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2 Oscilações – parte 2

Gabriel Gouvêa Slade


Introdução
No capítulo anterior, demos início aos nossos estudos sobre oscilações através de um
sistema massa-mola e discutimos sobre o movimento harmônico simples (MHS).
Entretanto, existem outros sistemas que também possuem as mesmas características
de um MHS? A resposta é sim e dentre estes sistemas podemos destacar o pêndulo
simples e o pêndulo físico.

Outro tópico importante quando tratamos de oscilações diz respeito as oscilações


amortecidas, sistemas nos quais atuam forças de resistência e apresentam
comportamento próximo ao de sistemas reais.

Assim, durante esse capítulo iremos inicialmente descrever o movimento de um pêndulo


simples e um pêndulo físico, destacando as características do movimento harmônico
simples. Na sequência, discutiresmo para um sistema massa-mola as oscilações do tipo
amortecida e forçada. Por fim, analisaremos o fenômeno da ressonância.

Objetivos
Ao final do estudo deste capítulo, espera-se que o aluno seja capaz de:

• Descrever o movimento de um pêndulo simples e de um pêndulo físico;


• Discutir sobre oscilações amortecidas e forçadas;
• Analisar o fenômeno da ressonância;

Esquema
2.1 O pêndulo simples
2.2 O pêndulo físico
2.3 Oscilações amortecidas
2.3.1 Movimento subamortecido
2.3.1 Movimento criticamente amortecido
2.3.3 Movimento sobreamortecido
2.3.4 Energia para oscilções amortecidas
2.4 Oscilações forçadas

2.1 O pêndulo simples


O pêndulo simples é um sistema ideal formado por um fio inextensível de comprimento
L e massa desprezível, que possui uma extremidade fixa e na outra extremidade uma
partícula puntiforme de massa m (Figura 1). Esse tipo de sistema, ao sofrer um
deslocamento lateral, retorna a sua posição de equilíbrio e pode representar diversas
situações que acontecem em nosso dia a dia: uma criança brincando em um balanço,
um relógio cuco ou o movimento de um sino, por exemplo. (YOUNG; FREEDMAN, 2009,
p.49)
Figura 1: Representação de um pêndulo simples.
Fonte: Elaborada pelo autor.

Para descrever o movimento descrito por um pêndulo simples, vamos deslocar a


partícula de sua posição de equilíbrio (𝜃 = 0) e colocar as forças que atuam sobre ela
(Figura 1). Note que podemos decompor a força peso P que atua sobre a partícula em
duas componente: Px e Py. A componente Py possui a mesma direção e sentido contrário
da força de tração T, de modo que aplicando a segunda lei de Newton temos que

𝑃𝑦 = 𝑇

Assim, a componente Px da força peso é responsável pelo movimento da partícula.


Aplicando novamente a segunda lei de Newton, temos

𝐹 = 𝑚𝑎 = −𝑃𝑥

𝑚𝑎 = −𝑚𝑔 sen 𝜃

𝑎 = −𝑔 sen 𝜃

Note que a aceleração da partícula depende de sen 𝜃, fato que traz não linearidade ao
seu movimento. Entretanto, podemos fazer uma aproximação do movimento para
ângulos pequenos, de modo que sen 𝜃 ≅ 𝜃 e, portanto,

𝑎 = −𝑔 sen 𝜃 ≅ −𝑔𝜃

Sendo 𝑥 = 𝐿. 𝜃, podemos escrever a aceleração de um pêndulo simples como


𝑔
𝑎 = − . 𝑥 = −𝜔0 2 . 𝑥
𝐿

𝑔
onde 𝜔0 = √ . A expressão encontrada é semelhante a de um sistema massa-mola e a
𝐿
aceleração é proporcional e oposta ao deslocamento. Desse modo, temos que o
pêndulo simples para pequenas oscilações se comporta por meio de um movimento
harmônico simples.

A frequência e o período de oscilação para o movimento de um pêndulo simples nessas


condições são encontrados pelas expressões
𝜔0 1 𝑔
𝑓= = √
2𝜋 2𝜋 𝐿
1 𝐿
𝑇= = 2𝜋√
𝑓 𝑔

Observe ainda, que a frequência e o período independem da amplitude de movimento


(para aproximação de pequenas amplitudes), característica também encontrada para o
sistema massa mola e própria do movimento harmônico simples (TIPLER; MOSCA,
2009, p. 478). Essa caracterítica pode ainda ser utilizada para determinar o valor da
gravidade em locais como o subsolo da Terra, que sofre variações devido a diversidade
das formações rochosas que existem (HEWITT, 2015, p. 358).

