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Resistência dos Materiais

TENSÃO
Material elaborado pelo Prof. Dr. Halley Dias

Instituto Federal de Santa Catarina

Aplicado aos Cursos Técnico em Eletromecânica e Técnico Integrado em


Eletromecânica.

Material Elaborado a partir das fontes:


HIBBELER, Resistência dos Materiais, 5ª Ed, 2006.
HIBBELER, Resistência dos Materiais, 10ª Ed, 2006.
GERE, Mecânica dos Materiais, 2003.
TIMOSHENKO, Resistência dos Materiais, vol. 1, 1958.
Versão 2021
“Resistência dos Materiais é o ramo da
mecânica que estuda as relações entre cargas
externas aplicadas a um corpo deformável e a
intensidade das forças internas que atuam
dentro do corpo.” Hibbeler, 2006.
Hipóteses com relação às propriedades dos materiais:
 Contínuo: o material apresenta distribuição uniforme de matéria, ou
seja, não apresenta vazios.
 Coeso: todas as partes do material estão muito bem unidas, em vez de
ter trincas, separações ou outras falhas.
 Isotrópico: apresenta as mesmas propriedades independente da direção
considerada no interior do material.
Com base nessas hipóteses pode-se definir um modelo didático
representativo do arranjo interno dos átomos ou moléculas constituintes
do material.

Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.


Exemplo 01: Considere um peso P em equilíbrio e sustentado pelo
elemento mecânico AB. Determinar os esforços internos atuantes no
elemento.
B

Elemento mecânico: haste, tirante, cabo ou simplesmente um


corpo. Todos os corpos são constituídos de átomos ligados uns
aos outros. Os esforços internos se manifestam nas ligações
atômicas entre os átomos constituintes do material.
A

P = m.g O peso P é a carga externa sustentada pelo corpo.


P

Nestas condições pode-se admitir que o corpo esteja sendo


tracionado (ou esticado) pela atuação da carga externa P. Para
manter a integridade do corpo, as forças das ligações entre os
átomos constituintes do corpo irão se opor à carga externa P.

P
Estrutura cristalina ou arranjo atômico dos átomos
constituintes do material.
P l

Ligação atômica

t t
P

Num arranho simétrico de átomos as forças das ligações atômicas têm a


mesma intensidade independentemente da direção (isotropia).
Efeito do Carregamento Externo no Corpo
P
O efeito interno da aplicação da carga externa de tração é o
afastamento dos átomos na direção da aplicação da carga
P externa. O afastamento coletivo dos átomos no interior do
material é percebido externamente pela alteração da forma do
L0 corpo ou deformação do corpo. No exemplo em questão, a
LF alteração de forma do corpo será percebida pelo aumento do
seu comprimento e uma consequente redução da sua espessura
e largura.
Quando da finalidade é apenas a determinação das condições
P que mantém o corpo num estado de equilíbrio o corpo é
∆𝐿
considerado rígido ou seja indeformável.

P
A formação de um corpo sólido pode ser entendida a partir de um
empilhamento de planos atômicos segundo um sistema tridimensional de
coordenadas. Os planos podem ser empilhadas na direção do eixo do
comprimento ou eixo longitudinal ou na direção transversal que
corresponde a largura e a espessura do corpo.
l
l l

t t t t t t
Portanto, o efeito interno da aplicação da carga externa será o de afastar os
planos atômicos na direção da força. Num sistema coplanar (x, y) a força
externa tenderá a afastar os planos atômicos segundo as direções
longitudinal e transversal conforme ilustrado abaixo.
P
longitudinal

P
Sem carregamento
transversal externo P
P
Considerando a aplicação de carga externa na direção
P longitudinal, as forças das ligações atômicas irão se opor
ao efeito da ação da carga externa, ou seja, impedir o
Fi afastamento dos planos. As forças das ligações atômicas
Fi são chamadas de forças internas e são responsáveis:
1. pela forma do material no estado sólido quando
nenhuma força externa for aplicada sobre o corpo; e
P
2. pela reação à mudança de forma ou à deformação
quando uma carga externa for aplicada sobre o corpo.
P
Neste exemplo, as forças internas estão distribuídas sobre um plano atômico
numa direção perpendicular ao plano atômico. O efeito deste conjunto de
forças pode ser representado por uma força interna resultante perpendicular
ao plano atômico definida como Esforço Normal (N). Os planos atômicos
são equivalentes às áreas de seções transversais do corpo ao longo do eixo
longitudinal.
FiR N
Fi
Área de Seção
Transversal

P P P
Esforço Normal
l

Como o corpo está em equilíbrio externamente, ele


N
estará em equilíbrio internamente. A determinação da
intensidade do esforço interno será realizada pelas
A equações de equilíbrio. Assim, o esforço normal, N,
pode ser determinado por meio do somatório de
forças na direção vertical: N = P. Portanto, o valor do
esforço interno numa determinada direção será
sempre igual ao valor da carga externa que atua no
P corpo na direção considerada, mas, em sentido
contrário.
Estado de Tensão Normal

N A razão entre o esforço normal e a área da seção


transversal é definida como estado de tensão
normal ou simplesmente tensão normal
representada pela letra grega sigma (σ).
A
𝑁
𝜎=
𝐴
Exemplo 02: Considere a aplicação de carga externa na direção
transversal, as forças das ligações atômicas irão se opor ao efeito da ação
da carga externa, ou seja, impedir o afastamento por deslizamento entre os
planos.
l l

P P

Fi
t t
Fi
P
P
Sem carregamento
externo
Notar que as forças internas estão distribuídas sobre um plano atômico numa
direção paralela ao plano atômico. O efeito deste conjunto de forças pode
ser representado por uma força interna resultante paralela ao plano atômico
definida com força ou esforço cisalhante (V). Os planos atômicos são
equivalentes às áreas de seção transversal do corpo ao longo do eixo
longitudinal.

Fi
V
FiR

P P P
Estado de Tensão Cisalhante

A razão entre o esforço cisalhante (ou cortante) e


a área da seção transversal é definida como
estado de tensão cisalhante ou simplesmente
V tensão cisalhante representada pela letra grega
A
tau (τ).

𝑉
𝜏=
𝐴
Condições de Equilíbrio
Condição de Equilíbrio: quando um corpo está em equilíbrio externamente
isto significa que internamente também estará e equilíbrio. Desta forma as
equações de equilíbrio poderão ser utilizadas para determinar a intensidade
dos esforços internos.
Como visto anteriormente, os esforços internos atuam numa determinada
área da seção transversal do corpo. Portanto, a sua determinação pressupõe
a escolha desta seção e a aplicação posterior das equações de equilíbrio
entre as forças externas e os esforços internos.

