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A.S.I.M.E.

ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE MEDICINA


ESTÉTICA
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIRURGIA E MEDICINA ESTÉTICA

Flávia Sodré Barreto

APLICABILIADE E PROTOCOLOS DE PEELINGS


QUÍMICOS UTILIZADOS NA TERAPIA PARA
MELASMA - ESTUDO DE REVISÃO

Rio de Janeiro – RJ
2021
Flávia Sodré Barreto

APLICABILIADE E PROTOCOLOS DE PEELINGS


QUÍMICOS UTILIZADOS NA TERAPIA PARA
MELASMA - ESTUDO DE REVISÃO

Monografia apresentada para obtenção do


Certificado de Especialização pelo Curso de
Cirurgia e Medicina Estética.

Orientador: Prof. Marco Cesar de Paula Valle

Rio de janeiro – RJ
2021

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DEDICATÓRIA:

Dedico este trabalho ao meu esposo Felipe Mariano dos Passos Barreto, que foi o
grande incentivador deste novo projeto em minha vida.
Ele me abriu as portas, apresentando-me a instituição acadêmica. Encorajou-me a
desbravar um campo novo e identificou em mim, uma aptidão desconhecida.
A cada data de estudos, quando passávamos todo um fim semana assistindo aulas e
praticando o conhecimento, ele se manteve como marido dedicado e um pai exemplar.
Assegurando-me paz e tranquilidade para que eu pudesse me dedicar exclusivamente aos
módulos.
Obrigada Felipe Mariano, por ser meu amado companheiro fiel, amigo e
incentivador.

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AGRADECIMENTO

Acima de tudo e todo0s, agradeço ao meu Deus, que me capacitou e me contemplou


com sabedoria, e para que eu concluísse este curso com louvor.
Agradeço aos meus filhos, João e Lucca, pela paciência e entendimento da minha
ausência.
E toda minha família, principalmente, minha mãe, que acreditou em mim e sempre
foi minha maior referência de dedicação e força.

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“A ÚNICA MANEIRA DE FAZER UM EXCELENTE TRABALHO É AMANDO O QUE
VOCÊ FAZ”

STEVE JOB

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RESUMO

A cosmética atual tem gerado no ambiente acadêmico uma avalanche de estudos sobre agentes que
contribuem para o rejuvenescimento cutâneo.

O peeling químico, embora seja usado há mais de um século, vem sendo cada dia mais pesquisado
e utilizado em protocolos estéticos. Isto deve-se a ampla indicação, praticidade de técnicas e baixo
custo quando comparados a outros procedimentos. E além, obviamente, dos bons resultados
obtidos.

O autor apresenta uma revisão de todos os tipos de peelings superficiais a médios, reconhecidos
pela literatura científica, indicados para tratamento de melasma e suas aplicabilidades.

Palavras chave: Peeling Químico, Protocolos, Aplicabilidade, Melasma

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ABSTRACT

In the academic ambit, the current cosmetology has been generating a storm of studies related to
the efficient agents on regenerating and rejuvenating the skin.
The chemical peel which has been used for many years, in fact for more than a century, is still on
the focus of researches and also being used in esthetics protocols. This happens due to several
factors, such as a large number of prescriptions, ease to be used in different techniques, and also
the low cost when compared to other procedures. Additionally, the chemical peel has excellent
results.
The author presents a review of all different types of chemical superficial and medium peels, all
recognized by the scientific literature and indicated to melasma's treatment and its applications.

Keywords: Chemical Peeling, Protocols, Applicability, Melasma.

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SIGLAS E ABREVIATURAS

AF – Ácido fítico
AG – Ácido glicólico
AHA - Alfa- hidroxiácidos
AL – Ácido lático
AR – Ácido retinóico
AS -Ácido salicílico
ATA – Ácido Tricloroacético
HPP – História patológica pregressa.
HS – História social.
LHA – Lipo-hidroxiácido.
pH – Potencial hidrogênico.
SBD – Sociedade brasileira de dermatologia.
VIT - Vitamina

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Classificação de peelings quanto a profundidade.

Tabela 2. Classificação didática – grupos esfoliantes

Tabela 3. Tipos de melasmas por análise clínica

Tabela 4. Indicação do peeling de acordo com a profundidade.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Anatomia da epiderme. https://www.cosmeticsonline.com.br/artigo/405.


Figura 2 – Classificação de Fitzpatrick
Figura 3 – Unidade epidérmico-melânica.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 12

1.1 Peelings químicos: Origem, mecanismo de ação e classificação ............................. .....12

1.2 Melasma: conceito e classificação ................................................................................. 17

1.3 Protocolos de tratamento ............................................................................................... 21

2 OBJETIVO ............................................................................................................................ 37

3 METODOLOGIA ................................................................................................................. 38

4 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 39

REFERÊNCIAS

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Peeling Químico: Origem, Mecanismo de Ação e Classificação

De origem inglesa, a palavra peeling nasceu de um verbo: “to peel” que

significa ato de remover, esfoliar camadas da pele. (SBD, 2021).


Historicamente, essas substâncias químicas foram sendo aperfeiçoadas,
com o objetivo de esfoliar e acelerar a renovação da pele.
Sabe-se que no Egito Antigo, as mulheres fermentavam leite para usá-lo
como amaciante da pele. Seria uma espécie de “peeling superficial”, uma vez que a ação do ácido
lático promovia a escamação da derme. (GARCEZ, et al. 2020)

Os dermatologistas iniciaram o interesse por peelings no século XIX. Em


1874, em Viena, o dermatologista Ferdinand Von Hebra utilizou a técnica para tratar melasma,
doença de Addison e Efélides. Em 1882, em Hamburgo, Paul G. Unna descreveu as ações do ácido
salicílico, da resorcina, do ácido tricloroacético (ATA) e do fenol sobre a pele. Seu trabalho inicial
foi seguido por muitos outros. (BRODY, et al. 2000)

O uso de fenol foi desenvolvido após a Primeira Guerra Mundial na França.


Na Inglaterra, Mac Kee já havia trabalhado com fenol para o tratamento de cicatrizes, mas não
publicou seus resultados até 1952. Enquanto isso, nos Estados Unidos durante a década 40, Eller e
Wolff forneceram a primeira descrição sistemática sobre a utilização de fenol, ácido salicílico,
resorcina e neve carbônica para o tratamento de cicatrizes. A moderna era dos peelings iniciou-se
nos anos 60 com o desenvolvimento de soluções modificadas de fenol (adição de óleo de cróton,
septisol e água) por Baker e Gordon, e avaliação histológica de resultados, comparando efeitos
entre fenol e ATA. Compostos capazes de produzir o chamado peeling de média profundidade.
(ENSINO, 2020).