Para situações onde não podemos aproximar sen 𝜃 ≅ 𝜃, a frequência e o período de


oscilção de um pêndulo simples passam a depender da amplitude de movimento e o
sistema deixa de apresentar um movimento harmônico simples. Nesses casos, através
de expansão em série podemos mostrar que o período é dado por (YOUNG;
FREEDMAN, 2009, p.50)

𝐿 1 𝜃 1 3 2 𝜃
𝑇 = 2𝜋√ (1 + 2 sen ( ) + 2 ( ) sen4 ( ) + ⋯ )
2
𝑔 2 2 2 4 2

Agora é a sua vez!

Atividade 1

Uma turma do curso de física foi ao laboratório realizar um experimento sobre


oscilções. Para isso utilizaram um pêndulo simples e encontraram para movimentos
de pequenas oscilações que o período de oscilação era por volta de 1,2s.
Considerando que o compimento do fio utilizado possuia 35cm, determine a
aceleração da gravidade encontrada pelos alunos.

2.2 O pêndulo físico


Diferentemente de um pêndulo simples, o pêndulo físico representa um pêndulo real e
constitui um único corpo com volume finito que oscila em torno de um ponto sobre um
eixo de referência (TIPLER; MOSCA, 2009, p. 480).
Figura 2: Representação de um pêndulo físico.
Fonte: Elaborada pelo autor.

Para que um corpo rígido rotacione é necessário que o torque resultante seja diferente
de zero. Na figura 2 temos representado um pêndulo físico e as forças que atuam sobre
ele. Note que ao ser deslocado da sua posição de equilíbrio a componente Px da força
peso P é responsável por fazê-lo retornar a sua posição de equilíbrio. Assim, pela
segunda lei de Newton para a rotação temos

𝜏 = 𝐼𝛼 = −𝑃𝑥 . 𝑑

onde 𝐼 é o momento de inércia do corpo rígido que representa o pêndulo físico e 𝑑 é a


distância do centro de massa desse corpo até o eixo de rotação. A partir da equação
acima podemos determinar a aceleração angular 𝛼 do sistema,

𝐼𝛼 = −𝑚𝑔𝑑 sen 𝜃

𝑑2 𝜃 𝑚𝑔𝑑
𝛼= 2 =− sen 𝜃
𝑑𝑡 𝐼

Novamente, encontramso que a aceleração (nesse caso angular) do sistema depende


de sen 𝜃, fato que traz não linearidade ao seu movimento. Entretanto, podemos fazer
uma aproximação do movimento para ângulos pequenos, de modo que sen 𝜃 ≅ 𝜃 e,
portanto,

𝑑2 𝜃 𝑚𝑔𝑑 𝑚𝑔𝑑
= − sen 𝜃 = − .𝜃
𝑑𝑡 2 𝐼 𝐼

𝑑2 𝜃
= −𝜔0 2 . 𝜃
𝑑𝑡 2

𝑚𝑔𝑑
onde 𝜔0 = √ 𝐼
. Observe que novamente temos uma equação semelhante ao de um
sistema massa-mola, onde a aceleração é proporcional e oposta ao deslocamento
(nesse caso estamos tratando de quantidades angulares). Desse modo, para pequenos
ângulos o pêdulo físico também apresenta movimento harmônico simples.

A frequência e o período de oscilação para esse sistema são expressos pelas equações
𝜔0 1 𝑚𝑔𝑑
𝑓= = √
2𝜋 2𝜋 𝐼

1 𝐼
𝑇= = 2𝜋√
𝑓 𝑚𝑔𝑑

e novamente, temos que essas grandezas independem da amplitude de movimento. A


determinação dessas quantidades são importantes experimentalmente, uma vez que
permitem, por exemplo, determinar o momento de inércia de um corpo (YOUNG;
FREEDMAN, 2009, p.51).

Agora é a sua vez!

Atividade 2

Um pêndulo físico com massa 𝑚 = 0,2kg oscila com frequência de 0.4Hz.


Considere 𝑔 = 9,8m/s2 e determine a relação entre a distância 𝑑 entre o eixo de
rotação e o centro de massa do pêndulo físico e o seu momento de inércia 𝐼.

