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16-08-2011 às 22:08
Em 1830, Almeida Garrett publicava em Londres uma das suas emblemáticas obras de teor político, intitulada “Portugal na Balança da Europa – Do que tem sido e do que ora lhe convém ser na nova
ordem de coisas do mundo civilizado”. Dedicando-a à Nação Portuguesa, Almeida Garrett principiou a sua obra afirmando que “É sem duvida a servidão o mais insuportável dos males e o mais abomináve
dos flagícios: como nascidos que somos para a liberdade, nossa própria natureza a ela repugna; a existência se nos torna indiferente, e a morte que a termina lhe deve ser preferível”.
Chegamos ao actual estado de coisas com a nossa liberdade cada vez mais reduzida, obrigados à submissão para que nos seja possível sobreviver, sem alternativa a uma das mais permanentes
características da nossa política externa que é a gestão de dependências, e regressados ao centro de um complexo tabuleiro geopolítico como há décadas não acontecia. Inevitavelmente, surge no
horizonte a interrogação sobre a nossa viabilidade financeira enquanto estado soberano, agora que voltamos a ser bons alunos e até vamos merecendo nota positiva da troika FMI/BCE/CE, enquanto a
União Europeia vai navegando à vista nesta crise das dívidas soberanas, que arrisca fragmentar ou aprofundar o processo de integração europeia, em relação à qual também as palavras de Garrett
continuam actuais: “Somos chegados a uma crise da Europa, de todo o mundo civilizado; uma crise que há tantos anos se prepara, que tantos sintomas anunciavam próxima; cujos resultados desfarão
todos os falsos e forçados antigos equilíbrios políticos, e os estabelecerão novos e regulares”.
Mas, apesar dos contornos indefinidos quanto ao desfecho desta crise, ainda para mais agora que também Itália e França parecem estar à beira de sofrer cortes no rating das respectivas dívidas
públicas e, consequentemente, ver aumentar os juros cobrados para que se possam financiar nos mercados, o que realmente nos deve preocupar é que a viabilidade futura de Portugal depende, em
primeiro lugar, da nossa esfera política interna. O estado português carece de uma verdadeira reforma estrutural que diminua abruptamente o peso deste na economia, o que passa por extinguir milhares
de organismos, institutos, fundações e privatizar ou também fechar muitas das empresas do sector empresarial estatal. O Orçamento Geral do Estado para 2012 será a prova de fogo do actual governo
PSD-CDS, nesta matéria. Só isto permitirá libertar recursos e diminuir impostos, assim criando um ambiente de maior competitividade e de incentivo à iniciativa privada, o qual estamos condenados a
gerar se queremos que Portugal se mantenha enquanto estado soberano durante as próximas décadas. Se não conseguirmos gerar este ambiente, as empresas não produzirão, não gerarão riqueza,
poupança e investimento suficiente para nos permitir liquidar sustentadamente as dívidas que temos.
Contudo, na balança europeia e mundial, também a nossa política externa tem um papel essencial a desempenhar no processo de recuperação da nossa liberdade. Tendo sido completamente reorientada
com o advento da III República, poderá ter chegado a hora de a reorientarmos novamente. O vector europeísta da nossa política externa está cada vez mais esgotado, e esta, que sempre serviu para
que procurássemos no exterior recursos para nos desenvolvermos internamente, precisa de se virar para onde estes existem e onde, ainda por cima, os seus detentores nos são histórica e culturalmente
próximos. Sinais neste sentido têm aparecido nos últimos anos, com a valorização da cooperação com o Brasil e países da CPLP. Mas estas relações têm que ser reforçadas e têm que se concretizar e
reflectir materialmente, indo muito para além da retórica, por mais difícil que seja a reafectação de recursos internos no prosseguimento da nossa política externa. O Atlântico sempre foi o principal vector
desta, até 1974. Talvez esteja na altura de recuperar esta orientação, para que, como escreveu Fernando Pessoa, possamos cumprir Portugal.