A base científica para tratamentos com ATA foi ampliada na década de 1970
e início da seguinte por meio da comparação dos efeitos histológicos entre três concentrações do
ATA. Paralelamente, alfa-hidroxiácidos (AHA) foram desenvolvidos por Van Scott e Yu para
peelings mais superficiais indicados para o tratamento de hiperqueratose. Posteriormente, foi

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desenvolvido o peeling com ácido glicólico. A descrição de combinações de duas substâncias por
Brody e Hailey, e depois por Monheit para alcancar efeitos de profundidade média proporcionou
progressos no uso dos peelings. O desenvolvimento mais recente é o uso de lipohidroxiácido
(LHA). (RENDON, et al. 2010. Apud LEVESQUE, et al. 2011)

No século XX, o emprego do laser dermatológico ampliou ainda mais o leque


de tratamentos à base de peelings. (ENSINO, 2020)

Com a evolução das técnicas de aplicação e indicações, e entendimento de


agentes capazes de descamar a camada córnea, estimular a produção de células epiteliais, colágeno
e neovascularização. Histologicamente, a pele é considerada um epitélio de revestimento e é
dividida em três camadas: epiderme, derme e hipoderme. Entre as células que constituem esse
epitélio de revestimento, estão presentes: os queratinócitos que formam a epiderme, a parte mais
superficial da pele, e os fibroblastos que compõem a derme, a parte mais profunda da pele.
Efeitos dérmicos também são observados, tais como: aumento da atividade
dos fibroblastos, hidratação, nutrição e reorganização dos feixes de colágeno. Atualmente, o
peeling é um dos tratamentos estéticos mais procurados e sua principal indicação é o
envelhecimento cutâneo. (GARCEZ, et al. 2020)
A figura abaixo ilustra as quatro camadas da epiderme, córnea, granulosa,
espinhosa e basal. Formada por um epitélio estratificado, de 0,04 a 1,6mm de espessura.

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Figura 1. Anatomia da epiderme

Fonte: https://www.cosmeticsonline.com.br/artigo/405.

Baseado na profundidade de ação, os peelings são classificados em muito


superficiais, superficias, médios e profundos. Os peelings superficiais precisam ser feitos em séries,
e sua descamação costuma ser fina, enquanto os médios e profundos são realizados em aplicações
únicas, com descamação mais intensa e formação de crostas. Os médios, provocam descamação
espessa e escura, demandando de sete a quinze dias para retorno à vida normal. São indicados para
ceratoses (lesões pré-cancerosas) e rugas mais pronunciadas. Já os profundos, são procedimentos
mais fortes e agressivos que os demais. Provocam a formação de muitas crostas espessas, e o pós-
peeling pode exigir o uso de curativos. A recuperação, pode durar até três meses. Apresentam
resultados significativos, com renovação importante da pele e diminuição de rugas profundas,

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como aquelas ao redor da boca e dos olhos. Quanto mais profundos, mais aparentes serão os
resultados porém, aumentarão os riscos e o desconforto no período pós procedimento. Conforme
tabela abaixo. (YOKOMIZO, et al. 2013)

Tabela 1. Classificação de peelings quanto a profundidade.

CLASSIFICAÇÃO AGENTES CAMADA DA PROFUNDIDADE


PELE
ATINGIDA

Muito superficiais Ac glicólico 30% Removem o 0,06mm


Jessner extrato córneo
Ac. salicílico 15-30%,
Resorcina de 20 a 30%
ATA 10% uma camada,
Ácido lático, Ácido fítico.

Superficiais Ác, retinóico 10%. Esfoliação 0,45mm


Ác. glicólico de 50 a 70%, epidérmica – da
de dois a 20 minutos. camada
ATA de 10 a 20%. granulosa até a
Resorcina de 40 a 50%, de basal
10 a 20 minutos.
Jessner de 4 a 10 camadas.
Ác. mandélico.
Ác. pirúvico.
Ác. tioglicólico.

Médios Ác.glicólico 70% de 3 a Derme papilar 0,6mm


30 minutos.

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- Solução de Jessner + a
ATA 35%.
Ác. glicólico 70% +
aATA 35%.
ATA 35 a 50%.

Profundos Fenol Derme reticular 0,8mm


Solução de Baker média ou inferior

De forma didática, os peelings podem ser classificados por grupos I e II. No


grupo I, citamos os alfa-hidroxiácidos (AHAs), os beta-hidroxiácidos, e despigmentantes. No
grupo II, o ácido tricloroacético (ATA), resorcinol, e Fenol.

Como anteriormente citado, um novo grupo foi introduzido nos tratamentos


cométicos, os LHA. O nome científico do ativo é lipo-hidroxiácido e é um derivado lipofílico
do ácido salicílico. Esse tipo de substância é dissolvida em gorduras e óleos e, por isso, é
mais compatível com a pele. Além disso, possui ação queratolítica, que ajuda a impedir a
formação de cravos, sem provocar a irritação, que, muitas vezes, o ácido salicílico promove.

Tabela 2. Classificação didática – grupos esfoliantes

GRUPO I Alfa-hidroácido Glicólico, lático, tartárico, cítrico, retinóico e


mandélico

Beta-hidroxiácido Salicílico

Dispigmentantes Kójico, fítico e azeláico

GRUPO II ATA

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Resorcina

Fenol

LHA Ac salicílico lipossomado

1.2. Melasma: conceito e classificação

O melasma é uma mancha de formato irregular, causa importante de


hiperpigmentação adquirida, sendo a principal em relação à hipercromia facial, atingindo
principalmente a região malar, frontal, nariz e lábio superior. De caráter crônico, caracteriza-se por
máculas acastanhadas simétricas e assintomáticas em áreas fotoexpostas.e,bem definidos. Há
também o melasma extrafacial, com aparecimento das manchas escuras nos braços, pescoço e colo
e antebraço. É condição frequente e de considerável influência na qualidade de vida dos pacientes
afetados. (SBCD, 2020)

Desencadeado principalmente pela exposição solar, mas também pode ser


decorrente do uso de anticoncepcionais e de alterações hormonais causadas pela gravidez. Com
predominância em mulheres em idade fértil e com fototipos intermediários (90%), atinge também
dos homens (10%). Tem maior prevalência em orientais e indivíduos de origem hispânica, bem
como nos pacientes de fototipos IV ao VI da classificação de Fitzpatrick, especialmente nos
residentes de áreas sob intensa radiação ultravioleta.