Vetorialmente Sistema Coplanar


Σ𝑴=0; ΣMo= 0
Σ𝑭=0 ΣFx= 0
ΣFy= 0
Exemplo 03: Considerando o esquema abaixo de sustentação de um
bloco de peso P por um elemento mecânico determinar a intensidade
dos esforços internos.

Após traçar os eixos longitudinal e transversal, observar se


ocorre variação de geometria ao longo dos eixos. Caso
não ocorra variação como é o caso deste exemplo,
qualquer seção escolhida será representativa do
comportamento do corpo. Isto é possível porque está-se
considerando que as forças entre os planos que formam o
corpo são todas iguais.
P
Quando o corpo é seccionado, a parte do corpo retirada é substituída
pelos esforços internos para preservar a continuidade do corpo. Isto
porque a seção ou o corte do corpo é imaginário. Após a indicação de
todas as cargas no DCL do corpo, aplica-se as equações de equilíbrio
nas direções dos eixos coordenados.
P l ΣFl = 0 ΣFt = 0
N–P=0 V=0
N N=P
V Como a carga P atua na direção do eixo
a a a a longitudinal a intensidade do esforço
normal será igual à carga P para
preservar a condição de equilíbrio. O
t esforço cortante será nulo pois não há
P P P
esforço externo na direção transversal.
Considerando uma geometria retangular da área da seção transversal, a
intensidade da tensão normal na seção será determinada pela razão
entre o valor o esforço normal e o valor da área da seção transversal.

N A = E.L
N
a a a a E
L
𝑁 𝑃
P 𝜎= =
P
𝐴 𝐸. 𝐿
O corpo pode exibir diferentes geometrias para a área da seção
transversal: retangular, circular, trapezoidal, perfil, etc. Além disso,
pode ocorrer caso de seções vazadas como tubos por exemplo.

P P
P P P

P P P P P
P
Exemplo 04: Considere agora que o corpo é formado por duas partes. O tipo de
geometria da seção transversal é o mesmo mas as medidas são diferentes. Nesta
situação há uma descontinuidade geométrica ao longo do eixo longitudinal.
Como o estado de tensão depende do valor da medida da área, será necessário
analisar a tensão desenvolvida em cada área e neste caso será necessário realizar
duas seções.
P
Abb N
b b
b b

Aaa N
a a a a

P P P P
O valor do esforço normal será o mesmo para as duas seções porque não há
variação ou descontinuidade de carregamento entre as extremidades do corpo.
Como a área da seção bb é maior do que a área da seção aa, a tensão
desenvolvida na seção aa será maior do que a tensão desenvolvida na seção bb.
Dito de outra maneira, a região mais esbelta será a considerada a região mais
crítica do corpo pois a tensão desenvolvida é maior embora a intensidade do
esforço interno seja a mesma.
Abb N 𝑁 𝑃
b 𝜎𝑏𝑏 = =
b 𝐴 𝐴𝑏𝑏

Aaa N 𝑁 𝑃
𝜎𝑎𝑎 = = 𝐶𝑜𝑚𝑜: 𝐴𝑎𝑎 < 𝐴𝑏𝑏
a a 𝐴 𝐴𝑎𝑎
𝐸𝑛𝑡ã𝑜: 𝜎𝑎𝑎 > 𝜎𝑏𝑏
P P
Exemplo 05: Considere agora o corpo com geometria constante, mas com dois
pontos distintos de aplicação de cargas. Nesta situação há uma descontinuidade
de carregamento ao longo do eixo longitudinal. Como o estado de tensão depende
do valor da carga externa, será necessário analisar a tensão desenvolvida em cada
região definida pela mudança de carregamento e neste caso será necessário
realizar duas seções.
P+Q
Nbb = P + Q
A
b b
b Q b Q
Q
Naa = P
A
a a a a

P P P P
O valor do esforço normal será diferente nas duas seções porque ocorre variação
ou descontinuidade de carregamento entre as extremidades do corpo. Portanto, o
valor da tensão mudará em cada seção com a variação do esforço normal, haja
vista que a área da seção transversal permanece constante ao longo do eixo
longitudinal. No exemplo em questão, o esforço normal na seção bb será maior
do que o da seção aa e consequentemente a σbb será maior do que a σaa. Assim, a
seção crítica será a bb.
Nbb = P + Q
A 𝑁𝑏𝑏 𝑃 + 𝑄
b b 𝜎𝑏𝑏 = =
Naa = P Q 𝐴 𝐴
A
a a 𝜎 = 𝑁𝑎𝑎 = 𝑃 𝐶𝑜𝑚𝑜: 𝑁𝑎𝑎 < 𝑁𝑏𝑏
𝑎𝑎
𝐴 𝐴
P 𝐸𝑛𝑡ã𝑜: 𝜎𝑎𝑎 < 𝜎𝑏𝑏
P
Exemplo 06: Considere que a conexão entre o chassis de um cavalo
mecânico e o chassis de sua carreta é realizado por meio de um pino com
diâmetro Ø, conforme ilustrado no desenho abaixo. Considere também
que a força necessária para puxar a carreta seja P. Determinar a
intensidade dos esforços internos.

pino

P
P
Após traçar os eixos longitudinal e transversal observar se ocorre variação
de geometria ao longo dos eixos. Caso não ocorra variação como é o caso
deste exemplo, qualquer seção escolhida será representativa do
comportamento do corpo. Isto é possível porque está-se considerando que
as forças entre os planos que formam o corpo são todas iguais. Quando o
corpo é seccionado, a parte do corpo retirada é substituída pelos esforços
internos para preservar a continuidade do corpo. Após a indicação de todas
as cargas no DCL do corpo, aplica-se as equações de equilíbrio nas
direções dos eixos coordenados.
l l
N
P V
a
a a a
P
t P t
l
N
V ΣFl = 0 ΣFt = 0
a a N=0 –V+P=0
P N=0 V=P
t

Como a carga P atua na direção do eixo transversal a intensidade do


esforço cortante (V) será igual à carga P para preservar a condição de
equilíbrio. O esforço normal será nulo pois não há esforço externo na
direção longitudinal.
Considerando uma geometria circular da área da seção transversal, a
intensidade da tensão cisalhante na seção será determinada pela razão
entre o valor o esforço cisalhante e o valor da área da seção transversal.

l 𝜋 2
𝐴 = .Ø
V 4
P
𝑉 𝑃 4. 𝑃
t 𝜏= = 𝜋 = 2
𝐴 .Ø2 𝜋. Ø
Ø 4
No exemplo proposto, o comportamento mecânico do pino pode ser
descrito por apenas um plano de cisalhamento. Quando isto ocorre o
cisalhamento é definido com Cisalhamento Simples.