2.3 Oscilações amortecidas


Até aqui, sempre quando descrevemos os movimentos oscilatórios, desprezamos as
forças dissipativas. Para essas situações a energia do sistema era conservada e o
sistema oscila indefinidamente. Entretanto, em sistemas reias temos a ação de forças
de atrito ou resistência que atuam de moda a fazer o sistema parar de oscilar. Assim,
iremos ao longo dessa seção estudar as oscilações amortecidas.

Considere um sistema massa-mola que sofra a ação de uma força de resistência que
seja proporcional a velocidade, 𝐹𝑟𝑒𝑠 = −𝑏𝑣. Observe na figura 3 que a força de
resistência é sempre oposta a velocidade. Assim, para a situação descrita na figura 3 e
aplicando a segunda lei de Newton, temos que

𝐹𝑅 = 𝑚𝑎

𝐹𝑒𝑙 − 𝐹𝑟𝑒𝑠 = 𝑚𝑎

−𝑘𝑥 − 𝑏𝑣 = 𝑚𝑎

𝑑𝑥 𝑑2 𝑥
−𝑘𝑥 − 𝑏 =𝑚 2
𝑑𝑡 𝑑𝑡

𝑑2 𝑥 𝑑𝑥
𝑚 2
+𝑏 + 𝑘𝑥 = 0
𝑑𝑡 𝑑𝑡

𝑥̈ + 2𝛽𝑥̇ + 𝜔0 2 𝑥 = 0
𝑏 𝑘
onde 𝛽 = 2𝑚 é chamado de parâmetro de amortecimento e 𝜔0 = √𝑚.

Figura 3: Representação do movimento descrito por um sistema massa-mola sob a influência de uma força
dissipativa
Fonte: Elaborada pelo autor.

Para resolvermos essa equação diferencial linear e homogênea de segunda ordem,


devemos recorrer a uma equação chamada de equação característica, que é expressa
como

𝑟 2 + 2𝛽𝑟 + 𝜔0 2 = 0

Observe que a equação característica transformou uma equação diferencial de segunda


ordem em uma equação algébrica de segunda ordem, que possui simples resolução
(fórmula de Bhaskara). As raízes da equação característica são

𝑟1 = −𝛽 + √𝛽 2 − 𝜔0 2

𝑟2 = −𝛽 − √𝛽 2 − 𝜔0 2

Uma vez obtida as raízes da equação característica, podemos escrever a solução geral
da equação diferencial de segunda ordem como

𝑥(𝑡) = 𝐴1 𝑒 𝑟1 𝑡 + 𝐴2 𝑒 𝑟2 𝑡

Assim, para o sistema estudado teremos que a solução geral será dada por

2 −𝜔 2 )𝑡 2 −𝜔 2 )𝑡
𝑥(𝑡) = 𝐴1 𝑒 (−𝛽+√𝛽 0 + 𝐴2 𝑒 (−𝛽−√𝛽 0

2 −𝜔 2 𝑡 2 −𝜔 2 𝑡
𝑥(𝑡) = 𝑒 −𝛽𝑡 (𝐴1 𝑒 √𝛽 0 + 𝐴2 𝑒 −√𝛽 0 )

Basicamente, quando estudamos oscilações amortecidas temos três casos distintos:

1) Subamortecimento: 𝜔0 2 > 𝛽 2

2) Amortecimento crítico: 𝜔0 2 = 𝛽 2

3) Sobreamortecimento: 𝜔0 2 < 𝛽 2

e trataremos de cada caso individualmente a seguir.


2.3.1 Movimento subamortecido

Convém definirmos para o caso do movimento subamortecido uma frequência angular


𝜔1 , conhecida como frequência angular do oscilador amortecido e expressa por

𝜔1 2 = 𝜔0 2 − 𝛽 2

Para esse caso, temos que 𝜔0 2 > 𝛽 2 e, portanto, 𝜔1 2 > 0. Como a solução geral
encontrada nessa seção possui o termo √𝛽 2 − 𝜔0 2, no caso subamortecido teremos o
aparecimento de termos imaginários 𝑖. Assim, a solução geral para o caso
subamortecido pode ser escrita como

𝑥(𝑡) = 𝑒 −𝛽𝑡 (𝐴1 𝑒 𝑖𝜔1 𝑡 + 𝐴2 𝑒 −𝑖𝜔1 𝑡 )

Pela fórmula de Euler, temos que 2cos(𝑥) = 𝑒 𝑖𝑥 + 𝑒 −𝑖𝑥 e podemos reescrever a solução
geral do movimento como

