aos sedimentos litorâneos formados nas condições atuais.25

Presença de feldspato e biotita

Os geólogos descobriram que as rochas do Proterozóico e Fanerozóico são muito


semelhantes em sua composição e mineralogia, devido à presença dos minerais
biotita, feldspato e dos isótopos de carbono (C).

Os minerais de feldspato e biotita aparecem em rochas de todas as épocas. A biotita


é oxidada, na presença de oxigênio e, portanto, deveria ter sobrevivido à suposta
atmosfera pobre em oxigênio do Proterozóico. No entanto, provas geológicas
indicam que a biotita não sobreviveu melhor no Proterozóico do que no Fanerozóico,
no qual a atmosfera era rica em oxigênio. Os feldspatos podem sofrer carbonatação,

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um processo de desgaste pela ação atmosférica causada pelo dióxido de carbono


na atmosfera. Uma atmosfera rica desse gás, como foi sugerida por alguns
geólogos, deveria eliminar a maior parte de feldspato das rochas pré-cambrianas,
mas esse mineral sobreviveu também.26 Essas evidências mineralógicas indicam
que muito provavelmente as rochas pré-cambrianas foram formadas em condições
atmosféricas muito semelhantes às do Fanerozóico e, portanto, às atuais, o que
contradiz a idéia de que a atmosfera pré-cambriana era pobre em oxigênio.

Presença de isótopos de carbono

Os paleontólogos sempre estão interessados em encontrar as provas mais antigas


de metabolismo celular e desenvolveram técnicas sofisticadas para detectá-lo em
amostras de rochas antigas. A atividade enzimática nas células deixa sinais
bioquímicos específicos na matéria orgânica que algumas vezes se conservam nas
rochas, sob determinadas condições. Os átomos constituintes da matéria orgânica
são C, S, H, O e N, que apresentam variações isotópicas. Um desses sinais
12 13
bioquímicos é o coeficiente isotópico é C/ C (também chamado de δ13 C/δ12 C).
12 13
Nos seres vivos o C prevalece sobre o C, porque a matéria orgânica tende a ter
13 12 12
pouco C e muito C e, portanto, apresenta um quociente C/13C negativo. Os
esforços para encontrar moléculas orgânicas ou vestígios isotópicos em rochas pré-
cambrianas têm apresentado resultados polêmicos e as idades obtidas são
questionáveis, mas as estruturas encontradas são úteis quando comparadas com
estruturas semelhantes em rochas mais recentes. Os exemplos são vários.

Button27 e Nagy28 encontraram microfósseis de algas cocóides e de algas verde-


azuladas filamentosas nos estromatólitos dolomítico-calcários, em rochas
sedimentares do Grupo Wolkberg, na África do Sul. A presença desses
microfósseis atrasaria a idade mínima da atmosfera com oxigênio para 2,6
bilhões de anos. Os microfósseis encontrados nessas rochas sedimentares
antigas são semelhantes às algas verde-azuladas modernas, indicando que a
complexidade bioquímica e funcional já estava presente precocemente na
suposta evolução da vida, desafiando, assim, o lento processo de evolução e de
seu modelo abiogênico para a origem da vida.

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Dimroth e Kimberley mostraram que o quociente entre carbonato orgânico e


inorgânico é semelhante em rochas sedimentares de todas as idades, incluindo
as rochas do período Arqueano.29 A constância dos quocientes isotópicos de
carbono orgânico e inorgânico encontrado em rochas sedimentares é uma
indicação da constância relativa da produção de oxigênio livre30 e questionou a
idéia de que a atmosfera primitiva era diferente da atual.

A análise das rochas mais antigas indica que a atmosfera e os oceanos têm uma
composição química semelhante desde o período Arqueano, cerca de 2,5 a 4,0
bilhões de anos, de acordo com a escala de tempo evolucionista. Portanto, se as
moléculas e células orgânicas tiveram uma origem naturalista, devem ter surgido em
condições ambientais não muito diferente da biosfera atual. Mas os geólogos sabem
que esse cenário é pouco provável, no seu paradigma.