P V
Um plano de cisalhamento.
V
P
P
Exemplo 07: Considere agora que foi realizada uma alteração no tipo de
conexão entre o chassis do cavalo mecânico e o chassis da carreta
conforme ilustrado no desenho abaixo. Considere também que a força
necessária para puxar a carreta seja P e o diâmetro do pino Ø. Determinar
a intensidade dos esforços internos e a tensão desenvolvida no pino.

pino

P P
Note que neste tipo de conexão há uma descontinuidade de carregamento
entre o miolo do pino e suas extremidades, isto implica considerar duas
seções para avaliar o estado de tensão desenvolvido. Além disso, as duas
seções deslizam simultaneamente para que ocorra a falha no engate.

P P

𝑃 𝑃 V
P 2 P 2 P
𝑃 𝑃
2 2 V
O esforço cortante V atua simultaneamente nas duas seções do miolo do
pino e no sentido contrário ao da carga P para impedir o deslizamento do
miolo. Então, para manter a condição de equilíbrio a intensidade de V será
igual a metade da carga P. Como há deslizamento simultâneo de dois
planos o cisalhamento é definido como Cisalhamento Duplo.
l
ΣFt = 0 2.V = P
V 𝑃
–V–V+P=0 V=
P
2
V
t 𝑉 𝑃 1 2. 𝑃
Ø 𝜏= = ∙ 𝜋 = 2
𝜋 2 𝐴 2 .Ø 2 𝜋. Ø
𝐴 = .Ø
4
4
Notar que para um pino com diâmetro Ø a tensão cisalhante no
cisalhamento duplo será metade da tensão no cisalhamento simples para a
mesma carga aplicada. Isto significa que uma montagem com
cisalhamento duplo favorece o pino em relação ao cisalhamento simples
para pinos com o mesmo diâmetros submetidos a mesma intensidade de
carga externa.
V
V 4. 𝑃 2. 𝑃
P
𝜏𝐶𝑆 = 𝜏𝐶𝐷 =
P 𝜋. Ø2 V
𝜋. Ø2
Ø
Ø
𝜏𝐶𝑆 = 2. 𝜏𝐶𝐷
Determinação dos Esforços Internos
- Método das Seções -
Carregamento Externo
Distribuição das
l internas
solicitações

Carregamento Externo

Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.


Propriedades das Grandeza Vetoriais
Forças e Momentos

 Módulo ou Intensidade
 Direção
 Sentido
 Linha de ação (no caso das forças)
 Ponto de aplicação

Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.


Determinação dos Esforços Internos
- Resultantes Internas -
Aplicando as equações de equilíbrio no ponto O
da seção (geralmente o centróide) pode-se
relacionar as forças externas sobre o corpo à
força resultante 𝐹 R e ao momento 𝑀RO.

𝐹 R e 𝑀 RO: solicitações internas resultantes


responsáveis por manter o corpo unido quando
submetido a cargas externas.

Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.


Determinação dos Esforços Internos
- Eixos de Referência -
Eixo Longitudinal

θ β
Eixo Transversal

Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.


Determinação dos Esforços Internos
- Componentes das Resultantes Internas -

ou esforço cortante
Os esforços internos são forças de restauração do corpo. Eles se manifestam
quando uma carga externa é aplicada sobre o corpo. O efeito da aplicação da
carga externa é o do alterar a organização ou estrutura interna do material.
Esta alteração interna é percebida externamente pela alteração da forma do
corpo. A alteração da forma do corpo é definida como deformação. Então, os
esforços interno se opõe a deformação do corpo.
Cálculo da Distribuição dos Esforços Internos
Método Direto

No método direto estabelece-se um roteiro para a determinação das equações que regem
a distribuição dos esforços internos ao longo do elemento mecânico.

(1) Desenhar ao diagrama de corpo livre (DCL);


(2) Calcular as reações;
(3) Estabelecer trechos para os quais as funções das solicitações internas são iguais.
Trecho por definição é a região da corpo, onde não ocorrem mudanças no
carregamento, por descontinuidade de área ou por apoios.
(4) Para cada trecho aplicar as equações de equilíbrio para determinar a intensidade dos
esforços internos;
Esforços Externos ou Solicitações Mecânicas
Solicitações Esforços
Externas Internos
 Cargas axiais (tração e compressão)  Esforço normal
 Cargas cisalhantes  Esforço cortante
 Cargas de flexão  Momento fletor
 Cargas de torção  Momento torçor
Conceito de Estado de Tensão
A relação, F/A, é chamada estado de tensão desenvolvido no interior do
corpo e, como observado, descreve a intensidade da força interna sobre
um plano específico (área) que passa por determinado plano. Hibbeler,
2006
O estado de tensão é a reação interna do material à uma carga externa
que cria a tendência de alterar a sua forma ou de deformá-lo.

Estado de Tensão também pode ser entendido como a energia que o corpo
absorve por unidade de volume.
𝑁 𝑁 𝑚 𝑁.𝑚 𝐽 𝐸𝑁𝐸𝑅𝐺𝐼𝐴
𝜎 = 𝑃𝑎 = = = = =
𝑚2 𝑚2 𝑚 𝑚2 .𝑚 𝑚3 𝑉𝑂𝐿𝑈𝑀𝐸
Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.
Estado de Tensão vs Resistência do Material
Como visto, o estado de tensão desenvolvido é uma propriedade de estado do corpo deformável e
representa a reação das foças internas a um carregamento externo. O estado de tensão
desenvolvido é dependente da magnitude do carregamento externo, da geometria do corpo
(elemento de máquina ou elemento estrutural) e é independente das propriedades e
características do material. O estado de tensão se desenvolverá no corpo sempre que um
carregamento externo atuar sobre o corpo, inclusive o peso próprio do corpo. A medida ou o valor
do estado de tensão é obtida pela razão entre a intensidade das forças internas numa área específica.

A resistência do material é uma característica intrínseca do material, ela é dependente das


forças de ligações atômicas que mantém o corpo coeso e é independente do carregamento externo e
da geometria do corpo. A resistência mecânica pode ser definida como a reação das forças das
ligações atômicas (ou forças internas) que mantém o material coeso a uma carga externa que
cria a tendência de romper as ligações atômicas. A resistência mecânica é sempre medida na
iminência (nas proximidades) do rompimento das ligações atômicas (ou da fratura do
material). A medida da resistência do material é caracterizada por um valor médio constante
denominada de tensão máxima ou limite de resistência e será obtida por meio de ensaios mecânicos
como os de tração, cisalhamento, flexão e torção.
Diagrama Tensão vs Deformação
O diagrama tensão-deformação geralmente é obtido por meio de um ensaio
no qual um corpo de prova padrão é submetido a uma carga crescente de
tração até a sua ruptura. Durante o ensaio são registradas as tensões e
deformações no corpo de prova, cujos principais resultados para materiais
dúcteis são:
 tensão limite de elasticidade ou de escoamento,
 tensão máxima ou resistência mecânica absoluta,
 tensão de ruptura.
Assim, o diagrama tensão-deformação representa o comportamento
mecânico ou o desempenho do material quando sujeitado a determinado
tipo de solicitação mecânica.
Diagrama Tensão vs Deformação

