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PSICOLOGIA DO TURISMO: ELABORAÇÃO DO PERFIL PSICOLÓGICO DE UM


TURISTA.

Ligia Conceição Oliveira da Cruz1


Rodolfo Viana2
Valéria Mendes Ferreira3

O presente relato foi elaborado a partir de entrevista realizada por acadêmicos do curso
de Turismo da Escola Superior de Artes e Turismo – ESAT, da Universidade do Estado do
Amazonas – UEA, com a turista J.M.C na área de embarque doméstico do Aeroporto
Internacional Eduardo Gomes, no dia 4 de dezembro de 2019 (Quarta-Feira), às 13h00. A
entrevistada tem 25 anos, é solteira e católica, seu nível de escolaridade é Superior Completo,
sua profissão é ser fonoaudióloga e seu lugar de origem é Belo Horizonte, Minas Gerais.
Ao abordarmos a entrevistada informamos a mesma nossa identificação, o objetivo de
nossa entrevista e sua natureza acadêmica, estando ciente dos procedimentos J.M.C nos deu
autorização para continuar e usar as ferramentas que fossem necessárias (Transcrição e áudio)
para a realização da entrevista. Iniciando a entrevista a primeira pergunta foi relacionada à
motivação da realização da viagem a Manaus, do qual a mesma respondeu que o contato com
a fauna e a flora Amazônica foi o que a motivou, pelo fato de sempre ouviu falar da beleza
natural da região e da possibilidade de estar em contato direto com a natureza. Através de sua
resposta pode-se afirmar que a motivação da entrevistada é do tipo intrínseca. De acordo com
Banner & Himmelfarb apud Ross (2002, p.29), a motivação se torna intrínseca quando esta
ligada ao prazer ou valor associado à atividade em si, das quais ainda pode ser dividido em
duas categorias o valor intrínseco associado ao comportamento na realização desta atividade e
o valor intrínseco associado à atividade realizada.
Outra observação a ser feita é a relação Turismo/Trabalho, não aplicamos uma
pergunta direta relacionada à questão, porém através das repostas dada a primeira pergunta,
suponhamos que esta relação seja a de compensação suplementar ou positiva, já que a mesma
esta a procura de algo que não tem em sua rotina diária. Segundo ROSS (2002, p.28) a
compensação suplementar ou positiva ocorre onde não acontecem ou há poucas experiências,

1
Acadêmica de Turismo pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA. E-mail: lcodc.tur18@uea.edu.br.
2
Acadêmico de Turismo pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA. E-mail: rv.tur18@uea.edu.br.
3
Acadêmica de Turismo pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA. E-mail: vmf.tur18@uea.edu.br.
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comportamento e estados psicológicos desejáveis (como autonomia, prestígio, sentimento de