Não será fácil, mas se há algo verdadeiramente constante na nossa História são as permanentes crises económicas, sociais e políticas em frente das quais nos soubemos reinventar. Cabe-nos,
reportando-me novamente às palavras de Garrett, “não nos iludir com aparências, não nos cegar com facilidades. Temos estorvos grandes que remover, obstáculos imensos que superar, grandes e
perplexas e quase inextricáveis dificuldades que deslindar e desembaraçar. (…) Venceremos, mas não sem trabalho. Havemos de triunfar, mas não sem sacrifício”.
Do mesmo autor
Contra o processo de apagamento da identidade portuguesa em curso
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. NA ll.\ J.A:'\C.\
••
DA EUROPA;
:DO Q\IE TEX 11 DO
'E "lfl1 qur tft'll lttt carcbtm itt" na nabK tft"'lftm "lfr
cahhu• lta nlunlJa cibílitalJa.
LONDRES:
S. W. SUSTI~l'\ANCE,
1621 PICC ADILLY.
1830.
I
A NACÃO POitTU<iUEZA,
• Uf.)IO•TR. I'HILII'I'. A.
VIII
•J~I:RRF.IRA,
INTBODUOÇJÃO.
SECÇÃ O PRIMEI R A.
I.
IL
O que era l'ortugal 11:1 balança da Europa.
IV.
CriM actual 1: í.'liUwos que a produziram.
v.
FAhulo do IUundo yc:Jho uo dcscuLrir-3e a Amcrica.
VI.
Dcscub<-rta dl\ America.
VII.
ln6uencia da di!Scubcrta da ,\mcricn o~ d~tinos da Ecropa.
VIII.
O despotismo triümpha 011 Europa e vai prrstguir na Americ:a
a liberdade (oraglda.
•
sivo. Isso fizeram, e isso os sustentou algum
tempo.
IX.
A lib,•rdado renge ru Amcrlça contra o despol~IDO Europeu.
X.
lnfiucnda da religiiu na CUU>II da hullllluidadt'.
"
26 PORTUGAL
XI.
Systc-ma da liberdadt' an•eric:ana,
XII.
EJrcitos da re•oluçlo americana no mundo •-dbo. Rnol~ão
fmDCcza ; auaa cunK"qÜenciou gerae~.
NA BA LA.CjA DA KU ROPA. f9
XIII.
BOitlpnrte.-J.:mprararntnlo da liberdade.
XIV.
Opposiçlo ingka. l'itt.
XV.
c...nquistas de Bunapart~. Se-ul ~ffdtos mora~s.
)
POH1'UG A L
XVII.
l ugrntidúo dos rri' pam c:om "'' pv.,,
XVIIL
XIX.
Bntdl.
XX.
Descu~rta e coluai.;aaç'ão do Bruil.
XXI.
Eirado do Bnuil no priadplo do ttelllo decimo aoao.
xxn.
O Ilrnzil metropol~.
XXIII.
Revolução do Brazil.
XX IV.
Euru1m.- Hcwlução lle 18\:0.
XX\T.
Naturera da re\'Oiuçio de 1Bll0-lleapanlta
XXVI.
Revolução dr l'õrtugal, ltalia, G rt"CÍa.
xxvn.
Erro l"Dpi111l do •Jalcma politico .r... JO!!!J.