MODELOS ALTERNATIVOS: SISTEMAS HODROTERMAIS E PROCEDÊNCIA


EXÓGENA

Devido à dificuldade de produzir compostos orgânicos utilizáveis e adequados por


meio naturais em atmosferas redutoras, neutras ou oxidantes, os cientistas têm
explorado duas alternativas na investigação da origem da vida: 1) a síntese de
moléculas orgânicas em emissões hidrotermais submarinas e 2) uma origem
extraterrestre de compostos orgânicos, cada uma dessas idéias supostamente
apoiadas por provas particulares e baseadas em postulados muito improváveis.

A vida surgindo de emissões hidrotermais

Alguns cientistas supõem que as primeiras moléculas orgânicas e as primeiras


células surgiram das emissões vulcânicas ou de fontes hidrotermais no fundo do
oceano. Essa idéia foi proposta após a descoberta da fauna rica e diversificada
associada à fontes hidrotermais no fundo do oceano, que não dependem de luz
solar como fonte de energia. Outros cientistas sugerem que a vida poderia ter
surgido a partir de pequenos lagos termais associados à atividade vulcânica. De
fato, essa idéia já tinha sido proposta por Charles Darwin, que sugeriu que a vida
pode ter começado em uma “pequena poça morna”. A idéia de que a vida surgiu em

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A ORIGEM DA VIDA NA TERRA: RAZÕES PELAS QUAIS OS MODELOS NATURALISTAS SÃO IMPOSSÍVEIS

pequenos lagos hidrotermais em zonas vulcânicas tem sido submetida à


experimentação em campo e os resultados foram apresentados em um simpósio
internacional realizado na Royal Society de Londres, em fevereiro de 2006. Antes de
sua apresentação, o professor David disse que:

"Já faz quase 140 anos que Charles Darwin sugeriu que a vida poderia ter se
originado em uma “pequena poça morna”. Estamos agora provando se a idéia de
Darwin era boa, mas fazemo-lo em “pequenos lagos mornos" associados às regiões
vulcânicas de Kamchatka [Rússia] e Mount Lassen [Califórnia]. Os resultados são
surpreendentes e, de certa forma, muito decepcionantes. Parece que as águas
ácidas termais que contém argila não fornecem as condições adequadas para que
os produtos químicos possam ser montados para formar os “organismos pioneiros”.
Descobrimos que alguns compostos orgânicos, como os aminoácidos e as bases do
DNA, que são os blocos construtores da vida, se aderiram fortemente à superfície
das partículas de argila nas lagoas da região vulcânica Kamchatka. O fosfato, outro
ingrediente essencial para a vida, também aderiu à superfície da argila. Observamos
a mesma coisa em uma lagoa que fervia no Monte Lassen. A razão pela qual isso é
significativo é que tem sido proposto que a argila promove interessantes reações
químicas que conduziram à origem da vida. No entanto, em nossos experimentos,
os compostos orgânicos se aderiram tão fortemente às partículas de argila que não
poderiam sofrer qualquer reação química. Além disso, quando introduzimos
moléculas semelhantes às do sabão nessas lagoas, não se formaram membranas,
que são necessárias para formar as células.”31

E o professor Deamer disse:

"Nós não sabemos o que fazer com isso, mas esses resultados parecem eliminar
algumas de nossas idéias sobre onde a vida poderia ter começado. Uma
possibilidade é que a vida realmente começou em uma 'pequena poça morna’, mas
não nas zonas vulcânicas ou de fontes hidrotermais submarinas."32

Parece que, embora o conhecimento sobre como funciona o mundo esteja


aumentando rapidamente em muitos campos, a resposta à pergunta de como a vida
começou na Terra permanece evasiva para aqueles que possuem um ponto de vista
naturalista.