Encruamento
Diagrama Tensão vs Deformação

Em projetos de dimensionamento mecânicos, geralmente a resistência do


material é expressa em termos da tensão de escoamento obtida nos
ensaios mecânicos. Ao lado temos o diagrama tensão deformação obtido
por meio de ensaio de tração, o limite de escoamento 𝜎𝑒 pode ser
referido como a resistência máxima do material durante o regime de
deformação elástica, por exemplo.
Diagrama Tensão vs Deformação

Quando um elemento de máquina for submetido a um carregamento (ou


solicitação) durante a sua utilização (ou funcionamento), o estado de
tensão desenvolvido internamente poderá se situar no regimente elástico
(preferencial) ou no regime plástico (indesejado) do diagrama tensão-
deformação do material utilizado para fabricar o elemento de máquina em
questão. Este estado de tensão dependerá apenas da magnitude (valor) do
carregamento e da geometria do elemento de máquina, sendo portanto
independente das propriedades do material.
Diagrama Tensão vs Deformação
Resistência Mecânica
absolta do material

Ruptura do Material

Resistência Mecânica
relativa a projetos de
elementos de máquinas e
elementos estruturais

Encruamento
Diagrama Tensão vs Deformação
OA: Regime Elástico, região na qual
elementos de máquinas ou estruturais devem
ser solicitados durante sua utilização ou
funcionamento.

AE: Regime Plástico, região na qual


elementos de máquinas ou estruturais devem
ser solicitados durante o seu processo de
fabricação por conformação mecânica

EF: Processo de ruptura de materiais dúcteis.


Estado de Tensão vs Resistência do Material

O estado de tensão desenvolvido num corpo qualquer e a resistência do


material serão correlacionados durante o dimensionamento deste corpo.
Nesta ocasião, o estado de tensão desenvolvido será confrontado com a
resistência para determinar:

1. A geometria do corpo.
2. A máxima carga suportada pelo corpo.
3. O tipo de material para fabricar o corpo.

Este assunto será tratado em maiores detalhes quando for abordado o


dimensionamento de elementos de máquinas e elementos estruturais.
Unidades

No SI

𝑁 𝑁
𝜎; 𝜏 = ↔ 𝑝𝑎𝑠𝑐𝑎𝑙 𝑃𝑎 ou = [MPa]
𝑚2 𝑚𝑚2

No Sistema Usual Americano

𝑙𝑏
𝜎; 𝜏 = ↔ 𝑙𝑖𝑏𝑟𝑎 𝑝𝑜𝑟 𝑝𝑜𝑙𝑒𝑔𝑎𝑑𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑑𝑟𝑎𝑑𝑎 = [psi]
𝑝𝑜𝑙2

1000 𝑝𝑠𝑖 = 1 𝑘𝑠𝑖 (𝑞𝑢𝑖𝑙𝑜 𝑙𝑖𝑏𝑟𝑎 𝑝𝑜𝑟 𝑝𝑜𝑙𝑒𝑔𝑎𝑑𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑑𝑟𝑎𝑑𝑎)


Estado de Tensão Normal Médio em
uma Barra com Carga Axial
Cálculo da distribuição média de tensão que atua na seção transversal de uma barra
com carga axial, tal como mostra a figura abaixo. Essa seção define a área da seção
transversal da barra.

Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.


Hipóteses

A barra permanece reta tanto antes com depois da carga ser


aplicada.
 A seção transversal deve permanecer plana durante a
deformação.
 Material Homogêneo: é aquele que possui as mesmas
propriedades físicas e mecânicas em todo o seu volume.
 Material Isotrópico: é aquele que possui as mesmas
propriedades em todas as direções.

Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.


Condição de Equilíbrio
Conforme a figura ao lado, existe apenas uma tensão
normal em qualquer elemento de volume do material
localizado na seção transversal de uma barra com
carga axial. Pode-se demonstrar a definição acima por
meio da equação de equilíbrio na vertical.
F
N
z 0 N
𝑁 𝑁
𝜎= 𝜎=
𝐴 𝐴
 (A)   ' (A)  0
   '
Esta condição é denominada tensão uniaxial.
E é válida para elementos submetidos a tração
como a compressão conforme figura. Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.
Tensão Normal Média

𝑁
𝜎=
𝐴
 σ: tensão normal média em qualquer ponto da área da seção transversal;
 N: resultante da força normal interna, aplicada no centroide da seção
transversal. ‘N’ é determinada pelo método das seções e pelas equações de
equilíbrio.
 A: é a área da seção transversal.

Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.


Estado de Tensão Cisalhante Médio

A força F provocará deformação e falha da


barra ao longo dos planos indicados com AB e
Apoios rígidos CD.

Para a condição de equilíbrio a força de


F
V  cisalhamento média deve ser aplicada em cada
2
seção.

Distribuição da Tensão Cisalhante Média


atuante na seção
Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.
Estado de Tensão Cisalhante Médio

V
 média 
A
 τ: tensão cisalhante média na seção, que se supõe ser a mesma em cada
ponto localizado na seção.
 V: resultante interna da força de cisalhamento na seção determinada
pelas equações de equilíbrio.
 A: área da seção

Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.


Cisalhamento Simples ou Direto
Apresenta apenas uma superfície de cisalhamento.

V V F
 média  
A A
F
F Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.
Cisalhamento Duplo
Apresenta duas superfícies de cisalhamento.

V F
 média  
A 2A
Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.
Procedimento para Solução de Problemas em
Resistência dos Materiais
1) Leia o enunciado com cuidado, observe com atenção figuras ou diagramas apresentados.
2) Identifique o tipo de problema proposto, carregamento axial, cisalhamento, torção ou flexão, e
escreva as equações básicas apropriadas ao problema identificado. Em muitos problemas é requerido
aplicar as equações de equilíbrio da estática para determinar, por exemplo, reações nos apoios ou
trações em cabos ou correntes.
3) Desenhe o diagrama de corpo livre (DCL) do elemento de máquina ou do elemento estrutural em
análise e identifique todos os esforços externos atuantes e todas as dimensões sejam elas conhecidas ou
a determinar.
4) Desenhe o DCL das seções requeridas para identificar os esforços internos.
5) Identifique as variáveis conhecidas e as desconhecidas. Em geral a determinação das variáveis
desconhecidas soluciona o problema.
6) Substitua os valores das variáveis nas equações básicas e calcule o valor das variáveis desconhecidas.
Tenha cuidado com as unidades e com a utilização dos múltiplos (k = 103; M = 106) e submúltiplos (µ
= 10-6; m = 10-3). Analise o resultado e confronte com a pergunta do problema. Em muitos casos é
necessário aplicar mais de uma equação para encontrar a solução definitiva.
7) Análise criticamente o resultado encontrado e certifique-se de que as unidades estão corretas.
Exemplo: Cálculo da Tensão Normal
Em muitas aplicações da engenharia ocorrem tanto variações de área como de carregamento nos elementos
estruturais. Em função dessas variações a distribuição da tensão normal não é constante ao longo de todo o
elemento estrutural. Portanto é necessário que se determine a máxima tensão normal que atua no elemento.
01) O mancal de encosto está submetido às cargas mostradas. Determine a tensão normal média desenvolvida nas
seções transversais que passam pelos pontos B, C e D.