" detcr-
c não no d'cllc: não cliscutc ncm.rropôe,
mida e ordena. ~Ias quando a revolução se faz
pelo povo e em seu nome, forço1lo é que o povo
entre c disponha n'ella; que a mf.l.china social se
disloquc; 3!1 in,tituic;ücs ,·elha" se destruam todas
de uma rle:, e que em terreno limpo e desemba-
raçado se cdiliquent de no,·o novos edificios.(55)
Ora ac; revoluções de 1820 não so foram qua.si
puranwnle tuilitarcs uo H'U comêço c rompimen-
to, mas até militares se conscnaram sempre, (fallo
de Hcspanha c Portugal onde progrediram) po~.,
que o gov~rno t.'Striba\'a principalmente no exér-
cito, c, t·specialmcntc cm Portugal, jamaiJ; con-
sentiu que o povo tomasse a mínima parte na de-
fcza pública; c so nos ultirnos paroxism05 do sys-
tema consentiu na in~tituição ~alutar das guardas
nacionaes. D'ahi, militarmente proclamada, mi-
lítarmcnte gustentada, c militarmente destruida
foi a causa do po\·o, !~em ao povo ser permittida
sua propria dcfezn.
Uma de dua:.: ou o systema era <k>tnocratico c
democratil·amcntc se dc,·io pstal.Jclcc('r; c então foi
t-A 8,\ L ,\1-hjA DJ. KC ROPA. 71
XXVIII.
Contrarc,·oluçiio de 1823
XXIX.
Etreito! da contmrevoluçlio na Europa.
XXX.
J:lfcitos lla coutrarcwluçát~ ua An1crica.
XXXI.
E1Ttilot d11 coutral'cvoluçilo no Bra.til.
I.
Estado de mundo civilizado no JeGUilt1o quort~l do toeculo XIX.
v.
Cooledençlo GenMDin.
\'1.
VII.
l>inumarca,
VIU.
Succia.
IX.
Russia.
X.
,\ uslria.
XL
Jralüs.
. xu.
Grccia.
XIII.
He!pauhn.
XIV.
POTtupd.
XV.
A~rlca do Norte.
XVII.
Braail.
XVIII.
lladan~a npentioa no ntado do mando ciwUiado.-Mortf' de
Alcxaodre e Juio \ ' I.
XIX.
Revolução na Rauia.
xx.
Natureza da rtvoluçiio ruua.
•
lU I'OllTót.At.
X li.
Guerra df' Turquia.
XXII.
Diuoluçiiu da boaricre.l\lliança.
XXIII.
Eft'citos d'~sta dissoluçãu,
I.
Jmporlaneia de- Ponagal n'~la ~pocha, e II'IUIICendencla das
quetl ~C'I que at.i 1e llgituana.
II.
D. João VI prometlc uma Carta, e quebra n paluvra renf.
III.
Comeqüencill5 d'&ta falta de fo:.
IV.
Re,·oloçúo de SO de Abril.
v.
D . .ilfisucl banido de l'ortugal.-~a:,pcullc st- a rt•uh:~lio.
VI.
D. Julio \'I c:on_raç do com ~t r.U.o J) •.Pcdso.
VIl.
Accn.lo 11~ D. Pedro tV • coroe de Pompl.
VUL
~da Cuta par D. P..ro IV.
l !{.
Traiçlo do b'Ovémo de l.hboa.- Jura-se a Cana.
X.
XL
Conjurn\·úo du olig1n·chiu curopea contra a Carta purtugurn.
XH.
XIII.
XIV.
lllodtrnc;ão do polli<lo comtilucionnl.
XV.
Cumruoç6ca populure~ t'ICÍtadas r~la pcrfidia c tMiçãu de
go,êmo.
XVI.
Hegtncia de D. l\ligud.
XVII.
D. Miguel jurtl a Cbrlo, começa a rrgcr, e u promorcr a
rebdlião.
XV UI.
rroll'CÇÜO iuglcu,
'
lô4 J'OltTUGi\1,
XIX.
.
cumstâncias antecedentes induziam a crê-lo,-
tomou-se-isto por uma farça que estava concerta-
,Jo representar para salvar as nppareucias, e não
oO'cndcr tam manifestamente a moral pública da
Europa.
No cmtanto as (lcstitu'i~õcs continuavam, ns
crueldades c perseguições de toda a especie pro-
grediam; e apezar do terror que prevalecia ge-
ralmente, era tal e tam manifesta a indignação e
orlio público contra ttl govêrno c tal priucipe,quc
por totla a parte e a todo o momento se esperava
que arrebentasse uma re:tcção, cujos symptomas
de dia a dia cresciam e npparcciam mais sensíveis.