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A ORIGEM DA VIDA NA TERRA: RAZÕES PELAS QUAIS OS MODELOS NATURALISTAS SÃO IMPOSSÍVEIS

Uma fonte extraterrestre para a matéria orgânica

Alguns cientistas têm desviado a sua atenção para a busca de provas da existência
de vida nas rochas do espaço exterior. A relativa abundância de matéria orgânica
em meteoritos e poeira cósmica tem despertado interesse de alguns cientistas
desde que Guillermo Thomson (Lorde Kelvin) propôs a idéia de que a vida na Terra
veio de meteoritos, e a palavra foi batizada por panespermia pelo biólogo alemão
Hermann Ritcher. Segundo essa hipótese, as primeiras moléculas orgânicas não se
originaram na Terra, mas eles vieram do espaço exterior.33 A Tabela 3 mostra
algumas das muitas moléculas orgânicas que têm sido detectadas em corpos
interplanetários.34 Foi Svante Arrhenius (1859-1927), ganhador do Prêmio Nobel,
que desenvolveu essa idéia de uma forma científica, sugerindo que alguns micróbios
poderiam ser lançados para o espaço circumplanetário pelas fortes tempestades e
chegar ao espaço interplanetário impulsionados pela pressão da radiação (ou seja,
os cometas e meteoritos não eram necessários para o transporte). Nos anos 50 do
século XX, o astrônomo Otto Struve sugeriu que alguns seres inteligentes poderiam
ter levado vida de um planeta a outro no passado, embora não necessariamente
com um propósito. Nos anos posteriores, os físicos Wickramasinghe e Hoyle
encontraram o que eles consideraram vestígios de vida em poeira estelar e
sugeriram que a vida surgiu não só no espaço exterior, no passado distante, mas
também que a evolução terrestre continua a acontecer devido à entrada de material
genético extraterrestre através de uma chuva contínua de matéria orgânica e
germes. Acredita-se que alguns dos meteoritos que caem na Terra vêm de Marte ou
da Lua35, o que sugere que a transferência de material de certos corpos espaciais
para a Terra pode acontecer regularmente. Se nesses corpos planetários existe
alguma forma de vida microbiana, esta poderia chegar à superfície da Terra através
do material caído. Embora atraente, essa idéia foi rejeitada pela maioria dos
cientistas.

Alguns meteoritos encontrados na superfície da Terra, em especial o meteorito


Murchison, contém muitos dos aminoácidos que Miller encontrou em seus
experimentos de síntese (Tabela 1). Isso tem levado alguns cientistas a sugerir que
a vida ou as moléculas necessárias para iniciar a vida poderiam ter vindo do espaço
exterior. Essa idéia, no entanto, tem enfrentado muitos problemas desde que foi

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proposta inicialmente e, embora alguns astrônomos e físicos a apóiem, ela perdeu a


sua credibilidade devido a graves problemas:

Os meteoritos que caíram na superfície da Terra deveriam ter sobrevivido ao


calor provocado pelo atrito com a atmosfera, e isso só é possível se o meteorito
tivesse originalmente uma dimensão significativa.

O espaço é um ambiente letal para todas as formas de vida, porque radiações,


raios cósmicos e ventos estelares alteram ou destroem muitas das moléculas
orgânicas, incluindo DNA e RNA. É pouco provável que algum microorganismo
sobreviva na poeira estelar ou em algum corpo meteorítico pequeno.

Foram identificados vários exemplos de meteoritos com supostas provas da


presença de microorganismos. No entanto, essa evidência é fraca e muito
questionável e até agora todos esses exemplos foram negados.

Epistemologicamente a idéia de panespermia também apresenta graves


problemas, uma vez que não proporciona uma boa explicação para a origem da
vida na Terra, mas também exige uma explicação independente para a origem
da vida em outro lugar. De onde surgiram esses microrganismos que estavam
nos meteoritos? Alguns cientistas afirmam que, dada à imensa extensão de todo
o universo, é muito provável que em algum lugar exista (ou tenha existido)
alguma forma de vida. No entanto, eles não forneceram quaisquer provas
científicas para essa idéia e o modelo não tem dados para apoiá-lo, e ainda que
essas formas de vida extraterrestre tivessem existido, não existe nenhuma prova
de que teriam contribuído para a origem da vida em outros corpos celestes.