01) Tipo de problema: Esforço normal.


O carregamento externo de 500 N comprime o conjunto formado por um mancal de encosto
‘C’ e dois eixos ‘B’ e ‘D’.
02) Pergunta do problema: qual o valor do estado de tensão normal ‘σ’ desenvolvido nas
partes do conjunto?
03) Equações:
A área da seção transversal de muitos elementos de máquina geralmente é circular, de fato na
maioria das situações a geometria circular predomina no elementos mecânicos, mas não é a
𝑁 𝜋∅2 regra. Em diversas situações a geometria do elemento pode ser retangular, por exemplo, e a
𝑭=0 𝜎= 𝐴= equação da área será outra. Muitos alunos tendem a considerar de imediato a área como
𝐴 4 circular sem análise prévia das condições do problema e como consequência, a solução do
problema estará incorreta.
Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.
04) Dados:
Carga de compressão igual a 500 N
ØB = 65 mm; ØC = 140 mm; ØD = 100 mm

05) DCL
06) O carregamento externo provoca uma deformação elástica de
compressão ‘ε’, contudo, macroscopicamente o conjunto encontra-se em
equilíbrio estático. Assim é possível aplicar as equações de equilíbrio ΣFx =
0 e ΣFy = 0 ao conjunto. Como todas as forças estão na direção vertical,
eixo ‘y’, a condição de equilíbrio será analisada nessa direção.
y y y
ND

x x x

NB NC

𝐹𝑦 = 0 𝐹𝑦 = 0 𝐹𝑦 = 0

– 500 + NB = 0 – 500 + NC = 0 200 – ND = 0


NB = 500 N NC = 500 N ND = 200 N
𝐹𝑦 = 0

- 500 + 150 +150 + ND = 0


ND = 200 N

ND
07) Pergunta do problema: qual o valor do estado de tensão normal ‘σ’
desenvolvido nas partes B, C e D do conjunto?

𝑁 Determinada pelas condições de equilíbrio


𝜎=
𝐴 Dado do problema, necessita ser calculada, mas o Ø é
fornecido.
𝑁 𝐹𝑒𝑥𝑡 𝐹𝑒𝑥𝑡 500 500 𝑁
𝜎𝐵 = = = 2 = 2 = 2
= 0,151 𝑀𝑃𝑎
𝐴 𝐴 𝜋. ∅ 𝜋. 65 3318,31 𝑚𝑚
4 4
𝑁 𝑁 2 = 10−3 𝑚 2 = 10−6 𝑚2 ;
= 𝑀𝑃𝑎, 𝑙𝑒𝑚𝑏𝑟𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑃𝑎 = 𝑒 𝑚𝑚
𝑚𝑚2 𝑚2

𝑁 𝑁 106 𝑁 6
𝑁 6 𝑃𝑎 = 𝑀𝑃𝑎
𝐸𝑛𝑡ã𝑜 = = = 10 = 10
𝑚𝑚2 10−6 𝑚2 𝑚2 𝑚2

𝑁 𝐹𝑒𝑥𝑡 𝐹𝑒𝑥𝑡 500 500 𝑁
𝜎𝐶 = = = 2 = 2 = 2
= 0,032 𝑀𝑃𝑎
𝐴 𝐴 𝜋. ∅ 𝜋. 140 15393,80 𝑚𝑚
4 4

𝑁 𝐹𝑒𝑥𝑡 𝐹𝑒𝑥𝑡 200 200 𝑁


𝜎𝐷 = = = 2 = 2 = 2
= 0,025 𝑀𝑃𝑎
𝐴 𝐴 𝜋. ∅ 𝜋. 100 7853,98 𝑚𝑚
4 4
Exemplo: Cálculo da tensão cisalhante
01) O acoplamento mostrado na figura está sujeito a uma carga externa de 10 kN, sabendo que o diâmetro do
parafuso é igual a 20 mm, determine a tensão cisalhante desenvolvida no parafuso.

10 kN 01) Tipo de problema: Cisalhamento SIMPLES em um parafuso.


10 kN
O carregamento externo de 10 kN cria a tendência de deslizamento
entre as partes superior e inferior do acoplamento representado pela
DCL deformação cisalhante γ. Para todos os efeitos, a deformação cisalhante
a 10 kN é elástica. Como há apenas um plano de deslizamento (linha ab) o
10 kN b cisalhamento é considerado simples.
02) Pergunta do problema: qual o valor do estado de tensão ‘τ’
γ
desenvolvido no parafuso.
DCL: Esforço Interno 𝜋∅2
𝑉
03) Equações: 𝑭=0 𝜏= 𝐴=
𝐴 4
10 kN
V 04) Dados:
Fext = 10 kN; atua nas placas (chapas).
10 kN
V Ø = 20 mm
Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.
05) Como há, praticamente, infinitas ligações atômicas, cada uma é
10 kN
vi responsável por uma reação ‘vi’. O esforço cortante V é a resultante
zoom média de todos os esforços vi que atuam na seção transversal. ‘vi’ pode
V ser entendida como a reação das forças de ligações atômicas à carga
Área da seção externa para manter o parafuso íntegro. Para simplificar a análise e os
transversal
Ø = 20 mm
cálculos, considera-se ‘vi’ atuando paralelamente a seção transversal de
Ø = 20 mm
𝑛
cisalhamento.
𝑖 𝑣𝑖
𝐸𝑠𝑓𝑜𝑟ç𝑜 𝐶𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑚é𝑑𝑖𝑜: 𝑉 = y
𝑛
06) O carregamento externo provoca uma deformação elástica cisalhante ‘γ’, contudo,
macroscopicamente o parafuso encontra-se em equilíbrio estático. Assim é possível aplicar 10 kN
as equações de equilíbrio ΣFx = 0 e ΣFy = 0 ao parafuso. Como todas as forças estão na
V x
direção horizontal, eixo ‘x’, a condição de equilíbrio será analisada nessa direção.