O usurpador ou seus satl'litcs o conheceram e prc-
Ecntiram; e se prepararam com sangue frio de
('arrascos para comprimir u espírito público,
NA BA.LANGA D.\ EUROt'A. 169
XX:.
Rcncçilo n:u:iuonl conir.• D. Miguel
XXI.
Pur'IIIC foi mal '"~-..<t·dida '"'" tcacçiio.
XXII.
·r('rror de n. illi~;uel
Invoquemos o '(>roprio tcstirnunho do usurpa·
clor, Jc ~>ua tcrrivc:l müc, de seus tenebrosos con-
selheiros: ~ irrecusa\·el e " maior de toda a ex-
cepção" seu te.-.timunho. Mui clara e explicita-
mente no' -lo dão ellcs.-Vendo o estado do reino
c a opinião da nação que os repulsava e se levan-
tava cm ma11sa contra sua tyrannia, D. Miguel e
sua facção se julgaram completamente perdidos:
os gritadores pngos pela policia cessaram, o pa·
Jacio estP.,·c guardatlo por uma fôn;a de getls-
tlarmes capaz de guarnecer uma praça; esqui-
param-se navios e se proveram de viveres para
longo tr:ljccto; ' som mas consideraveis de dinheiro
c as joia~ da coroa foram depositadas a bordo
d'e..,tes n:n ios: hou\'C conselhos em que se delibe-
rou sôbre o modo da fuga ; tudo se preparou
para clla. E sem podêr confiar-se na tropa da
capital, unica de que podiam dispor, e a qual ja
mnnif~tam não equívocos symptomas de rlcs-
SA BALA.IfCjA DA EUROPA. 177
XXIU.
Fa:al rmlrado ila rncçlo aadaul
XXI V.
xxv-.
Fap do P«to.
I.
Proccuiwento do> bubcrauor UI\ Europa u rcspdlu uc Portugttl.
II.
J~tado d3 qnrstiiu portngne~.
UI.
Que cauu Gaha e ~ rellleilois podia trr o "'-ao de Wrtupr.
t innega•el e ioquestiooavel que em Portugal
existiam doua partidos. Não darei epitbetoa a
nenhum crenes, nlo carregarei eôbre um, nem
exaltarei o outro: simples e nuamente repito o
que todos sabem-que alli existiam dbua partidos:
um pelo govêrno legitimo do legitimo succesaor
de Joio VI, outro pelo usurpador.
Em um paiz ondê doua partidoe estio em pre-
'
sen~a. a ponto de luétar e quebrar a ordem p(a-
blica, nlo ha eeoão dous meios de restaurar a
tranqüitlidade :-ou neutràJl~ e am~loa
por concea&a reciprocas, paraque mutuamente
se contenham-ou dar àícendeute det.ermiíWto
a um 16Üre o oulío, paraque eete cont.eo'ta
aquelle.
A: élté axioma àjuntemoe outro niO menos
e'fidente nem menos azior~~a :-Que todae u
•c
•
194 PORTUGAL
v.
Asc~ndencia dada a uru partido &Õbrc oulto; ooro •1uc resultatlu.
.
com o de sffu irmão. Isto não são assen;.ões
NA BALANÇA DA. EUROPA.. 199
\'11.
VIII.
Como 11: 1•odia 1csl3Ucltoccr a lcgi111nidade cm Purtugal.
IX.
Quncs tu:riam o• resultados de ~e eJOprcgnreru ou1ros meios.
X.
- .........d'Beeplaba( J-qiHt>blderelleotu
,.,........., • remorM q• ,.,_., - - .
pe.m.lmeote entrari Portapleà«LMift~
.....-.-...-~ Nlo..ei.al-..re
,. , ....... d.... Wriftl ftlclõi . . ..........
