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I do
EDUCADOR
PAULO FREIRE
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VIRTUDES
do
EDUCADOR
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A P R E S E N T A Ç Ã O
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VIRTUDES DO EDUCADOR
Gostaria de falar sobre um assunto , que como educador me preocupa
muito. É sobre o que costumo chamar de "Reflex ão cr í tica sobre as
.'
virtudes da educadora ou do educador'
Estas virtudes n ão podem ser vistas como algo com o qual algumas
pessoas nascem ou um presente que uns recebem , mas como uma forma
. .
de ser , de encarar de comportar-se de compreender, tudo o que se
cria atrav é s da pr ática , na busca da transformação da sociedade .
N ão são qualidade abstratas, que existem independentes de n ó s, ao
contrário , que se criam conosco ( e n ão individualmente ).
Discurso e pr ática
1.SER COERENTE ENTRE 0 QUE SE DIZ E 0 QUE SE FAZ
.
e a prática do eleito de tal maneira que em algum momento a pr á -
tica seja discurso e o discurso seja prática.
.
Obviamente que nesta busca de cor ê ncia é necessário assinalar em
primeiro lugar , que n ão é poss í vel alcan ç ar a coer ê ncia total , ab -
soluta e em segundo lugar que se tal coer ê ncia absoluta existisse
1
seria enfadonha.
Imaginem voc ê s , algu é m que vivesse de tal maneira a coer ê ncia que
n ão teria a possibilidade de compreender o que é ser coerente , por ¬
lares.
Se algu é m , como educador , n ão resolve bem esta tens ão , pode ser que
sua palavra termine por sugerir o sil ê ncio permanente dos educan ¬
dos.
Se n ão sei escutar os educandos e n ão me exponho a palavra deles ,
termino discursando " para" eles. Falar e discursar"para" termina
sempre em falar "sobre" , que necessariamente significa "contra".
2
1
.
gir da situação dram ática de n ão poder perguntar de n ão poder ex ¬
3
Subje ti vidade objet i vidade ¡
3.TRABALHAR CRITICAMENTE A TENS Ã O ENTRE A SUBJETIVIDADE E A OBJE ¬
TIVIDADE.
Quando eu digo a voc ê s que é dif í cil que algu é m ande pelas ruas
da hist ó ria sem sofrer algumas destas tentaçõ es , quero dizer que
eu tamb é m tive estas tentaçõ es e andei caindo um pouco para o la-
4
r
do da subjetividade.
Lembro-me , por exemplo , que na "Educação como Pr ática da Liberdade"
tive alguns momentos que anunciavam que havia sido picado pelo
subjetivismo.
Quando leio a palavra "conscientização" - palavra que nunca mais
usei desde 1972 - a impress ão que tenho é que o processo de apro
fundamento da forma de consci ê ncia aparecia em certos momentos de
pr á tica como algo subjetivo. Auto-critiquei-me quando vi que pare ¬
Aqui e a li
4.DIFERENCIAR 0 AQUI E AGORA DO EDUCADOR DO AQUI E AGORA DO EDU -
CANDO.
5
É por esta razão que ningué m chega l á partindo de l á.
Isto é algo que os pol í ticos-educadores e os educadores-pol í ticos
esqueceram-se : respeitar a compreensão do mundo , da sociedade , a sa ¬
Espontaneismo / manipulação
5.EVITAR 0 ESPONTANEISMO SEM CAIR NA MANIPULA ÇÃ O
0 contr ário destas duas posi çõ es é o que chamo de uma posi ção ra ¬
dicalmente democrática.
Teoria e pr ática
6 .Vincular teoria e pr ática
J
a pr ática e a teoria , n ão como superposi ção , mas como unidade con -
tradit ó ria. Viver esta relação de tal maneira que a pr ática n ão pos ¬
sa prescindir da teoria.
Paciencia / Impaciencia
7.PRATICAR UMA PACIENCIA IMPACIENTE
0 ativismo esquece que a historia existe , n ão tem nada que ver com
a realidade , pois est á fora d é la.
.
Texto e contexto
8.LER 0 TEXTO À PARTIR DA LEITURA DO CONTEXTO.
Finalmente , eu diria que tudo isto , que estou dizendo , tem a ver com
a relação entre a leitura do texto e a leitura do contexto.
Esta é uma das virtudes que dever í amos viver para testemunh á-las
aos educandos , qualquer que seja seu grau de instrução ¡universit á ¬
8
CARTA ABERTA A EDUCADORAS E EDUCADORES
.
mentais em nossa prática. Pontos de resto , ligados entre si , um im -
plicando no outro.
do e com os outros.
Viver ou encarnar esta constatação evidente , enquanto educadora ou
educador, significa reconhecer nos outros - os educandos no nosso
caso - o direito de dizer a sua palavra. Direito deles de falar
que corresponde ao nosso dever de escut á-los.
Mas , como escutar implica em falar tamb é m , o dever que temos de es -
cut á-los significa o direito que igualmente temos de falar-lhes.
Escut á-los , no fundo , é falar com eles , enquanto simplesmente falar
a eles seria uma forma de n ão ouvi-los.
Dizer-lhes sempre a nossa palavra, sem jamais nos oferecermos à pa ¬
doras.
/ /
.
Se estou no lado de c á n ão posso chegar ao lado de l á, partindo de
/ w
la, mas de ca.Assim tamb é m ocorre com a compreensão menos rigorosa ,
menos certa , da realidade , por parte dos grupos populares.
Temos de respeitar os n íveis de compreensão que est ão tendo de sua
realidade. Impor a eles a nossa compreensão em nome de sua liberta ¬
Fraternalmente ,
I
AIERED/I
CENTRO DE ESTUDOS EM EDUCA ÇÃ O