O MUNDO DE RNA

Os modelos naturalistas para a origem das moléculas orgânicas prebióticas estão


enfrentando muitas dificuldades para explicar a sua formação na suposta atmosfera
e oceanos primitivos, independentemente das condições de tais ambientes
químicos. No entanto, o problema mais grave não é a formação dos "blocos
moleculares” (aminoácidos, carboidratos, purinas, etc.), ou a sua polimerização, mas
a sua montagem para produzir estruturas moleculares funcionais e
autoreprodutoras.36 Ainda mais difícil de solucionar é a origem e polimerização dos
ácidos nucléicos DNA e RNA, os portadores da informação genética nas células. Os
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ácidos nucléicos são longas estruturas que resultam da polimerização complexa e


ordenada das moléculas de açúcar (uma pentose), fosfato, pirimidinas e purinas.
Quatro purinas: adenina, guanina, hipoxantina e xantina, e uma pirimidina: uracila
foram encontradas no meteorito Murchison (Tabela 1).37

Moléculas interesteralares Fórmulas Monômeros resultantes e


e de cometas algumas propriedades

Hidrogênio H2 Agente redutor


Água H2O Solvente universal
Amônia NH3 Catálise e aminação
Monóxido de Carbono CO (+H2) Äcidos graxos
Formaldeído CH2O Ribose e glicerol
Acetaldeído CH3CHO(+CH2O) Desoxiribose
Aldeído RCHO (+HCN e NH3) Aminoácidos
Sulfeto de Hidrogênio H2S (+outros Cisteína e metionina
precurssores)
Tioformaldeído(interestelar) CH2S Cisteína e metionina
Cianeto de Hidrogênio HCN Purinas e aminoácidos
Cianoacetileno (interestelar) HC3N (+ cianato) Pirimidinas
Cianamida (interestelar) H2NCN Agente condensador para a
síntese de biopolímeros
Nitrito de Fósforo PN Fosfatos e nucelotídeos
Fosfato (meteoritos e poeira PO43- Fosfatos e nucleotídeos
interplanetária)
Tabela 3. Compostos bioquímicos presentes no espaço interestelar e nos cometas. Com a exceção do
fosfato, todas as demais moléculas foram encontradas nas nuvens interestelares e muitas foram detectadas em
cometas. As moléculas que foram encontradas somente nas nuvens interestelares estão indicadas com a
palavra “interestelar”. Dados obtidos de Oro J, Miller SL, Lazcano A. 1990. The Origin and early evolution of life
on Earth. Annual Review of Earth and Planetary Sciences 18: 317-56.

No entanto, essas moléculas por si só são inúteis a menos que sejam polimerizadas
e sirvam como portadores de informações codificadas. Nesse sentido, os
pesquisadores têm encontrado muitas dificuldades quando tentam explicar a origem
espontânea dos ácidos nucléicos polimerizados e não sugerem nenhum modelo
plausível.

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Qualquer modelo naturalista para a origem da vida não somente teria de explicar
como foram polimerizadas as proteínas e DNA a partir de pequenas moléculas, mas
também como conectaram suas funções através de um código e qual delas deu
origem ao metabolismo. As proteínas são necessárias para fazer funcionar a
informação genética do DNA e o DNA é necessário para formar proteínas. Então, o
que veio primeiro? Ambas as vias precisam de um código de expressão (o código
genético universal), e supondo que trabalharam em conjunto desde o início, como e
onde conseguiram o código? Sydney Altman em 1978 e Thomas R. Cech em 1981,
descobriram que um tipo específico de RNA mostrava capacidade enzimática, que é
a capacidade de ativar e acelerar as reações bioquímicas. Eles descobriram que
certos tipos de RNA atuavam como as enzimas, espontaneamente se fragmentando
em duas partes e unindo-se novamente mais tarde. Esse tipo de RNA foi
denominado ribozima. Sob condições controladas de laboratório, essas ribozimas
foram capazes de catalisar a sua própria síntese, sem a ação catalítica de proteínas
enzimáticas. Esse achado levou alguns cientistas a imaginarem um mundo no qual a
vida teria surgido a partir de moléculas de RNA, o chamado mundo de RNA.38 Seria
viável essa idéia de um mundo de RNA? Diversos experimentos de laboratório têm
demonstrado que é possível obter pequenos polímeros de nucleotídeos através de
catálise não biológica, obtendo nucleotídeos semelhantes aos naturais.39 Outros
experimentos têm demonstrado a possibilidade de obter cadeias autoreplicantes de
nucleotídeos.40 No entanto, esses experimentos apresentam vários problemas
importantes e modelo do mundo de RNA tem sido questionado como um todo, até
por alguns de seus primeiros proponentes.41 Aqui estão algumas de suas
dificuldades mais significativas:

Os compostos utilizados nos experimentos de síntese de RNA são nucleotídeos


ativados, que são mais reativos do que os naturais. As reações não ocorreram
utilizando nucleotídeos normais. De todo jeito, o modelo do mundo de RNA teria
que explicar a origem da sopa pré-biótica de nucleotídeos.

O ácido nucléico utilizado nos experimentos é o DNA, que é mais fácil de


sintetizar do que o RNA, mas acredita-se que o RNA foi o primeiro a se formar no
oceano primitivo.

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Alguns compostos replicadores utilizados nos experimentos são colocados no


momento apropriado durante o experimento. E sua auto-replicação ocorre com a
ajuda do cientista que controla o experimento, que constantemente tem de
intervir para garantir que as reações ocorram na ordem desejada e que o
processo não acabe antes de chegar a uma fase estável.

O RNA é composto de ribose (um açúcar), de uma base orgânica e uma


molécula de ácido fosfórico. O processo que produz ribose também gera outros
açúcares, cuja presença pode inibir a síntese do RNA.42 Além disso, qualquer
reação primária teria formado uma mistura de isômeros de ribose (variedades da
mesma molécula, mas com configurações tridimensionais um pouco diferentes).
Esses isômeros se relacionam uns com os outros, mas são quimicamente não
equivalentes e não existem no RNA moderno porque os mecanismos químicos
das células não permitem a sua formação. Mas em um cenário primitivo como o
postulado pelos cientistas naturalistas esses açúcares teriam sido relativamente
abundantes, resultando na inibição da formação das cadeias de RNA.43

As quatro bases nucléicas (adenina, guanina, citosina e uracila) codificam a


informação genética pela ordem em que são colocadas ao longo da molécula do
RNA. A adenina e a guanina são facilmente obtidas em experimentos de
laboratório através de uma cascata de reações acionadas pela luz ultravioleta.
No entanto, alguns cientistas estão se perguntando por que a evolução teria
selecionado essas bases no lugar de outros compostos similares.44

O modelo naturalista do mundo de RNA deve explicar a razão pela qual o


fósforo, um elemento raro na natureza, é um componente essencial do RNA.
Yamagata et al. encontrou polifosfatos em emissões vulcânicas, os quais tem
sido relacionados com a origem das primeiras moléculas orgânicas.45 Contudo,
os polifosfatos se hidrolizariam (romperiam) espontaneamente na água para
formar fosfatos insolúveis, precipitando-se no fundo do mar para formar rochas
sedimentares.

Devemos também considerar a probabilidade extremamente baixa de formação


espontânea de enzimas e de RNA. O modelo do mundo de RNA requer a síntese
espontânea de nucleotídeos a partir de componentes mais simples e de sua
posterior polimerização em uma seqüência significativa, tudo em um ambiente
aquoso, no qual predomina a hidrólise – reação oposta à polimerização. Como,
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então, teria se originado inicialmente o RNA? O RNA não é facilmente sintetizado


em experimentos de laboratório, mesmo sob condições controladas, e seria
então muito mais difícil sintetizá-lo nas supostas condições oceânicas pré-
bióticas.