_.. certo ' ca•• 1a11o~ , - . ......
~ wirdoe , ...... ae AdiD~ieo,ile•
~w.. ...... ....., ..........
ja ·-~.-PortupiAfbem,.-o
-.A~ f!IPA;.CBJBIM. ~ M • w
.tqi, M ~ P9~~W&Je~. ,. , Jli!M .ftJturo
·-- ·~ ,...~: Pf ~~~
ucl.-v~; ~ ~iX WAiW ._a..-
~~ Wf~M••i~gpe ~~~-o
~ ~9. e c:o~ãQ ~ lbe ~.. ~o..,.
r@
D'ap e;rplo4o elecm~ 119 pãa ~rt. ~
Portugal ee o bou~ f lPtJJPR uQliiÀ9 RAI' AND
J,Deio p~dP ' alq a~ivela ~u imluz.o. &te
iaoMJtln ap po,liJ~UJ fli01 ialtitu......,..~.-.
..
p~ ~,,._ com u~Q cJ,_.q~ • ..,
ÇPPt.Wit. RflUD ~. . . . . 1.........~ --~~
~~ u co~~~eqü... 4. mGluçio~
.lodt a ~u.... ~
-~MCUl~H~IAArlo _.,IV40M
. . . .8I!IWII~qo? &..1.........~.
e"'}~ H~Jq~~
~ ~~- ti;MIQI~O,.i-
~P...-i'9"'• ~......................
'~ a M~ 1.._.,. .,....• ...
ün rttal-
ç~ ~~~r..-.~ llio quiltlber•
io~ J»e~ GeiD " - upeneaci•pua
•
SA BALANÇA DA EUROPA. 217
XI.
&1l& po"ivd cslabclc.:t'r um go•~rn!•lrgflimo <'lU Portugal se111
v;ana~
XII.
Rtconbcclmcoto do usurpador por f'emaudo \'IL
XIII.
Rec:oubeclmeato do 11111rpador por loglaterra.
XIV.
xv.
...........
I--
~,. ~
XVI.
Qe de•iam ter Ceho oa m)lei'IIIICII da Earope • quettlo de Por·
tua ai.
XVIL
Oq~e &aera..
XV UI.
Cunscqutucias d'é:;ta perfidia, a«.'US fl.'tUitlldus e iuOucncia moral
na can58 da civiliaaçiio.
I I
:POJlTUOAL
seu povo.
Não é essa a histor1a da Europa ha doze annos a
ésta parte? Não é essa a historia da usurpação
de D. !\'liguei, e o como e o quando c o porqut~
Feji11giu duvidar da legitimidade de D. Pedro, e
abertamente se protegeu liCU ingrato e atrocissimo
im1ílo?
L~vantam-se exerdlos, mantem·sc guerrns,
liUstcntam-sc occupaçõcs militares para punir
po' os que rrspeitanuo e consrrvando seu legitimo
sobe-rano, ousam querer ser fcli:~.cs motlificantlo a
constitui<;ão do Estado.-Um príncipe destroi
a constituição do Estado, re,·oluciona a pie~,
drsthroniza o rei legitimo, senta-se cm seu throno,
recorre ao dogma proscripto da soberania do
povo, ataca em sua esscncia e princípios a tam
fallatla lcgitimirladc -e a legitimidade e a rca-
le-l.a (~ que. se levantam em massa para o proteger!