𝑥(𝑡) = 𝐴𝑒 −𝛽𝑡 cos⁡(𝜔1 𝑡 − 𝛿)

onde as constantes do movimento obtidas pelas condições iniciais do problema são a


amplitude inicial A e a diferença de fase . Observe que a solução obtida é composta
pelo produto de dois termos: 𝐴𝑒 −𝛽𝑡 e cos(𝜔1 𝑡 − 𝛿). O primeiro deles é responsável por
modular a amplitude de movimento, fazendo que que ela decaia exponencialmente com
o tempo, algo esperado pois o sistema perde energia ao longo do tempo devido a força
de atrito. Já o segundo está relacionado com o movimento oscilatório da partícula. Na
figura 4, podemos observar o comportamento desse tipo de movimento em comparação
com o movimento de um oscilador harmônico simples.

Figura 4: Gráfico da posição em função do tempo do movimento subamortecido.


Fonte: Elaborada pelo autor.

2.3.2 Movimento criticamente amortecido

O movimento criticamente amortecimento ocorre quando 𝜔0 2 = 𝛽 2 . Nesse caso, as


raízes da equação característica são iguais e nesse caso a solução geral é escrita da
forma

𝑥(𝑡) = (𝐴 + 𝐵𝑡)𝑒 −𝛽𝑡

Observe que essa solução não apresenta uma função periódica do tipo seno ou
cosseno. Assim, o movimento criticamente amortecido não apresenta comportamento
oscilatório e decai monotonicamente até a posição de equilíbrio. Este tipo de
amortecimento ocorre em sistemas como ponteiros de medidores e molas pneumáticas
ou hidráulicas de portas.

Figura 5: Gráfico da posição em função do tempo do movimento criticamente amortecido.


Fonte: Elaborada pelo autor.

Agora é a sua vez!

Atividade 3

A frequência angular natural 𝜔0 de um sistema é 15rad/s e sua massa é de 0,25kg.


Considere uma situação com amortecimento onde o sistema retorna o mais
rapidamente a sua posição de equilíbrio. Determine a constante 𝑏 da força de
resistência aplicada sobre o sistema.

2.3.3 Movimento sobreamortecido

Por fim, no movimento sobreamortecido temos que o parâmetro de amortecimento é


maior que a frequência natural de oscilação (𝛽 2 > 𝜔0 2 ). Neste caso, não temos termos
imaginários e a solução é formada apenas por termos que decaem exponencialmente
com o tempo. Podemos então escrever a solução geral deste movimento através da
equação

𝑥(𝑡) = 𝑒 −𝛽𝑡 (𝐴1 𝑒 𝜔2 𝑡 + 𝐴2 𝑒 −𝜔2 𝑡 )

onde 𝜔2 2 = 𝛽 2 − 𝜔0 2. Note que nesse caso o termo 𝜔2 não está relacionado com uma
frequência, pois na solução não temos funções periódicas. Assim como no caso do
movimento criticamente amortecido, o oscilador não apresentará um movimento
oscilatório e o sistema irá lentamente retornar à posição de equilíbrio. Observe na figura
6 o movimento do oscilador em função do tempo para o caso sobreamortecido.
Figura 6: Gráfico da posição em função do tempo do movimento sobreamortecido.
Fonte: Elaborada pelo autor.

2.3.4 Energia para oscilações amortecidas


Devido a presença das forças dissipativas, a energia para oscilações amortecidas não
é conservada ao longo do tempo. Podemos então deduzir uma expressão que
representa essa variação de energia em função do tempo (YOUNG; FREEDMAN, 2009,
p.54). A energia total inicial 𝐸 para um sistema massa mola é expressa por

1 1
𝐸 = 𝑚𝑣 2 + 𝑘𝑥 2
2 2

Ao derivarmos a expressão acima em relação ao tempo, temos que

𝑑𝐸 𝑑𝑣 𝑑𝑥
= 𝑚𝑣 + 𝑘𝑥
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑑𝐸
= 𝑣(𝑚𝑎 + 𝑘𝑥)
𝑑𝑡
𝑑𝐸
= −𝑏𝑣 2
𝑑𝑡

Assim, a taxa com que a energia diminui em relação ao tempo é proporcional ao


quadrado da velocidade do sistema.

Agora é a sua vez!