07) No cisalhamento simples o esforço cortante resultante ‘V’ é igual ao carregamento externo que atua no
parafuso. Aqui cabe um observação importante, em muitos acoplamentos são utilizados mais de um parafuso
(rebites, pinos, etc) e dessa maneira a carga externa aplicada nas chapas é distribuídas aos parafusos responsáveis
pela união, ou seja, a carga atuante no parafuso é uma fração da carga externa atuante no conjunto. Por exemplo,
se no exercício em questão houvesse dois parafusos unindo as duas chapas, a carga de 10 kN seria distribuída entre
os dois parafusos, assim, cada parafuso suportaria 5 kN e não 10 kN. Por consequência, o esforço cortante V no
parafuso seria igual a 5 kN.
y

𝐹𝑥 = 0
10 kN
10 – V = 0
V x V = 10 kN = 10000 N

08) A pergunta do problema: qual o estado de tensão cisalhante ‘τ’


desenvolvido no parafuso?
𝑉
𝜏 = ; 𝑝𝑒𝑙𝑎 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑖çã𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑞𝑢𝑖𝑙í𝑏𝑟𝑖𝑜 𝑉 = 𝐹𝑒𝑥𝑡 = 10 𝑘𝑁.
𝐴
Seja ∅ = 20 𝑚𝑚, 𝑎 á𝑟𝑒𝑎 ′𝐴′ 𝑝𝑜𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑟 𝑐𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑎𝑑𝑎, 𝑒𝑛𝑡ã𝑜:

𝑉 10000 𝑁 10000 𝑁
𝜏= = 𝜋 = 2
= 31,8 𝑀𝑃𝑎
𝐴 . 202 314,16 𝑚𝑚
4
Exercício 01: A coluna está submetida a uma força axial Exercício 02: A luminária de 50 lb é suportada por duas
de 8 kN no seu topo. Supondo que a seção transversal hastes de aço acopladas por um anel em A. Determinar
tenha as dimensões mostradas na figura, determinar a o ângulo da orientações de θ de AC, de forma que a
tesão normal média que atua sobre a seção a-a. Mostrar tensão normal média na haste AC seja o dobro da tensão
essa distribuição de tensão atuando sobre a área da normal média da haste AB. Qual é a intensidade dessa
seção transversal. tensão em cada haste? O diâmetro de cada haste é
indicado na figura.

Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.


Exercício 03: O conjunto de eixo consiste de um cano AB e uma haste maciça BC. O cano tem 20 mm de
diâmetro interno e 28 mm de diâmetro externo. A haste tem 12 mm de diâmetro. Determinar a tensão normal
média nos pontos D e E e representar a tensão em um elemento de volume localizado em cada um desses pontos.

Exercício 04: O motorista do carro esporte aplica os freios traseiros e faz os pneus derraparem. Supondo que a
força normal em cada pneu traseiro seja de 400 lb e o coeficiente de atrito cinético entre os pneus e o pavimento
seja µC = 0,5, determinar a tensão de cisalhamento média desenvolvida pela força de atrito sobre os pneus. Supor,
também, que a borracha dos pneus seja flexível e que cada pneu tenha 32 psi de pressão de ar.

Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.


Exercício 05: A embreagem de dentes é usada para transmitir um torque de 450 lb.pé em uma única direção.
Supondo que cada eixo tenha dois dentes em torno da circunferência, como mostrado, determinar a tensão de
cisalhamento média ao longo da raiz AB de cada dente.

Exercício 06: As barras da treliça têm uma área da seção transversal de 1,25 pol2. Determinar a tensão normal
média em cada elemento devido à carga P = 8 kip. Indicar se a tensão é de tração ou compressão.

Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.


Exercício 07: As barras da treliça têm uma área da seção transversal de 1,25 pol2. Supondo que a tensão normal
média máxima em cada não exceda 20 ksi, determinar a grandeza máxima P das cargas aplicadas à treliça.

Exercício 08: A viga é apoiada por um pino em A e um elo curto BC. Determinar a intensidade máxima P das
cargas que a viga suportará se a tensão de cisalhamento média em cada pino não exceder 80 MPa. Todos os pinos
estão sob cisalhamento duplo e cada um deles tem 18 mm de diâmetro.

Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.


Dimensionamento

Dimensionar significa determinar medidas.

 O material a ser utilizado na fabricação de elementos de máquinas


ou elementos estruturais
 A máxima carga suportada por um elemento de máquina ou
elemento estrutural
 A geometria (área da seção transversal) do elemento de máquina ou
elemento estrutural.
Tensão Admissível
Para garantir segurança, é necessário escolher uma tensão admissível que restrinja a carga
aplicada a um valor menor do que a carga que o elemento possa suportar integralmente.

 A carga real pode ser diferente da de projeto.


 Erros na fabricação ou na montagem.
 Vibrações desconhecidas.
 Impactos.
 Cargas acidentais.
 Corrosão atmosférica.
 Variações nas propriedades mecânicas. Ex.: madeira e concreto são materiais anisotrópicos; em baixas
temperaturas materiais dúcteis comportam-se como materiais frágeis; altas temperaturas alteram a microestrutura
dos materiais; o grau de deformação varia com a velocidade do carregamento, nesse sentido materiais dúcteis
podem apresentar comportamento frágil quando solicitados em alta velocidade.
Tensão Admissível

Resistência Mecânica absolta do


material

Resistência Mecânica relativa a


projetos de elementos de máquinas e
elementos estruturais
σadm Margem de segurança

σ𝑒
σadm =
𝐹𝑆
Fator de Segurança
Carga de Ruptura
FS 
Carga Admissível
 Carga de Ruptura é obtida por meio de ensaios experimentais. No caso de materiais dúcteis a carga
de ruptura se refere a mudança do regime elástico para o plástico e nesse caso o valor utilizado é a
tensão de escoamento. No caso de materiais frágeis, a carga de ruptura é a própria tensão de ruptura.
 Fator de Segurança é selecionado com base na experiência, códigos de projetos, manuais de
engenharia, o FS é sempre maior ou igual a 1 e menor do que 3*. Exemplos: Aviões FS = 1; Usina
Nuclear FS > 3.
Tensão Normal Tensão Cisalhante
 rup  rup
FS  FS 
 adm  adm
* Em projetos convencionais. Pode ocorrer situações nas quais o coeficiente de segurança seja maior do que 3.
Condição de Dimensionamento

Estado de Tensão = Resistência Mecânica

𝑁 σ𝑒
= σadm
𝐴 𝐹𝑆
𝑉 τ𝑒
= τadm
𝐴 𝐹𝑆
Projetos de Acoplamento
1) Área da Seção Transversal de um Elemento de Tração

P
A
 adm

Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.


Projetos de Acoplamento
2) Área da Seção Transversal de um Acoplamento a Cisalhamento

P
A
 adm

Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.


Projetos de Acoplamento
3) Área requerida para resistir ao apoio – Tensão de Apoio é definida como a tensão
produzida pela compressão de uma superfície contra outra.

P
A
( b ) adm
Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.
Projetos de Acoplamento
4) Área requerida para resistir ao cisalhamento provocado por carga axial.