-Quando os po\'OS-ccgos !-euida\'am ver um
attcntado que os soberanos puniriam, ouTrm,
v~em appelidá-lo uma acção hcroica que todos
se npprcssam a lou\'ar, a engrandecer c a pre-
miar. Quando n estupidn boa-fe da:. nações jul-
ga\'n que os legítimos e sanctos allia1los repelli·
riam do seu seio e anathcmatizarinm este quebra-
llor de suas leis, este cspurio que profaua\'a seu
sanctuario-viram accolhê-lo como bcnemcrito, e
protegê-lo como filho querido.-Quc ficam signi-
ficando agora, depois da usurpação de Portugal,
os vocabulos Legitimidade, Reale:::a, Statu-quo
e outros talismans favoritos da oligarchia? · Que
idca importam agora é~>tas palavras de incanto,
éstas abracadabras da Saucta-allianc;a, com que
atêqui se impunha aos po\·os c se continham as
nações como debaixo de um feitiço magico ?-É
a mesma, a propria legitimidade que as fez ou-
cas, c vazias de sentido. .f; a propria legitimi-
dade que as desillcantou, c lhes tirou todo o pres-
tigio. f; a mesma legitimidade que as entrega
ao cscarneo c á irrisão dos povos, e os faz enver-
gonhar de sua teimosa cegueira. A si o impute,
de si se queixe a realeza se d'ora em diante os
povos, abrindo os olhos, a menoacabarem e des-
!44 PORTUGAL
I.
Ephemcro triümpho da liga oligarchica.
•
241) l'Olll'UGAL
II.
S.tcrilie!\do Porlusal, rutan .acrílicar a G rrc:ia, e Mpoh a
Frunç'l.
•
rter dcstruillo pelo grito da humanidade e pela voz
da religião.
Todos sabem que este princípio, ja tam formi-
llavcl, hoje tam fraco, hoje agonizante mas luc-
tando cm suas horas derradeiras com o cxtraordi-
nario csfôrc;o, fôrl)as c tenacidade que se obser-
vam nos ultimos paroxysmos de um afTogado,-
este !Jrindpio era o d'cssa mesma liga, o da oli·
garchia europca, que igualmente inimigo da auc-
toridade real e da felicidade do povo, não quer
sc·não sulúugar aquella c infelicitar cst<', para rei-
nar so e indisputado entre o terror c a dcsconli-
atu;a, c sôbrc as ruinas c a miscria.
Um rei que apprcnd~ra na cschola da desgraça,
que ha,·cnclo peregrinado longamente no exUio
e visto o~ coslume.• e cidades de rmâtos- po,os (na
proverbial cxprcs. ão de Homero) apprendl:ra a
salr:ar-sc 'L si c aos sclls.-sobc ao throno her-
dado, c firma sua restaurada auctoridnde nas lia-
se:: da lei, Ja justiça e ela felicidade do pon>.
Tal é a historia da Carta franccza. A na~âo,
III.
IV.
01111(1F I ........ - .
t54 PORTUGAL
v.
Panlcll*-* pua Por~Jipl.
\'I.
Terror \la olignrcllia.-Dccltlcm-se n arri11.':!r tudo n'um3
batnlloq.
VII.
Eotado d:L rt>li~iáo, <' sua ac!u:tl iuflucncill.-Da charuuda
fl•il~hia ntodtrnn.
oriodoaapbilm&.
Que4leriul . . . . . . . . . . . . . . . . . .,
Befctr....... altt á~ ~ . . .. .
do'C~lutê-Jo o~ • ~
P1J* flue _. 4iW8o Auct« o -a~eCMt; ~...-
VIII.
O Wntr-rloo dos poYOS.
IX.
O qut d<:reJu fucr ~ aubc111oos -Da ll"fitimidadc.
X.
Efl"eil05 m Portugal dA .-lctorla de Pll!Ú.
IJ.
Unica nltcmntiva eJN que a l'ortugal n·sta optar.
...
Escravo não vi\'c; fnlsamente rnanumisso, fu-
girá da casa de seus atraiçoados patronos, e irá
~A Jl.\ C.,HiÇA DA EUROPA. 283
III.
Uuillo com llespan!J:L,
IV.
~ae.--....,... ....,..... .. ~
...
as condicffõea de U0888 reaúDcia i iudepeacleDàa.
290 PORTUGAL
V.