CONCLUSÕES

Os cientistas evolucionistas tentam explicar a origem da vida através de modelos


especulativos naturalistas, baseados em pressuposições materialistas para o
universo, a Terra e a vida nela. Nesses modelos se especula sobre a composição
inicial da atmosfera, dos oceanos primitivos e das condições físicas da Terra em
geral. Muitos têm tentado reproduzir as condições hipotéticas da Terra primitiva que
poderiam conduzir a origem espontânea de células vivas. Tentaram reconstruir
artificialmente a vida em uma "sopa primitiva", no qual estavam presentes todos os
componentes orgânicos necessários. Mas para fazer isso, eles têm de provar que a
matéria inorgânica poderia produzir essa "sopa orgânica primitiva". Portanto, é
necessário assumir as condições do oceano e da atmosfera na Terra primitiva, a
cerca de 4 bilhões de anos, segundo a cronologia evolucionista. Além disso, é
necessário imaginar os cenários possíveis para a síntese de moléculas orgânicas
complexas, moléculas auto-replicantes com informação genética, bem como para a
agregação de moléculas orgânicas múltiplas em células autônomas.

Para explicar os aspectos orgânicos dos primeiros organismos, Oparin, Miller e


outros sugeriram uma atmosfera redutora (livre de oxigênio) durante pelo menos o
Pré-cambriano inferior. Esses organismos teriam sido procariontes unicelulares,
provavelmente vivendo em microambientes isolados no oceano. Alguns
experimentos realizados para simular a formação da matéria orgânica a partir de
compostos inorgânicos são baseados em modelos de oceanos e atmosferas
fortemente redutoras com metano e amônia, em vez de CO2, O2 e N2. Outros têm
sugerido uma atmosfera intermediária com CO2 e N2.46

No entanto, do ponto de vista químico o modelo da atmosfera redutora é atraente,


carece virtualmente de apoio entre os cientistas, devido à falta de provas
biogeoquímicas nas rochas e das contradições com a presença de fósseis nas
rochas antigas. Esses fósseis representam organismos complexos que não teriam

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se desenvolvido em atmosferas redutoras. Se as primeiras moléculas orgânicas


surgiram a partir de matéria inorgânica na aurora da vida, então deveríamos
encontrar indícios de conteúdo orgânico nas rochas do Pré-cambriano. No entanto,
as rochas do Pré-cambriano são muito semelhantes ao restante das rochas da
coluna sedimentar, incluindo o conteúdo orgânico. Isso não é o que esperaríamos se
na atmosfera pré-cambriana não tivesse oxigênio.

As várias propostas sugerem diversos cenários que incluem o cosmos, a


panespermia, as partículas de poeira interestelar, o cometa de gelo, o oceano
primitivo, um pequeno lago, uma lagoa, fendas nas rochas, e as fontes ou
respiradores termais dos fundos oceânicos. Os evolucionistas também se perguntam
qual fonte de energia esteve disponível para a origem naturalista da matéria viva e
têm sugerido que esta poderia vir a partir de descargas elétricas na atmosfera, a luz
ultravioleta do sol, energia geotérmica, vulcanismo, ou a mudança de temperatura.
Quanto à questão de qual o tipo de classe da Terra primitiva, os evolucionistas se
distinguem entre aqueles que acreditam que a atmosfera era redutora ou oxidante,
os continentes totalmente cobertos pelo oceano ou parcialmente expostos, e com
uma crosta em sua maioria basáltica ou argilosa. Quando perguntado sobre o tipo
de sistemas redutores utilizados nas reações primitivas das células não têm
nenhuma resposta definida, com sugestões que vão desde a associação de ferro-
fóton, oxigênio-água, bem como a associação de sulfeto de ferro e de sulfeto de
hidrogênio. Que enzima catalisou a formação dos primeiros polímeros das proteínas
e dos nucleotídeos? Segundo alguns experimentalistas, o RNA foi tanto o primeiro
polímero e a primeira enzima, outros acreditam que os sedimentos e os minerais da
argila acionaram as reações bioquímicas; enquanto outros sugerem que os
oligopeptídeos aceleraram as reações químicas complexas e outros se perguntam
se o modelo do RNA não é parecido ao dilema de quem veio primeiro: o ovo ou a
galinha.