Atividade 4

Um oscilador amortecido de constante constante elástica 𝑘 oscila incialmente com


amplitude máxima de oscilação 𝐴. Após 4 oscilações completas a nova amplitude
é 1/4 da amplitude incial. Calcule a porcentagem de energia perdida depois das 4
oscilações completas.

2.4 Oscilações forçadas


Por fim, vamos considerar o caso de oscilações que além de sofrerem a ação de forças
dissipativas, sofrem a ação de uma força externa. Vamos considerar aqui a ação de
uma força que varia cossenoidalmente em função do tempo. Assim, podemos escrever
a equação de movimento para esse sistema como

𝑚𝑥̈ + 𝑏𝑥̇ + 𝑘𝑥 = 𝐹0 cos(𝜔𝑡)

𝑥̈ + 2𝛽𝑥̇ + 𝜔0 2 𝑥 = 𝐴cos⁡(𝜔𝑡)

𝑏 𝑘 𝐹
onde 𝛽 = 2𝑚 , 𝜔0 = √𝑚 e 𝐴 = 𝑚0

Esse tipo de sistema apresenta dois comportamentos: o primeiro representa


movimentos transitórios do sistema que serão extintos devido ao amortecimento
causado pela força de atrito. Já o segundo é denominado estado estacionário e
descreverá o movimento do sistema após determinado tempo, dominado pela ação da
força externa.

A partir do estado estacionário pode-se demostrar que a amplitude máxima de


movimento é dada por:

𝐴
𝐴𝑚á𝑥 =
√(𝜔0 − 𝜔 2 )2 + 4𝜔 2 𝛽2
2

Note pela expressão acima que quando a frequência de vibração da força aplicada
coincide com a frequência natural do sistema, a amplitude de movimento de torna
máxima. Na figura 7 podemos observar através do gráfico de 𝐴𝑚á𝑥 em função de 𝜔/𝜔0
o pico de amplitude que ocorre quando existe essa coincidência entre as frequências.
Associamos esse pico de amplitude ao fenômeno da ressonância. Quando ocorre em
sistemas mecânicos as altas amplitudes de movimento devido a esse fenômeno pode
gerar destruição. Esse é o caso de uma ponte que foi destruída devido a marcha de
uma tropa de soltados. A frequência com que eles marchavam coincidiu com a
frequência natural da ponte (YOUNG; FREEDMAN, 2009, p.56).

Figura 7: Gráfico da amplitude do movimento de um sistema que sofre a ação de uma força oscilatória em
função da frequência 𝜔.
Fonte: Adaptado de Ressonância (2013)
Agora é a sua vez!

Atividade 5

Pesquise sobre o fenômeno da ressonância e escreva, em ao menos um parágrafo,


um experimento simples que possa ser realizado dentro de sala de aula para
verificação desse fenômeno.

2.5 Conclusão

Diversos sistemas ao nosso redor podem ser associados ao movimento de pêndulos.


Tal fato torna importante compreender os aspectos relacionados a esse tipo de
movimento. Além disso, importante frisar que sistemas reais apresentam a ação de
forças dissipativas, o que evidencia a necessidade de estudar as oscilações
amortecidas e forçadas.

Resumo
Neste capítulo continuamos nossos estudos sobre oscilações. Discutimos os aspectos
relacionados ao movimento do pêndulo simples e do pêndulo físico. Além disso,
descrevemos o comportamento apresentado por oscilações amortecidas e forçadas.
Por fim, analisamos o fenômeno da ressonância. Dentre os tópicos discutidos, podemos
destacar os seguintes pontos:

• Pêndulo simples:

𝜔0 1 𝑔
𝑓= = √
2𝜋 2𝜋 𝐿

1 𝐿
𝑇= = 2𝜋√
𝑓 𝑔

• Pêndulo físico:

𝜔0 1 𝑚𝑔𝑑
𝑓= = √
2𝜋 2𝜋 𝐼

1 𝐼
𝑇= = 2𝜋√
𝑓 𝑚𝑔𝑑

• Oscilações amortecidas:

2 −𝜔 2 𝑡 2 −𝜔 2 𝑡
𝑥(𝑡) = 𝑒 −𝛽𝑡 (𝐴1 𝑒 √𝛽 0 + 𝐴2 𝑒 −√𝛽 0 )
• Tipos de amortecimento:

- Subamortecimento: 𝜔0 2 > 𝛽 2

- Amortecimento crítico: 𝜔0 2 = 𝛽 2

- Sobreamortecimento: 𝜔0 2 < 𝛽 2

• Movimento subamortecido:

𝑥(𝑡) = 𝐴𝑒 −𝛽𝑡 cos⁡(𝜔1 𝑡 − 𝛿)

𝜔1 2 = 𝜔0 2 − 𝛽 2

• Movimento criticamente amortecido:

𝑥(𝑡) = (𝐴 + 𝐵𝑡)𝑒 −𝛽𝑡

• Movimento sobreamortecido:

𝑥(𝑡) = 𝑒 −𝛽𝑡 (𝐴1 𝑒 𝜔2 𝑡 + 𝐴2 𝑒 −𝜔2 𝑡 )

𝜔2 2 = 𝛽 2 − 𝜔0 2

• Oscilações forçada:

𝑥̈ + 2𝛽𝑥̇ + 𝜔0 2 𝑥 = 𝐴cos⁡(𝜔𝑡)

𝑏 𝑘 𝐹
onde 𝛽 = 2𝑚 , 𝜔0 = √𝑚 e 𝐴 = 𝑚0

𝐴
𝐴𝑚á𝑥 =
√(𝜔0 − 𝜔 2 )2 + 4𝜔 2 𝛽2
2

• Ressonância: fenômeno que aumenta a amplitude do movimento de oscilação


de um sistema e ocorre quando a frequência da força que atua sobre ele é igual
a sua frequência natural de oscilação.

Referencial de respostas
Atividade 1

Para determinar a aceleração da gravidade encontrada pela turma de alunos devemos


utilizar a expressão para o período de um pêndulo simples e substituir os valores
fornecidos pelo enunciado 𝑇 = 1,2s e 𝐿 = 35cm = 0,35m. Assim,

𝐿
𝑇 = 2𝜋√
𝑔
0,35
1,2 = 2𝜋√
𝑔

1,2 2 0,35
( ) =
2𝜋 𝑔

𝑔 = 9,59m/s2

Atividade 2

Pelos dados fornecidos temos que 𝑓 = 0,4Hz, 𝑚 = 0,2kg e 𝑔 = 9,8m/s 2. Assim,

1 𝑚𝑔𝑑
𝑓= √
2𝜋 𝐼

𝑚𝑔𝑑
= (2𝜋𝑓)2
𝐼

𝑑 (2𝜋𝑓)2
=
𝐼 𝑚𝑔

𝑑 (2𝜋. 0,4)2
= = 3,22(kg. m)−1
𝐼 0,2.9,8

Atividade 3

O sistema retorna mais rapidamente a sua posição de equilíbrio na situação de


amortecimento crítico. Nesse caso, temos que

𝛽 2 = 𝜔0 2

𝑏
𝛽= = 𝜔0
2𝑚

𝑏 = 2𝑚𝜔0 = 2.0,25.15 = 7,5kg/s

Atividade 4

Energia inicial do sistema é

1
𝐸 = 𝑘𝐴2
2

Depois de 4 oscilações completas a nova amplitude é 𝐴/4 e, portanto, a energia será

1 𝐴 2 1 𝐴2 𝐸
𝐸´ = 𝑘 ( ) = 𝑘 =
2 4 2 16 16
𝐸 15
A energia perdida nesse caso será ∆𝐸 = 𝐸 − 𝐸´ = 𝐸 − 16 = 16 𝐸 = 0,9375𝐸. Portanto a
porcentagem da energia perdida foi 93,75%.

Atividade 5

Nessa atividade o aluno deve pesquisar sobre uma forma simples de demonstrar o
fenômeno da ressonância dentro de sala de aula. Um exemplo pode ser encontrado na
referência HEWITT, 2015, página 383, onde através de um par de diapasões torna-se
possível demonstrar tal fenômeno.

Referências
HEWITT, Paul G. Física Conceitual, 12. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.

NUSSENZVEIG, H. M. Curso de Física Básica: fluidos, oscilações e ondas, calor, 4.


ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2002.

RESSONÂNCIA. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Wikimedia, 2020. Disponível em:


<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Resson%C3%A2ncia.png>.
Acesso 20 jul 2020.

TIPLER, Paul A; MOSCA, Gene. Física para cientistas e engenheiros: Mecânica,


Oscilações e Ondas, Termodinâmica, v. 1, 6ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.

YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A. Sears & Zemansky Física II: Termodinâmica
e Ondas, 12ª ed. São Paulo: Addison Wesley, 2009.

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