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Figura 2 – Classificação de Fitzpatrick

Fisiopatologicamente, é uma dermatose comum que cursa com alteração


da cor da pele normal, resultante da hiperatividade melanocítica focal epidérmica de clones de
melanócitos hiperfuncionantes, com consequente hiperpigmentação melânica induzida,
principalmente, pela radiação ultravioleta. Grande parte de sua fisiopatogenia permanece
desconhecida, havendo relação com fatores genéticos, hormonais, uso de medicamentos,
cosméticos, endocrinopatias e fotoexposição. Na pele, os melanócitos estão localizados, na camada
basal da epiderme e, ocasionalmente, na derme. Projetam seus dendritos, através da camada
malpighiana, onde transferem seus melanossomas aos queratinócitos. (BOISSY, 2003). Essa
associação melanócito-queratinócito é denominada: unidade epidérmico-melânica, e é constituída,
nos humanos, por um melanócito e cerca de trinta e seis queratinócitos. Melanossomas são
organelas elípticas, altamente especializadas, nas quais ocorre síntese e deposição de melanina,
armazenamento de tirosinase sintetizada pelos ribossomos, e representam a sede dos fenômenos
bioquímicos em que originam a melanina. A melanina é o principal pigmento biológico envolvido
na pigmentação cutânea, sendo determinante das diferenças na coloração da pele. O elemento
inicial do processo biossintético da melanina é a tirosina, um aminoácido essencial. A tirosina sofre
atuação química da tirosinase, complexo enzimático cúprico-proteico, sintetizado nos ribossomos

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e transferido, através do retículo endoplasmático para o Aparelho de Golgi, sendo aglomerado em
unidades envoltas por membrana, ou seja, os melanossomas. (MIOT, 2009)

Figura 3 – Unidade epidérmico-melânico

Sua classificação é de importância prognóstica e na busca da adequação


terapêutica, visto que os tratamentos propostos são em grande parte, insuficientes. Esta
refratariedade associada aos relapsos comuns e à típica predileção pela face são razão de
insatisfação e significativo impacto psicossocial.

Esta dermatose é classificada clinicamente pela disposição topográfica das


lesões e pela distribuição da melanina nas camadas da pele através dos exames histopatológicos e
da lâmpada de Wood. Ao exame clínico, são considerados basicamente três padrões: centrofacial,
malar e mandibular. O primeiro é o mais comum e envolve as regiões malar, frontal, mentoniana,
supra- labial e nasal. O segundo engloba as áreas malar e nasal, e o padrão mandibular acomete a
respectiva região. Embora menos comum, outros sítios podem estar envolvidos, como pescoço e

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braços, constituindo o melasma extrafacial o qual pode se associar a qualquer dos demais padrões.
Através do exame pela lâmpada de Wood são descritos os seguintes tipos: epidérmico – acentuação
da coloração à medida que a luz é absorvida pelo excesso de melanina nas regiões basal ou
suprabasal; dérmico – tal acentuação não é notada; misto – como o depósito de melanina ocorre
em ambas, derme e epiderme, o aumento da coloração é visto em apenas alguns locais. Alguns
ainda descrevem um quarto tipo que seria inaparente à luz de Wood, por se apresentar em
indivíduos de fototipo V e VI. É assim denominado, pois a melanina nestes pacientes é abundante,
e a maior parte da luz é absorvida por este pigmento. Apenas pequena quantidade retorna aos olhos,
e a pele aparece escura como um todo.

Pela histopatologia, o tipo epidérmico é descrito quando o depósito do


pigmento melânico restringe-se às camadas basal e suprabasal, podendo ocasionalmente estender-
se na epiderme até o estrato córneo,e o tipo dérmico quando há pigmentação na epiderme e na
derme superior e média principalmente no interior de melanófagos, muitas vezes em disposição
perivascular, podendo também envolver a derme profunda, com mínimo infiltrado linfocítico
perivascular na derme superficial. (PONZIO, 1995)

Tabela 3 – Tipos de melasmas por análise clínica

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1.3. Protocolos de Tratamento

Em medicina estética, o uso de peelings progride continuamente,


modernizando os já existentes, criando associações ou elaborando novas fórmulas. A descamação
terapêutica provocada por estes procedimentos é utilizada para tratar transtornos estéticos. Suas
principais indicações, são: o tratamento de manchas, cicatrizes e rugas finas, podendo ser realizados
na face e em áreas corporais.

No tratamento de hiperpigmentação da pele pela reatividade melanocítica,


a interação do ácido com a pele e a técnica utilizada, determinam a penetração do agente. Baseando-
se na classificação dos melasmas, pela profundidade, didaticamente, estabelece-se o protocolo
terapêutico. A profundidade atingida pelo agente, deve-se a características químicas e físicas do
ácido e as características da pele. O potencial hidrogênico, o ph, concentração, veículo, tempo de
exposição e a técnica utilizada são os determinantes. Quanto maior a concentração de um ácido e
menor o seu pH, mais rápida e profunda é a sua permeabilidade. Vários são os ácidos que podem
ser aplicados nos procedimentos de peelings químicos, entretanto os mais utilizados são: glicólico,
mandélico, retinóico, salicílico, ascórbico (vitamina C), lático e fenol. (LACRIMANTI, 2008).
Em relação as características da pele, a espessura da epiderme, densidade de folículos, grau de
fotoenvelhecimento, sexo (a pele masculina é mais oleosa, dificultando a penetração), fototipo
(quanto mais baixo, maior a penetração), integridade da barreira epidérmica, preparo prévio,
limpeza precedente à aplicação do agente esfoliante, procedimentos anteriores recentes e uso de
isotretinoína oral são considerados determinates na variação dos resultados. (BORGES, 2006)

Tabela 4. Indicação do peeling de acordo com a profundidade.

Tipo de peeling Indicacão Nível temporal de recuperação

Superficial Envelhecimento leve, Acne, 3 a 4 dias


Oleosidade excessiva,
Melasma,
Ceratose actínica

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Médio Foto-envelhecimento moderado a Até 10 dias
severo, Melasma dérmico e
epidérmico, Telangiectasias,
Ceratose actínica

Profundo Foto-envelhecimento avançado, 10 dias para reepitelização


Rugas profundas, Cicatrizes de acne, 1 mês para liberação para uso de cremes
Lesões actínicas, e filtro solar
Hiperpigmentação 120 dias para exposição ao sol

Para cada tipo de peeling, utiliza-se critérios de indicação.