Muitos modelos têm sido propostos para a origem naturalista da vida e tem-se feito
muitos experimentos para obter proteínas e DNA em condições controladas de
laboratório. Os resultados variam, mas, até agora, só foram obtidas cadeias ao
acaso de aminoácidos (chamadas "proteinóides”) e ácidos nucléicos modificados e
não-funcionais. Esses experimentos têm demonstrado que podem ser produzidas

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moléculas orgânicas simples e algumas macromoléculas, proteínas e ácidos


nucléicos em condições controladas de laboratório. Após várias décadas de
experimentos, a abordagem construtivista que visa proporcionar um provável modelo
naturalista para a origem da vida já atingiu o limite de suas possibilidades. Todos
esses experimentos tentam aplicar observações químicas do presente aos cenários
do passado, mas não têm qualquer fundamento científico para apoiá-los. Como
disse Horgan, "Mesmo que cientistas pudessem criar algo em laboratório com
propriedades semelhantes à vida, eles teriam de perguntar: Será que foi assim que
ocorreu originalmente?47

Os cientistas evolucionistas tentam demonstrar que a origem abiogenética ou


inorgânica da vida é altamente provável e que a evolução darwiniana é um fato. Mas
esses experimentos mostram o contrário, revelando as enormes dificuldades que
existem no postulado de que a vida pudesse ter se originado a partir de materiais
inertes. Também mostram que mesmo os resultados mais simples só podem ser
alcançados sob condições controladas, sugerindo que um criador inteligente deve
estar envolvido.

Nesse aspecto, a alternativa da ação sobrenatural de Deus criando o universo, a


Terra e a vida que deles nos dá muito sentido.

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A ORIGEM DA VIDA NA TERRA: RAZÕES PELAS QUAIS OS MODELOS NATURALISTAS SÃO IMPOSSÍVEIS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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8. Danchin A. 1988. El origen de la vida. Mundo Científico 8:934-42.

9. Ibid.

10. Aguilera JA. 1992. Luces y sombras sobre el origen de la vida. Mundo Científico
13:508-19.

11. Esto es una forma de razonamiento circular: partiendo de un marco evolucionista,


asumieron que las plantas fotosintetizadoras no habían aparecido aún sobre La tierra,
y como consecuencia postularam que La atmosfera estaba libre de oxigeno.

12. Tian F, Toon OB, Pavlov AA, De Sterck H. 2005. A hydrogen-rich early Earth
atmosphere. Science 308:1014-7.

13. Ibid.

14. Catling DC. 2006. Comment on “A hydrogen-rich early Earth atmosphere”. Science
311.

15. Chyba CF, Thomas PJ, Brookshaw L, Sagan C. 1990. Cometary delivery of organic
molecules to the early earth. Science 249:366-73.

16. Ibid.

17. Ohmoto H. 1996. Evidence in pre-2.2 Ga Paleosols for the early evolution of
atmospheric oxygen and terrestrial biota. Geology 24: 1135-8.

18. Brinkman RT. 1969. Dissociation of water vapor and evolution of oxygen in the
terrestrial atmosphere. Journal of Geophysical Research 74:5355-68.

24
6º ENCONTRO NACIONAL DE CRIACIONISTAS
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19. Dimroth E, Côté R, Provost G, Rocheleau M, Tassé N, Trudel P. 1975. Preliminary


report on stratigraphic and tectonic work in Rouyn-Noranda area. Quebec Department
Natural Resources Open File Report: 40.

20. Los geólogos utilizan el término Reciente para referirse a los últimos 11 500 años de
la historia del planeta Tierra, según las escala cronológica evolucionista.