realização) no ambiente de trabalho, o indivíduo procurar compensar num contexto de lazer.
Em seguida perguntamos qual a imagem que a mesma tinha da cidade Manaus antes e
se isso mudou depois de conhecê-la, onde obtivemos a seguinte resposta: “A concepção que
se tem da cidade realmente, é que esta por sua vez é pouco desenvolvida. Mais natureza do
que edificações. Sim, mudou. Depois de viver a experiência de estar na região, observa-se um
conjunto de tudo: natureza, prédios e que definitivamente não é uma cidade pacata no meio da
floresta”.
É interessante como era a visão da entrevistada antes de conhecer a cidade de Manaus,
o turismo é de fato construído através do imaginário, pois não viajamos para conhecer os
lugares, mas para confirmar o imaginário que temos dele. Na maioria das vezes o marketing
aplicado nos destinos faz com que os visitantes criem grandes expectativas sobre eles. Outra
característica na reposta da entrevista é das necessidades humanas de Murray, a de cognição
onde o turista procura satisfazer sua curiosidade, explorar, fazer perguntas e expandir seu
conhecimento (ROSS, 2002, p.33).
A terceira pergunta foi em relação aos atrativos turísticos, quais lhe chamaram mais
atenção, visitou e qual gostaria de visitar, a mesma respondeu que foi o Centro Histórico de
Manaus e o Encontro das Águas. Dando ênfase ao fato que os dois atrativos mostram
fortemente a nossa regionalidade, o centro marcado por histórias, forte presença da cultura
amazonense (culinária, artesanato, arquitetura) e o encontro das águas, atrativo natural, belo,
esplêndido e marcante.
Em seguida a pergunta foi relacionada à hospedagem, sobre qual tipo a mesma estava
utilizando e a sua motivação para tal escolha, a entrevistada respondeu que estava utilizando
uma Pousada, pelo custo benefício que o local proporcionou para ela. Segundo Morley (2002,
p. 16), o item preço esta incluindo como uma análise da demanda para a escolha do local de
hospedagem e podendo ser o fato crucial para a decisão final.
Passando para a próxima a quarta pergunta, perguntamos se a mesma realizava suas
viagens de forma autônoma ou se procurava um profissional do turismo, obtivemos a seguinte
resposta: por meio de algum profissional de turismo, pelo mesmo deter maior conhecimento
para escolher um itinerário interessante e que sozinha não daria conta, por não conhecer a
região antes. Pelas características apresentadas na resposta podemos afirmar que a
entrevistada é uma turista de personalidade psicocêntrica, pois apreciam destinos novos,
utilizando serviços turísticos de qualidade com um profissional (PLOG apud ROSS, 2002).
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Em suma, os psicocêntricos optam por viagens organizadas com tudo incluído, com uma
programação de atividades planejada minuciosamente.
Na sexta pergunta pedimos que a entrevistada nos descreve-se qual seria sua viagem
dos sonhos e onde seria esse lugar. J.M.C respondeu que sua viagem dos sonhos seria para
Noruega, pelo fato que ultimamente ela tem se interessado pela cultura Viking4, por conta dos
séries e filmes com esta temática. Seguindo para a sétima pergunta perguntamos se ela
gostava de viajar, porque e quantas vezes faria isso por ano, em resposta a mesma disse que
adora viajar, falando com entusiasmo que: “... é incrível entrar em contato com outra cultura,
outros costumes e, talvez, outro idioma. Acredito que experiências como essa enriquecem o
ser e por sua vez, carrega uma bagagem cultural muito grande”.
Nota-se na repostas das perguntas seis e sete a entrevista procura suprir um dos itens
da hierarquia das necessidades de Maslow, as de amor, onde a mesma procurar sentimento de
fazer novas amizades e fazer parte de algo maior. Outra teoria que se aplica nas respostas, é o
modelo de necessidades de Murray, mas precisamente no campo da cognição, onde a mesma
procura satisfazer a curiosidade, explorar e gerar nos conhecimentos (ROSS, 2002, p.33). A
mesma ainda se refere em conhecer novas culturas, que aprecia novas experiências,
demostrando novamente sua personalidade psicocêntrica.
A entrevistada possui a seguinte variável: as forças internas a ela, como a necessidade
própria, desejo, vontade, interesse e impulso e por isso, pode-se conceituar esta motivação
como sendo um processo que mobiliza o organismo para a ação, a partir de uma relação
estabelecida entre o ambiente, a necessidade e o objeto de satisfação. Com base na hierarquia
de necessidades de Maslow, a turista descreve as características das necessidades de amor,
pois procura contato com outras pessoas, fazer amizades, participar de algo maior, em busca
de sua realização e dessa forma suprir esta necessidade (ROSS, 2002, p. 32).
Na oitava pergunta pedimos que a mesma nos falasse sobre algo que ela não tenha
gostado na cidade e o que mudaria visando uma melhoria para o visitante. A entrevistada nos
informou que às obras de infraestrutura da cidade a incomodou bastante, pois ocorre durante o
dia, o que impossibilita o melhor aproveitamento do roteiro turístico estabelecido. É preciso
potencializar o tempo para explorar mais os atrativos. De acordo com Morley (2002, p.18), o
item infraestrutura é avaliado pelo turista, estradas, eletricidade, comunicações e outros, são