Compreendendo, idade, fototipo, área a tratar, grau de foto-envelhecimento, objetivos a alcançar e
habilitação do médico aplicador, além dos fatores inerentes a cada paciente em particular. A
utilizacão do agente exige conhecimento técnico e protocolos específicos para cada indicação. De
maneira geral, ao iniciar terapêutica com peelings químicos, o profissional, além de adequada
capacitação técnica, deve exercer protocolos de avaliação, preparo prévio, técnica adequada, ações
pós peelings e orientações domiciliares ao paciente.

O atendimento e avaliação de um paciente propenso ao tratamento com


peeling, deve ser iniciado de forma cautelosa e didática. Segue os passos essenciais para resultado
um satisfatório de conduta:

• Passo 1 – Analisar perfil psicológico do paciente, sua atividade profissional e tempo


disponível para afastamento de suas atividades.

• Passo 2 – Informar ao paciente, com detalhamento, técnicas e produtos a serem utilizados,


além de condutas prévias ao procedimento, período de recuperação da pele e resultados
esperados.

• Passo 3 – Anamnese completa, incluindo H.P.P, H.S, uso de medicamentos.

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• Passo 4 – Exame dermatológico, incluindo análise do fototipo e grau de foto-
envelhecimento, atividade sebácea, presença de hiperpigmentação pós-inflamatória,
presença ou história de queloide, infecção ou inflamação pré-existente. Utilização da
lâmpada de Wood para classificação do melasma.

• Passo 5 – Preparo pré-peeling deve ser iniciado pelo menos duas semanas antes do
procedimento. Beneficiando o resultado, de forma a reduzir o tempo de cicatrização,
proporcionar penetração mais uniforme do agente e diminuir o risco de hiperpigmentação
pós-inflamatória.

Os peelings muito superficiais dispensam preparo, mas os demais necessitam proporcionalmente à


profundidade pretendida.

Algumas fórmulas são utilizadas em homecare: ácido retinoico (0,025-0,1%) e/ou ácido glicólico
(5-10%), associados ou não a despigmentantes, como hidroquinona (2,5-5%), ácido kójico (1-2%)
ou ácido fítico, em veículos apropriados para cada tipo de pele.

FÓRMULA DE KLIGMAN: ác retinóico 0,05% + hidroquinona 3% + hidrocortisona 1%

O uso de filtro solares e cuidados com a exposição ao sol são fundamentais, inclusive no pós-
peeling. Pacientes com antecedentes de herpes simples devem fazer terapia antiviral profilática
com uso de aciclovir 200mg – 4/4 horas ou valaciclovir 500mg – 12/12 horas, durante cinco dias.

No pré-peeling imediato, quando não houver possibilidade de preparo domiciliar, utiliza-se


produtos, minutos antes do procedimento, como o mousse de uréia ou sabonete de ácido glicólico.

• Passo 6 – Preenchimento do termo de consentimento informado do paciente.

• Passo 7 - Documentação fotográfica.

• Passo 8 – Condutas de segurança: evitar aplicar em pele irritada, eritematosa ou inflamada,


ter sempre à mão substância neutralizante do agente químico em uso, usar escala sensitiva
de 1 a 10, estar sempre atento aos sinais visuais, como eritema e branqueamento (frosting),

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que ajudam a identificar o grau de penetração das substâncias e a profundidade que está
sendo alcancada.

Para cada peeling, há uma técnica e indicação própria. Assjm como, cuidados e especificações
próprias.

Em sequência, a apresentação dos peelings mais utilizados e suas combinações, no tratamento para
melasma. Assim como suas especificações, indicações, mecanismo de ação, técnicas de aplicação
e complicações: (GARCEZ, et al, 2020. GUERRA, et al, 2013)

1. Peeling de ácido retinóico

• O AR, vitamina A ácida ou tretinoína é encontrado em concentrações que variam de 5


a 12%. Pode ser manipulado com neutracolor em veículo gel, loção, creme ou
propilenoglicol. Baixa sensação de ardência ou dor, sendo bem tolerado.

• Segundo Magalhães (2012), o peeling de ácido retinóico é eficaz e seguro no tratamento


do melasma, como tratamento isolado, e não há diferença da melhora quando se
comparam as concentrações de 5% e 10%.

• Seu mecanismo de ação, caracteriza-se por: afinamento e compressão do extrato córne,


reversão de atipias em células epidérmicas, dispersão da melanina na epiderme,
estimulação da deposição dérmica do colágeno, aumento da deposição de
glicosaminoglicanos e aumento da neovascularização da derme.

• É indicado nos casos de fotoenvelhecimento leve a moderado, melasma, acne, cicatrizes


superficiais e hiperpigmentação pós-inflamatória. Não recomendado a gestantes.

• Técnica: desengordura-se a pele com álcool e aplica-se o peeling com a mão enluvada,
gaze ou pincel, na dependência do veículo utilizado. Permanecer na face de seis a doze
horas. É retirada com água e sabonete ou loções suaves de limpeza. As aplicações

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podem ser seriadas, semanais ou mensais. Podendo retornar ao uso de AR em baixas
concentrações após a descamação.

• As complicações com esse procedimento são raras, sendo citadas erupção acneiforme,
telangiectasias e queratite superficial.

2. Peeling de ácido glicólico

• Trata-se de alfa-hidroxiácido (AHA), encontrado na cana-de-açúcar ou sintetizado a


partir do formaldeído. Por apresentar penetração muito variável, é pouco recomendado
para peelings médios ou profundos, sendo mais utiliza-do para os superficiais em
concentrações entre 30 e 70%. A penetração pode variar conforme o pH da formulação.
Quanto mais baixo o pH, maior é a chance de o ácido glicólico penetrar, podendo
aprofundar-se muito em áreas mais sensíveis. Uma solução de AG 70% com pH 2,75
tem 48% de AG livre. Se o pH for 0,6, todo ácido estará livre. A solução de AG 50%
com pH 1,2 tem 48% de AG livre A apresentação pode ser sob a forma de gel, loção,
líquido ou crema. Sendo a em gel não iônico em pH 1,5 A 4 a forma mais utilizada.

• Técnica: a aplicação é feita após a limpeza da pele com álcool ou acetona, com pincel
ou gaze, de forma rápida e uniforme. A observação da pele deve ser constante para
prevenir queimaduras. O AG causa epidermólise em prazo que varia de três a sete
minutos, dependendo do tipo de pele. Pode causar frost, pontos avermelhados, que
progridem para um aspecto esbranquiçado, necessitando de neutralização imediata com
água ou bicarbonato de sódio 10%. Não é absorvido, portanto, não é tóxico A
uniformidade da aplicação do ácido, é uma das variantes da eficácia da técnica.