P
l
 adm d
Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.
Exemplo 01: Os dois elementos estão acoplados em B como mostra a figura. A figura também mostra o topo dos
acoplamentos em A e B. Supondo que os pinos tenham tensão de cisalhamento admissível de τadm = 90,0 MPa e o
esforço de tração admissível da haste CB seja σadm = 115,0 MPa, determinar o menor diâmetro dos pinos A e B, e
o diâmetro da haste CB necessário para suportar a carga.

1) Tipo de problema: Dimensionamento, (a) pinos A e B esforço cisalhante, (b) haste BC esforço normal.
2) Pergunta do problema:
(a) Qual o valor do diâmetro dos pinos A e B, responsáveis pelo acoplamento entre as hastes AB e BC e pela
fixação da haste AB à parede, necessário para resistir ao cisalhamento imposto pela carga de 6 kN; considerar
tensão admissível ao cisalhamento do pino igual a 90 MPa.
(b) Qual o valor do diâmetro da haste BC necessário para suportar a carga de 6kN, considerar tensão normal
admissível da haste igual a 115 MPa.
Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.
03) Equações:
𝑁 𝑉 𝜋∅2
𝑭=0 𝜎= 𝜏= 𝐴𝑐í𝑟𝑐𝑢𝑙𝑜 =
𝐴 𝐴 4

04) Dados:
𝜎𝑎𝑑𝑚 = 115 𝑀𝑃𝑎
𝜏𝑎𝑑𝑚 = 90 𝑀𝑃𝑎

Pino A sofre cisalhamento duplo


Pino B sofre cisalhamento simples

Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.


04) Análise do problema: Os esforços nos pinos A, B e na haste BC são consequência da carga de 6 kN, ou seja,
necessitam ser encontrados (calculados). O pino A é responsável por fixar ou apoia a viga AB à parede, ou seja, é
um apoio (articulação). A haste BC é responsável por ligar a viga AB à articulação C responsável por fixar a haste
AC à parede.
05) Análise da estrutura: Conforme estudou-se até agora, pinos articuladas oferecem duas reações, em x e y, então
o DCL com as reações nos apoios seria desenhado como na figura ao lado. Como mostrado, há 4 incógnitas, RAx,
RAy, RCx, RCy, e apenas 3 equações de equilíbrio ΣFx, ΣFy e ΣMo, então o problema em princípio não poderia ser
resolvido pois o número de incógnitas deve ser igual ao número de equações de equilíbrio. Entretanto, observando
com atenção a haste BC, verifica-se que não há qualquer força externa agindo sobre ela e a solicitação imposta
sobre a haste é de tração (TBC), ou seja, a haste está sendo ‘esticada’. Então, o esforço na haste pode ser
considerado como indicado na figura abaixo.
TBC Assim, as reações RCx, RCy, são componentes da TBC, isto é, as
RCy = TBC.0,6 reações podem ser escritas em função da tração na haste e ao
invés de duas incógnitas têm-se apenas uma.

RAy TBC.0,6
RCx= TBC.0,8
TBC

RCx = TBC.0,8
DCL : final RAx
TBC.0,8
RCy= TBC.0,6
06) Aplicando as equações de equilíbrio ao DCL final

𝐹𝑥 = 0 𝐹𝑌 = 0 𝑀𝐴 = 0

-RAx + 0,8TBC = 0 RAy + 0,6TBC – 6 = 0 0,6TBC.3 + 6.2 = 0

RAx= 0,8TBC RAy= - 0,6TBC + 6 TBC = 6,67 kN


07) Análise do pino A. RAy e RAx são as componentes cartesianas da reação
resultante que age no pino. Como as componentes são
vetores ortogonais, a resultante é calculada de maneira
análoga ao cálculo da hipotenusa de um triângulo
RAy retângulo

RAx y

 𝑅𝐴 = 5,7 𝑘𝑁
θ
x
RAx= 5,33 kN

RAy= 2,00 kN 𝑅𝐴𝑦 2


θ = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 = 20,55°
𝑅𝐴𝑥 5,33

𝑅𝐴 = (𝑅𝐴𝑥 )2 + (𝑅𝐴𝑌 )2 = 5,7 𝑘𝑁


08) Considerações parciais. Até o momento todos os cálculos realizados foram necessário para determinar os
esforços nos elementos de fixação que se quer dimensionar, diâmetros dos pino A e B e da haste BC. Embora a
estrutura suporte uma carga de 6 kN, cada elemento será solicitado por um esforço derivado dessa carga, podendo
ser maior ou menor.

09) Dimensionamento do pino A. Como é dado no problema, o pino A está sujeito a cisalhamento duplo.
y
𝑅𝐴 = 5,7 𝑘𝑁 𝑅𝐴 = 5,7 𝑘𝑁
𝑅𝐴 = 5,7 𝑘𝑁
θ
𝑉
x
x 𝑉 Ø𝐴

𝐹𝑒𝑥𝑡 𝑉 𝐹𝑒𝑥𝑡
𝑉 𝑅𝐴 1 𝑅𝐴 𝑅𝐴 5700
𝜏𝑎𝑑𝑚 = = . = = ; 90 =
𝐴 2 𝐴 2𝐴 2. 𝜋. ∅2 2. 𝜋. ∅𝐴2
𝑉
4 4
Observando a vista de topo, o pino irá falhar
devido ao cisalhamento simultâneo dos
2. 𝜋. ∅𝐴2 5700 5700.4
planos ‘ab’ e ‘cd’. Como há dois planos de = ⟹ ∅𝐴2 = = 6,35𝑚𝑚
cisalhamento, o cisalhamento é tido como 4 90 2. 𝜋. 90
duplo.
10) Dimensionamento do pino B. Como é dado no problema, o pino B está sujeito a cisalhamento simples.
y

𝑇𝐵𝐶 𝑇𝐵𝐶 𝑉 𝑇𝐵𝐶 = 6,67 𝑘𝑁

x
Ø𝐵

𝐹𝑒𝑥𝑡 𝑉 𝑉 𝑇𝐵𝐶 𝑇𝐵𝐶 6666,67


𝑎 𝑏 𝜏𝑎𝑑𝑚 = = = ; 90 =
𝐹𝑒𝑥𝑡 𝐴 𝐴 𝜋. ∅2 𝜋. ∅𝐵2
4 4
Observando a vista de topo, o pino irá falhar 𝜋. ∅𝐵2 6666,67 6666,67
2
devido o cisalhamento o plano ‘ab’. Como = ⟹ ∅𝐵 =
4 90 90
há um plano de cisalhamento, o
cisalhamento é tido como simples. 6666,67.4
∅𝐵 = = 9,71𝑚𝑚
𝜋. 90
11) Dimensionamento da haste BC sujeita a esforço de tração.

