Guèlèdè é uma sociedade secreta ligada aos iorubas. No Benin, este
ritual é principalmente ativo nas regiões de Kétou, Pobè Sakété e Savè. É marcada por canções, ritmos e danças de máscaras.
Patrimônio secular, Guèlèdè é uma das cinco sociedades mascaradas
herdadas dos valores culturais próprios dos iorubás. No Benin, os seus seguidores integram-no para se protegerem da morte, das doenças e para garantir o seu desenvolvimento em termos materiais e financeiros. Assim, Guèlèdè surge como a resposta da sociedade à feitiçaria, causa de calamidades como epidemias ou secas, segundo crenças locais. É uma cerimónia a que estão associados os cantos da língua ioruba, ritmos executados na maioria das vezes pelos quatro tam-tams e danças de máscaras que decorrem no final da vindima, e durante eventos importantes da comunidade, como nascimentos, mortes e casamentos ou em tempos de seca ou epidemia.
A cerimônia Guèlèdè costuma acontecer à noite em uma praça pública,
perto de um convento geralmente instalado em uma casa onde os dançarinos se preparam. Os cantores e um baterista aparecem primeiro. Eles são acompanhados por uma orquestra e seguidos por dançarinos mascarados, vestidos com trajes magníficos. O trabalho artesanal preliminar é considerável, em particular para esculpir as máscaras e fazer os figurinos. A cerimônia garante a transmissão de uma herança oral que mistura poesia épica e lírica, usando ironia, escárnio, máscaras satíricas. Figuras de animais são freqüentemente usadas. Notamos a cobra, símbolo de poder, ou o pássaro, mensageiro das "mães". A comunidade é organizada em grupos de homens e mulheres, geralmente liderados por mulheres mais velhas chamadas "Awon iya wa" (nossas mães em ioruba).
Assim,, a dança Guèlèdè é a expressão da mal consciência do homem
com a mulher que data da mudança da sociedade do matriarcado para o patriarcado. Na sociedade iorubá, as mulheres possuem uma força vital que apresenta duas facetas: uma positiva, como criadora e protetora da vida, dotada do conhecimento dos poderes curativos das plantas, uma força reguladora que garante a ordem social e moral; o outro negativo, destrutivo, responsável pela esterilidade, seca, epidemias e morte. Guèlèdè seria a homenagem a prestar aos poderes místicos das mulheres, a quem devemos proteger e que devemos apaziguar para transformá-los numa potência benéfica para a sociedade. Assim, para apaziguar as “mães” como costumam chamá-las, os homens colocam a máscara na cabeça com um lenço leve e um vestido de mangas compridas. Eles escondem o rosto, amarram sinos nos tornozelos e dançam.
Originalmente proclamado em 2001, "Patrimônio Oral", Guèlèdè foi
inscrito em 2008 pela UNESCO na lista representativa dos patrimônios culturais imateriais da humanidade, tornando o Benin ainda mais a pérola rara das artes, cultos e culturas do continente africano.