• É indicado para acne ativa, melasma, fotoenvelhecijmento leve, rugas finas, estrias,
acne e lentigo senil. Para pessoas com fototipom mais alto, a indicação é de
concentrações de AG até 50%.

• Peelings seriados de ácido glicólico, com intervalos quinzenais, permitem excelentes


resultados.

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• Infecções e cicatrizes, quando o procedimento é bem conduzido, são raras.

3. Peeling de ácido lático

• É também um alfa-hidroxiácido, usado a 85%, pH 3,5 em solução hidroalcoólica, com


atividades similares ao ácido glicólico. Pode ser usado como agente de peeling no
tratamento de melasma. Tem baixo custo e é produto de fácil uso.

4. Peeling de ácido fítico

• O ácido fítico é um alfa-hidroxiácido que apresenta eficiência com baixo pH e que


dispensa neutralização. Com progressiva e sequencial atuação terapêutica de maneira
não agressiva. Não provoca sensação de queimadura.

• A solução é aplicada na face e mantida até o dia seguinte. Pode ser repetido
semanalmente ou até duas vezes por semana se for necessário efeito mais rápido, até o
total de cinco ou seis sessões.

• É agente muito seguro e efetivo para tratamento de melasma em pele escura.

5. Peeling de ácido salicílico

• Trata-se de um beta-hidroxiácido, formulado a 20 ou 30% em solução alcoólica e a 40


ou 50% sob forma de pasta para aplicação em membros superiores. Tem ação
queratolítica, podendo promover peelings muito superficiais ou superficiais.

• É indicado para fotoenvelhecimento leve a moderado, melasma e cicatrizes superficiais


de acne, sendo excelente agente para tratar quaisquer transtornos da pele escura. É
contraindicado para pacientes alérgicos ao ácido salicílico.

• Fórmulações: Ácido salicílico a 20 ou 30 em veiíulo hidroalcoólico - Pasta: AS a 40 ou


50%.

• Técnica: após desengorduramento da pele com álcool, aplicar uma ou duas camadas de
ácido salicílico a 20 ou 30% com gaze ou pincel. Como a penetração é limitada, o

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número de camadas não é importante. Após cinco minutos lavar com sabonete neutro e
água corrente. Não aplicar em áreas extensas e evitar aplicar em pacientes com
insuficiência renal.

• Complicações: a absorção percutânea do ácido salicílico pode levar ao salicismo, isso


pode ocorres quando usado em áreas extensas corporais. Os sinais e sintomas são de
leve a graves, resumido-se náuseas, tontura, vômitos e alucinações. Outras situações
colaterais, são a reações alérgicas e hiperpigmentação pós-inflamatória.

• Recentemente um novo derivado do ácido salicílico foi introduzido com a adição de


uma cadeia de lipídios, o lipo-hidroxiácido, que tem maior lipofilia em comparação ao
ácido salicílico, promovendo mecanismo de ação mais específico e maior efeito
queratolítico.Também modifica o estrato córneo tornando-o mais fino, flexível e
resistente ao enrugamento e a rachaduras. Embora tenha mostrado bons resultados em
pacientes com acne, ainda está sendo estudada sua eficácia no melasma.

6. Peeling de ácido tioglicólico

• Também chamado ácido mercapto acético, é composto que inclui enxofre, com peso
molecular de 92,12 (intermediá- rio entre os ácidos tricloroacético e glicólico, 163,4 e
76,05, res- pectivamente). Trata-se de substância altamente solúvel em água, álcool e
éter, sendo facilmente oxidável.

• Indicado nos casos de hipercromias hemossideróticas, de forma tópica, utilizado em


concentrações de 5% a 12%. Sua afinidade com o ferro é semelhante à da apoferritina,
tendo a capacidade de quelar o ferro da hemossiderina, por apresentar o grupo tiólico.

• Trata-se de ácido orgânico. Como agente para peelings químicos pode ser usado na
abordagem da hipercromia constitucional periocular e em depósitos de hemossiderina
como a dermatite ocre das pernas, mostrando-se excelente adjuvante terapêutico para a
abordagem dessas dermatoses.

27
• Os peelings seriados e progressivos de ácido tioglicólico apresentam-se como
ferramenta terapêutica segura, eficiente e de baixo custo no tratamento da hipercromia
periorbicular constitucional.

• Técnica: Após o desengorduramento da região periocular com álcool 70o, com o auxílio
de cotonetes, aplica-se o ácido tioglicólico a 10% em gel na pálpebra inferior,
respeitando-se o limite da unidade cosmética. Na primeira sessão, após dois minutos de
contato do agente com a pele, o produto é retirado com gaze, completando-se a remoção
com água em abundância. Pode causar leve desconforto, associado a discreto eritema.
Se houver contato com a conjuntiva ocular, esta deve ser simplesmente lavada
vigorosamente, já que o pro- duto tem baixa toxicidade ocular. Decorrido dois ou três
dias, espera-se que a pele se apresente eritematosa, algumas vezes com crostas finas e
acastanhadas, e discreto edema palpebral. Esse processo pode levar até sete dias e está
diretamente relacionado ao tempo de exposição da pele ao produto. 2 – 5 – 8 – 11 – 15
min de contado do AT coma pele, da primeira sessão a última, respectivamente. A cada
15 dias.

• Para tratamento da dermatite ocre pode-se fazer sessões quinzenais de ácido tioglicólico
a 15% em toda a área pigmentada.

7. Peeling de ácido tranexâmico

• Tem sido utilizado com eficácia para reduzir hiperpigmentação em pacientes com
melasma em aplicação domiciliar de ácido tranexâmico 3% a 5%, em creme, duas vezes
ao dia.

• Técnica: pode ser usado em microagulhamento com agulha nano ou 0,5mm de


profundidade ou intradermoterapia sobre as manchas, com 0,05ml de ácido tranexâmico
(4mg/ml) em cada centímetro quadrado de melasma, após aplicação de anestesia tópica
com cloridrato de lidocaína 2%, uma vez por semana. Em aplicações tópicas há
controvérsia sobre seus resultados.