21. Berner RA. 1970. Sedimentary pyrite formation. American Journal of Science 268:1-
23.

22. Dimroth E, Kimberley MM. 1976. Precambrian atmospheric oxygen; evidence in the
sedimentary distributions of carbon, sulfur, uranium, and iron. Canadian Journal of
Earth Sciences 13:1161-85.

23. Ibid.

24. Van Andel TH. 1964. Recent marine sediments of the Gulf of California. In Marine
Geology of the Gulf of California, ed. TH Van Andel, GG Shor, pp. 216-310: American
Association of Petroleum Geologists.

25. Dimroth y Kimberley 1975, 1976.

26. Dimroth y Kimberley 1976.

27. Button A. 1973. Algal stromatolites of the early Proterozoic Wolkberg Group,
Transvaal Sequence. Journal of Sedimentary Research 43: 160-7.

28. Nagy LA. 1975. Comparative micropaleontology of a Transvaal stromatolite (


approximately 2.3 x 10 (super 9) y. old) and a Witwatersrand carbon seam (
approximately 2.6 x 10 (super 9) y. old). Abstracts with Programs - Geological Society
of America 7:1209-10.

29. Dimroth y Kimberley 1975.

30. Watanabe Y, Naraoka H, Wronkiewicz DJ, Condie KC, Ohmoto H. 1997. Carbon,
nitrogen, and sulfur geochemistry of Archean and Proterozoic shales from the
Kaapvaal Craton, South Africa. Geochimica et Cosmochimica Acta 61:3441-59

31. Según lo divulgado por la Royal Society of London en su página de Internet,


http://royalsociety.org/news?asp=&id=4254. Accedido el 28 Diciembre 2007. El jabón
presenta un alto contenido en lípidos y grasas que al solubilizarse en aguas termales
forman pequeñas burbujas o membranas. Algunos científicos proponen que esas
membranas pudieron actuar de precursoras de las complejas membranas celulares.
Sin embargo, las observaciones aquí presentadas niegan tal posibilidad.

32. Ibid.

33. Anders E. 1989. Pre-biotic organic matter from comets and asteroids. Nature 342:255-
7

34. Oró J, Miller SL, Lazcano A. 1990. The origin and early evolution of life on Earth.
Annual Review of Earth and Planetary Sciences 18:317-56.

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6º ENCONTRO NACIONAL DE CRIACIONISTAS
A ORIGEM DA VIDA NA TERRA: RAZÕES PELAS QUAIS OS MODELOS NATURALISTAS SÃO IMPOSSÍVEIS

35. Se ha sugerido que los fuertes impactos que ocurren en esos planetas podrían
expulsar pedazos de roca de la superficie hacia el espacio exterior, los cuales
viajarían distancias interplanetarias y finalmente caerían em otros planetas,
incluyendo la Tierra.

36. Aguilera 1992.

37. McClendon 1999.

38. Gilbert W. 1986. The RNA world. Nature 319:618.

39. Ferris JP, Ertem G. 1993. Montmorillonite catalysis of RNA oligomer formation in
Aqueous-solution -A model for the prebiotic formation of RNA. Journal of the American
Chemical Society 115:12270-5.

40. Li T, Nicolaou KC. 1994. Chemical self-replication of palindromic duplex DNA. Nature
369:218-21.

41. Una excelente revision de los problemas en presenta el modelo del mundo de ARN se
encuentra en Mills GC, Kenyon D. 1996. The RNA world: a critique. Origins & Design
17:9-14.

42. Horgan J. 1991. En el principio... Investigación y Ciencia: 80-90.

43. Waldrop MM. 1989. Did life really start out in an RNA world? Science 146: 1248-9.

44. Ibid.

45. Yamagata Y, Watanabe H, Saitoh M, Namba T. 1991. Volcanic production of


polyphosphates and its relevance to prebiotic evolution. Nature 352:516-9 La hidrólisis
o la ruptura química de los polifosfatos en lãs aguas oceánicas, lacustres, o fluviales
sería favorecida por el hecho de que el agua está infrasaturada en fosfatos.

46. Chyba y Sagan 1996.

47. Horgan 1991.

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