ReduLcm-sc u umu cu comlkçuc~ da imlcpcndcucid de Portugal:
liberdade. E como se tirounrf• 11 libe,ordadc cm l'orltl~l?
VI.
Qne in~titu"iç&e~ con,.enham a Pllrtugal psra lhe garantir li~r
dadc.
.
2!)6 POHTUC ,\f,
VIU .
.Anliga c<Jnstituiçio d3 mon:m:bb.
X.
(~tjcu..-r!Jo do lBZG.
XI.
Jkfcltos c omissõn dn constitu"içlo de 18~6.
XII.
Cum11ra ~lectlv11 1 dissoloçllo.
XIII.
Camarll h~reclitaria ,-iua (orm:.çio ,-luclcptndl'llCÍ ;-j'rt'!Í•
denci" .d'cllo.
(.;oroarnt munlcii"ICJ.-,\dminhtrnçãu.
stlociada explicac;io.
O que vem ditto basta porém pan.
aoode a ueceesidade appe{ta. e o raldlíCt Clfl!lf
prompto. A cumula~o da _au~~~. .:~~
••
!li I .t'Oit'l'UC:A r.
XV.
Garn1.1i<l• da C::OII\Iil u"i\"iio.-Rtfonmos t h:.
•
tias: a publicil.lade dos processos, c os jural.los t>m
ambos os foros, com ella estão conncKos. A ins-
titu'ição com;ervadora da-; guardas nacionacs ou
civicas é igualmente ncc~:laria para consrrvuc.;ão
c cc1llilihrio ela constitui~no. Onclc a coroa tem
urn exército que a nação paga, é ncccss:uio <JIIC a
nação tenha um exército, a quem t:ão pague, por-
que é ela C8sellcia da fõrc.;a ch·ica que clla seja
voluntaria, mas do C]ttal possa clispor quando a
coroa, abusando de sua auctorídnclc ,·ohar contra
a nat;íio as baionetas que a nac;ão para sua defesa
sustenta.
316 PORTUGAL
XVI.
llbcrdadc da imprcmn.
XVII.
Segundo membro da altcrmuin : oRido t011t lltsptlliM.
CONCr.usÃo.
(I) 1'\lío tanl:~rá muito porém fJIIC hta úhima parte núo
reclame o primeiro IO!!:!r, e lh'o nilo cedamos nós.
(2) Trm-se mutlndo tle uomes em diversas epochas,
mas n pensaml'uto (• o mesmo.
(3) llli:!ardua vrm do grr!!;o o;..•)'O; p01.tro, e a;x.,
por/ir. pcdér de poucos, liga dos poul:os contra o~ muitos.
Aristocracia vt'lll de "'C"no~ nptimo, c "ea.,-o; polellcia,-
nurtoridadc cios melhores ou mais illustres do E~tado.
Quaudo n 11ristocracia dc!!rncra dt: sua institnrçào primi-
tiva, j.• ni'io (! ari tr,<:raC'ia mas oli~nrchia. Para evitar con-
fnsil.o de idcas c priucipios convem ter pre!;ente ésta dis-
tincçilo.
(4) Sismoml. Ilist. d~ rcpubliq. ital.; c Italy by
bdy .i\Jorgan.
(·'>) Exprcsslto de Voltaire Sieclc de Louis XIV.
(G) Y. HrlatOT. da commissíln de oonstit. dás côrtes de
Cadiz. Hobertson, 1/i~t. cf the rcirm of lhe Empcr.
Cltar/es V. c particulntmcntc o Stala oJ Europe etc.
(7} Du:ut . .i\un. do I l'fto, especialmente nas Chr011. ele
D. Duarte t /) . .11Jfa1lJO V.
(lij Robcrtson's .1/mtrico, Raynal llistoirc de~ décou-
<t"erlr3 et ltablis$cmcnts d~ EuropcerLS etc.
(9) ld. lbid.
(lO) Y. Hobcrts. Raynal etC'.