28
8. Peeling de Cisteamina

• Molécula mercaptacética, com um grupo fenol e um grupo amina, produzida


endogenamente a partir da L-cisteina. Agente conhecido desde a década de 1960 por
possuir propriedades clareadoras, mas por ser muito instável, oxidando rapidamente ao
se expor ao ar e ter forte, odor, nunca chegou a ser usada como creme antes. A
novidade mais promissora para o tratamento do melasma. Com o avanço das
pesquisas, recentemente conseguiram estabilizar o produto e reduzir o seu odor para
uso.
• Mecanismo de Ação: possui ação despigmentante e antioxidante. Atua no início da
cascata da melanogênese e na redução da atividade da tirosinase e tirosinase II, não
deixando oxidar essas principais enzimas envolvidas na produção de melanina. Não é
fotossensibilizante e pode ser usada em todos os fototipos de pele.
• Técnica: Formulada em creme com porcentagem de 3% para uso tópico domiciliar. Em
consultório, até 7,5%. O tempo de peeling relatado nos estudos varia de 15 minutos à
1 hora com uso diário, e aumento progressivo semanal, chegando a 3 horas. A duração
do tratamento é geralmente de 2 à 4 meses. (KASERAEE, 2008)

9. Peeling de resorcina

• É agente cáustico do grupo dos fenóis, mas com propriedades diferentes. Pode ser
utilizado como esfoliante em forma de soluções ou pastas, em concentrações que variam
de 10 a 70%, ou associado a outras substâncias.

• Técnica: A pasta, utilizada em concentrações de 40 a 60%, tem sua penetração


aumentada segundo o tempo de exposição e a espessura da camada. Pode ser aplicada
com espátula de madeira ou com dedos enluvados, deixando-a em contato com a pele
por até 20 minutos. Depois de seca a máscara é retirada com a espátula e o que restar
com gaze embebida em água.

• As vantagens são a estabilidade e o baixo custo. Pode ser utilizada em peles mais
escuras, com tendência à hiperpigmentação. Apresenta como desvantagem, cuja

29
probabilidade aumenta com passagens múltiplas, a possibilidade de reação alérgica e
intoxicação.

• Indicação: acne, discromias, rugas finas e hiperpigmentação pós-inflamatória.

9. Peeling de ácido tricloroacético

• ATA é um ácido orgânico derivado do ácido acético. Agente que permite a realização de
peelings superficiais, médios e profundos. O ATA precipita as proteínas da epiderme
causando necrose por coagulação. É peeling muito versátil com excelente ação no
rejuvenescimento e melhora de cicatrizes, tratamento de queratoses actínicas e melasma.
Não provoca toxicidade sistêmica.

• Indicação:

ATA 15% a 20% - peeling superficial: pele seca e áspera, sardas, lentigo, melasma epidérmico
e ceratose actinica superficial

ATA 20 a 40% - peeling médio/profundo: melasma dérmico ou misto, rugas finas, cerat6ose
actínica mais profunda, cicatrizes

• Há grande risco de formação de cicatrizes na aplicação de concentrações acima de 50%,


que não se recomendam.

• No preparo de solução a 30% utilizam-se 30 gramas de cristais de ATA com água até a
obtenção de100ml.

• Técnica: após desengordurar a pele com álcool, aplicar o produto com gaze levemente
umedecida. Iniciar pela região frontal, seguindo-se o nariz, regiões malares, região perioral
e pálpebras. Distribuir uniformemente a solução principalmente nas bordas, para evitar
linhas de demarcação. O objetivo é conseguir frosting uniforme. Reforçar a aplicação nas

30
áreas em que apareceram falhas. As soluções podem ser aplicadas com cotonetes ou gaze,
e as pastas de 10 a 20% com espátulas. Seu efeito é camada-dependente.

• É necessário observar a presença de lacrimejamento, para impedir a diluição do ácido e


evitar que este, ao escorrer alcance áreas que não deveriam ser atingidas, como a região
cervical, por exemplo. É interessante usar um ventilador sobre a face da paciente, para
tornar mais suportável a aplicação. Recomenda-se hidratação intensa e proteção solar
durante toda a fase de descamação.

• Se for adicionado metilsalicilato, consegue-se ativação do ATA. Esse fármaco funciona


como carreador, aumentando o grau de penetração e fazendo com que o branqueamento
seja mais rápido e intenso.

• Formulação: ATA 35% / Metil salicilato 5-10% /Polisorbato 1% / Água destilada – qsp.

A adição de saponinas também torna sua aplicação mais uniforme.

Formulação:ATA 35% / complexo de saponinas 5%

• Variações do peeling de ATA:

- Obagi Blue Peel®: composto de concentração fixa de ATA adicionada a uma base não
iônica azul que contém glicerina e saponinas. Em estudo com 18 mulheres coreanas, comparou-
se esse peeling a uma aplicação de laser de erbium 1550nm; a melhora em ambos os lados foi
significativa em melasma, sem diferença entre as duas terapias.

- Hidroxy peel: solução desengordurante (SD) de AL + AS / ATA 15% / creme


despigmentante (CD) com AG, AF, ultrapheres de retinol e lipossomas de vit E e C

Técnica: SD por 2 min, seguidos da aplicação do ATA até a pele atingir coloração rosada.
Aplicando-se imediatamente o CD.

- Viteasy peel: comporto por 3 frascos, contendo ATA a 20%, diluente e creme
multifunções,.

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Técnica: Aplica-se o ATA com torunda, em 30’’a 2 min ocorre o frost. Momento em que o
creme neutralizador deve ser aplicado.

10. Peeling de Ácido mandélico

• AHA, que apresenta em sua composição química radicais do AS e AG. Agente


utilizados em concentrações de 30 a 50%. Para uso do9miciliar pode ser formulado em
5, 10 e 15%.

• Indicações: acne, hiperpigmentações, fotoenvelhecimento e cicatrizes.

• Técnica: após desengordurar a pele com álcool 70, aplicar o AM com torunda e retirar
após 10min.

11. Peeling de fenol

• O fenol ou ácido carbólico (C6H5OH) é derivado do coaltar.Tem peso molecular de


94,11 e se apresenta em cristais em forma de agulhas, variando de incolor a rosado, com
odor característico. Torna-se líquido ao aquecimento, liberando vapor inflamável, e
escurece quando é exposto ao ar e à luz. Seu ponto de fusão é de aproximadamente
39oC, e o ponto de ebulição, 182oC.6 Tem efeitos bacteriostáticos em concentrações
mínimas de até 1% e, acima dessa concentração, possui ação bactericida. Nas
terminações nervosas da pele, age como anestésico local. É solúvel em óleo e gorduras
podendo ser removido rapidamente da pele com glicerina, óleos vegetais ou álcool
etílico a 50%, no caso de contato acidental. Tendo alto grau de penetração na barreira
cutânea. Por isso então se tornou um grande aliado no combate ao envelhecimento
cutâneo.