y 𝑇𝐵𝐶 𝑇𝐵𝐶
𝑇𝐵𝐶

𝑁 𝑁
x Øℎ𝑎𝑠𝑡𝑒
𝑇𝐵𝐶

𝑁 𝑇𝐵𝐶 𝑇𝐵𝐶 6666,67


𝜎𝑎𝑑𝑚 = = = ; 115 =
𝐴 𝐴 𝜋. ∅2 𝜋. ∅ℎ2
4 4

𝜋. ∅ℎ2 6666,67 2
6666,67.4 6666,67.4
= ⟹ ∅ℎ = ⇒ ∅ℎ = = 8,59 𝑚𝑚
4 115 𝜋. 115 𝜋. 115
Exemplo 02: O conjunto da correia sobreposta será submetido a uma força de 800 N. Determine (a) a espessura t
necessária para a correia se o esforço de tração admissível para o material for σadm = 10 MPa, (b) o comprimento
dt necessário para a sobreposição se a cola pode resistir a um esforço de cisalhamento admissível de τadm = 0,75
MPa e (c) o diâmetro dr do pino se a tensão de cisalhamento admissível para o pino for τadm = 30 MPa.

1) Tipo de problema: Dimensionamento, (a) esforço axial, (b) e (c)


esforço cisalhante.
2) Pergunta do problema:
(a) Qual o valor da espessura da correia para suportar carga de tração de
800N; considerar tensão admissível igual a 10 MPa;
(b) Qual o valor da largura da área de colagem necessária para unir a
correia e resistir ao cisalhamento imposto pela carga de tração 800
N; considerar tensão admissível ao cisalhamento da cola igual a 0,75
MPa.
(c) Qual o valor do diâmetro do pino, responsável pelo acoplamento
entre as duas correias, necessário para resistir ao cisalhamento
imposto pela carga de tração de 800 N; considerar tensão admissível
ao cisalhamento do pino igual a 30 MPa.
Fonte: Hibbeler, Resistência dos Materiais, 5ª ed, 2006.
03) Equações:
𝑁 𝑉 𝜋∅2
𝑭=0; 𝜎= ; 𝜏 = ; 𝐴𝑐í𝑟𝑐𝑢𝑙𝑜 = ; 𝐴𝑟𝑒𝑡â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 = 𝑏. ℎ
𝐴 𝐴 4

DCL A = 45.t
Fext 800 N
N

N 800 N 𝐹𝑥 = 0
800 N 45 mm 800 N t 45 mm
– 800 + N = 0
800 N 800 N
t N = 800 N
𝑁 𝐹𝑒𝑥𝑡 𝐹𝑒𝑥𝑡
𝜎𝑎𝑑𝑚 = = =
𝐴 𝐴 45. 𝑡

𝐹𝑒𝑥𝑡 800
10 = ⇒ 45. 𝑡 =
45. 𝑡 10

800
𝑡= = 1,78 𝑚𝑚
45.10
Cisalhamento duplo
DCL

𝐹𝑥 = 0

– 800 + V +V = 0
V = 400 N

𝑉 𝐹𝑒𝑥𝑡 1 𝐹𝑒𝑥𝑡 𝐹𝑒𝑥𝑡 800


𝜏𝑎𝑑𝑚 = = . = = ; 30 =
𝐴 2 𝐴 2𝐴 2. 𝜋. ∅2 2. 𝜋. 𝑑𝑟 2
4 4

2. 𝜋. 𝑑𝑟 2 800 800.4
= ⟹ 𝑑𝑟 = = 4,12𝑚𝑚
4 30 2. 𝜋. 30
Cisalhamento duplo
DCL Fext
Fext
A = 45.dt

𝐹𝑒𝑥𝑡 V
2 dt
V
𝐹𝑒𝑥𝑡
2
𝐹𝑥 = 0

– 800 + V+ V = 0
V = 400 N

𝑉 𝐹𝑒𝑥𝑡 1 𝐹𝑒𝑥𝑡 𝐹𝑒𝑥𝑡 800


𝜏𝑎𝑑𝑚 = = . = = ; 0,75 =
𝐴 2 𝐴 2𝐴 2 45. 𝑑𝑡 2 45. 𝑑𝑡

800 800
2 45. 𝑑𝑡 = ⟹ 𝑑𝑡 = = 5,83𝑚𝑚
0,75 0,75.2.45
Exercício 01: O arganéu da âncora suporta uma força de cabo de 3 kN. Se o pino tiver diâmetro de 6 mm,
determinar o valor da tensão cisalhante média desenvolvida no pino. Considere FS = 1,5

Exercício 02: Os dois cabos de aço AB e AC são usados para suportar a carga. Se ambos, tiverem uma tensão de
tração admissível σadm = 180 MPa, e se o cabo AB tiver diâmetro de 6 mm e o cabo AC tiver diâmetro de 4 mm,
determine a maior força que pode ser aplicada à corrente antes que um dos cabos falhe.
Exercício 03: A alavanca está presa ao eixo por um pino cônico AB, cujo diâmetro médio é 6 mm. Se um
binário for aplicado à alavanca, determine a tensão de cisalhamento média no pino entre ele e a alavanca.
Considere FS = 1,25

Exercício 04: Cada uma das barras da treliça tem área de seção transversal de 780 mm2. Determine a tensão normal
média em cada elemento resultante da aplicação da cara P = 40 kN. Indique se a tensão é de tração ou de
compressão.
Exercício 05: Cada uma das barras da treliça tem área de seção transversal de 780 mm2. Se a tensão normal
média máxima em qualquer barra não pode ultrapassar 140 MPa, determine o valor máximo de P das cargas que
podem ser aplicadas à treliça.

Exercício 06: A junta está presa por dois parafusos. Determine o diâmetro exigido para os parafusos se a
tensão de escoamento por cisalhamento para os parafusos for τe = 350 MPa. Use um fator de segurança para
cisalhamento FS = 2,5.
Exercício 07: As hastes AB e CD são feitas de aço cuja tensão de escoamento é σe = 510 MPa. Usando um fator de
segurança FS = 1,75 para a tração, determine o menor diâmetro das hastes de modo que elas possam suportar a
carga mostrada. Considere que a viga está acoplada por pinos A e C.

Exercício 08: A manivela está presa ao eixo A por uma chaveta de largura d e comprimento 25 mm. Se o eixo for
fixo e uma força vertical de 200 N for aplicada perpendicularmente ao cabo, determine a dimensão d se a tensão
de cisalhamento admissível para a chaveta for τadm = 35 MPa.
Exercício 09: As tiras A e B devem ser coladas com a utilização das tiras C e D. Determine a espessura exigida t
para C e D de modo que todas as tiras falhem simultaneamente. A largura das tiras A e B é 1,5 vezes a das tiras C
e D.

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