(li) Assim diz dos antigos Portuguezes o nosso Du:trtc
l\un. C/,ron. ele LJ. J~ffonso 11.
(12) Nunca a tamanho homl'm tamanha iujustiça se
fez. Basta ler os c;ommcntnrios de 1\lachian-1 sõbre Tito-
Livio pam se c.:onhC'ccr que o Príncipe foi cscripto debaixo
lSOTAs.
.'J~.t
NOTAS
.
A SF.CCÃO QUINTA.
SECÇ30 PRIMEIRA:
Balança da J:uropa.- -0 CJIIC era l 'ortugnl na antiga
blllançl\ da Europr• - DC!Icqüilibrnda ena antiga
balauça pelo nctnnl movirul'nto da civilização, o que
deve acr l'ortugnl n11 nova ordem de coisa8.-llóntu-
rc:ta ela crite <JUC truUJ~;C n no\ a orclem de coiaas.-
Cauaa" d'é•tll crise, uddíontamento da civilização--
Dcducçllo rPJ>Ídl\ dos l'rog rc&toe <J!IC fc:t c c&~orvos
que encontrou n civillzaçl\o d<'Bde C11r los l' e des-
cubcrtu do Atucrica, ntll o l'rimriro quartel d'cato
aeculo cm que pareceu vencida pelo ephemcro td-
ümpbo da allinnça d~nominada eancta •• •• •• ••• ,, , õ
SECÇÃO SEGU:'\D,\ :
T..stncJO do mundo c:hllizado DOI 611.1 do primeiro
quartel d'este accnlo.-Dinolvc.sc a unctn-allian-
ça. Alguns 10obcran011 transigem com oa pot'O&.-
<n que o o!lo faxcm, jn nno obram com a nntip
fbrça da uoiiío.-locrucotn vic:torb da drilizaç5o.. 64
SECÇÃO TERCEIRA:
Portug~~\ aos fio' do primeiro c principias do ae-
gondo quartel do XJX ~oeculo ~na importaoda
moral o'ésta (}>ocbn,-llistoria da Carta JlOriD·
gunn, dc:sclc qoc foi promcttida em \'illa-Fraot'l)
em Juobo de 1823 .............. . .... .. .... • . .. . 12-l
l'X
l:lfD f CE.
SF.CÇAO QUAJtTA:
:-nicidio da l.cgitimidaclc.-lnjostiça c mâ.fe dos
govrrnos da Europa na qucstiio de J>ortnz;ll-Jn.
flucncia que IM"c, e resultado .. que hadc tl'r, na
caula elo' pol"os conlrn os tymnnl>'!. • ••••.•. I' \C. li-7
SECÇÃO QUINTA:
C:omplcto o sncJifido ele Portugal, quasi feito o da
Greci~, prcptnt·HC o da França. Suicidada a legiti·
midlldl·, triumpha mcmcntauearncntc a oligarchia, e
tcntu progredir oa victoria. \-cto russo. Rcacçio
da upiullio europcn.- Deh·rwioa 11 li~ oligarcbica
ctfcrrccr hntnlha l'ilffi}llll (l civilizaçlio.-0 Water-
loo do• po\·ua.-Conscqi!t.-nriaa da ,·ictoria de Paris. 24:>
SF.CÇÃO SRX'I"A:
NOTAS
A' &ccçi!o primeira.. • . . • • • • ... • . • • • • • • • • • . • • • • 322
A' •ccçlio segunda ......... . .... . ...... . .. . .... 329
/\' •ccçiio terceira... . ... . ... • • • • • • • • • • • .• • . • • • • 331
A' accç:to qo:utu ..................... . ........ 333
A' t~ccçlío quinta ..... . ......... . .............. 334
A accçao •e.xtil ...... , .......... . .............. 33r.
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PAO. Lltl.
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161, 12
207, 20
OutrO!! erros menos notnvcis, como defeito• ortho;raphicos
etc, facilmente corrigirú o leitor.