• Mecanismo de Ação: utilizado na concentração de 88% penetra a derme reticular


superior, coagula a queratina e impede sua permeação para níveis mais profundos.
Causando um frost profundo, inicialmente branco até coloração acinzentada,
caracterizando o envolvimento da camada reticular da derme.

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• Formulações: a mais conhecida que utiliza o fenol em concentrações de 45 a 55%, e que
promove peeling profundo, é a de Baker-Gordon (1962): Fenol (88% fenol + 12%
água). O sabão líquido, sendo tensoativo (detergente), atua como veículo na formulação,
reduz a tensão superficial da gordura presente na pele, removendo-a em função de sua
emulsifi- cação, proporcionando assim esfoliação homogênea. Dessa forma, também
atua como promotor de penetração. A fórmula de Baker é suspensão constituída por
partículas finas de componente sólido em dispersão num meio líquido, devendo ser
agitada antes do uso. Essa formulação produz peeling indicado para o tratamento das
rugas profundas e das queratoses actínicas provocadas pelo fotoenvelhecimento severo,
em qualquer região da face. Com o passar do tempo, o peeling de fenol foi sofrendo
alterações visando o aumento da segurança e diminuição de sua agressividade. Porém,
sem prejudicar seu potencial regenerador tecidual.

• Avaliação clínica e laboratorial: o fenol é absorvido sistemicamente a partir da pele,


podendo provocar cardiotoxidade, nefrotoxidade, hepatotoxidade e depressão do
sistema nervoso central. Quinze a 20 minutos após a aplicação, 70 a 80% do fenol
absorvido é excretado pela urina. Podem ocorrer taquicardia, extrassístoles
ventriculares, fibrilação atrial, fibrilação ventricular e dissociação eletromecânica. Deve
ser realizado em ambiente hospitalar devido à obrigatoriedade de monitorização
cardíaca do paciente.

• Contra-indicação: doença cardíaca, renal ou hepática, herpes simples, uso recente de


isotretinoína, instabilidade psicológica, predisposição a queloides, gestação, tabagismo,
exposição contínua a raios UV, e em fototipos IV a VI.

• É um peeling muito doloroso devido à ação do fenol na derme reticular intermediária,


necessitando de sedação e analgésicos. É necessário manter boa hidratação com SF
0,9%, antes e durante o procedimento.

• A aplicação é feita com algodão, gaze ou cotonete. Deve- se evitar fricção vigorosa,
pois pode ocorrer penetração muito rápida e maior risco de intoxicação. A face é
dividida em seis unidades estéticas: frontal, nasal, malares, mento, perioral e periorbital,

33
iniciando-se a aplicação pela maior área e aguardando 10 a 15 minutos antes da
aplicação na próxima.

• Pode ser utilizada oclusão parcial ou total da face para aumentar a penetração, com
esparadrapo branco impermeável.A solução de Baker com oclusão penetra até derme
reticular intermediária, enquanto sem oclusão, até a derme reticular superior. A duração
do procedimento é em média de 60 a 90 minutos. Após seu término o paciente deve ser
observado durante quatro horas. No pós-operatório é recomendado prescrever:
hipnóticos/ ansiolíticos para repouso, analgésicos, antibióticos VO e compressas de
gelo. Podem ocorrer dor em queimação por até oito horas e edema acentuado.As
pálpebras chegam a ficar protrusas. Deve ser solicitado retorno em 24 horas para apoio
psicológico e em 48 horas para remoção do curativo.

• Recomendam-se compressas de água boricada 3%, três a cinco vezes ao dia seguidas
por aplicação de pomadas de bacitracina ou pomadas vaselinadas com antibiótico, ou
pó antisséptico de bismuto durante sete dias. A regeneração epidérmica inicia-se em 48
horas e se completa em torno de dez dias.O prurido é sintoma comum durante o processo
de cicatrização, podendo ser amenizado com aplicação de corticoides de baixa potência
e compressas de gelo. Eritema e crostas podem permanecer durante 14 dias.A formação
de milia é relativamente comum e pode desaparecer espontaneamente ou por extração
manual

• É considerado extremamente eficaz, devendo ser realiza- do exclusivamente por


médicos.

12. Peeling de fenol pontuado

• Trata-se de nova técnica, que visa diminuir os possíveis efeitos colaterais e o tempo de
recuperação.

• Técnica: Após desengorduramento da pele com álcool, são desenhadas linhas nas áreas
que se quer tratar e com o auxílio de palitos de madeira com pontas envolvidas com
algodão, aplica-se fenol 88% de forma pontuada. Esse tipo de aplicação mantém intacto

34
o tecido em torno de cada ponto aplicado. Os pontos podem ser distribuídos em linhas
sobre as rugas estáticas da face, resultando em pontos esbranquiçados, que evoluem
para crostas e descamam em até dez dias. Não há necessidade de sedação ou anestesia,
pois aplicado dessa forma é bastante suportável.

• Pode ser feito com intervalos mensais em até cinco sessões. Os achados clínicos
resultantes são semelhantes aos de outros peelings, ou seja, observa-se diminuição das
rugas estáticas da face nas regiões perioculares e peribucais, melhora da textura geral
da pele e do contorno labial. Os estudos histopatológicos confirmam essas observações.

Combinações

1. Peeling de ácido salicílico e mandélico

• Trata-se da combinação de um beta-hidroxiácido AS a 20% com um alfa-hidroxiácido AM


a 10%. Além dos benefícios da associação, em que o ácido mandélico penetra a epiderme
lenta e uniformemente, o que é ideal para peles sensíveis, e o ácido salicílico penetra
rapidamente, traz o benefício adicional de prevenir a pigmentação pós-inflamatória,
tornando-se especialmente útil para peles étnicas.

• Indicado para o tratamento de acne, cicatrizes pós-acne e discromias, incluindo melasma.


Os estudos de Garg et al. demonstram que a combinação de ácidos salicílico e mandélico é
mais efetiva no tratamento de acne ativa e hiperpigmentação pós-acne do que o peeling
tradicional de ácido glicólico, apresentando menos efeitos colaterais.

2. Peeling de Jessner

• Criado para evitar a toxicidade do resorcinol, a solução desenvolvida por Max Jessner em
1960 é composta por ácido salicílico 14%, ácido lático 14% e resorcina 14% em álcool 95o.

35
O ácido salicílico é fotossensível, e o ácido láctico absorve a água existente no ar, portanto
a solução é sensivel à luz e ao ar.

• Indicação: acne comedoniana, hiperpigmentação pós-inflamatória, melasma e


fotoenvelhecimento leve.