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Os vikings são uma antiga civilização originária da região da Escandinávia, que atualmente se encontra três
países europeus: a Suécia, a Dinamarca e a Noruega. Também conhecidos como nórdicos ou normandos, eles
constituíram uma rica cultura que se desenvolveu devido à atividade agrícola, o artesanato e um abundante
comércio marítimo.
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observados. Há dois elementos básicos e indispensáveis a esse modelo, são: o turista e a


viagem, um pode alterar o outro de acordo com a experiência.
E para finalizar a entrevista perguntamos sobre a hospitalidade que a mesma recebeu
em Manaus, qual seria a sua avaliação e a mesma disse que: “A estadia foi muito boa, o povo
amazonense é receptivo, caloroso, hospitaleiro e que por este motivo pretendo voltar mais
vezes na cidade e trazer sua família”. Os itens elogiados pela turista fazem parte do modelo de
Morley, mas precisamente no item oferta, onde de acordo com o mesmo a estadia,
hospitalidade, recepção e acomodação, visto que dependendo da experiência do turista,
podem afetar os impactos econômicos da atividade (ROSS, 2002, p.19).
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APÊNDICE

ROTEIRO DE ENTREVISTA

DESCRIÇÃO DA ENTREVISTADA

Nome (utilizar somente iniciais): J.M.C

Idade: 25

Sexo: Feminino

Estado Civil: Solteira

Escolaridade: Superior Completo

Profissão: Fonoaudióloga

Religião: Católica

1 Qual foi a sua motivação para conhecer Manaus?


R: A principal motivação foi o contato com a fauna e a flora Amazônica. A
entrevistada sempre ouviu falar da beleza natural da região e da possibilidade de estar em
contato direto com a natureza.

2 Antes de conhecer Manaus, qual era a imagem que você possuía da cidade? Depois de
conhecer a cidade a sua concepção mudou?
R: A concepção que se tem da cidade realmente, é que esta, por sua vez é pouco
desenvolvida. Mais natureza do que edificações. Sim, mudou. Depois de viver a experiência
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de estar na região, observa-se um conjunto de tudo: natureza, prédios e que definitivamente


não é uma cidade pacata no meio da floresta.

3 Quais atrativos turísticos chamam a sua atenção e quais você visitou ou gostaria de
visitar?
R: O Centro Histórico e o encontro das águas. Dois atrativos que mostram a realidade
da região: O centro marcado por histórias, forte presença da cultura amazonense (culinária,
artesanato, arquitetura) e o encontro das aguas, atrativo natural, belo, esplêndido e marcante.

4 Que meio de hospedagem foi utilizado na sua estadia aqui em Manaus? Existe alguma
razão para essa escolha?
R: Pousada. A razão da escolha foi apenas o custo benefício.

5 Quando você viaja, geralmente é de forma autônoma (Passageiro escolhe todo seu
itinerário e ele mesmo monta todo o pacote) ou é por meio de algum profissional do
Turismo (Agência de Viagem ou Agência de Turismo). Comente a sua escolha!
R: Por meio de algum profissional de turismo, pois a entrevistada acredita que este
detém maior conhecimento para escolher um itinerário interessante. A mesma afirmou que
não daria conta sozinha, por não conhecer a região antes.

6 Descreva uma viagem dos sonhos e se você pudesse escolher qualquer lugar do mundo
para ser turista nesse exato momento onde seria?
R: Uma viagem dos sonhos seria para a Noruega. Ultimamente a entrevistada tem se
interessado pela cultura viking, por conta dos seriados etc.

7 Você gosta de viajar? Por quê? E quantas vezes você costuma viajar ao ano?
R: Ela adora viajar! Porque é incrível entrar em contato com outra cultura, outros
costumes e, talvez, outro idioma. Acredita que experiências como essa enriquecem o ser e por
sua vez, carrega uma bagagem cultural muito grande. A entrevistada viaja pelo menos duas
vezes ao ano.

8 Mudaria algo na cidade ou está sentiu falta de algo que a cidade não possui?
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R: Algo que incomodou bastante a entrevistada, foram às obras de infraestrutura da


cidade, estas acontecem durante o dia, o que impossibilita o melhor aproveitamento do roteiro
turístico estabelecido. É preciso otimizar o tempo para explorar mais os atrativos.

9 Como foi sua estadia em Manaus?


R: A estadia foi muito boa para a turista, às afirmações dela são que o povo
amazonense é receptivo, caloroso, hospitaleiro e que por este motivo pretende voltar mais
vezes na cidade e trazer sua família.
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REFERÊNCIAS

ROSS, Glenn F. Psicologia do Turismo. Editora: Contexto. 2002. 176 pg.

SO HISTÓRIA. Disponível em: https://www.sohistoria.com.br/ef2/vikings/. Acesso em 11


Dez 2019.

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