• Mecanismo de ação: baseia-se na propriedade queratolítica do ácido salicílico e da resorcina


e na ação de epidermólise do ácido lático.A penetração depende do número de camadas,
podendo-se chegar a peelings médios. Provoca ardência e pode ou não ser retirado com
água. Pode ser feito na face e no corpo (pescoço, dorso), porém para evitar risco de
salicismo, deve ser feito em uma área a cada sessão.

• Técnica: após limpeza da pele com álcool, aplicar a solução com pincel, gaze ou algodão,
de maneira uniforme. Reaplicar nova camada após três ou quatro minutos. Remover com
água, retirando os cristais de ácido salicílico.

• Níveis de profundidade:

- Nível I: uma camada. Forma leve eritema e floculação esbranquiçada na superfície, como
um pó facilmente retirável.

- Nível II: duas a três camadas. Observa-se eritema mais vivo e frost em áreas pontilhadas e
finas. Há queimação ou ardor de discreto a moderado.

- Nível III: três a quatro camadas. Provoca eritema importante, com áreas de frosting,e ardor
moderado.

• Complicações: relacionadas à toxicidade sistêmica da resorcina e do ácido salicílico, e se


baseiam na quantidade dessas substâncias absorvidas, que varia com a extensão da área
tratada e o número de camadas aplicadas. A intoxicação por resorcina provoca tremores,
colapso circulatório, hematúria, meta-hemoglobulinemia, metaglobinúria e
hipotireoidismo. Podem também ocorrer tonturas ou síncopes provocadas pela
vasodilatação consequente ao uso da resorcina. A prevenção é feita realizando-se o

36
procedimento preferencialmente com o paciente deitado e com a orientação de que se
levante lentamente ao final do procedimento.

• A resorcina pode provocar dermatite de contato. Para sua prevenção, deve ser feito teste
prévio com o agente na região retroauricular.

• Deixar o produto durante 15 minutos e reavaliar após dois dias. Eritema, edema e vesículas
são sinais indicativos de reação alérgica.

3. Jessner + ATA 35%

• O peeling de Jessner pode ser associado ao ATA 35%, ácido retinoico e ao 5-fluoracil, este
no tratamento de querato- ses actínicas. Gary Monheit foi o primeiro a popularizar o uso da
combinação da clássica solução de Jessner com ATA 35%. O uso da solução de Jessner
permite penetração uniforme com concentrações de ATA baixas e seguras. Safoury28
comparou os resultados da solução de Jessner combinada com ATA 15% e somente ATA
15%, tendo observado resultados significativamente melhores no lado tratado com a
combinação.

4. Cisteamina + AR

• AR a 5% em combinação com cisteamina. Tem sido usado em associação ao


microagulhamento com ácido tranexâmico para tratamento de melasma dérmico. Aplicado
após o procedimento, tempo de ação do AR, de 6 a 12h.

37
2 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo identificar em literatura específica o


resultado e aplicabilidade de uso de peelings químicos no tratamento para melasma.

O desenvolvimento do estudo decorre a partir do entendimento da


fisiopatologia da dermatose citada, o melasma, do levantamento de estudo bibliográfico de seus
principais agentes clareadores, assim como suas respectivas características bioquímicas,
mecanismos de ação, técnicas de aplicação, indicações, complicações e obviamente, sua eficácia
nos resultados. Através de, conteúdos literários e científicos, gráfico e on line, como sites, revistas
e publicações.

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3 METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste trabalho foi realizada através de um Estudo


de revisão, com levantamento de textos relacionados, dentro da literatura científica com o tema
abordado: aplicabilidade de peelings químicos e seus resultados em protocolos para melasma

De acordo com Gil (2007) apud Conforto et al. (2011) a revisão


bibliográfica permite a busca de trabalhos científicos com caráter exploratório sobre o assunto,
permitindo maior familiaridade com o problema e aprimoramento de ideias.

As bases de dados utilizadas através da busca na internet foram: Scielo,


Scielo iac, Lilacs, Google acadêmico, Portal SBD, Portal SBCD. Os descritores utilizados para
busca foram: peeling químico, melasma, protocolos de tratamento.

O relato de ampla dificuldade na resolutividade nos tratamentos para


melasmas feito por clientes, na prática clínica, foi o precursor na escolha do tema ser estudado.
Após a definição do assunto, foi realizada a busca e seleção dos trabalhos para fomentar este estudo.

Os textos selecionados foram publicados em revistas e manuais,


disponibilizados on-line, nos anos de 1995 a 2020. Entre eles estão os trabalhos de Yokomizo de
2013, Miot de 2009, Guerra de 2013. E o livro: “Temas de Medicina Estética” organizado por
Carlos Eduardo Garcez e Roberto Arena-de-Souza.

39
4 CONCLUSÃO

De acordo com a literatura estudada podemos identificar como pontos


relevantes na escolha do protocolo de tratamento para melasma com utilização de peeling químico,
os seguintes tópicos:

Os peelings químicos apresentam resultados satisfatórios no tratamento


para melasma. Assim como em outros acometimentos dermatológicos: cicatrizes de acne,
envelhecimento cutâneo, queratose actínica, dentre outras dermatoses.

O conhecimento fisiopatológico do melasma, sua reatividade bioquímica e


consequente atuação na hiperpigmentação dérmica, é essencial para escolha e técnica do agente
clareador.

A dermatoscopia e uso de lâmpada de Wood, complementam a semiologia


da dermatose, conduzindo a análise clínica de forma satisfatória ao resultado esperado.

O protocolo terapêutico estabelecido baseia-se na classificação pela


profundidade do melasma. Os agentes químicos mais citados nos estudos foram: ácido retinóico,
ácido salicílico, ácido mandélico, ácido glicólico, ácido lático, Jessner, tricloacético, tranexâmico
e fenol. O conhecimento aprofundado do mecanismo de ação dos agentes e a técnica adequada
sobressaem-se como os principais pontos variáveis no resultado terapêutico. Visto que a
uniformidade da aplicação, número de camadas aplicadas, pH da área e precipitação do agente.
Todos os citados são indicados para o tratamento de melasma.

A falta de dados sobre os critérios de escolha e indicação dos protocolos de


acordo com os tipos de pele deixa sobre a conclusão final uma carência de dados sobre a
aplicabilidade. Assim como, pouco se relata sobre a interferência da participação direta do paciente
na expectativa do resultado, tendo em vista que toda reatividade melanocítica está diretamente
relacionada a exposição solar e estudos apontam o preparo pré-peeling essencial para a eficácia do
tratamento.

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